domingo, 31 de agosto de 2014

A cruz peitoral

A segunda insígnia episcopal é a cruz peitoral, uma cruz de metal, com a imagem do Crucificado ou não, munida de cordão que o Bispo usa sempre ao pescoço.


O sentido da cruz peitoral é recordar que, aonde o Bispo for ele é representante de Jesus Cristo. Da mesma forma, a cruz recorda ao Bispo sua missão de anunciar o mistério da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, nela representado.

É muito difícil precisar quando a cruz tornou-se uma insígnia episcopal. Sabe-se que desde o século IV os cristãos levavam ao pescoço pequenos relicários em formato de cruz contendo trechos do Evangelho, relíquias de mártires ou mesmo relíquias da Santa Cruz. Com o tempo, esta insígnia foi passando a ser de uso exclusivo dos bispos.

Papa Francisco com sua característica cruz peitoral
O uso da cruz pelo Bispo nas celebrações litúrgicas é assim determinado pelo Cerimonial: “A cruz peitoral usa-se por baixo da casula ou da dalmática, ou por baixo do pluvial, mas por cima da mozeta” (Cerimonial dos Bispos, n. 61). Ou seja, na Missa, o Bispo usa a cruz por baixo da casula; se usa também a dalmática, por baixo desta; em celebrações solenes fora da Missa, por baixo do pluvial; e quando usa suas vestes corais, sobre a mozeta.

Sobre a questão do uso da cruz sob a casula, vemos que a prática mais comum é a contrária: a grande maioria dos Bispos usa a cruz por cima da casula. Por isso, em 16 de julho de 1997, a Congregação para o Culto Divino emitiu uma nota permitindo aos Bispos que usem a cruz tanto por baixo quanto por cima da casula. Para ler a nota, clique aqui.

Bispos com a cruz sobre a casula, como foi permitido pela Santa Sé
Quando se usa a cruz com as vestes corais, o Cerimonial dos Bispos prescreve o uso de um cordão verde com dourado para os Bispos (n. 1199) e vermelho e dourado para os Cardeais (n. 1205). O Papa, se o desejar, pode usar um cordão inteiramente dourado. O uso deste cordão, porém, só é obrigatório com as vestes corais: sem elas, pode-se usar um cordão mais simples.

A cruz é a única insígnia que não é entregue ao Bispo durante o rito de sua Ordenação. Ele a reveste antes da Missa, sob a casula.

Bispo e Cardeal  em vestes corais (notam-se os cordões)

sábado, 30 de agosto de 2014

Ângelus do Papa: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 24 de agosto de 2014

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (Mt 16,13-20) é o célebre trecho, central na narração de Mateus, em que Simão em nome dos Doze professa a sua fé em Jesus como «Cristo, Filho de Deus vivo»; e Jesus chama Simão «bem-aventurado» por esta sua fé, reconhecendo nela uma dádiva especial do Pai, e diz-lhe: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja».

Meditemos um momento precisamente acerca deste ponto, sobre a constatação de que Jesus atribui a Simão este nono nome: «Pedro», que na língua de Jesus se diz «Cefas», uma palavra que significa «rocha». Na Bíblia este termo, «rocha», é referido a Deus. Jesus atribui-o a Simão não pelas suas qualidades, nem pelos seus méritos humanos, mas pela sua fé genuína e sólida, que lhe advém do Alto.

Jesus sente no seu coração uma profunda alegria, porque reconhece em Simão a mão do Pai, a obra do Espírito Santo. Reconhece que Deus Pai conferiu a Simão uma fé «confiável», sobre a qual Ele, Jesus, poderá construir a sua Igreja, ou seja, a sua comunidade, isto é, todos nós. Jesus tem a intenção de dar vida à «sua» Igreja, um povo assente não já na descendência, mas na , ou seja, na relação com Ele mesmo, uma relação de amor e de confiança. A nossa relação com Jesus constrói a Igreja. E por conseguinte, para dar início à sua Igreja Jesus tem necessidade de encontrar nos discípulos uma fé sólida, uma fé «confiável». É isto que Ele deve averiguar nesta altura do caminho.

O Senhor tem em mente a imagem do construir, a imagem da comunidade como um edifício. Eis por que motivo, quando ouve a profissão de fé pura de Simão, o designa rocha» e manifesta a intenção de construir a sua Igreja sobre aquela mesma fé.

Irmãos e irmãs, aquilo que aconteceu de modo singular em são Pedro acontece também em cada cristão que amadurece uma fé sincera em Jesus Cristo, Filho de Deus vivo. O Evangelho de hoje interpela também cada um de nós. Como está a tua fé? Cada um responda no seu próprio coração. Como está a tua fé? Como encontra o Senhor os nossos corações? Um coração sólido como a pedra, ou um coração arenoso, ou seja, duvidoso, desconfiado, incrédulo? No dia de hoje far-nos-á bem pensar sobre isto. Se o Senhor encontrar no nosso coração uma fé não digo perfeita, mas sincera, genuína, então Ele verá em nós pedras vivas com as quais construir a sua comunidade. A pedra fundamental desta comunidade é Cristo, única pedra angular. Por sua vez, Pedro é pedra, enquanto fundamento visível da unidade da Igreja; mas cada batizado é chamado a oferecer a Jesus a própria fé, pobre, mas sincera, para que Ele possa continuar a construir a sua Igreja hoje, em todas as partes do mundo.

