quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Artigos sobre Liturgia: Revista Perspectiva Teológica 2019-2023

Há duas semanas destacamos aqui em nosso blog quatro artigos sobre Liturgia publicados em 2023 na Revista Atualidade Teológica, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade à proposta com cinco artigos sobre Liturgia publicados entre 2019 e 2023 na Revista Perspectiva Teológica, periódico quadrimestral da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), sediada em Belo Horizonte (MG).

Primeiramente destacamos os três artigos publicados no vol. 55, n. 3, referente aos meses de setembro a dezembro de 2023, destacando os 60 anos da Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II.

Na sequência, de maneira retrospectiva, trazemos outros dois artigos relacionados à Liturgia, publicados no vol. 53, n. 3 (setembro a dezembro de 2021) e no vol. 51, n. 2 (maio a agosto de 2019).


Confira a seguir os resumos dos artigos, que podem ser acessados na íntegra no site da Revista:

O valor permanente de uma reforma para a nova evangelização: A Constituição Sacrosanctum Concilium e a reforma litúrgica 60 anos depois
Padre Washington Paranhos, SJ (Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma)

A 60 anos da promulgação da Sacrosanctum Concilium, parece-nos que podemos assinalar uma mudança de perspectiva em curso: da atenção à “reforma” da Liturgia à Liturgia como “forma” de renovação da vida da Igreja. Este é o objetivo deste estudo. Na primeira fase, o foco estava inteiramente na Liturgia como um objeto a ser reformado: um objeto ao qual se devia atribuir significado, um objeto a ser embelezado, ser purificado e retirado a poeira, do qual precisava retirar as incrustações para fazê-lo brilhar, mas ainda assim permanece um objeto. A reforma litúrgica foi entendida como: a Liturgia a ser reformada. A atenção hoje, por sua vez, parece-nos mais orientada para a Liturgia como fonte de renovação da vida da Igreja. Ora, se a Liturgia se tornou fonte, ela não seria mais apenas objeto, como antes; ela se tornaria, agora, “lugar vital”, entendido como fonte propulsora e critério de verificação da renovação da vida da Igreja. Inicialmente trataremos brevemente da pré-história da reforma litúrgica, para depois falar da Constituição litúrgica e do seu fundamento, da sua aplicação e dos litígios que dela decorreram. A Igreja se constitui enquanto tal pelo fato de tomar forma a partir da celebração, do dom recebido. Deste modo, a Sacrosantum Concilium, mais do que um manual para reformar os ritos, revelou-se uma carta magna, capaz de inspirar a renovação e a reforma da Igreja.


Entre a Tradição e as Sagradas Escrituras: A Liturgia como norma da vida da Igreja
Padre Creômenes Tenório Maciel, SJ (Doutor em Teologia pelo Institut Catholique de Paris e em Ciências da Religião pela Universidade Católica de Pernambuco)

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Jerusalém (2024)

De 18 a 25 de janeiro se celebra, sobretudo no hemisfério norte, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos [1].

Em Jerusalém, por sua vez, essa ocorre com um pequeno "atraso", para não coincidir com as celebrações da Teofania pelas Igrejas Orientais que seguem o calendário juliano (com 13 dias de diferença em relação ao calendário gregoriano).

Assim, de 20 a 28 de janeiro de 2024 as diversas igrejas cristãs da "Cidade Santa" acolheram uma série de celebrações ecumênicas, reunindo representantes da Igreja Católica, das Igrejas Ortodoxas e das comunidades protestantes:

20 de janeiro: Altar do Calvário da Basílica do Santo Sepulcro
(Igreja Ortodoxa Grega)



21 de janeiro: Catedral Anglicana de São Jorge




Ângelus: IV Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 28 de janeiro de 2024

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (Mc 1,21-28) apresenta-nos Jesus que liberta uma pessoa possuída por um “espírito maligno” que a atormentava e a fazia gritar (vv. 23.26). É isto que o demônio faz: quer possuir para “nos acorrentar a alma”. Acorrentar-nos a alma: é o que o demônio quer. E nós devemos estar atentos às “correntes” que sufocam a nossa liberdade. Pois o demônio tira-nos a liberdade, sempre. Procuremos, então, dar nomes a algumas dessas correntes que podem agrilhoar o nosso coração.

