sábado, 27 de fevereiro de 2021

Homilia: II Domingo da Quaresma - Ano B

Orígenes
Sermão 5 sobre o Êxodo
Estreito e apertado é o caminho que conduz à vida

Vejamos o que na continuação é ordenado a Moisés, e que rumo lhe é ordenado escolher. De fato, lhe é ordenado: Diga aos israelitas que retornem e acampem em Fiairot, entre Magdalum e o mar, defronte a Beelsefon.

Talvez imagines que o caminho indicado por Deus era um caminho plano e fácil, sem nenhum tipo de dificuldade ou de esforço. Não! É uma ascensão e uma ascensão sinuosa. O caminho que conduz à virtude não é uma descida; se ascende e se ascende com dificuldade, com esforço.

Escuta também o que afirma o Senhor no Evangelho: Porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida! Observa até que ponto o Evangelho concorda com a Lei. Na Lei, o caminho da virtude se apresenta como uma subida tortuosa; nos Evangelhos é dito que o caminho que conduz à vida é apertado e estreito. Não é verdade que os próprios cegos podem ver aqui claramente que a Lei e os Evangelhos foram escritos por um só e mesmo Espírito? Assim, o caminho que tomam é uma ascensão sinuosa; é, ademais, uma ascensão para o cume, ou que conduz ao cume. A ascensão se refere à ação, e o cume à fé. Desta forma nos ensina que tanto na ação como na fé existe uma grande dificuldade e muito trabalho. De fato, nos ataca uma multidão de tentações e encontramos mil tropeços na vida da fé quando nos propomos viver segundo Deus.

Vendo isto o faraó, escuta o que ele diz: Estão encurralados. Para o faraó, erram os que seguem a Deus, pois o caminho da sabedoria é um caminho tortuoso, tem muitas curvas, infinitas dificuldades e inumeráveis desníveis.

Finalmente, quando confessas que existe um só Deus, afirmando ao mesmo tempo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus, quão tortuoso, difícil e intrincado deve parecer isto aos descrentes! E quando com frequência proclamas que o Senhor da majestade foi crucificado e que o Filho do homem desceu dos céus, quão tortuosas e difíceis devem parecer tais afirmações! Aquele que ouve isto, se não o ouve com fé, diz que os justos erram. Porém, tu deves permanecer irredutível e não pôr em dúvida esta fé, na certeza de que é Deus quem te mostra este caminho de fé. Porque não se anda nos caminhos da vida sem sentir as rebeldias das tentações. Assegura-nos o Apóstolo quando afirma: Todo o que se propõe viver como um bom cristão será perseguido. Pois para quem vai em busca da vida perfeita, é preferível morrer a caminho do que nem sequer pôr-se a caminho em busca da perfeição.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 313-314. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de Santo Ambrósio para este domingo, clique aqui.

Cardeal Cantalamessa: I Pregação de Quaresma 2021

Cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap
I pregação de Quaresma
26 de fevereiro de 2021

“Convertei-vos e crede no Evangelho!”

Como de costume, dedicamos esta primeira meditação a uma introdução geral ao tempo quaresmal, antes de entrar no tema específico do programa, uma vez concluído o retiro espiritual da Cúria. No Evangelho do I Domingo da Quaresma do ano B ouvimos o anúncio programático com o qual Jesus inicia seu ministério público: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1,15). Vamos meditar sobre este apelo sempre presente de Cristo.
De conversão, fala-se em três momentos ou contextos diversos do Novo Testamento. Cada vez, vem à luz um componente novo. Juntas, as três passagens nos dão uma ideia completa sobre o que é a metanoia evangélica. Não está dito que devemos experimentá-las todas as três juntas, com a intensidade. Há uma conversão para cada estação da vida. O importante é que cada um de nós descubra a que serve para si neste momento.

Convertei-vos, isto é, crede!

A primeira conversão é aquela que ressoa no início da pregação de Jesus e que está resumida nas palavras: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Procuremos entender o que significa aqui a palavra “conversão”. Antes de Jesus, converter-se significava sempre um “voltar atrás” (o termo hebraico, shub, significa inverter a rota, voltar nos próprios passos). Indicava o ato de quem, a certo ponto da vida, percebe estar “fora do rumo”. Então se detém, reconsidera; decide voltar à observância da lei e de retornar à aliança com Deus. A conversão, neste caso, tem um significado fundamentalmente moral e sugere a ideia de algo penoso a se cumprir: mudar costumes, deixar de fazer isso ou aquilo...
Nos lábios de Jesus, este significado muda. Não porque Ele se divirta em mudar os significados das palavras, mas porque, com sua vinda, mudaram as coisas. “Cumpriu-se o tempo, e está próximo o Reino de Deus!”. Converter-se não significa mais voltar atrás, à antiga aliança e à observância da lei, mas significa mais dar um salto adiante e entrar no Reino, agarrar a salvação que veio aos homens gratuitamente, por livre e soberana iniciativa de Deus.
“Arrependei-vos e crede” não significam duas coisas diversas e sucessivas, mas a mesma ação fundamental: convertei-vos, isto é, crede! «Prima conversio fit per fidem», escreveu S. Tomás de Aquino: a primeira conversão consiste em crer [1]. Tudo isso requer uma verdadeira “conversão”, uma mudança profunda no modo de conceber as nossas relações com Deus. Exige passar da ideia de um Deus que pede, que ordena, que ameaça, à ideia de um Deus que vem com as mãos cheias para se dar todo a nós. É a conversão da “lei” à “graça”, tão querida a São Paulo.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Os Anjos da Ponte Sant’Angelo em Roma

Os instrumentos da Paixão de Cristo - a cruz, a coroa de espinhos, os cravos... - são símbolos recorrentes na arte cristã.

No final da Idade Média, quando cresce a devoção à Paixão, estes símbolos se tornaram muito populares, sendo conhecidos como “Arma Christi”, as armas de Cristo. Com efeito, nos combates medievais o cavaleiro vencedor podia tomar para si as armas do derrotado. Assim, após sua Ressurreição, Cristo “reivindica” os instrumentos da Paixão como sinais de sua vitória sobre a morte.

