No dia 27 de setembro de 2023 (que corresponde ao dia 14 de setembro no calendário juliano, utilizado pelas Igrejas Orientais), o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Theophilos III (Θεόφιλος), presidiu a Divina Liturgia da Festa da Exaltação da Santa Cruz na Basílica do Santo Sepulcro, seguida por uma procissão com as relíquias da Cruz.
sexta-feira, 29 de setembro de 2023
terça-feira, 26 de setembro de 2023
Leitura litúrgica do Livro de Tobias (2)
“Bendizei o Senhor
seus eleitos, fazei festa e alegres louvai-o!” (Tb 13,8).
Na postagem anterior desta série sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura iniciamos o estudo do Livro de Tobias (Tb),
umas das “novelas bíblicas” do Antigo Testamento (AT), junto com Rute, Ester
e Judite.
Na primeira parte, após uma breve introdução, analisamos sua leitura sob o
critério da composição harmônica, isto é, da sintonia com o tempo ou a festa
litúrgica, como indica o n. 66 do Elenco das Leituras da Missa (ELM) [1]. Agora gostaríamos de dar continuidade a esta proposta
contemplando sua presença na Liturgia sob o critério da leitura semicontínua e seus
textos entoados como cânticos.
3. Leitura litúrgica
do Livro de Tobias: Leitura
semicontínua
A leitura semicontínua, segundo critério de seleção dos
textos bíblicos para as celebrações, consiste na proclamação dos principais
textos de um livro na sequência, oferecendo aos fiéis um contato mais amplo com
a Palavra de Deus (cf. ELM, n. 66).
a) Celebração
Eucarística
Como vimos nas postagens anteriores, das quatro “novelas
bíblicas”, duas são lidas de maneira semicontínua na Celebração Eucarística,
como indica o n. 110 do Elenco das
Leituras da Missa: “Entre aquelas narrações escritas com uma finalidade
exemplar, que exigem uma leitura bastante extensa para que se entendam, leem-se
os livros de Tobias e de Rute” [2].
Nosso livro é proferido, pois, durante a IX semana do Tempo Comum do ano ímpar.
As seis perícopes selecionadas, que nos oferecem um bom resumo da narrativa,
são:
Segunda-feira: Tb 1,3; 2,1a-8;
Terça-feira: Tb 2,9-14;
Quarta-feira: Tb 3,1-11a.16-17a;
Quinta-feira: Tb 6,10-11; 7,1.9-17; 8,4-9a;
Sexta-feira: Tb 11,5-17;
Sábado: Tb 12,1.5-15.20 [3].
b) Liturgia das Horas
No ciclo anual da Liturgia das Horas, por sua vez, não há
leituras em composição harmônica de Tobias. Não obstante, nosso livro é
lido no ciclo bienal do Ofício das
Leituras, ainda sem tradução para o Brasil, ao longo da XXV semana
do Tempo Comum nos anos pares, após a leitura de Ester e Baruc
e antes de Judite.
Ângelus: XXV Domingo do Tempo Comum - Ano A
Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 24 de setembro de 2023
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho da Liturgia de hoje apresenta-nos uma parábola
surpreendente: o dono de uma vinha sai de madrugada até ao fim da tarde para
contratar trabalhadores, mas no fim paga a todos por igual, mesmo aqueles que
só trabalharam uma hora (Mt 20,1-16). Pareceria uma injustiça, mas
a parábola não deve ser lida através de critérios salariais; antes, quer
mostrar-nos os critérios de Deus, que não calcula os nossos méritos, mas nos
ama como filhos.
Detenhamo-nos em duas ações divinas que emergem da história. Em
primeiro lugar, Deus sai a todas as horas para nos chamar;
segundo, retribui a todos com a mesma “moeda”.
