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sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Dissertações sobre Liturgia: Universidade Católica Portuguesa 2022

Aqui em nosso blog já destacamos trabalhos acadêmicos sobre Liturgia (Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado) de duas instituições do Brasil, as Pontifícias Universidades Católicas de São Paulo (PUC-SP) e do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Nesta postagem gostaríamos de “cruzar o Atlântico” e propor algumas Dissertações defendidas na Universidade Católica Portuguesa (UCP), instituição fundada em 1967 com sedes em Lisboa, Braga, Porto e Viseu.

Universidade Católica Portuguesa (Logotipo)

A seguir, pois, destacamos cinco Dissertações de Mestrado sobre Liturgia e Sacramentos defendidas nessa instituição no ano de 2022.

Seguem os resumos dos trabalhos, que podem ser acessados na íntegra no site da UCP, conforme os links a seguir:

Catequese e Liturgia no De Sacramentis e no De Mysteriis de Santo Ambrósio de Milão
Autor: Ángel David Azcurra Rodríguez
Orientador: Isidro Pereira Lamelas
Dissertação de Mestrado (2022), 154 páginas

O processo da iniciação cristã aparece, especialmente no século IV, como instância fundamental para a formação e transformação dos aspirantes ao Batismo. Disto era consciente Santo Ambrósio de Milão que, na sua preocupação pastoral, se dedicou à formação dos catecúmenos que estavam próximos de receber os sacramentos da iniciação cristã. Deste modo, as suas catequeses mistagógicas - De Sacramentis e De Mysteriis - dão a conhecer não só os conteúdos e o sentido da Liturgia batismal na explicação dos ritos e sacramentos recebidos, mas, sobretudo, a metodologia usada pelo nosso autor para transmitir toda a riqueza catequético-litúrgica da Tradição da Igreja. Assim, tais obras aparecem como o cume de todo o processo de iniciação cristã, apresentando uma grande riqueza catequética, litúrgica, teológica, moral, exegética e espiritual, muito esclarecedora e válida para os nossos dias. É nesta perspectiva que estudaremos as obras referidas, observando os seus vários elementos, dentro do contexto catecumenal, definindo este contexto e as suas caraterísticas, sempre sob a perspectiva litúrgico-catequética.
Capítulos:
1. Santo Ambrósio no seu tempo: Contexto político e eclesial, a sua figura e obra pastoral
2. Catecumenato, catequese e Liturgia no século IV
3. A mistagogia de Ambrósio de Milão: Análise das catequeses “De Sacramentis” e “De Mysteriis


Práticas silenciárias e mistagogia poética do silêncio na Liturgia
Autor: Rafael da Silva Gonçalves
Orientador: Joaquim Augusto Félix de Carvalho
Dissertação de Mestrado (2022), 97 páginas

domingo, 16 de abril de 2023

Sugestão de leitura: Catequeses mistagógicas (São Cirilo de Jerusalém)

“Vós que fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Gl 3,27).

A Páscoa, dentro do itinerário da Iniciação Cristã de Adultos, é o “tempo da mistagogia”, palavra que significa “conduzir ao mistério”: após receberem os Sacramentos da Iniciação Cristã na Vigília Pascal, os neófitos eram instruídos no seu significado.

Para saber mais, confira nossas postagens sobre a Oitava da Páscoa e sobre o Tempo Pascal.

Após apresentarmos em março as Catequeses pré-batismais de São Cirilo de Jerusalém, (†386), Bispo e Doutor da Igreja, neste mês de abril propomos como sugestão de leitura suas Catequeses mistagógicas, publicadas no ano de 2020 pela Editora Vozes como parte da Coleção “Clássicos da Iniciação Cristã”.


A obra foi publicada originalmente em 1976, com a tradução do franciscano Frei Frederico Vier a partir do original publicado na célebre coleção organizada por Jacques Paul Migne, Patrologia Graeca (vol. 33).

A Introdução (pp. 11-30) e as notas de rodapé, por sua vez, ficaram a cargo do também franciscano Frei Fernando Antônio Figueiredo, Doutor em Patrística e posteriormente Bispo de Santo Amaro (SP).

Após a Catequese preliminar ou Procatequese (Προκατηχήσις) e as 18 Catequeses pré-batismais ou Catequeses aos iluminandos (Κατηχήσεις φωτιζομένων), publicadas no volume anterior, aqui temos acesso às suas cinco Catequeses mistagógicas (Κατηχήσεις μυσταγωγικαί) “aos neófitos” (Πρὸς τοὺς νεοφωτίστους) ou “aos recém-iluminados”, proferidas entre os anos de 348 e 350, durante a Oitava Pascal, na Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém.

As duas primeiras Catequeses mistagógicas aprofundam o Batismo, a terceira a Confirmação ou Crisma e as duas últimas a Eucaristia: aqui os neófitos são “conduzidos pela mão” através das palavras e dos gestos vivenciados durante a recepção dos sacramentos na Vigília Pascal.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Sugestão de leitura: Catequeses pré-batismais (São Cirilo de Jerusalém)

“Bebamos da água viva que jorra para a vida eterna (cf. Jo 4,14; 7,38)” (Cirilo de Jerusalém, Catequese 16,11).

Dentro do itinerário da Iniciação Cristã de Adultos, a Quaresma é o “tempo da purificação e iluminação”, marcado pela preparação próxima dos catecúmenos para a recepção dos Sacramentos na Vigília Pascal.

Assim, como sugestão de leitura deste mês de março de 2023, propomos as Catequeses pré-batismais de São Cirilo de Jerusalém (†386), Bispo e Doutor da Igreja, publicadas em 2022 pela Editora Vozes como parte da Coleção “Clássicos da Iniciação Cristã”.


A obra foi publicada originalmente em 1978, com a tradução do franciscano Frei Frederico Vier a partir do original publicado na célebre coleção organizada por Jacques Paul Migne, Patrologia Graeca (vol. 33).

As notas de rodapé por sua vez, ficaram a cargo do também franciscano Frei Fernando Antônio Figueiredo, Doutor em Patrística e posteriormente Bispo de Santo Amaro (SP).

A edição de 2022 é enriquecida com uma Introdução (pp. 7-44) da Prof.ª Rosemary Fernandes da Costa, Doutora em Teologia pela PUC-RJ, estudiosa da catequese e da mistagogia (palavra que significa “conduzir ao mistério”).

Após uma breve apresentação da vida e da obra de São Cirilo, a Prof.ª Rosemary nos dá cinco “chaves de leitura” para suas homilias catequéticas:
1. A acolhida e o diálogo com a realidade do catecúmeno;
2. A mediação bíblica, centrada na linguagem narrativa e alegórica da história da salvação;
3. A centralidade do Símbolo Apostólico (Creio);
4. A dimensão de conversão das práticas - pessoais, familiares, sociais;
5. A mistagogia como teologia e como pedagogia.

