Mostrando postagens com marcador Ano da Fé. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ano da Fé. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A Liturgia, cume e fonte da vida cristã: 39º ENPL (2013)

Continuando nossa série de postagens sobre os Encontros de Pastoral Litúrgica (ENPL) que acontecem anualmente no Santuário de Fátima em Portugal, disponibilizamos hoje os áudios do 39º ENPL, que aconteceu em julho de 2013, com o tema: "A Liturgia, cume e fonte da vida cristã".

Este encontro aconteceu no contexto do Ano da Fé convocado pelo Papa Bento XVI em comemoração aos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II.

O Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal disponibilizou o áudio de 4 conferências:

Pe. Dr. Bernardino Costa, OSB

D. Julián López Martín, Bispo de León - Espanha (proferida pelo Pe. José de Leão Cordeiro)

Pe. Dr. Paulo Malícia

Côn. Dr. João da Silva Peixoto

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Catequese do Papa: Creio na vida eterna

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2013

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, gostaria de começar a última série de catequeses sobre a nossa profissão de fé, discorrendo sobre a afirmação: «Creio na vida eterna». Medito em particular sobre o juízo final. Mas não devemos ter medo: ouçamos o que diz a Palavra de Deus. A este propósito, lemos no Evangelho de Mateus: então, Cristo «voltará na sua glória e todos os anjos com Ele... Todas as nações se reunirão diante dele e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda... E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a vida eterna» (Mt 25, 31-33.46). Quando pensamos na volta de Cristo e no seu juízo final, que manifestará até às suas últimas consequências o bem que cada um tiver realizado ou deixado de fazer durante a sua vida terrena, compreendemos que nos encontramos diante de um mistério que nos excede, que nem sequer conseguimos imaginar. Um mistério que, quase instintivamente, suscita em nós um sentido de temor e talvez até de trepidação. Contudo, se meditarmos bem, esta realidade só pode dilatar o coração do cristão, constituindo um grande motivo de consolação e confiança.
A este propósito, o testemunho das primeiras comunidades cristãs ressoa sugestivo como nunca. Com efeito, elas costumavam acompanhar as celebrações e preces com a aclamação Maranata, uma expressão constituída por duas palavras aramaicas que, segundo o modo como são cadenciadas, podem ser entendidas como uma súplica: «Vem, Senhor!», ou então como uma certeza alimentada pela fé: «Sim, o Senhor vem, o Senhor está próximo!». É a exclamação na qual culmina toda a Revelação cristã, no final da maravilhosa contemplação que nos é oferecida no Apocalipse de João (cf. Ap 22, 20). Em tal caso é a Igreja-Esposa que, em nome da humanidade inteira e enquanto suas primícias, se dirige a Cristo, seu esposo, e não vê a hora de ser envolvida pelo seu abraço: o abraço de Jesus, que é plenitude de vida e de amor. É assim que Jesus nos abraça. Se pensarmos no juízo nesta perspectiva, desaparecem o medo e a hesitação, deixando espaço à expectativa e a um júbilo profundo: será precisamente o momento em que seremos julgados finalmente prontos para ser revestidos pela glória de Cristo, como que por uma veste nupcial, e conduzidos ao banquete, imagem da comunhão plena e definitiva com Deus.
Um segundo motivo de confiança é-nos oferecido pela constatação de que, no instante no juízo, não seremos abandonados. No Evangelho de Mateus, o próprio Jesus prenuncia que no fim dos tempos aqueles que O tiverem seguido ocuparão um lugar na sua glória, para julgar juntamente com Ele (cf. Mt 19, 28). Depois, escrevendo à comunidade de Corinto, o Apóstolo Paulo afirma: «Não sabeis que os santos julgarão o mundo? [...] Quanto mais as pequenas questões desta vida!» (1 Cor 6, 2-3). Como é bom saber que naquele momento poderemos contar não só com Cristo, nosso Paráclito, nosso Advogado junto do Pai (cf. 1 Jo 2, 1), mas também com a intercessão e a benevolência de muitos dos nossos irmãos e irmãs mais velhos, que nos precederam no caminho da fé, que ofereceram a própria vida por nós e que continuam a amar-nos de modo indizível! Os santos já vivem diante de Deus, no esplendor da sua glória, intercedendo por nós que ainda vivemos na terra. Quanta consolação suscita esta certeza no nosso coração! A Igreja é verdadeiramente uma mãe e, como tal, procura o bem dos seus filhos, sobretudo dos mais distantes e aflitos, até encontrar a sua plenitude no corpo glorioso de Cristo com todos os seus membros.
Uma sugestão ulterior é-nos oferecida pelo Evangelho de João, onde se afirma explicitamente que «Deus não enviou o Filho ao mundo para o condenar, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do único Filho de Deus» (Jo 3, 17-18). Então, isto significa que aquele juízo final já está em curso, que ele começa agora, durante a nossa existência. Este juízo é pronunciado em cada instante da vida, como referência do nosso acolhimento, com fé, da salvação presente e concreta em Cristo, ou então da nossa incredulidade, com o consequente fechamento em nós mesmos. Mas se nos fecharmos no amor de Jesus, condenamo-nos a nós mesmos. A salvação é abrir-se a Jesus, e Ele salva-nos; se somos pecadores - e todos somos - peçamos-lhe perdão; e se o procurarmos com o desejo de ser bons, o Senhor perdoa-nos. Mas por isso devemos abrir-nos ao amor de Jesus, que é mais forte que todas as outras coisas. O amor de Jesus é grande, o amor de Jesus é misericordioso, o amor de Jesus perdoa; mas tu deves abrir-te, e abrir-se significa arrepender-se, acusar-se das coisas que não são boas e que fizemos. O Senhor Jesus entregou-se e continua a doar-se a nós, para nos colmar com toda a sua misericórdia e com a graça do Pai. Portanto, somos nós que podemos tornar-nos, num certo sentido, juízes de nós mesmos, autocondenando-nos à exclusão da comunhão com Deus e com os irmãos. Por isso, não nos cansemos de velar sobre os nossos pensamentos e e atitudes, para prelibar desde já o calor e o esplendor da Face de Deus - e será maravilhoso! - que na vida eterna contemplaremos em toda a sua plenitude. Em frente, pensando neste juízo que começa agora, que já começou. Em frente, fazendo com que o nosso coração se abra a Jesus e à sua salvação; em frente sem receio, porque o amor de Jesus é maior, e se pedirmos perdão dos nossos pecados, Ele perdoa-nos. Jesus é assim. Então, em frente com esta certeza, que nos levará à glória do Céu!


Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Catequese do Papa: Creio na ressurreição da carne II

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 4 de Dezembro de 2013

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje volto a falar ainda sobre a afirmação «Creio na ressurreição da carne». Trata-se de uma verdade que não é simples nem óbvia porque, vivendo imersos neste mundo, não é fácil compreender as realidades vindouras. Mas o Evangelho ilumina-nos: a nossa ressurreição está intimamente ligada à ressurreição de Jesus; Ele ressuscitou, e esta é a prova de que a ressurreição dos mortos existe. Então, gostaria de apresentar alguns aspectos que se referem à relação entre a ressurreição de Cristo e a nossa. Ele ressuscitou, e dado que Ele ressuscitou, também nós ressuscitaremos.
Antes de tudo, a própria Sagrada Escritura contém um caminho rumo à plena fé na ressurreição dos mortos. Ela manifesta-se como fé em Deus, Criador do homem todo - alma e corpo - e como fé em Deus Libertador, o Deus fiel à aliança com o seu povo. Numa visão, o profeta Ezequiel contempla os sepulcros dos deportados que são reabertos e os ossos áridos que voltam a viver graças ao sopro de um espírito vivificador. Esta visão manifesta a esperança na futura «ressurreição de Israel», ou seja, no renascimento do povo derrotado e humilhado (cf. Ez 37, 1-14).
No Novo Testamento, Jesus completa esta revelação e vincula a fé na ressurreição à sua própria Pessoa e diz: «Eu sou a ressurreição e a vida» (Jo 11, 25). Com efeito, será o Senhor Jesus que ressuscitará no último dia aqueles que tiverem acreditado nele. Jesus veio entre nós e fez-se homem, como nós em tudo, excepto no pecado; deste modo, levou-nos consigo no seu caminho de volta para o Pai. Ele, o Verbo encarnado, morto por nós e ressuscitado, concede aos seus discípulos o Espírito Santo como penhor da plena comunhão no seu Reino glorioso, que esperamos vigilantes. Esta expectativa é a fonte e a razão da nossa esperança: uma esperança que, se for cultivada e conservada - a nossa esperança, se nós a cultivarmos e conservarmos - tornar-se-á luz para iluminar a nossa história pessoal e também a história comunitária. Recordemo-lo sempre: somos discípulos daquele que veio, que vem cada dia e que há-de vir no fim. Se conseguíssemos estar mais conscientes desta realidade, ficaríamos menos cansados na vida diária, menos prisioneiros do efémero e mais dispostos a caminhar com o coração misericordioso pela senda da salvação.
Outro aspecto: o que significa ressuscitar? A ressurreição de todos nós acontecerá no último dia, no fim do mundo, por obra da omnipotência de Deus, que restituirá a vida ao nosso corpo, reunindo-o à alma, em virtude da ressurreição de Jesus. Esta é a explicação fundamental: dado que Jesus ressuscitou, também nós ressuscitaremos; temos a esperança na ressurreição, porque Ele nos abriu a porta para esta ressurreição. E esta transformação, esta transfiguração do nosso corpo é preparada nesta vida pela relação com Jesus, nos Sacramentos, especialmente na Eucaristia. Nós, que nesta vida somos alimentados pelo Corpo e Sangue, ressuscitaremos como Ele, com Ele e por meio dele. Assim como Jesus ressuscitou com o seu próprio Corpo, mas não voltou a uma vida terrena, também nós ressuscitaremos com os nossos corpos, que serão transfigurados em corpos gloriosos. Não se trata de uma mentira! Isto é verdade. Acreditamos que Jesus ressuscitou, que Jesus está vivo neste momento. Mas vós credes que Jesus está vivo? E se Jesus está vivo, pensais que nos deixará morrer e não nos ressuscitará? Não! Ele espera por nós, e dado que ressuscitou, a força da sua ressurreição ressuscitará todos nós.
Um último elemento: já nesta vida temos em nós uma participação na ressurreição de Cristo. Se é verdade que Jesus nos ressuscitará no fim dos tempos, também é verdade que, sob um certo aspecto, com Ele já ressuscitamos. A vida eterna começa já neste momento, durante a vida inteira, orientada para aquele instante da ressurreição derradeira. Com efeito, já ressuscitamos mediante o Baptismo, estamos inseridos na morte e ressurreição de Cristo e participamos na vida nova, que é a sua vida. Portanto, à espera do último dia, temos em nós mesmos uma semente de ressurreição como antecipação da ressurreição completa que receberemos em herança. Por isso, também o corpo de cada um de nós é ressonância de eternidade, e por conseguinte deve ser sempre respeitado; e sobretudo, é necessário respeitar e amar a vida de quantos sofrem, para que sintam a proximidade do Reino de Deus, daquela condição de vida eterna para a qual nós caminhamos. Este pensamento infunde-nos esperança: estamos a caminho rumo à ressurreição. Ver Jesus, encontrar Jesus: nisto consiste a nossa alegria! Estaremos todos juntos - não aqui na praça, mas num outro lugar - jubilosos com Jesus. Este é o nosso destino!


Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Catequese do Papa: Creio na ressurreição da carne I

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 27 de Novembro de 2013

Prezados irmãos e irmãs
Bom dia e parabéns, porque sois corajosos com este frio na praça. Muitas felicitações!
Desejo completar as catequeses sobre o «Credo», realizadas durante o Ano da Fé, que terminou no domingo passado. Nesta catequese e na próxima, gostaria de considerar o tema da ressurreição da carne, salientando dois dos seus aspectos, como os apresenta o Catecismo da Igreja Católica, ou seja, o nosso morrer e o nosso ressuscitar em Jesus Cristo. Hoje medito sobre o primeiro aspecto, «morrer em Cristo».
Entre nós, em geral existe um modo equivocado de considerar a morte. A morte diz respeito a todos e interroga-nos de modo profundo, especialmente quando nos toca de perto, ou quando atinge os pequeninos, os indefesos, de uma maneira que nos parece «escandalosa». Impressionou-me sempre a pergunta: por que as crianças sofrem, por que as crianças morrem? Se for entendida como o fim de tudo, a morte assusta, aterroriza, transforma-se em ameaça que infringe qualquer sonho, qualquer perspectiva, que interrompe qualquer relacionamento e qualquer caminho. Isto acontece quando consideramos a nossa vida como um tempo encerrado entre dois pólos: o nascimento e a morte; quando não cremos num horizonte que vai além da vida presente; quando vivemos como se Deus não existisse. Este conceito de morte é típico do pensamento ateu, que interpreta a existência como um achar-se no mundo por acaso, um caminhar rumo ao nada. Mas existe também um ateísmo prático, que é um viver só para os próprios interesses, para as coisas terrenas. Se nos deixarmos arrebatar por esta visão equivocada da morte, não teremos outra escolha, a não ser aquela de ocultar a morte, de a negar e banalizar, para que não nos amedronte.
Mas a esta solução falsa revoltam-se o «coração» do homem, o desejo que todos nós temos de infinito, a nostalgia que todos nós temos do eterno. E então, qual é o sentido cristão da morte? Se considerarmos os momentos mais dolorosos da nossa vida, quando perdemos uma pessoa querida - os pais, um irmão, uma irmã, um cônjuge, um filho, um amigo - compreenderemos que, até no drama da perda, também dilacerados pela separação, brota do coração a convicção de que não pode ser que tudo acabou, que o bem dado e recebido não foi inútil. Há um instinto poderoso dentro de nós, que nos diz que a nossa vida não acaba com a morte.
Esta sede de vida encontrou a sua resposta real e fiável na Ressurreição de Jesus Cristo. A Ressurreição de Jesus não confere apenas a certeza da vida além da morte, mas ilumina também o próprio mistério da morte de cada um de nós. Se vivermos unidos a Jesus, se formos fiéis a Ele, seremos capazes de enfrentar com esperança e serenidade também a passagem da morte. Com efeito, a Igreja reza: «Embora nos entristeça a certeza de ter que morrer, consola-nos a promessa da imortalidade futura». Trata-se de uma bonita oração da Igreja! Uma pessoa tende a morrer como viveu. Se a minha vida foi um caminho com o Senhor, um caminho de confiança na sua misericórdia incomensurável, estarei preparado para aceitar o momento derradeiro da minha existência terrena como o definitivo abandono confidente nas suas mãos acolhedoras, à espera de contemplar o seu rosto face a face. Esta é a coisa mais bonita que nos pode acontecer: contemplar face a face aquele rosto maravilhoso do Senhor, vê-lo como Ele é, belo, repleto de luz, cheio de amor e de ternura. Nós vamos até àquele ponto: ver o Senhor!
Neste horizonte compreende-se o convite de Jesus a estar sempre pronto e vigilante, consciente de que a vida neste mundo nos é concedida também para preparar a outra vida, com o Pai celestial. E para isto existe um caminho seguro: preparar-se bem para a morte, permanecendo próximo de Jesus. Esta é a segurança: preparo-me para a morte, permanecendo perto de Jesus. E como estou próximo de Jesus? Mediante a oração, os Sacramentos e também na prática da caridade. Recordemos que Ele está presente nos mais frágeis e necessitados. Ele mesmo se identificou com eles, na famosa parábola do juízo final, quando diz: «Tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber; era peregrino e acolhestes-me; estava nu e vestistes-me; enfermo e visitastes-me; estava na prisão e viestes visitar-me... Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes» (Mt 25, 35-36.40). Portanto, uma vida segura significa recuperar o sentido da caridade cristã e da partilha fraternal, cuidar das chagas corporais e espirituais do nosso próximo. A solidariedade no compadecimento pela dor e na transmissão da esperança constitui a premissa e condição para receber em herança aquele Reino preparado para nós. Quem pratica a misericórdia não teme a morte. Pensai bem nisto: quem põe em prática a misericórdia não tem receio da morte! Concordais? Digamo-lo juntos, para não o esquecer? Quem pratica a misericórdia não teme a morte! E por que não teme a morte? Porque a encara nas feridas dos irmãos, superando-a com o amor de Jesus Cristo.
Se abrirmos a porta da nossa vida e do nosso coração aos irmãos mais pequeninos, então também a nossa morte se tornará uma porta que nos introduzirá no céu, na pátria bem-aventurada, para a qual nos encaminhamos, aspirando a permanecer para sempre com o nosso Pai, Deus, com Jesus, com Nossa Senhor e com os santos.