É neste sentido que esses objetos aparecem em várias representações do juízo final, sustentados por anjos: estes são como que os “escudeiros” do Ressuscitado, carregando os sinais da sua vitória.

Um dos exemplos mais famosos dessa composição é a série de dez anjos que ladeiam a célebre Ponte Sant’Angelo, que conduz ao Castelo de mesmo nome em Roma.


A Ponte Sant’Angelo

O Castelo Sant’Angelo foi construído entre 130 e 139, originalmente como mausoléu para o Imperador Adriano e sua família. A ponte, que liga a construção à margem esquerda do rio Tibre, foi construída em 134.

Ainda durante o Império Romano o edifício foi convertido em fortificação militar para a defesa da cidade contra as invasões bárbaras, sendo atualmente um museu.

A Ponte e o Castelo receberam o nome de Sant’Angelo (Santo Anjo) em 590: durante uma procissão pedindo o fim de uma peste em Roma, o Papa Gregório Magno teria tido uma visão de São Miguel Arcanjo sobre o castelo guardando sua espada na bainha, indicando o final da peste.

Em 1535, no pontificado de Clemente VII, foram colocadas na entrada da ponte as estátuas de São Pedro e São Paulo, obras, respectivamente, de Lorenzetto e de Paolo Romano. Ao longo da ponte foram acrescentadas outras oito estátuas: os quatro evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João) e quatro patriarcas do Antigo Testamento (Adão, Noé, Abraão e Moisés).

São Pedro (Lorenzetto)
São Paulo (Paolo Romano)

Em 1669, no pontificado de Clemente IX, foi realizada uma reforma na ponte, coordenada pelo célebre escultor e arquiteto Gian Lorenzo Bernini. Nesta ocasião, conservando-se as estátuas dos Apóstolos Pedro e Paulo, as oito estátuas dos Evangelistas e Patriarcas foram substituídas pelas representações de dez anjos com os instrumentos da Paixão.

As estátuas dos anjos foram elaboradas pelos alunos de Bernini. O próprio mestre, ajudado por seu filho Paolo, esculpiu os anjos com a coroa de espinhos e com a placa de Pilatos. Porém, estes foram considerados muito belos para serem colocados na ponte, expostos ao tempo. Foram então realizadas cópias e os originais foram doados à Basílica de Sant’Andrea delle Fratte, onde se conservam até hoje.

Sob cada uma das estátuas, agrupadas em cinco pares, há uma inscrição tomada da Vulgata, a tradução da Bíblia para o latim (exceto um dos anjos, cuja inscrição é tomada de um hino em honra à Paixão), como podemos ver a seguir:


Primeiro par de anjos

O primeiro anjo, à esquerda, segura os flagelos, enquanto o segundo anjo, à direita, sustenta a coluna onde Jesus foi amarrado para a flagelação (cf. Mt 27,26 e paralelos).

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Catequeses sobre os Salmos (6): Laudes da quinta-feira da I semana

Dando continuidade à nossa série com as Catequeses do Papa João Paulo II sobre os salmos e cânticos da Liturgia das Horas, propomos hoje as reflexões do Papa sobre as Laudes da quinta-feira da I semana do Saltério nos dias 19 de setembro (Sl 56), 10 de outubro (Jr 31,10-14) e 17 de outubro de 2001 (Sl 47).

15. Oração da manhã numa aflição: Sl 56(57),2-12
19 de setembro de 2001

1. É uma noite tenebrosa, em que se sente a presença de feras vorazes nos arredores. O orante está à espera do despontar da aurora, para que a luz vença a obscuridade e os temores. Este é o contexto do Salmo 56, hoje proposto à nossa reflexão: um cântico noturno que prepara o orante para a luz da aurora, esperada com ansiedade, para poder louvar ao Senhor na alegria (cf. vv. 9-11). Com efeito, o Salmo passa da lamentação dramática dirigida a Deus, à esperança serena e ao agradecimento jubiloso, expresso com as palavras que em seguida voltarão a ressoar, num outro salmo (cf. Sl 107,2-6).
Em síntese, assiste-se à passagem do medo à alegria, da noite ao dia, do pesadelo à serenidade e da súplica ao louvor. Trata-se de uma experiência frequentemente descrita nos salmos: “Convertestes o meu luto em júbilo, despistes-me do meu saco e cingistes-me de alegria. Por isso, o meu coração há de cantar-vos sem cessar” (Sl 29,12-13).

2. Dois são, portanto, os momentos do Salmo que estamos meditando. O primeiro diz respeito à experiência do medo pelo assalto do mal, que procura atingir o justo (vv. 2-7). No centro desta cena há leões em posição de ataque. Esta imagem transforma-se depressa num símbolo bélico, delineado com lanças, flechas e espadas. O orante sente-se atacado por uma espécie de esquadrão da morte. À sua volta, há um grupo de caçadores, que arma ciladas e escava fossas para capturar a presa. Mas esta atmosfera de tensão dissolve-se imediatamente. Com efeito, já no início (v. 2) aparece o símbolo protetor das asas divinas, que concretamente fazem pensar na arca da aliança com os querubins alados, ou seja, na presença de Deus ao lado dos fiéis no templo santo de Sião.

3. O orante pede instantemente que Deus mande do céu os seus mensageiros, a quem atribui os nomes emblemáticos de “Graça” e “Verdade” (v. 4), qualidades próprias do amor salvífico de Deus. Por isso, embora sinta arrepios pelo rugido terrível das feras e pela perfídia dos perseguidores, no seu íntimo o fiel permanece sereno e confiante, como Daniel na cova dos leões (cf. Dn 6,17-25).
A presença do Senhor não demora a mostrar a sua eficácia, mediante a autopunição dos adversários: eles caem na fossa que tinham cavado para o justo (v. 7). Esta confiança na justiça divina, sempre viva nos salmos, impede o desencorajamento e a rendição à prepotência do mal. Deus, que confunde as manobras dos ímpios, fazendo-os cair dos seus próprios projetos de maldade, mais cedo ou mais tarde põe-se ao lado do fiel.