Segue-se a tradução da Catequese preliminar ou Procatequese (Προκατηχήσις) e das 18 Catequeses pré-batismais ou Catequeses aos iluminandos (Κατηχήσεις φωτιζομένων), que teriam sido pronunciadas por Cirilo na Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, durante a Quaresma entre 348 e 350.

A obra de Cirilo seria completada com as cinco Catequeses mistagógicas (Κατηχήσεις μυσταγωγικαί) ou “aos neófitos” (Πρὸς τοὺς νεοφωτίστους) sobre os Sacramentos da Iniciação Cristã, proferidas durante o Tempo Pascal, sobre as quais falaremos na próxima postagem desta seção.

Catequese preliminar (pp. 45-60)
Uma exortação aos catecúmenos ou “iluminandos” a participarem das Catequeses.

1ª Catequese: Introdução aos batizandos (pp. 61-66)
Exortação ao arrependimento dos pecados e à penitência em preparação ao Batismo.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Itinerários catecumenais para a vida matrimonial

“O Evangelho da família é alegria que enche o coração e a vida inteira” (Amoris laetitia, n. 200).

Há poucos dias do X Encontro Mundial das Famílias, que se celebra em Roma de 22 a 26 de junho de 2022 com o tema “Amor em família: Vocação e caminho de santidade”, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida publicou no dia 15 de junho um documento intitulado “Itinerários catecumenais para a vida matrimonial: Orientações pastorais para as Igrejas particulares”.


O contexto

O termo “catecumenato”, em sentido estrito, refere-se ao itinerário de Iniciação Cristã de adultos, retomado pelo Concílio Vaticano II e marcado por vários ritos e etapas em torno aos Sacramentos do Batismo, Confirmação e Eucaristia.

Em sentido amplo, por sua vez, propõe-se uma “inspiração catecumenal” para todos os itinerários catequéticos eclesiais. Ver, nesse sentido, o novo Diretório para a Catequese (2020) e o Documento n. 107 da CNBB, “Iniciação à vida cristã: Itinerário para formar discípulos missionários” (2017).

Para acessar nossa série de postagens sobre o Diretório para a Catequese, clique aqui.

A preparação para a vida matrimonial não é um tema novo: em 1996 o Pontifício Conselho para a Família publicou um documento dedicado justamente à Preparação para o Sacramento do Matrimônio, recolhendo as reflexões de São João Paulo II na Exortação Apostólica Familiaris Consortio (1981).

O novo documento, por sua vez, é fruto dos dois Sínodos sobre a Família (2014-2015), que culminaram na Exortação Apostólica Amoris laetitia (A alegria do amor) pelo Papa Francisco (2016). Particularmente o capítulo VI do documento - “Algumas perspectivas pastorais” - reflete sobre a preparação para o Matrimônio (nn. 205-216) e o acompanhamento nos primeiros anos da vida matrimonial (nn. 217-230).

A proposta

Os Itinerários catecumenais para a vida matrimonial são, como indica seu subtítulo, Orientações pastorais para as Igrejas particulares. Ou seja, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida propõe os princípios gerais que devem nortear os processos de preparação para a vida matrimonial, a serem implementados pelas Conferências Episcopais, Dioceses e paróquias.

Após o Prefácio do Papa Francisco, o documento de 94 parágrafos está dividido em duas partes, emolduradas por um Preâmbulo (nn. 1-3) e  uma conclusão:
- Primeira parte (nn. 4-15), com algumas “Indicações gerais”;
- Segunda parte (nn. 16-94), na qual se delineia a “Proposta concreta” de catequese matrimonial.


Inspirado nas etapas descritas no Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA), o itinerário catecumenal para a vida matrimonial é composto por três fases:

sábado, 11 de junho de 2022

O Símbolo Atanasiano ou Quicumque

“Permaneçamos firmes na fé que professamos!” (Hb 4,4).

Atualmente são duas as fórmulas de profissão de fé presentes na Liturgia (cf. Missal Romano, pp. 400-402): o Símbolo dos Apóstolos, credo batismal da Igreja romana no século III; e o Símbolo Niceno-Constantinopolitano, fruto dos Concílios de Niceia (325) e Constantinopla (381).

Escudo da Trindade ou escudo da fé (Scutum fidei)

“A palavra grega symbolon significava a metade de um objeto quebrado (por exemplo, um selo) que era apresentada como sinal de reconhecimento. As duas partes quebradas eram juntadas para se verificar a identidade do portador. O ‘símbolo da fé’ é, pois, um sinal de reconhecimento e de comunhão entre os crentes. Symbolon também significa coletânea, coleção ou sumário. O ‘Símbolo da fé’ é a coletânea das principais verdades da fé. Por isso, serve de ponto de referência primário e fundamental da catequese” (Catecismo da Igreja Católica, n. 188. Para saber mais, cf. os nn. 185-197).

O Catecismo da Igreja Católica atesta ainda a existência de outros Símbolos ou profissões de fé ao longo da história, sendo o mais recente o “Credo do Povo de Deus” pronunciado pelo Papa São Paulo VI em 1968.

Dessas fórmulas, a que teve a maior expressão litúrgica foi o chamado Símbolo Atanasiano ou Quicumque.

1. Origem do Símbolo Atanasiano

O termo latino Quicumque refere-se ao início do texto: “Quicumque vult salvus esse, ante omnia opus est, ut teneat catholicam fidem” (“Todo o que quiser ser salvo, antes de tudo é necessário que mantenha a fé católica”).

O nome de “Atanasiano”, por sua vez, remete a Santo Atanásio de Alexandria (†373), um dos grandes defensores da fé do Concílio de Niceia contra o arianismo, heresia do presbítero Ário (†336), o qual afirmava que o Filho possuía um grau inferior de divindade em relação ao Pai.

A referência a Atanásio, porém, mais do que autoria, é uma “homenagem” (pseudoepigrafia), de modo que esse Símbolo é referido às vezes como “Credo Pseudo-Atanasiano”. Com efeito, este não é mencionado nem por Atanásio nem por seus contemporâneos, sendo-lhe atribuído apenas a partir dos séculos VII-VIII: por exemplo, é chamado de “Fides Athanasii” pelo Sínodo de Autun (França) de 670.

Além disso, o Símbolo Quicumque foi escrito em latim, e não em grego como faria Atanásio, e sobretudo sua 2ª parte, como veremos, remete às definições dos Concílios de Éfeso (431) e Calcedônia (451), celebrados após a morte do Patriarca de Alexandria.