Penso nos vícios, que nos tornam escravos, sempre insatisfeitos, e devoram energias, bens e afetos; penso nas modas dominantes, que nos empurram para um perfeccionismo impossível; no consumismo e no hedonismo, que mercantilizam as pessoas e estragam as relações. E outras correntes: há as tentações e os condicionamentos que minam a autoestima, a serenidade, a capacidade de escolher e amar a vida; outra corrente: o medo, que faz olhar para o futuro com pessimismo, e a impaciência, que atribui sempre a culpa aos outros; e há ainda a corrente muito má: a idolatria do poder, que gera conflitos e recorre a armas que matam ou faz uso da injustiça econômica e da manipulação do pensamento. Quantas correntes há na nossa vida!

E Jesus veio para nos libertar de todas essas correntes. E hoje, perante o desafio do demônio que lhe grita: «Que queres...? Vieste para nos destruir?» (v. 24), Ele responde: «Cala-te e sai dele!» (v. 25). Jesus tem o poder de expulsar o demônio. Jesus liberta do poder do mal. Mas atenção: Ele expulsa o demônio, mas não conversa com ele! Jesus nunca conversou com o demônio; quando foi tentado no deserto, as suas respostas foram palavras da Bíblia, nunca um diálogo. Irmãos e irmãs, com o demônio não há diálogo! Cuidado: com o demônio não há diálogo, porque se dialogarmos, ele ganha, sempre. Cuidado!

O que fazer então quando nos sentimos tentados e oprimidos? Negociar com o demônio? Não, não se negocia com ele. É preciso invocar Jesus: invocá-lo ali, onde sentimos as correntes do mal e do medo apertarem com mais força. O Senhor, com a força do seu Espírito, quer repetir também hoje ao maligno: “Afasta-te, deixa esse coração em paz, não dividas o mundo, as famílias, as comunidades; deixa-as viver em paz, para que nelas floresçam os frutos do meu Espírito, não os teus - diz Jesus - para que entre elas reine o amor, a alegria, a mansidão, e em vez de violência e gritos de ódio haja liberdade e paz”.

Perguntemo-nos então: quero realmente libertar-me dessas correntes que prendem o meu coração? E depois, será que sei dizer “não” às tentações do mal, antes que elas se insinuem na minha alma? Por fim, invoco Jesus, deixo-o agir em mim, curar-me interiormente?
Que a Virgem Santíssima nos proteja do mal.

Exorcismo na sinagoga de Cafarnaum
(James Tissot)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Ordenação do Metropolita da Igreja Eslovaca

No sábado, 27 de janeiro de 2024, teve lugar na Catedral de São João Batista em Prešov (Eslováquia) a Divina Liturgia em Rito Bizantino para a Ordenação Episcopal e posse de Dom Jonáš Jozef Maxim, M.S.U., nomeado pelo Papa Francisco como Metropolita de Prešov e hierarca da Igreja Greco-Católica Eslovaca, uma das 23 Igrejas Católicas Orientais.

O ordenante principal foi Dom Cyril Vasil’, S.J., Eparca de Košice, Secretário da Congregação para as Igrejas Orientais de 2009 a 2020. Os co-ordenantes foram Dom Peter Rusnák, Eparca de Bratislava e até então Administrador Apostólico de Prešov, e Dom Venedykt Aleksiychuk, M.S.U., Eparca de Chicago dos Ucranianos (EUA).

Estiveram presentes também Bispos de diversas Igrejas Católicas Orientais, incluindo os hierarcas das Igrejas Ucraniana, Rutena, Húngara, Grega...

