quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Ângelus: Solenidade de Cristo Rei - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 24 de novembro de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje o Evangelho da Liturgia (Jo 18,33-37) apresenta-nos Jesus diante de Pôncio Pilatos: foi entregue ao Procurador romano para ser condenado à morte. Entre os dois, porém - entre Jesus e Pilatos -, tem início um breve diálogo. Através das perguntas de Pilatos e das respostas do Senhor, duas palavras em particular são transformadas, adquirindo um novo significado. Duas palavras: a palavra “rei” e a palavra “mundo”.

Em um primeiro momento, Pilatos pergunta a Jesus: «És tu o rei dos judeus?» (v. 33). Raciocinando como funcionário do Império, quer perceber se o homem que tem diante de si constitui uma ameaça, e um rei para ele é a autoridade que governa todos os seus súditos. Isso seria uma ameaça para ele, não é verdade? Jesus afirma ser Rei, sim, mas de uma forma muito diferente! Jesus é Rei porque é testemunha: é aquele que diz a verdade (v. 37). O poder real de Jesus, o Verbo encarnado, reside na sua palavra verdadeira, na sua palavra eficaz, que transforma o mundo.

Mundo: eis o segundo momento. O “mundo” de Pôncio Pilatos é aquele no qual o forte triunfa sobre o débil, o rico sobre o pobre, o violento sobre o manso, ou seja, um mundo que infelizmente conhecemos bem. Jesus é Rei, mas o seu reino não é daquele mundo, também não é deste mundo (v. 36). O mundo de Jesus é, de fato, o mundo novo, o mundo eterno, que Deus prepara para todos, dando a sua vida pela nossa salvação. É o reino dos céus, que Cristo traz à terra, derramando a graça e a verdade (cf. Jo 1,17). O mundo do qual Jesus é Rei redime a criação arruinada pelo mal com a própria força do amor divino. Jesus salva a criação porque liberta, perdoa, dá a paz e a justiça. “Mas isto é verdade, Padre?” - “Sim”. Como está a tua alma? Há nela algo que a sobrecarrega? Alguma culpa antiga? Jesus perdoa sempre. Jesus nunca se cansa de perdoar. Este é o Reino de Jesus. Se há algo de mau dentro de ti, pede perdão. E Ele perdoa sempre.

Irmãos e irmãs, Jesus fala a Pilatos de muito perto, mas este permanece distante d’Ele, pois vive em um mundo diferente. Pilatos não se abre à verdade, apesar de tê-la diante de si. Manda crucificar Jesus e ordena que se escreva na cruz: «Rei dos judeus» (Jo 19,19), mas sem compreender o significado destas palavras. “Rei dos judeus”, daquelas palavras. No entanto, Cristo veio ao mundo, a este mundo: quem é da verdade, ouve a sua voz (cf. Jo 18,37). É a voz do Rei do universo, que nos salva.

Irmãos e irmãs, a escuta do Senhor infunde luz ao nosso coração e à nossa vida. Por isso, procuremos perguntar-nos - cada um de nós pergunte-se no seu coração: posso dizer que Jesus é o meu “rei”? Ou tenho outros “reis” no meu coração? Em que sentido? A sua Palavra é o meu guia, a minha certeza? Vejo n’Ele o rosto misericordioso de Deus que perdoa sempre, que está à espera para nos conceder o perdão?

Rezemos juntos a Maria, serva do Senhor, enquanto aguardamos com esperança o Reino de Deus.

Jesus e Pilatos (Nikolay Ge)

Fonte: Santa Sé.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Solenidade de Cristo Rei no Vaticano (2024)

No dia 24 de novembro de 2024 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a a Santa Missa da Solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (Ano B), na Basílica de São Pedro por ocasião da 39ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

No final da celebração, com efeito, os jovens do Patriarcado de Lisboa (Portugal) entregaram a Cruz e o ícone da Virgem Maria, símbolos da JMJ, aos jovens da Arquidiocese de Seoul (Coreia do Sul), sede da próxima edição internacional, em 2027.

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Yala Banorani Djetaba. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada pelo Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, assistido pelo Monsenhor Krzysztof Marcjanowicz.

O Papa acompanha a procissão de entrada
Incensação
Ritos iniciais

Evangelho

Homilia do Papa: Solenidade de Cristo Rei - Ano B

39ª Jornada Mundial da Juventude
Santa Missa na Solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 24 de novembro de 2024

No final do Ano Litúrgico a Igreja celebra a Solenidade de nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Ela convida-nos a olhar para Ele, olhar para o Senhor, origem e realização de todas as coisas (cf. Cl 1,16-17), cujo “reino jamais será destruído” (Dn 7,14).

É uma contemplação que eleva e entusiasma. Mas quando olhamos à nossa volta, o que vemos apresenta-se de forma diferente, e podem surgir em nós interrogações inquietantes. Que dizer das guerras, da violência, dos desastres ecológicos? E que pensar dos problemas que também vós, queridos jovens, tendes de enfrentar ao olhar para o amanhã: a precariedade do trabalho, a incerteza econômica, além das divisões e desigualdades que polarizam a sociedade? Por que acontece tudo isto? E o que podemos fazer para não sermos esmagados por isso? É verdade que estas são questões difíceis, mas são questões importantes.