As primeiras referências a esse Símbolo são de autores como São Vicente de Lérins (†450) e São Cesáreo de Arles (†543), que citam algumas frases do Símbolo em suas obras. Também a profissão de fé do IV Sínodo de Toledo (Espanha) de 633 possui alguns paralelos com o Quicumque.

Assim, a maioria dos estudiosos defende que o Símbolo Atanasiano é obra de um autor anônimo do sul da Gália (atual França), no final do século V ou na primeira metade do século VI.

Ícone de Santo Atanásio de Alexandria

2. Estrutura do Símbolo Atanasiano

Como atesta Mario Righetti (†1975), grande historiador da Liturgia, esse Símbolo, “mais do que uma profissão de fé formal, quer ser uma expressão teológica popular, uma espécie de catecismo dos dois grandes mistérios: da Trindade e da Encarnação”.

Com efeito, diferentemente dos Símbolos estruturados em 12 artigos em alusão aos Apóstolos, o Quicumque divide-se em duas grandes partes, emolduradas por uma breve introdução e uma breve conclusão:

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

De Institutione Catechistarum: O Rito de Instituição de Catequistas

Como vimos em nossa postagem anterior, na segunda-feira, 13 de dezembro de 2021, Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos divulgou o novo Rito de Instituição dos Catequistas: De Institutione Catechistarum, que entrará em vigor no dia 01 de janeiro de 2022.

O Rito foi divulgado em sua forma típica, isto é, em latim. Sua tradução para as diversas línguas será responsabilidade das Conferências Episcopais, como fica claro na Carta enviada em anexo pelo Prefeito da Congregação, Dom Arthur Roche. Após sua tradução, o Rito deverá ser anexado ao Pontifical Romano.

Edição brasileira do Pontifical Romano

Nos nn. 16 a 18 da Carta se esclarece que o Rito de Instituição dos Catequistas é presidido pelo Bispo diocesano ou por um sacerdote por ele delegado, na Missa ou em uma Celebração da Palavra de Deus.

A estrutura do Rito segue aquela da Instituição dos Leitores e dos Acólitos, como indicaremos a seguir, apresentando as linhas gerais da editio typica do De Institutione Catechistarum, conforme divulgado no site da Santa Sé.

PONTIFICALE ROMANUM
DE INSTITUTIONE CATECHISTARUM
EDITIO TYPICA
MMXXI

Capítulo I: Instituição dos Catequistas na Missa

Nos dias indicados nos nn. 1-9 da Tabela dos dias litúrgicos, celebra-se a Missa do dia [1].

Nos dias de semana do Advento (até 16 de dezembro), do Natal, da Páscoa e do Tempo Comum, mesmo quando ocorre uma memória obrigatória, pode celebrar-se uma das seguintes Missas para diversas necessidades:
- pelos ministros da Igreja (Missal Romano, pp. 891-892);
- pelos leigos (pp. 896-897);
- pela evangelização dos povos (pp. 902-904);
- pela nova evangelização [2].

Nesse caso, proferem-se as leituras indicadas no Rito de Instituição dos Catequistas e se usam paramentos brancos ou festivos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Publicado o novo Rito de Instituição de Catequistas

Na segunda-feira, 13 de dezembro de 2021, foi divulgado o novo Rito de Instituição dos Catequistas, após a instituição desse ministério pelo Papa Francisco através da Carta Apostólica sob a forma de Motu Proprio Antiquum Ministerium.

O Rito foi divulgado em sua forma típica (isto é, em latim), pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, devendo agora ser traduzido e adaptado pelas Conferências Episcopais, como fica claro na Carta enviada em anexo pelo Prefeito da Congregação, Dom Arthur Roche, que reproduzimos na íntegra a seguir.

O Catequista é chamado a conduzir crianças, jovens e adultos ao encontro com Cristo

Em seus 18 parágrafos, a Carta apresenta o ministério do Catequista (nn. 1-13), os requisitos dos candidatos (nn. 14-15) e a celebração da Instituição (nn. 16-18):

Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
Carta aos Presidentes das Conferências Episcopais
Sobre o Rito de Instituição dos Catequistas

Eminência / Excelência Reverendíssima,

Recentemente o Papa Francisco interveio com duas Cartas Apostólicas sob a forma de «Motu Proprio» sobre o tema dos ministérios instituídos. A primeira, Spiritus Domini, de 10 de janeiro de 2021, modificou o cânon 230 §1 do Código de Direito Canônico sobre o acesso das pessoas do sexo feminino aos ministérios instituídos do Leitorado e do Acolitado. A segunda, Antiquum ministerium, de 10 de maio de 2021, instituiu o ministério do Catequista.
As intervenções do Santo Padre, enquanto aprofundam a reflexão sobre os ministérios que São Paulo VI havia iniciado com a Carta Apostólica sob a forma de «Motu Proprio» Ministeria quaedam de 15 de agosto de 1972, com a qual foi renovada na Igreja latina a disciplina relativa à primeira tonsura, às ordens menores e o subdiaconato, a orientam para o futuro.
A publicação do Rito de Instituição dos Catequistas, dado que legem credendi lex statuat supplicandi [1], oferece uma ulterior oportunidade de reflexão sobre a teologia dos ministérios a fim de levar a uma visão orgânica das distintas realidades ministeriais.
Para responder em tempo breve à necessidade de um rito de instituição, esta Editio typica, que é parte do Pontificale Romanum, é publicada sem Praenotanda. O 50° aniversário de Ministeria quaedam (1972-2022) poderia ser a ocasião para a publicação de uma Editio typica altera, acompanhada por um testo de Praenotanda.
A presente Editio typica pode ser amplamente adaptada por parte das Conferências Episcopais, que possuem a tarefa de esclarecer o perfil e o papel dos Catequistas, de oferecer-lhes percursos formativos adequados, de formar as comunidades para que compreendam seu serviço [2]. Tal adaptação deverá seguir o que foi disposto pelo Decreto Geral aplicativo do Motu Proprio Magnum Principium [3] para obter a confirmatio ou a recognitio por parte da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
A presente Carta, que acompanha a publicação da Editio typica do Rito de Instituição dos Catequistas, quer oferecer uma contribuição à reflexão das Conferências Episcopais, propondo algumas notas sobre o ministério do Catequista, sobre os requisitos necessários, sobre a celebração do Rito de Instituição.

I. O ministério do Catequista

1. O ministério do Catequista é um “é um serviço estável prestado à Igreja local de acordo com as exigências pastorais identificadas pelo Ordinário do lugar, mas desempenhado de maneira laical como exige a própria natureza do ministério” [4]: este se apresenta amplo e diferenciado.

2. Antes de tudo é preciso destacar que se trata de um ministério laical que tem por fundamento a comum condição de batizados e o sacerdócio real recebido no Sacramento do Batismo, e é essencialmente distinto do ministério ordenado que se recebe com o Sacramento da Ordem [5].

