segunda-feira, 31 de maio de 2021

Fotos da oração do rosário nos Santuários Marianos - Maio de 2021

Conforme havíamos anunciado anteriormente aqui em nosso blog, durante todos os dias do mês de maio de 2021 o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, a pedido do Papa Francisco, promoveu a oração do rosário na intenção do fim da pandemia de Covid-19 e da retomada das atividades.

O Papa Francisco abriu a iniciativa, presidindo a oração do rosário no dia 01 de maio na Capela Gregoriana da Basílica de São Pedro, diante da imagem da Madonna del Soccorso (“Nossa Senhora do Socorro”). Para ver as imagens dessa celebração, clique aqui.

No dia 31 de maio, por sua vez, o Santo Padre concluiu a "maratona de oração" presidindo o rosário nos Jardins Vaticanos, diante de uma réplica da imagem de Nossa Senhora "Desatadora de Nós" (Knotenlöserin), venerada na Diocese de Augsburg (Alemanha). As imagens dessa celebração serão publicadas em nossa próxima postagem.

Nos outros dias do mês a oração do rosário foi guiada por diversos santuários marianos ao redor do mundo, fazendo eco ao texto bíblico que inspira a iniciativa: “De toda a Igreja saía incessantemente a oração a Deus” (cf. At 12,5). Além disso, para cada dia foi proposta uma intenção especial de oração.

Confira a seguir as imagens da oração do rosário em alguns desses santuários:

03 de maio: Santuário de Nossa Senhora de Częstochowa (Polônia) - Pelos enfermos



06 de maio: Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (Brasil) - Pelos jovens



13 de maio: Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (Portugal) - Pelos presos


Ângelus: Santíssima Trindade - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Solenidade da Santíssima Trindade
Domingo, 30 de maio de 2021

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Nesta festa celebramos Deus: o mistério de um único Deus. E este Deus é o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Três Pessoas, mas Deus é um só! O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito é Deus. Mas não são três deuses: é um Deus em três Pessoas. Trata-se de um mistério que nos foi revelado por Jesus Cristo: a Santíssima Trindade. Hoje paramos para celebrar este mistério, pois as Pessoas não são adjetivação de Deus, não. São Pessoas reais, diversas, diferentes; não são - como disse aquele filósofo - “emanações de Deus”, não, não! São pessoas. Há o Pai, a quem rezo com o Pai-nosso; há o Filho, que me concedeu a redenção, a justificação; há o Espírito Santo, que habita em nós e na Igreja. E isto fala ao nosso coração, porque o encontramos encerrado naquela expressão de São João, que resume toda a Revelação: «Deus é amor» (1Jo 4,8.16). O Pai é amor, o Filho é amor, o Espírito Santo é amor. E na medida em que é amor, Deus, não obstante seja um e único, não é solidão, mas comunhão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Pois o amor é essencialmente dom de si, e na sua realidade original e infinita é Pai que se entrega, gerando o Filho que, por sua vez, se entrega ao Pai, e o seu amor recíproco é o Espírito Santo, vínculo da sua unidade. Não é fácil compreender, mas pode-se viver este mistério, todos nós podemos, pode-se vivê-lo em grande medida!

Este mistério da Trindade foi-nos revelado pelo próprio Jesus. Ele fez-nos conhecer o rosto de Deus como Pai misericordioso; apresentou-se a Si mesmo, verdadeiro homem, como Filho de Deus e Verbo do Pai, Salvador que dá a sua vida por nós; e falou do Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, Espírito da Verdade, Espírito Paráclito - no domingo passado falamos sobre esta palavra, “Paráclito” - ou seja, Consolador e Advogado. E quando Jesus apareceu aos Apóstolos, depois da Ressurreição, Jesus enviou-os para evangelizar «todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19).

Portanto, a festa de hoje faz-nos contemplar este maravilhoso mistério de amor e de luz, do qual derivamos e para o qual se orienta o nosso caminho terrestre.

No anúncio do Evangelho e em todas as formas da missão cristã, não se pode prescindir desta unidade à qual Jesus chama, entre nós, seguindo a unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo: não se pode prescindir desta unidade. A beleza do Evangelho deve ser vivida - a unidade - e testemunhada na concórdia entre nós, que somos tão diferentes! E ouso dizer que esta unidade é essencial para o cristão: não se trata de uma atitude, de um modo de dizer, não, é essencial, pois é a unidade que nasce do amor, da misericórdia de Deus, da justificação de Jesus Cristo e da presença do Espírito Santo no nosso coração.

Na sua simplicidade e humildade, Maria Santíssima reflete a Beleza de Deus, Uno e Trino, pois aceitou plenamente Jesus na sua vida. Que Ela sustente a nossa fé e nos torne adoradores de Deus e servidores dos irmãos.

Ícone da Santíssima Trindade
(Para conhecer o rico simbolismo dessa imagem, clique aqui)

Fonte: Santa Sé.

Homilia de Santo Ambrósio sobre a Visitação de Maria

No dia 21 de dezembro, no contexto da preparação próxima para o Natal do Senhor, lemos no Evangelho da Missa o episódio da Visitação de Maria (Lc 1,39-45). Eis a reflexão que a Igreja nos propõe no Ofício das Leituras desse dia:

Santo Ambrósio, Bispo
Da Exposição sobre o Evangelho de São Lucas
A visitação da Virgem Maria

O Anjo anunciara à Virgem Maria coisas misteriosas. Para fortalecer sua fé com um exemplo, anunciou-lhe a maternidade de uma mulher idosa e estéril, como prova de que é possível a Deus tudo que Ele quer.

Logo ao ouvir a notícia, Maria dirigiu-se às montanhas, não por falta de fé na profecia ou falta de confiança na mensagem, nem por duvidar do exemplo dado, mas guiada pela felicidade de ver cumprida a promessa, levada pela vontade de prestar um serviço, movida pelo impulso interior de sua alegria.

Já plena de Deus, aonde ir depressa senão às alturas? A graça do Espírito Santo ignora a lentidão. Manifestam-se imediatamente os benefícios da chegada de Maria e da presença do Senhor, pois quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança exultou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo (Lc 1,41).

Notai como cada palavra está escolhida com perfeita precisão e propriedade: Isabel foi a primeira a ouvir a voz, mas João foi o primeiro a pressentir a graça; aquela ouviu segundo a ordem da natureza, este exultou em virtude do mistério. Ela percebeu a chegada de Maria, ele, a do Senhor; a mulher ouviu a voz da mulher, o menino sentiu a presença do Filho; elas proclamam a graça de Deus, eles realizam-na interiormente, iniciando no seio de suas mães o mistério de misericórdia; e, por um duplo milagre, as mães profetizam sob a inspiração de seus filhos.