4. Assim, chegamos ao segundo momento do Salmo, o da ação de graças (vv. 8-11). Há um trecho que brilha de intensidade e beleza: “Meu coração está pronto, meu Deus, está pronto o meu coração! Vou cantar e tocar para vós: desperta, minha alma, desperta! Despertem a harpa e a lira, eu irei acordar a aurora!” (vv. 8-9). As trevas já se dissiparam: o alvorecer da salvação aproxima-se com o cântico do orante.
Aplicando a si esta imagem, o salmista talvez traduza nos termos da religiosidade bíblica, rigorosamente monoteísta, o uso dos sacerdotes egípcios ou fenícios que eram encarregados de “despertar a aurora”, ou seja, de fazer voltar a nascer o sol, considerado como uma divindade benéfica. Ele alude também ao costume de suspender e de velar os instrumentos musicais no tempo do luto e da provação (cf. Sl 136,2) e de os “despertar” ao som festivo no tempo da libertação e da alegria. Portanto, a Liturgia faz nascer a esperança: dirige-se a Deus, convidando-o a aproximar-se de novo do seu povo e a escutar a sua súplica. Nos salmos, a aurora é com frequência o momento da concessão divina, depois de uma noite de oração.

5. Assim, o Salmo termina com um cântico de louvor dirigido ao Senhor, que age com as suas grandes qualidades salvíficas, que já se manifestaram com termos diferentes na primeira parte da súplica (v. 4). Agora entram em cena, de modo quase personificado, o Amor e a Verdade. Eles inundam os céus com a sua presença e são como a luz que brilha na obscuridade das provas e das perseguições (v. 11). É por este motivo que, na tradição cristã, o Salmo 56 se transformou em cântico do despertar para a luz e a alegria pascal, que se irradia no fiel, cancelando o medo da morte e alargando o horizonte da glória celeste.

6. Gregório de Nissa descobre nas palavras deste Salmo uma espécie de descrição típica daquilo que se verifica em cada experiência humana, aberta ao reconhecimento da sabedoria de Deus. “Efetivamente, salvou-me - exclama - fazendo-me sombra com a nuvem do Espírito, e aqueles que me espezinharam foram humilhados” (Sobre os títulos dos Salmos, Roma, 1994, p. 183).
Depois, referindo-se às expressões que concluem este Salmo, onde se diz: “Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus, vossa glória refulja na terra!”, ele conclui: “Na medida em que a glória de Deus se estende sobre a terra, enriquecida pela fé daqueles que são salvos, os poderes celestes entoam hinos de louvor a Deus, exultando pela nossa salvação” (ibid., p. 184).


"Quem dispersou Israel vai congregá-lo..." (Jr 31,10)
(O retorno dos exilados - William Brassey Hole)

16. A felicidade do povo libertado: Jr 31,10-14
10 de outubro de 2001

1. “Ouvi, nações, a palavra do Senhor! Anunciai-a nas ilhas mais distantes” (Jr 31,10). Qual é a notícia que está para ser anunciada com estas solenes palavras de Jeremias, que ouvimos no cântico que há pouco proclamamos? Trata-se de uma notícia confortadora, e não é ocasional que os capítulos que a contêm (Jr 30–31), sejam qualificados como “Livro da Consolação”. O anúncio refere-se diretamente ao antigo Israel, mas já deixa de alguma forma entrever a mensagem evangélica.
Eis o centro deste anúncio: “Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó e o libertou do poder do prepotente”  (v. 11). O quadro histórico destas palavras é constituído por um momento de esperança experimentado pelo Povo de Deus, cerca de um século depois que o reino do Norte, em 722, fora ocupado pelo poder assírio. Agora, no tempo do profeta, a reforma religiosa do rei Josias exprime a volta do povo à aliança com Deus e faz surgir a esperança de que o tempo do castigo tenha terminado. Começa a delinear-se a perspectiva de que o Norte possa voltar à liberdade e Israel e Judá se recomponham na unidade. Todos, também as “ilhas mais distantes”, deverão ser testemunhas deste acontecimento religioso: Deus, pastor de Israel, está para intervir. Ele, que permitiu a dispersão do seu povo, agora vem reuni-lo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Festa da Cátedra de São Pedro em Tiberíades

No último dia 22 de fevereiro o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu a Santa Missa da Festa da Cátedra de São Pedro no Santuário de São Pedro em Tiberíades.

Infelizmente a Custódia Franciscana da Terra Santa divulgou poucas fotos da celebração:

Imagem de São Pedro no pátio da igreja
Incensação
Homilia
Incensação da imagem de São Pedro
Oração pelo Papa

Imagens: Custódia da Terra Santa 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Missas votivas da Terra Santa (5): Cafarnaum e Tabgha

Na postagem anterior da nossa série sobre as Missas votivas dos Santuários da Terra Santa começamos a apresentar as “Missas votivas do lugar” ligadas à vida pública de Jesus.

Iniciamos, naturalmente, por aqueles santuários que marcam o início do seu ministério: Jericó e Caná. Aqui daremos continuidade à nossa proposta com Cafarnaum e Tabgha, além do Monte das Bem-aventuranças, que fica entre as duas localidades.

Vale recordar que apresentaremos a “oração do lugar”, as indicações de leituras e prefácio de cada celebração, além de algumas adaptações mais dignas de nota.

3. CAFARNAUM

3a. Santuário da promessa da Eucaristia (“Memorial de Pedro”)

Os três Evangelhos Sinóticos atestam a presença de Jesus em Cafarnaum (Mt 4,12-17; Mc 1,21; Lc 4,31). Como recorda o site da Custódia Franciscana da Terra Santa, daquela região o Mestre chamou seus primeiros discípulos; ali realizou diversos milagres (Mt 8–9 e paralelos); o “discurso do pão da vida” foi proferido na sinagoga da cidade (Jo 6,24-59).

