quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Homilia: Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

Santo Atanásio de Alexandria, Bispo
Carta a Epicteto
O Verbo assumiu nossa natureza no seio de Maria

O Verbo de Deus veio em auxílio da descendência de Abraão, como diz o Apóstolo. Por isso devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos (Hb 2,16-17) e assumir um corpo semelhante ao nosso. Eis por que Maria está verdadeiramente presente neste mistério; foi dela que o Verbo assumiu, como próprio, aquele corpo que havia de oferecer por nós. A Sagrada Escritura, recordando este nascimento, diz: Envolveu-o em panos (Lc 2,7); proclama felizes os seios que o amamentaram e fala também do sacrifício oferecido pelo nascimento deste Primogênito. O anjo Gabriel, com prudência e sabedoria, já o anunciaram a Maria; não lhe disse simplesmente: aquele que nascer em ti, para não se julgar que se tratava de um corpo extrínseco nela introduzido; mas: de ti (cf. Lc 1,35), para se acreditar que o fruto desta concepção procedia realmente de Maria.
Assim foi que o Verbo, recebendo nossa natureza humana e oferecendo-a em sacrifício, assumiu-a em sua totalidade, para nos revestir depois de sua natureza divina, segundo as palavras do Apóstolo: É preciso que este ser corruptível se vista de incorruptibilidade; é preciso que este ser mortal se vista de imortalidade (1Cor 15,53).
Estas coisas não se realizaram de maneira fictícia, como julgam alguns, o que é inadmissível! Nosso Salvador fez-se verdadeiro homem, alcançando assim a salvação do homem na sua totalidade. Nossa salvação não é absolutamente algo de fictício, nem limitado só ao corpo; mas realmente a salvação do homem todo, corpo e alma, foi realizada pelo Verbo de Deus.
A natureza que ele recebeu de Maria era uma natureza humana, segundo as divinas Escrituras, e o corpo do Senhor era um corpo verdadeiro. Digo verdadeiro, porque era um corpo idêntico ao nosso. Maria é portanto nossa irmã, pois todos somos descendentes de Adão.
As palavras de João: O Verbo se fez carne (Jo 1,14) têm o mesmo sentido que se pode atribuir a uma expressão semelhante de Paulo: O Cristo fez-se maldição por nós (cf. Gl 3,13). Pois da intima e estreita união com o Verbo, resultou para o corpo humano em engrandecimento sem par: de mortal tornou-se imortal; sendo animal, tornou-se espiritual; terreno, transpôs as portas do céu.
Contudo, mesmo tendo o Verbo tomado um corpo no seio da Maria, a Trindade continua sendo a mesma Trindade, sem aumento nem diminuição. É sempre perfeita, e na Trindade reconhecemos uma só Divindade; assim, a Igreja proclama um único Deus no Pai e no Verbo.

Santo Atanásio

Responsório (cf. Lc 1,42)

Virgem santa e imaculada, eu não sei com que louvores poderei engrandecer-vos!
R. Pois Aquele a quem os céus não puderam abranger, repousou em vosso seio.

Sois bendita entre as mulheres, e bendito é o fruto, que nasceu de vosso ventre.
R. Pois Aquele a quem os céus não puderam abranger, repousou em vosso seio.

Oração:
Ó Deus, que pela virgindade fecunda de Maria destes à humanidade a salvação eterna, dai-nos contar sempre com a sua intercessão, pois ela nos trouxe o autor da vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: Liturgia das Horas, vol. I, pp. 435-437.

Ângelus: Festa da Sagrada Família - Ano B

Festa da Sagrada Família de Nazaré
Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 28 de dezembro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste primeiro domingo depois do Natal, enquanto estamos ainda imersos no clima jubiloso da festa, a Igreja convida-nos a contemplar a Sagrada Família de Nazaré. O Evangelho de hoje apresenta-nos Nossa Senhora e São José no momento em que, quarenta dias depois do nascimento de Jesus, vão ao templo de Jerusalém. Fazem-no em obediência religiosa à Lei de Moisés, a qual prescreve que se ofereça o primogênito ao Senhor (cf. Lc 2,22-24).

Podemos imaginar a pequena família, no meio de tantas pessoas, nas amplas praças do templo. Não se salienta, não se distingue... E, no entanto, não passa inobservada! Dois idosos, Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo, aproximam-se e começam a louvar a Deus por aquele Menino, no qual reconhecem o Messias, luz dos povos e salvação de Israel (cf. Lc 2,22-38). Trata-se de um momento simples, mas rico de profecia: o encontro de dois jovens esposos cheios de alegria e fé pela graça do Senhor; com dois idosos também eles cheios de alegria e fé pela ação do Espírito. Quem fez com que eles se encontrassem? Jesus. Jesus faz com que eles se encontrem: jovens e idosos. Ele aproxima as gerações. É a fonte daquele amor que une as famílias e as pessoas, vencendo qualquer desconfiança, isolamento ou distância. Isto faz-nos pensar também nos avós: como é importante a sua presença, a presença dos avós! Como é precioso o seu papel nas famílias e nas sociedades! O bom relacionamento entre os jovens e os idosos é decisivo para o caminho da comunidade civil e eclesial. E observando esses dois idosos, esses dois avós - Simeão e Ana - saudamos daqui com um aplauso todos os avós do mundo.