A criança exultou, a mãe ficou cheia do Espírito Santo. A mãe não se antecipou ao filho; mas estando o filho cheio do Espírito Santo, comunicou-o a sua mãe. João exultou; o espírito de Maria também exultou. A alegria de João se comunica a Isabel; quanto a Maria, porém, não nos é dito que recebesse então o Espírito, mas que seu espírito exultou. - Aquele que é incompreensível agia em sua mãe de modo incompreensível - Isabel recebe o Espírito Santo depois de conceber; Maria recebeu antes. Por isso, Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste (cf. Lc 1,45).

Felizes sois também vós, que ouvistes e acreditastes, pois toda alma que possui a fé concebe e dá à luz a Palavra de Deus e conhece suas obras.

Esteja em cada um de vós a alma de Maria para engrandecer o Senhor: em cada um esteja o espírito de Maria para exultar em Deus. Embora segundo a natureza haja uma só Mãe do Cristo, segundo a fé o Cristo é o fruto de todos; pois toda alma recebe o Verbo de Deus desde que, sem mancha e libertada do pecado, guarda a castidade com inteira pureza.

Toda alma que alcança esta perfeição, engrandece o Senhor como a alma de Maria o engrandeceu e seu espírito exultou em Deus, seu Salvador.

Na verdade, o Senhor é engrandecido, como lemos noutro lugar: Comigo engrandecei ao Senhor Deus (Sl 33,4). Não que a palavra humana possa acrescentar algo ao Senhor, mas porque ele é engrandecido em nós: a imagem de Deus é o Cristo e assim, quando alguém age com piedade e justiça, engrandece essa imagem de Deus, a cuja semelhança foi criado; e, engrandecendo-a, participa cada vez mais da grandeza divina.

Santo Ambrósio

Responsório (Lc 1,45.46; Sl 65,16)

És feliz porque creste, Maria, pois, em ti, a Palavra de Deus vai cumprir-se conforme Ele disse.
R. A minh’alma engrandece o Senhor!

Todos vós, que a Deus temeis, vinde escutar: vou contar-vos todo o bem que Ele me fez.
R. A minh’alma engrandece o Senhor!

Oração

Ouvi com bondade, ó Deus, as preces do vosso povo, para que, alegrando-nos hoje com a vinda do vosso Filho em nossa carne, alcancemos o prêmio da vida eterna, quando ele vier na sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: Liturgia das Horas, vol. I, pp. 317-319.

domingo, 30 de maio de 2021

Ordenações Presbiterais em Cracóvia

Na Arquidiocese de Cracóvia (Polônia), enquanto o dia 08 de maio, Festa de Santo Estanislau, é dedicado às Ordenações Diaconais, o último sábado desse mês costuma ser dedicado às Ordenações Presbiterais.

Assim, no último dia 29 de maio o Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou a Santa Missa na Catedral dos Santos Venceslau e Estanislau, a Catedral de Wawel, durante a qual conferiu a Ordenação sacerdotal a oito novos presbíteros:

Acolhida do Arcebispo
Procissão de entrada


Evangelho

O ícone de Todos os Santos

Enquanto o Rito Romano celebra no domingo após o Pentecostes a Solenidade da Santíssima Trindade, no Rito Bizantino este dia é o “Domingo de Todos os Santos” (Ὁι άγιοι Πάντες), pois o Espírito Santo é a fonte de toda a santidade.

Tal celebração tem suas raízes em uma festa de todos os mártires, celebrada no século IV em Antioquia, como atesta uma homilia de São João Crisóstomo. A festa ganhou destaque no Oriente no século IX, sob o patrocínio do Imperador de Constantinopla, Leão VI, o Sábio (866-912).

Após a morte de sua primeira esposa, Teófano, em 886, o Imperador quis homenageá-la com uma igreja em honra de seu santo onomástico. Porém, não havia nenhum santo canonizado com esse nome. A solução encontrada foi construir uma igreja em honra de “todos os santos”, cuja festa passou a celebrar-se justamente no domingo após o Pentecostes, então festa de todos os mártires.

Os textos da Divina Liturgia da festa, com efeito, fazem referência sobretudo aos mártires, como podemos ver pelo tropário:

Ó Cristo Deus, tua Igreja, revestida do sangue de teus Mártires do mundo inteiro, como de linho e de púrpura, aclama por seu intermédio: Tem piedade do teu povo, dá a paz ao teu rebanho e às nossas almas, a grande misericórdia!” [1].

No século IX desenvolve-se também um ícone para a festa, cujos elementos passaremos a comentar:


a) Os Patriarcas

No canto inferior esquerdo do ícone encontramos o Patriarca Abraão, sentado em um trono com uma criança ao colo, e às vezes com uma multidão de crianças atrás de si. As crianças simbolizam aqui as almas dos justos, que encontram descanso no “seio de Abraão” (Lc 16,19-31).

No canto inferior direito temos o Patriarca Jacó, também sentado em um trono, segurando as “doze tribos de Israel” em um pano, isto é, todos os santos do Antigo Testamento.

Em volta dos Patriarcas são retratadas várias árvores e arbustos, situando-nos no paraíso.

b) O ladrão arrependido

No centro da parte inferior do ícone é representado o “ladrão arrependido” do Evangelho de Lucas, carregando sua cruz. Sua “bula de canonização” foi proferida pelo próprio Jesus: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43).

sábado, 29 de maio de 2021

Homilia: Santíssima Trindade - Ano B

São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Evangelho de São João
Inabitação divina

Porque Pai é o Pai e não Filho, e o Filho é Filho e não Pai. Igualmente, o Pai está no Filho e o Filho no Pai. Ambos doam o Paráclito, ou seja, o Espírito Santo, não o Pai à sua maneira e o Filho à sua, mas antes se concede aos santos da parte do Pai, por meio do Filho. Em consequência, quando dizemos que o Pai dá, também o Filho dá, por meio do qual tudo nos é concedido; e quando dizemos que o Filho dá, quem dá é o Pai, já que o Pai concede todos os bens. E que o Espírito Santo também seja divino e não de outra natureza em comparação com o Pai e o Filho, parece-me que a nenhuma pessoa de bom-senso restará dúvida alguma, já que a razão se impõe a nós com força. Pois se alguém dissesse que o Espírito não é de natureza divina, como pode participar de Deus a criatura que recebe o Espírito Santo? Ou como poderiam chamar-nos ou poderíamos ser templos de Deus, se recebêssemos um espírito criado e alheio ao ser divino, em vez do Espírito que procede de Deus? Ou como seriam consortes da natureza divina aqueles que, conforme os santos, participam do Espírito, se a ele devêssemos contá-lo entre as criaturas e não viesse a nós da própria natureza divina? Não é que ele administra-nos essa natureza divina como alguém que fosse alheio a ela; mas, por assim dizer, convertendo-se dentro de nós em certa qualidade divina: assim ele habita e permanece sempre nos santos, se você limpar sua mente fazendo todo tipo de bem, e se conservas a graça mediante um esforço contínuo.

