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terça-feira, 22 de abril de 2025

Via Sacra no Coliseu 2025: Meditações do Papa Francisco

Neste Ano Jubilar de 2025, assim como em 2024, as meditações para a tradicional oração da Via Sacra junto ao Coliseu na noite da Sexta-feira Santa foram escritas pelo Papa Francisco. Este foi um dos últimos textos do Pontífice, falecido na segunda-feira, 21 de abril.

Para saber mais, confira nossas postagem sobre a Via Sacra e sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Sexta-feira Santa
Via Sacra no Coliseu
18 de abril de 2025
Meditações do Papa Francisco

Canto inicial
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi: quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R: Amém.

Introdução
O caminho para o Calvário passa pelas estradas do nosso dia-a-dia. Nós, Senhor, vamos normalmente na direção oposta à vossa. Por isso mesmo pode acontecer que encontremos o vosso rosto e que cruzemos com o vosso olhar. Caminhamos como de costume e Vós vindes ao nosso encontro. Os vossos olhos leem o nosso coração. Hesitamos, então, em continuar como se nada tivesse acontecido. Podemos dar meia-volta, olhar para Vós e vos seguir. Podemos nos identificar com o vosso caminho e perceber que é melhor mudar de rumo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 10,21)
Jesus olhou para ele com amor, e disse: «Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!».

Jesus é o vosso nome e verdadeiramente em Vós «Deus salva». O Deus de Abraão que chama, o Deus de Isaac que provê, o Deus de Jacó que abençoa, o Deus de Israel que liberta: no vosso olhar, Senhor, que percorreis Jerusalém, há toda uma revelação. Nos vossos passos que saem da cidade está o nosso êxodo para uma nova terra. Viestes para mudar o mundo: para nós isso significa mudar de direção, ver a bondade dos vossos passos, deixar trabalhar no nosso coração a memória do vosso olhar.
A Via Sacra é a oração de quem está em movimento. Interrompe os nossos caminhos habituais, para que do cansaço passemos à alegria. É verdade que nos custa trilhar o caminho de Jesus: neste mundo que tudo calcula, a gratuidade tem um preço elevado. No dom gratuito, porém, tudo volta a florescer: uma cidade dividida em facções e dilacerada por conflitos caminha em direção à reconciliação; uma religiosidade estéril redescobre a fecundidade das promessas de Deus; até um coração de pedra pode transformar-se em um coração de carne. Basta ouvir o convite: «Vem e segue-me!», e confiar nesse olhar de amor.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2015

Nesta primeira sexta-feira da Quaresma, como de costume aqui em nosso blog, publicamos um esquema de meditações para a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
Para saber mais, confira nossas postagens sobre a Via Sacra e sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Nesta postagem recordamos as meditações proferidas há 10 anos, na Via Sacra presidida pelo Papa Francisco na Sexta-feira Santa de 2015, elaboradas por Dom Renato Corti (†2020), Bispo Emérito de Novara (Itália), criado Cardeal no ano seguinte.

Como ilustrações, propomos a Via Sacra realizada pelo pintor italiano Gaetano Previati (†1920), realizada entre 1901 e 1902 e conservada nos Museus Vaticanos.

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 03 de abril de 2015

Meditações de Dom Renato Corti
Bispo Emérito de Novara (Itália)

A Cruz, ápice luminoso do amor de Deus que nos guarda
Chamados, também nós, a sermos guardiões por amor

Canto inicial:
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi,
quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
Domine, miserere nobis.

Caminho do Calvário (Gaetano Previati, Milão)

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.

Estávamos no dia 19 de março de 2013. O Papa Francisco tinha sido eleito poucos dias antes. Fez a homilia sobre São José, dizendo que era o «guardião» de Maria e de Jesus (cf. Mt 1,24) e que o seu estilo era feito de discrição, humildade, silêncio, presença constante e fidelidade total.
Na Via Sacra que estamos prestes a começar haverá uma referência constante ao dom de sermos guardados pelo amor de Deus, nomeadamente por Jesus Crucificado, e ao dever de, por nossa parte, sermos por amor guardiões da criação inteira, de todas as pessoas, especialmente das mais pobres, de nós mesmos e das nossas famílias, para fazer brilhar a estrela da esperança.
Queremos viver esta Via Sacra em uma profunda intimidade com Jesus. Vendo com atenção aquilo que está escrito nos Evangelhos, se individuarão discretamente alguns sentimentos e pensamentos que poderiam ocupar a mente e o coração de Jesus naquelas horas de provação.
Ao mesmo tempo, nos deixaremos interpelar por algumas situações de vida que caracterizam - positiva ou negativamente - os nossos dias. Expressaremos assim uma ressonância, que traduz o nosso desejo de realizar algum passo de imitação de nosso Senhor Jesus Cristo na sua Paixão.

Oremos
Ó Pai, que quisestes salvar os homens com a morte do vosso Filho na Cruz, concedei-nos que, tendo conhecido na terra o seu mistério de amor, sejamos suas testemunhas, por palavras e obras, junto de todos aqueles que nos fazeis encontrar na vida diária. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém.

I Estação: Jesus é condenado à morte
Intimidade, traição, condenação

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

sábado, 14 de setembro de 2024

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2012

No dia 14 de setembro celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Aproveitamos a ocasião para resgatar as meditações da Via Sacra presidida pelo Papa Bento XVI (†2022) junto ao Coliseu romano há 12 anos, na Sexta-feira Santa de 2012, a última do seu pontificado.

Para saber mais, confira nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Pela primeira vez as meditações foram preparadas por um casal, Danilo Zanzucchi (†2022) e Anna Maria Zanzucchi, iniciadores do Movimento “Famílias Novas”, no contexto do Movimento dos Focolares, que durante muitos anos colaboraram com o Pontifício Conselho para a Família.

O livreto da celebração foi ilustrado com a Via Sacra realizada pelo escultor Benedetto Pietrogrande para uma capela do Movimento dos Focolares na Itália. Nesta postagem, por sua vez, propomos as estações realizadas pela escultora Maria de Faykod para o Santuário de Lourdes (França), em uma área plana para facilitar o acesso aos enfermos e idosos.


Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Bento XVI
Sexta-feira Santa, 06 de abril de 2012

Meditações de Danilo e Anna Maria Zanzucchi
Movimento “Famílias Novas”

Introdução
Jesus diz: «Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me» (Lc 9,23). Um convite válido para todos: solteiros e casados, jovens, adultos e idosos, ricos e pobres, desta ou daquela nação. Vale também para cada família, para os seus membros individualmente ou para a pequena comunidade como tal.
Antes de entrar na sua Paixão final, Jesus, no Horto das Oliveiras, deixado só pelos apóstolos adormecidos, teve medo daquilo que o esperava e, dirigindo-se ao Pai, pediu: «Se é possível, afaste-se de mim este cálice». Acrescentando imediatamente: «Contudo, não seja feito como Eu quero, mas sim como Tu queres» (Mt 26,39).
Daquele momento dramático e solene, tira-se uma lição profunda para quantos se puseram a segui-lo. Como cada cristão, também cada família tem a sua “via sacra”: doenças, mortes, dificuldades financeiras, pobreza, traições, comportamentos imorais de um ou de outro, desavenças com os parentes, calamidades naturais.
Mas, neste caminho doloroso, cada cristão, cada família pode levantar o olhar e fixá-lo em Jesus, Homem-Deus.
Revivamos, juntos, a experiência final de Jesus sobre a terra, acolhida pelas mãos do Pai: uma experiência dolorosa e sublime, na qual Jesus condensou o exemplo e o ensinamento mais preciosos para vivermos em plenitude a nossa vida, segundo o modelo da sua vida.