A mensagem que provém da Sagrada Família é, antes de tudo, uma mensagem de fé. Na vida familiar de Maria e José, Deus está verdadeiramente no centro, na Pessoa de Jesus. Por isso a Família de Nazaré é sagrada. Por quê? Porque está centrada em Jesus.

Quando pais e filhos respiram o mesmo clima de fé, possuem uma energia que lhes permite enfrentar até provações difíceis, como demonstra a experiência da Sagrada Família, no dramático evento da fuga para o Egito: uma prova difícil.

O Menino Jesus com a sua Mãe Maria e com São José são um ícone familiar simples, mas muito luminoso. A luz que dela irradia é luz de misericórdia e de salvação para o mundo inteiro, luz de verdade para todos os homens, para a família humana e para cada família. Esta luz que vem da Sagrada Família encoraja-nos a oferecer calor humano naquelas situações familiares em que, por vários motivos, faltam a paz, a harmonia e o perdão. Não falte a nossa solidariedade concreta às famílias que vivem situações mais difíceis por causa de doenças, desemprego, discriminações, necessidade de emigrar... E reflitamos um momento aqui e em silêncio oremos por todas as famílias em dificuldade, quer por doença, falta de trabalho, discriminação, necessidade de emigrar, dificuldade de se entender e também por desunião. Em silêncio, rezemos por todas essas famílias. (Ave Maria...).

Confiemos a Maria, Rainha e mãe da família, todas as famílias do mundo, a fim de que possam viver na fé, na concórdia, na ajuda recíproca, e por isso, invoco sobre elas a proteção materna daquela que foi Mãe e filha do seu Filho.


Fonte: Santa Sé.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Natal no Rito Ambrosiano no Duomo de Milão

O Cardeal Angelo Scola, Arcebispo de Milão, celebrou as Missas da Solenidade do Natal do Senhor na igreja Catedral, o Duomo de Milão, segundo o Rito Ambrosiano, próprio desta diocese.

Dia 24: Missa da Noite

Procissão de entrada

Bênção ao Diácono para o Evangelho
Homilia
Apresentação das oferendas

Natal na Forma Extraordinária nos EUA

Na igreja de Santa Maria em Norwalk (Connecticut, EUA) celebrou-se a Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor segundo a Forma Extraordinária do Rito Romano.

A Missa foi precedida pela recitação do terço diante do presépio e pelo canto da Kalenda.

Igreja parcialmente às escuras antes da Missa
Recitação do terço diante do presépio antes da Missa
Canto da Kalenda
Deposição da imagem do Menino Jesus no altar
Confiteor

Missa da Noite de Natal em Foz do Iguaçu

Dom Dirceu Vegini, Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu (PR), celebrou a Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor na Catedral Nossa Senhora de Guadalupe no último dia 24 de dezembro.

Antes do Glória foi cantada a Kalenda e entronizada a imagem do Menino Jesus.

Altar preparado com arranjo beneditino
Procissão de entrada
Incensação do altar
Incensação da imagem da padroeira
Canto da Kalenda

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Fotos da Missa da Noite de Natal em Butiatuvinha

No último dia 24 de dezembro, o Revmo. Padre Elmo Heck celebrou a Santa Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor na Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Butiatuvinha (Curitiba).

A Missa foi precedida pelo canto da Kalenda, feito pelo autor deste blog, e pelo desvelamento da imagem do Menino Jesus diante do altar.

Canto da Kalenda
Imagem do Menino Jesus é descoberta pelo Diácono
Procissão de entrada

Incensação do altar

sábado, 27 de dezembro de 2014

Fotos da Bênção Urbi et Orbi de Natal

No último dia 25 de dezembro, o Papa Francisco concedeu a tradicional Bênção Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo) da sacada central da Basílica de São Pedro.

O Santo Padre foi assistidos pelos Cardeais-Diáconos Franc Rodé (substituindo o Protodiácono, Cardeal Martino) e Gerhrad Müller. Os cerimoniários assistentes foram os Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni.