Cristo diz que aqueles que são do mundo não o podem nem compreender nem contemplar, isto é, aqueles que somente pensam no que é mundano e amam as coisas terrenas; mas já os santos facilmente o veem e entendem. Por que motivo? Porque os primeiros, manchados com uma impureza que dificilmente pode-se purificar, e com o raciocínio obscurecido, não são capazes de bem considerar o que é próprio da natureza divina, nem captam a lei do Espírito, uma vez que estão subjugados inteiramente pelos apetites da carne.

Porém, os bons e sóbrios mantêm o coração alheio aos males mundanos e livremente introduzem no âmago de seu interior ao Paráclito; e tendo-o recebido o conservam, e, quanto é possível a um ser humano, o contemplam com sua mente, e assim produzem frutos grandiosos e valiosos. Porque ele os santificará, os fará realizar todo tipo de boas obras, e, tirando-lhes as vergonhosas cadeias da escravidão, os honrará com a filiação adotiva. Paulo dá testemunho deles, dizendo: E já que sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho que clama: Abbá, ó Pai!


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 516-517. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São João Damasceno para esta Solenidade, clique aqui.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

XXXV Catequese do Papa sobre a oração

Encaminhando-se para a conclusão de suas Catequeses sobre a oração à luz do Catecismo da Igreja Católica, dentro do tema do “combate da oração” (nn. 2725-2751), o Papa Francisco refletiu sobre a “confiança filial” (nn. 2734-2737):

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 26 de maio de 2021
A oração (35): A certeza de ser escutados

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Há uma contestação radical à oração, que deriva de uma observação que todos nós fazemos: rezamos, pedimos, e, no entanto, por vezes as nossas orações parecem não ser ouvidas: o que pedimos - para nós ou para os outros - não se realizou. Passamos por esta experiência muitas vezes. Se a razão pela qual rezamos era nobre (como pode ser a intercessão pela saúde de uma pessoa doente, ou pelo fim de uma guerra), o não cumprimento parece escandaloso. Por exemplo, pelas guerras: rezamos a fim de que acabem as guerras, as guerras em tantas partes do mundo, pensemos no Iêmen, na Síria, países que estão em guerra há anos, há anos! Países atormentados pelas guerras, rezamos e elas não terminam. Como pode isto acontecer? «Alguns deixam mesmo de orar porque, segundo pensam, o seu pedido não é atendido (Catecismo da Igreja Católica, n. 2734). Mas se Deus é Pai, por que não nos ouve? Ele, que nos garantiu que dá coisas boas aos filhos que Lhe pedem (cfMt  7,10), por que não responde aos nossos pedidos? Todos nós tivemos esta experiência: rezámos, rezámos, pela doença de um amigo, de um pai, de uma mãe e depois eles morreram, Deus não nos atendeu. É uma experiência de todos nós.
Catecismo oferece-nos um bom resumo da questão. Adverte-nos contra o risco de não termos uma experiência autêntica de fé, mas de transformarmos a nossa relação com Deus em algo mágico. A oração não é uma varinha mágica: é um diálogo com o Senhor. De fato, quando rezamos, podemos cair no risco de não sermos nós a servir Deus, mas de pretender que Ele nos sirva (cf. n. 2735). Eis então uma oração que é sempre exigente, que pretende orientar os acontecimentos de acordo com o nosso plano, que não permite quaisquer outros projetos para além dos nossos desejos. Por outro lado, Jesus teve grande sabedoria ao colocar o “Pai-nosso” nos nossos lábios. É uma oração unicamente de pedidos, como sabemos, mas os primeiros que pronunciamos estão todos da parte de Deus. Pedem que não seja realizado o nosso desejo, mas a sua vontade para o mundo. Melhor deixar que Ele faça: «Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade» (Mt 6,9-10).
O Apóstolo Paulo lembra-nos que nem sequer sabemos o que é conveniente pedir (cfRm 8,26). Pedimos pelas nossas necessidades, pelo que precisamos, pelas coisas que desejamos, “mas isto é conveniente ou não?”. Paulo diz-nos: nem sequer sabemos o que é conveniente pedir. Quando rezamos, devemos ser humildes: esta é a primeira atitude quando se reza. Assim como há o costume em muitos lugares que para ir rezar à igreja, as mulheres usam o véu ou se benzem com a água santa antes de iniciar a rezar, deste modo devemos dizer-nos, antes da prece, o que é mais conveniente, que Deus me conceda aquilo que mais me convém: Ele sabe. Quando rezamos devemos ser humildes, para que as nossas palavras sejam realmente orações e não um vanilóquio que Deus rejeita. Também podemos rezar por motivos errados: por exemplo, para derrotar o inimigo na guerra, sem nos perguntarmos o que pensa Deus dessa guerra. É fácil escrever num estandarte “Deus está conosco”; muitos estão ansiosos por garantir que Deus esteja com eles, mas poucos se preocupam em verificar se estão realmente com Deus. Na oração, é Deus que nos deve converter, não nós que devemos converter Deus. É a humildade. Vou rezar, mas Tu, Senhor, converte o meu coração para que peça o que é conveniente, o que for melhor para a minha saúde espiritual.
No entanto, o escândalo permanece: quando as pessoas rezam com um coração sincero, quando pedem bens que correspondem ao Reino de Deus, quando uma mãe reza pelo filho doente, por que parece que às vezes Deus não ouve? Para responder a esta pergunta, precisamos meditar calmamente sobre os Evangelhos. As narrações da vida de Jesus estão cheias de orações: muitas pessoas feridas no corpo e no espírito pedem-lhe que as cure; há aqueles que rezam por um amigo que já não pode andar; há pais e mães que lhe trazem filhos e filhas doentes... Todas são orações impregnadas de sofrimento. É um coro imenso que invoca: “Tende piedade de nós”.
Vemos que por vezes a resposta de Jesus é imediata, mas, noutros casos, é adiada no tempo: parece que Deus não responde. Pensemos na mulher cananeia que implora a Jesus pela sua filha: esta mulher deve insistir longamente para ser ouvida (cf. Mt 15,21-28). Há também a humildade de ouvir uma palavra de Jesus que parece um pouco ofensiva: não devemos lançar o pão aos cães, aos cãezinhos. Mas àquela mulher não importa a humilhação: importa a saúde da filha. E vai adiante: “Sim, também os cãezinhos comem o que cai da mesa”, e isto agradou a Jesus. A coragem na oração. Pensemos também no paralítico trazido pelos seus quatro amigos: inicialmente Jesus perdoa os seus pecados e só num segundo momento o cura no seu corpo (cfMc 2,1-12). Assim, nalgumas ocasiões, a solução para o drama não é imediata. Também na nossa vida, cada um de nós tem esta experiência. Tenhamos um pouco de memória: quantas vezes pedimos uma graça, um milagre, digamos, e nada aconteceu. Depois, com o tempo, a situação resolve-se, mas segundo o modo de Deus, o modo divino, não de acordo com o que queríamos naquele momento. O tempo de Deus não é o nosso tempo.
Deste ponto de vista, a cura da filha de Jairo merece especial atenção (cfMc 5,21-33). Há um pai que está com pressa: a sua filha está doente e por esta razão pede a ajuda de Jesus. O Mestre aceita imediatamente, mas quando estão a caminho da casa acontece outra cura, e depois chega a notícia de que a menina morreu. Parece ser o fim, mas em vez disso Jesus diz ao pai: «Não tenhas receio; crê somente!» (Mc 5,36). “Continua a ter fé”: pois é a fé que sustenta a oração. E, de fato, Jesus despertará aquela menina do sono da morte. Mas durante algum tempo, Jairo teve que caminhar no escuro, apenas com a chama da fé. Senhor, dai-me fé! Que a minha fé cresça! Pedir esta graça, ter fé. No Evangelho, Jesus diz que a fé move montanhas. Mas ter fé seriamente. Jesus, diante da fé dos seus pobres, dos seus homens, cai vencido, sente uma ternura especial, diante daquela fé. E ouve.
Também a oração que Jesus dirige ao Pai no Getsêmani parece não ter sido ouvida: “Pai, se possível, afasta de mim o que me espera”. Parece que o Pai não o ouviu. O Filho terá de beber até ao fim o cálice da Paixão. Mas o Sábado Santo não é o capítulo final, porque no terceiro dia, isto é o domingo, há a Ressurreição. O mal é senhor do penúltimo dia: recordai bem isto. O mal nunca é o senhor do último dia, não: do penúltimo, o momento no qual a noite é mais escura, precisamente antes da aurora.  No penúltimo dia há a tentação onde o mal nos faz compreender que venceu: “Viste? Eu venci!”. O mal é senhor do penúltimo dia: no último dia há a Ressurreição. Mas o mal nunca é senhor do último dia: Deus é o Senhor do último dia. Porque este dia pertence apenas a Deus, e é o dia em que todos os anseios humanos de salvação serão cumpridos. Aprendamos esta paciência humilde de esperar a graça do Senhor, esperar o último dia. Muitas vezes, o penúltimo dia é muito doloroso, pois os sofrimentos humanos são maus. Mas o Senhor está presente e no último dia Ele resolve tudo.