Em primeiro lugar, Deus é aquele que sai a todas as horas
para nos chamar. A parábola diz que o senhor «saiu de madrugada a fim de
contratar trabalhadores para a sua vinha» (v. 1), mas depois continua a sair a
várias horas do dia, até ao pôr do sol, para procurar aqueles que ainda ninguém
tinha levado para trabalhar. Compreendemos assim que, na parábola, os operários
não são apenas os homens, mas sobretudo Deus, que sai sempre sem se cansar o
dia inteiro. Deus é assim: não espera os nossos esforços para vir ao nosso
encontro, não faz um exame para avaliar os nossos méritos antes de nos
procurar, não desiste se tardamos a responder-lhe; pelo contrário, Ele mesmo
tomou a iniciativa e, em Jesus, “saiu” ao nosso encontro, para nos manifestar o
seu amor. E procura-nos a todas as horas do dia, que, como diz São Gregório
Magno, representam as diferentes etapas e estações da nossa vida até à velhice
(cf. Homilias sobre o Evangelho, 19). Para o seu coração
nunca é demasiado tarde, está sempre à nossa procura e à nossa espera. Não nos
esqueçamos disto: o Senhor procura-nos e espera-nos sempre, sempre!
Precisamente por ser tão generoso, Deus - esta é a segunda ação
- retribui a todos com a mesma “moeda”, que é o seu amor. Eis o
sentido último da parábola: os trabalhadores da última hora são pagos como os
da primeira, porque, na realidade, a justiça de Deus é superior. Vai mais além.
A justiça humana diz para “dar a cada um o que merece”, ao passo que a justiça
de Deus não mede o amor pela balança dos nossos resultados, dos nossos
desempenhos ou dos nossos fracassos: Deus ama-nos simplesmente,
ama-nos porque somos filhos, e fá-lo com um amor incondicional e gratuito.
Irmãos e irmãs, por vezes corremos o risco de ter uma relação
“mercantil” com Deus, confiando mais nas nossas proezas do que na sua
generosidade e na sua graça. Por vezes, mesmo como Igreja, em vez de sairmos a
todas as horas do dia e estendermos os braços a todos, podemos sentir-nos como
os primeiros da turma, julgando os outros que estão longe, sem pensar que Deus
também os ama com o mesmo amor que tem por nós. E mesmo nas nossas relações,
que são o tecido da sociedade, a justiça que praticamos não consegue por vezes
sair da gaiola do cálculo, e limitamo-nos a dar de acordo com o que recebemos,
sem ousar ir mais longe, sem apostar na eficácia do bem feito gratuitamente e
do amor oferecido de coração aberto. Irmãos e irmãs, perguntemo-nos: eu,
cristão, eu, cristã, sei ir ao encontro dos outros? Sou generoso, sou generosa
para com todos, sei dar aquele “mais” de compreensão e de perdão, como Jesus
fez e faz todos os dias comigo?
Que Nossa Senhora nos ajude a convertermo-nos à medida de Deus, a
do amor sem medida.
Parábola dos trabalhadores da vinha (Andrei Mironov) |
Fonte: Santa Sé.
segunda-feira, 25 de setembro de 2023
Comemoração dos discípulos de Emaús na Terra Santa
No dia 25 de setembro o Martirológio Romano propõe a comemoração de São Cléofas e do "outro discípulo" que se encontraram com o Senhor na tarde da Páscoa no caminho de Emaús (cf. Lc 24,13-35). Para saber mais, confira nossa postagem sobre o culto aos santos do Novo Testamento.
De acordo com a tradição, o "outro discípulo" chamava-se Simeão e era provavelmente filho de Cléofas. Ambos, venerados como mártires, são particularmente celebrados na Terra Santa, na localidade de El Qubeibeh (ou Al-Qubeibeh), em uma data próxima ao dia 25 de setembro. Confira nossa postagem sobre essa localidade clicando aqui.
Neste ano de 2023, a Missa da Festa dos Santos Cléofas e Simeão foi celebrada no sábado, dia 23 de setembro, no Santuário da Manifestação do Senhor em El Qubeibeh, presidida pelo Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton.
Detalhe da fachada do Santuário |
Procissão de entrada |
Incensação do altar |
Ritos iniciais |
Evangelho |
Fotos da Missa do Papa em Marselha
No início da tarde de sábado, 23 de setembro de 2023, o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa no Stade Vélodrome em Marselha (França) durante sua Viagem Apostólica à cidade no contexto dos Rencontres Méditerranéennes (Encontros Mediterrâneos).