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 10

“Não se pode subestimar o poder da Liturgia na comunicação da fé e na introdução à experiência de Deus” (Diretório para a Catequese, n. 372).

Desde o dia 12 de julho de 2021 temos dedicado aqui em nosso blog uma série de postagens ao novo Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização no dia 23 de março de 2020 [1].

Nas postagens anteriores já analisamos o Diretório sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular desde sua Apresentação até o início do capítulo X. Nesta postagem concluiremos essa série analisando o restante do capítulo X e os capítulos XI e XII.

Capítulo X: A catequese diante dos cenários culturais contemporâneos

10.1 Catequese em contextos de pluralismo e complexidade (nn. 319-342)

No final da postagem anterior iniciamos a análise da primeira seção do capítulo X, dedicada ao diálogo entre Catequese e cultura contemporânea, com os parágrafos dedicados ao contexto urbano e ao contexto rural (nn. 326-330).

Oferta de velas em uma igreja: exemplo de piedade popular

Na sequência, o Diretório dedica quatro parágrafos às culturas locais tradicionais (nn. 331-335), exortando aos catequistas que trabalham entre os povos indígenas a:
- “empenhar-se para aprender a língua, os ritos e os costumes indígenas, sempre mostrando grande respeito”;
- “participar dos ritos e das celebrações, sabendo intervir no momento oportuno para propor algumas modificações, se necessário, especialmente se houver perigo de sincretismo religioso”;
- “organizar a catequese por faixas etárias e celebrar os sacramentos, valorizando as festas tradicionais” (n. 335).

Nos territórios de missão, com efeito, os catequistas podem ser autorizados a presidir os Batismos e assistir os matrimônios (cf. Código de Direito Canônico, cân. 861. 1112).

Na sequência, o Diretório para a Catequese dedica outros sete parágrafos ao tema da piedade popular (336-342), que é um tema recorrente aqui em nosso blog.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 09

“Toda a evangelização está fundada sobre a Palavra de Deus escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada” (Diretório para a Catequese, n. 283).

Estamos nos encaminhando para a conclusão da nossa série de postagens sobre o novo Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização em 23 de março de 2020 [1].

Na postagem anterior analisamos sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular as primeiras seis seções do Capítulo VIII. Agora concluiremos com suas últimas três seções, além de analisarmos o Capítulo IX e o início do Capítulo X.

Capítulo VIII: A catequese na vida das pessoas

8.7 Catequese com migrantes (nn. 273-276)

A sétima e a oitava seções do capítulo VIII estão dedicadas ao fenômeno da migração. Aqui é preciso distinguir dois termos: migrante ou imigrante é aquele que se desloca do seu local de origem, considerado do ponto de vista do local de chegada; enquanto emigrante refere-se à mesma pessoa, porém considerada desde seu país de origem.

O Diretório refere-se primeiramente aos migrantes ou imigrantes, termo que, do ponto de vista do Brasil, podemos aplicar aos estrangeiros que vieram para o nosso país.

No n. 274 se exorta a promover uma pastoral dos migrantes “prestando atenção especial a responder às suas exigências espirituais através da catequese, da Liturgia e da celebração dos sacramentos”. O mesmo parágrafo exorta a formar as comunidades para acolher os migrantes, dando-lhe a conhecer “algumas formas características da fé, da Liturgia e da devoção dos migrantes, do que pode nascer uma experiência da catolicidade da Igreja”.

Papa Francisco celebra Missa com migrantes no Vaticano

O parágrafo n. 275 continua na mesma linha, indicando que “seria injusto acrescentar aos muitos desenraizamentos que eles [os migrantes] já experimentaram também a perda de seus ritos e de sua identidade religiosa”.

Considerando a realidade brasileira, não precisamos entender aqui apenas as migrações recentes, mas também aquelas que aconteceram há várias gerações. Italianos, alemães, poloneses, ucranianos, são chamados a preservar a sua identidade religiosa, que também faz parte do grande tesouro da Igreja.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 08

“A Igreja, em seus cuidados maternos, acompanha seus filhos e filhas ao longo de toda a sua existência” (Diretório para a Catequese, n. 232).

Nesta série de postagens estamos analisando sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular o Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização em 2020 [1].

Damos início nesta postagem ao capítulo VIII, que está subdividido em nove seções. As seis primeiras serão analisadas aqui, e as três últimas na próxima postagem.

Capítulo VIII: A catequese na vida das pessoas

“O Evangelho não se destina à pessoa abstrata, mas a cada pessoa, real, concreta, histórica, inserida em um contexto particular” (n. 224). Com esta afirmação o Diretório dá início ao cap. VIII, que propõe “caminhos de Catequese” que levem em conta cada sujeito: famílias, crianças e adolescentes, jovens, adultos, etc.

8.1 Catequese e família (nn. 224-235)

As reflexões sobre Catequese e família são iluminadas aqui pelas Exortações Apostólicas Familiaris Consortio (1981), do Papa João Paulo II; e Amoris Laetitia (2016), do Papa Francisco.

Mosaico de São João Paulo II, protetor da família

Ao propor os âmbitos da catequese familiar (Catequese na família, Catequese com a família, Catequese da família), o Diretório assinala que, a par da graça batismal (cf. cap. III), as famílias cristãs são enriquecidas em sua missão catequética também pela graça própria do sacramento do Matrimônio:

“Os cônjuges cristãos, em virtude do sacramento do Matrimônio, participam do mistério da unidade e do amor fecundo entre Cristo e a Igreja. A catequese na família, portanto, tem a missão de fazer revelar aos protagonistas da vida familiar, sobretudo aos cônjuges e aos pais, o dom que Deus lhes concede mediante o sacramento do Matrimônio” (n. 228).

Na sequência, o n. 232, intitulado Indicações pastorais, recorda que “a Igreja, em seus cuidados maternos, acompanha seus filhos e filhas ao longo de toda a sua existência. Reconhece, porém, que alguns momentos são como passagens decisivas, nas quais a pessoa se deixa mais facilmente ser tocada pela graça de Deus”.

Nesse mesmo parágrafo são elencadas seis passagens decisivas, que estão diretamente relacionadas aos sacramentos. Porém, como veremos, a celebração dos sacramentos não é o ponto final, mas se insere dentro de um processo de iniciação permanente:

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 07

“Em sua história, a Igreja comunicou a fé por meio da Sagrada Escritura (linguagem bíblica), dos símbolos e ritos litúrgicos (linguagem simbólico-litúrgica)...” (Diretório para a Catequese, n. 205).

No mês de julho iniciamos aqui em nosso blog uma série sobre a Liturgia no novo Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização em março de 2020 [1].