Danilo e Anna Maria Zanzucchi (2020)

Oração inicial
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.

Oremos
Jesus, nesta hora em que recordamos a vossa morte, queremos fixar amorosamente o nosso olhar nos sofrimentos indescritíveis por Vós vividos.
Sofrimentos condensados, todos, no grito misterioso que destes na cruz, antes de expirar: «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?» (Mt 27,46).
Jesus, pareceis um Deus com o ocaso à vista: o Filho sem Pai, o Pai privado do Filho.
Aquele vosso grito humano-divino que transpassou o ar no Gólgota, ainda hoje nos interroga e impressiona, mostra-nos que algo de inaudito aconteceu.
Algo de salvífico: da morte brotou a vida, das trevas a luz, da separação extrema a unidade.
A sede de nos conformarmos a Vós leva-nos a reconhecer-vos abandonado onde e como quer que seja: nas dores pessoais e coletivas, nas misérias da vossa Igreja e nas noites da humanidade, para enxertar, onde e como quer que seja, a vossa vida, propagar a vossa luz, gerar a vossa unidade.
Hoje, como então, sem o vosso abandono, não haveria Páscoa.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Via Sacra no Coliseu 2024: Meditações do Papa Francisco

Neste ano de 2024, no contexto do Ano da Oração em preparação para o Jubileu de 2025, as meditações para a tradicional oração da Via Sacra na noite da Sexta-feira Santa junto ao Coliseu foram escritas pelo Papa Francisco, intituladas “Em oração com Jesus no caminho da Cruz”.

As meditações seguiram o esquema “tradicional” das 14 estações, com uma pequena alteração: ao invés da terceira queda de Jesus, se meditaram suas últimas palavras sobre a Cruz. Para saber mais, confira nossa postagem sobre a história e a teologia da Via Sacra.

Como ilustrações ao texto do Pontífice argentino, propomos as esculturas do “Calvário de Tandil”, na província de Buenos Aires.

Sexta-Feira Santa
Via Sacra no Coliseu
29 de março de 2024
Meditações do Papa Francisco:
«Em oração com Jesus no caminho da Cruz»

Canto inicial
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi: quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R: Amém.

Introdução

Senhor Jesus, olhamos para a vossa cruz e compreendemos que destes tudo por nós. Dedicamos a Vós este tempo. Queremos passá-lo aos vossos pés, que rezastes desde o Getsêmani até ao Calvário. No Ano de Oração, unimo-nos ao vosso caminho de oração.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,32-37)
Chegados a um lugar chamado Getsêmani, (...) Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir pavor e angústia. Então lhes disse: “(...). Ficai aqui e vigiai”. Jesus foi um pouco mais adiante e, prostrando-se por terra, rezava (...): “Abbá! Pai! Tudo te é possível: Afasta de mim este cálice! Contudo, não seja feito o que Eu quero, mas sim o que tu queres!”. Voltando, encontrou os discípulos dormindo. Então disse a Pedro: “(...). Não pudeste vigiar nem mesmo uma hora?”.

Senhor, preparastes com a oração cada uma das vossas jornadas e agora, no Getsêmani, preparais a Páscoa. “Abbá, Pai! Tudo te é possível”, dizeis Vós, porque a oração é antes de tudo diálogo e intimidade; mas é também luta e súplica: Afasta de mim este cálice!”. E é abandono e oferta: “Não seja feito o que Eu quero, mas sim o que Tu queres”. Assim, em oração, entrastes pela porta estreita do nosso sofrimento e a atravessastes profundamente. Sentistes medo e angústia (cf. Mc 14, 33): medo diante da morte, angústia sob o peso do nosso pecado que experimentastes sobre Vós, enquanto vos invadia uma amargura infinita. Mas, no apogeu da luta, rezastes «com mais insistência» (Lc 22,44): assim transformastes a veemência do sofrimento em oferta de amor.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2014

Estamos aproximadamente na metade do Tempo da Quaresma deste ano de 2024. Assim, após propor as meditações da Via Sacra no Coliseu na Sexta-feira Santa de 2004, nesta postagem destacamos as meditações da Via Sacra presidida pelo Papa Francisco há 10 anos, na Sexta-feira Santa de 2014.

Para saber mais, confira nossas postagens sobre a Via Sacra e sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

As meditações foram preparadas por Dom Giancarlo Maria Bregantini, Arcebispo de Campobasso-Boiano, na região italiana de Molise (Arcebispo Emérito desde dezembro de 2023).

Como ilustrações, propomos a Via Sacra realizada por Giandomenico Tiepolo (ou Giovanni Domenico Tiepolo) entre 1747 e 1749 para a igreja de São Paulo em Veneza (Chiesa di San Polo).

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 18 de abril de 2014

Meditações de Dom Giancarlo Maria Bregantini
Arcebispo de Campobasso-Boiano:
«Rosto de Cristo, rosto do homem»

Canto inicial:
Adoramus te, Chiste, et benedicimus tibi,
quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.

«Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”» (Jo 19,35-37).

Crucificação - Giandomenico Tiepolo
(Museum Boijmans Van Beuningen, Rotterdam)

Amável Jesus, subistes ao Gólgota sem hesitar, obrigação de amor, e vos deixastes crucificar sem lamento. Humilde Filho de Maria, tomastes o peso da nossa noite para nos mostrar com quanta luz quereis dilatar-nos o coração. Nas vossas dores, está a nossa redenção, nas vossas lágrimas se desenha «a Hora» da revelação do Amor gratuito de Deus. Sete vezes perdoados, nos vossos últimos suspiros de Homem entre os homens, a todos nos levais de volta ao coração do Pai, para nos indicar, nas vossas últimas palavras, o caminho da redenção para toda a nossa dor. Vós, o Todo Encarnado, vos aniquilais na Cruz, compreendido apenas por aquela, a Mãe, que fielmente «estava» ao pé daquele patíbulo. A vossa sede é fonte de esperança sempre acesa, mão estendida mesmo para o malfeitor arrependido, que hoje, graças a Vós, doce Jesus, entra no paraíso. A todos nós, Senhor Jesus Crucificado, concedei a vossa infinita Misericórdia, perfume de Betânia sobre o mundo, gemido de vida para a humanidade. E no fim, abandonados nas mãos do vosso Pai, abri-nos a porta da Vida que não morre. Amém.