Fonte: Santa Sé

sábado, 30 de novembro de 2013

Fotos da Missa de Encerramento do Ano da Fé

No último dia 24 de novembro, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou na Praça de São Pedro a Santa Missa na Solenidade de Cristo Rei por ocasião do Encerramento do Ano da Fé.

Antes da celebração, Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, colocou junto ao altar as relíquias de São Pedro. Estas foram expostas pela primeira vez na história da Igreja. Durante a Profissão de Fé, o Papa recebeu a urna com as relíquias e permaneceu com ela nos braços.

No final da Missa, o Santo Padre entregou a Exortação Apostólica pós-Sinodal Evangelii Gaudium a uma representação de todas as classes de fieis: bispos, presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos e leigos.

Os cerimoniários da Missa foram os Monsenhores Guido Marini e Francesco Camaldo. O livreto da celebração pode ser acessado aqui.

Dom Rino Fisichella entroniza as relíquias de São Pedro

Urna com os ossos de São Pedro, Apóstolo

Procissão de entrada

Homilia do Papa: Encerramento do Ano da Fé

Santa Missa na Conclusão do Ano da Fé
Solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
Homilia do Papa Francisco
Praça de São Pedro
Domingo, 24 de novembro de 2013

A Solenidade de Cristo, Rei do universo, que hoje celebramos como coroamento do Ano Litúrgico, marca também o encerramento do Ano da Fé proclamado pelo Papa Bento XVI, para quem neste momento se dirige o nosso pensamento cheio de carinho e de gratidão por este dom que nos deu. Com esta iniciativa providencial ele ofereceu-nos a oportunidade de redescobrirmos a beleza daquele caminho de fé que teve início no dia do nosso Batismo e nos tornou filhos de Deus e irmãos na Igreja; um caminho que tem como meta final o encontro pleno com Deus e durante o qual o Espírito Santo nos purifica, eleva, santifica para nos fazer entrar na felicidade por que anseia o nosso coração.
Desejo também dirigir uma cordial e fraterna saudação aos Patriarcas e aos Arcebispos Maiores das Igrejas Católicas Orientais aqui presentes. O abraço da paz, que trocarei com eles, quer significar antes de tudo o reconhecimento do Bispo de Roma por estas Comunidades que confessaram o nome de Cristo com uma fidelidade exemplar, paga muitas vezes por caro preço.
Com este gesto pretendo igualmente, através deles, alcançar todos os cristãos que vivem na Terra Santa, na Síria e em todo o Oriente, a fim de obter para todos o dom da paz e da concórdia.
As leituras bíblicas que foram proclamadas têm como fio condutor a centralidade de Cristo: Cristo está no centro, Cristo é o centro. Cristo, centro da criação, do povo e da história.

1. Na 2ª Leitura, tirada da Carta aos Colossenses (Cl 1,12-20), o Apóstolo Paulo dá-nos uma visão muito profunda da centralidade de Jesus. Apresenta-o como o Primogênito de toda a criação: n’Ele, por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas. Ele é o centro de todas as coisas, é o princípio: Jesus Cristo, o Senhor. Deus deu-lhe a plenitude, a totalidade, para que n’Ele fossem reconciliadas todas as coisas. Senhor da criação, Senhor da reconciliação.
Esta imagem faz-nos compreender que Jesus é o centro da criação; e, portanto, a atitude que se requer do fiel - se o quer ser de verdade - é reconhecer e aceitar na vida esta centralidade de Jesus Cristo, nos pensamentos, nas palavras e nas obras. E, assim, os nossos pensamentos serão pensamentos cristãos, pensamentos de Cristo. As nossas obras serão obras cristãs, obras de Cristo, as nossas palavras serão palavras cristãs, palavras de Cristo. Diversamente, quando se perde este centro, substituindo-o por outra coisa qualquer, disso só derivam danos para o meio ambiente que nos rodeia e para o próprio homem.

2. Além de ser centro da criação e centro da reconciliação, Cristo é centro do povo de Deus. E hoje mesmo Ele está aqui, no centro da nossa assembleia. Está aqui agora na Palavra e estará aqui no altar, vivo, presente, no meio de nós, seu povo. Assim no-lo mostra a 1ª Leitura (2Sm 5,1-3), que narra o dia em que as tribos de Israel vieram procurar Davi e ungiram-no rei sobre Israel diante do Senhor. Na busca da figura ideal do rei, aqueles homens procuravam o próprio Deus: um Deus que se tornasse vizinho, que aceitasse caminhar com o homem, que se fizesse seu irmão.
Cristo, descendente do rei Davi, é precisamente o «irmão» ao redor do qual se constitui o povo, que cuida do seu povo, de todos nós, a preço da sua vida. N’Ele nós somos um só; um só povo unido a Ele, partilhamos um só caminho, um único destino. Somente n’Ele, n’Ele por centro, temos a identidade como povo.

