segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Papa Francisco institui o Domingo da Palavra de Deus

Neste dia 30 de setembro de 2019, Memória litúrgica de São Jerônimo, o Papa Francisco, através do Motu Proprio Aperuit illis, institui o Domingo da Palavra de Deus, a ser celebrado sempre no III Domingo do Tempo Comum.

Confira o documento na íntegra:

CARTA APOSTÓLICA SOB FORMA DE MOTU PROPRIO
APERUIT ILLIS
DO SANTO PADRE FRANCISCO
PELA QUAL SE INSTITUI O DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS

1. «ABRIU-LHES o entendimento para compreenderem as Escrituras» (Lc 24,45). Trata-se de um dos últimos gestos realizados pelo Senhor ressuscitado, antes da sua Ascensão. Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados (cf. Lc 24,26.46-47); e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação (cf. Lc 24,49).
A relação entre o Ressuscitado, a comunidade dos crentes e a Sagrada Escritura é extremamente vital para a nossa identidade. Sem o Senhor que nos introduz na Sagrada Escritura, é impossível compreendê-la em profundidade; mas é verdade também o contrário, ou seja, que, sem a Sagrada Escritura, permanecem indecifráveis os acontecimentos da missão de Jesus e da sua Igreja no mundo. Como justamente escreve S. Jerónimo, «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (Commentarii in Isaiam, Prologus: PL 24, 17).
2. No termo do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, pedi que se pensasse num «domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, para compreender a riqueza inesgotável que provém daquele diálogo constante de Deus com o seu povo» (Carta Ap. Misericordia et misera, 7). A dedicação dum domingo do Ano Litúrgico particularmente à Palavra de Deus permite, antes de mais nada, fazer a Igreja reviver o gesto do Ressuscitado que abre, também para nós, o tesouro da sua Palavra, para podermos ser no mundo arautos desta riqueza inexaurível. A propósito, voltam à mente os ensinamentos de Santo Efrém: «Quem poderá compreender, Senhor, toda a riqueza duma só das tuas palavras? Como o sedento que bebe da fonte, muito mais é o que perdemos do que o que tomamos. A tua palavra apresenta muitos aspetos diversos, como diversas são as perspetivas daqueles que a estudam. O Senhor pintou a sua palavra com muitas belezas, para que aqueles que a perscrutam possam contemplar aquilo que preferirem. Escondeu na sua palavra todos os tesouros, para que cada um de nós se enriqueça em qualquer dos pontos que medita» (Comentários sobre o Diatessaron, 1, 18).
Assim, com esta Carta, pretendo dar resposta a muitos pedidos que me chegaram da parte do povo de Deus no sentido de se poder celebrar o Domingo da Palavra de Deus em toda a Igreja e com unidade de intenções. Já se tornou uma prática comum viver certos momentos em que a comunidade cristã se concentra sobre o grande valor que a Palavra de Deus ocupa na sua vida diária. Nas diversas Igrejas locais, há uma riqueza de iniciativas que torna a Sagrada Escritura cada vez mais acessível aos crentes para os fazerem sentir-se agradecidos por tão grande dom, comprometidos a vivê-lo no dia a dia e responsáveis por testemunhá-lo com coerência.
Concílio Ecumênico Vaticano II deu um grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus, com a Constituição Dogmática Dei Verbum. Das suas páginas que merecem ser sempre meditadas e vividas, emergem de forma clara a natureza da Sagrada Escritura, a sua transmissão de geração em geração (cap. II), a sua inspiração divina (cap. III) que abraça o Antigo e o Novo Testamento (caps. IV e V) e a sua importância para a vida da Igreja (cap. VI). Para incrementar esta doutrina, Bento XVI convocou em 2008 uma Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre o tema «A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja» e, depois dela, publicou a Exortação Apostólica Verbum Domini, que constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades [1]. Neste Documento, aprofunda-se de modo particular o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando, na ação litúrgica, emerge o seu caráter propriamente sacramental [2].
Por isso, é bom que não venha jamais a faltar na vida do nosso povo esta relação decisiva com a Palavra viva, que o Senhor nunca Se cansa de dirigir à sua Esposa, para que esta possa crescer no amor e no testemunho da fé.
3. Portanto estabeleço que o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus. Este Domingo da Palavra de Deus colocar-se-á, assim, num momento propício daquele período do ano em que somos convidados a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos. Não se trata de mera coincidência temporal: a celebração do Domingo da Palavra de Deus expressa uma valência ecumênica, porque a Sagrada Escritura indica, a quantos se colocam à sua escuta, o caminho a seguir para se chegar a uma unidade autêntica e sólida.
As comunidades encontrarão a forma de viver este Domingo como um dia solene. Entretanto será importante que, na Celebração Eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus. Neste Domingo, em particular, será útil colocar em evidência a sua proclamação e adaptar a homilia para se pôr em destaque o serviço que se presta à Palavra do Senhor. Neste Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na Liturgia. De facto, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada, tal como já acontece habitualmente com os acólitos ou os ministros extraordinários da comunhão. Da mesma maneira, os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à lectio divina.