Também nos nossos dias muitas pessoas pensam que Jesus é um grande profeta, um mestre de sabedoria, um modelo de justiça... E ainda hoje Jesus pergunta aos seus discípulos, ou seja, a todos nós: «Mas vós, quem dizeis que Eu sou?». O que responderemos? Pensemos nisto. Mas sobretudo rezemos a Deus Pai, por intercessão da Virgem Maria; oremos a fim de que Ele nos conceda a graça de responder, com um coração sincero: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo». Esta é uma confissão de fé, este é precisamente «o credo». Repitamos juntos três vezes: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo».


Fonte: Santa Sé.

Festa de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos no Seminário de Curitiba

No último dia 22 de agosto o Seminário Teológico da Arquidiocese de Curitiba celebrou a Solenidade de sua padroeira, Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, com a Santa Missa celebrada por Dom Rafael Biernaski, Bispo Titular de Ruspae e Administrador Diocesano de Curitiba.

Concelebraram Dom José Mário Scalon Angonese, Bispo Titular de Giufi, e Dom Pedro Antônio Marchetti Fedalto, Arcebispo Emérito de Curitiba (que proferiu a homilia), além dos formadores dos Seminários da Arquidiocese, incluindo o reitor do Seminário Teológico, Côn. André Biernaski (irmão de D. Rafael).

Estiveram presentes todos os seminaristas da Arquidiocese, dentre os quais o autor deste blog, que foi o Mestre de Cerimônias da Missa.

Seguem algumas fotos, as quais agradecemos ao Sem. André Luis Novaki:

Procissão de entrada
Ósculo do altar
Incensação do altar
Incensação da cruz
Monição inicial de D. Rafael

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O anel episcopal

“O anel, insígnia da fidelidade e da união nupcial com a Igreja, sua esposa, deve o Bispo usá-lo sempre” (Cerimonial dos Bispos, n. 58).


O simbolismo do anel é antiquíssimo: no Egito Antigo, por sua forma circular, era símbolo da eternidade e da fidelidade; na Grécia e em Roma, usado para selar documentos importantes, era sinal da dignidade de quem o portava.

No cristianismo, foi mantida esta dupla dimensão em relação ao anel. Assim, no caso do Bispo, o anel recorda primeiramente sua união à Igreja, à qual o bispo é chamado a ser fiel, como indica a oração que acompanha a imposição do anel na Ordenação Episcopal:

“Recebe este anel, símbolo da fidelidade; e com fidelidade invencível guarda sem mancha a Igreja, esposa de Deus”
(Pontifical Romano, Rito de Ordenação de um Bispo, p. 79)

Papa Francisco entrega o anel a um Bispo
Por expressar igualmente a dignidade do Bispo como Sumo Sacerdote, o anel é, por venerável costume, beijado pelos fieis ao saudar o Bispo. Este gesto não se dirige à pessoa do Bispo, mas à pessoa de Cristo, que ele representa.

O então Cardeal Bergoglio (hoje Papa Francisco) beija o anel de seu predecessor, São João Paulo II
O Papa São João Paulo II, em seu livro “Levantai-vos! Vamos!” dá mais um significado a esta insígnia: “O anel me lembra igualmente a necessidade de ser um ‘elo’ firme na cadeia de sucessão que me une aos Apóstolos” (p. 49).

O anel passa a ser considerado como insígnia episcopal a partir do século VII. Seu uso, porém, provavelmente originou-se antes, dado seu caráter funcional como selo, autenticando documentos importantes.

O Papa Inocêncio III (1198-1216) determinou que os anéis episcopais deveriam ser de ouro, com uma pedra preciosa incrustrada. Atualmente isto não é obrigatório, sendo mais comum o anel com algum símbolo sacro (como uma cruz, por exemplo).

Anel com pedra preciosa (nota-se ao lado o monograma de Cristo)
O anel é imposto no dedo anular da mão direita do Bispo em sua Ordenação, pelo Sagrante principal. É a primeira das insígnias entregues ao Bispo, logo após a entrega do Livro dos Evangelhos.

O Bispo não necessita usar sempre o anel que recebeu na Ordenação: pode usar outros. Contudo, só deve estar sem o anel na Ação Litúrgica da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa (Cerimonial dos Bispos, n. 315). Além disso, se o desejar, pode retirar o anel para lavar as mãos na Missa (n. 150) e, analogamente, em todas as vezes que tiver de lavar as mãos (após o Lava Pés, após a imposição das cinzas ou após as unções sacramentais), mas repondo-o logo em seguida.