É por isso que hoje, ao celebrarmos em todas as Igrejas a Jornada Mundial da Juventude, gostaria de propor especialmente a vós, jovens, à luz da Palavra de Deus, uma reflexão sobre três aspectos que podem nos ajudar a avançar com coragem no nosso caminho através dos desafios que encontramos. E esses aspectos são: as acusações, os consensos a verdade.

Primeiro: as acusações. O Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus na pele do acusado (Jo 18,33-37). Ele está - como se diz - “no banco dos réus”, no tribunal. Quem o interroga é Pilatos, representante do Império Romano, no qual se veem representados todos os poderes que, ao longo da história, oprimem os povos pela força das armas. Pilatos não está interessado em Jesus. Mas sabe que as pessoas o seguem, acreditando que Ele é um guia, um mestre, o Messias. E o Procurador não pode permitir que alguém crie confusão e perturbação na “paz militarizada” do seu distrito. Por isso, agrada aos poderosos inimigos deste profeta indefeso: leva-o a julgamento e ameaça condená-lo à morte. E Ele - que só pregou a justiça, a misericórdia e o perdão - não tem medo, não se deixa intimidar, nem se revolta: Jesus permanece fiel à verdade que proclamou, fiel até ao sacrifício da própria vida.

sábado, 23 de novembro de 2024

Encíclica Dilexit nos (3)

No dia 24 de outubro de 2024 o Papa Francisco promulgou a Encíclica Dilexit nos (Amou-nos) sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus.

Dada a estreita relação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus com a Liturgia e a extensão do documento (220 parágrafos), publicamos seu texto na íntegra dividido em três partes (1ª parte: nn. 1-77; 2ª parte: nn. 78-150). Confira nesta terceira parte, portanto, os nn. 151-220:

Papa Francisco
Encíclica Dilexit nos
Sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus

Capítulo IV: Amor que dá de beber

(Continuação)

A devoção da consolação

151. A chaga do lado, de onde brota a água viva, permanece aberta no Ressuscitado. Esta grande ferida causada pela lança, e as chagas da coroa de espinhos que aparecem com frequência nas representações do Sagrado Coração, são inseparáveis desta devoção. Nela contemplamos o amor de Jesus Cristo que foi capaz de se entregar até ao fim. O coração do Ressuscitado conserva estes sinais da doação total que implicou um intenso sofrimento por nós. Portanto, de algum modo, é inevitável que o fiel queira responder não só a este grande amor, mas também à dor que Cristo aceitou suportar por causa de tanto amor.

Sagrado Coração de Jesus
(Pompeo Batoni)

Com Ele na Cruz

152. Vale a pena recuperar esta expressão da experiência espiritual desenvolvida em torno do Coração de Cristo: o desejo interior de consolá-lo. Não tratarei agora da prática da “reparação”, que considero melhor inserida no contexto da dimensão social desta devoção, e que desenvolverei no próximo capítulo. Agora gostaria apenas de me concentrar naquele desejo que muitas vezes brota no coração do fiel enamorado quando contempla o mistério da Paixão de Cristo e o vive como um mistério que não só é recordado, mas que pela graça se torna presente, ou melhor, nos leva a estar misticamente presentes naquele momento redentor. Se o Amado é o mais importante, como não querer consolá-lo?

153. O Papa Pio XI procurou fundamentar esta afirmação convidando-nos a reconhecer que o mistério da redenção através da Paixão de Cristo, por graça de Deus, transcende todas as distâncias do tempo e do espaço. Deste modo, se Ele se entregou na Cruz também pelos pecados futuros, os nossos pecados, transcendendo o tempo, chegaram ao seu Coração ferido, assim como os atos que oferecemos hoje pela sua consolação: «Se, portanto, à vista de nossos pecados futuros, porém previstos, a alma de Jesus esteve triste até à morte, não há dúvida que desde então lhe tenha dado algum conforto a previsão do nosso desagravo, quando “lhe apareceu o Anjo do Céu” (Lc 22,43), a consolar-lhe o Coração oprimido de tristeza e de angústia. E assim também agora, de modo admirável, porém verdadeiro, podemos e devemos consolar este Coração Sacratíssimo, continuamente ofendido pelos pecados dos homens ingratos» (Encíclica Miserentissimus Redemptor, 08 de maio de 1928, n. 14).

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Encíclica Dilexit nos (2)

No dia 24 de outubro de 2024 o Papa Francisco promulgou a Encíclica Dilexit nos (Amou-nos) sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus.

Dada a estreita relação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus com a Liturgia e a extensão do documento (220 parágrafos), estamos publicando seu texto na íntegra dividido em três partes. Após a primeira postagem, com os nn. 1-77, confira nesta segunda parte os nn. 78-150:

Papa Francisco
Encíclica Dilexit nos
Sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus

Capítulo III: Este é o Coração que tanto amou

(Continuação)

Expressões recentes do Magistério

78. O Coração de Cristo esteve presente na história da espiritualidade cristã de diversas maneiras. Na Bíblia e nos primeiros séculos da Igreja aparecia sob a figura do lado ferido do Senhor, quer como fonte de graça, quer como apelo a um encontro íntimo de amor. Assim reapareceu constantemente no testemunho de muitos santos até aos nossos tempos. Nos últimos séculos esta espiritualidade tomou a forma de um verdadeiro culto ao Coração do Senhor.