Exéquias do Cardeal William Levada

No último dia 27 de setembro foram celebradas no altar da Cátedra da Basílica Vaticana as Exéquias do Cardeal William Joseph Levada, Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, falecido no dia 26 aos 83 anos.

A Santa Missa Exequial foi presidida pelo Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado Emérito. No final da celebração o Papa Francisco presidiu os ritos da Última Encomendação e Despedida.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Krzysztof Marcjanowicz.

Aspersão

Incensação


A Reconciliação na vida da Igreja: Encontro de Pastoral Litúrgica 2006

Dando sequência à nossa série de postagens sobre os Encontros Nacionais de Pastoral Litúrgica (ENPL), promovidos anualmente pelo Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal, gostaríamos de recordar neste mês o 32º ENPL, que aconteceu em julho de 2006, com o tema: "A Reconciliação na vida e na missão da Igreja".

Seguem os áudios de quatro conferências, disponibilizados pelo Secretariado Nacional de Liturgia:

Dr. Jorge Teixeira da Cunha

Dr. José Tolentino Calaça Mendonça

Dr. José Manuel Garcia Cordeiro

Dr. Luís Ribeiro de Oliveira


domingo, 29 de setembro de 2019

IX Catequese do Papa sobre os Atos dos Apóstolos

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Atos dos Apóstolos (9)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Por meio do Livro dos Atos dos Apóstolos, continuamos a seguir uma viagem: a viagem do Evangelho no mundo. São Lucas, com grande realismo, mostra, seja a fecundidade desta viagem, seja o nascimento de alguns problemas no seio da comunidade cristã; desde o início, houve problemas. Como harmonizar as diferenças que coabitam em seu interior sem que ocorram contrastes e divisões?
A comunidade não acolhia somente os judeus, mas também os gregos, isto é, pessoas provenientes da diáspora, não hebreus, com cultura e sensibilidade próprias e com outra religião. Nós, hoje, dizemos “pagãos”. E esses eram acolhidos. Esta co-presença determina equilíbrios frágeis e precários; e, diante das dificuldades, aparece o “joio”, e qual é o pior joio que destrói a comunidade? O joio da murmuração, o joio das fofocas: os gregos murmuram pela desatenção da comunidade em relação às suas viúvas.
Os Apóstolos iniciam um processo de discernimento que consiste em considerar bem as dificuldades e procurar junto as soluções. Encontram um caminho de saída em subdividir as várias tarefas para um sereno crescimento de todo o corpo eclesial e para evitar deixar de lado seja a “corrida” do Evangelho ou seja o cuidado dos membros mais pobres.
Os Apóstolos estão sempre mais conscientes de que a sua vocação principal é a oração e a pregação da Palavra de Deus: rezar e anunciar o Evangelho; e resolvem a questão instituindo um núcleo de “sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6,3) os quais, depois de terem recebido a imposição das mãos, se ocupam do serviço da mesa. Trata-se dos diáconos, que são criados para isso, para o serviço. O diácono na Igreja não é um sacerdote de segunda, é outra coisa; não é para o altar, mas para o serviço. É o custódio do serviço na Igreja. Quando um diácono gosta muito de ir ao altar, erra. Esse não é o seu caminho. Essa harmonia entre o serviço à Palavra e o serviço à caridade representa o fermento que faz crescer o corpo eclesial.
E os Apóstolos criam sete diáconos. Entre os sete “diáconos” se distinguem, de modo particular, Estêvão e Filipe. Estêvão evangeliza com força e parresia, mas a sua palavra encontra as resistências mais obstinadas. Não encontrando outro modo para fazê-lo desistir, o que fazem seus adversários? Escolhem a solução mais mesquinha para aniquilar um ser humano, isto é, a calúnia ou falso testemunho. E nós sabemos que a calúnia sempre mata. Este “câncer diabólico”, que nasce da vontade de destruir a reputação de uma pessoa, agride também o resto do corpo eclesial e o danifica gravemente quando, por interesses mesquinhos ou para encobrir as próprias inadimplências, se usa para sujar alguém.
Conduzido ao Sinédrio e acusado de falsos testemunhos - o mesmo haviam feito com Jesus e o mesmo farão com todos os mártires mediante falsos testemunhos e calúnias - Estêvão proclama uma releitura da história sagrada centralizada em Cristo, para defender-se.
E a Páscoa de Jesus morto e ressuscitado é a chave de toda a história da aliança. Diante desta superabundância do dom divino, Estêvão denuncia corajosamente a hipocrisia com que foram tratados os profetas e o próprio Cristo. E recorda a história deles dizendo: “A qual dos profetas não perseguiram os vossos pais? Mataram os que prediziam a vinda do Justo do qual, vós, agora, tendes sido traidores e homicidas” (At 7,52). Não usa meias palavras, mas fala claro, diz a verdade.
Isso provoca a reação violenta dos ouvintes, e Estêvão é condenado à morte, condenado à lapidação. Ele, porém, manifesta a verdadeira “força” do discípulo de Cristo. Não procura saídas, não apela a personalidades que possam salvá-lo, mas coloca a sua vida nas mãos do Senhor e a oração de Estêvão é belíssima, naquele momento: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7,59) - e morre como filho de Deus perdoando: “Senhor, não lhes leve em conta este pecado” (At 7,60).
Essas palavras de Estêvão nos ensinam que não são os belos discursos a revelar a nossa identidade de filhos de Deus, mas só o abandono das próprias vidas nas mãos do Pai e o perdão a quem nos ofende nos fazem ver a qualidade da nossa fé.
Hoje há mais mártires que no início da vida da Igreja, e os mártires estão em todo lugar. A Igreja de hoje é rica de mártires, é irrigada por seu sangue que é “semente de novos cristãos” (Tertuliano, Apologetico, 50, 13), e assegura crescimento e fecundidade ao Povo de Deus. Os mártires não são “santinhos”, mas homens e mulheres em carne e osso que - como diz o Apocalipse - “lavaram suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). Esses são os verdadeiros vencedores.
Peçamos também ao Senhor que, olhando para os mártires de ontem e de hoje, possamos aprender a viver uma vida plena, acolhendo o martírio da fidelidade cotidiana ao Evangelho e da conformação a Cristo.