É justamente deste último evento que a igreja toma seu nome: “Santuário da promessa da Eucaristia”, pois se encontra justamente ao lado das ruínas da antiga sinagoga.

Vista aérea do Santuário e das ruínas da sinagoga

Porém, a igreja é mais conhecida como “Memorial de Pedro”, dado que teria sido edificada sobre as ruínas de sua casa. Após a cura de sua sogra (Mt 8,14-17 e paral.), Pedro deve ter acolhido Jesus muitas vezes em sua casa, transformando-a posteriormente em um local de culto para a Igreja nascente.

O terreno de Cafarnaum foi adquirido pela Custódia, não sem dificuldades, em 1894. Logo começaram as escavações arqueológicas: os restos do que seria a casa de Pedro ("Domus Petri", em latim) foram descobertos entre 1968 e 1986.

A atual igreja foi construída em 1990, elevada sobre as ruínas, com piso e paredes de vidro para que essas possam ser apreciadas. O Memorial de Pedro tem a forma octogonal, replicando o formato de uma igreja do período bizantino cujos restos foram descobertos em volta da primitiva “Domus Petri”.

De tudo que foi dito, é natural que as três Missas votivas propostas para este Santuário sejam: da Santíssima Eucaristia, de São Pedro e dos Santos Apóstolos.

Novo Patriarca Ortodoxo da Sérvia celebra na igreja de São Sava

Após ser eleito como novo Patriarca da Igreja Ortodoxa Sérvia no último dia 18 de fevereiro e tomar posse na Catedral de São Miguel Arcanjo no dia 19, o Patriarca Porfirije (Порфирије) presidiu a Divina Liturgia no último domingo, dia 21 de fevereiro, na igreja de São Sava em Belgrado.

Este grande templo, ainda em processo de construção, após o término das obras deverá tornar-se a nova Catedral da Igreja Ortodoxa Sérvia.

Cabe ressaltar ainda que as Igrejas Ortodoxas utilizam o calendário juliano, diferente do calendário gregoriano usado pela Igreja Católica. Assim, enquanto no Rito Romano celebramos neste dia 21 de fevereiro o I Domingo da Quaresma, no Rito Bizantino celebrou-se o "Domingo do Fariseu e do Publicano", o primeiro dos quatro domingos que antecedem o início da Quaresma.

Igreja de São Sava em Belgrado (Sérvia)
Chegada do Patriarca Porfirije
(Note-se o uso da kamilavka com véu branco, próprio do Patriarca nessa Igreja)
Início da Divina Liturgia

Pequena Entrada (procissão com o Livro dos Evangelhos)

Missa do I Domingo da Quaresma em Milão

Diferentemente do Rito Romano, no qual a Quaresma tem início com a Quarta-feira de Cinzas, no Rito Ambrosiano (próprio da Arquidiocese de Milão), este tempo começa no I Domingo da Quaresma (o VI antes da Páscoa).

Nesse rito, a imposição das cinzas é sempre feita fora da Missa, sendo indicada para a segunda-feira da I semana da Quaresma, o primeiro dia propriamente penitencial desse tempo (nos domingos, dia da Ressurreição, os cristãos não fazem penitência). Porém, por razões pastorais, a imposição das cinzas pode ser realizada após a Missa do I Domingo da Quaresma.

Foi o que fez o Arcebispo de Milão, Dom Mario Enrico Delpini, no último dia 21 de fevereiro, presidindo a Santa Missa na Catedral de Santa Maria Nascente, o Duomo de Milão:

Procissão de entrada

Incensação do altar
Oração do dia
Homilia

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Ângelus: I Domingo da Quaresma - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 21 de fevereiro de 2021

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Quarta-feira passada, com o rito penitencial das cinzas, começamos o percurso da Quaresma. Hoje, I Domingo deste tempo litúrgico, a Palavra de Deus indica-nos o caminho para viver frutuosamente os quarenta dias que precedem a celebração anual da Páscoa. É o caminho percorrido por Jesus, que o Evangelho, no estilo essencial de Marcos, resume dizendo que antes de começar a sua pregação, ele se retirou durante quarenta dias no deserto, onde foi tentado por Satanás (cf. Mc 1,12-15). O Evangelista enfatiza que «o Espírito impeliu Jesus para o deserto» (v. 12). O Espírito Santo desceu sobre Ele imediatamente após o batismo recebido de João no rio Jordão; o mesmo Espírito impele-o agora a ir para o deserto, para enfrentar o Tentador, para lutar contra o Diabo. Toda a existência de Jesus é colocada sob o signo do Espírito de Deus, que o anima, inspira e guia.

Mas pensemos no deserto. Reflitamos um momento sobre este ambiente, natural e simbólico, tão importante na Bíblia. O deserto é o lugar onde Deus fala ao coração do homem, e onde brota a resposta da oração, ou seja, o deserto da solidão, o coração desapegado de outras coisas e sozinho, nesta solidão, abre-se à Palavra de Deus. Mas é também o lugar da provação e da tentação, onde o Tentador, aproveitando a fragilidade e as necessidades humanas, insinua a sua voz mentirosa, alternativa à de Deus, uma voz alternativa que mostra outro caminho, um caminho de engano. O Tentador seduz. Na verdade, durante os quarenta dias vividos por Jesus no deserto, começa o “duelo” entre Jesus e o Diabo, que terminará com a Paixão e a Cruz. Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno nas suas numerosas manifestações: curas de doenças, exorcismos sobre os possuídos, perdão dos pecados. Após a primeira fase, em que Jesus demonstra que fala e age com o poder de Deus, parece que o Diabo tem a vantagem, quando o Filho de Deus é rejeitado, abandonado e por fim capturado e condenado à morte. Parece que o Diabo é o vitorioso. Na realidade, foi precisamente a morte o último “deserto” a atravessar para derrotar definitivamente Satanás e libertar-nos a todos do seu poder. E assim Jesus venceu no deserto da morte para vencer na Ressurreição.