I Estação: Jesus condenado à morte
O dedo em riste que acusa

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2004

Nesta primeira sexta-feira da Quaresma, como de costume aqui em nosso blog, publicamos um esquema de meditação para a tradicional Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
Para saber mais, confira nossas postagens sobre a Via Sacra e sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Nesta postagem recordamos as meditações proferidas há vinte anos, na Sexta-feira Santa de 2004, a última presidida por São João Paulo II no Coliseu (uma vez que em 2005, poucos dias antes da sua morte, o Papa polonês acompanhou a Via Sacra pela televisão).

As meditações foram elaboradas pelo Padre André Louf, monge trapista (Ordem dos Cistercienses de Estrita Observância) belga, falecido em 2010, seguindo o modelo da “Via Sacra Bíblica”.

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu presidida pelo Papa João Paulo II
Sexta-feira Santa, 09 de abril de 2004
Meditações do Padre André Louf

Apresentação

Anualmente, na noite de Sexta-feira Santa, memória litúrgica da Paixão do Senhor, a Igreja de Deus que está em Roma, guiada pelo seu Pastor, o Sucessor de Pedro, realiza ao pé do Coliseu o piedoso exercício da Via Crucis, o “caminho da Cruz”. À comunidade cristã de Roma vêm juntar-se ao longo das quatorze estações peregrinos de todo o oikumene, enquanto milhões de fiéis de todas as línguas, povos e culturas se associam à oração e meditação através dos meios radio-televisivos. Neste ano, por uma feliz coincidência de calendário, os cristãos do Oriente e do Ocidente celebram simultaneamente o grande mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do único Senhor de todos e, assim, vivem contemporaneamente a memória do acontecimento fontal da sua fé.


Neste ano, os textos bíblicos da Via-Sacra são tirados do Evangelho de São Lucas e os textos de meditação compostos pelo Padre André Louf. Trata-se de um monge cisterciense de estrita observância, que vive já há alguns anos em um ermo depois de ter desempenhado o ministério de abade na sua comunidade de Notre-Dame de Monte-des-Cats em França durante trinta e cinco anos, guiando-a no seguimento de Jesus Cristo desde os anos do Concílio Vaticano II até ao limiar do terceiro milênio: um monge radicado na Sagrada Escritura pela prática quotidiana da lectio divina, amante dos Padres da Igreja dos primeiros séculos e dos místicos flamengos; um pai de monges capaz de acompanhar os irmãos na vida espiritual e na busca diária daquele ideal de “um só coração e uma só alma” que caracterizava a comunidade apostólica de Jerusalém (At 4,32). Ou seja, um monge cenobita, para quem solidão e comunhão estão em constante dialética existencial: solidão diante de Deus e comunhão fraterna, unificação interior e união comunitária, redução à simplicitas do essencial e abertura à pluralidade das expressões de fé vivida. Tal é o empenho diário do monge, a dinâmica da sua stabilitas em uma determinada realidade comunitária, o “trabalho da obediência” (Regra de São Bento, Prólogo 2) através do qual regressar a Deus.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Artigos sobre Liturgia: Revista Atualidade Teológica 2023

Já destacamos aqui em nosso blog diversos artigos sobre Liturgia publicados em revistas ligadas a distintas instituições acadêmicas.

Nesta postagem gostaríamos de propor quatro artigos relacionados à Liturgia publicados durante o ano de 2023 na Revista Atualidade Teológica (ATeo), periódico semestral da Pós-Graduação em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Confira a seguir os resumos dos artigos, que podem ser acessados na íntegra no site da Revista:

10 anos da Liturgia de Francisco: Um itinerário de encontro, diálogo e missão
Padre Fábio Luiz de Souza (Doutor em Teologia pela PUC-Rio)

O presente artigo intenta contemplar, em um breve panorama, como a Liturgia no magistério petrino é apresentada hoje, no décimo aniversário de seu pontificado. A Carta Apostólica Desiderio desideravi apresenta o conceito de Liturgia como sendo o “hoje” da história da salvação. Para viver em verdade este gesto divino, o Papa convida todos a celebrar de maneira simples e sóbria os mistérios sagrados. A Carta apresenta a Liturgia como um lugar de encontro, onde acontece um diálogo misericordioso e acolhedor e onde os fiéis são chamados à missão. Estes elementos que figuram na Carta Apostólica estão presentes nos escritos e no pontificado do Papa Francisco. O presente trabalho traça um itinerário destes conceitos por alguns dos principais escritos do Papa Francisco, e como se relacionam com culto da Igreja, até seu uso para definir a Liturgia conforme a Desiderio desideravi. Desta maneira, é possível observar os grandes desafios atuais a aplicação da liturgia e buscar através dos meios da educação litúrgica, levar aos irmãos àquela plena participação da Liturgia tão desejada pela Igreja.



“Estas palavras, embora pronunciadas por nós, devem ser tidas como pães”: A homilia como alimento para a vida cristã
Padre André Luiz Benedito (Doutor em Teologia pela PUC-Rio)

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Dissertações sobre Liturgia: Universidade Católica Portuguesa 2020-2021

Recentemente destacamos aqui em nosso blog cinco trabalhos acadêmicos sobre Liturgia defendidos durante o ano de 2022 na Universidade Católica Portuguesa (UCP), instituição fundada em 1967 com sedes em Lisboa, Braga, Porto e Viseu.

Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade à proposta de maneira “retrospectiva”, destacando cinco Dissertações de Mestrado sobre Liturgia, Sacramentos e arte sacra defendidas nessa Universidade lusitana nos anos de 2020 e 2021.

Universidade Católica Portuguesa (Logo)

Seguem os resumos dos trabalhos, que podem ser acessados na íntegra no site da UCP, conforme os links a seguir:

O Altar: Que lugar, que presença? - Espacialidade litúrgica e renovação eclesial pós-conciliar
Autor: Carlos Alexandre Alves Pinto
Orientador: Paulo Fernando de Oliveira Fontes
Dissertação de Mestrado (2020), 204 páginas

O presente trabalho procura investigar o lugar e presença do Altar no espaço litúrgico e o seu papel na comunidade crente, sob o processo da renovação eclesial pós-conciliar. Tal objetivo implica uma (re)leitura das etapas do Movimento Litúrgico pré-conciliar, dos documentos conciliares e papais, bem como do próprio ritual da dedicação do Altar. Verificamos a necessidade de uma renovação no modo de fazer a Liturgia de então. É na práxis litúrgica que nos deparamos com o mistério que no Altar se realiza - Cristo morto e ressuscitado. Neste processo, pudemos redescobrir a necessidade de compreender a dimensão simbólica e sacral das realidades que compõem a Liturgia. Reconhecendo a renovação eclesiológica - Igreja, Corpo Místico de Cristo, Povo de Deus, Sacramento de Salvação, Comunhão - percebemos a necessidade de aproximar a gestualidade litúrgico-simbólica da comunidade crente. Partindo daqui, compreendemos o convite conciliar a uma nobre simplicidade no modo de fazer e agir em Igreja e no espaço igreja. Este indicativo, ampliado além das artes, manifesta um caminho da procura da verdade, onde a ação litúrgica e vida do homem tocam a presença de Deus. Esta linha de investigação está plasmada na primeira do presente trabalho.