Fonte: Santa Sé

Catequeses sobre os Salmos (18): Laudes da terça-feira da III semana

Prosseguindo com a série de Catequeses do Papa João Paulo II sobre os salmos e cânticos da Liturgia das Horas, propomos hoje os textos das Laudes da terça-feira da III semana do Saltério, sobre os quais o Pontífice refletiu nos dias 25 de setembro (Sl 84), 02 de outubro (Is 26,1-4.7-9.12) e 09 de outubro de 2002 (Sl 66).

51. A nossa salvação está próxima: Sl 84(85),2-14
25 de setembro de 2002

1. O Salmo 84, que agora proclamamos, é um cântico jubiloso e repleto de esperança no futuro da salvação. Ele reflete o momento exaltante da volta de Israel do exílio na Babilônia para a terra dos antepassados. A vida nacional recomeça naquele querido lar, que tinha sido apagado e destruído pela conquista de Jerusalém por parte do exército do rei Nabucodonosor, em 586 a.C..
De fato, no original hebraico do Salmo ouve-se ressoar repetidamente o verbo shûb, que indica a vinda dos deportados, mas significa também “vinda” espiritual, isto é, “conversão”. Por conseguinte, o renascimento não se refere apenas à nação, mas também às comunidades dos fiéis, que tinham vivido o exílio como uma punição dos pecados cometidos e que viam agora a repatriação e a nova liberdade como uma bênção divina, em virtude da conversão alcançada.

2. O Salmo pode ser acompanhado no seu desenvolvimento, segundo duas etapas fundamentais. A primeira, marcada pelo tema da “vinda”, com todos os valores que mencionamos.
Celebra-se antes de tudo a vinda física de Israel: “Senhor... libertastes os cativos de Jacó” (v. 2); “Renovai-nos, nosso Deus e Salvador... Não vireis restituir a nossa vida...?” (vv. 5.7). Este é um precioso dom de Deus, que se preocupa em libertar os seus filhos da opressão e se empenha na sua prosperidade. Com efeito, Ele “ama tudo o que existe... perdoa a todos, porque todos são dele, o Senhor que ama a vida” (cfSb 11,24.26).
Mas, paralelamente a esta “vinda”, que na prática unifica os dispersos, há outra “vinda”, mais interior e espiritual. O salmista reserva-lhe um amplo espaço, atribuindo-lhe um relevo particular, que é válido não só para o antigo Israel mas para os fiéis de todos os tempos.