3. E, por último, Cristo é o centro da história da humanidade e também o centro da história de cada homem. A Ele podemos referir as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de que está tecida a nossa vida. Quando Jesus está no centro, até os momentos mais sombrios da nossa existência se iluminam: Ele dá-nos esperança, como fez com o bom ladrão no Evangelho de hoje (Lc 23,35-43).
Enquanto todos os outros se dirigem a Jesus com desprezo - «Se és o Cristo, o Rei Messias, salva-te a ti mesmo, descendo do patíbulo!» -, aquele homem, que errou na vida, no fim agarra-se arrependido a Jesus crucificado suplicando: «Lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino» (v. 42). E Jesus promete-lhe: «Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso» (v. 43): o seu Reino. Jesus pronuncia apenas a palavra do perdão, não a da condenação; e quando o homem encontra a coragem de pedir este perdão, o Senhor nunca deixa sem resposta um tal pedido. Hoje todos nós podemos pensar na nossa história, no nosso caminho. Cada um de nós tem a sua história; cada um de nós tem também os seus erros, os seus pecados, os seus momentos felizes e os seus momentos sombrios. Neste dia, nos fará bem pensar na nossa história, olhar para Jesus e, do fundo do coração, repetir-lhe muitas vezes - mas com o coração, em silêncio - cada um de nós: «Lembra-te de mim, Senhor, agora que estás no teu Reino! Jesus, lembra-te de mim, porque eu tenho vontade de me tornar bom, mas não tenho força, não posso: sou pecador, sou pecadora. Mas lembra-te de mim, Jesus! Tu podes lembrar-te de mim, porque Tu estás no centro, Tu estás precisamente no teu Reino!». Que bom! Façamo-lo hoje todos, cada um no seu coração, muitas vezes: «Lembra-te de mim, Senhor, Tu que estás no centro, Tu que estás no teu Reino!»
A promessa de Jesus ao bom ladrão dá-nos uma grande esperança: diz-nos que a graça de Deus é sempre mais abundante de quanto pedira a oração. O Senhor dá sempre mais - Ele é tão generoso! -, dá sempre mais do que se lhe pede: pedes-lhe que se lembre de ti, e Ele leva-te para o seu Reino! Jesus é precisamente o centro dos nossos desejos de alegria e de salvação. Caminhemos todos juntos por esta estrada!


Fonte: Santa Sé.

Encerramento do Ano da Fé em Butiatuvinha

No último dia 23 de Novembro, o Revmo. Padre Elmo Heck celebrou na Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Butiatuvinha (Curitiba), a Santa Missa na Solenidade de Cristo Rei, por ocasião do encerramento do Ano da Fé.

Destacamos os seguintes elementos na celebração: arranjo beneditino, uso do véu de cálice e solene renovação da profissão de fé.

Procissão de entrada

Incensação da cruz
Incensação do altar
Incensação da imagem da padroeira

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Fotos da Admissão dos Catecúmenos no Vaticano

No último dia 23 de novembro, Sua Santidade o Papa Francisco presidiu na Basílica Vaticana ao Rito de Admissão ao Catecumenato, previsto pelo Ritual da Iniciação Cristã, no contexto do encerramento do Ano da Fé. Estavam presentes cerca de 50 catecúmenos, provenientes de 47 países, acompanhados de seus catequistas. 

O rito iniciou-se junto à porta da Basílica com a assinalação do sinal da cruz na fronte dos catecúmenos. Em seguida, todos dirigiram-se processionalmente ao altar, junto do qual foi celebrada a Liturgia da Palavra. Após sua homilia, o Santo Padre entregou o livro dos Evangelhos para alguns catecúmenos.

Assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Francesco Camaldo, o Papa além de usar a férula de Paulo VI, usou também um pluvial deste seu predecessor, que não era usado desde os anos 70.

O livreto da celebração está disponível no site da Santa Sé.

Ritos iniciais junto à porta
Assinalação da cruz na fronte

Procissão de entrada

Homilia do Papa aos Catecúmenos

RITO DE ADMISSÃO AO CATECUMENATO 
E ENCONTRO COM OS CATECÚMENOS NA CONCLUSÃO DO ANO DA FÉ
PALAVRAS DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sábado, 23 de Novembro de 2013

Amados catecúmenos
Este momento conclusivo do Ano da fé vê-vos reunidos, com os vossos catequistas e familiares, também em representação de muitos outros homens e mulheres que, provenientes de várias regiões do mundo, realizam o vosso mesmo percurso de fé. Neste momento estamos todos espiritualmente unidos. Vindes de muitos países diferentes, de tradições culturais e de experiências diversificadas. E no entanto, esta tarde sentimos que temos entre nós muitas coisas em comum. Principalmente uma: o desejo de Deus. Este desejo é evocado pelas palavras do Salmista: «Do mesmo modo como a corça anseia pelas águas vivas, assim a minha alma suspira por vós, ó meu Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus?» (Sl 42 [41], 2-3). Como é importante manter vivo este desejo, este desejo de encontrar o Senhor e fazer a sua experiência, fazer experimentar o seu amor, fazer a experiência da sua misericórdia! Se vier a faltar a sede do Deus vivo, a fé corre o risco de se tornar habitudinária, corre o perigo de se apagar, como um fogo que já não é atiçado. Corre o risco de se tornar «rançosa», insensata.
A narração do Evangelho (cf. Jo 1, 35-42) mostrou-nos João Baptista que indica aos seus discípulos Jesus como o Cordeiro de Deus. Dois deles seguem o Mestre e depois, por sua vez, tornam-se «medianeiros» que permitem que outros encontrem o Senhor, o conheçam e sigam. Nesta narração há três momentos que evocam a experiência do catecumenato. Em primeiro lugar, há a escuta. Os dois discípulos ouviram o testemunho de João Baptista. Estimados catecúmenos, também vós ouvistes aqueles que vos falaram de Jesus e que vos propuseram segui-lo, tornando-se seus discípulos mediante o Baptismo. No tumulto de tantas vozes que ressoam ao nosso redor e dentro de nós, vós ouvistes e acolhestes a voz que Jesus vos indicava, como o Único que pode dar um sentido pleno à nossa vida.
O segundo momento é o encontro. Os dois discípulos encontram o Mestre e permanecem com Ele. Depois de O ter encontrado, sentem imediatamente algo de novo no seu coração: a exigência de transmitir a sua alegria inclusive aos outros, a fim de que também eles possam encontrá-lo. Com efeito, André encontra o seu irmão Simão e condu-lo a Jesus. Como nos faz bem contemplar esta cena! Recorda-nos que Deus não nos criou para permanecermos sozinhos, fechados em nós mesmos, mas para podermos encontrá-lo e para nos abrirmos ao encontro com o próximo. Deus vem primeiro ao encontro de cada um de nós; e isto é maravilhoso! É Ele que vem ao nosso encontro! Na Bíblia, Deus manifesta-se sempre como Aquele que toma a iniciativa do encontro com o homem: é Ele que procura o homem e, em geral, procura-o precisamente enquanto o homem faz a experiência amarga e trágica de trair Deus e de O evitar. Deus não espera para o procurar: procura-o imediatamente! O nosso Pai é um procurador paciente! Ele precede-nos e espera-nos sempre. Não se cansa de nos esperar, não se afasta de nós, mas tem a paciência de esperar o momento favorável do encontro com cada um de nós. E quando o encontro se realiza, nunca se trata de um encontro apressado, porque Deus deseja permanecer prolongadamente ao nosso lado para nos sustentar e consolar, para nos infundir a sua alegria. Deus tem pressa de nos encontrar, mas nunca tem pressa de nos deixar. Ele permanece ao nosso lado. Do mesmo modo como nós anelamos por Ele e o desejamos, assim também Ele deseja estar ao nosso lado, porque nós lhe pertencemos, somos «algo» seu, somos suas criaturas. Podemos dizer que também Ele tem sede de nós, de nos encontrar. O nosso Deus tem sede de nós. E este é o coração de Deus. É bom sentir isto!
A última parte da narração é caminhar. Os dois discípulos caminham rumo a Jesus e depois percorrem um trecho do caminho com Ele. Trata-se de um ensinamento importante para todos nós. A fé é um caminho com Jesus. Recordai sempre isto: a fé consiste em caminhar com Jesus; é um caminho que dura a vida inteira. No final haverá o encontro definitivo. Sem dúvida, em determinados momentos ao longo deste caminho sentimo-nos cansados e confusos. No entanto, a fé confere-nos a certeza da presença constante de Jesus em cada situação, inclusive na mais dolorosa ou difícil de compreender. Somos chamados a caminhar para penetrar cada vez mais no mistério do amor de Deus que, sobranceiro, nos permite viver com serenidade e esperança.
Prezados catecúmenos, hoje vós começais o caminho do catecumenato. Faço votos a fim de que percorrais com alegria, convictos do auxílio da Igreja inteira, que olha para vós com profunda confiança. Maria, Discípula perfeita, vos acompanhe: é bom sentir que Ela é a nossa Mãe na fé! Convido-vos a conservar o entusiasmo do primeiro momento, que vos fez abrir os olhos à luz da fé; a recordar como o discípulo muito amado, o dia, a hora em que permanecestes pela primeira vez com Jesus, quando sentistes o seu olhar sobre vós. Nunca esqueçais este olhar de Jesus sobre ti, sobre ti, sobre ti... Jamais esqueçais este olhar! Trata-se de um olhar de amor. E assim estareis sempre persuadidos do amor fiel do Senhor. Ele é fiel! E estais certos disto: Ele nunca vos trairá!