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Dissertações sobre Liturgia: Universidade Católica Portuguesa 2022

Aqui em nosso blog já destacamos trabalhos acadêmicos sobre Liturgia (Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado) de duas instituições do Brasil, as Pontifícias Universidades Católicas de São Paulo (PUC-SP) e do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Nesta postagem gostaríamos de “cruzar o Atlântico” e propor algumas Dissertações defendidas na Universidade Católica Portuguesa (UCP), instituição fundada em 1967 com sedes em Lisboa, Braga, Porto e Viseu.

Universidade Católica Portuguesa (Logotipo)

A seguir, pois, destacamos cinco Dissertações de Mestrado sobre Liturgia e Sacramentos defendidas nessa instituição no ano de 2022.

Seguem os resumos dos trabalhos, que podem ser acessados na íntegra no site da UCP, conforme os links a seguir:

Catequese e Liturgia no De Sacramentis e no De Mysteriis de Santo Ambrósio de Milão
Autor: Ángel David Azcurra Rodríguez
Orientador: Isidro Pereira Lamelas
Dissertação de Mestrado (2022), 154 páginas

O processo da iniciação cristã aparece, especialmente no século IV, como instância fundamental para a formação e transformação dos aspirantes ao Batismo. Disto era consciente Santo Ambrósio de Milão que, na sua preocupação pastoral, se dedicou à formação dos catecúmenos que estavam próximos de receber os sacramentos da iniciação cristã. Deste modo, as suas catequeses mistagógicas - De Sacramentis e De Mysteriis - dão a conhecer não só os conteúdos e o sentido da Liturgia batismal na explicação dos ritos e sacramentos recebidos, mas, sobretudo, a metodologia usada pelo nosso autor para transmitir toda a riqueza catequético-litúrgica da Tradição da Igreja. Assim, tais obras aparecem como o cume de todo o processo de iniciação cristã, apresentando uma grande riqueza catequética, litúrgica, teológica, moral, exegética e espiritual, muito esclarecedora e válida para os nossos dias. É nesta perspectiva que estudaremos as obras referidas, observando os seus vários elementos, dentro do contexto catecumenal, definindo este contexto e as suas caraterísticas, sempre sob a perspectiva litúrgico-catequética.
Capítulos:
1. Santo Ambrósio no seu tempo: Contexto político e eclesial, a sua figura e obra pastoral
2. Catecumenato, catequese e Liturgia no século IV
3. A mistagogia de Ambrósio de Milão: Análise das catequeses “De Sacramentis” e “De Mysteriis


Práticas silenciárias e mistagogia poética do silêncio na Liturgia
Autor: Rafael da Silva Gonçalves
Orientador: Joaquim Augusto Félix de Carvalho
Dissertação de Mestrado (2022), 97 páginas

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Artigos sobre Liturgia: Revista de Cultura Teológica 2011-2012

Em postagens anteriores aqui em nosso blog destacamos diversos artigos sobre Liturgia publicados pela Revista de Cultura Teológica, ligada ao Programa de Estudos Pós Graduados em Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP): 2022 (9 artigos); 2020 (3 artigos); 2016-2018 (6 artigos); 2013-2015 (5 artigos).

Dando continuidade a essa proposta de maneira retrospectiva, trazemos nesta postagem outros cinco artigos publicados na Revista de Cultura Teológica nos anos de 2011 e 2012.

Seguem os resumos dos artigos, que podem ser acessados na íntegra no site da Revista:

Elementos para uma compreensão do altar cristão
Gabriel Frade

O artigo, partindo de alguns dados ofertados pela história e pelo universo bíblico, quer oferecer uma visão sintética sobre o altar cristão. Tal visão deveria oferecer apenas alguns elementos que podem colaborar na compreensão do altar enquanto monumento, mas também enquanto símbolo sacramental de Cristo sempre presente à sua Igreja.



À espera de sua vinda: Uma leitura teológico-litúrgica do Tempo de Advento - Natal - Epifania e sua ligação com a Páscoa
Emanuel Bargellini; Gabriel Frade

O Ano Litúrgico é a celebração do Mistério de Cristo ao longo do Ano. Dentre os vários aspectos da celebração do Mistério no tempo dos homens, interessa-nos sobremaneira neste artigo evidenciar alguns elementos de caráter teológico-espiritual relativos aos chamados “tempos fortes”, em particular ao ciclo do Advento-Natal-Epifania e sua eventual relação com o coração do Ano Litúrgico: a Páscoa.


quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2016

No dia 14 de setembro celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Aproveitamos a ocasião para propor, de maneira retrospectiva, as meditações da Via Sacra presidida pelo Papa Francisco junto ao Coliseu romano na Sexta-feira Santa de 2016, Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

As meditações foram preparadas pelo Cardeal Gualtiero Bassetti, então Arcebispo de Perugia - Città della Pieve (desde 2022 Arcebispo Emérito), Cardeal Presbítero do Título de Santa Cecília in Trastevere.

Como ilustrações, propomos as estações realizadas pelo escultor Ubaldo Ferretti para o Santuário da Madonna dello Splendore em Giulianova (Itália).

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 25 de março de 2016

«Deus é Misericórdia»
Meditações do Cardeal Gualtiero Bassetti

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi,
quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.


Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.

«Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação!» (2Cor 1,3).
Neste Jubileu Extraordinário, também a Via Sacra da Sexta-feira Santa nos atrai com uma força especial, a força da misericórdia do Pai Celeste, que quer derramar sobre todos nós o seu Espírito de graça e consolação.
A misericórdia é o canal da graça que, de Deus, chega a todos os homens e mulheres de hoje. Homens e mulheres frequentemente perdidos e confusos, materialistas e idólatras, pobres e sós. Membros de uma sociedade que parece ter feito desaparecer o pecado e a verdade.
«Contemplarão aquele a quem transpassaram» (Zc 12,10): se cumpram também em nós, nesta noite, as palavras proféticas de Zacarias! Que o olhar se eleve das nossas infinitas misérias para se fixar n’Ele, Cristo Senhor, Amor Misericordioso. Então poderemos encontrar o seu rosto e ouvir as suas palavras: «Amei-te com um amor eterno» (Jr 31,3). Ele, com o seu perdão, apaga os nossos pecados e nos abre o caminho da santidade, no qual abraçaremos a nossa cruz, juntamente com Ele, por amor dos irmãos. A fonte que lavou o nosso pecado se tornará em nós «uma fonte de água que jorra para a vida eterna» (Jo 4,14).

Breve pausa de silêncio.