3. Nesta “vinda” o Senhor age eficazmente, revelando o seu amor ao perdoar a iniquidade do seu povo, ao eliminar todos os seus pecados, ao abandonar todo o seu desdém e ao pôr fim à sua ira (vv. 3-4).
Precisamente a libertação do mal, o perdão das culpas e a purificação dos pecados criam um novo povo de Deus. Isto é expresso através de uma invocação, que também entrou na Liturgia cristã: “Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, concedei-nos também vossa salvação!” (v. 8).
Mas a esta “vinda” de Deus que perdoa deve corresponder a outra “vinda”, isto é, a conversão do homem que se arrepende. De fato, o Salmo declara que a paz e a salvação são oferecidas aos que “voltam ao Senhor seu coração” (v. 9). Quem percorre com decisão os caminhos da santidade recebe os dons da alegria, da liberdade e da paz.
Sabemos que, com frequência, as palavras bíblicas que se referem ao pecado recordam um enganar-se no caminho, um falhar a meta, um desviar-se da via reta. A conversão é, precisamente, um “voltar” para o caminho linear, que leva para a casa do Pai, que nos espera para nos abraçar, perdoar e nos fazer felizes (cfLc 15,11-32).

"A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão;
da terra brotará a fidelidade e a justiça olhará dos altos céus" (Sl 84,11-12)
(Raiz de Jessé - Saltério de Ingeborg, séc. XII)

4. Assim, chegamos à segunda parte do Salmo (vv. 10-14), tão querida à tradição cristã. Nela é descrito um mundo novo, em que o amor de Deus e a sua fidelidade, como se fossem pessoas, se abraçam; de modo semelhante, também a justiça e a paz se beijam, quando se encontram. A verdade germina como numa renovada primavera; e a justiça, que para a Bíblia é também salvação e santidade, desce do céu para começar o seu caminho no meio da humanidade.
Todas as virtudes, primeiro expulsas da terra devido ao pecado, entram agora de novo na história e, cruzando-se, desenham o mapa de um mundo pacífico. Verdade, amor, justiça e paz tornam-se como que os quatro pontos cardeais desta geografia do espírito. Também Isaías canta: “Destilai, ó céus, lá das alturas, o orvalho, e as nuvens façam chover a vitória; abra-se a terra e produza o fruto da salvação; ao mesmo tempo faça germinar a justiça! Eu sou o Senhor, que crio tudo isto” (Is 45,8).

Nomeação do Prefeito e do Secretário da Congregação para o Culto Divino

Na manhã de hoje, 27 de maio de 2021, o Papa Francisco nomeou Dom Arthur Roche, até então Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, como novo Prefeito do Dicastério, que estava vacante desde a renúncia do Cardeal Robert Sarah em fevereiro.

Ao mesmo tempo, o Papa nomeou como novo Secretário da Congregação Dom Vittorio Francesco Viola, O.F.M., até então Bispo da Diocese de Tortona (Itália) e como Subsecretário o Monsenhor Aurelio García Macías, que já trabalhava na Congregação, concedendo-lhe ao mesmo tempo o múnus episcopal.

Prefeito, Secretário e Subsecretários da Congregação

Dom Arthur Roche: Prefeito da Congregação para o Culto Divino

Arthur Roche nasceu no dia 06 de março de 1950 na cidade de Batley (Inglaterra) e recebeu a Ordenação presbiteral no dia 19 de julho de 1975.
No dia 12 de abril de 2001 o Papa João Paulo II o nomeou Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Westminster (Inglaterra), recebendo a Ordenação Episcopal no dia 10 de maio do mesmo ano.
No ano seguinte seria transferido como Bispo Coadjutor da sua Diocese de origem, Leeds. Assumiria efetivamente como Bispo de Leeds em 07 de abril de 2004, após a renúncia do seu antecessor, Dom David Every Konstant, por motivo de saúde.
Oito anos depois, no dia 26 de junho de 2012, foi nomeado Secretário da Congregação para o Culto Divino, ofício que exerceu até agora então, auxiliando os Cardeais Cañizares e Sarah e administrando interinamente o Dicastério até ser nomeado como novo Prefeito.

Dom Arthur Roche, Prefeito

Para conferir nosso histórico dos Prefeitos da Congregação desde 1975, clique aqui.

Dom Vittorio Francesco Viola: Secretário da Congregação para o Culto Divino

Vittorio Francesco Viola nasceu em Biella (Itália) no dia 04 de outubro de 1965. Após professar os votos na Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), recebeu a Ordenação presbiteral no dia 03 de julho de 1993.
Exerceu diversas atividades na província franciscana da Úmbria, ao mesmo tempo em que realizou os estudos de Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo em Roma, concluindo o Doutorado no ano 2000.
Desde então, atuou como professor de Liturgia tanto em Roma quanto em Assis, além de ter sido consultor do Ofício Litúrgico Nacional da Conferência Episcopal Italiana.
No dia 15 de outubro de 2014 o Papa Francisco o nomeou Bispo de Tortona, recebendo a Ordenação Episcopal no dia 07 de dezembro do mesmo na Basílica de Santa Maria dos Anjos em Assis.
Ao ser nomeado Secretário da Congregação para o Culto Divino, o Papa Francisco lhe concedeu o título de Arcebispo ad personam.

Dom Vittorio Francesco Viola, Secretário

Para conferir nosso histórico dos Secretários da Congregação desde 1975, clique aqui.

Mons. Aurelio García Macías: Subsecretário da Congregação para o Culto Divino

Aurelio García Macías nasceu em 28 de março de 1965 em Pollos (Espanha). Recebeu a Ordenação presbiteral em 1992, sendo incardinado na Arquidiocese de Valladolid.
Após obter o Doutorado em Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo em Roma, atuou como Delegado Arquidiocesano para a Liturgia e reitor do Seminário de Valladolid.
No dia 01 de setembro de 2015 iniciou seu trabalho na Congregação para o Culto Divino, tornando-se “Capo Ufficio” no ano seguinte.
Ao ser nomeado Subsecretário da Congregação, o Papa Francisco concedeu-lhe também o ministério episcopal, confiando-lhe a sé titular de Rotdon.

Mons. Aurelio García Macías, Subsecretário

Como se pode deduzir das informações veiculadas no site da Congregação, por ora o Padre Corrado Maggioni continua também como Subsecretário da Congregação para o Culto Divino (não é incomum que os Dicastérios da Cúria Romana possuam mais de um Subsecretário).

Padre Corrado Maggioni, S.M.M.

Corrado Maggioni nasceu em 1956 em Brembate di Sopra (Itália). Após ingressar em 1976 na Companhia de Maria (Societas Mariae Montfortana, comumente chamados de Monfortinos), foi ordenado sacerdote em 20 de março de 1982.
Após obter o Doutorado em Liturgia no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo, em 1990 começou a trabalhar na Congregação para o Culto Divino.
Por ocasião do ano 2000, foi membro do Ofício Litúrgico do Comitê Central do Grande Jubileu.
Em 2007 torna-se Capo Ufficio da Congregação para o Culto Divino e no dia 05 de novembro de 2014 o Papa Francisco o nomeia Subsecretário da mesma Congregação, ofício que exerce desde então.
Desde 26 de setembro de 2013 é também consultor do Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, além de membro do Conselho da Pontifícia Academia Mariana Internacional.