Sagrado Coração de Jesus
(Pompeo Batoni)

79. Alguns dos meus Predecessores referiram-se ao Coração de Cristo e, com expressões variadas, convidaram a unir-se a Ele. No final do século XIX, Leão XIII convidava a nos consagrarmos a Ele e, na sua proposta, unia ao mesmo tempo o apelo à união com Cristo e a admiração perante o esplendor do seu amor infinito [3]. Cerca de trinta anos depois, Pio XI apresentou esta devoção como o resumo da experiência da fé cristã [4]. Além disso, Pio XII sustentou que o culto do Sagrado Coração exprime de forma excelente, como uma síntese sublime, a nossa adoração a Jesus Cristo [5].

80. Mais recentemente, São João Paulo II apresentou o desenvolvimento deste culto nos séculos passados como uma resposta ao crescimento de formas de espiritualidade rigoristas e desencarnadas que esqueciam a misericórdia do Senhor, mas ao mesmo tempo como um apelo contemporâneo a um mundo que procura construir-se sem Deus: «A devoção ao Sagrado Coração, do modo como se desenvolveu na Europa há dois séculos, sob o impulso das experiências místicas de Santa Margarida Maria Alacoque, foi a resposta ao rigorismo jansenista, que tinha acabado por menosprezar a infinita misericórdia de Deus... O homem do ano 2000 tem necessidade do Coração de Cristo para conhecer Deus e para conhecer a si mesmo; tem necessidade dele para construir a civilização do amor» (Audiência Geral, 08 de junho de 1994).

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Encíclica Dilexit nos (1)

No dia 24 de outubro de 2024 o Papa Francisco promulgou a Encíclica Dilexit nos (Amou-nos) sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus.

Dada a estreita relação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus com a Liturgia e a extensão do documento (220 parágrafos), publicaremos seu texto na íntegra dividido em três partes. Confira  nesta primeira parte os nn. 1-77:

Papa Francisco
Encíclica Dilexit nos
Sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus

1. «Amou-nos», diz São Paulo referindo-se a Cristo (Rm 8,37), para nos ajudar a descobrir que nada «será capaz de nos separar» desse amor (v. 39). Paulo afirmava-o com firme certeza, porque o próprio Cristo tinha garantido aos seus discípulos:  «Eu vos amei» (Jo 15,9.12). Disse também: «Chamei-vos amigos» (v. 15). O seu coração aberto precede-nos e espera-nos incondicionalmente, sem exigir qualquer pré-requisito para nos amar e oferecer a sua amizade: Ele amou-nos primeiro (cf. 1Jo 4,10). Graças a Jesus, «conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (v. 16).

Sagrado Coração de Jesus
(Pompeo Batoni)

Capítulo I: A importância do coração

2. Para exprimir o amor de Jesus Cristo recorre-se frequentemente ao símbolo do coração. Há quem se interrogue se isto atualmente tenha um significado válido. Porém, é necessário recuperar a importância do coração quando nos assalta a tentação da superficialidade, de viver apressadamente, sem saber bem para quê, de nos tornarmos consumistas insaciáveis e escravos na engrenagem de um mercado que não se interessa pelo sentido da nossa existência [1].

O que entendemos quando dizemos “coração”?

3. No grego clássico profano, o termo kardía designa a parte mais íntima dos seres humanos, dos animais e das plantas. Em Homero, indica não só o centro corpóreo, mas também a alma e o centro espiritual do ser humano. Na Ilíada, o pensamento e o sentimento pertencem ao coração e estão muito próximos um do outro (cf. canto XXI, verso 441). O coração aparece como o centro do desejo e o lugar onde são forjadas as decisões importantes de uma pessoa (cf. canto X, verso 244). Em Platão, o coração assume, de certa forma, uma função “sintetizante” do que é racional e das tendências de cada pessoa, uma vez que tanto o comando das faculdades superiores como as paixões se transmitem através das veias que convergem no coração (cf. Timeu, § 65c-d; § 70). Assim, desde a Antiguidade advertimos a importância de considerar o ser humano não como uma soma de diferentes capacidades, mas como um complexo anímico-corpóreo com um centro unificador que dá a tudo o que a pessoa experimenta um substrato de sentido e orientação.

Mensagem do Papa Francisco: Jornada Mundial da Juventude 2024

Confira a Mensagem do Papa Francisco para a 39ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se celebra a nível diocesano no domingo, 24 de novembro de 2024, Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo:

Papa Francisco
Mensagem para a 39ª Jornada Mundial da Juventude
24 de novembro de 2024
“Aqueles que esperam no Senhor, caminham sem se cansar” (cf. Is 40,31)

Caros jovens!
No ano passado começamos a percorrer o caminho da esperança rumo ao Jubileu, refletindo sobre a expressão paulina “Alegres na esperança” (Rm 12,12). Precisamente para nos prepararmos para a peregrinação jubilar de 2025, este ano deixamo-nos inspirar pelo profeta Isaías, que diz: “Os que esperam no Senhor... caminham sem se cansar” (Is 40,31). Esta expressão é retirada do chamado Livro da Consolação (Is 40–55), que anuncia o fim do exílio de Israel na Babilônia e o início de uma nova fase de esperança e de renascimento para o povo de Deus, que pode regressar à sua pátria graças a um novo “caminho” que, na história, o Senhor abre aos seus filhos (cf. Is 40,3).