Após uma Introdução, apresentando o documento, seguiram-se seis postagens nas quais analisamos o Diretório sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular, desde sua Apresentação até a terceira seção do capítulo VII.

Nesta postagem concluiremos a análise desse capítulo com suas últimas três seções.

Capítulo VII: A metodologia da catequese

7.4 A linguagem (nn. 204-217)

Como vimos em nossa postagem anterior, o capítulo VII é dedicado à “pedagogia catequética”, isto é, o modo próprio com o qual a Catequese transmite o Evangelho.

Após destacar a importância da “memória” na seção n. 3, o Diretório prossegue sua reflexão na seção n. 4 com o “veículo” fundamental da transmissão da fé: a linguagem. A Constituição Dogmática Dei Verbum recorda que “na Sagrada Escritura Deus falou por meio dos homens e à maneira humana” (n. 12). Da mesma forma, Paulo afirma que “a fé vem pela escuta” (fides ex auditu; Rm 10,17).

Jesus pregando a seus Apóstolos (Fra Angelico)

Citando o Catecismo da Igreja Católica (n. 170), o Diretório atesta que as formulações da fé em linguagem humana “nos permitem expressar e transmitir a fé, celebrá-la em comunidade, assimilá-la e vivê-la cada vez mais intensamente” (n. 204).

Porém no mesmo parágrafo e ainda citando o n. 170 do Catecismo, adverte: “Não cremos em fórmulas, mas sim nas realidades que elas expressam e que a fé nos permite ‘tocar’”. Podemos fazer uma comparação aqui com a veneração às imagens: contemplando uma imagem de Cristo, nosso culto não se dirige à imagem em si, mas sim Àquele que ela representa.

Prosseguindo a reflexão, o Diretório para a Catequese recorda no n. 205 as principais linguagens da fé da Igreja, dentre as quais está a linguagem própria da Liturgia:

“Em sua história, a Igreja comunicou a fé por meio da Sagrada Escritura (linguagem bíblica), dos símbolos e ritos litúrgicos (linguagem simbólico-litúrgica), dos escritos dos Padres, Símbolos da fé, formulações do Magistério (linguagem doutrinal) e do testemunho de Santos e Mártires (linguagem performativa). Essas são as linguagens principais da fé eclesial” (n. 205).

sexta-feira, 30 de julho de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 06

“A catequese jamais pode ignorar o Mistério Pascal, fundamento de todos os sacramentos e fonte de toda a graça” (cf. Diretório para a Catequese, n. 171).

Ao longo deste mês de julho de 2021 estamos apresentando aqui em nosso blog o novo Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização em março de 2020 [1].

Nas postagens anteriores já analisamos sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular os capítulos I a IV, que integram a Primeira Parte, “A catequese na missão evangelizadora da Igreja”, sobre os fundamentos da Catequese.

Nesta postagem daremos início à Segunda Parte do Diretório, “O processo da catequese”, composta pelos capítulos V a VIII e que apresenta a “dinâmica catequética”, isto é, sua metodologia própria.

O Cristo Ressuscitado com as chagas da Paixão:
O Mistério Pascal, "fundamento dos sacramentos" e "fonte da graça"

SEGUNDA PARTE: O PROCESSO DA CATEQUESE

Capítulo V: A pedagogia da fé

5.1 A pedagogia divina na história da salvação (nn. 157-163)
5.2 A pedagogia da fé na Igreja (nn. 164-178)
5.3 A pedagogia catequética (nn. 179-181)

O termo “pedagogia” em grego significa literalmente “conduzir a criança”, sendo utilizado geralmente para referir-se ao processo da educação. Aqui no capítulo V do Diretório para a Catequese deve ser entendido dentro da dinâmica própria da Revelação:
- a “pedagogia divina” (1ª seção): o modo como Deus se dá a conhecer na história da salvação;
- a “pedagogia da fé” (2ª seção): as formas como a Igreja anuncia a mensagem da salvação;
- a “pedagogia catequética” (3ª seção), que será aprofundada no cap. VII.

Dessas, a única a conter referências à Liturgia é a segunda seção. No n. 164, ao introduzir o tema da pedagogia da fé, o Diretório afirma que “a comunidade cristã é, em si mesma, uma catequese viva. Por aquilo que é, anuncia e celebra, opera e permanece sempre o lugar vital, indispensável e primário da catequese”.

Fica claro aqui, portanto, que a Liturgia celebrada pela comunidade cristã deve ser uma verdadeira catequese. “A melhor catequese sobre a Eucaristia é a própria Eucaristia bem celebrada” (Bento XVI, Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, n. 64).

Na sequência, o Diretório apresenta alguns critérios para o anúncio do Evangelho, inspirados na própria “pedagogia divina” revelada em sua Palavra:
- critério trinitário-cristológico (nn. 168-170);
critério histórico-salvífico (nn. 171-173);
critério da primazia da graça (nn. 174-175);
critério  da eclesialidade (n. 176);
critério da unidade e da integridade da fé (nn. 177-178).

Encontramos referências à Liturgia apenas nos dois primeiros, começando com o critério trinitário e cristológico. Após recordar que o mistério central da fé cristã - e, portanto, o centro da Liturgia e da Catequese - é o mistério da Santíssima Trindade revelado em Cristo, o Diretório indica como esse mistério deve ser apresentado:

quarta-feira, 28 de julho de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 05

“Em virtude do Batismo e da Confirmação, os cristãos são incorporados a Cristo e participam de seu múnus sacerdotal, profético e régio” (Diretório para a Catequese, n. 110).

Esta é a quinta postagem da nossa série analisando sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular o Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização em 2020 [1].

As quatro postagens anteriores foram dedicadas a dois capítulos: na primeira analisamos o capítulo I (além da Apresentação e da Introdução), enquanto nas três partes seguintes tratamos do capítulo II, um dos mais longos e com mais referências à Liturgia.

Esta postagem, por sua vez, abarcará o capítulo III - “O catequista” (nn. 110-129) - e o capítulo IV - “A formação dos catequistas” (nn. 130-156) -, que concluem a Primeira Parte do Diretório, “A catequese na missão evangelizadora da Igreja”.

Capítulo III: O catequista

3.1 A identidade e a vocação do catequista (nn. 110-113)

Todo o capítulo III se baseia em uma afirmação fundamental: “Em virtude do Batismo e da Confirmação, os cristãos são incorporados a Cristo e participam de seu múnus sacerdotal, profético e régio” (n. 110).

O Batismo, fonte de todas as vocações

Esta afirmação nos remete às bases da eclesiologia do Concílio Vaticano II. Com efeito, o Diretório nos indica aqui dois dos seus documentos: a Constituição Lumen Gentium sobre a Igreja (n. 31) e o Decreto Apostolicam Actuositatem sobre o apostolado dos leigos (n. 02).

