sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Hinos da Liturgia das Horas: Saltério

“Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o nome do Senhor!” (Sl 112,3).

Já dedicamos quatro postagens aqui em nosso blog a apresentar os hinos da Liturgia das Horas (LH), oração oficial da Igreja para a santificação das horas do dia.

O hino, composição poética que expressa o sentido de cada hora, tempo ou festa litúrgica [1], está a serviço da glorificação de Deus e da santificação dos homens (cf. Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 07), junto com os salmos e cânticos bíblicos.

Liturgia das Horas
(Laudes do domingo da I semana do Saltério)

Dos 291 hinos que integram a LH reformada pelo Concílio Vaticano II já elencamos os hinos:

- do Próprio do Tempo - Advento, Natal, Quaresma e Páscoa (58 hinos);


- do Próprio dos Santos (73 hinos);

- e dos Comuns dos Santos (50 hinos).

Nesta postagem, portanto, elencaremos os 64 hinos do “Saltério”. O termo “Saltério” em sentido estrito designa o Livro dos Salmos. Na LH, por sua vez, esse termo é usado para indicar o ciclo de quatro semanas no qual foi dividida a recitação dos salmos.

Os salmos, com efeito, são recitados seguindo esse ciclo de quatro semanas ao longo de todo o Ano Litúrgico. Porém, os hinos do Saltério só são recitados no Tempo Comum, uma vez que os demais tempos litúrgicos possuem hinos próprios.

Os hinos do Saltério estão organizados em duas séries de 28 hinos cada: os hinos da I e III semanas e os hinos da II e IV semanas. Ou seja, enquanto os salmos são retomados a cada quatro semanas, os hinos são retomados a cada duas.

Vale ressaltar que esses hinos aprofundam o sentido próprio de cada hora, além de celebrar uma série de aspectos do mistério da salvação, como a criação ou a Trindade.

Além disso, para o Ofício das Leituras são indicados dois hinos: um para quando o Ofício é recitado à noite ou de madrugada e outro para quando este é recitado durante o dia.

Completam os hinos da LH os dois hinos à escolha para cada uma das “Horas Menores” ou “Hora Média” (9h, 12h e 15h) e os dois hinos à escolha para a oração da noite ou Completas. Esses hinos são recitados ao longo de todo o Ano Litúrgico, salvo duas exceções:
- os tempos da Quaresma e da Páscoa possuem hinos próprios para a Hora Média;
- o Tempo da Páscoa possui um hino próprio para as Completas.

Os quatro volumes da Liturgia das Horas (em latim)
(I: Advento-Natal; II: Quaresma-Páscoa;
III: Tempo Comum 1-17; IV: Tempo Comum 18-34)

Segue, pois, o “índice” dos hinos do Saltério, que iremos atualizando com os links à medida que formos realizando postagens sobre cada uma das composições, com seu texto em latim e em português e uma análise sobre sua teologia.

1. SEMANAS I E III

Domingo - Semanas I e III
I Vésperas: Deus, creátor ómnium (Ó Deus, autor de tudo)
Ofício das Leituras (noite): Primo diérum ómnium (Cantemos todos este dia)
Ofício das Leituras (dia): Dies aetásque céteris (Santo entre todos, já fulgura)
Laudes: Aetérne rerum cónditor (Ó Criador do universo)
II Vésperas: Lucis creátor óptime (Criador generoso da luz)

Segunda-feira - Semanas I e III
Ofício das Leituras (noite): Somno reféctis ártubus (Refeitos pelo sono)
Ofício das Leituras (dia): Aetérna lux, divínitas (Divindade, luz eterna)
Laudes: Splendor patérnae glóriae (Clarão da glória do Pai)
Vésperas: Imménse caeli cónditor (Ó Deus organizando)

Terça-feira - Semanas I e III
Ofício das Leituras (noite): Consors patérni lúminis (Da luz do Pai nascido)
Ofício das Leituras (dia): O sacrosáncta Trínitas (Ó Trindade Sacrossanta)
Laudes: Pergráta mundo núntiat (Já vem brilhante aurora)
Vésperas: Tellúris ingens cónditor (Ó grande Autor da terra)

Quarta-feira - Semanas I e III       
Ofício das Leituras (noite): Rerum creátor óptime (Criastes céus e terra)
Ofício das Leituras (dia): Scientiárum Dómino (A vós, honra e glória)
Laudes: Nox et tenébrae et núbila (Ó noite, ó treva, ó nuvem)
Vésperas: Caeli Deus sanctíssime (Santíssimo Deus do céu)

Quinta-feira - Semanas I e III
Ofício das Leituras (noite): Nox atra rerum cóntegit (A noite escura apaga)
Ofício das Leituras (dia): Christe, precámur ádnuas (Cristo, aos servos suplicantes)
Laudes: Sol ecce surgit ígneus (Já surge a luz dourada)
Vésperas: Magnae Deus poténtiae (Deus de supremo poder)

Sexta-feira - Semanas I e III
Ofício das Leituras (noite): Tu, Trinitátis Unitas (Reinais no mundo inteiro)
Ofício das Leituras (dia): Adésto, Christe, córdibus (Cristo, em nossos corações)
Laudes: Aetérna caeli glória (Sois do céu a glória eterna)
Vésperas: Plasmátor hóminis, Deus (Des, escultor do homem)