Retorno do povo de Israel do exílio
(William Brassey Hole)

Também nós vivemos hoje tempos marcados por situações dramáticas que geram desespero e nos impedem de olhar para o futuro com espírito sereno: a tragédia da guerra, as injustiças sociais, as desigualdades, a fome, a exploração do ser humano e da criação. Muitas vezes quem paga o preço mais alto sois vós, jovens, que sentis a incerteza do futuro e não vislumbrais perspectivas seguras para os vossos sonhos, correndo assim o risco de viver sem esperança, prisioneiros do tédio e da melancolia, por vezes arrastados para a ilusão da transgressão e das realidades destrutivas (cf. Bula Spes non confundit, 12). Por isso, queridos amigos, gostaria que, como aconteceu ao povo de Israel na Babilônia, chegasse também a vós o anúncio da esperança: hoje o Senhor abre diante de vós um caminho e convida-vos a percorrê-lo com alegria e esperança.

1. A peregrinação da vida e os seus desafios

Isaías profetiza um “caminhar sem cansaço”. Reflitamos então sobre estes dois aspectos: o caminhar e o cansaço.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Leitura litúrgica da Carta aos Efésios (5)

“Entoai juntos salmos, hinos e cânticos inspirados; cantai e celebrai o Senhor de todo o vosso coração” (Ef 5,19).

Nas postagens anteriores da nossa série sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura começamos a analisar a presença da Carta de São Paulo aos Efésios (Ef) nas celebrações do Rito Romano.

Após uma breve introdução, analisamos sua leitura sob o critério da composição harmônica (sintonia com o tempo ou a festa litúrgica). Para acessar, clique aqui: 1ª parte / 2ª parte / 3ª parte / 4ª parte.

Agora nos cabe contemplar outro critério de seleção dos textos bíblicos: a leitura semicontínua.

Pregação de Paulo em Éfeso (At 19)
(Eustache Le Sueur)

3. Leitura litúrgica da Carta aos Efésios: Leitura semicontínua

Conforme o n. 66 do Elenco das Leituras da Missa (ELM), a leitura semicontínua consiste na proclamação dos principais textos de um livro na sequência, oferecendo aos fiéis um contato mais amplo com a Palavra de Deus [1].

a) Celebração Eucarística

Na Celebração Eucarística, as Cartas Paulinas são lidas sob esse critério tanto nos domingos quanto nos dias de semana do Tempo Comum (cf. ELM, nn. 107.110) [2].

Primeiramente a Carta aos Efésios é lida de maneira semicontínua como 2ª leitura da Missa em sete domingos, do XV ao XXI Domingo do Tempo Comum do Ano B, entre a Segunda Carta aos Coríntios e a Carta de Tiago:
XV Domingo: Ef 1,3-14 (forma breve: Ef 1,3-10);
XVI Domingo: Ef 2,13-18;
XVII Domingo: Ef 4,1-6;
XVIII Domingo: Ef 4,17.20-24;
XIX Domingo: Ef 4,30–5,2;
XX Domingo: Ef 5,15-20;
XXI Domingo: Ef 5,21-32 [3].

Nos dias de semana do Tempo Comum, por sua vez, a Carta é lida por duas semanas: da quinta-feira da XXVIII semana à quinta-feira da XXX semana do Tempo Comum no ano par, entre outros dois escritos paulinos: a Carta aos Gálatas e a Carta aos Filipenses.

Nessas duas semanas a Carta aos Efésios é lida praticamente na íntegra, sendo omitidas apenas algumas partes da seção parenética que já foram lidas nos domingos ou em outras celebrações. A leitura está organizada da seguinte forma:

I Domingo do Advento em Milão (2024)

Na tarde do domingo, 17 de novembro de 2024, o Arcebispo de Milão (Itália), Dom Mario Enrico Delpini, presidiu a Santa Missa do I Domingo do Advento no Duomo de Milão (Catedral Metropolitana da Natividade da Bem-aventurada Virgem Maria).

No Rito Ambrosiano, próprio dessa Arquidiocese, o Advento possui seis domingos (diferentemente do Rito Romano, com quatro domingos).

Nessa ocasião entrou em vigor a 2ª edição do Missal Ambrosiano (Messale Ambrosiano), sobre o qual falaremos futuramente aqui no blog, destacando suas particularidades, tanto na Celebração Eucarística como no Ano Litúrgico.

Procissão de entrada
Diácono com o novo Missal Ambrosiano
O Arcebispo apresenta o Missal
Oração do dia (Coleta)
Veneração do Livro dos Evangelhos

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Ângelus: XXXIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 17 de novembro de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
No Evangelho da Liturgia de hoje Jesus descreve uma grande tribulação: «O sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais» (Mc 13,24). Perante este sofrimento, muitos poderiam pensar no fim do mundo, mas o Senhor aproveita a ocasião para nos oferecer uma chave de leitura diferente, dizendo: «O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão» (v. 31).

Podemos deter-nos nesta expressão: o que passa e o que permanece.

Antes de tudo, o que passa. Em algumas circunstâncias da nossa vida, quando atravessamos uma crise ou vivemos algum fracasso, bem como quando vemos à nossa volta a dor causada pelas guerras, pelas violências, pelas calamidades naturais, temos a sensação de que tudo caminha para o fim e sentimos que até as coisas mais belas passam. Porém, as crises e os fracassos, ainda que dolorosos, são importantes, porque nos ensinam a dar a devida importância a cada coisa, a não apegar o nosso coração às realidades deste mundo, porque estas passarão: estão destinadas a ser passageiras.