Todos os anos, no início da Quaresma, este Evangelho das tentações de Jesus no deserto recorda-nos que a vida do cristão, nas pegadas do Senhor, é uma batalha contra o espírito do mal. Mostra-nos que Jesus enfrentou voluntariamente o Tentador e o venceu; e ao mesmo tempo recorda-nos que ao Diabo é concedida a possibilidade de agir também sobre as tentações. Devemos estar conscientes da presença deste inimigo astuto, interessado na nossa condenação eterna, no nosso fracasso, e preparar-nos para nos defendermos dele e combatê-lo. A graça de Deus assegura-nos, através da fé, oração e penitência, a vitória sobre o inimigo. Mas gostaria de salientar uma coisa: nas tentações Jesus nunca dialoga com o Diabo, nunca. Na sua vida, Jesus nunca teve um diálogo com o Diabo, nunca. Ou o afasta dos possuídos ou o condena ou mostra a sua malícia, mas nunca dialoga com ele. E no deserto parece haver um diálogo porque o Diabo lhe faz três propostas e Jesus responde. Mas Jesus não responde com as suas palavras; responde com a Palavra de Deus, com três passagens da Escritura. E é isto que também todos nós devemos fazer. Quando o sedutor se aproxima, começa a seduzir-nos: “Mas pensa isto, faz aquilo...” A tentação é entrar em diálogo com ele, como fez Eva; e se entrarmos em diálogo com o Diabo, seremos derrotados. Colocai isto na cabeça e no coração: nunca dialogar com o Diabo, não há diálogo possível. Apenas a Palavra de Deus.

No tempo da Quaresma, o Espírito Santo também nos exorta, como Jesus, a entrar no deserto. Não se trata - como já vimos - de um lugar físico, mas de uma dimensão existencial na qual permanecer em silêncio, escutar a palavra de Deus, «para que a verdadeira conversão se realize em nós» [1]. Não tenhamos medo do deserto, procuremos mais momentos de oração, de silêncio, para entrarmos em nós mesmos. Não receemos. Somos chamados a caminhar pelas veredas de Deus, renovando as promessas do nosso Batismo: renunciar a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções. O inimigo está ali à espreita; estai atentos. Nunca dialogueis com ele. Confiamo-nos à intercessão materna da Virgem Maria.

Jesus tentado no deserto (James Tissot)

[1] Oração do dia (coleta) do I Domingo da Quaresma - Ano B. Trata-se de uma coleta alternativa presente na edição italiana do Missal Romano.

Fonte: Santa Sé.

Instituição de leitores e acólitos em Cracóvia

No último dia 20 de fevereiro Dom Robert Józef Chrząszcz, Bispo Auxiliar de Cracóvia (que recebeu a Ordenação Episcopal no dia 06 de fevereiro), celebrou a Santa Missa do Sábado após as Cinzas na Capela do Seminário Maior de Cracóvia, durante a qual conferiu os ministérios de leitor e acólito a alguns seminaristas:

Detalhe da cruz processional da capela
Procissão de entrada

Incensação do altar
Liturgia da Palavra

Entronização do novo Patriarca Ortodoxo da Sérvia

No último dia 18 de fevereiro o Bispo Porfirije Perić (Порфирије Перић), até então Metropolita de Zagreb-Ljubljana, foi eleito como novo Patriarca Ortodoxo da Sérvia.

No dia seguinte, 19 de fevereiro de 2021, o Patriarca presidiu a Divina Liturgia e tomou posse do seu ofício na Catedral de São Miguel Arcanjo em Belgrado (Sérvia):

Catedral Ortodoxa de São Miguel Arcanjo em Belgrado
Procissão de entrada
Divina Liturgia
Presença dos Bispos católicos da Sérvia
O Patriarca abençoa os fiéis

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Homilia: I Domingo da Quaresma - Ano B

Santo Antão
1ª Carta
Estas são as três formas de se começar na conversão

Saudação à vossa caridade no Senhor. Irmãos, julgo que existem três tipos de pessoas entre aquelas a quem o amor de Deus chama, homens ou mulheres. Alguns são chamados pela lei do amor depositada em sua natureza, e pela bondade original que forma parte dela em seu primeiro estado e em sua primeira criação. Quando ouvem a Palavra de Deus não existe nenhuma vacilação: prontamente a seguem. Assim ocorreu com Abraão, o patriarca. Deus viu que ele sabia amá-lo, não em consequência de um ensinamento humano, mas seguindo a lei natural inscrita nele, e conforme a qual Ele mesmo o havia modelado a princípio. E revelando-se a ele disse: Sai de tua terra e de tua casa, e vem para a terra que eu te mostrarei. Foi sem vacilar, impulsionado por sua vocação. Isto é um exemplo para os principiantes: se sofrem e buscam o temor de Deus na paciência e na tranquilidade, recebem em herança um comportamento glorioso porque são compelidos a seguir o amor do Senhor. Este é o primeiro tipo de vocação.

Eis aqui o segundo. Alguns ouvem a lei escrita, que dá testemunho a respeito dos sofrimentos e suplícios preparados para os ímpios e das promessas reservadas para quem dá fruto no temor de Deus. Estes testemunhos despertam neles o pensamento e o desejo de obedecer à sua vocação. Davi o testifica, dizendo: A lei do Senhor é perfeita, é descanso para a alma; o preceito do Senhor é fiel, e instrui ao ignorante; assim como em muitas outras passagens que não temos intenção de citar.

E eis aqui o terceiro tipo de vocação: alguns, quando ainda estão começando, têm o coração duro e permanecem nas obras de pecado. Porém, Deus, que é todo misericórdia, atrai sobre eles provas para corrigi-los, até que desanimem daquele caminho e, comovidos, voltem a Ele. Doravante o conhecem, e seu coração se converte. Também eles obtêm o dom de um comportamento glorioso como os que pertencem às duas categorias anteriores.