Fonte: Canção Nova.

Evangelização e Liturgia

Recentemente no site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi publicado um texto de Dom Geovane Luís da Silva, Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG), intitulado "Liturgia e evangelização", destacando sobretudo a contribuição do Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium:


Evangelização e Liturgia
Dom Geovane Luís da Silva - Bispo Auxiliar de Belo Horizonte

A Liturgia é o coração pulsante da Igreja, porém não esgota toda a sua ação evangelizadora (Sacrosanctum Concilium, n. 9). Ela não é um elemento acidental ou decorativo no âmbito da missão eclesial; muito pelo contrário, situa-se no centro da sua atividade missionária qual fonte que rejuvenesce sem cessar a comunidade de fé. Parece que ainda hoje não levamos a sério este princípio teológico e pastoral estabelecido pelo Concílio Vaticano II na Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium (SC, nn. 9.10).
“Missão, evangelização, pastoreio, liturgia, serviço” são realidades inseparáveis que expressam o mistério da presença de Cristo agindo no mundo através do seu corpo eclesial. Não podemos descurar nenhum destes aspectos que expressam a sacramentalidade da Igreja, pois ela deve anunciar integralmente o Evangelho (missão/evangelização), acompanhar e cuidar (pastoreio) daqueles que abraçaram a fé em Cristo e com eles celebrar (Liturgia) e viver (serviço) a fé traduzida no amor e na solidariedade para com os mais pobres e sofredores.
Priorizar um destes elementos constitutivos da Igreja esquecendo-se dos demais seria muito prejudicial aos fiéis e comprometeria seriamente a sua ação pastoral na sociedade, pois estaríamos apresentando um retrato mutilado ou um mosaico incompleto do rosto de Cristo que resplandece na Igreja através da missão, da evangelização, do pastoreio, da Liturgia e do serviço.
Esta questão foi retomada recentemente no magistério do Papa Francisco, bem ao início do seu pontificado, quando se dirigiu aos fiéis cristãos através da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG), a fim de “convidá-los para uma nova etapa evangelizadora da Igreja” [1].