Fonte: Santa Sé

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Fotos da visita do Papa ao Mosteiro das Camaldolenses

Ainda no dia 21 de novembro, o Papa Francisco visitou o Mosteiro de Santo Antônio Abade (Santo Antão) no Aventino, habitado pelas Monjas Beneditinas Camaldolenses, por ocasião do Dia da Vida Contemplativa, instituído pelo Papa Pio XII em 1953, e especialmente celebrado no contexto do término do Ano da Fé.

Recebido pela Abadessa, Ir. Michela Porcellato, e pelas 21 monjas da comunidade, o Papa presidiu à oração das Vésperas da Apresentação da Virgem Maria, assistido pelo seu Mestre de Cerimônias, Mons. Guido Marini.

Após as Vésperas, Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, responsável pelo Ano da Fé, expôs o Santíssimo Sacramento e, após uma adoração silenciosa, concedeu a bênção eucarística.

Seguem algumas fotos, divulgadas pela Santa Sé:

Chegada do Santo Padre
Oração das Vésperas


Adoração Eucarística

Homilia do Papa nas Vésperas da Apresentação da Virgem Maria

CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS COM A COMUNIDADE
 DAS MONJAS BENEDITINAS CAMALDOLENSES
PALAVRAS DO PAPA FRANCISCO
Mosteiro de Santo António Abade - Roma
Quinta-feira, 21 de Novembro de 2013

Contemplamos aquela que conheceu e amou Jesus como nenhuma outra criatura. O Evangelho que escutámos mostra a atitude fundamental com a qual Maria expressou o seu amor por Jesus: fazer a vontade de Deus. «Todo aquele que fizer a vontade do Meu Pai que está nos céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe» (Mt 12, 50). Com estas palavras Jesus deixa uma mensagem importante: a vontade de Deus é a Lei suprema que estabelece a verdadeira pertença a Ele. Portanto, Maria estabelece um relacionamento familiar com Jesus antes de o dar à luz: torna-se discípula e mãe do seu Filho no momento em que acolhe as palavras do Anjo e diz: «Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). A palavra «faça-se» não é apenas uma aceitação, mas também uma abertura confiante ao futuro. Este «faça-se» é esperança!
Maria é a mãe da esperança, o ícone mais expressivo da esperança cristã. Toda a sua vida é um conjunto de atitudes de esperança, a partir do «sim» proferido no momento da Anunciação. Maria não sabia como poderia tornar-se mãe, mas confiou-se totalmente ao mistério que estava para se cumprir, e tornou-se a mulher da esperança. Mais tarde, vemo-la em Belém, onde aquele que lhe foi anunciado como Salvador de Israel e como o Messias nasce na pobreza. Em seguida, quando está em Jerusalém para o apresentar ao templo, com a alegria dos anciãos Simeão e Ana cumpre-se também a promessa de uma espada que lhe teria trespassado o coração e a profecia de um sinal de contradição. Ela percebe que a missão e também a identidade daquele Filho ultrapassam o facto de ela ser mãe. Chegamos depois ao episódio de Jesus que se perdeu em Jerusalém e é novamente recordado: «Filho, porque nos fizeste isto? (Lc 2, 48), e a resposta de Jesus que se subtraiu às preocupações maternas, dirigindo-se para as coisas do Pai celeste.
Contudo, diante de todas estas dificuldades e surpresas do projecto de Deus, a esperança da Virgem nunca vacilou! Mulher de esperança. Isto diz-nos que a esperança se nutre de escuta, de contemplação, de paciência, para que os tempos do Senhor amadureçam. Também nas bodas de Caná, Maria é a mãe da esperança, atenta e solícita em relação às coisas humanas. Com o início da vida pública, Jesus torna-se o Mestre e o Messias: Nossa Senhora olha para a missão do Filho com júbilo mas também com preocupação, porque Jesus se torna cada vez mais aquele sinal de contradição que o velho Simeão já lhe tinha prenunciado. Aos pés da cruz, é a mulher da dor e, ao mesmo tempo, da vigilante espera de um mistério, maior que a dor, que está para se cumprir. Tudo parece realmente acabado; poderíamos dizer que toda a esperança se apagou. Também ela, naquele momento, poderia ter exclamado recordando as promessas da anunciação: não se cumpriram, fui enganada. Mas não o disse. Contudo ela, bem-aventurada porque acreditou, desta sua fé vê brotar um futuro novo e aguarda com esperança o amanhã de Deus. Às vezes penso: nós sabemos esperar o amanhã de Deus? Ou queremos o hoje? O amanhã de Deus é para ela o amanhecer da Páscoa, daquele dia que é o primeiro da semana. Far-nos-á bem pensar, na contemplação, no abraço do filho com a mãe. A única lâmpada acesa no sepulcro de Jesus é a esperança da mãe, que naquele momento é a esperança de toda a humanidade. Pergunto a mim mesmo e a vós: nos Mosteiros esta lâmpada ainda está acesa? Nos mosteiros espera-se o amanhã de Deus?
Devemos muito a esta Mãe! Nela, presente em cada momento da história da salvação, vemos um testemunho sólido de esperança. Ela, mãe da esperança, nos sustenta nos momentos de escuridão, de dificuldade, de desconforto, de aparente derrota ou de verdadeiras derrotas humanas. Que Maria, nossa esperança, nos ajude a fazer de nossa vida uma oferenda agradável ao Pai celeste, e um dom jubiloso para os nossos irmãos, uma atitude que olha sempre para o futuro.