Ao mesmo tempo, Jesus fala do que permanece. Tudo passa, mas as suas palavras não passarão: as palavras de Jesus permanecem eternamente. Assim, convida-nos a confiar no Evangelho, que contém uma promessa de salvação e de eternidade, e a deixar de viver sob a angústia da morte. Com efeito, enquanto tudo passa, Cristo permanece. N’Ele, em Cristo, encontraremos um dia as coisas e as pessoas que passaram e nos acompanharam na existência terrena. À luz desta promessa de ressurreição, cada realidade adquire um novo significado: tudo morre e também nós morreremos um dia, mas não perderemos nada do que construímos e amamos, porque a morte será o início de uma vida nova.

Irmãos e irmãs, mesmo nas tribulações, nas crises, nos fracassos, o Evangelho convida-nos a olhar a vida e a história sem medo de perder o que acaba, mas com alegria pelo que permanece. Não esqueçamos que Deus prepara para nós um futuro de vida e de alegria.

E então perguntemo-nos: estamos apegados às coisas da terra, que passam, que passam depressa, ou às palavras do Senhor, que permanecem e nos guiam para a eternidade? Façamo-nos esta pergunta, por favor. Isso nos ajudará.

E rezemos à Virgem Santa, que se confiou totalmente à Palavra de Deus, para que ela interceda por nós.

Juízo final (Basílica de São Marcos, Veneza)

Fonte: Santa Sé.

Missa do XXXIII Domingo do Tempo Comum no Vaticano (2024)

No dia 17 de novembro de 2024 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa do XXXIII Domingo do Tempo Comum (Ano B) na Basílica de São Pedro por ocasião do VIII Dia Mundial dos Pobres.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada por Dom Rino Fisichella, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização (1ª seção), assistido pelo Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi.

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Didier Jean-Jacques Bouable. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada
Incensação

Ritos iniciais
Liturgia da Palavra

Homilia do Papa: XXXIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Santa Missa no VIII Dia Mundial dos Pobres
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 17 de novembro de 2024

As palavras que acabamos de escutar poderiam suscitar em nós sentimentos de angústia. Na realidade, são um grande anúncio de esperança. Concretamente, se por um lado Jesus parece descrever o estado de espírito daqueles que viram a destruição de Jerusalém e pensam que o fim chegou, anuncia, ao mesmo tempo, algo de extraordinário: é na hora da escuridão e da desolação, quando tudo parece desmoronar-se, que Deus vem, que Deus se aproxima, que Deus nos reúne para nos salvar.

Jesus convida-nos a ter um olhar mais aguçado, a ter olhos capazes de “ler por dentro” os acontecimentos da história, para descobrir que, mesmo na angústia dos nossos corações e do nosso tempo, há uma esperança inabalável que resplandece. Por isso, neste Dia Mundial dos Pobres, detenhamo-nos precisamente sobre estas duas realidades: a angústia e a esperança, que sempre duelam entre si na arena do nosso coração.


Primeiramente, a angústia. É um sentimento generalizado na nossa época, na qual a comunicação social amplifica os problemas e as feridas, tornando o mundo mais inseguro e o futuro mais incerto. Também o Evangelho de hoje inicia com um quadro que projeta no cosmos a tribulação do povo, e o faz com uma linguagem apocalíptica: «O sol vai se escurecer, e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu» (Mc 13,24-25) e assim por diante.

Se o nosso olhar se detém apenas na crônica dos acontecimentos, dentro de nós a angústia ganha terreno. Verdadeiramente também hoje vemos o sol escurecer e a lua apagar-se, vemos a fome e a carestia que oprimem tantos irmãos e irmãs, vemos os horrores da guerra e a morte de inocentes; e, perante este cenário, corremos o risco de afundarmos no desânimo e não percebermos a presença de Deus no drama da história. Assim, condenamo-nos à impotência: vemos crescer à nossa volta a injustiça que causa a dor dos pobres, mas juntamo-nos à corrente resignada daqueles que, por comodismo ou por preguiça, pensam que “o mundo é assim mesmo” e que “não há nada que eu possa fazer”. Desse modo, até a própria fé cristã é reduzida a uma devoção inócua, que não incomoda os poderes deste mundo e não gera um compromisso concreto de caridade. E enquanto uma parte do mundo é condenada a viver à margem da história, enquanto crescem as desigualdades e a economia penaliza os mais fracos, enquanto a sociedade se consagra à idolatria do dinheiro e do consumo, acontece então que os pobres e os excluídos não podem fazer outra coisa senão continuar a esperar (cf. Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 54).

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Leitura litúrgica da Carta aos Efésios (4)

“Revesti o homem novo, criado à imagem de Deus” (Ef 4,24).

Nas postagens anteriores desta série sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura iniciamos um estudo sobre a presença da Carta de São Paulo aos Efésios (Ef) nas celebrações do Rito Romano.

Após uma breve introdução, analisamos sua leitura sob o critério da composição harmônica (sintonia com o tempo ou a festa litúrgica), como indicado no Elenco das Leituras da Missa (n. 66) [1], na Celebração Eucarística, nos demais Sacramentos e nos Sacramentais.  Para acessar, clique aqui: 1ª parte / 2ª parte / 3ª parte.