Chegada do Santo Padre




Mensagem Urbi et Orbi de Natal do Papa Francisco

MENSAGEM «URBI ET ORBI»
DO PAPA FRANCISCO
NATAL DE 2014
Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom Natal!
Jesus, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, nasceu para nós. Nasceu em Belém de uma virgem, dando cumprimento às profecias antigas. A virgem chama-se Maria; o seu esposo, José.
São as pessoas humildes, cheias de esperança na bondade de Deus, que acolhem Jesus e O reconhecem. Assim o Espírito Santo iluminou os pastores de Belém, que acorreram à gruta e adoraram o Menino. E mais tarde o Espírito guiou até ao templo de Jerusalém Simeão e Ana, humildes anciãos, e eles reconheceram em Jesus o Messias. «Meus olhos viram a salvação – exclama Simeão – que ofereceste a todos os povos» (Lc 2, 30-31).
Sim, irmãos, Jesus é a salvação para cada pessoa e para cada povo!
A Ele, Salvador do mundo, peço hoje que olhe para os nossos irmãos e irmãs do Iraque e da Síria que há tanto tempo sofrem os efeitos do conflito em curso e, juntamente com os membros de outros grupos étnicos e religiosos, padecem uma perseguição brutal. Que o Natal lhes dê esperança, como aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados, crianças, adultos e idosos, da Região e do mundo inteiro; mude a indiferença em proximidade e a rejeição em acolhimento, para que todos aqueles que agora estão na provação possam receber a ajuda humanitária necessária para sobreviver à rigidez do inverno, retornar aos seus países e viver com dignidade. Que o Senhor abra os corações à confiança e dê a sua paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra abençoada do seu nascimento, sustentando os esforços daqueles que estão activamente empenhados no diálogo entre Israelitas e Palestinianos.
Jesus, Salvador do mundo, olhe para quantos sofrem na Ucrânia e conceda àquela amada terra a graça de superar as tensões, vencer o ódio e a violência e embocar um caminho novo de fraternidade e reconciliação.
Cristo Salvador dê paz à Nigéria, onde – mesmo nestas horas – mais sangue foi derramado e muitas pessoas se encontram injustamente subtraídas aos seus entes queridos e mantidas reféns ou massacradas. Invoco paz também para outras partes do continente africano. Penso de modo particular na Líbia, no Sudão do Sul, na República Centro-Africana e nas várias regiões da República Democrática do Congo; e peço a quantos têm responsabilidades políticas que se empenhem, através do diálogo, a superar os contrastes e construir uma convivência fraterna duradoura.
Jesus salve as inúmeras crianças vítimas de violência, feitas objecto de comércio ilícito e tráfico de pessoas, ou forçadas a tornar-se soldados; crianças, tantas crianças vítimas de abuso. Dê conforto às famílias das crianças que, na semana passada, foram assassinadas no Paquistão. Acompanhe todos os que sofrem pelas doenças, especialmente as vítimas da epidemia de ébola, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné. Ao mesmo tempo que do íntimo do coração agradeço àqueles que estão trabalhando corajosamente para assistir os doentes e os seus familiares, renovo um premente apelo a que sejam garantidas a assistência e as terapias necessárias.
Jesus Menino. Penso em todas as crianças assassinadas e maltratadas hoje, seja naquelas que o são antes de ver a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo duma cultura que não ama a vida; seja nas crianças desalojadas devido às guerras e perseguições, abusadas e exploradas sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice; seja ainda nas crianças massacradas nos bombardeamentos, inclusive onde o Filho de Deus nasceu. Ainda hoje o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos Herodes. Sobre o seu sangue, estende-se hoje a sombra dos Herodes do nosso tempo. Verdadeiramente há tantas lágrimas neste Natal que se juntam às lágrimas de Jesus Menino!
Queridos irmãos e irmãs, que hoje o Espírito Santo ilumine os nossos corações, para podermos reconhecer no Menino Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, a salvação oferecida por Deus a cada um de nós, a todo o ser humano e a todos os povos da terra. Que o poder de Cristo, que é libertação e serviço, se faça sentir a tantos corações que sofrem guerras, perseguições, escravidão. Que este poder divino tire, com a sua mansidão, a dureza dos corações de tantos homens e mulheres imersos no mundanismo e na indiferença, na globalização da indiferença. Que a sua força redentora transforme as armas em arados, a destruição em criatividade, o ódio em amor e ternura. Assim poderemos dizer com alegria: «Os nossos olhos viram a vossa salvação».
Com estes pensamentos, a todos bom Natal!


Fonte: Santa Sé 

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Fotos da Missa de Natal no Vaticano

No último dia 24 de dezembro, o Papa Francisco celebrou na Basílica de São Pedro a Santa Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor.

Este ano houve uma diferença em relação aos ritos iniciais: o Papa entrou na Basílica e parou diante do altar, onde ouviu o canto da Kalenda, descobriu e incensou a imagem do Menino Jesus.

No Credo, foi exeutado o "Et incarnatus est" da Missa em C Menor de Mozart.

Os cerimoniários assistentes foram os Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. O livreto de celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada
Papa desvela a imagem do Menino Jesus
Veneração da imagem do Menino Jesus
Incensação da imagem
Incensação do altar