Procissão de entrada
Profissão de fé do Bispo eleito

Pequena Entrada
Dom Cyril Vasil abençoa os fiéis

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Vésperas da Conversão de São Paulo em Roma (2024)

No dia 25 de janeiro de 2024 o Papa Francisco presidiu a oração das Vésperas da Conversão de São Paulo na Basílica de São Paulo fora dos muros na conclusão da 57ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Além dos representantes das Igrejas Ortodoxas e das comunidades protestantes, esteve presente o "Arcebispo" de Canterbury e Primaz da Comunhão Anglicana, Sr. Justin Welby.

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor L'ubomir Welnitz. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Oração diante do túmulo de São Paulo

Hino das Vésperas
Salmodia

Homilia do Papa: Vésperas da Conversão de São Paulo (2024)

Vésperas da Conversão de São Paulo Apóstolo
57ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Paulo fora dos muros
Quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

No Evangelho que ouvimos (Lc 10,25-37), o doutor da Lei, embora se dirija a Jesus tratando-o por «Mestre», não quer deixar-se instruir por Ele, mas pô-lo à prova. Entretanto, um equívoco ainda maior emerge da sua pergunta: «Que hei de fazer para possuir a vida eterna?» (v. 25). Fazer para possuir, fazer para ter: estamos perante uma religiosidade deturpada, assentada na posse e não no dom, onde Deus é o meio para obter aquilo que quero, e não o fim que devo amar com todo o coração. Mas Jesus é paciente e convida aquele homem a encontrar a resposta na Lei em que é perito; nela se prescreve: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo» (v. 27).


Então o doutor da Lei, «querendo justificar a pergunta», coloca uma segunda questão: «E quem é o meu próximo?» (v. 29). Se, na primeira pergunta, se arriscava a reduzir Deus ao próprio «eu», nesta procura-se dividir: dividir as pessoas entre aquelas que devemos amar e aquelas que podemos ignorar. E dividir nunca vem de Deus; é do diabo, que sempre divide. Jesus, porém, não replica com uma teoria, mas com a parábola do bom samaritano, com uma história concreta, que interpela também a nós. Com efeito, queridos irmãos e irmãs, quem se comporta mal, com indiferença, é o sacerdote e o levita que antepõem, às carências de quem sofre, a salvaguarda das suas tradições religiosas. Ao contrário, é um herege, um samaritano, que dá sentido à palavra «próximo», porque se faz próximo: sente compaixão, aproxima-se e inclina-se com ternura sobre as feridas daquele irmão; cuida dele, independentemente do seu passado e das suas culpas, e serve-o com o melhor de si mesmo (vv. 33-35). Isto permite a Jesus concluir que a pergunta correta não é: «Quem é o meu próximo?», mas: «Eu… faço-me próximo?». Só este amor que se torna serviço gratuito, só este amor que Jesus proclamou e viveu, aproximará uns dos outros os cristãos separados. Sim, só este amor, que não esquadrinha o passado para justificar distâncias ou acusações; só este amor que, em nome de Deus, antepõe o irmão à férrea defesa do próprio sistema religioso; só este amor nos unirá. Primeiro o irmão, depois o sistema.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 30

Continuando a refletir sobre a Cristologia dos primeiros Concílios Ecumênicos, em suas Catequeses nn. 47-48 sobre Jesus Cristo o Papa São João Paulo II abordou os Concílios de Éfeso (431) e Constantinopla (451).

Para acessar a postagem que serve de Introdução a esta série, com os links para todas as Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO


47. Definições conciliares (II): Éfeso e Calcedônia
João Paulo II - 16 de março de 1988

1. Os grandes Concílios cristológicos de Niceia e Constantinopla formularam a verdade fundamental da nossa fé, fixada também no Símbolo: Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, consubstancial ao Pai no que diz respeito à divindade, da nossa mesma natureza no que diz respeito à humanidade. Neste ponto da nossa Catequese, é preciso notar que, depois das explicações conciliares acerca da verdade revelada sobre a verdadeira divindade e a verdadeira humanidade de Cristo, surgiu a questão sobre a correta compreensão da unidade de Cristo, que é, ao mesmo tempo, plenamente Deus e plenamente homem.