A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada pelo Arcebispo de Marselha, Cardeal Jean-Marc Aveline, assistido pelo Monsenhor Ján Dubina.
O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli. O Missal para a Viagem Apostólica pode ser visto aqui (foi celebrada a Missa votiva a Nossa Senhora da Guarda - Notre-Dame de la Garde -, padroeira de Marselha).
Ritos iniciais |
Liturgia da Palavra |
Evangelho |
Homilia do Papa: Missa em Marselha
Viagem Apostólica a Marselha (França)
Santa Missa
Homilia do Papa Francisco
Stade Vélodrome, Marselha
Sábado, 23 de setembro de 2023
Narram as Escrituras que o rei Davi, depois de tornar estável o seu
reino, decidiu transportar a Arca da Aliança para Jerusalém. Então, depois de
ter convocado o povo, levantou-se e partiu para ir buscá-la; em seguida,
durante o trajeto, ele mesmo dançava diante dela juntamente com o povo,
exultando de alegria pela presença do Senhor (cf. 2Sm 6,1-15).
Tendo como pano de fundo esta cena, o evangelista Lucas conta-nos a visita de
Maria à prima Isabel: de fato, também Maria se levanta e parte para a região de
Jerusalém e, quando entra na casa de Isabel, o menino que esta traz no ventre,
reconhecendo a chegada do Messias, salta de alegria e põe-se a dançar como fez
Davi diante da Arca (cf. Lc 1,39-45).
Assim, Maria é apresentada como a verdadeira Arca da Aliança, que introduz no mundo o Senhor Encarnado. É a jovem Virgem que vai ao encontro da idosa estéril e, levando Jesus, torna-se sinal da visita de Deus que vence toda a esterilidade. É a Mãe que sobe rumo aos montes de Judá, para nos dizer que Deus se põe em viagem para vir ao nosso encontro, para nos procurar com o seu amor e fazer-nos exultar de alegria. É Deus, quem se põe em viagem!
Nestas duas mulheres, Maria e Isabel, desvenda-se a visita de Deus à
humanidade: uma é jovem e a outra idosa, uma é virgem e a outra estéril; e,
contudo, ambas estão grávidas de modo «impossível». Esta é a obra de Deus na
nossa vida: torna possível mesmo aquilo que parece impossível, gera vida mesmo
na esterilidade.
Irmãos e irmãs, perguntemo-nos de coração sincero: Acreditamos que Deus
está a agir na nossa vida? Cremos que o Senhor age, de forma escondida e
frequentemente imprevisível, na história, realiza maravilhas e atua também nas
nossas sociedades marcadas pelo secularismo mundano e por certa indiferença
religiosa?
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
A viagem do Papa Francisco a Marselha
Nos dias 22 e 23 de setembro de 2023 o Papa Francisco
realiza sua 44ª Viagem Apostólica, a 18ª dentro da Europa, com destino a
Marselha (França).
A Viagem se dá no contexto dos “Rencontres
Méditerranéennes” (Encontros Mediterrâneos), que reúnem Bispos e jovens dos
diversos países banhados pelo Mar Mediterrâneo, dando continuidade aos
encontros em Bari (2020) e Florença (2022).
Esta é a segunda vez que o Papa se dirige ao território
francês, após a visita ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa na cidade
de Estrasburgo em 25 de novembro de 2014. Nessa ocasião, porém, não houve
nenhuma celebração litúrgica.
São João Paulo II (†2005) visitou a França em sete ocasiões
(1980, 1983, 1986, 1988, 1996, 1997 e 2004) e Bento XVI (†2022) em uma ocasião
(2008). Nenhum dos dois, contudo, esteve em Marselha.
Programa da viagem
Sexta-feira, 22 de setembro:
Após chegar ao Aeroporto Internacional de Marselha na tarde
da sexta-feira, o Papa se dirige à Basílica de Notre-Dame de la Garde
para um momento de oração mariana com o clero. Em seguida visita um memorial
dedicado às pessoas que morreram no mar.
Sábado, 23 de setembro:
Na manhã do sábado, após um encontro privado com moradores
de rua, Francisco participa da sessão conclusiva dos Rencontres
Méditerranéennes, encontrando-se em seguida com o Presidente da República
Francesa.