Estas são as três formas de se começar na conversão, antes de chegar nela a graça e a vocação de filhos de Deus.

Alguns há que começam com todas as suas forças, dispostos a desprezar todas as tribulações, a resistir e manterem-se firmes em todos os combates que lhes aguardam, e a triunfar neles. Creio que o Espírito se adianta a eles para que o combate seja rápido, e doce a obra de sua conversão. Mostra-lhes os caminhos da ascese, corporal e interior, como converter-se e permanecer em Deus, seu Criador, que faz perfeitas as suas obras. Ensina-lhes como fazer violência, ao mesmo tempo à alma e ao corpo, para que ambos se purifiquem e juntos recebam a herança. Primeiro se purifica o corpo por jejuns e vigílias prolongadas; e depois o coração mediante a vigilância e a oração, assim como toda prática que debilita o corpo e corta os desejos da carne.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 310-311. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São João Crisóstomo para este domingo, clique aqui.

Quarta-feira de Cinzas em Lisboa: Fotos

O Cardeal Manuel José Macário do Nascimento Clemente, o Patriarca de Lisboa, presidiu no último dia 17 de fevereiro na Catedral Patriarcal de Santa Maria Maior, a Sé de Lisboa, a Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas com a Bênção e a Imposição das Cinzas.

Infelizmente a celebração foi sem a presença de fiéis, devido ao agravamento da pandemia de Covid-19 em Portugal.

Note-se junto ao altar a presença da cruz e do ícone da Virgem Maria, símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), entregues pelo Papa Francisco aos jovens portugueses no dia 22 de novembro de 2020. Também devido à pandemia estes símbolos ainda não puderam ser devidamente acolhidos e iniciar sua peregrinação pelo país em preparação à JMJ Lisboa 2023.

Para ler a homilia do Patriarca, clique aqui.

Procissão de entrada
Ritos iniciais
Homilia

Bênção das cinzas

Quarta-feira de Cinzas em Lisboa: Homilia

Homilia da Missa de Quarta-Feira de Cinzas 2021
Uma Quaresma que nos leve à Páscoa

«Diz agora o Senhor: “Convertei-vos a Mim de todo o coração”. Convertei-vos ao Senhor vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e misericordioso». Lembrando tudo o mais - o que cantamos no Salmo, o que ouvimos de Paulo e o Evangelho que ressoa - fixemo-nos hoje no trecho de Joel, escolhido para inaugurar este tempo de graça. Da graça da conversão, ou seja, a que mais importa. Especialmente quando a pandemia nos confina fisicamente, mas não nos fecha o coração.
“Convertei-vos ao Senhor vosso Deus!” Enuncia-se num instante e requer uma vida inteira para se realizar plenamente, de Quaresma em Quaresma, mais e sempre mais, em totalidade e consequência. Um programa que não se esgota em quarenta dias, mas com eles há de avançar. Assim mesmo acompanharemos quantos sofreram e sofrem com a presente pandemia, bem como os que abnegadamente trabalham para debelá-la, no setor da saúde e na sociedade em geral.
Conversão que nada tem de abstrato, bem pelo contrário. Para quem aceita a revelação divina, como em Cristo se conclui, ganha uma dimensão uni-trinitária e caritativa bem definida e precisa.

De que Deus falamos, para a Ele nos convertermos, em Quaresma autêntica? Como professamos no Credo, começa por ser “Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra”. Aceitá-Lo assim, significa aceitar-nos a nós como suas criaturas, correspondendo a este fato basilar, com toda a consequência espiritual e prática.
Estamos aqui, porque neste preciso momento Deus nos mantém vivos e nos quer consigo. Vivos para vivermos e convivermos com os outros e a criação inteira, tomando-a como obra divina e dom do Criador. É esse o primeiro mandamento bíblico, convém lembrar: «O Senhor Deus levou o homem e colocou-o no jardim do Éden, para o cultivar e, também para o guardar» (Gn 2,15). Mandamento muito mal cumprido, infelizmente, mas nem por isso olvidável - e muito menos agora, com a urgência ecológica que sobre nós impende.
A conversão a Deus criador passa antes de mais por respeitar a sua obra e viver em ação de graças. É exatamente o contrário da concupiscência destrutiva, que tudo quer capturar e esgotar em si mesma. Lembremos a magnífica afirmação de Santo Ireneu, sobre o arco completo de uma criação realizada, de Deus para nós e de nós para Deus: «A glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus». Sim, a nossa vida manifesta o poder criador de Deus, a sua glória. Mas não se conclui nem basta em cada um, antes no retorno à Fonte comum de tudo e todos, só em Deus contemplável.
Os motivos quaresmais do jejum, da esmola e da oração, não são meros exercícios ascéticos, aliás presentes na religiosidade em geral e até além desta. Quando o próprio Jesus nos recomenda discrição em tudo isso, quer alertar-nos para a exterioridade que nada resolve e geralmente despista. Sobriedade e partilha, autenticamente vividas, desprendem-nos de gulas e cobiças que não nos educam no gosto de Deus, nem nos libertam de egoísmos fatais. Um e outro, jejum e esmola, levam-nos à oração cristã, como o “Pai-nosso” a ensina.
Escreve-nos o Papa Francisco, na Mensagem em que nos apresenta esta Quaresma como “tempo para renovar a fé, a esperança e a caridade”: «O jejum, a oração e a esmola - tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cfMt 6,1-18) - são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa».

Nomeado novo Arcipreste da Basílica de São Pedro

Neste dia 20 de fevereiro de 2021, além da renúncia do Cardeal Robert Sarah ao ofício de Prefeito da Congregação para o Culto Divino, o Papa Francisco aceitou a renúncia do Cardeal Ângelo Comastri (77 anos) aos ofícios de Vigário Geral da Cidade do Vaticano e Arcipreste da Basílica de São Pedro.

Ao mesmo tempo, o Papa nomeou para esses ofícios o Cardeal Mauro Gambetti.