Papa Francisco na Celebração da Paixão, claramente sem anel
Os Cardeais, durante o Consistório em que são elevados a tal dignidade, recebem do Papa um novo anel, como expressão da unidade do Colégio Cardinalício. Sobre a entrega do anel aos Cardeais, confira nossa postagem sobre o rito do Consistório.

Da mesma forma, o Papa recebe um novo anel, que lhe é imposto pelo Decano do Colégio Cardinalício, na Missa de início do Ministério Petrino. É o chamado Anel do Pescador (Anulus Piscatoris), que possui gravado algum símbolo ligado a São Pedro e o nome do Pontífice.

Anel do Pescador (Anulus Piscatoris) de Bento XVI

O Papa, porém, não está obrigado a usá-lo sempre, podendo substituí-lo por outro anel episcopal (o Papa Bento optou por usar apenas o Anel do Pescador, enquanto Francisco o usa apenas nas grandes solenidades). Por fim, cumpre dizer que o Anel do Pescador é destruído quando da morte ou renúncia do Papa (Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, n. 13).

Papa Francisco recebendo o Anel dos Pescador (19.03.2013)

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

As insígnias episcopais

Depois das séries de postagens sobre as alfaias litúrgicas e os paramentos, iniciamos hoje, memória de Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja, uma nova série de postagens sobre as insígnias episcopais.


O Decreto Christus Dominus do Concílio Vaticano II inicia recordando a dignidade própria do ministério episcopal:

“Os Bispos, constituídos pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos como pastores das almas, e, juntamente com o Sumo Pontífice e sob a sua autoridade, foram enviados a perpetuar a obra de Cristo, pastor eterno. Na verdade, Cristo deu aos Apóstolos e aos seus sucessores o mandato e o poder de ensinar todas as gentes, de santificar os homens na verdade e de os apascentar. Por isso, foram os Bispos constituídos, pelo Espírito Santo que lhes foi dado, verdadeiros e autênticos mestres, pontífices e pastores” (Christus Dominus, n. 2)

Com efeito, o tríplice múnus dos bispos (sacerdotal, profético e régio), que na verdade é participação na missão do próprio Cristo, é exercido “principalmente na celebração da Sagrada Liturgia” (Cerimonial dos Bispos, n. 11).

Arcebispo preside Missa Pontifical, revestido de suas insígnias
Neste sentido, a Constituição Sacrosanctum Concilium recorda a importância que deve ser dada à Liturgia Episcopal:

“O Bispo deve ser considerado como o sumo-sacerdote do seu rebanho, de quem deriva e depende, de algum modo, a vida de seus fiéis em Cristo. Por isso, todos devem dar a maior importância à vida litúrgica da diocese que gravita em redor do Bispo, sobretudo na igreja catedral, convencidos de que a principal manifestação da Igreja se faz numa participação perfeita e ativa de todo o Povo santo de Deus na mesma celebração litúrgica, especialmente na mesma Eucaristia, numa única oração, ao redor do único altar a que preside o Bispo rodeado pelo presbitério e pelos ministros” (Sacrosanctum Concilium, n. 41)

A fim de manifestar esta dignidade própria do ministério episcopal, a Igreja estabeleceu certas insígnias que o Bispo deve portar nas celebrações litúrgicas, a fim de manifestar externamente a sua função de Sumo Sacerdote, investido da plenitude do sacramento da Ordem.

O Cerimonial dos Bispos descreve como insígnias episcopais: “o anel, o báculo pastoral, a mitra, a cruz peitoral, e ainda o pálio se lhe for concedido pelo direito” (Cerimonial dos Bispos, n. 57).

Bispo com suas insígnias (nota-se o anel, a mitra e o báculo)
O anel e a cruz devem ser usados sempre pelo Bispo, mesmo fora das celebrações, enquanto que a mitra e o báculo são usados apenas nas celebrações litúrgicas. O pálio é usado nas celebrações litúrgicas apenas pelos Arcebispos Metropolitanos, como falaremos em postagem própria.

Os abades, ainda que não sejam bispos, gozam do direito às insígnias episcopais. Isto se dá porque, à semelhança do Bispo em sua diocese, “o abade, que faz no mosteiro as vezes de Cristo, deve apresentar-se como pai, mestre e modelo de vida cristã e monástica” (Cerimonial dos Bispos, n. 667).

Mitra e anel preparados para a Bênção Abacial (nota-se também a Regra de São Bento)
Da mesma forma, em alguns casos, o Papa concede a algum presbítero o privilégio de usar as insígnias episcopais. É o caso do Mons. Keith Newton, superior do Ordinariato Pessoal Nossa Senhora de Walsingham para os ex-anglicanos convertidos à Igreja. Além deste caso, há também os Cardeais que não são bispos, como o Cardeal Karl Joseph Becker.