1. Celebrar cada passo em frente na evangelização
Evangelii Gaudium em seu artigo 24 condensa o pensamento teológico e pastoral do Papa Francisco sobre a Liturgia da Igreja e suas implicações na ação missionária e evangelizadora. No referido artigo aparece o retrato ou mosaico do rosto de Cristo que deve resplandecer através da ação da Igreja no mundo.
A Comunidade Eclesial enquanto sacramento de Cristo deve “primeirear”, envolver-se, acompanhar, frutificar e festejar. No extenso artigo 24 da Exortação Apostólica aparece a intrínseca relação existente entre os elementos que constituem a essência da Igreja: missão, evangelização, pastoreio, Liturgia e serviço. Ao final do presente artigo, o Papa se refere à dimensão festiva da fé e o faz em estreita conexão com os demais elementos citados anteriormente. Aqui se revela a visão integral do Papa Francisco que não admite descurar nenhum dos aspectos constitutivos da Igreja. Sua visão integral e unitária nos ajuda a valorizar cada ação no âmbito eclesial e a fugir de uma práxis pastoral reducionista.
Analisemos, ainda que brevemente, as últimas frases do artigo 24, onde o Papa Francisco fala da relação vital entre evangelização, Liturgia e serviço:
“A comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre festejar: celebra e festeja cada pequena vitória, cada passo em frente na evangelização. No meio desta exigência diária de fazer avançar o bem, a evangelização jubilosa torna-se beleza na Liturgia. A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da Liturgia, que é também celebração da atividade evangelizadora e fonte dum renovado impulso a se dar”.
Aparecem aqui termos teológicos e profundamente significativos para uma justa hermenêutica da ação litúrgica da Igreja.

Rezemos pelo Sínodo da Amazônia


No próximo dia 06 de outubro tem início a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, com o tema: “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. A Assembleia acontecerá em Roma até o dia 27 desse mês.

O Sínodo Especial reúne os Bispos de uma determinada região para analisar os temas de relevância pastoral para aquela porção do Povo de Deus. Por exemplo, em preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000, o Papa João Paulo II convocou uma Assembleia Especial do Sínodo para cada um dos cinco continentes.

Portanto, participarão deste Sínodo todos os Bispos da chamada “Pan-Amazônia”, que engloba a região Norte do Brasil, além de parte dos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, bem como regiões de mais oito países vizinhos: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.


Segundo a lista de membros do Sínodo divulgada recentemente pela Santa Sé, participarão 56 Bispos brasileiros como Padres Sinodais (além de dois presbíteros que são Administradores Diocesanos na região amazônica). Participarão também diversos outros brasileiros em várias funções: sacerdotes, religiosos e leigos.

Durante o Sínodo, como já é costume, está prevista a cerimônia de canonização de novos santos, que acontecerá no dia 13 de outubro. Destaque este ano para a Beata Dulce Lopes Pontes (“Irmã Dulce”), natural da Bahia, que se tornará a primeira mulher nascida no Brasil a ser canonizada.

Como publicamos nos Sínodos anteriores sobre a Família (2015) e os Jovens (2018), propomos aqui algumas iniciativas de oração pelo Sínodo, de modo pessoal ou comunitário.

1. Missa por um Sínodo
Nos dias em que são permitidas Missas por diversas necessidades (no Tempo Comum, em todos os dias de semana; nos domingos, apenas com autorização especial do Bispo diocesano) pode-se utilizar o formulário da Missa por um Sínodo (Missal Romano, pp. 886-887).
Recomenda-se manter as leituras do dia (porém, podem ser escolhidas leituras indicadas no Lecionário III). Os paramentos podem ser da cor do tempo (verdes) ou festivos (brancos).

Oração do dia:
Ó Deus, que governais e guardais a vossa Igreja, derramai em vossos servos o espírito de inteligência, de verdade e de paz, para que busquem de todo o coração o que vos agrada, e se esforcem por praticá-lo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Ou:
Ó Deus, que velais sobre nós com bondade e nos governais com amor, dai o vosso espírito de sabedoria àqueles a quem confiastes o governo da Igreja, para que levem o vosso povo a um maior conhecimento da verdade, e o torne cada vez mais santo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Oração sobre as oferendas:
Considerai, ó Deus de clemência, as ofertas dos vossos servos e derramai sobre eles a graça da vossa luz, para que compreendam o que é reto aos vossos olhos e cheios de confiança o realizem. Por Cristo, nosso Senhor.

Oração Eucarística: I, II ou III com o Prefácio do Espírito Santo II (p. 949) ou Oração VI-A com prefácio próprio

Oração depois da Comunhão:
Concedei-nos, ó Deus de misericórdia, que o sacramento agora recebido confirme os vossos servos na verdade e os leve a procurar a vossa glória. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.


2. A oração pela criação
Como o tema da ecologia possui um papel importante neste Sínodo, como indica o próprio tema da Assembleia, é recomendável recitar também em privado ou mesmo nas celebrações litúrgicas a oração do Papa Francisco pelo cuidado da criação, que se encontra no final de sua Encíclica Laudato si’:

Nós Vos louvamos, Pai, com todas as vossas criaturas, que saíram da vossa mão poderosa.
São vossas e estão repletas da vossa presença e da vossa ternura.
Louvado sejais!
Filho de Deus, Jesus, por Vós foram criadas todas as coisas.
Fostes formado no seio materno de Maria, fizestes-Vos parte desta terra, e contemplastes este mundo com olhos humanos.
Hoje estais vivo em cada criatura com a vossa glória de ressuscitado.
Louvado sejais!
Espírito Santo, que, com a vossa luz, guiais este mundo para o amor do Pai e acompanhais o gemido da criação, Vós viveis também nos nossos corações a fim de nos impelir para o bem.
Louvado sejais!
Senhor Deus, Uno e Trino, comunidade estupenda de amor infinito, ensinai-nos a contemplar-Vos na beleza do universo, onde tudo nos fala de Vós.
Despertai o nosso louvor e a nossa gratidão por cada ser que criastes.
Dai-nos a graça de nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe.
Deus de amor, mostrai-nos o nosso lugar neste mundo como instrumentos do vosso carinho por todos os seres desta terra, porque nem um deles sequer é esquecido por Vós.
Iluminai os donos do poder e do dinheiro para que não caiam no pecado da indiferença, amem o bem comum, promovam os fracos, e cuidem deste mundo que habitamos.
Os pobres e a terra estão bradando: Senhor, tomai-nos sob o vosso poder e a vossa luz, para proteger cada vida, para preparar um futuro melhor, para que venha o vosso Reino de justiça, paz, amor e beleza.
Louvado sejais!
Amém.



sábado, 28 de setembro de 2019

A evolução da Liturgia

O site Vatican News, em seu espaço "Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II" tem dedicado alguns textos ao tema da Eucaristia na Igreja primitiva. Já publicamos aqui os três primeiros, seguem hoje outros dois:

07 de agosto de 2019

No nosso espaço “Memória Histórica: 50 anos do Concílio Vaticano II”, vamos continuar a falar hoje sobre Liturgia.
Nos últimos programas dedicados à Liturgia fizemos um salto ao passado, aos primórdios do Cristianismo, para entender como os primeiros cristãos celebravam a Eucaristia, com base na descrição de São Justino, apresentada no Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.
Entre os primeiros séculos da Igreja e os tempos atuais, muitas transformações ocorreram na Liturgia. Temos proposto aqui visões diferentes, mesmo contrastantes, especialmente em relação à reforma da Liturgia trazida pela Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, promulgada pelo Concílio Vaticano II.
Na edição de hoje deste nosso espaço Memória Histórica, vamos continuar com nosso olhar voltado para os primeiros séculos, e assim entendermos um pouco mais sobre como foram evoluindo e se constituindo os diversos elementos que compõe a Liturgia. Quem continua a nos conduzir neste percurso, é padre Gerson Schmidt:
Da mesma maneira que a Igreja primitiva se separou progressivamente da Sinagoga, assim as formas litúrgicas das jovens comunidades cristãs também se separaram progressivamente do ritual judaico. A celebração da Eucaristia está em íntima relação com as refeições rituais dos judeus - por exemplo, a refeição do sábado ou a ceia pascal - como também as partes mais antigas do ofício das horas, que se estabeleceram a partir da Liturgia da oração na sinagoga judaica.
“A ruptura com a Sinagoga deve-se à fé no Ressuscitado; mas no referente aos ritos, quase não havia diferença com os judeus. Assim, depois do dia de Pentecostes, os novos batizados seguiam tomando parte no culto do Templo (cf. At 2,46); o mesmo São Paulo renovou com outras quatro pessoas o voto judeu dos nazarenos e fez que se oferecesse o sacrifício prescrito ante o Templo de Jerusalém (cf. At 21,23-26)” [1].
Com o edito de paz de Constantino, em 313, a Igreja primitiva passa de ser perseguida para ser a Igreja oficial do Império Romano (*). Massas de pessoas começam a entrar na Igreja, a seguir o Cristianismo.
“Como o rito foi se desenvolvendo no transcurso dos tempos, poderá continuar fazendo o mesmo no futuro. Mas este desenvolvimento deverá ter em conta a atemporalidade de cada rito e efetuá-lo de maneira orgânica. O fato de que, sob Constantino, o Cristianismo se converteu em religião do Estado (*), trouxe como consequência um maior desenvolvimento do culto. A Missa não foi mais celebrada em pequenas igrejas domésticas, mas nas suntuosas basílicas. Prosperou o canto da Igreja. E em todas as partes se celebrou a Liturgia com uma grande solenidade” [2].
Há aqui um empobrecimento e também um enriquecimento. Entram na Liturgia os elementos de fausto e de grandiosidade. Desde modo, a luz potente e pascal da Liturgia primitiva começa a se ofuscar e se carrega as celebrações de extrema solenidade e aparatos demasiadamente solenes e reais [reais de realeza, da Liturgia na presença de reis].
Mas, as exageradas pompas e solenidade das basílicas e catedrais levou também a um empobrecimento, um isolamento do fiel, uma massificação e uma participação na Liturgia como em um espetáculo, sem entendimento algum do mistério litúrgico. Por isso agora a preocupação dos Padres conciliares de uma verdadeira restauração da Liturgia que permita ao fiel se aproximar mais do mistério cristão, entender e participar ativamente da Liturgia.
Mas também, no século IV em diante, há um esforço enorme de catequizar sobre o mistério da Eucaristia, como vemos nas figuras dos Santos Padres do Ocidente, Santo Ambrósio e Santo Agostinho, e os Padres do Oriente, como São João Crisóstomo. É um tempo fecundo da formação de belíssimas anáforas, do próprio Canon Romano.
O enriquecimento do culto, outrossim, contribuiu à formação de ritos diversos tanto no Oriente como no Ocidente. Mas este desenvolvimento foi efetuado sempre de maneira orgânica, sem ruptura com a tradição e sem uma intervenção dirigista das autoridades eclesiásticas.
Os Papas sempre respeitaram os diversos ritos do Oriente e do Ocidente e só excepcionalmente autorizaram um intercâmbio entre um rito oriental e um ocidental. Existem na Igreja vários ritos independentes. No Ocidente, além do rito romano, existem os ritos galicano (já desaparecido), ambrosiano e mozárabe; no Oriente, há outros ritos: o bizantino, armênio, siríaco e copta.

