segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Ângelus: IV Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 31 de janeiro de 2021

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
A passagem do Evangelho de hoje (Mc 1,21-28) relata um dia típico no ministério de Jesus; em particular, trata-se de um sábado, dia dedicado ao descanso e à oração; o povo ia à sinagoga. Na sinagoga de Cafarnaum, Jesus lê e comenta as Escrituras. Os presentes são atraídos pela forma como ele fala; eles ficam muito admirados porque  demonstra uma autoridade diferente da dos escribas (v. 22). Além disso, Jesus revela-se poderoso também em obras. De fato, um homem na sinagoga vira-se contra ele, interrogando-o como Enviado de Deus; Ele reconhece o espírito maligno, ordena-lhe que saia daquele homem, e assim o expulsa (vv. 23-26).

Aqui vemos os dois elementos característicos da ação de Jesus: a pregação e a obra taumatúrgica de cura: prega e cura. Ambos os aspectos são frisados na passagem do evangelista Marcos, mas o mais evidenciado é a pregação; o exorcismo é apresentado como uma confirmação da sua singular “autoridade” e do seu ensinamento. Jesus prega com a própria autoridade, como alguém que possui uma doutrina que extrai de si mesmo, e não como os escribas que repetiam tradições e leis recebidas. Repetiam palavras, palavras, só palavras - como cantava a grande Mina. Eram assim: só palavras. Ao contrário, em Jesus, a palavra tem autoridade, Jesus tem autoridade. E isto toca o coração.  O ensino de Jesus tem a mesma autoridade de Deus que fala; de fato, com um único comando, ele liberta facilmente o possuído pelo maligno e cura-o. Por quê? Porque a Sua palavra realiza o que Ele diz. Porque Ele é o profeta definitivo. Mas porque digo isto, que Ele é o profeta definitivo? Recordemos a promessa de Moisés. Moisés diz: «O Senhor, teu Deus, te suscitará dentre os teus irmãos um profeta como eu: é a ele que devereis ouvir» (cfDt 18,15). Moisés anuncia Jesus como o profeta definitivo. Por esta razão [Jesus] fala não com autoridade humana, mas com autoridade divina, porque tem o poder de ser o profeta definitivo, ou seja, o Filho de Deus que nos salva, que nos cura a todos.

O segundo aspecto, o das curas, mostra que a pregação de Cristo tem como objetivo derrotar o mal presente no homem e no mundo. A sua palavra aponta diretamente contra o reino de Satanás, coloca-o em crise e fá-lo retroceder, obriga-o a deixar o mundo. Aquele possuído - aquele homem possuído, obcecado - alcançado pelo comando do Senhor, é libertado e transformado em uma nova pessoa. Além disso, a pregação de Jesus pertence a uma lógica oposta à do mundo e do maligno: as suas palavras revelam-se como a viragem de uma ordem errada das coisas. Com efeito, o demônio presente no homem possuído grita quando Jesus se aproxima: «Que tens que ver conosco, Jesus de Naza­ré? Vieste para nos perder?» (v. 24). Estas expressões indicam a total estranheza entre Jesus e Satanás: estão em planos completamente diferentes; não há nada em comum entre eles; são um o oposto do outro. Jesus, com autoridade, que atrai as pessoas com a sua credibilidade, e também o profeta que liberta, o profeta prometido que é o Filho de Deus que cura. Ouvimos as palavras de Jesus que têm autoridade? Sempre, não vos esqueçais, trazei um pequeno Evangelho no bolso ou na bolsa, para o lerdes ao longo do dia, para ouvirdes essa palavra importante de Jesus. E depois, todos temos problemas, todos temos pecados, todos temos doenças espirituais. Peçamos a Jesus: “Jesus, tu és o profeta, o Filho de Deus, aquele que nos foi prometido para nos curar. Cura-me!” Pedir a Jesus a cura dos nossos pecados, dos nossos males.

A Virgem Maria guardou sempre no seu coração as palavras e os gestos de Jesus, e seguiu-o com total disponibilidade e fidelidade. Que ela nos ajude também a ouvi-lo e a segui-lo, a experimentar nas nossas vidas os sinais da sua salvação.

Exorcismo na Sinagoga de Cafarnaum
(James Tissot)

Fonte: Santa Sé.

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