Mon. Keith Newton com as insígnias pontificais
Nas próximas postagens, falaremos sobre as cinco insígnias episcopais. Acompanhem-nos nos próximos dias:
  1. Anel
  2. Cruz peitoral
  3. Mitra
  4. Báculo
  5. Pálio

REFERÊNCIAS:

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Cerimonial dos Bispos. Promulgado em 14 de setembro de 1984, sob o Papa João Paulo II.

CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium. Promulgada em 04 de dezembro de 1963, pelo Papa Paulo VI.

CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Decreto Christus Dominus. Promulgado em 28 de outubro de 1965, pelo Papa Paulo VI.

Catequese do Papa: A viagem à Coreia do Sul

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 20 de Agosto de 2014
Viagem Apostólica à Coreia

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Nos dias passados realizei uma viagem apostólica à Coreia e hoje, juntamente convosco, dou graças ao Senhor por este dom. Pude visitar uma Igreja jovem e dinâmica, fundada no testemunho dos mártires e animada pelo espírito missionário, num país onde se encontram antigas culturas asiáticas e a novidade perene do Evangelho: encontram-se ambas.
Desejo manifestar novamente a minha gratidão aos amados Bispos da Coreia, à Senhora Presidente da República, às demais Autoridades e a todos aqueles que colaboraram para esta minha visita.
O significado desta viagem apostólica pode ser resumido em três palavras: memória, esperança e testemunho.
A República da Coreia é um país que teve um desenvolvimento económico notável e rápido. Os seus habitantes são grandes trabalhadores, disciplinados, metódicos e devem conservar a força herdada dos seus antepassados.
Em tal situação, a Igreja é guardiã da memória e da esperança: é uma família espiritual na qual os adultos transmitem aos jovens a chama da fé recebida dos idosos; a memória das testemunhas do passado torna-se novo testemunho no presente e esperança de futuro. É nesta perspectiva que se podem ler os dois acontecimentos principais desta viagem: a beatificação de 124 Mártires coreanos, que se acrescentam aos já canonizados há 30 anos por são João Paulo II; e o encontro com os jovens, por ocasião daSexta Jornada Asiática da Juventude.
O jovem é sempre uma pessoa à procura de algo pelo que valha a pena viver, e o Mártir dá testemunho de algo, aliás, de Alguém por quem vale a pena dar a vida. Esta realidade é o Amor de Deus, que se encarnou em Jesus, Testemunha do Pai. Nos dois momentos da viagem dedicados aos jovens, o Espírito do Senhor Ressuscitado encheu-nos de alegria e esperança, que os jovens levarão aos seus vários países e que farão muito bem!
A Igreja na Coreia conserva também a memória do papel primário desempenhado pelos leigos, quer nos alvores da fé, quer na obra de evangelização. Com efeito, nessa terra a comunidade cristã não foi fundada por missionários, mas por um grupo de jovens coreanos na segunda metade de 1700; fascinados por alguns textos cristãos, estudaram-nos a fundo e escolheram-nos como regra de vida. Um deles foi enviado para Pequim a fim de receber o Baptismo, e depois este leigo baptizou por sua vez os companheiros. Daquele primeiro núcleo desenvolveu-se uma grande comunidade, que desde o início e durante cerca de um século padeceu perseguições violentas, com milhares de mártires. Por conseguinte, a Igreja na Coreia está fundamentada na fé, no compromisso missionário e no martírio dos fiéis leigos.
Os primeiros cristãos coreanos propuseram-se como modelo a comunidade apostólica de Jerusalém, praticando o amor fraternoque supera todas as diferenças sociais. Por isso, encorajei os cristãos de hoje a ser generosos na partilha com os mais pobres e excluídos, segundo o Evangelho de Mateus, no capítulo 25: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes» (v. 40).
Caros irmãos, na história da fé na Coreia vê-se que Cristo não anula as culturas, nem suprime o caminho dos povos que ao longo dos séculos e milénios procuram a verdade e praticam o amor a Deus e ao próximo. Cristo não extingue o que é bom, mas leva-o em frente, completa-o.
Ao contrário, o que Cristo combate e derrota é o maligno, que semeia joio entre os homens, entre os povos; que gera exclusão por causa da idolatria do dinheiro; que lança o veneno do nada no coração dos jovens. Foi isto que Jesus Cristo combateu e venceu com o seu Sacrifício de amor. E se permanecermos nele, no seu amor, também nós, como os Mártires, podemos viver e testemunhar a sua vitória. Com esta fé pudemos rezar, e também agora oremos a fim de que todos os filhos da terra coreana, que padecem as consequências de guerras e divisões, possam percorrer um caminho de fraternidade e reconciliação.
Esta viagem foi iluminada pela festividade da Assunção de Maria ao Céu. Do alto, onde reina com Cristo, a Mãe da Igreja acompanha o caminho do povo de Deus, sustém os passos mais cansativos, conforta quantos vivem na provação e mantém aberto o horizonte da esperança. Pela sua intercessão materna, o Senhor abençoe sempre o povo coreano, concedendo-lhe paz e prosperidade; e abençoe a Igreja que vive naquela terra, para que seja sempre fecunda e cheia da alegria do Evangelho.