Padre Corrado Maggioni

[Atualização: No dia 13 de setembro de 2021 o Papa Francisco nomeou o Padre Corrado Maggioni como novo Presidente do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais, deixando assim o ofício de Subsecretário da Congregação para o Culto Divino]

Com informações dos sites da Santa Sé e da Congregação para o Culto Divino.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Memória da Transladação de São Domingos em Jerusalém

Após acolher a Vigília de Pentecostes no último sábado, dia 22 de maio de 2021, a Basílica de Santo Estêvão em Jerusalém acolheu a celebração da Memória da Transladação de São Domingos de Gusmão na segunda-feira, 24 de maio.

Esta celebração, própria da Ordem dos Pregadores (Dominicanos), recorda a transladação do corpo de São Domingos (falecido há 800 anos, no dia 06 de agosto de 1221) no dia 24 de maio de 1233 em Bolonha. Cabe recordar que a Solenidade de São Domingos é celebrada no dia 08 de agosto (uma vez que o dia 06 de agosto é a Festa da Transfiguração do Senhor).

Como de costume em Jerusalém, esta celebração é presidida por um sacerdote franciscano, enquanto a Solenidade de São Francisco no dia 04 de outubro é presidida por um sacerdote dominicano, testemunhando a relação entre as duas Ordens fundadas no início do século XIII.

Assim, na última segunda-feira, a Missa na Basílica de Santo Estêvão foi presidida pelo Vigário da Custódia da Terra Santa, Padre Dobromir Jasztal, enquanto a homilia ficou a cargo do Custódio, Padre Francesco Patton.

Basílica de Santo Estêvão em Jerusalém
Incensação
Ritos iniciais
Liturgia da Palavra
Evangelho

Divina Liturgia na Catedral da Mãe de Deus de Vyshhorod

No último domingo, 23 de maio, Dom Stepan Sus (Степан Сус), Bispo Curial da Igreja Greco-Católica Ucraniana, celebrou a Divina Liturgia do IV Domingo da Páscoa, o Domingo do Paralítico (segundo o calendário juliano), na Catedral da Mãe de Deus de Vyshhorod, nos arredores de Kiev, por ocasião da XV peregrinação à igreja.

A localidade de Vyshhorod acolheu por alguns anos o célebre ícone da Mãe de Deus de Vladimir (Володими́рська), que atualmente encontra-se na Galeria Tretyakov, um museu em Moscou. Na igreja de Vyshhorod conserva-se uma réplica do ícone, venerado desde 2006 com uma peregrinação oficial da Igreja Greco-Católica Ucraniana.

Ícone da Mãe de Deus de Vyshhorod (réplica do ícone de Vladimir)

Entrada do Bispo, Dom Stepan Sus

O Bispo abençoa os fiéis

terça-feira, 25 de maio de 2021

Faleceu o Patriarca Católico Armênio, Grégoire Ghabroyan

Faleceu hoje, 25 de maio de 2021, aos 86 anos, o Patriarca da Igreja Católica Armênia, Sua Beatitude Grégoire Pierre XX Ghabroyan.


Grégoire Ghabroyan (Գրիգոր Կապրոյեան) nasceu em 14 de novembro de 1934 em Aleppo (Síria). Após completar seus estudos no Seminário Patriarcal de Bzommar (Líbano) e na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, foi ordenado sacerdote em 28 de março de 1959.

No ano seguinte torna-se professor no Seminário de Bzommar e, a partir de 1962, também diretor da Armenian Catholic Mesrobian Secondary School, na cidade de Bourj Hammoud (Líbano).

Em 1976 foi escolhido pelo Sínodo da sua Igreja como exarca dos católicos armênios na França, eleição confirmada pelo Papa Paulo VI em 03 de janeiro de 1977. O Pontífice concedeu-lhe a diocese titular de Amida dos Armênios.

Recebeu a ordenação episcopal no dia 13 de fevereiro de 1977, pela imposição das mãos do então Patriarca, Hemaiag Pierre XVII Ghedighian. Em 1986 o Exarcado foi elevado a Eparquia da Santa Cruz de Paris dos Armênios, e Dom Pierre Ghabroyan tornou-se seu primeiro eparca.


No dia 02 de fevereiro de 2013, aos 78 anos, renunciou ao ofício de eparca. Dois anos depois, com a morte do Patriarca Nerses Bedros XIX Tarmouni em 25 de junho de 2015, foi eleito administrador até a eleição do novo Patriarca.

No dia 24 de julho de 2015, aos 80 anos, foi eleito como novo Patriarca de Cilícia dos Armênios, assumindo o nome de Grégoire Pierre XX (Krikor Bedros XX Ghabroyan) [1]. O Papa Francisco reconheceu a sua eleição, concedendo-lhe a “ecclesiastica communio” (comunhão eclesiástica), no dia seguinte.

No dia 07 de setembro do mesmo ano visitou o Papa em Roma com os Bispos da Igreja Católica Armênia, participando da Santa Missa na capela da Casa Santa Marta.


Oração
Ó Deus, que chamastes ao ministério episcopal o vosso servo o Patriarca Grégoire, colocando-o entre os sucessores dos Apóstolos, concedei-lhe também associar-se a eles no convívio eterno. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
(Missal Romano, p. 981)

[1] Os Patriarcas Armênios costumam acrescentar o nome Pierre, Bedros ou Petros, recordando sua comunhão com o Apóstolo Pedro e a Sé de Roma.

Para saber mais sobre a Igreja Armênia e as demais Igrejas Católicas Orientais, clique aqui.