Sábado - Semanas I e III
Ofício das Leituras (noite): Summe Deus cleméntiae (Um Deus em três pessoas)
Ofício das Leituras (dia): Auctor perénnis glóriae (Autor da glória eterna)
Laudes: Auróra iam spargit polum (No céu refulge a aurora)

Papa Francisco preside a oração das Vésperas no Tempo Comum

2. SEMANAS II E IV

Domingo - Semanas II e IV
I Vésperas: Rerum, Deus, fons ómnium (Ó Deus, fonte de todas as coisas)
Ofício das Leituras (noite): Médiae noctis tempus est (Chegamos ao meio da noite)
Ofício das Leituras (dia): Salve dies, diérum glória (Salve o dia que é glória dos dias)
Laudes: Ecce iam noctis tenuátur umbra (Eis que da noite já foge a sombra)
II Vésperas: O lux, beáta Trínitas (Ó luz, ó Deus Trindade)

Segunda-feira - Semanas II e IV
Ofício das Leituras (noite): Ipsum nunc nobis tempus est (Chegou o tempo para nós)
Ofício das Leituras (dia): Vita sanctórum, via, spes salúsque (Dos santos vida e esperança)
Laudes: Lucis largítor spléndide (Doador da luz esplêndida)
Vésperas: Lúminis fons, lux et orígo lucis (Fonte da luz, da luz origem)

Terça-feira - Semanas II e IV
Ofício das Leituras (noite): Nocte surgéntes vigilémus omnes (Despertando no meio da noite)
Ofício das Leituras (dia): Ad preces nostras deitátis aures (Deus bondoso, inclinai vosso ouvido)
Laudes: Aetérne lucis cónditor (Da luz Criador)
Vésperas: Sator princépsque tempórum (Autor e origem do tempo)

Quarta-feira - Semanas II e IV
Ofício das Leituras (noite): O sator rerum, reparátor aevi (Autor dos seres, Redentor dos tempos)
Ofício das Leituras (dia): Christe, lux vera, bónitas et vita (Luz verdadeira, amor, piedade)
Laudes: Fulgéntis auctor aetheris (Criador das alturas celestes)
Vésperas: Sol, ecce, lentus óccidens (Devagar vai o sol se escondendo)

Quinta-feira - Semanas II e IV
Ofício das Leituras (noite): Ales diéi núntius (Do dia o núncio alado)
Ofício das Leituras (dia): Amóris sensus érige (Para vós, doador do perdão)
Laudes: Iam lucis orto sídere (Já o dia nasceu novamente)
Vésperas: Deus, qui claro lumine (Ó Deus, autor da luz)

Sexta-feira - Semanas II e IV
Ofício das Leituras (noite): Galli cantu mediante nóctis (Ao som da voz do galo)
Ofício das Leituras (dia): Adésto, rerum cónditor (Criador do universo)
Laudes: Deus, qui caeli lumen es (Deus, que criastes a luz)
Vésperas: Horis peráctis úndecim (Onze horas havendo passado)

Sábado - Semanas II e IV
Ofício das Leituras (noite): Lux aetérna, lumen potens (Luz eterna, luz potente)
Ofício das Leituras (dia): Deus de nullo véniens (Deus que não tendes princípio)
Laudes: Diéi luce réddita (Raiando o novo dia)

Religiosos recitam a Liturgia das Horas

3. HORA MÉDIA E COMPLETAS

Hora Terça (9h)
Nunc, Sancte, nobis, Spíritus (Vinde, Espírito de Deus)
Certum tenéntes órdinem (Mantendo a ordem certa)

Hora Sexta (12h)
Rector potens, verax Deus (Ó Deus, verdade e força)
Dicámus laudes Dómino (O louvor de Deus cantemos)

Hora Nona (15h)
Rerum, Deus, tenax vigor (Vós que sois o Imutável)
Ternis horárum términis (Cumprindo o ciclo tríplice das horas)

Completas
Te lucis ante términum (Agora que o clarão da luz se apaga)
Christe, qui splendor et dies (Ó Cristo, dia e esplendor)

Notas:
[1] cf. ALDAZÁBAL, José. Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas - Texto e Comentário. São Paulo: Paulinas, 2010, pp. 92-94.
Para saber mais sobre os hinos, cf. também:
HENGEMÜLE, Edgard. O louvor perene: Introdução à Liturgia das Horas. Petrópolis: Vozes, 2007, pp. 80-90.
AROCENA, Félix. Los himnos de la Liturgia de las Horas. Madrid: Ediciones Palabra, 1992.
BUGNINI, Annibale. A reforma litúrgica: 1948-1975. São Paulo: Paulinas; Paulus; Loyola, 2018, pp. 461-463.

3 comentários:

  1. Os hinos da festa da Dedicação da Basílica de Latrão são os mesmos do comum da dedicação de uma igreja?

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    1. Sim, como indicado na Liturgia das Horas, vol. IV, p. 1438. O mesmo indicamos em nossa postagem sobre os hinos dos Comuns dos Santos.

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