Nesta postagem concluiremos esse percurso com a Liturgia das Horas (LH).

Ruínas da cidade de Éfeso

2. Leitura litúrgica da Carta aos Efésios: Composição harmônica

d) Liturgia das Horas

Em relação à leitura de Efésios em composição harmônica na Liturgia das Horas, é preciso distinguir entre leituras longas, proferidas no Ofício das Leituras, e leituras breves, proferidas nas outras horas (Laudes, Hora Média e Vésperas).

Iniciamos com as leituras longas do nosso escrito, que são seis:

- Ofício das Leituras da Festa da Sagrada Família (Domingo após o Natal): Ef 5,21–6,4 [2]. Enquanto na Missa da Festa se lê o “código doméstico” de Colossenses, como vimos em postagens anteriores, na LH se lê o “código doméstico” de Efésios.

- Ofício das Leituras da Solenidade da Ascensão do Senhor: Ef 4,1-24 [3], recordando o “duplo movimento” de Cristo: “Ele subiu! Que significa isso, senão que Ele desceu também às profundezas da terra! Aquele que desceu é o mesmo que subiu mais alto do que todos os céus, a fim de encher o universo” (vv. 9-10).

- Ofício das Leituras da Solenidade da Assunção da Virgem Maria (15 de agosto): Ef 1,16–2,10 [4], sobre a obra salvífica do Senhor: “Deus nos ressuscitou com Cristo e nos fez sentar nos céus em virtude de nossa união com Jesus Cristo” (v. 6).

- Ofício das Leituras das Festas dos Evangelistas São Marcos (25 de abril) e São Mateus, Apóstolo (21 de setembro): Ef 4,1-16 [5], perícope que atesta a diversidade de ministérios, incluindo os “apóstolos” e “evangelistas”.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ângelus: XXXII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 10 de novembro de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje o Evangelho da Liturgia (Mc 12,38-44) fala-nos de Jesus que, no templo de Jerusalém, denuncia diante do povo a atitude hipócrita de alguns escribas (vv. 38-40).

A estes últimos era confiado um papel importante na comunidade de Israel: liam, transcreviam e interpretavam as Escrituras. Por isso eram tidos em grande estima e o povo prestava-lhes reverência.

Mas, para além das aparências, o seu comportamento não correspondia muitas vezes ao que ensinavam. Não eram coerentes. De fato, alguns, valendo-se do prestígio e do poder que possuíam, olhavam para os outros “de cima” - o que é muito feio, olhar para o outro de cima para baixo -, assumiam ares de superioridade e, escondendo-se atrás de uma fachada de fingida respeitabilidade e legalismo, arrogavam-se privilégios e chegavam ao ponto de cometer roubos em detrimento dos mais fracos, como as viúvas (v. 40). Em vez de usarem o papel de que foram investidos para servir os outros, fizeram dele um instrumento de arrogância e de manipulação. E aconteceu que até a oração, para eles, corria o risco de deixar de ser um momento de encontro com o Senhor para se tornar uma ocasião de ostentação de respeitabilidade e de piedade fingida, útil para atrair a atenção das pessoas e obter aprovação (ibid.). Recordemos o que Jesus diz sobre a oração do publicano e do fariseu (cf. Lc 18,9-14).

Eles - não todos - comportavam-se como pessoas corruptas, alimentando um sistema social e religioso no qual era normal favorecer-se em detrimento dos outros, sobretudo dos mais indefesos, cometendo injustiças e garantindo-se a impunidade.

Destas pessoas, Jesus recomenda que nos afastemos, que tenhamos “cuidado” (v. 38), que não as imitemos. Pelo contrário, com a sua palavra e o seu exemplo, como sabemos, Ele ensina coisas muito diferentes sobre a autoridade. Fala dela em termos de abnegação e de serviço humilde (cf. Mc 10,42-45), de ternura materna e paterna para com as pessoas (Lc 11,11-13), sobretudo as mais necessitadas (Lc 10,25-37). Convida quem está investido dela a olhar para os outros, a partir da sua posição de poder, não para humilhá-los, mas para elevá-los, dando-lhes esperança e ajuda.

Assim, irmãos e irmãs, podemos nos interrogar: como me comporto nas minhas áreas de responsabilidade? Procedo com humildade ou orgulho-me da minha posição? Sou generoso e respeito as pessoas ou trato-as de forma rude e autoritária? E com os mais frágeis, estou ao lado deles, inclino-me para ajudá-los a se levantar?

A Virgem Maria nos ajude a lutar contra a tentação da hipocrisia em nós - Jesus diz-lhes “hipócritas”, a hipocrisia é uma grande tentação - e nos ajude a fazer o bem sem aparecer e com simplicidade.

Jesus adverte contra os “doutores da Lei”
(James Tissot)

Fonte: Santa Sé.

Festa da Dedicação da Basílica do Latrão (2024)

No dia 09 de novembro a Igreja de Rito Romano celebra a Festa da Dedicação da Basílica do Latrão, a Catedral de Roma. Para saber mais, confira nossas postagens sobre o significado dessa celebraçãosobre a história da Basílica.

Neste ano de 2024 a Missa da Festa foi presidida pelo novo Arcipreste da Basílica e Vigário Geral da Diocese de Roma, Dom Baldassare Reina (que será criado Cardeal no dia 07 de dezembro), concluindo as comemorações dos 1700 anos da dedicação da igreja (324-2024).