A questão dizia respeito ao conteúdo essencial do mistério da Encarnação e, por conseguinte, da concepção e do nascimento humano de Cristo da Virgem Maria. Desde o século III se havia estendido o costume de chamá-la “Theotokos”, “Mãe de Deus”, expressão que se encontra, entre outros lugares, na mais antiga oração mariana que conhecemos, o “Sub tuum praesidium”: “À tua proteção recorremos, Santa Mãe de Deus...”. É uma antífona frequentemente recitada pela Igreja até hoje: o texto mais antigo que a relata se conserva em um papiro encontrado no Egito, datado entre os séculos III e IV.

Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem
(Mosaico da Catedral de Santa Sofia, Constantinopla)

2. Mas precisamente essa invocação, Theotokos, foi contestada por Nestório e seus discípulos no início do século V. Ele argumentava que Maria podia ser chamada apenas Mãe de Cristo, e não Mãe de Deus (“Dei Genetrix”, Geradora de Deus). Esta posição fazia parte da atitude de Nestório em relação ao problema da unidade de Cristo. Segundo ele, a divindade e a humanidade não haviam se unido, como em um só sujeito pessoal, no ser terreno que tinha começado a existir no seio da Virgem Maria desde o momento da Anunciação. Em contraposição ao arianismo, que apresentava o Filho de Deus como inferior ao Pai, e ao docetismo, que reduzia a humanidade de Cristo a uma simples aparência, Nestório falava de uma presença especial de Deus na humanidade de Cristo, como em um ser santo, como em um templo, de modo que subsistiria em Cristo uma dualidade não só de natureza, mas também de pessoa, a divina e a humana; e a Virgem Maria, sendo Mãe de Cristo-homem, não podia ser considerada nem chamada Mãe de Deus.

Hinos da Conversão de São Paulo: Vésperas

Saulo... o Deus de nossos antepassados escolheu-te... tu serás a sua testemunha diante de todos os homens” (At 22,13-15).

Em nossa última postagem começamos a apresentar os dois hinos próprios da Liturgia das Horas (LH) para a Festa da Conversão de São Paulo (25 de janeiro):
Ofício das Leituras: Pressi malórum póndere (Ao peso do mal vergados);
Vésperas: Excélsam Pauli glóriam (Concelebre a Igreja, cantando).

“Vocação” do Apóstolo Paulo
(Igreja de São Miguel, Lewes, Inglaterra)

Nas Laudes da Festa entoa-se a 2ª estrofe (Doctor egrégie) e a doxologia do hino Iam, bone pastor, que também é entoado no Ofício das Leituras da Festa da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e nas Laudes e Vésperas da Memória facultativa da Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo (18 de novembro).

Antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, o hino Doctor egrégie (Ó Paulo, mestre dos povos) era entoado tanto no Ofício (Matinas) quanto nas Vésperas do dia 25 de janeiro. Para as Laudes, por sua vez, era indicado o hino do Comum dos Apóstolos (Exsultet caelum laudibus).

Assim, além do texto do Ofício (Pressi malórum pondere), a Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH, coordenada pelo Padre Anselmo Lentini, OSB (†1989), “resgatou” o hino Excélsam Pauli glóriam (Concelebre a Igreja, cantando) para as Vésperas do dia 25 de janeiro.

Trata-se de uma composição de São Pedro Damião (†1072), monge beneditino e posteriormente Bispo, proclamado Doutor da Igreja em 1828, autor de diversos hinos, alguns dos quais foram acolhidos na Liturgia das Horas.

A seguir reproduzimos o texto do hino, composto por seis estrofes de quatro versos, em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, bastante fiel ao texto original.

A tradução, como de costume, propõe rimas alternadas nos versos pares (ABAB), enquanto o texto original é irregular: algumas estrofes possuem rimas emparelhadas (AABB), outras não.

Na sequência propomos também alguns breves comentários sobre a sua teologia, com várias referências aos textos das Cartas Paulinas e de outros escritos do Novo Testamento, como no hino do Ofício das Leituras.