14 de agosto de 2019

No nosso espaço “Memória Histórica: 50 anos do Concílio Vaticano II”, vamos falar hoje sobre “a importância da anáfora desde os primeiros séculos”.
Dando sequência aos nossos programas sobre a Celebração Eucarística nos primeiros séculos do Cristianismo e o desenvolvimento da Liturgia, padre Gerson Schmidt nos trás hoje uma reflexão sobre as “anáforas”.
Se buscarmos o significado de “anáfora” em uma obra que trata de Liturgia ou de Patrística, veremos que o termo designa a grande Oração Eucarística. Nas fórmulas eucarísticas da Igreja Sírio-ocidental, por exemplo, é chamada de anáfora aquela parte que vai da oferta da paz até a Comunhão (cerca de 70 anáforas). Já a Igreja etíope, de particular e eclética tradição, designa toda a Liturgia Eucarística com anáfora. Em outras Igrejas, a anáfora vai desde a oferta da paz até a doxologia final da própria Oração Eucarística.
Etimologicamente, “anáfora” deriva do verbo grego “ana-phero”, que significa elevar, enviar para o alto, oferecer. O prefixo “ana” enfatiza fortemente que a oração é enviada para cima ou elevada a Deus. “Anáfora”, portanto, é praticamente sinônimo de “prósfora”, e serve para designar a oferta da Oração Eucarística.
A Oração Eucarística começa com a declaração de que é bom dar graças a Deus, e termina com a doxologia final que proclama a glória do Pai, formulada segundo a fé trinitária: Per ipsum et cum ipso et in ipso est tibi Deo Patri omnipotenti in unitate Spiritus sancti omnis honor et gloria per omnia saecula saeculorum; os fiéis respondem Amen . Este é um critério descritivo, que serve para identificar a Oração Eucarística e é, grosso modo, válido para as várias famílias litúrgicas, não obstante as diferenças profundas existentes entre elas.
Mas quem nos trás mais detalhes, é padre Gerson Schmidt:
Queremos nesse espaço reforçar a importância das anáforas, ou seja, as variadas preces eucarísticas que temos hoje disponíveis na Liturgia, que são uma riqueza muito grande. Vimos aqui, na Apologia escrita por São Justino, a mais antiga que temos, que desde a Igreja primitiva a Prece ou Oração Eucarística fazia parte da Eucaristia celebrada pelos cristãos. O Catecismo, a partir do número 1345, apresenta uma explicação mais detalhada dos aspectos próprios dessa Liturgia dos primórdios, do século II.
Diz assim o texto de São Justino: ”Quando as orações terminaram, saudamo-nos uns aos outros com um ósculo. Em seguida, leva-se àquele que preside aos irmãos pão e um cálice de água e de vinho misturados. Ele (o sacerdote) os toma (as ofertas de pão e vinho) e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, no nome do Filho e do Espírito Santo e rende graças (em grego: eucharístia, que significa ‘ação de graças’) longamente pelo fato de termos sido julgados dignos destes dons” [3].
Mas também, no século IV em diante, há um esforço enorme de catequizar sobre o mistério da Eucaristia, como vemos nas figuras dos santos Padres do Ocidente, Santo Ambrósio e Santo Agostinho, e o Padres do Oriente, como São João Crisóstomo. É um tempo fecundo da formação de belíssimas anáforas, do próprio Cânon Romano. O enriquecimento do culto, outrossim, contribuiu à formação de ritos diversos tanto no Oriente como no Ocidente. Mas este desenvolvimento foi efetuado sempre de maneira orgânica, sem ruptura com a tradição e sem uma intervenção dirigista das autoridades eclesiásticas.
A Liturgia Oriental aqui traz à Liturgia Romana um contributo muito grande, a riqueza das variadas e expressivas anáforas – as mais belas e abundantes Preces Eucarísticas que hoje também temos disponíveis na Liturgia Romana. Na Igreja oriental houve, na caminhada histórica, a produção de mais de 70 anáforas disponíveis aos sacerdotes na presidência da Eucaristia.
A pluralidade das Orações Eucarísticas representa uma novidade na história do Rito Romano e nela se pode constatar uma aproximação à prática litúrgica das Igrejas ortodoxas. Contudo, o fato de que a Oração Eucarística II, a mais breve e talvez a mais pobre, se tenha tornado padrão para os domingos, substituindo quase totalmente o Cânon Romano, não corresponde ao princípio do desenvolvimento orgânico da Liturgia [4].
Na prática, vemos que os sacerdotes optam pela Oração Eucarística II por ser a mais curta, haja vista a quantidade de Missas que se tem pela frente no fim de semana, também porque as respostas dessa Prece Eucarística são mais conhecidas pelo povo, o que acaba empobrecendo a riqueza e variedade que temos das anáforas e Preces Eucarísticas do Missal, devidamente aprovadas pela Santa Sé.
O Catecismo da Igreja Católica, no número 1352, nos fala sobre a anáfora e diz assim: “Com a Oração Eucarística, oração de ação de graças e de consagração, chegamos ao coração e ao ápice da celebração. No prefácio, a Igreja rende graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, por todas as suas obras, pela criação, a redenção, a santificação. Toda a comunidade se junta então a este louvor incessante que a Igreja celeste, os anjos e todos os santos cantam ao Deus três vezes santo”.