À tarde, por sua vez, o Papa preside a Santa Missa votiva em
honra da Virgem Maria no Stade Vélodrome, um estádio de Marselha,
dirigindo-se em seguida ao Aeroporto, de onde retorna a Roma.
Confira a Homilia do Papa e as Fotos da celebração.
Infelizmente a Santa Sé não divulgou os dados estatísticos
da Igreja na França, como costuma ocorrer antes de cada Viagem Apostólica,
limitando-se a indicar os dados da Arquidiocese de Marselha.
Programa da viagem: Boletim de imprensa da
Santa Sé.
quarta-feira, 20 de setembro de 2023
Coroação da imagem de Nossa Senhora da Soledade em Mafra
No dia 17 de setembro de 2023 teve lugar a coroação canônica da imagem de Nossa Senhora da Soledade [1] na Basílica de Mafra, região metropolitana de Lisboa (Portugal), presidida pelo Cardeal José Tolentino Calaça de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, como Legado do Papa Francisco.
A imagem, que neste ano completou 250 anos, é a terceira a receber a coroação pontifícia em Portugal, após as imagens de Nossa Senhora do Sameiro em Braga (1904) e de Nossa Senhora de Fátima (1946).
O Cardeal Tolentino presidiu a oração das Vésperas na tarde do sábado, dia 16, e a Santa Missa com a coroação da imagem no domingo, dia 17, na Basílica de Nossa Senhora e de Santo Antônio em Mafra, parte do complexo do Palácio Nacional de Mafra.
16 de setembro: Vésperas
Imagem de Nossa Senhora da Soledade solenemente exposta no altar-mor |
Oração diante do Santíssimo Sacramento |
Procissão de entrada |
Oração das Vésperas |
terça-feira, 19 de setembro de 2023
Leitura litúrgica do Livro de Tobias (1)
“Bendize o Senhor em
todo o tempo, e pede-lhe para que sejam retos os teus caminhos” (Tb 4,19).
Dedicamos as postagens anteriores da nossa série sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura aos livros do Antigo Testamento (AT)
definidos como “novelas bíblicas”, isto é, narrativas sobre diversos aspectos
da vida quotidiana, com propósito didático.
Após analisar os três livros que têm mulheres como
protagonistas (Rute, Ester e Judite), cabe-nos agora contemplar o último escrito desse bloco: o Livro de Tobias (Tb).
1. Breve introdução
ao Livro de Tobias
Assim como Judite,
Tobias é um livro deuterocanônico
(“da segunda lista”), isto é, tendo sido escrito em grego, não foi aceito na
Bíblia hebraica (e posteriormente rejeitado também pelos protestantes). Contudo,
é possível que tenha existido um original aramaico ou hebraico que se perdeu.
Em grego o livro possui duas versões, razão pela qual há
diferenças na numeração dos versículos nas traduções. Seu nome em grego é Τοβίτ,
Tobit, embora o conheçamos como Tobias, nome do seu filho. Ambos são
nomes simbólicos que provêm da mesma raiz hebraica: tôb, bom.
Como as demais “novelas bíblicas”, trata-se de uma história
fictícia. Isto fica claro pelos erros históricos e geográficos em sua
narrativa: são “erros” propositais, que o autor usa para recordar ao leitor que
a sua mensagem serve para todos os tempos e lugares.
A redação do livro pode ser datada entre o final do século
III e o início do século II a. C., no início do período helênico, quando os
primeiros reis selêucidas foram tolerantes com a fé judaica. A obra tem como
objetivo exortar à prática das “boas obras”, como dar esmolas ou sepultar os
mortos.
Sua narrativa pode ser organizada em três grandes partes:
a) Tb 1–4: As “desventuras” de Tobit e Sara;
b) Tb 5–10: A viagem de Tobias e o seu casamento com
Sara;
c) Tb 11–14: A cura de Tobit e o seu cântico de ação
de graças.