Oremos:
Eterno Pai, através da Paixão do vosso dileto Filho, quisestes revelar-nos o vosso coração e dar-nos a vossa misericórdia. Fazei que, unidos a Maria, sua e nossa Mãe, saibamos acolher e guardar sempre o dom do amor. Seja ela, Mãe da Misericórdia, a apresentar-vos as orações que vos elevamos por nós e por toda a humanidade, para que a graça desta Via Sacra chegue a cada coração humano e nele infunda nova esperança, aquela esperança indestrutível que irradia da Cruz de Jesus, que vive e reina convosco na unidade do Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,14-15)
Pilatos perguntou: “Mas que mal Ele fez?”. Eles, porém, gritaram com mais força: “Crucifica-o!”. Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado.


sábado, 8 de abril de 2023

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2023

Para a tradicional oração da Via Sacra na noite da Sexta-feira Santa junto ao Coliseu, em comemoração aos 10 anos da eleição do Papa Francisco, neste ano de 2023 foram recolhidos testemunhos de fiéis das diversas regiões do mundo visitadas pelo Pontífice, intitulados “Vozes de paz em um mundo de guerra”, que reproduzimos a seguir.

Para ilustrar as 14 estações, propomos as esculturas da Via Sacra da vila de Stradch (Страдч), na região de Lviv na Ucrânia, país que há mais de um ano sofre com a realidade da guerra.

Sexta-Feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Francisco
Coliseu (Roma), 07 de abril de 2023

«Vozes de paz em um mundo de guerra»

Oração inicial
Senhor Jesus, Tu és «a nossa paz» (Ef 2,14).
Antes da Paixão, disseste: «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não a dou como o mundo a dá» (Jo 14,27). Senhor, precisamos da tua paz, daquela paz que não conseguimos construir só com as nossas forças. Precisamos ouvir repetir aquelas palavras com que Tu, Ressuscitado, por três vezes fortaleceste o coração dos discípulos: «A paz esteja convosco!» (Jo 20,19.21.26). Jesus, que abraças a cruz por nós, vê a nossa terra sedenta de paz, enquanto o sangue dos teus irmãos e irmãs continua a ser derramado e as lágrimas de tantas mães, que perdem os filhos na guerra, se misturam com as da tua santa Mãe. Também Tu, Senhor, choraste sobre Jerusalém por não ter reconhecido o caminho da paz (cf. Lc 19,42).
E é precisamente da Terra Santa que parte, esta noite, o caminho da cruz atrás de Ti. Vamos percorrê-lo escutando o teu sofrimento, refletido nos irmãos e irmãs que no mundo sofreram e sofrem a falta de paz, deixando-nos penetrar por testemunhos e ressonâncias chegados ao ouvido e ao coração do Papa no decurso das suas viagens. São ecos de paz que afloram nesta «terceira guerra mundial aos pedaços», gritos que vêm de países e áreas hoje dilacerados por violências, injustiças e pobreza. Todos os lugares onde se sofre por conflitos, ódios e perseguições estão presentes na oração desta Sexta-feira Santa.
Senhor Jesus, no teu nascimento os anjos proclamaram nos céus: «Paz na terra aos homens» (Lc 2,14). Agora sobem ao céu as nossas orações para atrair «a paz à terra, um anseio profundo dos seres humanos de todos os tempos» (Pacem in terris, n. 1). Rezamos implorando aquela paz que nos confiaste e que não conseguimos guardar. Jesus, da cruz abraças o mundo inteiro: perdoa os nossos erros, sara os nossos corações, dá-nos a tua paz.

I Estação: Jesus é condenado à morte
(Vozes de paz da Terra Santa)

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para ser crucificado (Mt 27,26).

Barrabás ou Jesus? Devem escolher. Não é uma escolha qualquer: trata-se de decidir onde estar, que posição tomar nas complexas vicissitudes da vida. A paz, que todos desejamos, não nasce por si mesma, mas aguarda uma decisão nossa. Hoje, como então, somos continuamente chamados a escolher entre Barrabás ou Jesus: a revolta ou a mansidão, as armas ou o testemunho, o poder humano ou a força silenciosa da pequenina semente, o poder do mundo ou o do Espírito. Na Terra Santa, parece que a nossa escolha recai sempre sobre Barrabás. A violência parece ser a nossa única linguagem. O motor das retaliações recíprocas é continuamente alimentado pelo próprio sofrimento, que muitas vezes se torna o único critério de juízo. Justiça e perdão não conseguem dialogar. Vivemos juntos sem nos reconhecermos, um rejeitando a existência do outro, condenando-nos mutuamente, em um círculo vicioso sem fim e cada vez mais violento. E neste contexto carregado de ódio e rancor, também nós somos chamados a expressar um juízo e a tomar a nossa decisão. E não podemos fazê-lo sem olhar para Aquele condenado à morte, silencioso, perdedor, mas sobre o Qual recaiu a nossa escolha, Jesus. Cristo convida-nos a não usar a medida de Pilatos e da multidão, mas a reconhecer o sofrimento do outro, colocar justiça e perdão em diálogo e desejar a salvação para todos, mesmo para os ladrões, mesmo para Barrabás.

Rezemos dizendo: Ilumina-nos, Senhor Jesus!
Quando cremos que temos sempre razão...
Quando condenamos sem apelo os irmãos...
Quando fechamos os olhos perante a injustiça...
Quando sufocarmos o bem ao nosso redor...

sábado, 18 de março de 2023

Mensagem do Papa Francisco sobre arquitetura sacra

No dia 14 de março de 2023 o Papa Francisco enviou uma Mensagem à XXVI Sessão Pública das Academias Pontifícias, que teve como tema a arquitetura sacra. A Mensagem foi endereçada ao Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação e Presidente do Conselho de Coordenação entre Academias Pontifícias:

Papa Francisco
Mensagem à XXVI Sessão Pública das Academias Pontifícias

Ao prezado irmão Cardeal José Tolentino de Mendonça,
Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação,
Presidente do Conselho de Coordenação entre Academias Pontifícias

Por ocasião da XXVI Solene Sessão Pública das Academias Pontifícias, tenho o prazer de lhe apresentar, Senhor Cardeal, os melhores votos para o serviço de Presidente do Conselho de Coordenação entre Academias Pontifícias. Com efeito, com a nomeação como Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, assumiste também esta tarefa, a desempenhar no espírito e de acordo com a orientação da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (cf. art. 162).

O Papa Francisco com o Cardeal José Tolentino de Mendonça

Ao mesmo tempo, desejo manifestar a minha gratidão ao Cardeal Gianfranco Ravasi, que por quinze anos presidiu o Conselho de Coordenação, dando considerável impulso à vida das Academias Pontifícias e valorizando as Sessões Públicas. Portanto, saúdo com profunda gratidão os ilustres Presidentes e Membros presentes, bem como as distintas Autoridades e quantos participam no tradicional encontro em que, por sua vez, cada Academia apresenta um tema relevante para o próprio âmbito de atividade.