São Pedro Damião (†1072), autor do hino

In Conversione Sancti Pauli, Apostoli (Festum)

1. Excélsam Pauli glóriam
concélebret Ecclésia,
quem mire sibi apóstolum
ex hoste fecit Dóminus.

2. Quibus succénsus aestibus
in Christi nomen saeviit,
exársit his impénsius
amórem Christi praedicans.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Hinos da Conversão de São Paulo: Ofício

Saulo... o Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires a sua própria voz” (At 22,13-14).

Há dois anos, em janeiro de 2022, traçamos aqui em nosso blog uma breve história das Festas da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de janeiro).

Conversão de São Paulo
(Vitral do Castelo de Cardiff, Gales)

Como vimos, essas duas celebrações compartilham um hino na Liturgia das Horas (LH): Iam, bone pastor, com duas estrofes dedicadas aos Apóstolos e uma doxologia final em honra da Trindade (Sit Trinitáti sempitérna glória).

No Ofício das Leituras da Festa da Cátedra de São Pedro entoa-se a 1ª estrofe, Iam, bone pastor (Ó Pedro, pastor piedoso), e a doxologia, enquanto nas Laudes da Festa da Conversão de São Paulo entoa-se a 2ª estrofe, Doctor egrégie (Ó Paulo, mestre dos povos), e a doxologia.

O hino completo é entoado na Memória facultativa da Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo (18 de novembro), tanto nas Laudes quanto nas Vésperas.

Além desse hino, cada uma das Festas dos Apóstolos, possui outros dois textos próprios, os quais apresentaremos nas próximas postagens, começando pelos hinos da Festa da Conversão de São Paulo:
Ofício das Leituras: Pressi malórum póndere (Ao peso do mal vergados);
Vésperas: Excélsam Pauli glóriam (Concelebre a Igreja, cantando).

Antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, por sua vez, entoava-se no Ofício (Matinas) e nas Vésperas do dia 25 de janeiro o hino Doctor egrégie, enquanto para as Laudes era indicado o hino do Comum dos Apóstolos (Exsultet caelum laudibus).

Nesta postagem apresentaremos o hino do Ofício das Leituras: Pressi malórum póndere (Ao peso do mal vergados), uma composição anônima do século XVIII “resgatada” pela Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH, coordenada pelo Padre Anselmo Lentini, OSB (†1989).

A seguir reproduzimos o texto do hino, composto por seis estrofes de quatro versos, em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, bastante fiel ao texto original (acrescentando rimas nos versos pares).

Na sequência propomos também alguns breves comentários sobre a teologia do hino, repleto de referências aos textos das Cartas Paulinas e de outros escritos do Novo Testamento.

Conversão de São Paulo
(Bartolomé Esteban Murillo, séc. XVII)

In Conversione Sancti Pauli, Apostoli (Festum)
Officium lectionis: Pressi malórum póndere

1. Pressi malórum póndere
te, Paule, adímus súpplices,
qui certa largus désuper
dabis salútis pígnora.

2. Nam tu beáto cóncitus
divíni amóris ímpetu,
quos insecútor óderas,
defénsor inde amplécteris.

Solenidade de São Vicente em Lisboa (2024)

No dia 22 de janeiro de 2024 o Patriarca de Lisboa (Portugal), Dom Rui Manuel Sousa Valério, presidiu a Santa Missa na Catedral Patriarcal de Santa Maria Maior por ocasião da Solenidade de São Vicente, Diácono e Mártir (†304), padroeiro da Diocese e da cidade de Lisboa.

São Vicente, diácono de Saragoça (Espanha), foi martirizado durante a perseguição do Imperador Diocleciano. Suas relíquias são veneradas em Lisboa há 850 anos, desde setembro de 1173.

Imagem de São Vicente, Diácono e Mártir
Procissão de entrada
Um dos diáconos conduz as relíquias de São Vicente

Ritos iniciais

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Festa do Menino Jesus em Manila

No terceiro domingo do mês de janeiro celebra-se nas Filipinas a Festa do Menino Jesus (Santo Niño), padroeiro do país, um eco da antiga Festa da Sagrada Família em um dos domingos após a Epifania.