Homilia do Papa: Missa da Noite de Natal 2014

Santa Missa da Noite de Natal
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9,1). «Um anjo do Senhor apareceu [aos pastores], e a glória do Senhor refulgiu em volta deles» (Lc 2,9). É assim que a Liturgia desta Noite santa  de Natal nos apresenta o nascimento do Salvador: como luz que penetra e dissolve a mais densa escuridão. A presença do Senhor no meio do seu povo cancela o peso da derrota e a tristeza da escravidão e restabelece o júbilo e a alegria.
Também nós, nesta noite abençoada, viemos à casa de Deus atravessando as trevas que envolvem a terra, mas guiados pela chama da fé que ilumina os nossos passos e animados pela esperança de encontrar a «grande luz». Abrindo o nosso coração, temos, também nós, a possibilidade de contemplar o milagre daquele Menino-sol que, surgindo do alto, ilumina o horizonte.
A origem das trevas que envolvem o mundo perde-se na noite dos tempos. Pensemos no obscuro momento em que foi cometido o primeiro crime da humanidade, quando a mão de Caim, cego pela inveja, feriu de morte o irmão Abel (cf. Gn 4,8). Assim, o curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência. Mas Deus, que havia posto suas expectativas no homem, feito à sua imagem e semelhança, esperava. Deus esperava. O tempo de espera fez-se tão longo que a certo momento, talvez, deveria renunciar; mas Ele não podia renunciar, não podia negar-Se a Si mesmo (2Tm 2,13). Por isso, continuou a esperar pacientemente face à corrupção de homens e povos. A paciência de Deus... Como é difícil compreender isto: a paciência de Deus para conosco!
Ao longo do caminho da história, a luz que rasga a escuridão revela-nos que Deus é Pai e que a sua paciente fidelidade é mais forte do que as trevas e do que a corrupção. Nisto consiste o anúncio da Noite de Natal. Deus não conhece a explosão de ira nem a impaciência; permanece lá, como o pai da parábola do filho pródigo, à espera de vislumbrar ao longe o regresso do filho perdido; e todos os dias, com paciência. A paciência de Deus!
A profecia de Isaías anuncia a aurora de uma luz imensa que rasga a escuridão. Ela nasce em Belém e é acolhida pelas mãos amorosas de Maria, pelo afeto de José, pelo assombro dos pastores. Quando os anjos anunciaram aos pastores o nascimento do Redentor, fizeram-no com estas palavras: «Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado em uma manjedoura» (Lc 2,12). O «sinal» é precisamente a humildade de Deus, a humildade de Deus levada ao extremo; é o amor com que Ele, naquela noite, assumiu a nossa fragilidade, o nosso sofrimento, as nossas angústias, os nossos desejos e as nossas limitações. A mensagem que todos esperavam, que todos procuravam nas profundezas da própria alma, não era senão que a ternura de Deus: Deus que nos fixa com olhos cheios de afeto, que aceita a nossa miséria, Deus enamorado da nossa pequenez.
Nesta Noite santa, ao mesmo tempo que contemplamos o Menino Jesus recém-nascido e reclinado na manjedoura, somos convidados a refletir. Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou O impeço de aproximar-Se? «Ó, não, eu procuro o Senhor!» - poderíamos replicar. Porém a coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a procurar-me, a encontrar-me e a cobrir-me amorosamente das suas carícias. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem?
E ainda: temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes mas desprovidas do calor do Evangelho? Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura! Paciência de Deus, proximidade de Deus, ternura de Deus.
A resposta do cristão não pode ser diferente da que Deus dá à nossa pequenez. A vida deve ser enfrentada com bondade, com mansidão. Quando nos damos conta de que Deus Se enamorou da nossa pequenez, de que Ele mesmo Se faz pequeno para melhor nos encontrar, não podemos deixar de Lhe abrir o nosso coração pedindo-Lhe: «Senhor, ajudai-me a ser como Vós, concedei-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida, dai-me a graça de me aproximar ao ver qualquer necessidade, a graça da mansidão em qualquer conflito».
Queridos irmãos e irmãs, nesta Noite santa, contemplamos o presépio: nele, «o povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9,1). Viram-na as pessoas simples, as pessoas dispostas a acolher o dom de Deus. Pelo contrário, não a viram os arrogantes, os soberbos, aqueles que estabelecem as leis segundo os próprios critérios pessoais, aqueles que assumem atitudes de fechamento. Contemplemos o presépio e façamos este pedido à Virgem Mãe: «Ó Maria, mostra-nos Jesus!»


Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Ângelus: IV Domingo do Advento - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 21 de dezembro de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, IV e último Domingo do Advento, a Liturgia quer preparar-nos para o Natal, já às portas, convidando-nos a meditar a narração do anúncio do Anjo a Maria. O Arcanjo Gabriel revela à Virgem a vontade do Senhor, que ela se torne Mãe do seu Filho Unigênito: «Eis que conceberás e darás à luz um filho, e que lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo!» (Lc 1,31-32). Fixemos o olhar nesta simples jovem de Nazaré, no momento em que se torna disponível à mensagem divina com o seu «sim»; vejamos dois aspectos essenciais da sua atitude, que para nós é modelo do modo como devemos nos preparar para o Natal.

Antes de tudo, a sua , a sua atitude de fé, que consiste em ouvir a Palavra de Deus para se abandonar a esta Palavra com plena disponibilidade de mente e de coração. Respondendo ao Anjo, Maria disse: «Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra» (v. 38). No seu «Eis-me aqui» repleto de fé, Maria não sabe por que caminhos deverá aventurar-se, quais dores deverá suportar, quais riscos deverá enfrentar. Mas está consciente de que é o Senhor que a interpela, e confia totalmente nele, abandona-se ao seu amor. Esta é a fé de Maria!