Solenidade de Pentecostes em Jerusalém

A Solenidade de Pentecostes, neste ano de 2021 no último dia 23 de maio, foi marcada por três importantes celebrações na cidade de Jerusalém:

- a Vigília de Pentecostes na tarde do sábado, 22 de maio, presidida pelo Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, na Basílica de Santo Estêvão, confiada aos cuidados dos Dominicanos. Nesta celebração, da qual participaram representantes das várias igrejas cristãs, rezou-se especialmente pela paz na Terra Santa:

Procissão de entrada
Aspersão

Abraço da paz

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Regina Coeli do Papa: Domingo de Pentecostes 2021

Solenidade de Pentecostes
Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 23 de maio de 2021

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
O Livro dos Atos dos Apóstolos narra o que aconteceu em Jerusalém cinquenta dias depois da Páscoa de Jesus (At 2,1-11). Os discípulos estavam reunidos no Cenáculo e com eles estava a Virgem Maria. O Senhor Ressuscitado disse-lhes para permanecer na cidade até receber do alto o dom do Espírito. E isto manifestou-se com um «fragor» que, repentinamente, se ouviu vindo do céu, como um «vento impetuoso» que encheu a casa onde eles estavam (cf. v. 2). Portanto, trata-se de uma experiência real mas também simbólica. Algo que aconteceu, mas que também nos transmite uma mensagem simbólica para toda a vida.

Esta experiência revela que o Espírito Santo é como um vento forte e livre, ou seja, dá-nos força e liberdade: um vento forte e livre. Não pode ser controlado, impedido, nem medido; nem sequer se pode prever a sua direção. Não se deixa enquadrar nas nossas exigências humanas - procuramos sempre enquadrar as coisas - não se deixa enquadrar nos nossos esquemas e preconceitos. O Espírito procede de Deus Pai e do seu Filho Jesus Cristo, e irrompe na Igreja, irrompe em cada um de nós, dando vida à nossa mente e ao nosso coração. Como diz o Credo: «É Senhor e dá a vida». Tem o senhorio porque é Deus, e dá vida.

No dia de Pentecostes, os discípulos de Jesus ainda estavam desorientados e apavorados. Ainda não tinham a coragem de sair em público. E também nós, às vezes acontece, preferimos permanecer entre as paredes de proteção dos nossos ambientes. Mas o Senhor sabe chegar até nós e abrir as portas do nosso coração. Ele envia sobre nós o Espírito Santo que nos envolve e vence todas as nossas hesitações, abate as nossas defesas, desmantela as nossas falsas seguranças. O Espírito faz de nós novas criaturas, tal como fez naquele dia com os Apóstolos: renova-nos, faz de nós criaturas novas.

Depois de ter recebido o Espírito Santo, eles deixaram de ser como antes - Ele transformou-os - mas saíram, saíram sem medo e começaram a anunciar Jesus, a pregar que Jesus ressuscitou, que o Senhor está conosco, de tal modo que cada um os compreendia na própria língua. Pois o Espírito é universal, não nos priva das diferenças culturais, diferenças de pensamento, não, é para todos, mas todos o compreendem na própria cultura, na própria língua. O Espírito muda o coração, dilata o olhar dos discípulos. Torna-os capazes de comunicar a todos as grandes obras de Deus, sem limites, indo além das fronteiras culturais e religiosas com as quais estavam habituados a pensar e a viver. Torna os Apóstolos capazes de alcançar os outros, respeitando as suas possibilidades de escuta e de compreensão, na cultura e linguagem de cada um (vv. 5-11). Em síntese, o Espírito Santo coloca em comunicação pessoas diferentes, realizando a unidade e a universalidade da Igreja.

E hoje diz-nos muito esta verdade, esta realidade do Espírito Santo, onde na Igreja existem pequenos grupos que procuram sempre a divisão, separar-se dos outros. Este não é o Espírito de Deus. O Espírito de Deus é harmonia, unidade, une as diferenças. Um bom Cardeal, que foi Arcebispo de Gênova, dizia que a Igreja é como um rio: o importante é permanecer dentro; não interessa se estás um pouco deste lado e um pouco do outro, o Espírito Santo faz a unidade. Ele usava a figura do rio. O importante é permanecer na unidade do Espírito e não olhar para as pequenas coisas, se estás um pouco deste lado e um pouco do outro, se rezas desta maneira ou daquela... Isto não vem de Deus. A Igreja é para todos, para todos, como mostrou o Espírito Santo no dia de Pentecostes.

Hoje peçamos à Virgem Maria, Mãe da Igreja, que interceda para que o Espírito Santo desça em abundância, encha o coração dos fiéis e acenda em todos o fogo do seu amor.

Pentecostes
(Francesco Morone - Basílica de Santa Anastásia, Verona)

Fonte: Santa Sé.

Fotos da Missa de Pentecostes no Vaticano

No último domingo, dia 23 de maio, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa da Solenidade de Pentecostes no altar da Confissão da Basílica de São Pedro.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Massimiliano Matteo Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada
Ósculo do altar
Bênção e aspersão da água

Ritos iniciais

Homilia do Papa: Domingo de Pentecostes 2021

Santa Missa na Solenidade de Pentecostes
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 23 de maio de 2021

«Virá o Paráclito, que Eu vos hei de enviar da parte do Pai» (Jo 15,26). Com estas palavras, Jesus promete aos discípulos o Espírito Santo, o dom supremo, o dom dos dons; e fala do Espírito, usando uma palavra particular, misteriosa: Paráclito. Debrucemo-nos hoje sobre esta palavra, que não é fácil de traduzir, pois encerra vários significados. Substancialmente, Paráclito significa duas coisas: Consolador e Advogado.

1. O Paráclito é o Consolador. Todos nós, especialmente em momentos difíceis como este que estamos a atravessar devido à pandemia, procuramos consolações. Muitas vezes, porém, recorremos só a consolações terrenas, que depressa se extinguem, são consolações momentâneas. Hoje Jesus oferece-nos a consolação do Céu, o Espírito, o «Consolador perfeito» (Sequência). Qual é a diferença? As consolações do mundo são como os anestésicos: oferecem um alívio momentâneo, mas não curam o mal profundo que temos dentro. Insensibilizam, distraem, mas não curam pela raiz. Agem na superfície, no nível dos sentidos, dificilmente agem no nível do coração. Com efeito, só dá paz ao coração quem nos faz sentir amados tal como somos. E o Espírito Santo, o amor de Deus, faz isso: como Espírito que é, age no nosso espírito, desce ao mais íntimo de nós mesmos. visita «o íntimo do coração», pois é «das almas hóspede amável» (ibid.). É a ternura de Deus em pessoa, que não nos deixa sozinhos; e o fato de estar com quem vive sozinho, já é consolar.