Ícone da Última Ceia
(*) O Cristianismo só se torna a religião oficial do Império Romano em 380, com o Imperador Teodósio I. Constantino em 313 apenas proíbe as perseguições ao Cristianismo.

[1] cf. Monsenhor Klaus Gamber, Reforma da Liturgia Romana, p. 20, disponível em: http://www.unavocesevilla.info/reformaliturgia.pdf.
[2] ibid.              
[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 1345.
[4] Helmut Hoping, A Constituição Sacrosanctum Concilium. in: As Constituições do Vaticano II, Ontem e Hoje. org. Geraldo B. Hackmann e Miguel de Salis Amaral, Edições CNBB, 2015, p. 133.

Homilia: XXVI Domingo do Tempo Comum - Ano C

São João Crisóstomo
Sermão sobre o Evangelho de São Mateus
“Se Deus aceita os dons para o seu templo lhe agradam, no entanto, muito mais as oferendas que se dão aos pobres”

Desejas honrar o Corpo de Cristo? Não o desprezes, pois, quando o contemplas nu nos pobres, nem o honres aqui, no templo, com lenços de seda, se ao sair o abandonas em seu frio e nudez. Porque o mesmo que disse: Isto é o meu Corpo, e com sua palavra trouxe à realidade o que dizia, afirmou também: Tive fome e não me destes de comer, e mais adiante: Sempre que o deixastes de fazer a um destes pequeninos, a mim o deixastes de fazer. O templo não necessita de vestes e lenços, mas pureza de alma; os pobres, porém, necessitam que com muita dedicação nos preocupemos com eles.
Reflitamos, portanto, e honremos a Cristo com aquela mesma honra com que Ele deseja ser honrado; pois, quando se quer honrar alguém, devemos pensar na honra que lhe agrada, e não no que nos satisfaz. Também Pedro quis honrar ao Senhor quando não permitiu deixar-se lavar os pés, mas o que ele queria impedir não era a honra que o Senhor desejava, mas sim o contrário. Assim, tu deves prestar ao Senhor a honra que Ele mesmo te indicou, distribuindo tuas riquezas aos pobres. Pois Deus certamente não tem necessidade de taças de ouro, mas, ao contrário, deseja almas de ouro.
Não digo isto com intenção de proibir a entrega de dons preciosos para os templos, mas que, junto com estes dons e até mesmo acima deles, deve-se pensar na caridade para com os pobres. Porque, se Deus aceita os dons para o seu templo, lhe agradam, no entanto, muito mais as oferendas que se dão aos pobres. De fato, da oferenda feita ao templo somente tira proveito quem a fez; mas da esmola tira proveito tanto quem a faz como quem a recebe. O dom dado para o templo pode ser motivo de vanglória; a esmola, entretanto, somente é sinal de amor e caridade.
De que serviria adornar a mesa de Cristo com taças de ouro se o próprio Cristo morre de fome? Dá primeiro de comer ao faminto, e em seguida, com o que te sobrar, ornamentarás a mesa de Cristo. Queres fazer oferenda de taças de ouro e não és capaz de dar um copo de água? E de que serviria recobrir o altar com lenços bordados de ouro, quando negas ao próprio Senhor a veste necessária para cobrir a sua nudez? O que ganhas com isso? Não se indignará ainda mais contigo? Ou se, vendo-o vestido de farrapos e morto de frio, sem lembrar-te de sua nudez, levantas em sua honra monumentos de ouro, afirmando que com estes presentes o está honrando, Ele não pensará que queres zombar de sua indigência com a mais sarcástica de tuas ironias?
Pensa, portanto, que é isto o que fazes com Cristo, quando o contemplas errante, peregrino e sem teto e, sem recebê-lo, te dedicas a adornar o pavimento, as paredes e as colunas do templo. Prende lâmpadas com correntes de prata, e te negas a visitá-lo quando Ele está acorrentado na prisão. Com isto que estou dizendo não pretendo proibir o uso de tais adornos, mas afirmo que é absolutamente necessário fazer um sem descuidar do outro; mais: exorto-vos a que sintais maior preocupação pelo irmão necessitado do que pela decoração do templo. Realmente ninguém estará condenado por omitir este segundo; mas os castigos do inferno, o fogo inextinguível e a companhia dos demônios estão destinados para aqueles que descuidem do primeiro. Portanto, ao decorar o templo, procurai não desprezar o irmão necessitado, porque este templo é muito mais precioso que aquele outro.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 726-727. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório Magno para este domingo clicando aqui.