Outro aspecto é a capacidade da Mãe de Cristo de reconhecer o tempo de Deus. Maria é aquela que tornou possível a Encarnação do Filho de Deus, «a revelação do mistério, conservado em segredo durante séculos» (Rm 16,25). Ela tornou possível a Encarnação do Verbo, precisamente graças ao seu «sim» humilde e intrépido. Maria ensina-nos a captar o momento favorável em que Jesus passa na nossa vida e pede uma resposta pronta e generosa. E Jesus passa. Com efeito, o mistério do nascimento de Jesus em Belém, que ocorreu historicamente há mais de dois mil anos, concretiza-se como acontecimento espiritual, no «hoje» da Liturgia. O Verbo, que encontrou morada no seio virginal de Maria, na celebração do Natal vem bater novamente à porta do coração de cada cristão: passa e bate à nossa porta. Cada um de nós é chamado a responder, como Maria, com um «sim» pessoal e sincero, colocando-se plenamente à disposição de Deus e da sua misericórdia, do seu amor. Quantas vezes Jesus passa na nossa vida, e quantas vezes nos envia um Anjo, e quantas vezes não nos damos conta, porque estamos profundamente imersos nos nossos pensamentos, nos nossos afazeres e, nestes dias, até nos nossos preparativos para o Natal, a ponto de não percebermos que Ele passa e bate à porta do nosso coração, pedindo acolhimento, pedindo-nos um «sim», como fez com Maria. Um Santo dizia: «Temo que o Senhor passe!». Sabeis por que motivo ele temia? Tinha medo de não se dar conta que Ele passa. Quando nós sentimos no nosso coração: «Gostaria de ser melhor... Estou arrependido daquilo que fiz...», é precisamente o Senhor que bate à nossa porta. Ele faz-nos sentir isto: o desejo de sermos melhores, a vontade de permanecermos mais próximos dos outros, de Deus. Se sentires isto, detém-te! É o Senhor que passa! Detém-te para rezar, para te confessares e talvez para uma pequena limpeza... isto faz bem! Contudo, recorda-te: se sentires este desejo de melhorar, é Ele que bate à tua porta: não O deixes passar!

No mistério do Natal, ao lado de Maria, há uma presença silenciosa de São José, como está representado em todos os presépios - inclusive naquele que podeis admirar aqui na Praça de São Pedro. O exemplo de Maria e de José é para todos nós um convite a acolher com total abertura de espírito Jesus, que por amor a nós se fez nosso irmão. Ele vem para trazer ao mundo a dádiva da paz: «Paz na terra aos homens por Ele amados!» (Lc 2,14), como anunciaram em coro os anjos aos pastores. O dom precioso do Natal é a paz, e Cristo é a nossa paz verdadeira. Cristo bate à porta dos nossos corações para nos conceder a paz, a paz da alma. Abramos as portas a Cristo!

Confiemo-nos à intercessão da nossa Mãe e de São José, para viver um Natal autenticamente cristão, livres de toda a mundanidade, prontos para receber o Salvador, o Deus-conosco.


Fonte: Santa Sé.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

I Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 17 de Dezembro de 2014
A Família (1): Nazaré

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Sínodo dos Bispos sobre a Família, recém-celebrado, foi a primeira etapa de um caminho, que terminará em Outubro próximo com a celebração de mais uma Assembleia sobre o tema «Vocação e missão da família na Igreja e no mundo». A oração e a reflexão que devem acompanhar este caminho comprometem todo o Povo de Deus. Gostaria que também as habituais meditações das audiências de quarta-feira se inserissem neste caminho comum. Por isso, decidi ponderar convosco, durante este ano, precisamente sobre a família, sobre este dom grandioso que o Senhor ofereceu ao mundo desde os primórdios, quando conferiu a Adão e Eva a missão de se multiplicar e encher a terra (cf. Gn 1,28). Um dom que Jesus confirmou e selou no seu Evangelho.
A proximidade do Natal acende uma luz forte sobre este mistério. A encarnação do Filho de Deus abre um novo início na história universal do homem e da mulher. E este novo início tem lugar no seio de uma família, em Nazaré. Jesus nasceu numa família. Ele podia ter vindo de modo espetacular, ou como um guerreiro, um imperador... Mas não: veio como filho, numa família. Isto é importante: ver no presépio esta cena tão bonita!
Deus quis nascer numa família humana, que Ele mesmo formou. Forjou-a num longínquo povoado da periferia do Império romano. Não em Roma, que era a capital do Império, não numa cidade grande, mas numa periferia quase invisível, aliás, bastante famigerada. Recordam-no também os Evangelhos, praticamente como um modo de dizer: «Pode porventura vir algo de bom de Nazaré?» (Jo 1,46). Talvez, em muitas regiões do mundo, nós mesmos ainda falemos assim, quando ouvimos o nome de um lugar periférico de uma cidade grande. Pois bem, precisamente aí, na periferia do grande Império, começou a história mais santa e boa, a de Jesus entre os homens! E essa família vivia ali.
Jesus permaneceu naquela periferia durante trinta anos. O evangelista Lucas assim resume este período: Jesus «vivia submetido a eles» [ou seja, a Maria e José]. E poder-se-ia dizer: «Mas este Deus que vem para nos salvar perdeu trinta anos ali, naquela periferia de má fama?». Perdeu trinta anos! Ele quis que fosse assim. O caminho de Jesus era no seio daquela família. «A Mãe conservava tudo isto no seu coração, e Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens» (2,51-52). Não se fala de milagres ou curas, de pregações - não fez alguma nessa época - de multidões que acorrem; Em Nazaré tudo parece acontecer «normalmente», segundo os costumes de uma família israelita piedosa e diligente: trabalhava-se, a mãe cozinhava, ocupava-se dos afazeres de casa, passava a ferro... coisas de mãe. O pai, carpinteiro, labutava, ensinava o filho a trabalhar. Trinta anos. «Mas que desperdício, Padre!». Os caminhos de Deus são misteriosos. Mas ali o importante era a família! E isto não constituía um desperdício! Eram grandes santos: Maria, a mulher mais santa, Imaculada, e José, o homem mais justo... A família.
Sem dúvida, enternece-nos a narração do modo como Jesus, adolescente, enfrentava os encontros da comunidade religiosa e os deveres da vida social; saber como, jovem operário, trabalhava com José; e depois, o seu modo de participar na escuta das Escrituras, na oração dos Salmos e em muitos outros hábitos da vida diária. Na sua sobriedade, os Evangelhos nada falam sobre a adolescência de Jesus, deixando esta tarefa à nossa meditação afetuosa. A arte, a literatura e a música percorreram este caminho da imaginação. Sem dúvida, não é difícil imaginar o que as mães poderiam aprender do esmero de Maria pelo seu Filho! E quanto os pais poderiam aprender do exemplo de José, homem justo, que dedicou a sua vida para apoiar e defender o Menino e a Esposa - a sua família - nas horas difíceis! Sem mencionar quanto os jovens poderiam ser encorajados por Jesus adolescente a entender a necessidade e a beleza de cultivar a sua vocação mais profunda, e de fazer sonhos grandiosos! E nestes trinta anos Jesus cultivou a sua vocação, para a qual o Pai o enviara. E nessa época Jesus nunca desanimou, mas cresceu em coragem, para ir em frente com a sua missão.
Cada família cristã - como Maria e José - pode primeiro acolher Jesus, ouvi-lo, falar com Ele, conservá-lo, protegê-lo e crescer com Ele, e assim melhorar o mundo. Deixemos espaço ao Senhor no nosso coração e nos nossos dias. Assim fizeram também Maria e José, mas não foi fácil: quantas dificuldades tiveram que superar! Não era uma família fictícia, nem uma família irreal. A família de Nazaré compromete-nos a redescobrir a vocação e missão da família, de cada família. E, come aconteceu naqueles trinta anos em Nazaré, assim também pode ocorrer para nós: fazer com que o amor se torne normal, e não o ódio, fazer com que se a entreajuda se torne comum, não a indiferença ou a inimizade. Então, não é por acaso que «Nazaret» significa «Aquela que conserva», como Maria, que - diz o Evangelho - «conservava tudo isto no seu coração» (cf. Lc 2,19.51). A partir de então, quando uma família preserva este mistério, até na periferia do mundo, entra em ação o mistério do Filho de Deus, o mistério de Jesus que vem salvar-nos. E vem para salvar o mundo. Esta é a grande missão da família: deixar lugar a Jesus que vem, acolher Jesus na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos avós... Jesus está aí. É preciso acolhê-lo ali, para que cresça espiritualmente naquela família. Que o Senhor nos conceda tal graça nestes últimos dias antes do Natal. Obrigado!