O título “Cristo” significa literalmente “ungido”. No Batismo e na Confirmação, com efeito, todos os cristãos são “ungidos”, isto é, participam da missão de Jesus Cristo: anunciar o Evangelho (múnus profético), santificar (múnus sacerdócio) e servir os irmãos (múnus régio), consciente de que todos somos “filhos no Filho”.

À luz dessa vocação batismal, “toda a comunidade cristã é responsável pelo ministério da catequese, mas cada um conforme a sua condição particular na Igreja: ministros ordenados, pessoas consagradas, fiéis leigos” (n. 111).

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 04

"A Liturgia é uma das fontes essenciais e indispensáveis da catequese da Igreja” (Diretório para a Catequese, n. 95)

Dos doze capítulos que compõem o novo Diretório para a Catequese, promulgado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização no dia 23 de março de 2020 [1], o capítulo II - “A identidade da catequese” (nn. 55-109) - é um dos mais longos e com mais referências à Liturgia.

Nas postagens anteriores dessa série analisamos sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular as primeiras quatro seções desse capítulo. Agora concluiremos o capítulo com a quinta seção, “Fontes da catequese” (nn. 90-109), que contém alguns dos parágrafos mais importantes do Diretório sobre o nosso tema.

Capítulo II: A identidade da catequese

2.5. Fontes da catequese (nn. 90-109)

Já na sua Apresentação, citando o Decreto Christus Dominus do Concílio Vaticano II (n. 14), o Diretório elencava a Liturgia entre as fontes da Catequese, junto à Sagrada Escritura, a Tradição, o Magistério e a vida da Igreja.

Na quinta seção do capítulo II são elencadas sete fontes ou “vias” da Catequese: a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição (nn. 91-92); o Magistério (nn. 93-94); a Liturgia (nn. 95-98); o testemunho dos santos e dos mártires (nn. 99-100); a teologia (n. 101); a cultura (nn. 102-105); a beleza (nn. 106-109).

"Estão em ti as nossas fontes" (Sl 86,7)
A cruz, fonte da vida - Arquibasílica do Latrão, Roma

Antes de tudo o Diretório exorta que, salvaguardando a preeminência da Palavra de Deus, haja um equilíbrio entre as várias fontes, “sem a prática de uma catequese unilateral (por exemplo, uma catequese puramente bíblica, ou somente litúrgica, ou apenas experiencial)” (n. 90).

A seção inicia com os dois parágrafos dedicados à Palavra de Deus, que “não se exaure na Sagrada Escritura, porque é uma realidade viva” (n. 91). Mais do que um livro (ou um conjunto de livros) a Palavra é uma Pessoa: Cristo (cf. Jo 1,1-14; Hb 1,1-2).

Portanto, unida à Sagrada Escritura como fonte primordial da Catequese está a Tradição, “rio de água viva” que brota do trono do Cordeiro (Ap 22,1) e cuja síntese encontra-se no Símbolo da Fé (o Creio). “Nas pegadas da Tradição” estão os Padres da Igreja, grandes teólogos dos primeiros séculos do Cristianismo, e o Magistério (o Papa e os Bispos), que “conserva, interpreta e transmite o depósito da fé” (n. 93).

[Em nosso blog há diversas postagens com homilias dos Padres da Igreja para os domingos e festas litúrgicas. Para conferi-las, clique aqui]

Passamos agora aos quatro parágrafos sobre a Liturgia como fonte da Catequese. Reproduziremos cada um deles na íntegra, seguidos de alguns comentários:

95. “A Liturgia é uma das fontes essenciais e indispensáveis da catequese da Igreja, não só porque a partir da Liturgia a catequese pode colher conteúdos, linguagens, gestos e palavras da fé, mas sobretudo porque elas pertencem reciprocamente uma à outra no próprio ato de crer. A Liturgia e a catequese, compreendidas à luz da Tradição da Igreja, embora cada uma tenha sua especificidade, não devem ser justapostas, mas devem ser compreendidas no contexto da vida cristã e eclesial e ambas são orientadas a fazer viver a experiência do amor de Deus. O antigo princípio lex credendi lex orandi recorda, efetivamente, que a Liturgia é um elemento constitutivo da Tradição”.

O parágrafo começa com uma afirmação fundamental: a Liturgia é uma fonte indispensável da Catequese. Primeiramente porque a Catequese pode “colher conteúdos, linguagens, gestos e palavras da fé” da Liturgia.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 03

“A catequese é parte integrante da iniciação cristã e está intimamente unida aos sacramentos da iniciação, especialmente ao Batismo” (Diretório para a Catequese, n. 69).

Na postagem anterior da nossa série sobre a Liturgia no novo Diretório para a Catequese [1] começamos a analisar o seu capítulo II: “A identidade da catequese” (nn. 55-109).

Como vimos, este é um dos capítulos mais longos e com mais referências à Liturgia. Assim, tendo analisado sua primeira seção - Natureza da catequese (nn. 55-65) - prosseguiremos nessa postagem com as três seções seguintes: A catequese no processo da evangelização; Finalidade da catequese; e Atividades da catequese.

Capítulo II: A identidade da catequese

2.2 A catequese no processo da evangelização (nn. 66-74)

Uma vez definida a Catequese e apresentada a proposta da “inspiração catecumenal” na primeira seção do capítulo, a reflexão prossegue aprofundando três etapas do processo catequético: primeiro anúncio (nn. 66-68), Catequese de iniciação cristã (nn. 69-72) e Catequese e formação permanente à vida cristã (nn. 73-74).

Os sete sacramentos, com a Eucaristia ao centro

Sobre a etapa do primeiro anúncio, centrado no querigma (Mistério Pascal da Morte-Ressurreição de Cristo) e no convite à conversão (cf. Mc 1,14-15) não há referências diretas à Liturgia. Não obstante, à luz dessa etapa podemos refletir sobre a importância da “diaconia” (serviço ou ministério) da acolhida em nossas celebrações.

A Catequese de iniciação cristã, por sua vez, está diretamente relacionada aos Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo (n. 69), Confirmação e Eucaristia (n. 70).

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 02

“A catequese, por meio de uma renovada valorização dos sinais litúrgicos pode responder às exigências da geração contemporânea” (cf. Diretório para a Catequese, n. 64).

Na última semana iniciamos aqui em nosso blog uma série de postagens comentando o Diretório para a Catequese sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular. Esse Diretório foi publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização no dia 23 de março de 2020 [1].

Na postagem anterior analisamos sua Apresentação, a Introdução (nn. 1-10) e o capítulo I (nn. 11-54). Agora prosseguimos com o capítulo II: “A identidade da catequese” (nn. 55-109).