No dia 21 de janeiro de 2024 o Cardeal Luis Antonio Tagle, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização (2ª seção), que foi Arcebispo de Manila de 2011 a 2019, presidiu a Santa Missa da Festa na Catedral Metropolitana da Imaculada Conceição em Manila:

Imagem do Menino Jesus exposta à veneração

Incensação
Ritos iniciais
Evangelho

Ângelus: III Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 21 de janeiro de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje narra a vocação dos primeiros discípulos (Mc 1,14-20). Chamar outros para a sua missão é uma das primeiras coisas que Jesus faz no início da vida pública: aproxima-se de alguns jovens pescadores e convida-os a segui-lo para se tornarem «pescadores de homens» (v. 17). E isto diz-nos algo importante: o Senhor gosta de nos envolver na sua obra de salvação, nos quer ativos com Ele, nos quer responsáveis e protagonistas. Um cristão que não é ativo, que não é responsável na obra do anúncio do Senhor e que não é protagonista da sua fé, não é cristão ou, como dizia a minha avó, é um cristão “de água de rosas”.

Por si só, Deus não precisaria de nós, mas precisa, não obstante isso implique assumir muitos dos nossos limites: somos todos limitados, pecadores, e Ele assume-os. Vejamos, por exemplo, quanta paciência Ele teve com os discípulos: muitas vezes não entendiam as suas palavras (cf. Lc 9,51-56), outras vezes não estavam de acordo entre si (Mc 10,41), durante muito tempo não podiam aceitar aspectos essenciais da sua pregação, por exemplo o serviço (Lc 22, 27). No entanto, Jesus os escolheu e continuou a acreditar neles. Isto é importante, o Senhor escolheu-nos para ser cristãos. E nós somos pecadores, fazemos “uma atrás da outra”, mas o Senhor continua a acreditar em nós. Isto é maravilhoso!

Com efeito, levar a salvação de Deus a todos foi a maior felicidade de Jesus, a sua missão, o sentido da sua existência (cf. Jo 6,38) ou, como Ele diz, o seu “alimento” (Jo 4,34). E em cada palavra e ação com que nos unimos a Ele, na bela aventura de dar amor, multiplicam-se a luz e a alegria (Is 9,2): não só à nossa volta, mas também em nós. Portanto, anunciar o Evangelho não é tempo perdido: é ser mais feliz, ajudando os outros a ser felizes; é libertar-se de si, para ajudar os outros a ser livres; é tornar-nos melhores para ajudar os outros a ser melhores!

Então, perguntemo-nos: paro de vez em quando para recordar a alegria que cresceu em mim e à minha volta quando aceitei o chamado para conhecer e testemunhar Jesus? E quando rezo, agradeço ao Senhor por ter me chamado a fazer os outros felizes? Por fim, desejo, através do meu testemunho e da minha alegria, fazer com que alguém experimente como é belo amar Jesus?
Que a Virgem Maria nos ajude a saborear a alegria do Evangelho!

Vocação dos primeiros discípulos
(Giorgio Vasari)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

III Domingo do Tempo Comum no Vaticano (2024)

No dia 21 de janeiro de 2024 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa do III Domingo do Tempo Comum (Ano B) na Basílica de São Pedro por ocasião do V Domingo da Palavra de Deus.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada por Dom Rino Fisichella, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização (1ª seção), assistido pelo Monsenhor Ján Dubina.

Durante a celebração o Papa conferiu os Ministérios de Leitor e de Catequista a alguns homens e mulheres de diversas partes do mundo (duas Leitoras e nove Catequistas).