A atual Sessão Pública viu como protagonista a Pontifícia e Insigne Academia de Belas-Artes dos Virtuosos no Panteão, a mais antiga das instituições representadas no Conselho. O Presidente, Prof. Pio Baldi, e os Acadêmicos solicitaram, para esta edição do Prêmio, as propostas daqueles que, a vários níveis, se ocupam de arquitetura sagrada e, portanto, na realização de projetos, montagem, adaptação litúrgica, renovação e reutilização dos espaços destinados ao culto, tendo em consideração as novas exigências e a linguagem arquitetônica contemporânea.

sexta-feira, 17 de março de 2023

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2003

Estamos aproximadamente na metade do Tempo da Quaresma deste ano de 2023. Aproveitamos a ocasião para propor as meditações da Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa João Paulo II há 20 anos, na Sexta-feira Santa de 2003.

Por ocasião do seu 25º ano de pontificado (1978-2003), foram retomadas as meditações compostas pelo próprio Papa para os Exercícios Espirituais pregados ao Papa Paulo VI e à Cúria Romana na Quaresma de 1976, quando era ainda Cardeal Karol Józef Wojtyła, Arcebispo de Cracóvia.

Para as leituras foi priorizado o Evangelho segundo Marcos, uma vez que tanto em 1976 quanto em 2003 a Igreja de Rito Romano celebrava o Ano Litúrgico B, dedicado a este evangelista.

Ilustraremos esta postagem com as estações da Via Sacra presentes no jardim da Abadia Cisterciense de Mogiła, no Distrito de Nowa Huta em Cracóvia.

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu
Meditações do Papa João Paulo II
Sexta-feira Santa, 18 de abril de 2003

Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Via Sacra da Sexta-feira Santa do ano 2003.
Via Sacra da comunidade eclesial da Urbe convocada junto ao Coliseu, dramático e glorioso monumento da Roma imperial, testemunha muda de força e domínio, memorial de acontecimentos de vida e de morte, onde parecem ressoar, como um eco interminável, clamores de sangue (cf. Gn 4,10) e palavras que imploram concórdia e perdão.
Via Sacra do 25º aniversário do meu Pontificado como Bispo de Roma e Pastor da Igreja universal. Por graça de Deus, nestes 25 anos do meu serviço pastoral nunca faltei a este encontro, verdadeira Statio Urbis et Orbis, encontro da Igreja de Roma com os peregrinos vindos de todas as partes do mundo e com milhões de fiéis que acompanham a Via Sacra através da rádio e da televisão.
Também este ano, por renovada misericórdia do Senhor, estou convosco para percorrer na fé o trajeto de Jesus desde o Pretório de Pôncio Pilatos até o alto do Calvário.


Via Sacra, abraço ideal entre Jerusalém e Roma, entre a Cidade amada por Jesus, onde Ele deu a vida pela salvação do mundo, e a Cidade sede do Sucessor de Pedro, que preside à caridade eclesial.
Via Sacra, caminho de fé: em Jesus condenado à morte reconheceremos o Juiz universal; n’Ele carregando a Cruz, o Salvador do mundo; n’Ele crucificado, o Senhor da história, o próprio Filho de Deus.
Noite de Sexta-feira Santa, noite tépida e trepidante da primeira lua cheia da primavera. Estamos reunidos em nome do Senhor. Ele está aqui conosco, como prometeu (cf. Mt 18,20).
Conosco está também a Virgem Santa Maria. Ela esteve no alto do Gólgota como Mãe do Filho moribundo, Discípula do Mestre da verdade, nova Eva junto da árvore da vida, Mulher da dor associada ao «Homem das dores, experimentado nos sofrimentos» (Is 53,3), Filha de Adão, nossa Irmã, Rainha da Paz.
Mãe de misericórdia, ela inclina-se sobre os seus filhos, ainda expostos a perigos e aflições, para ver os seus sofrimentos, ouvir o gemido que se eleva da sua miséria, levar conforto e reavivar a esperança da paz

Oremos
Olha, Pai Santo, o sangue que jorra do peito transpassado do Salvador; olha o sangue derramado por tantas vítimas do ódio, da guerra, do terrorismo, e concede, benigno, que o curso dos acontecimentos no mundo se desenrole segundo a tua vontade na justiça e na paz, e a tua Igreja se dedique com serena confiança ao teu serviço e à libertação do homem. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,14-15)
Eles gritaram com mais força: “Crucifica-o!”. Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado.

sexta-feira, 3 de março de 2023

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (11)

A leitura da Bíblia, os “oásis do espírito”, a meditação... Concluindo suas Catequeses “de férias” sobre a oração, proferidas em Castel Gandolfo durante o mês de agosto de 2011, o Papa Bento XVI refletiu sobre a relação entre arte e oração.

Para acessar o índice com os links para todas as Catequeses desse ciclo, clique aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 31 de agosto de 2011
A oração (11): Arte e oração

Estimados irmãos e irmãs,
Ao longo deste período de férias, evoquei várias vezes a necessidade de que cada cristão encontre tempo para Deus, para a oração, no meio das numerosas ocupações dos nossos dias. O próprio Senhor oferece-nos muitas oportunidades para nos recordarmos d’Ele. Hoje gostaria de meditar brevemente sobre um desses canais que podem nos conduzir a Deus e servir também de ajuda no encontro com Ele: trata-se do caminho das expressões artísticas, que faz parte daquela «via pulchritudinis» - «caminho da beleza» - da qual já falei diversas vezes e que o homem contemporâneo deveria recuperar no seu significado mais profundo.

O Papa preside a Missa na célebre Capela Sistina, sob os afrescos de Michelangelo

Talvez vos tenha acontecido algumas vezes, diante de uma escultura, de um quadro, de certos versos de uma poesia ou de uma peça musical, sentir uma emoção íntima, uma sensação de alegria, ou seja, sentir claramente que diante de vós não havia apenas matéria, um pedaço de mármore ou de bronze, uma tela pintada, um conjunto de letras ou um cúmulo de sons, mas algo maior, algo que «fala», capaz de sensibilizar o coração, de comunicar uma mensagem e de elevar a alma. Uma obra de arte é fruto da capacidade criativa do ser humano, que se interroga diante da realidade visível, procura descobrir o seu sentido profundo e comunicá-lo através da linguagem, das formas, das cores e dos sons. A arte é capaz de expressar e de tornar visível a necessidade que o homem tem de ir além daquilo que se vê, pois manifesta a sede e a busca do infinito. Aliás, é como uma porta aberta para o infinito, para uma beleza e para uma verdade que vão mais além da vida quotidiana. E uma obra de arte pode abrir os olhos da mente e do coração, impelindo-nos rumo ao alto.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2013

Como já se tornou costume aqui em nosso blog, nesta primeira sexta-feira da Quaresma publicamos as meditações preparadas para a tradicional Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Nesta postagem recordamos as meditações proferidas há dez anos, na Sexta-feira Santa de 2013:

O Papa Bento XVI (†2022) convidou os jovens libaneses a prepararem as meditações, sob a orientação do Cardeal Béchara Boutros Raï, Patriarca de Antioquia dos Maronitas, após sua Viagem Apostólica ao “país dos cedros” em setembro de 2012.

A Via Sacra, porém, foi presidida pelo Papa Francisco, após a renúncia do seu predecessor.