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa do Papa no III Domingo do Advento

No último dia 14 de dezembro, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa do III Domingo do Advento durante sua visita à paróquia romana de São José no bairro Aurélio.

O III Domingo do Advento é conhecido como Domingo Gaudete (Domingo da Alegria). Por isso, neste dia podem-se substituir os paramentos roxos por paramentos róseos, como fez o Papa.

Procissão de entrada


Ritos iniciais
Evangelho

Homilia do Papa: III Domingo do Advento - Ano B

Visita Pastoral à Paróquia Romana de São José all'Aurelio
Homilia do Papa Francisco
14 de dezembro de 2014

Neste domingo, a Igreja antecipa um pouco a alegria do Natal, e por este motivo é chamado o «domingo da alegria». Neste período, tempo de preparação para o Natal, para celebrar a Missa vestimo-nos com paramentos de cor escura, mas hoje os paramentos são cor-de-rosa, porque floresce o júbilo do Natal. E a alegria do Natal é um júbilo especial; e trata-se de uma alegria que não é unicamente para o dia de Natal, mas para a vida inteira do cristão. Trata-se de um júbilo sereno, tranquilo, de uma alegria que acompanha sempre o cristão. Inclusive nos momentos difíceis, nas horas de dificuldade, esta alegria torna-se paz. Quando é autêntico, o cristão nunca perde a sua paz, nem sequer no meio dos sofrimentos. Aquela paz constitui um dom do Senhor. A alegria cristã é uma dádiva do Senhor. «Ah, padre, nós faremos um banquete, e todos estaremos contentes!». Isto é bonito, um bom almoço faz bem; mas esta não é a alegria cristã da qual falamos hoje; o júbilo cristão é diferente. Ele leva-nos também a fazer festa, é verdade, mas trata-se de algo diferente. É por este motivo que a Igreja nos quer levar a compreender no que consiste esta alegria cristã.

O apóstolo são Paulo já dizia aos Tessalonicenses: «Irmãos, sede sempre felizes!». E como posso ser feliz? É ele mesmo que diz: «Rezai, ininterruptamente, e dai graças por tudo!». Podemos encontrar a alegria cristã na oração, dado que tal júbilo vem da prece, mas também da ação de graças a Deus: «Obrigado, Senhor, por toda esta beleza!». Mas certas pessoas não sabem dar graças a Deus: procuram sempre algo do que se queixar. Eu conhecia uma religiosa - longe daqui! - era uma irmã muito boa, trabalhava... mas a sua vida era uma lamentação, murmurava de tantas coisas que lhe aconteciam... No convento chamavam-lhe «Irmã Queixume», entende-se. No entanto, o cristão não pode viver assim, sempre à procura de situações das quais se queixar: «Aquela pessoa possui algo que eu não tenho, aquilo... Viste o que aconteceu? ...». Isto não é cristão! E faz mal encontrar cristãos com a cara amargurada, com um rosto inquieto devido à amargura, alguém que não vive em paz. Os santos, as santas, nunca têm uma cara de funeral, nunca! Os santos têm sempre uma cara de alegria. Ou pelo menos, nos sofrimentos, o rosto da paz. O máximo sofrimento foi o martírio de Jesus: Ele tinha um semblante de paz quando se preocupava pelos outros: pela sua Mãe, por João, com o ladrão... preocupava-se com os outros!