A história é ambientada na Assíria, após o fim do reino do
norte, Israel (722 a. C.) Primeiramente Tobit se apresenta: é um judeu piedoso,
que dá esmolas e sepulta os mortos (cap. 1). Porém, quase como um “novo Jó”, é
perseguido, perde seus bens e fica cego (cap. 2), entoando então uma súplica a
Deus (Tb 3,1-6).
Em Tb 3,7 somos apresentados a Sara, filha de Raguel
(“amigo de Deus”): ela casara-se sete vezes, mas o demônio Asmodeu (cujo nome
poderia significar “destruidor”) matara todos os seus maridos antes que a união
fosse consumada. Ela então também eleva a Deus uma súplica (Tb 3,11-15).
Deus ouve as súplicas dos dois “desventurados” e envia-lhes
o anjo Rafael, isto é, “Deus cura” (Tb 3,16-17). Antes da sua intervenção,
porém, a primeira parte encerra-se com o envio de Tobias a outra cidade para
resgatar um dinheiro depositado por Tobit. O cap. 4 é formado por conselhos de
caráter sapiencial e religioso do pai a seu filho.
A segunda parte do livro começa com a viagem de Tobias,
acompanhado por Rafael, que a princípio não se dá a conhecer (cap. 5–6). Por
sua intervenção, Tobias casa-se com Sara e a jovem é libertada do demônio
Asmodeu (cap. 7–8). Essa segunda parte encerra-se com a recuperação do dinheiro
e a viagem de volta (cap. 9–10).
A última parte da história é marcada pelo encontro entre pai
e filho e pela cura de Tobit, novamente pela intervenção de Rafael (cap. 11),
que por fim se dá a conhecer (cap. 12). A obra se encerra com um cântico de
ação de graças de Tobit (cap. 13) e a narração da sua morte (cap. 14).
Tobit sepultando os mortos (Andrea di Lione) |
Como podemos ver, o Livro
de Tobias é uma “história de família”, sobre o valor do matrimônio e a
importância de praticar boas ações. O recurso a diversos gêneros literários dá
um colorido particular à obra. Está próxima dos escritos sapienciais, enquanto
sua teologia é deuteronomista, marcada pela promessa de que, no final, Deus
recompensará o justo.
Para saber mais, confira a bibliografia indicada no final da
postagem.
2. Leitura litúrgica
do Livro de Tobias: Composição
harmônica
Como fizemos com as demais “novelas bíblicas”, analisaremos
a presença do Livro de Tobias nas celebrações
litúrgicas segundo os dois critérios de seleção dos textos bíblicos indicados
pelo Elenco das Leituras da Missa (ELM)
em seu n. 66: a composição harmônica e a leitura semicontínua [1].
Ângelus: XXIV Domingo do Tempo Comum - Ano A
Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 17 de setembro de 2023
Estimados
irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje
o Evangelho fala-nos de perdão (Mt 18,21-35).
Pedro pergunta a Jesus: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar
contra mim? Até sete vezes?» (v. 21).
Sete,
na Bíblia, é um número que indica plenitude, e por isso Pedro é muito generoso
nas hipóteses da sua pergunta. Mas Jesus vai mais longe e responde-lhe: «Não te
digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete» (v. 22). Diz-lhe, portanto,
que quando se perdoa não se calcula, que é bom perdoar tudo e sempre! Tal como
Deus faz conosco, e como são chamados a fazer aqueles que administram o perdão
de Deus: perdoar sempre. Digo isto aos padres, aos confessores:
perdoai sempre como Deus perdoa.
Jesus
ilustra então esta realidade através de uma parábola, que tem sempre a ver com
números. Um rei, depois de que lhe implorasse, perdoa a um servo a dívida de
10.000 talentos: é um valor exagerado, imenso, que varia entre 200 e 500
toneladas de prata: exagerado. Era uma dívida impossível de saldar, mesmo
trabalhando toda a vida: mas aquele senhor, que recorda o nosso Pai, perdoa-lhe
por pura «compaixão» (v. 27). É assim o coração de Deus: perdoa sempre, porque
Deus é compassivo. Não esqueçamos como é Deus: próximo, compassivo e terno;
este é o modo de ser de Deus. Mas depois este servo, ao qual a dívida foi
perdoada, não tem piedade de outro servo que lhe deve 100 denários. Também esta
é uma soma substancial, equivalente a cerca de três meses de salário - como se
quisesse dizer que perdoar uns aos outros tem um preço! - mas não é de modo
algum comparável à quantia anterior, que o patrão tinha perdoado.