Fonte: Santa Sé

Congregação para o Culto Divino está vacante

Na manhã de hoje, Sua Santidade o Papa Francisco nomeou o Cardeal Antonio Cañizares Llovera, até então Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, como Arcebispo de Valência (Espanha).

Cardeal Antonio Cañizares Llovera
O Cardeal Cañizares Llovera nasceu em Utiel (Espanha) em 15 de outubro de 1945. Foi ordenado sacerdote em 21 de junho de 1970, justamente para a Arquidiocese de Valência. Sua formação superior foi na área de Catequese na Pontifícia Universidade de Salamanca, onde posteriormente foi professor.

Em 06 de março de 1992, o Papa São João Paulo II o nomeou Bispo de Ávila, recebendo a Ordenação Episcopal em 25 de abril do mesmo ano. Em 1996 foi transferido para a Arquidiocese de Granada e em 2002 para a Arquidiocese de Toledo.

No Consistório de 24 de março de 2006, o Papa Bento XVI o criou Cardeal, confiando-lhe o Título Presbiteral de São Pancrácio.

Em 09 de dezembro de 2008, foi nomeado Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Sob a sua direção a Congregação emitiu o Decreto sobre a menção do nome de São José nas Orações Eucarísticas e, mais recentemente, a Carta Circular sobre o Abraço da Paz.


* * *

Ao mesmo tempo, o Santo Padre aceitou a renúncia do Cardeal Antonio María Rouco Varela ao governo da Arquidiocese de Madri (Espanha), nomeando como novo Arcebispo a Dom Carlos Osoro Sierra, até então Arcebispo de Valência.

O Cardeal Rouco Varela nasceu em Villalba (Espanha) em 24 de agosto de 1936. Foi ordenado sacerdote em 28 de março de 1959, para a Diocese de Mondoñedo-Ferrol.

Em 17 de setembro de 1976, o Papa Paulo VI o nomeou Bispo Titular de Gergis e Auxiliar de Santiago de Compostela, recebendo a Ordenação Episcopal em 31 de outubro do mesmo ano.

Em 1994 o Papa São João Paulo II o promoveu a Arcebispo de Santiago de Compostela e em 1994 o transferiu para a Arquidiocese de Madri. O mesmo Papa o criou Cardeal no Consistório de 21 de fevereiro de 1998, confiando-lhe o Título Presbiteral de São Lourenço in Damaso.

Como Arcebispo de Madri, o Cardeal Rouco Varela organizou a Jornada Mundial da Juventude de 2011, presidida pelo Papa Bento XVI.

Cardeal Rouco Varela na Missa de Abertura da JMJ em Madri

Dom Osoro Sierra nasceu em Castañeda (Espanha) em 16 de maio de 1945. Foi ordenado sacerdote em 29 de julho de 1973, para a Diocese de Santander. Sua formação superior foi na área da Pedagogia.

Em 27 de dezembro de 1996, o Papa São João Paulo II o nomeou Bispo de Orense, recebendo a Ordenação Episcopal em 22 de fevereiro do ano seguinte.

Em 2002, o Papa João Paulo II o transferiu para a Arquidiocese de Oviedo e em 2009 o Papa Bento XVI o transferiu para a Arquidiocese de Valência.

Dom Osoro Sierra, Arcebispo de Madri
* * *

Rezemos pelo Cardeal Cañizares Llovera e por Dom Osoro Sierra, para que sejam pastores segundo o coração de Jesus para os fieis das Arquidioceses de Valência e Madri, respectivamente.
E rezemos ainda mais pelo Santo Padre, para que se deixe guiar pelo Espírito Santo na escolha do novo Prefeito da Congregação para o Culto Divino.

Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Divina Liturgia no primeiro aniversário da Dedicação da Catedral de Kiev

No último dia 17 de agosto, Sua Beatitude Dom Sviatoslav Shevshuk, Arcebispo Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, celebrou a Divina Liturgia na comemoração do primeiro aniversário da dedicação da Catedral Patriarcal da Ressurreição em Kiev.

No final da Divina Liturgia, todos se dirigiram às margens do rio Dnipró, onde Dom Sviatoslav abençoou as águas e aspergiu os fieis.

No ano passado publicamos as fotos da Dedicação, que você pode ver aqui.

Bispo abençoa a assembleia
Litania da Paz
Ritos iniciais

Liturgia da Palavra

Fotos de Ordenação Presbiteral em Curitiba

No último dia 17 de agosto, Dom Rafael Biernaski, Bispo Titular de Ruspae e Administrador Arquidiocesano de Curitiba, celebrou a Santa Missa da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora no Santuário Diocesano de São José, durante a qual foi ordenado presbítero o Diácono Everton da Roza Lara.

Concelebraram a Santa Missa Dom José Mario Angonese, Bispo Titular de Giufi, e diversos presbíteros do clero da Arquidiocese de Curitiba.