Procissão de entrada
Incensação
Sinal da cruz
Ritos iniciais

sábado, 9 de novembro de 2024

Nomeado novo Pregador da Casa Pontifícia

Neste sábado, 09 de novembro de 2024, o Papa Francisco nomeou como novo Pregador da Casa Pontifícia o Padre Roberto Pasolini, O.F.M. Cap., sucedendo o Cardeal Raniero Cantalamessa, O.F.M. Cap., que exerceu esse ofício por 44 anos.


Roberto Pasolini nasceu em 05 de novembro de 1971 em Milão (Itália). Professou os votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos em 07 de setembro de 2002 e recebeu a Ordenação Presbiteral em 23 de setembro de 2006.

Após obter o Doutorado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), tornou-se professor em diversas instituições do norte da Itália. Atualmente ensina Exegese Bíblica na Faculdade Teológica da Itália Setentrional (Milão) e se dedica à pregação de retiros.

O Pregador da Casa Pontifícia é o responsável pelas meditações ao Papa e à Cúria Romana no Advento e na Quaresma e pela homilia na Celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa. Desde o pontificado do Papa Bento XIV (†1758) esse ofício fosse exercido sempre por um franciscano capuchinho.


Cardeal Raniero Cantalamessa, Pregador Emérito da Casa Pontifícia

Raniero Cantalamessa nasceu em 22 de julho de 1934 em Colli del Tronto (Itália). Após ingressar na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, recebeu a Ordenação Presbiteral em 19 de outubro de 1958.

Obteve o Doutorado em Teologia pela Universidade de Friburgo (Suíça) e em Letras Clássicas pela Universidade Católica do Sagrado Coração em Milão (Itália), na qual foi professor durante alguns anos.

No dia 23 de junho de 1980 foi nomeado pelo Papa João Paulo II como Pregador da Casa Pontifícia. Nesse período, além das pregações à Cúria Romana e ao redor do mundo, o Padre Cantalamessa também publicou diversos livros.

O Papa Francisco o criou Cardeal no Consistório de 28 de novembro de 2020, concedendo-lhe como igreja titular a Diaconia de Santo Apolinário alle Terme Neroniane-Alessandrine, da qual tomou posse no dia 13 de junho de 2021.

Sendo um Cardeal não-eleitor (com mais de 80 anos), foi dispensado de receber a Ordenação Episcopal, permanecendo como presbítero, embora com a faculdade de endossar as insígnias pontifícias.

Atualmente com 90 anos, o Cardeal Cantalamessa, doravante Pregador Emérito da Casa Pontifícia, reside na Ermida do Amor Misericordioso em Cittaducale, dedicando-se ao estudo e à oração.


Para acessar todas as meditações do Cardeal Cantalamessa publicadas em nosso blog, clique aqui.

Com informações do site da Santa Sé.

Falecimento de Dom Pablo León Hakimian

Faleceu na quarta-feira, 06 de novembro de 2024, aos 70 anos, Dom Pablo León Hakimian, Exarca Apostólico para os fiéis de Rito Armênio na América Latina.


Pablo León Hakimian nasceu no Cairo (Egito) no dia 11 de novembro de 1953. Aos 13 anos emigrou com sua família para a Argentina.

Após realizar seus estudos em Roma, recebeu a Ordenação Presbiteral no dia 14 de agosto de 1981 na Catedral de Nossa Senhora de Narek em Buenos Aires (Argentina), sede do Exarcado Apostólico para os fiéis de Rito Armênio na América Latina e México, que havia sido criado no mesmo ano.

Nos anos seguintes serviu nas paróquias da Argentina e do Brasil, além de realizar visitas às comunidades católicas armênias na Venezuela, no México, no Chile e no Uruguai, acompanhando o Exarca, Dom Vartan Waldir Boghossian, S.D.B.

Durante vários anos o Padre Pablo León Hakimian foi pároco da Catedral de Nossa Senhora de Narek, que em 1989 tornou-se sede da Eparquia de São Gregório de Narek em Buenos Aires. Os demais países da América Latina permaneceram como parte do Exarcado Apostólico.

No dia 04 de julho de 2018 o Papa Francisco nomeou o Padre Pablo León Hakimian como Eparca de São Gregório de Narek em Buenos Aires e Exarca Apostólico para os fiéis de Rito Armênio na América Latina e México, sucedendo Dom Vartan Waldir Boghossian, que renunciou por limite de idade.

Recebeu a Ordenação Episcopal no dia 29 de setembro de 2018 na igreja de São Nicolau de Tolentino em Roma, sendo ordenante principal o então Patriarca da Igreja Católica Armênia, Dom Grégoire Pierre XX Ghabroyan (†2021).


Informações: Paróquia Armênia Católica São Gregório Iluminador - São Paulo (SP).

Para saber mais sobre a Igreja Armênia, clique aqui.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Missa pelos Bispos falecidos no Vaticano (2024)

Na segunda-feira, 04 de novembro de 2024, após a Comemoração dos Fiéis Defuntos, o Papa Francisco presidiu sem celebrar a tradicional Missa em sufrágio pelos Cardeais e Bispos falecidos ao longo do ano no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé.

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor L'ubomir Welnitz.