Breve biografia do Cardeal Ângelo Comastri:

Ângelo Comastri nasceu em 17 de setembro de 1943 em Sorano (Itália). Após os estudos na Pontifícia Universidade Lateranense, foi ordenado sacerdote em 11 de março de 1967, incardinado na Diocese de Diocese Sovana-Pitigliano.

Cardeal Ângelo Comastri

Após trabalhar na Congregação para os Bispos, no Seminário de Pitigliano e na Paróquia de Porto Santo Stefano, no dia 25 de julho de 1990 o Papa João Paulo II nomeou o Padre Ângelo Comastri como Bispo de Massa Marittima-Piombino. Recebeu a Ordenação Episcopal em 12 de setembro do mesmo ano.

Quatro anos depois, porém, em 03 de março de 1994, renuncia ao governo da Diocese devido a problemas de saúde. Após sua recuperação, no dia 09 de novembro de 1996 foi nomeado Prelado de Loreto, com o título de Arcebispo ad personam. Em 2003 foi convidado para pregar os Exercícios Espirituais de Quaresma para o Papa e a Cúria Romana.

Por fim, em 05 de fevereiro de 2005, João Paulo II nomeia Dom Ângelo Comastri como novo Vigário Geral para a Cidade do Vaticano e Arcipreste Coadjutor da Basílica de São Pedro. Assumirá como Arcipreste em 31 de outubro de 2006, após a renúncia do Cardeal Francesco Marchisano.

Cardeal Comastri recebe do Papa Francisco a bula de convocação do Jubileu da Misericórdia

O Papa Bento XVI o convidou a preparar as meditações para a Via Sacra da Sexta-feira Santa de 2006 e o criou Cardeal no Consistório de 24 de novembro de 2007, concedendo-lhe a Diaconia de São Salvador in Lauro. Dez anos depois, como prescreve o Código Canônico, em 19 de maio de 2018, foi promovido a Cardeal Presbítero.

Cardeal Sarah renuncia ao ofício de Prefeito da Congregação para o Culto Divino

Na manhã de hoje, 20 de fevereiro de 2021, o Papa Francisco aceitou a renúncia por limite de idade (75 anos) apresentada pelo Cardeal Robert Sarah ao ofício de Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.


Roberth Sarah nasceu em 15 de junho de 1945 em Ourous (Guiné). Foi ordenado sacerdote em 20 de julho de 1969 na Catedral de Santa Maria em Conakry, pelo Arcebispo Raymond-Maria Tchidimbo.

Após a ordenação foi enviado a Roma, onde estudou Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana em 1974 e Sagradas Escrituras no Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém.

Em 13 de agosto de 1979, o Padre Robert Sarah foi nomeado pelo Papa João Paulo II como novo Arcebispo de Conakry, recebendo a ordenação episcopal em 08 de dezembro do mesmo ano.

Em 01 de outubro de 2001 o Papa o chamou a Roma, nomeando-o Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos, ofício que desempenharia pelos próximos nove anos.

No dia 07 de outubro de 2010 o Papa Bento XVI o nomeou Presidente do Pontifício Conselho Cor Unum e o criou Cardeal no Consistório de 20 de novembro do mesmo ano, concedendo-lhe a Diaconia de São João Bosco in Via Tuscolana.

Em 24 de novembro de 2014, por fim, o Papa Francisco nomeou o Cardeal Sarah como novo Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, sucedendo o Cardeal Antonio Cañizares Llovera (nomeado Arcebispo de Valência).



Como Prefeito da Congregação para o Culto Divino, destacou-se por sua defesa da espiritualidade litúrgica e da importância do silêncio nas celebrações.

Durante esses pouco mais de seis anos, foram promulgados importantes documentos, sobretudo com atualizações do Calendário Romano Geral:

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Via Sacra: Meditações do Cardeal Camillo Ruini

Hoje, 19 de fevereiro, é a primeira sexta-feira da Quaresma deste ano de 2021. Também hoje completa 90 anos o Cardeal Camillo Ruini, Vigário Geral Emérito da Diocese de Roma.

Portanto, publicaremos aqui as meditações que o Cardeal Ruini escreveu para a Via Sacra presidida pelo Papa Bento XVI na Sexta-feira Santa de 2010:

Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu presidida pelo Santo Padre Bento XVI
Sexta-Feira Santa de 2010

Meditações do Cardeal Camillo Ruini,
Vigário Geral Emérito da Diocese de Roma

Canto inicial:
R. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum.
1. Per lignum servi facti sumus, et per sanctam Crucem liberati sumus. R.
2. Fructus arboris seduxit nos, Filius Dei redemit nos. R.

Quando o Apóstolo Filipe lhe pediu: “Senhor, mostra-nos o Pai”, Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces...? Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,8-9). Nesta noite, enquanto em nosso coração acompanhamos a Jesus que caminha com a cruz, não nos esqueçamos destas suas palavras. Mesmo quando carrega a cruz, mesmo quando morre na cruz, Jesus é o Filho que é um só com Deus Pai. Vendo a sua face destruída pelos golpes, pela fadiga, pelo sofrimento interior, contemplamos a face do Pai. Antes, justamente neste momento, a glória de Deus, a sua luz demasiado forte para todo olho humano, faz-se ainda mais visível na face de Jesus. Aqui, neste pobre ser que Pilatos mostrou aos judeus, na esperança de induzi-los à piedade, com as palavras “Eis o homem!” (Jo 19,5), manifesta-se a verdadeira grandeza de Deus, aquela grandeza misteriosa que nenhum homem podia imaginar.
Porém, em Jesus crucificado, se revela também outra grandeza: a nossa grandeza, a grandeza que pertence a cada homem pelo simples fato de ter uma face e um coração humano. Escreve Santo Antônio de Pádua: “Cristo, que é a tua vida, está suspenso diante de ti, para que tu olhes para a cruz como num espelho... se olhares para Ele, poderás perceber como são grandes a tua dignidade... e o teu valor.... Em nenhum outro lugar, o homem pode perceber melhor quanto ele vale do que contemplando-se no espelho da cruz” (Sermones Dominicales et Festivi III, pp. 213-214). Sim, Jesus, o Filho de Deus, morreu por ti, por mim, por cada um de nós, e assim nos deu a prova concreta de quão grandes e preciosos nós somos aos olhos de Deus, os únicos olhos que superam todas as aparências e veem até ao fundo a realidade das coisas.
Participando na Via-sacra, pedimos a Deus que nos conceda também a nós este seu olhar de verdade e amor, para nos tornarmos, unidos a ele, livres e bons.