Procissão de entrada
Incensação da cruz
Oração do dia
Liturgia da Palavra

domingo, 24 de agosto de 2014

Fotos da Missa pela Paz celebrada pelo Papa na Coreia

No último dia 18 de agosto, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou uma Missa pela Paz e Reconciliação na Catedral de Myeong-Dong, na cidade de Seoul. Esta foi a quarta e última Missa celebrada pelo Papa em sua viagem à Coreia.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. No Missal para a Viagem Apostólica, esta celebração é descrita a partir da página 157.

Procissão de entrada

Ósculo do altar

Ritos iniciais

Homilia do Papa na Missa pela Paz na Coreia

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À REPÚBLICA DA COREIA POR OCASIÃO DA VI JORNADA DA JUVENTUDE ASIÁTICA 
(13-18 DE AGOSTO DE 2014)

SANTA MISSA PELA PAZ E A RECONCILIAÇÃO
HOMILIA DO SANTO PADRE
Catedral de Myeong-dong (Seul)
Segunda-feira, 18 de Agosto de 2014

Queridos irmãos e irmãs!
A minha estadia na Coreia está a chegar ao fim e não posso deixar de agradecer a Deus pelas muitas bênçãos que concedeu a este amado país e, de maneira particular, à Igreja na Coreia. De entre tais bênçãos, conservo de modo especial a experiência, que vivemos juntos nestes últimos dias, da presença de tantos jovens peregrinos originários de todas as partes da Ásia. O seu amor por Jesus e o seu entusiasmo pela propagação do seu Reino foram uma inspiração para todos.
A minha visita culmina agora nesta celebração da Santa Missa, em que imploramos de Deus a graça da paz e da reconciliação. Esta oração reveste-se departicular ressonância na Península Coreana. A Missa de hoje é, sobretudo e principalmente, uma oração pela reconciliação nesta família coreana. Jesus diz-nos, no Evangelho, como é poderosa a nossa oração, quando dois ou três se reúnem em seu nome para pedir qualquer coisa (cf. Mt 18, 19-20). Muito mais o será, quando um povo inteiro eleva a sua instante súplica ao céu!
A primeira leitura apresenta a promessa feita por Deus de restaurar na unidade e na prosperidade um povo disperso pela desgraça e a divisão. Para nós, como para o povo de Israel, é uma promessa cheia de esperança: indica um futuro que Deus está desde já a preparar para nós. Mas esta promessa está inseparavelmente ligada com um mandamento: o mandamento de retornar a Deus e obedecer de todo o coração à sua lei (cf. Dt 30, 2-3). O dom divino da reconciliação, da unidade e da paz está inseparavelmente ligado à graça da conversão: trata-se de uma transformação do coração, que pode mudar o curso da nossa vida e da nossa história, como indivíduos e como povo.
Nesta Missa, naturalmente escutamos essa promessa no contexto da experiência histórica do povo coreano, uma experiência de divisão e conflito que já dura há mais de 60 anos. Mas o premente convite de Deus à conversão chama também os seguidores de Cristo na Coreia a examinarem-se sobre a qualidade da sua contribuição para a construção duma sociedade justa e humana. Chama cada um de vós a reflectir sobre o testemunho que dá, como indivíduo e como comunidade, de compromisso evangélico com os desfavorecidos, os marginalizados, com aqueles que não têm emprego ou estão excluídos da prosperidade que muitos usufruem. Chama-vos, como cristãos e como coreanos, a repelir com firmeza uma mentalidade fundada sobre a suspeita, a confrontação e a competição, optando antes por favorecer uma cultura plasmada pelo ensinamento do Evangelho e pelos mais nobres valores tradicionais do povo coreano.
No Evangelho de hoje, Pedro pergunta ao Senhor: «Quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?» O Senhor responde: «Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete» (Mt 18, 21-22). Estas palavras tocam o coração da mensagem de reconciliação e de paz indicada por Jesus. Obedientes ao seu mandamento, pedimos diariamente ao nosso Pai do Céu que perdoe os nossos pecados, «assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». Mas, se não estivéssemos prontos a fazer o mesmo, como poderíamos honestamente rezar pela paz e a reconciliação?
Jesus pede-nos para acreditar que o perdão é a porta que leva à reconciliação. Quando nos manda perdoar aos nossos irmãos sem qualquer reserva, pede-nos para fazer algo de totalmente radical, mas dá-nos também a graça de o cumprir. Aquilo que, visto duma perspectiva humana, parece ser impossível, impraticável e às vezes até repugnante, Jesus torna-o possível e frutuoso com a força infinita da sua cruz. A cruz de Cristo revela o poder que Deus tem de superar toda a divisão, curar toda a ferida e restaurar os vínculos originais de amor fraterno.
Assim, a mensagem que vos deixo no final da minha visita a Coreia é esta: tende confiança na força da cruz de Cristo; acolhei nos vossos corações a sua graça reconciliadora e partilhai-a com os outros. Peço-vos que deis um testemunho convincente da mensagem de reconciliação de Cristo nas vossas casas, nas vossas comunidade e em todas as esferas da vida nacional. Estou confiante que vós, num espírito de amizade e cooperação com os outros cristãos, com os seguidores de outras religiões e com todos os homens e mulheres de boa vontade que têm a peito o futuro da sociedade coreana, sereis fermento do Reino de Deus nesta terra. Então as nossas orações pela paz e a reconciliação subirão até Deus de corações mais puros e, pelo dom da sua graça, hão-de alcançar aquele bem precioso por que todos suspiramos.
Por isso, rezemos pelo aparecimento de novas oportunidades de diálogo, encontro e superação das diferenças, por uma incessante generosidade na prestação de assistência humanitária aos necessitados, e por um reconhecimento sempre mais vasto de que todos os coreanos são irmãos e irmãs, membros duma única família e dum único povo. Falam a mesma língua.
Antes de deixar a Coreia, quero agradecer à Presidente da República, a Senhora Park Geun-hye,às Autoridades civis e eclesiásticas e a todos aqueles que de alguma forma ajudaram a tornar possível esta visita. De modo especial, quero dirigir uma palavra de gratidão pessoal aos sacerdotes da Coreia, que diariamente se empenham no serviço do Evangelho e na edificação da fé, da esperança e da caridade do Povo de Deus. A vós, como embaixadores de Cristo e ministros do seu amor de reconciliação (cf. 2 Cor 5, 18-20), peço que continueis a construir laços de respeito, confiança e cooperação harmoniosa nas vossas paróquias, entre vós e com os vossos Bispos. O vosso exemplo de um amor sem reservas ao Senhor, a vossa fidelidade e dedicação ao ministério, bem como o vosso empenhamento caritativo com os necessitados contribuem enormemente para a obra de reconciliação e paz neste país.
Queridos irmãos e irmãs, Deus chama-nos a voltar para Ele e a escutar a sua voz, e promete estabelecer-nos sobre a terra numa paz e prosperidade maiores, como os nossos antepassados nunca conheceram. Possam os seguidores de Cristo na Coreia preparar a alvorada daquele dia novo em que esta terra do calmo amanhecer gozará das mais ricas bênçãos divinas de harmonia e de paz! Ámen.