Mosaico da Crucificação realizado pelo Centro Aletti

No texto, encontramos citações dos Padres da Igreja, das Liturgias Orientais (Maronita, Caldeia, Copta, Bizantina...), e da Exortação Apostólica Ecclesia in Medio Oriente, promulgada pelo Papa Bento XVI como fruto do Sínodo Especial para o Oriente Médio (2010).

Ilustraremos nossa postagem com as estações da Via Sacra realizadas pelo Centro Aletti (Roma) em 2017 para o Santuário de Cristo Rei em Zouk Mosbeh (Líbano).

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 29 de março de 2013

Meditações preparadas por jovens libaneses sob a orientação do Cardeal Béchara Boutros Raï, Patriarca de Antioquia dos Maronitas

Versículo introdutório
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per tuam Sanctam Crucem redemisti mundum. Domine, miserere nobis.

Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Introdução

«Quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante d’Ele, e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”» (Mc 10,17).
A esta pergunta, que arde no mais fundo do nosso ser, Jesus deu resposta percorrendo o caminho da cruz.
Nós te contemplamos, Senhor, nesta estrada pela qual Tu, por primeiro, seguiste e no fim da qual «lançaste a tua cruz como uma ponte através da morte, a fim de que os homens pudessem passar da terra da morte para a da Vida» (Santo Efrém, o Sírio).
O chamado que fazeis a seguir-te é dirigido a todos, especialmente aos jovens e a quantos são provados por divisões, guerras ou injustiças e que lutam por ser, no meio de seus irmãos, sinais de esperança e construtores de paz.
Por isso, nos colocamos com amor diante de ti, te apresentamos os nossos sofrimentos, voltamos os nossos olhares e os nossos corações para a tua Santa Cruz e, encorajados pela tua promessa, rezamos: «Bendito seja o nosso Redentor, que nos deu a vida com a sua morte. Ó Redentor, realiza em nós o mistério da tua redenção, pela tua Paixão, a tua Morte e Ressurreição» (Liturgia Maronita).

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,12-13.15)
Pilatos perguntou de novo: “Que quereis então que eu faça com o rei dos Judeus?”. Eles tornaram a gritar: “Crucifica-o!”. (...) Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado.

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2017

No dia 14 de setembro celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Aproveitamos a ocasião para propor as meditações da Via Sacra presidida pelo Papa Francisco junto ao Coliseu romano na Sexta-feira Santa de 2017.

As meditações, preparadas pela teóloga francesa Anne-Marie Pelletier, seguiram o esquema da “Via Sacra Bíblica”, com algumas modificações.

Como ilustrações, propomos as doze esculturas que compõem a Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Ta’ Pinu, em Malta, que também seguem um esquema sui generis.


Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Sexta-feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Francisco
Coliseu, Roma - 14 de abril de 2017

Meditações: Sra. Anne-Marie Pelletier

Versículo introdutório
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per tuam Sanctam Crucem redemisti mundum. Domine, miserere nobis.

Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Introdução
Por fim, a Hora chegou. O caminho de Jesus pelas estradas poeirentas da Galileia e da Judeia, ao encontro dos corpos e dos corações atribulados, impelido pela urgência de anunciar o Reino... esse caminho detém-se aqui, hoje. Na colina do Gólgota. Hoje a cruz atravanca a estrada. Jesus não irá mais longe.
Impossível ir mais longe!
Aqui o amor de Deus obtém a sua medida plena: amor sem medida.
Hoje, o amor do Pai, que deseja que todos os homens se salvem por intermédio do Filho, vai até ao extremo, onde deixamos de ter palavras, onde ficamos desorientados, onde a nossa religiosidade é ultrapassada pelo excesso dos desígnios de Deus.
Com efeito, o sucedido no Gólgota é, contra todas as aparências, questão de vida, de graça e de paz. Trata-se, não do reino do mal que conhecemos demasiado bem, mas da vitória do amor.
E, precisamente sob a mesma cruz, trata-se do nosso mundo, com todas as suas quedas e os seus sofrimentos, os seus apelos e as suas revoltas, tudo aquilo que clama a Deus, hoje, a partir das terras de miséria ou de guerra, nas famílias dilaceradas, nas prisões, nas barcaças sobrecarregadas de migrantes...
Tantas lágrimas, tanta miséria no cálice que o Filho bebe por nós.
Tantas lágrimas, tanta miséria que não acabam perdidas no oceano do tempo, mas são recolhidas por Ele, para ser transfiguradas no mistério de um amor em que o mal é consumido.
É da invencível fidelidade de Deus à nossa humanidade que se trata no Gólgota.
É um nascimento que lá se realiza!
Devemos ter a coragem de dizer que a alegria do Evangelho é a verdade deste momento!
Se o nosso olhar não alcança esta verdade, então continuamos prisioneiros nas redes do sofrimento e da morte. E tornamos vã, para nós, a Paixão de Cristo.


Oração
Senhor, os nossos olhos estão ofuscados. Como acompanhar-Vos tão longe?
“Misericórdia” é o vosso nome. Mas este nome é uma loucura.
Rompam-se os odres velhos dos nossos corações!
Curai o nosso olhar para que se ilumine com a boa notícia do Evangelho, na hora em que estamos ao pé da Cruz do vosso Filho.
E nós poderemos celebrar “a largura, o comprimento, a altura e a profundidade” (Ef 3,18) do amor de Cristo, com o coração consolado e encandeado.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2022

Neste ano de 2022 o Papa Francisco retomou a tradicional oração da Via Sacra na noite da Sexta-feira Santa junto ao Coliseu, interrompida nos últimos dois anos devido à pandemia de Covid-19. Para acessar nossa postagem sobre a história e a espiritualidade da Via Sacra, clique aqui.

Para esta ocasião, em vista do X Encontro Mundial das Famílias (a ser celebrado em Roma no próximo mês de junho), o Papa confiou as meditações da Via Sacra a um grupo de famílias: um casal jovem, um casal de idosos, a família de um enfermo...

Além disso, as meditações seguiram a “Via Sacra Bíblica”, um formulário alternativo ao esquema tradicional, centrando-se nos eventos narrados nos Evangelhos. Esta é a primeira vez que esse formulário é utilizado no pontificado do Papa Francisco. Para acessar nossa postagem sobre a Via Sacra Bíblica, clique aqui.