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Livro dos Evangelhos exposto à veneração
Dom Fisichella incensa a imagem da Virgem Maria
Imposição do incenso
Evangelho

Homilia do Papa: III Domingo do Tempo Comum - Ano B

Santa Missa no Domingo da Palavra de Deus
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 21 de janeiro de 2024

Ouvimos que «Jesus lhes disse: “Segui-me...”. E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus» (Mc 1,17-18). Grande é a força da Palavra de Deus, como ouvimos também na 1ª Leitura: «A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, pela segunda vez: “Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive e anuncia-lhe a mensagem que eu te vou confiar”. Jonas pôs-se a caminho de Nínive, conforme a ordem do Senhor» (Jn 3,1-3). Da Palavra de Deus irradia a força do Espírito Santo. É uma força que atrai a Deus, como aconteceu àqueles jovens pescadores, deslumbrados com as palavras de Jesus; e é uma força que envia aos outros, como no caso de Jonas, que vai ter com quantos estão longe do Senhor. Assim a Palavra atrai a Deus e envia aos outros. Atrai a Deus e envia aos outros: tal é o seu dinamismo. Não nos deixa fechados em nós mesmos, mas alarga o coração, faz inverter o rumo, altera os nossos hábitos, abre novos cenários, desvenda horizontes inesperados.

Irmãos e irmãs, a Palavra de Deus pretende realizar isso em cada um de nós. Tal como aconteceu com os primeiros discípulos que, acolhendo as palavras de Jesus, deixam as redes e embarcam em uma maravilhosa aventura, assim também nas margens da nossa vida, ao pé dos barcos dos familiares e das redes do trabalho, a Palavra suscita o chamado de Jesus. Chama para, com Ele, nos fazermos ao largo ao encontro dos outros. Sim, a Palavra suscita a missão, faz-nos mensageiros e testemunhas de Deus em um mundo cheio de palavras, mas sedento daquela Palavra com letra maiúscula que muitas vezes ignora. A Igreja vive deste dinamismo: é chamada por Cristo, atraída por Ele, e é enviada ao mundo para dar testemunho d’Ele. Este é o dinamismo na Igreja.


Não podemos prescindir da Palavra de Deus, da sua força suave que - como em um diálogo - toca o coração, imprime-se na alma, renova-a com a paz de Jesus, que nos desinquieta em prol dos outros. Se olharmos para os amigos de Deus, para as testemunhas do Evangelho na história, para os santos, vemos que, para todos, foi decisiva a Palavra. Pensemos no primeiro monge, Santo Antão, que, tocado durante a Missa por um trecho do Evangelho, deixou tudo por amor do Senhor; pensemos em Santo Agostinho, que deu uma reviravolta na vida quando uma palavra divina lhe curou o coração; pensemos em Santa Teresinha do Menino Jesus, que descobriu a sua vocação lendo as Cartas de São Paulo. E penso no Santo cujo nome adotei, Francisco de Assis, que, em oração, lê no Evangelho que Jesus envia os discípulos a pregar e exclama: «Isto eu quero, isto peço, isto anseio fazer de todo o coração!» (Tomás de Celano, Vita prima IX, 22). São vidas transformadas pela Palavra de vida, pela Palavra do Senhor.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Teofania no Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém (2024)

No dia 19 de janeiro de 2024 (que corresponde ao dia 06 de janeiro no calendário juliano, utilizado por parte das Igrejas Orientais) o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Theophilos III, celebrou a Divina Liturgia da Festa da Teofania com a Grande Bênção das Águas na Basílica do Santo Sepulcro.

Na véspera, dia 18, o Patriarca presidiu a Grande Bênção das Águas junto ao rio Jordão, local do Batismo de Jesus:

18 de janeiro: Bênção das águas junto ao rio Jordão

Procissão até o rio Jordão

Grande Bênção das Águas

Imersão da cruz

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Exéquias do Cardeal Sergio Sebastiani

No dia 17 de janeiro de 2024 o Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício, presidiu no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro a Santa Missa Exequial do Cardeal Sergio Sebastiani, Presidente Emérito da Prefeitura dos Assuntos Econômicos da Santa Sé, falecido em Roma no dia 16 de janeiro aos 92 anos.

O Papa Francisco presidiu os ritos da Última Encomendação e Despedida no final da celebração, assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Marco Agostini.

Procissão de entrada
Liturgia da Palavra
Homilia

Última Encomendação e Despedida