Fonte: Santa Sé

Catequese do Papa: A remissão dos pecados

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 20 de Novembro de 2013

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Na quarta-feira passada falei sobre a remissão dos pecados, referida de modo especial ao Baptismo. Hoje aprofundamos o tema da remissão dos pecados, mas em referência ao chamado «poder das chaves», que é um símbolo bíblico da missão que Jesus confiou aos Apóstolos.
Antes de tudo, devemos recordar que o protagonista do perdão dos pecados é o Espírito Santo. Na sua primeira aparição aos Apóstolos, no Cenáculo, Jesus ressuscitado fez o gesto de soprar sobre eles, dizendo: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos» (Jo 20, 22-23). Transfigurado no seu corpo, Jesus já é o homem novo, que oferece os dons pascais, fruto da sua morte e ressurreição. Quais são estes dons? A paz, a alegria, o perdão dos pecados e a missão, mas sobretudo o Espírito Santo, que é fonte de tudo isto. O sopro de Jesus, acompanhado pelas palavras com as quais comunica o Espírito, indica a transmissão da vida, a vida nova regenerada pelo perdão.
Mas antes de fazer o gesto se soprar e conceder o Espírito, Jesus mostra as suas chagas, nas mãos e no lado: essas feridas representam o preço da nossa salvação. O Espírito Santo concede-nos o perdão de Deus, «passando através» das chagas de Jesus. As feridas que Ele quis conservar; também neste momento, no Céu, Ele mostra ao Pai as chagas com as quais nos resgatou. Em virtude destas feridas, os nossos pecados são perdoados: assim Jesus ofereceu a sua vida pela nossa paz, pela nossa alegria, pelo dom da graça na nossa alma, pelo perdão dos nossos pecados. É muito bom contemplar Jesus assim!
Consideremos o segundo elemento: Jesus concede aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados. É um pouco difícil compreender como um homem pode perdoar os pecados, mas Jesus confere este poder. A Igreja é depositária do poder das chaves, de abrir ou fechar ao perdão. Na sua misericórdia soberana, Deus perdoa cada homem, mas Ele mesmo quis que quantos pertencem a Cristo e à Igreja recebam o perdão mediante os ministros da Comunidade. Através do ministério apostólico, a misericórdia de Deus alcança-me, as minhas culpas são-me perdoadas e é-me conferida a alegria. Deste modo, Jesus chama a viver a reconciliação também na dimensão eclesial, comunitária. E isto é muito bom! A Igreja, que é santa e ao mesmo tempo carente de penitência, acompanha o nosso caminho de conversão durante a vida inteira. A Igreja não é senhora do poder das chaves, mas é serva do ministério da misericórdia e rejubila todas as vezes que pode oferecer este dom divino.
Talvez muitas pessoas não compreendam a dimensão eclesial do perdão, porque predominam sempre o individualismo e o subjectivismo, e até nós cristãos sentimos isto. Sem dúvida, Deus perdoa cada pecador arrependido, pessoalmente, mas o cristão está unido a Cristo, e Cristo à Igreja. Para nós cristãos há um dom a mais, há sempre um compromisso a mais: passar humildemente através do ministério eclesial. Devemos valorizá-lo; é uma dádiva, uma atenção, uma salvaguarda e também a certeza de que Deus me perdoou. Vou ter com o irmão sacerdote e digo: «Padre, cometi isto...». E ele responde: «Mas eu perdoo-te; Deus perdoa-te!». Naquele momento, estou convicto de que Deus me perdoou! E isto é bom, é ter a segurança que Deus nos perdoa sempre, nunca se cansa de perdoar. E não devemos cansar-nos de ir pedir perdão. Podemos ter vergonha de confessar os nossos pecados, mas as nossas mães e avós já diziam que é melhor corar uma vez do que empalidecer mil vezes. Coramos uma vez, mas os pecados são-nos perdoados e vamos em frente.
Enfim, um último ponto: o sacerdote, instrumento para o perdão dos pecados. O perdão de Deus, que nos é concedido na Igreja, é-nos transmitido mediante o ministério do nosso irmão, o sacerdote; também ele, um homem que como nós precisa de misericórdia, se torna verdadeiramente instrumento de misericórdia, comunicando-nos o amor ilimitado de Deus Pai. Inclusive os presbíteros e os Bispos devem confessar-se: todos nós somos pecadores. Também o Papa se confessa a cada quinze dias, porque inclusive o Papa é pecador. O confessor ouve os pecados que lhe confesso, aconselha-me e perdoa-me, porque todos nós precisamos deste perdão. Às vezes ouvimos certas pessoas afirmar que se confessam directamente com Deus... Sim, como eu dizia antes, Deus ouve sempre, mas no sacramento da Reconciliação envia um irmão a trazer-nos o perdão, a segurança do perdão em nome da Igreja.
O serviço que o sacerdote presta como ministro, por parte de Deus, para perdoar os pecados é muito delicado e exige que o seu coração esteja em paz, que o presbítero tenha o coração em paz; que não maltrate os fiéis, mas que seja manso, benévolo e misericordioso; que saiba semear esperança nos corações e sobretudo que esteja consciente de que o irmão ou a irmã que se aproxima do sacramento da Reconciliação procura o perdão, e fá-lo como as numerosas pessoas que se aproximavam de Jesus para serem curadas. O sacerdote que não tiver esta disposição de espírito é melhor que, enquanto não se corrigir, não administre este Sacramento. Os fiéis penitentes têm o direito, todos os fiéis têm o direito de encontrar nos sacerdotes servidores do perdão de Deus.
Caros irmãos, como membros da Igreja estamos conscientes da beleza desta dádiva que o próprio Deus nos concede? Sentimos a alegria deste esmero, desta atenção materna que a Igreja tem por nós? Sabemos valorizá-la com simplicidade e assiduidade? Não esqueçamos que Deus nunca se cansa de nos perdoar; mediante o ministério do sacerdote, Ele aperta-nos num novo abraço que nos regenera e nos permite erguer-se de novo e retomar o caminho. Porque esta é a nossa vida: devemos erguer-nos sempre de novo e retomar o caminho!