Confira a seguir o texto completo das meditações dessa “Via Sacra das Famílias”:

Sexta-Feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Francisco
Coliseu, Roma - 15 de abril de 2022
Meditações preparadas pelas famílias


Oração inicial
Senhor Jesus, neste dia consagrado pela vossa Paixão, as nossas vozes erguem-se para Vós com a confiança de que nos escutais.
Nós vos bendizemos porque sois para nós fonte de vida: assumistes os nossos sofrimentos, com a vossa santa cruz redimistes o mundo.
Acreditamos que pelas vossas chagas fomos curados, que não nos deixais sozinhos na hora da provação, que o vosso Evangelho é verdadeira sabedoria.
Reconhecemos o vosso corpo martirizado em tantos dos nossos irmãos e irmãs, a violência que sofrestes em quem é perseguido, o vosso abandono no vilipêndio de quem é morto.
Vós, que quisestes viver em uma família, olhai com benevolência para as nossas famílias: atendei as orações, escutai os lamentos, abençoai as resoluções, acompanhai o caminho, sustentai-as nas incertezas, consolai os afetos feridos, infundi a coragem de amar, concedei a graça do perdão, tornai-as abertas às necessidades dos outros.
Senhor Jesus, Vós que sois o Crucificado Ressuscitado, fazei que não deixemos roubar-nos a esperança de uma nova humanidade, dos novos céus e da nova terra, onde enxugareis todas as lágrimas dos nossos olhos e não haverá mais pranto nem angústia, porque as coisas velhas passaram e seremos uma grande família na vossa casa de amor e de paz.

I Estação: Jesus em agonia no Horto das Oliveiras

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,32-36)
Chegaram a uma propriedade chamada Getsêmani, e Jesus disse aos discípulos: «Ficai aqui enquanto Eu vou orar». Tomando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir pavor e a angustiar-Se. E disse-lhes: «A minha alma está numa tristeza mortal; ficai aqui e vigiai». Adiantando-Se um pouco, caiu por terra e orou para que, se possível, passasse d’Ele aquela hora. E dizia: «Abbá, Pai! Tudo Te é possível; afasta de Mim este cálice! Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres».


Meditação (Um casal de jovens esposos):
Aqui estamos nós, casados há apenas dois anos. O nosso casamento ainda não foi provado por muitas tempestades. Houve a pandemia que complicou tudo um pouco, mas estamos felizes. A nossa relação parece ser uma longa lua de mel, apesar das brigas diárias. Apesar das nossas diferenças. No entanto, muitas vezes temos medo. Quando pensamos nos casais de amigos mais velhos que não conseguiram manter-se juntos. Quando lemos nos jornais que aumentam as separações. Quando nos dizem que seguramente acabaremos por nos separar, porque assim está o mundo. É uma questão de estatísticas. Quando nos sentimos sozinhos, porque não nos entendemos. Quando o dinheiro se faz pouco para levar o mês ao fim. Quando nos sentimos como dois desconhecidos sob um mesmo teto. Quando acordamos de noite e sentimos no coração o peso e a angústia da nossa «orfandade». Porque nos esquecemos de ser filhos. Porque cremos que o nosso casamento e a nossa família dependem apenas de nós, das nossas forças. Começamos a tomar consciência de que o casamento não é só uma aventura romântica, mas também Getsêmani; é também a angústia antes de repartir o teu corpo pelo outro.

Senhor Jesus, que sofrestes pavor e angústia. R. Dai-nos a paz.
Vós que, na hora da provação, Vos pusestes a rezar...
Vós que nos chamais a vigiar e orar convosco...

terça-feira, 29 de março de 2022

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2002

Há vinte anos, no dia 29 de março de 2002, Sexta-feira Santa, o Papa João Paulo II (†2005) presidia, como de costume, o piedoso exercício da Via Sacra (ou Via Crucis) junto ao Coliseu, no Monte Palatino em Roma.

Para a ocasião, o Papa polonês confiou as meditações a um grupo de 14 jornalistas provenientes de dez países, seguindo o esquema da chamada “Via Sacra Bíblica”.


Confira a seguir as meditações dos jornalistas, que ilustramos com a “Via Crucis” da artista britânica Caroline Waterlow.

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu presidida pelo Santo Padre João Paulo II
Sexta-feira Santa, 29 de março de 2006

Meditações preparadas por:
John M. Thavis (EUA); Alexej Bukalov (Rússia); Henri Tincq (França); Greg Burke (EUA); Angel Gómez Fuentes (Espanha); Erich Kusch (Alemanha); Hiroshi Miyahira (Japão); Jacek Moskwa (Polônia); Marina Ricci (Itália); Aura Miguel (Portugal); Luigi Accattoli (Itália); Sophie de Ravinel (França); Valentina Alazraki (México); Marie Czernin (Alemanha)


Apresentação
A cada ano, ao anoitecer de Sexta-feira Santa, memória litúrgica da Paixão do Senhor, a comunidade cristã de Roma, juntamente com numerosos peregrinos vindos de todo o mundo, reúne-se à volta do Sucessor de Pedro, ao pé do Coliseu, para a piedosa devoção da Via-Sacra.
Através da televisão, milhões de fiéis participam neste momento de contemplação e oração. De certo modo, a «Urbe» e o «Orbe» [a cidade e o mundo] estão reunidos para comemorar o mistério da Paixão e Morte do Senhor, aqui apresentado através de leituras bíblicas, orações, comentários e cânticos. O caminho da cruz estende-se do interior do Coliseu até à colina do Palatino.
Como já tem acontecido nos últimos anos, as quatorze estações seguem um esquema inteiramente bíblico, com textos tirados prevalentemente do Evangelho segundo Marcos.
Todos os anos, o Santo Padre convida pessoas de várias nacionalidades e de diversas Igrejas ou Comunidades eclesiais para comentarem as estações da Via-Sacra. A novidade dos comentários da Via-Sacra 2002 está na multiplicidade dos autores: quatorze jornalistas e agentes da comunicação social, homens e mulheres, todos leigos, acreditados junto à Sala de Imprensa da Santa Sé, de várias nações, representantes de renomados jornais e redes televisivas, atentos aos fatos da crônica diária, mas também sensíveis ao mundo do espírito, formados na linguagem clara e essencial dos mass-media [meios de comunicação social], habituados à transmissão das notícias quotidianas. Eles souberam associar o mistério de Jesus Nazareno com os fatos da história contemporânea: pessoas e rostos, circunstâncias e lugares do nosso mundo também constituem uma Via-Sacra diária, continuando Cristo a viver e sofrer em tantos nossos irmãos e irmãs: nos humildes e nos pobres, nos deserdados e nos doentes, nos presos e nos perseguidos, nos sem abrigo e sem pátria. A meditação das diversas estações une frequentemente a vida de Jesus de Nazaré com a dos homens e mulheres do nosso tempo, vítimas da violência, da guerra, da perseguição, do terrorismo.
Às mulheres jornalistas foi confiado o comentário das estações onde as mulheres - Maria, a Mãe de Jesus; as discípulas que seguiram o Mestre até ao Calvário; as filhas de Jerusalém - são protagonistas e testemunhas de vários episódios da Paixão do Senhor.
Como bem o exprimiram os comentadores desta Via-Sacra 2002, também hoje resplandece o rosto de Deus no rosto de Cristo. Na sua Paixão, leem-se os sofrimentos da humanidade. Nos rostos martirizados de homens e mulheres do nosso tempo, entrevê-se o rosto de Cristo acusado, escarnecido, crucificado. Mas a sua vitória pascal, o seu triunfo sobre o mal e a morte é esperança para a humanidade inteira, promessa e antecipação de uma vida nova.