Fonte: Santa Sé

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Fotos da Missa do Papa na VI Jornada da Juventude Asiática

No último dia 17 de agosto, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou a Santa Missa de Encerramento da VI Jornada da Juventude Asiática no Castelo de Haemi, Coreia do Sul. Foi a terceira Missa celebrada pelo Papa em sua viagem à Coreia.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. No Missal para a Viagem Apostólica, esta celebração é descrita a partir da página 121.

Procissão de entrada

Incensação do altar

Sinal da cruz e saudação

Homilia do Papa: Missa da VI Jornada da Juventude Asiática

Viagem Apostólica do Papa Francisco à República da Coreia
Santa Missa na Conclusão da VI Jornada da Juventude Asiática
Homilia do Santo Padre
Castello de Haemi, Seosan
XX Domingo do Tempo Comum (Ano A), 17 de agosto de 2014

Queridos jovens amigos!
«A glória dos mártires resplandece sobre vós»: estas palavras, que fazem parte do tema da VI Jornada Asiática da Juventude, são de consolação para todos nós e dão-nos força. Jovens da Ásia, vós sois herdeiros dum grande testemunho, duma preciosa confissão de fé em Cristo. Ele é a luz do mundo, é a luz da nossa vida! Os mártires da Coreia, e tantos outros em toda a Ásia, entregaram seus corpos aos perseguidores; mas, a nós, entregaram um testemunho perene de que a luz da verdade de Cristo afugenta todas as trevas e o amor de Cristo triunfa glorioso. Com a certeza da sua vitória sobre a morte e da nossa participação nela, podemos enfrentar o desafio de ser seus discípulos hoje, nas nossas situações de vida e no nosso tempo.

As palavras, sobre as quais acabamos de refletir, são uma consolação. A outra parte do tema desta Jornada - «Juventude da Ásia, levanta-te!» - fala-vos de um dever, de uma responsabilidade. Consideremos brevemente cada uma destas palavras. Antes de mais nada, a expressão «da Ásia». Reunistes-vos aqui, na Coreia, vindos de toda a parte da Ásia. Cada um de vós possui um lugar e um contexto próprios, onde sois chamados a espelhar o amor de Deus. O Continente Asiático, permeado de ricas tradições filosóficas e religiosas, continua a ser uma grande delimitação que espera o vosso testemunho de Cristo, «caminho, verdade e vida» (Jo 14,6). Como jovens que não apenas vivem na Ásia, mas são filhos e filhas deste grande Continente, tendes o direito e o dever de tomar parte plena na vida das vossas sociedades. Não tenhais medo de levar a sabedoria da fé a todos os campos da vida social!