Para ter esta alegria cristã, em primeiro lugar é preciso rezar; em segundo lugar, dar graças. E como me devo comportar, para dar graças? Recorda-te da tua vida, e pensa nas numerosas situações positivas que a tua vida te proporcionou: numerosas! «Padre, isto é verdade, mas eu passei também por tantas situações negativas!» - «Sim, é verdade, acontece com todos. Mas pensa nas coisas boas!» - «Tive uma família cristã, pais cristãos, graças a Deus disponho de um trabalho, a minha família não passa fome, todos nós gozamos de boa saúde...». Não sei, há muitas situações pelas quais dar graças ao Senhor. É precisamente isto que nos habitua à alegria. Rezar, dar graças...

Além disso, a primeira Leitura sugere-nos mais uma dimensão que nos ajudará a ser alegres: transmitir a boa notícia também aos outros. Nós somos cristãos. «Cristãos» vem de «Cristo», e «Cristo» significa «ungido». Por isso, nós somos «ungidos»: o Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me consagrou com a unção. Nós estamos ungidos: «cristãos» quer dizer «ungidos». E por que motivo somos ungidos? Para realizar algo? «Ele enviou-me para transmitir o alegre anúncio», mas a quem? «Aos miseráveis», «curar as chagas dos corações feridos, proclamar a liberdade aos cativos, libertação aos prisioneiros, promulgar o ano da graça do Senhor» (cf. Is 61,1-2). Esta é a vocação de Cristo e também a vocação dos cristãos. Ir ao encontro do próximo, daqueles que vivem em necessidade, tanto material como espiritual... Há muitas pessoas que sofrem angustiados, devido a problemáticas familiares... É preciso levar ali a paz, a unção de Jesus, aquele azeite de Jesus que faz muito bem e consola as almas.

Por conseguinte, para possuir esta alegria na preparação do Natal, em primeiro lugar é necessário rezar: «Senhor, que eu viva este Natal com a alegria autêntica!». Não com a alegria do consumismo, que nos leva até ao dia 24 de Dezembro, todos cheios de ansiedade, porque: «Ah, ainda me falta isto, ainda me falta aquilo...». Não, esta não é a alegria de Deus! É preciso rezar. Em segundo lugar: dar graças ao Senhor por tudo o que nos concedeu de bom. Em terceiro lugar, devo pensar como posso ir ao encontro dos outros, daqueles que estão em dificuldade, que têm problemas - pensemos nos enfermos, em tantas problemáticas - para lhes levar um pouco de unção, de paz e de alegria. Nisto consiste o júbilo do cristão. Concordais? Faltam apenas 15 dias, um pouco menos: 13 dias. Nestes dias, oremos! Mas não vos esqueçais: rezemos, para pedir a alegria do Natal. Demos graças a Deus por tudo aquilo que Ele nos concedeu, antes de tudo pela fé. Esta é uma graça grandiosa. Em terceiro lugar, pensemos onde posso ir levar um pouco de alívio, de paz a quantos sofrem. Oração, ação de graças e ajuda ao próximo. E deste modo chegaremos ao Natal do Ungido, de Cristo, ungidos de graça, de oração, de acção de graças e de ajuda ao próximo.
Que Nossa Senhora nos acompanhe ao longo deste caminho rumo ao Natal. Mas com alegria, com alegria!


Fonte: Santa Sé.

Ângelus: III Domingo do Advento - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 14 de dezembro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, queridas crianças e jovens, bom dia!
São já duas semanas que o tempo de Advento nos convida à vigilância espiritual para preparar o caminho para o Senhor que vem. Neste III Domingo a Liturgia propõe-nos outra atitude interior com a qual viver esta expectativa do Senhor, ou seja, a alegria. A alegria de Jesus, como diz aquele cartaz: «Com Jesus temos a alegria em casa». Eis que nos propõe a alegria de Jesus!

O coração do homem deseja a alegria. Todos desejamos a alegria, cada família, cada povo aspira à felicidade. Mas qual é a alegria que o cristão está chamado a viver e a testemunhar? É a que vem da proximidade de Deus, da sua presença na nossa vida. Desde quando Jesus entrou na história, com o seu nascimento em Belém, a humanidade recebeu o germe do Reino de Deus, como um terreno que recebe a semente, promessa da colheita futura. Não é preciso continuar a procurar em outra parte! Jesus veio trazer a alegria para todos e para sempre. Não se trata de uma alegria apenas esperada ou adiada para o paraíso: aqui na terra somos tristes, mas no paraíso seremos jubilosos. Não! Não é esta, mas uma alegria já real e que pode ser experimentada agora, porque o próprio Jesus é a nossa alegria, e com Jesus temos a alegria em casa, como diz o vosso cartaz: «Com Jesus temos a alegria em casa». Digamos todos: «Com Jesus temos a alegria em casa». Outra vez «Com Jesus temos a alegria em casa». E sem Jesus há alegria? Não! Muito bem! Ele está vivo, é o Ressuscitado, e age em nós e entre nós sobretudo com a Palavra e com os Sacramentos.