Bento XVI carrega a cruz na Via Sacra
(Note-se o Cardeal Ruini atrás do Papa)

Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R. Amém.
Santo Padre: Oremos
Senhor, Deus Pai onipotente, Vós sabeis tudo: vedes a enorme necessidade de vós que se esconde no nosso coração. Dai a cada um de nós a humildade de reconhecer esta necessidade. Libertai a nossa inteligência da pretensão, errada e um pouco ridícula, de poder dominar o mistério que nos envolve por todas as partes. Libertai a nossa vontade da presunção, igualmente ingênua e infundada, de poder construir sozinhos a nossa felicidade e o sentido da nossa vida. Tornai penetrante e sincero o nosso olhar interior, para poder reconhecer, sem hipocrisia, o mal que está dentro de nós. Mas dai-nos também, na luz da Cruz e da Ressurreição do vosso único Filho, a certeza de que, unidos e sustentados por Ele, poderemos também nós vencer o mal com o bem. Senhor Jesus, ajudai-nos a caminhar com este ânimo atrás da vossa cruz.
R. Amém.
I Estação: Jesus é condenado à morte

V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Do Evangelho segundo João (Jo 19,6-7.12.16)
Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos respondeu: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”. Os judeus responderam: “Nós temos uma Lei, e, segundo essa Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”. Por causa disto, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”. Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram.


Por que motivo Jesus foi condenado à morte, Ele que “andou por toda a parte fazendo o bem” (At 10,38)? Esta pergunta nos acompanhará ao longo da Via-sacra, como nos acompanha por toda a vida.
Nos Evangelhos, encontramos uma resposta verdadeira: os chefes dos judeus quiseram a sua morte porque compreenderam que Jesus se considerava o Filho de Deus. E encontramos igualmente uma resposta que os judeus usaram como pretexto para obter de Pilatos a sua condenação: Jesus teria a pretensão de ser um rei deste mundo, o rei dos judeus.
Mas, por detrás destas respostas, se abre um abismo, sobre o qual os próprios Evangelhos e toda a Sagrada Escritura nos fazem abrir os olhos: Jesus morreu pelos nossos pecados. E, o que é mais profundo, morreu por nós, morreu porque Deus nos ama; e nos ama a ponto de dar o seu Filho unigênito, a fim de que tenhamos a vida por meio dele (cf. Jo 3,16-17).
Portanto, é para nós mesmos que devemos olhar: para o mal e o pecado que vivem dentro de nós e que demasiadas vezes fingimos de ignorar. Mas, ainda mais, devemos volver o nosso olhar para Deus, rico de misericórdia, que nos chamou amigos (cf. Jo 15,15). Assim, o caminho da Via-sacra e todo o caminho da vida tornam-se um itinerário de penitência, dor e conversão, mas também de gratidão, fé e alegria.

Pater noster...


Santa Inês Paramentos: Casulas de São José

No dia 19 de março (daqui a um mês, a contar da publicação desta postagem), a Igreja de Rito Romano celebra a Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria.

Já publicamos aqui em nosso blog duas postagens sobre a história da sua celebração:
uma postagem mais ampla, sobre a presença de São José na Liturgia em geral;
e uma postagem mais específica, sobre as celebrações de 19 de março e 01 de maio (São José Operário).

Neste ano de 2021 a celebração do insigne Patriarca será particularmente significativa, uma vez que estamos no “Ano de São José” por ocasião dos 150 anos da sua proclamação como Padroeiro da Igreja universal, com especiais indulgências de 08 de dezembro de 2020 a 08 de dezembro de 2021.

Como também os paramentos podem contribuir para a beleza da ação sagrada (cf. Introdução Geral do Missal Romano, n. 335), gostaríamos de propor aos nossos leitores alguns modelos de casulas de São José confeccionadas pelo nosso site parceiro, Santa Inês Paramentos.

Vale lembrar que já o II Concílio de Niceia (787), o 7º Concílio Ecumênico, em sua célebre definição sobre os sagrados ícones, determinou que as imagens de Cristo, da Virgem Maria, dos anjos e santos, sejam expostas “nas santas igrejas de Deus, sobre os sagrados utensílios e paramentos, sobre as paredes e painéis, nas casas e nas ruas” [1].

As casulas da Santa Inês Paramentos com a imagem de São José são quatro, em dois modelos: um que poderíamos chamar mais “solene” e outro mais “simples” ou “quotidiano”.

Para conferir os preços das casulas e adquiri-las, além de obter outras informações, basta clicar nos títulos sobre as imagens abaixo:









Além dessas quatro casulas com a imagem de São José, que podem ser utilizadas sobretudo nas celebrações em honra desse santo (19 de março, 01 de maio, Missas votivas), há ainda outra casula onde ele aparece.

Trata-se da casula da Sagrada Família, com as imagens de Jesus, Maria e José, que pode ser utilizada na respectiva Festa (no domingo após o Natal) ou em outras celebrações associadas (Solenidade do Natal do Senhor, Solenidade da Epifania, Festa da Apresentação do Senhor).



Para acessar o site da Santa Inês Paramentos e conferir todas as suas opções de alfaias e paramentos litúrgicos, clique aqui.

Confira também este pequeno vídeo com alguns detalhes da Casula solene de São José:


[1] II Concílio de Niceia. 7ª sessão: Definição a respeito dos sagrados ícones. in: DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. São Paulo: Paulinas; Loyola, 2007, n. 600, p. 218.