Esse é um dos capítulos mais longos do Diretório (54 parágrafos) e possui alguns dos mais importantes parágrafos sobre a Liturgia. Portanto, nesta postagem nos deteremos apenas na primeira das cinco seções nas quais se subdivide esse capítulo.

O Ressuscitado envia os Apóstolos em missão (Mt 28,19-20)

Capítulo II: A identidade da catequese

2.1 Natureza da catequese (nn. 55-65)

“A catequese é um ato de natureza eclesial, que nasce do mandato missionário do Senhor (Mt 28,19-20) e que está orientada, como seu nome indica (*) a fazer ressoar continuamente o anúncio de sua Páscoa no coração de cada pessoa, para que sua vida seja transformada” (n. 55).
(*) O verbo grego katechein  significa ‘ressoar’, ‘fazer ressoar’.

O capítulo II inicia com esta definição de Catequese, recordando no mesmo parágrafo algumas das suas atividades, que serão aprofundadas na seção 2.4. Desde já, porém, fica claro que a Catequese “introduz à celebração do Mistério”.

O conjunto dos parágrafos nn. 57-58 é intitulado “Relação íntima entre querigma e catequese”. Como vimos na postagem anterior, o querigma é o núcleo fundamental da mensagem cristã, isto é, o Mistério Pascal da Morte-Ressurreição de Cristo.

Ao exortar a Igreja a “encarnar” o querigma diante das exigências do nosso tempo, o Diretório faz uma interessante proposta: “floresçam anúncios credíveis, confissões de fé vitais, novos hinos cristológicos para anunciar a Boa Notícia (n. 58).

quarta-feira, 14 de julho de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Parte 01

“Na sua doutrina, vida e culto a Igreja perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo aquilo em que acredita” (cf. Diretório para a Catequese, n. 28).

Em nossa postagem anterior apresentamos o novo Diretório para a Catequese, publicado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização no dia 23 de março de 2020 [1].

Agora começaremos a analisar o Diretório sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular. Nesta primeira parte abordaremos a Apresentação, a Introdução (nn. 1-10) e o capítulo I: “A Revelação e a sua transmissão” (nn. 11-54).

Apresentação

Já na Apresentação do Diretório, assinada pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Salvatore Fisichella, e pelo então Secretário, Dom Octavio Ruiz Arenas, encontramos três referências à Liturgia.

Capa da tradução brasileira do Diretório (Edições CNBB)

Recordando a “caminhada” da Catequese desde o Concílio Vaticano II (1962-1965), que apresentamos brevemente em nossa postagem anterior, a Apresentação cita o n. 14 do Decreto Christus Dominus sobre o múnus pastoral dos Bispos na Igreja.

Ao exortar os Bispos a cuidar da instrução catequética em suas Dioceses, o documento conciliar recorda que esta deve ser fundamentada “na Sagrada Escritura, na Tradição, na Liturgia, no Magistério e na vida da Igreja”. Fica claro desde o início, portanto, que a Liturgia é uma das fontes primordiais da Catequese (tema aprofundado nos nn. 95-98).

Na sequência, apresentando as contribuições específicas do novo Diretório, citam-se os fenômenos da globalização e da cultura digital, que podem levar ao individualismo. Portanto, se propõe uma formação para a vida da fé que valorize a esfera da comunidade.

Essa dimensão comunitária da Catequese exprime-se, com efeito, na Liturgia e no exercício da caridade: “A exigência de exprimir a fé com a oração litúrgica e de testemunhá-la com a força da caridade exige saber ultrapassar o caráter fragmentário das propostas para recuperar a unidade originária do ser cristão”.

Por fim, a última referência à Liturgia na Apresentação diz respeito ao querigma, isto é, ao núcleo fundamental da mensagem cristã: o Mistério Pascal da Morte-Ressurreição de Cristo.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Liturgia no Diretório para a Catequese (2020) - Introdução

“A Catequese se relaciona com a Liturgia e com a caridade para evidenciar a unidade constitutiva da vida nova emanada do Batismo” (Diretório para a Catequese, n. 01)

No dia 23 de março de 2020 o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, organismo responsável pela Catequese na Igreja desde 2013, promulgou o novo Diretório para a Catequese, aprovado pelo Papa Francisco.

Edição italiana do Diretório apresentada em 23 de março de 2020

Este é o terceiro documento do gênero publicado pela Santa Sé:

- em 1971 o Papa Paulo VI aprovou o Diretório Catequético Geral, publicado pela Congregação para o Clero, então responsável pela Catequese. Este primeiro Diretório recolhia sobretudo as contribuições do Concílio Vaticano II (1962-1965);

- em 1997, por sua vez, o Papa João Paulo II aprovou a publicação do Diretório Geral para a Catequese, que acrescentava novas reflexões do Magistério, como as Exortações Apostólicas Evangelii Nuntiandi (1975), de Paulo VI; e Catechesi Tradendae (1979), do próprio João Paulo II; além, é claro, do Catecismo da Igreja Católica (1992).

Vale recordar aqui que o Diretório Geral de 1997 recomendava que as Conferências Episcopais elaborassem os próprios Diretórios Nacionais, adaptados à sua realidade. Assim, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou em 2005 o Diretório Nacional de Catequese (aprovado pela Santa Sé no ano seguinte).

Também em relação à CNBB é importante destacar o Documento n. 107, “Iniciação à vida cristã: Itinerário para formar discípulos missionários” (2017), que igualmente dedica amplo espaço à relação entre Liturgia e Catequese.

O novo Diretório para a Catequese (2020) prossegue na mesma linha dos seus antecessores, recolhendo novas contribuições, sobretudo da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (2013) do Papa Francisco, fruto do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização (2012). O novo Diretório aprofunda ainda alguns temas atuais, como a globalização e a cultura digital.

Como temos feito com alguns documentos da Igreja aqui em nosso blog Pílulas Litúrgicas, analisaremos o Diretório para a Catequese sob a perspectiva da Liturgia, dos sacramentos e da piedade popular.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Papa institui o ministério de catequista: Motu proprio Antiquum ministerium

Na manhã de hoje, 11 de maio de 2021, foi divulgada a Carta Apostólica sob a forma de Motu Proprio Antiquum Ministerium (Ministério antigo), pela qual o Papa Francisco institui na Igreja o ministério de Catequista.

Ao lado dos catequistas que exercem essa função por um certo período de tempo em nossas comunidades (ministério confiado), abre-se agora a possibilidade de conferir a fiéis leigos, homens e mulheres, o ministério de Catequista de maneira permanente. Sua instituição (cujo rito será publicado em breve pela Congregação para o Culto Divino) será precedida de um itinerário de formação, a ser definido pelas Conferências Episcopais de cada país.