Além disso, como jovens asiáticos, vedes e amais, a partir de dentro tudo o que é belo, nobre e verdadeiro nas vossas culturas e tradições. Ao mesmo tempo, como cristãos, sabeis também que o Evangelho tem a força de purificar, elevar e aperfeiçoar este património. Através da presença do Espírito Santo, que vos foi dado no Baptismo e selado na Crisma, podeis, em união com os vossos pastores, apreciar os inúmeros valores positivos das diferentes culturas da Ásia. Além disso, sois capazes de discernir aquilo que é incompatível com a vossa fé católica, o que é contrário à vida da graça enxertada em vós com o Baptismo, e os aspectos da cultura contemporânea que são pecaminosos, corruptos e levam à morte.

Voltando ao tema desta Jornada, detenhamo-nos agora sobre a palavra: «Juventude». Vós e os vossos amigos estais cheios do optimismo, de energia e de boa vontade, característicos desta estação da vossa vida. Deixai que Cristo transforme o vosso natural otimismo em esperança cristã, a vossa energia em virtude moral, a vossa boa vontade em amor genuíno que sabe sacrificar-se! Este é o caminho que sois chamados a empreender. Este é o caminho para vencer tudo o que ameaça a esperança, a virtude e o amor na vossa vidas e na vossa cultura. Assim a vossa juventude será um presente para Jesus e para o mundo.

Como jovens cristãos - quer sejais trabalhadores ou estudantes, quer tenhais já iniciado uma profissão ou respondido à chamada para o matrimónio, a vida religiosa ou o sacerdócio -, não constituís parte apenas do futuro da Igreja: sois uma parte necessária e amada também do presente da Igreja! Vós sois o presente da Igreja! Permanecei unidos uns aos outros, aproximai-vos cada vez mais de Deus, e, juntamente com os vossos Bispos e sacerdotes, gastai estes anos na edificação duma Igreja mais santa, mais missionária e humilde - uma Igreja mais santa, mais missionária e humilde -, uma Igreja que ama e adora a Deus, procurando servir os pobres, os abandonados, os doentes e os marginalizados.

Muitas vezes, na vossa vida cristã, sereis tentados - como os discípulos no Evangelho de hoje (Mt 15,21-28) - a afastar o estrangeiro, o necessitado, o pobre e quem tem o coração despedaçado. E no entanto são sobretudo pessoas como estas que repetem o grito da mulher do Evangelho: «Senhor, ajuda-me!» A invocação da mulher cananeia é o grito de toda a pessoa que está à procura de amor, aceitação e amizade com Cristo. É o gemido de tantas pessoas nas nossas cidades anónimas, a súplica de muitos dos vossos contemporâneos, e a oração de todos os mártires que ainda hoje sofrem perseguição e morte pelo nome de Jesus: «Senhor, ajuda-me!» Muitas vezes, é um grito que brota dos nossos próprios corações: «Senhor, ajuda-me!» Dêmos resposta a esta invocação, não como aqueles que afastam as pessoas que pedem, como se a atitude de servir os necessitados se contrapusesse a estar mais perto do Senhor. Não! Devemos ser como Cristo, que responde a cada pedido de ajuda com amor, misericórdia e compaixão.

Finalmente, a terceira parte do tema desta Jornada: «Levanta-te!» Esta expressão fala de uma responsabilidade que o Senhor vos confia. É o dever de estarmos vigilantes, para não deixar que as pressões, as tentações e os pecados - os nossos ou os dos outros - entorpeçam a nossa sensibilidade à beleza da santidade, à alegria do Evangelho. O Salmo Responsorial de hoje convida-nos repetidamente a «estar alegres e cantar com alegria» (Sl 66). Ninguém que esteja dormindo pode cantar, dançar, alegrar-se. Nada de bom espero, quando vejo juventude que dorme... Não! «Levanta-te!» Caminha! Caminha! Caminha para diante! Queridos jovens, «o Senhor nosso Deus nos abençoou» (Sl 66,8); d’Ele, «alcançamos misericórdia» (Rm 11,30). Com a certeza do amor de Deus, ide pelo mundo, fazendo com que, «em consequência da misericórdia usada convosco» (v. 31), os vossos amigos, os colegas de trabalho, os concidadãos e todas as pessoas deste grande Continente «alcancem finalmente misericórdia» (ibid.). É justamente por esta misericórdia que somos salvos.

Queridos jovens da Ásia, faço votos de que, unidos a Cristo e à Igreja, possais seguir por esta estrada que certamente vos encherá de alegria. E agora que estamos para nos aproximar da mesa da Eucaristia, dirijamo-nos a Maria nossa Mãe, que deu ao mundo Jesus: Sim, ó Maria nossa Mãe, desejamos receber Jesus! No vosso carinho maternal, ajudai-nos a levá-Lo aos outros, a servi-Lo fielmente e a honrá-Lo em todo tempo e lugar, neste país e na Ásia inteira. Amém.
Juventude da Ásia, levanta-te!


Fonte: Santa Sé.