O livreto da celebração pode ser visto aqui, com a lista dos 123 Cardeais e Bispos pelos quais foi celebrada a Missa. Além dos Bispos Católicos recordamos aqui também o Patriarca Neófito da Igreja Ortodoxa Búlgara.

Ritos iniciais
Liturgia da Palavra
Evangelho

Homilia

Homilia do Papa: Missa pelos Bispos falecidos (2024)

Santa Missa em Sufrágio pelos Cardeais e Bispos falecidos durante o ano
Homilia do Papa Francisco
 Basílica de São Pedro - Altar da Cátedra
Segunda-feira, 04 de novembro de 2024

«Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino» (Lc 23,42). Estas são as últimas palavras dirigidas ao Senhor por um dos dois crucificados com Ele. Quem as pronuncia não é um discípulo, um daqueles que seguiram Jesus pelos caminhos da Galileia e partilharam o pão com Ele na Última Ceia. O homem que se dirige ao Senhor é, pelo contrário, um malfeitor. Alguém que só o encontra no fim da vida; alguém de quem sequer sabemos o nome.

Mas os últimos suspiros deste desconhecido tornam-se, no Evangelho, um diálogo cheio de verdade. Enquanto Jesus é «contado entre os pecadores» (Is 53,12), como Isaías tinha profetizado, uma voz inesperada levanta-se e diz: «Recebemos o castigo que as nossas ações mereciam; mas Ele nada praticou de condenável» (Lc 23,41). E realmente é assim. Este condenado representa-nos a todos; podemos dar-lhe o nosso nome. Podemos, sobretudo, fazer nosso o seu apelo: “Jesus, lembra-te de mim”. Mantém-me vivo na tua memória. Não te esqueças de mim.


Meditemos sobre este ato: recordar. Recordar significa “trazer de volta ao coração”, re-cordar, voltar a pôr no coração. Aquele homem, crucificado com Jesus, transforma uma dor extrema em uma oração: “Leva-me no teu coração, Jesus”. E não o pede com a voz agonizante de um derrotado, mas em um tom cheio de esperança. Tudo o que deseja o malfeitor que morre como discípulo da última hora é um coração hospitaleiro. E isto é tudo o que lhe importa, agora que está nu diante da morte. E o Senhor, como sempre, ouve a oração do pecador, até ao fim. Transpassado pela dor, o coração de Cristo abre-se para salvar o mundo - é um coração aberto, não fechado: acolhe, moribundo, a voz dos moribundos. Jesus morre conosco, porque morre por nós.

Ângelus: XXXI Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 03 de novembro de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Mc 12,28-34) fala-nos de uma das tantas discussões que Jesus teve no templo de Jerusalém. Um dos escribas aproxima-se e interroga-o: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» (v. 28). Jesus responde juntando duas palavras fundamentais da lei mosaica: «Amarás o Senhor, teu Deus» e «amarás o teu próximo» (vv. 30-31).

Com a sua pergunta, o escriba procura “o primeiro” dos mandamentos, ou seja, um princípio que está na base de todos os mandamentos; os judeus tinham muitos preceitos e procuravam a base de todos, um que fosse o fundamental; tentavam chegar a um acordo sobre um fundamental, e haviam discussões entre eles, boas discussões porque procuravam a verdade. E esta questão é essencial também para nós, para a nossa vida e para o caminho da nossa fé. Na verdade, também nós, por vezes, nos sentimos dispersos em tantas coisas e nos perguntamos: mas, afinal, qual é a coisa mais importante de todas? Onde posso encontrar o centro da minha vida, da minha fé? Jesus dá-nos a resposta, unindo estes dois mandamentos, que são os principais: «Amarás o Senhor teu Deus» e «amarás o teu próximo». E isto é um pouco o coração da nossa fé.

Todos nós - sabemo-lo - precisamos regressar ao coração da vida e da fé, porque o coração é «a fonte e a raiz de todas as outras forças, convicções...» (Encíclica Dilexit nos, n. 9). E Jesus diz-nos que a fonte de tudo é o amor, que nunca devemos separar Deus do homem. Ao discípulo de cada tempo, o Senhor diz: no teu caminho, o que conta não são as práticas exteriores, como os holocaustos e os sacrifícios (v. 33), mas a disposição do coração com que tu te abres a Deus e aos irmãos no amor. Irmãos e irmãs, nós podemos fazer tantas coisas, de fato, mas fazê-las só para nós mesmos e sem amor, e isso não é bom; fazê-las com o coração distraído ou com o coração fechado, não pode ser assim. Todas as coisas devem ser feitas com amor.

O Senhor virá e nos perguntará, antes de tudo, sobre o amor: “Como amaste?” É crucial, portanto, fixar no nosso coração o mandamento mais importante. Qual é? Ama o Senhor, teu Deus e ama o teu próximo como a ti mesmo. E todos os dias fazer o nosso exame de consciência e nos perguntarmos: o amor a Deus e ao próximo é o centro da minha vida? A minha oração a Deus me impele a ir ter com os meus irmãos e a amá-los com gratuidade? Reconheço a presença do Senhor no rosto dos outros?

A Virgem Maria, que trazia a lei de Deus impressa no seu Coração Imaculado, nos ajude a amar o Senhor e os irmãos.

Os fariseus questionam Jesus (James Tissot)

Fonte: Santa Sé.

Observação: No Brasil celebramos neste domingo a Solenidade de Todos os Santos, transferida do dia 01 de novembro.