A
mensagem de Jesus é clara: Deus perdoa incalculavelmente, ultrapassando todas
as medidas. Ele é assim, age por amor e por gratuidade. Deus não pode ser
comprado, Deus é gratuito, é todo gratuidade. Não podemos retribuir-lhe, mas
quando perdoamos ao nosso irmão ou irmã, imitamo-lo. Perdoar não é, portanto,
uma boa ação que se pode fazer ou deixar de fazer: perdoar é uma condição
fundamental para quem é cristão. Cada um de nós, de fato, é um “perdoado” ou
uma “perdoada”: não esqueçamos isto, nós somos perdoados, Deus deu a vida por
nós e de modo algum podemos compensar a sua misericórdia, que Ele nunca retira
do coração. Mas, correspondendo à sua gratuidade, isto é, perdoando-nos uns aos
outros, podemos dar testemunho dele, semeando vida nova à nossa volta. Porque
fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio
que purifica o ar poluído pelo ódio, o perdão é o antídoto que cura os venenos
do ressentimento, é o caminho para desarmar a raiva e curar tantas doenças do
coração que contaminam a sociedade.
Perguntemo-nos
então: acredito que recebi de Deus o dom de um perdão imenso? Sinto a alegria
de saber que Ele está sempre pronto a perdoar-me quando peco, até quando os
outros não o fazem, ou até quando nem eu mesmo consigo me perdoar? Ele perdoa:
acredito que Ele perdoa? E depois: sei perdoar, por minha vez, aqueles que me
ofenderam? A este respeito, gostaria de vos propor um pequeno exercício:
procuremos, agora, cada um de nós, pensar numa pessoa que nos ofendeu e peçamos
ao Senhor a força para perdoá-la. E perdoemo-la por amor ao Senhor: irmãos e
irmãs, isso nos fará bem, restaurará a paz nos nossos corações.
Maria,
Mãe de Misericórdia, nos ajude a aceitar a graça de Deus e a perdoarmo-nos uns
aos outros.
Parábola do servo impiedoso (Claude Vignon) |
Fonte: Santa Sé.
segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Vésperas em honra da Santa Cruz em Milão (2023)
Na tarde do sábado, dia 16 de setembro de 2023, o Arcebispo de Milão (Itália), Dom Mario Enrico Delpini, presidiu a oração das Vésperas em honra da Santa Cruz com o tradicional "rito da Nivola" na Catedral de Santa Maria Nascente, o Duomo de Milão.
Este rito é uma das particularidades do Rito Ambrosiano, próprio da Arquidiocese de Milão, com o qual se abre o Tríduo do "Santo Chiodo" (Santo Cravo), a suposta relíquia de um dos cravos da Paixão, exposta em um artístico relicário em forma de cruz.
O "rito da Nivola" tem lugar no sábado mais próximo à Festa da Exaltação da Santa Cruz: durante a oração das Vésperas, a relíquia é transladada do alto da abside até o presbitério em um "andor" em forma de nuvem (nivola).
O Santo Chiodo fica exposto durante três dias, de sábado a segunda-feira, sendo então novamente guardado em seu relicário no alto da abside do Duomo.
A "nivola" preparada para a transladação |
O Arcebispo sobre na "nivola" até a abside |
Transladação do "Santo Chiodo" |
850 anos das relíquias de São Vicente em Lisboa
Na manhã de sábado, dia 16 de setembro de 2023, o Patriarca de Lisboa (Portugal), Dom Rui Manuel Sousa Valério, que recentemente tomou posse desse ofício, presidiu a Santa Missa na Catedral Patriarcal de Santa Maria Maior nos 850 anos da chegada a Lisboa das relíquias de São Vicente, Diácono e Mártir (†304).
São Vicente, diácono de Saragoça (Espanha) martirizado durante a perseguição de Diocleciano, é o padroeiro do Patriarcado e da cidade de Lisboa, que recebeu parte de suas relíquias em setembro de 1173. Sua memória se celebra no dia 22 de janeiro.