Confira o Motu proprio na íntegra:

Carta Apostólica sob a forma de Motu Proprio Antiquum Ministerium
Do Sumo Pontífice Francisco
Pela qual se institui o Ministério de Catequista

1. Ministério antigo é o de Catequista na Igreja. Os teólogos pensam, comumente, que se encontram os primeiros exemplos já nos escritos do Novo Testamento. A primeira forma, germinal, deste serviço do ensinamento achar-se-ia nos «mestres» mencionados pelo apóstolo Paulo ao escrever à comunidade de Corinto: «E aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Fazem todos milagres? Possuem todos o dom das curas? Todos falam línguas? Todos as interpretam? Aspirai, porém, aos melhores dons. Aliás vou mostrar-vos um caminho que ultrapassa todos os outros» (1Cor 12,28-31).
O próprio Lucas afirma, na abertura do seu Evangelho: «Resolvi eu também, depois de tudo ter investigado cuidadosamente desde a origem, expô-los [os fatos que entre nós se consumaram] a ti por escrito e pela sua ordem, caríssimo Teófilo, a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído» (Lc 1,3-4). O evangelista parece bem ciente de estar a fornecer, com os seus escritos, uma forma específica de ensinamento que permite dar solidez e vigor a quantos já receberam o Batismo. E voltando ao mesmo tema, o apóstolo Paulo recomenda aos gálatas: «Mas quem está a ser instruído na Palavra esteja em comunhão com aquele que o instrui, em todos os bens» (Gl 6,6). Como se vê, o texto acrescenta uma peculiaridade fundamental: a comunhão de vida como caraterística da fecundidade da verdadeira catequese recebida.

2. Desde os seus primórdios, a comunidade cristã conheceu uma forma difusa de ministerialidade, concretizada no serviço de homens e mulheres que, obedientes à ação do Espírito Santo, dedicaram a sua vida à edificação da Igreja. Os carismas, que o Espírito nunca deixou de infundir nos batizados, tomaram em certos momentos uma forma visível e palpável de serviço à comunidade cristã nas suas múltiplas expressões, chegando ao ponto de ser reconhecido como uma diaconia indispensável para a comunidade. E assim o interpreta o apóstolo Paulo, com a sua autoridade, quando afirma: «Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum. A um é dada, pela ação do Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito; a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro, o dom das curas, no único Espírito; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Tudo isto, porém, o realiza o único e o mesmo Espírito, distribuindo a cada um, conforme lhe apraz» (1Cor 12,4-11).
Por conseguinte é possível reconhecer, dentro da grande tradição carismática do Novo Testamento, a presença concreta de batizados que exerceram o ministério de transmitir, de forma mais orgânica, permanente e associada com as várias circunstâncias da vida, o ensinamento dos apóstolos e dos evangelistas (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. Dogm. Dei Verbum, 8). A Igreja quis reconhecer este serviço como expressão concreta do carisma pessoal, que tanto favoreceu o exercício da sua missão evangelizadora. Olhar para a vida das primeiras comunidades cristãs, que se empenharam na difusão e progresso do Evangelho, estimula também hoje a Igreja a perceber quais possam ser as novas expressões para continuarmos a permanecer fiéis à Palavra do Senhor, a fim de fazer chegar o seu Evangelho a toda a criatura.

3. Toda a história da evangelização destes dois milénios manifesta, com grande evidência, como foi eficaz a missão dos catequistas. Bispos, sacerdotes e diáconos, juntamente com muitos homens e mulheres de vida consagrada, dedicaram a sua vida à instrução catequética, para que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano. Além disso, alguns reuniram à sua volta outros irmãos e irmãs, que, partilhando o mesmo carisma, constituíram Ordens religiosas totalmente dedicadas ao serviço da catequese.
Não se pode esquecer a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino catequístico. Homens e mulheres, animados por uma grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de Igrejas, chegando até a dar a sua vida. Também nos nossos dias, há muitos catequistas competentes e perseverantes que estão à frente de comunidades em diferentes regiões, realizando uma missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé. A longa série de Beatos, Santos e Mártires catequistas que marcou a missão da Igreja, merece ser conhecida, pois constitui uma fonte fecunda não só para a catequese, mas também para toda a história da espiritualidade cristã.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Credo do Povo de Deus

O Credo do Povo de Deus foi proclamado pelo Papa Paulo VI no dia 30 de junho de 1968, após a homilia da Missa de Encerramento do Ano da Fé convocado por ocasião dos XIX Centenário do Martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo:

Papa Paulo VI
Credo do Povo de Deus

Para a glória de Deus onipotente e Senhor nosso, Jesus Cristo; confiando no auxílio da Santíssima Virgem Maria e dos Bem-Aventurados Pedro e Paulo; para utilidade e progresso espiritual da Igreja; em nome de todos os sagrados Pastores e de todos os fiéis cristãos; em plena comunhão convosco, irmãos e filhos caríssimos, vamos pronunciar agora esta profissão de fé:

1. Cremos em um só Deus - Pai, Filho e Espírito Santo - Criador das coisas visíveis - como este mundo, onde se desenrola nossa vida passageira -, Criador das coisas invisíveis - como são os puros espíritos, que também chamamos anjos [1] -, Criador igualmente, em cada homem, da alma espiritual e imortal [2].

Papa Paulo VI (†1978)
(Na estola estão representados os Santos Apóstolos Pedro e Paulo)

2. Cremos que este Deus único é tão absolutamente uno em sua essência santíssima como em todas as suas demais perfeições: na sua onipotência, na sua ciência infinita, na sua providência, na sua vontade e no seu amor. Ele é Aquele que é, conforme Ele mesmo revelou a Moisés (cf. Ex 3,14); Ele é Amor como nos ensinou o Apóstolo São João (cf. 1Jo 4,8); de tal maneira que estes dois nomes - Ser e Amor - exprimem inefavelmente a mesma divina essência d’Aquele que se quis manifestar a nós e que, habitando em uma luz inacessível (cf. 1Tm 6,16), está, por si mesmo, acima de todo nome, de todas as coisas e de todas as inteligências criadas. Só Deus pode dar-nos um conhecimento exato e pleno de si mesmo, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo, de cuja vida eterna somos pela graça chamados a participar, aqui na terra, na obscuridade da fé, e, depois da morte, na luz sempiterna. As relações mútuas, que constituem eternamente as Três Pessoas, sendo, cada uma delas, o único e mesmo Ser Divino, perfazem a bem-aventurada vida íntima do Deus Santíssimo, infinitamente acima de tudo o que podemos conceber à maneira humana [3]. Entretanto, rendemos graças à Bondade divina pelo fato de poderem numerosíssimos crentes dar testemunho conosco, diante dos homens, sobre a unidade de Deus, embora não conheçam o mistério da Santíssima Trindade.