Todos nós batizados, filhos da Igreja, somos chamados a acolher sempre de novo a presença de Deus no meio de nós e a ajudar os outros a descobri-la, ou a redescobri-la no caso que a tenham esquecido. Trata-se de uma missão muito bela, semelhante à de João Batista: orientar o povo para Cristo - não para nós mesmos! - porque é Ele a meta para a qual tende o coração do homem quando procura a alegria e a felicidade.

Ainda São Paulo, na Liturgia de hoje, indica as condições para ser «missionários da alegria»: rezar com perseverança, dar sempre graças a Deus, obedecer ao seu Espírito, procurar o bem e evitar o mal (cf. 1Ts 5,17-22). Se for este o nosso estilo de vida, então a Boa Nova poderá entrar em tantas casas e ajudar as pessoas e as famílias a redescobrir que em Jesus há a salvação. N’Ele é possível encontrar a paz interior e a força para enfrentar todos os dias as diversas situações da vida, também as mais pesadas e difíceis. Nunca se ouviu falar de um santo triste ou de uma santa com a cara de enterro. Nunca se ouviu falar disto! Seria um absurdo. O cristão é uma pessoa que tem o coração repleto de paz porque sabe pôr a sua alegria no Senhor também quando atravessa os momentos difíceis da vida. Ter fé não significa não ter momentos difíceis, mas ter força para enfrentá-los sabendo que não estamos sós. E é esta a paz que Deus concede aos seus filhos.

Com o olhar dirigido para o Natal já próximo, a Igreja convida-nos a testemunhar que Jesus não é uma personagem do passado; Ele é a Palavra de Deus que continua hoje a iluminar o caminho do homem; os seus gestos - os Sacramentos - são a manifestação da ternura, do conforto e do amor do Pai para com todos os seres humanos. A Virgem Maria, «causa da nossa alegria», nos torne cada vez mais alegres no Senhor, que nos vem libertar de tantas escravidões interiores e exteriores.

Depois do Ângelus:

Saúdo com afeto as crianças que vieram para a bênção dos «Bambinelli», organizada pelo Centro de Oratórios Romanos. Parabéns! Fostes excelentes, estivestes alegres aqui na Praça, muito bem! E agora levai o Bambinello abençoado. Queridas crianças, agradeço-vos pela vossa presença e desejo-vos bom Natal! Quando rezardes em casa, diante do vosso presépio, recordai-vos também de rezar por mim, como eu me recordo de vós. A oração é o respiro da alma: é importante encontrar momentos ao longo do dia para abrir o coração a Deus, também com orações simples e breves do povo cristão. Por isso, hoje pensei em dar um presente a todos vós que estais aqui na Praça, uma surpresa, um dom: vos darei um livrinho de bolso que contém algumas orações, para os vários momentos do dia e para as diversas situações da vida. É este. Alguns voluntários distribuem-no. Um para cada e levai-o sempre convosco, como ajuda para viver o dia inteiro com Deus. E para que não esqueçamos aquela mensagem tão bonita que fizestes aqui com o cartaz: «Com Jesus temos a alegria em casa». Outra vez: «Com Jesus temos a alegria em casa». Muito bem!
Desejo a todos feliz domingo e bom almoço. Não vos esqueçais, por favor, de rezar por mim. Até à próxima! E muita alegria!


Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A fé e a simplicidade das crianças

No último dia 12 de dezembro, o Papa Francisco celebrou na Basílica Vaticana a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina.

Um detalhe que nos chamou a atenção ocorreu durante a procissão final da celebração: o Papa deixava o Altar da Confissão ( já estava ao lado do ambão) quando uma menina aproximou-se correndo e estendeu um terço para que o Papa o abençoasse.

O Papa então traça o sinal da cruz sobre o terço e coloca a mão sobre a cabeça da pequena, a abençoando. Ela então volta correndo ao seu lugar, sob o sorriso do Papa e dos cerimoniários que o acompanhavam.

Este fato, que durou apenas alguns segundos, reflete uma grande verdade do Evangelho: "se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 18,3). A fé simples das crianças é condição para entrar no céu: que não a percamos jamais!

 

Fotos da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe no Vaticano

No último dia 12 de dezembro, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou na Basílica de São Pedro a Santa Missa na festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina. Como havíamos afirmado anteriormente, este foi um evento histórico, dado que foi a primeira vez que Francisco, primeiro Pontífice latino-americano, celebrou a festa da padroeira da América Latina.

Como igualmente havíamos noticiado, foi executada a Misa Criolla de Ariel Ramirez (talvez com um pouco de exagero na interpretação, mas ainda assim belíssima). O canto final foi o hino de Nossa Senhora de Guadalupe, "La Guadalupana".

Os cerimoniários assistentes foram os Monsenhores Guido Marini e Guillermo Javier Karcher (este uma escolha já prevista, dado que é o único dos cerimoniários pontifícios que é latino-americano).

O livreto de celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada

Incensação do quadro de N. Sra. de Guadalupe

Incensação do altar