Imagem de São Vicente venerada na Sé de Lisboa |
Procissão de entrada |
Ritos iniciais |
Evangelho |
sábado, 16 de setembro de 2023
Festa da Exaltação da Santa Cruz em Cracóvia (2023)
Entre os dias 13 e 14 de setembro de 2023 a celebração da Festa da Exaltação da Santa Cruz na Arquidiocese de Cracóvia (Polônia) foi marcada por três Missas solenes:
Na tarde de quarta-feira, dia 13, o Arcebispo, Dom Marek Jędraszewski, presidiu a Missa na igreja da Santa Cruz em Cracóvia.
Na quinta-feira, dia 14, por sua vez, o Arcebispo celebrou a Missa na Basílica da Santa Cruz (Abadia Cisterciense de Mogiła), no distrito de Nowa Huta, enquanto o Arcebispo Emérito, Cardeal Stanisław Dziwisz, celebrou na Catedral dos Santos Estanislau e Venceslau, a Catedral de Wawel.
sexta-feira, 15 de setembro de 2023
Festa da Exaltação da Santa Cruz em Jerusalém (2023)
No dia 14 de setembro de 2023 o Vigário da Custódia Franciscana da Terra Santa, Padre Ibrahim Faltas, presidiu a Missa da Festa da Exaltação da Santa Cruz no altar do Calvário na Basílica do Santo Sepulcro.
Para saber mais, confira nossas postagens sobre a história da Festa da Exaltação da Santa Cruz e sobre a Basílica do Santo Sepulcro.
Relíquia da Santa Cruz venerada na Basílica |
Procissão de entrada |
A relíquia da Cruz é depositada no altar |
Incensação |
Sugestão de leitura: Os múltiplos tesouros da única Palavra
“A Palavra de Deus, constantemente anunciada na Liturgia,
é sempre viva e eficaz pelo poder do Espírito Santo” (ELM, 4).
No dia 30 de setembro celebramos a Memória de São Jerônimo,
Presbítero e Doutor da Igreja, grande tradutor e estudioso da Bíblia. Por esse
motivo, a Igreja no Brasil dedica o mês de setembro de maneira especial ao
estudo e à contemplação da Sagrada Escritura.
Por esse motivo propomos como sugestão de leitura neste mês
uma obra sobre a leitura da Palavra de Deus nas celebrações, tema que abordamos sobretudo em nossa série sobre a leitura litúrgica de cada um dos livros da Bíblia.
Trata-se do livro Os múltiplos tesouros da única
Palavra: Introdução ao Lecionário e à leitura litúrgica da Bíblia, de autoria do Monsenhor
Renato de Zan, publicado em italiano em 2012 e traduzido para o Brasil pela
Editora Vozes em 2015.
A seguir apresentamos brevemente os seis capítulos, além da Introdução e da Conclusão, nos quais estão divididas as 156 páginas que compõem o livro.
Os longos títulos dos capítulos trazem citações sobretudo do Elenco das Leituras da Missa (ELM), isto é, da Introdução Geral ao Lecionário, que recentemente recebeu uma nova tradução pelas Edições CNBB em vista da publicação da 3ª edição do Missal Romano.
Outras expressões citadas nos títulos dos capítulos são tomadas da própria Sagrada Escritura e dos documentos da Igreja, como a Constituição Dogmática Dei Verbum (DV) do Concílio Vaticano II.
Introdução: A Palavra de Deus, fundamento da ação litúrgica (ELM 9) - Leitura litúrgica da Palavra de Deus (pp. 07-24)
Aqui o autor apresenta o objetivo da obra e a bibliografia utilizada, com obras em vários idiomas.
Capítulo I: “Recebi do Senhor aquilo que eu mesmo vos transmiti” (1Cor 11,23) - A Liturgia da Palavra do I ao VI século (pp. 25-38)
Neste capítulo e no próximo traça-se um breve histórico da leitura da Palavra de Deus na Liturgia: aqui, primeiramente, recolhem-se os testemunhos do Antigo e do Novo Testamento e dos primeiros séculos da história da Igreja.
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