Fonte: Santa Sé

sábado, 23 de novembro de 2013

Catequese do Papa: Professo um só Batismo

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 13 de Novembro de 2013

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
No Credo, através do qual cada domingo fazemos a nossa profissão de fé, nós afirmamos: «Professo um só baptismo, para o perdão dos pecados». Trata-se da única referência explícita a um Sacramento no contexto doCredo. Com efeito, o Baptismo constitui a «porta» da fé e da vida cristã. Jesus Ressuscitado deixou aos Apóstolos esta exortação: «Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for baptizado será salvo» (Mc 16, 15-16). A missão da Igreja é evangelizar e perdoar os pecados através do sacramento baptismal. No entanto, voltemos às palavras do Credo. Esta expressão pode ser dividida em três pontos: «professo»; «um só baptismo»; e «para o perdão dos pecados».
«Professo». O que quer dizer isto? É um termo solene, que indica a grande importância do objecto, ou seja, do Baptismo. Com efeito, pronunciando estas palavras, nós afirmamos a nossa verdadeira identidade de filhos de Deus. Num certo sentido, o Baptismo é o bilhete de identidade do cristão, a sua certidão de nascimento e o acto de nascimento na Igreja. Todos vós conheceis o dia em que nascestes e festejais o vosso aniversário, não é verdade? Todos nós festejamos o aniversário. Dirijo-vos uma pergunta, que já formulei outras vezes, mas volto a apresentá-la: quem de vós se recorda da data do seu próprio Baptismo? Levantem a mão: são poucos (e não o pergunto aos Bispos, para que não se envergonhem...). Mas façamos uma coisa: hoje, quando voltardes para casa, perguntai em que dia fostes baptizados, procurai, porque este é o vosso segundo aniversário. O primeiro é do nascimento para a vida e o segundo é do nascimento na Igreja. Fareis isto? É um dever que deveis fazer em casa: procuremos descobrir o dia em que nascemos na Igreja e demos graças ao Senhor porque no dia do Baptismo nos abriu a porta da sua Igreja. Ao mesmo tempo, ao Baptismo está ligada a nossa fé na remissão dos pecados. Com efeito, o Sacramento da Penitência ou Confissão é como um «segundo baptismo», que se refere sempre ao primeiro, para o consolidar e renovar. Neste sentido, o dia do nosso Baptismo é o ponto de partida de um caminho extremamente bonito, um caminho rumo a Deus que dura a vida inteira, um caminho de conversão que é continuamente fortalecido pelo Sacramento da Penitência. Pensai nisto: quando vamos confessar-nos das nossas debilidades, dos nossos pecados, vamos pedir o perdão de Jesus, mas vamos também renovar o Baptismo com este perdão. E isto é bom, é como festejar o dia do Baptismo em cada Confissão. Portanto, a Confissão não é uma sessão numa sala de torturas, mas é uma festa. A Confissão é para os baptizados, para manter limpa a veste branca da nossa dignidade cristã!
Segundo elemento: «um só baptismo». Esta expressão evoca as palavras de são Paulo: «Um só Senhor, uma só fé, um só baptismo» (Ef 4, 5). Literalmente, a palavra «baptismo» significa «imersão» e, com efeito, este Sacramento constitui uma verdadeira imersão espiritual na morte de Cristo, da qual renascemos com Ele como criaturas novas (cf.Rm 6, 4). Trata-se de um lavacro de regeneração e iluminação. Regeneração, porque realiza aquele nascimento da água e do Espírito, sem a qual ninguém pode entrar no reino dos céus (cf. Jo 3, 5). Iluminação porque, através do Baptismo, a pessoa humana se torna repleta da graça de Cristo, «a verdadeira luz que a todo o homem ilumina» (Jo1, 9), dissipando as trevas do pecado. Por isso na cerimónia do Baptismo, aos pais dá-se um círio aceso, para significar esta iluminação; o Baptismo ilumina-nos a partir de dentro com a luz de Jesus. Em virtude deste dom, o baptizado é chamado a tornar-se ele mesmo «luz» - a luz da fé que ele recebeu - para os irmãos, especialmente para quantos estão nas trevas e não vislumbram espirais de claridade no horizonte da própria vida.
Podemos interrogar-nos: para mim, o Baptismo constitui um acontecimento do passado, isolado numa data, aquela que hoje vós procurareis, ou uma realidade viva, que diz respeito ao meu presente, a cada momento? Tu sentes-te forte, com o vigor que Cristo te oferece com a sua morte e ressurreição? Ou sentes-te abatido, esgotado? O Baptismo dá-te força e luz. Sentes-te iluminado, com aquela luz que vem de Cristo? És homem e mulher de luz? Ou és uma pessoa obscura, sem a luz de Jesus? É preciso assimilar a graça do Baptismo, que constitui uma dádiva, e tornar-se luz para todos!
Finalmente, uma breve referência ao terceiro elemento: «para o perdão dos pecados». No sacramento do Baptismo são perdoados os pecados, o pecado original e todos os nossos pecados pessoais, assim como todas as penas do pecado. Mediante o Baptismo abre-se a porta a uma novidade de vida concreta, que não é oprimida pelo peso de um passado negativo, mas já pressente a beleza e a bondade do Reino dos céus. Trata-se de uma intervenção poderosa da misericórdia de Deus na nossa vida, para nos salvar. Esta intervenção salvífica não priva a nossa natureza humana da sua debilidade - todos nós somos frágeis, todos somos pecadores - e também não nos priva da responsabilidade de pedir perdão cada vez que erramos! Não me posso baptizar várias vezes, mas posso confessar-me e deste modo renovar a graça do Baptismo. É como se eu fizesse um segundo Baptismo. O Senhor Jesus é deveras bondoso e nunca se cansa de nos perdoar. Inclusive quando a porta que o Baptismo nos abriu para entrar na Igreja se fecha um pouco, por causa das nossas fraquezas e dos nossos pecados, a Confissão volta a abri-la precisamente porque é como um segundo Baptismo que nos perdoa tudo e nos ilumina para irmos em frente com a luz do Senhor. Vamos em frente assim, cheios de alegria, porque a vida deve ser vivida com o júbilo de Jesus Cristo; e esta é uma graça do Senhor!


Fonte: Santa Sé

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Catequese do Papa: Creio na comunhão dos santos II

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 6 de Novembro de 2013

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Na quarta-feira passada falei sobre a comunhão dos santos, entendida como comunhão entre as pessoas santas, ou seja entre nós, crentes. Hoje gostaria de aprofundar o outro aspecto desta realidade. Como recordais, havia dois aspectos: o primeiro, a comunhão, a unidade entre nós; e o outro aspecto, a comunhão nas coisas sagradas, nos bens espirituais. Estes dois aspectos estão intimamente ligados entre si; com efeito, a comunhão entre os cristãos aumenta mediante a participação nos bens espirituais. De modo particular, consideremos: os Sacramentos, os carismas e a caridade (cf. Catecismo da Igreja Católicann. 949-953). Nós crescemos em unidade, em comunhão, mediante os Sacramentos, os carismas que cada um recebe do Espírito santo, e a caridade.
Antes de tudo, a comunhão nos Sacramentos. Os Sacramentos expressam e realizam uma comunhão concreta e profunda entre nós, porque neles nós encontramos Cristo Salvador e, através dele, os nossos irmãos na fé. Os Sacramentos não são aparências, não são ritos, mas constituem a força de Cristo; Jesus Cristo está presente nos Sacramentos. Quando celebramos a Eucaristia, é Jesus vivo que nos congrega, que faz de nós uma comunidade, que nos leva a adorar o Pai. Com efeito, cada um de nós, mediante o Baptismo, a Confirmação e a Eucaristia, é incorporado em Cristo e unido a toda a comunidade dos fiéis. Por conseguinte, se por um lado é a Igreja que «faz» os Sacramentos, por outro são os Sacramentos que «fazem» a Igreja, que a edificam, gerando novos filhos, agregando-os ao povo santo de Deus e consolidando a sua pertença.
Cada encontro com Cristo, que nos Sacramentos nos concede a salvação, convida-nos a «ir» e comunicar aos outros uma salvação que pudemos ver, tocar, encontrar e receber, e que é verdadeiramente credível porque é amor. Deste modo, os Sacramentos impelem-nos a ser missionários, e o compromisso apostólico de levar o Evangelho a todos os ambientes, até àqueles mais hostis, constitui o fruto mais autêntico de uma vida sacramental assídua, enquanto significa participação na iniciativa salvífica de Deus, que quer oferecer a salvação a todos. A graça dos Sacramentos alimenta em nós uma fé forte e jubilosa, uma fé que sabe admirar-se diante das «maravilhas» de Deus e sabe resistir aos ídolos do mundo. Por isso, é relevante fazer Comunhão, é importante que as crianças sejam baptizadas cedo, que sejam crismadas, porque os Sacramentos constituem a presença de Jesus Cristo em nós, uma presença que nos ajuda. Quando nos sentimos pecadores, é importante que nos aproximemos do sacramento da Reconciliação. Alguém poderá dizer: «Mas tenho medo, porque o sacerdote repreender-me-á». Não, o presbítero não te censurará; sabes quem encontrarás no sacramento da Reconciliação? Encontrarás Jesus que te perdoa! É Jesus que te espera ali; trata-se de um Sacramento que faz crescer a Igreja inteira.
Um segundo aspecto da comunhão nas coisas sagradas é o da comunhão dos carismas. O Espírito Santo dispensa aos fiéis uma miríade de dons e de graças espirituais; esta riqueza, digamos «fantasiosa» dos dons do Espírito Santo, tem como finalidade a edificação da Igreja. Os carismas - palavra um pouco difícil - são as dádivas que o Espírito Santo nos concede, habilidades, possibilidades... Dons oferecidos não para permanecer escondidos, mas para serem comunicados aos outros. Eles não são concedidos em benefício de quantos os recebem, mas para a utilidade do povo de Deus. Ao contrário, se um carisma, um destes dons, servir para nos afirmarmos a nós mesmos, há que duvidar que se trate de um carisma autêntico, ou que seja vivido fielmente. Os carismas são graças especiais, concedidas a algumas pessoas para fazer o bem a muitas outras. Trata-se de atitudes, de inspirações e de ímpetos interiores, que nascem na consciência e na experiência de determinadas pessoas, que são chamadas a colocá-los ao serviço da comunidade. De modo particular, estes dons espirituais beneficiam a santidade da Igreja e da sua missão. Todos somos chamados a respeitá-los em nós mesmos e nos outros, a recebê-los como estímulos úteis para uma presença e uma obra fecunda da Igreja. São Paulo admoestava: «Não extingais o Espírito» (1 Ts 5, 19). Não extingamos o Espírito que nos oferece estas dádivas, estas capacidades e estas virtudes tão boas, que fazem crescer a Igreja.
Qual é a nossa atitude perante estes dons do Espírito Santo? Estamos conscientes de que o Espírito de Deus é livre de os conceder a quem quiser? Consideramo-los como um auxílio espiritual, através do qual o Senhor sustém a nossa fé e fortalece a nossa missão no mundo?
Vejamos agora o terceiro aspecto da comunhão nas coisas sagradas, ou seja a comunhão da caridade, a unidade entre nós que faz a caridade, o amor. Os pagãos, observando os primeiros cristãos, diziam: mas como se amam, como se estimam mutuamente! Não se odeiam, não falam mal uns dos outros. Esta é a caridade, o amor de Deus que o Espírito Santo insere no nosso coração. Os carismas são importantes na vida da comunidade cristã, mas são sempre meios para crescer na caridade, no amor, que são Paulo coloca acima dos carismas (cf. 1 Cor 13, 1-13). Com efeito, sem amor até os dons mais extraordinários são vãos; este homem cura as pessoas, tem esta qualidade, esta virtude... mas tem amor e caridade no seu coração? Se os tiver é um bem, mas se não os tem, não é útil para a Igreja. Sem o amor, todas estas dádivas e carismas não servem para a Igreja, pois onde não há amor, cria-se um vazio que é preenchido pelo egoísmo. E pergunto-me: se todos nós somos egoístas, podemos viver em comunhão e em paz? Não se pode, e por isso é necessário o amor que nos une. O mais pequenino dos nossos gestos de amor tem efeitos positivos para todos! Portanto, viver a unidade na Igreja e a comunhão da caridade significa não procurar o próprio interesse, mas participar nos sofrimentos e nas alegrias dos irmãos (cf. 1 Cor 12, 26), prontos para carregar os fardos dos mais frágeis e pobres. Esta solidariedade fraterna não é uma figura retórica, um modo de dizer, mas faz parte integrante da comunhão entre os cristãos. Se a vivermos, seremos no mundo sinal, «sacramento» do amor de Deus. Sê-lo-emos uns para os outros e para todos! Não se trata apenas daquela caridade superficial que podemos oferecer-nos uns aos outros, mas trata-se de algo mais profundo: é uma comunhão que nos torna capazes de entrar na alegria e no sofrimento do próximo para os tornar sinceramente nossos.


Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Catequese do Papa: Creio na comunhão dos santos I

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 30 de Outubro de 2013

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de falar sobre uma realidade muito bonita da nossa fé, ou seja, da «comunhão dos santos». O Catecismo da Igreja Católica recorda-nos que com esta expressão se entendem duas realidades: a comunhão com as coisas santas e a comunhão entre as pessoas santas (n. 948). Meditemos sobre o segundo significado: trata-se das verdades mais consoladoras da nossa fé, porque nos recorda que não estamos sozinhos, mas existe uma comunhão de vida entre todos aqueles que pertencem a Cristo. Uma comunhão que nasce da fé; com efeito, o termo «santos» refere-se àqueles que acreditam no Senhor Jesus e são incorporados nele na Igreja, mediante o Baptismo. Por isso, os primeiros cristãos chamavam-se também «santos» (cf. Act 9, 13.32.41; Rm 8, 27; 1 Cor 6, 1).
O Evangelho de João testemunha que, antes da sua Paixão, Jesus rezou ao Pai pela comunhão entre os discípulos, com as seguintes palavras: «Para que todos sejam um, assim como Tu, ó Pai, estás em mim e Eu em ti, para que também eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste» (17, 21). Na sua verdade mais profunda, a Igreja é comunhão com Deus, familiaridade com Deus, comunhão de amor com Cristo e com o Pai no Espírito Santo, que se prolonga numa comunhão fraterna. Esta relação entre Jesus e o Pai é a «matriz» do vínculo entre nós, cristãos: se estivermos intimamente inseridos nesta «matriz», nesta fornalha ardente de amor, então poderemos tornar-nos verdadeiramente um só coração e uma só alma entre nós, porque o amor de Deus dissipa os nossos egoísmos, os nossos preconceitos e as nossas divisões interiores e exteriores. O amor de Deus dissipa também os nossos pecados!
Se existir esta radicação na nascente do Amor, que é Deus, então verificar-se-á também o movimento recíproco: dos irmãos para Deus; a experiência da comunhão fraterna leva-me à comunhão com Deus. estarmos unidos entre nós leva-nos a permanecer unidos a Deus, conduz-nos para este vínculo com Deus que é nosso Pai. Eis o segundo aspecto da comunhão dos santos, que eu gostaria de ressaltar: a nossa fé tem necessidade da ajuda dos outros, especialmente nos momentos difíceis. Se estivermos unidos, a nossa fé fortalecer-se-á. Como é bom amparar-nos uns aos outros na maravilhosa aventura da fé! Digo isto porque a tendência a fechar-nos no privado influenciou também o âmbito religioso, de tal modo que muitas vezes temos dificuldade em pedir a ajuda espiritual de quantos compartilham connosco a experiência cristã. Quem de nós nunca sentiu insegurança, confusão e até dúvidas no caminho da fé? Todos nós vivemos isto, e eu também: faz parte do caminho da fé, faz parte da nossa vida. Nada disto nos deve admirar, porque somos seres humanos, marcados pela fragilidade e limites; todos nós somos frágeis, todos temos limites. No entanto, nestes momentos de dificuldade é necessário confiar na ajuda de Deus, mediante a oração filial e, ao mesmo tempo, é importante encontrar a coragem e a humildade de nos abrirmos aos outros, para pedir ajuda, para pedir que nos dê uma mão. Quantas vezes fizemos isto, e depois conseguimos resolver o problema e encontrar Deus mais uma vez! Nesta comunhão - comunhão quer dizer comum-união - somos uma grande família, onde todos os componentes se ajudam e se sustentam entre si.
E consideremos outro aspecto: a comunhão dos santos vai além da vida terrena, vai além da morte e perdura para sempre. Esta união entre nós vai mais além e continua na outra vida; trata-se de uma união espiritual que deriva do Baptismo e não é interrompida pela morte mas, graças a Cristo ressuscitado, está destinada a encontrar a sua plenitude na vida eterna. Existe uma união profunda e indissolúvel entre quantos ainda são peregrinos neste mundo - entre nós - e aqueles que já ultrapassaram o limiar da morte para entrar na eternidade. Todos os baptizados da terra, as almas do Purgatório e todos os beatos que já se encontram no Paraíso formam uma única grande Família. Esta comunhão entre a terra e o Céu realiza-se especialmente na prece de intercessão.
Estimados amigos, dispomos desta beleza! É uma nossa realidade, de todos, que nos faz irmãos, que nos acompanha no caminho da vida e que depois nos levará a encontrar-nos no Céu. Percorramos este caminho com confiança e alegria. O cristão deve ser alegre, com o júbilo de ter muitos irmãos baptizados que caminham com ele; animado pela ajuda dos irmãos e das irmãs que percorrem este mesmo caminho para ir ao Céu; e também com a ajuda dos irmãos e das irmãs que estão no Céu e intercedem por nós junto de Jesus. Em frente ao longo deste caminho com alegria!


Fonte: Santa Sé