Irmã, irmão, se sentes o negrume da solidão, se trazes dentro um peso que sufoca a esperança, se tens no coração uma ferida que queima, se não encontras a via de saída, abre-te ao Espírito. Como dizia São Boaventura, «onde houver maior tribulação, Ele leva maior consolação. Não faz como o mundo, que na prosperidade consola e adula, mas na adversidade troça e condena» (Sermão na Oitava da Ascensão). Assim faz o mundo, assim faz sobretudo o espírito maligno, o diabo: primeiro, lisonjeia-nos e faz-nos sentir invencíveis - as lisonjas do diabo, que fazem crescer a vaidade -, depois atira-nos ao chão e faz-nos sentir errados: joga conosco. Faz todo o possível por nos derrubar, enquanto o Espírito do Ressuscitado nos quer levantar. Olhemos os Apóstolos: estavam sozinhos naquela manhã, estavam sozinhos e perdidos, com as portas fechadas pelo medo; viviam no temor, tendo diante dos olhos todas as suas fragilidades e fracassos, os seus pecados: tinham renegado Jesus Cristo. Os anos transcorridos com Jesus não conseguiram mudá-los, continuavam a ser os mesmos. Depois, recebem o Espírito e tudo muda: os problemas e defeitos permanecem os mesmos, mas eles já não os temem porque não temem sequer quem pretende fazer-lhes mal. Sentem-se intimamente consolados, e querem fazer transbordar a consolação de Deus. Antes eram medrosos, agora só têm medo de não testemunhar o amor recebido. Jesus profetizara-o: o Espírito «dará testemunho a meu favor. E vós também haveis de dar testemunho» (Jo 15,26-27).

Avancemos um passo. Também nós somos chamados a dar testemunho no Espírito Santo, a tornar-nos paráclitos, isto é consoladores. Sim, o Espírito pede-nos para darmos corpo à sua consolação. E como podemos fazê-lo? Não fazendo grandes discursos, mas aproximando-nos das pessoas; não com palavras empoladas, mas com a oração e a proximidade. Lembremo-nos de que a proximidade, a compaixão e a ternura são o estilo de Deus, sempre. O Paráclito diz à Igreja que hoje é o tempo da consolação. É o tempo do anúncio feliz do Evangelho, mais do que do combate ao paganismo. É o tempo para levar a alegria do Ressuscitado, não para nos lamentarmos do drama da secularização. É o tempo para derramar amor sobre o mundo, sem abraçar o mundanismo. É o tempo para testemunhar a misericórdia, mais do que para inculcar regras e normas. É o tempo do Paráclito! É o tempo da liberdade do coração, no Paráclito.

2. Depois, o Paráclito é o Advogado. No contexto histórico de Jesus, o advogado não exercia as suas funções como hoje: em vez de falar pelo acusado, costumava ficar junto dele sugerindo-lhe ao ouvido os argumentos para se defender. Assim faz o Paráclito, «o Espírito da verdade» (Jo 15,26), que não nos substitui, mas defende-nos das falsidades do mal, inspirando-nos pensamentos e sentimentos. Fá-lo com delicadeza, sem nos forçar: propõe, não Se impõe. O espírito da falsidade, o maligno, faz o contrário: procura constranger-nos, quer fazer-nos acreditar que somos sempre obrigados a ceder às más sugestões e aos impulsos dos vícios. Esforcemo-nos então por acolher três sugestões típicas do Paráclito, do nosso Advogado. São três antídotos basilares contra três tentações atualmente muito difusas.

O primeiro conselho do Espírito Santo é: «Vive no presente»; no presente, não no passado nem no futuro. O Paráclito afirma o primado do hoje, contra a tentação de fazer-se paralisar pelas amarguras e nostalgias do passado, ou de focar-se nas incertezas do amanhã e deixar-se obcecar pelos temores do futuro. O Espírito lembra-nos a graça do presente. Não há tempo melhor para nós: agora e aqui onde estamos é o único e irrepetível momento para fazer bem, fazer da vida uma dádiva. Vivamos no presente!

Depois o Paráclito aconselha: «Procura o todo». O todo, não a parte. O Espírito não molda indivíduos fechados, mas funde-nos como Igreja na multiforme variedade dos carismas, numa unidade que nunca é uniformidade. O Paráclito afirma o primado do todo. É no todo, na comunidade que o Espírito gosta de agir e inovar. Olhemos para os Apóstolos. Eram muito diferentes entre eles: por exemplo, havia Mateus, um publicano que colaborara com os romanos, e Simão, chamado o Zelote, que a eles se opunha. Tinham ideias políticas opostas, visões do mundo diferentes. Mas, quando recebem o Espírito, aprendem a dar o primado não aos seus pontos de vista humanos, mas ao todo de Deus. Hoje, se dermos ouvidos ao Espírito, deixaremos de nos focar em conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, de direita e de esquerda; se fossem estes os critérios, significava que na Igreja se esquecia o Espírito. O Paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades. Faz-nos sentir parte do mesmo Corpo, irmãos e irmãs entre nós. Procuremos o todo! E o inimigo quer que a diversidade se transforme em oposição e por isso faz com que se torne ideologia. Devemos dizer «não» às ideologias, «sim» ao todo.

Por fim, o terceiro grande conselho: «Coloca Deus antes do teu eu». Está aqui o passo decisivo da vida espiritual, que não é uma coleção de méritos e obras nossas, mas humilde acolhimento de Deus. O Paráclito afirma o primado da graça. Só deixaremos espaço ao Senhor, se nos esvaziarmos de nós mesmos; só nos encontramos a nós mesmos, se nos entregamos a Ele; só como pobres em espírito é que nos tornamos ricos de Espírito Santo. Isto vale também para a Igreja. Com as nossas forças, não salvamos ninguém, nem sequer a nós mesmos. Se estiverem em primeiro lugar os nossos projetos, as nossas estruturas e os nossos planos de reforma, então decairemos no funcionalismo, no pragmatismo, no horizontalismo e não produziremos fruto. Os «ismos» são ideologias que dividem, que separam. A Igreja não é uma organização humana - é humana, mas não é apenas uma organização humana -, a Igreja é o templo do Espírito Santo. Jesus trouxe o fogo do Espírito à terra, e a Igreja reforma-se com a unção, a gratuidade da unção da graça, com a força da oração, com a alegria da missão, com a beleza desarmante da pobreza. Coloquemos Deus em primeiro lugar!

Espírito Santo, Espírito Paráclito, consolai os nossos corações. Fazei-nos missionários da vossa consolação, paráclitos de misericórdia para o mundo. Ó nosso Advogado, suave Conselheiro da alma, tornai-nos testemunhas do hoje de Deus, profetas de unidade para a Igreja e a humanidade, apóstolos apoiados na vossa graça, que tudo cria e tudo renova. Amém. 


Fonte: Santa Sé.