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Festa de Santa Tecla no Duomo de Milão

No último dia 22 de setembro o Arcipreste do Duomo de Milão, Monsenhor Gianantonio Borgonovo, celebrou a Santa Missa da Solenidade de Santa Tecla, Mártir, padroeira da antiga Catedral de Milão.

No início da celebração foi realizado o sugestivo rito do "faro", próprio das festas dos mártires a partir do século VII: um globo de estopa ou outro material inflamável é elevado sobre o altar e queimado, símbolo da vida do mártir que se consumiu por amor a Cristo.

O suporte do "faro" do Duomo de Milão contém justamente os atributos do mártir: cruz, coroa e palmas.

Procissão de entrada



O "faro" do Duomo de Milão

Ângelus: XXV Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 22 de setembro de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A parábola contida no Evangelho deste domingo (Lc 16,1-13) tem como protagonista um administrador astuto e desonesto que, acusado de ter dilapidado os bens do patrão, está para ser despedido. Nesta situação difícil, ele não recrimina, não busca justificação nem se deixa desencorajar, mas busca uma saída para assegurar-se um futuro tranquilo. Reage primeiro com lucidez, reconhecendo os próprios limites: «Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha» (v. 3); depois age com astúcia, roubando pela última vez o seu patrão. Com efeito, chama os devedores e reduz as dívidas que tinham com o patrão, para fazê-los seus amigos e ser depois por eles recompensado. Isto é fazer amigos com a corrupção e obter gratidão com a corrupção, como muitas vezes acontece hoje.

Jesus apresenta este exemplo certamente não para exortar à desonestidade, mas à astúcia. Com efeito, enfatiza: «o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza» (v. 8), isto é, com aquele misto de inteligência e astúcia que te permite superar situações difíceis. A chave de leitura desta narrativa está no convite de Jesus ao final da parábola: «Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas» (v. 9). Parece um pouco confuso isto, mas não é: a “riqueza desonesta” é o dinheiro - dito também o “esterco do diabo” - e em geral os bens materiais.

A riqueza pode levar a construir muros, criar divisões e discriminações. Jesus, ao contrário, convida os seus discípulos a inverter a rota: “Fazei amigos com a riqueza”. É um convite a saber transformar bens e riquezas em relações, porque as pessoas valem mais que as coisas e contam mais que as riquezas possuídas. Na vida, com efeito, dá fruto não quem tem muitas riquezas, mas quem cria e mantém vivos muitos laços, muitas relações, muitas amizades através das diversas “riquezas”, isto é, os diversos dons que Deus lhe deu. Mas Jesus indica também a finalidade última da sua exortação: “Fazei amigos com a riqueza, para que eles vos acolham nas moradas eternas”. A acolher-nos no Paraíso, se formos capazes de transformar as riquezas em instrumentos de fraternidade e de solidariedade, não estará apenas Deus, mas também aqueles com os quais dividimos, administrando-o bem, o que o Senhor colocou em nossas mãos.

Irmãos e irmãs, esta página do Evangelho faz ressoar em nós a pergunta do administrador desonesto, expulso pelo patrão: «Que vou fazer? » (v. 3). Diante de nossas carências, de nossos fracassos, Jesus nos assegura que estamos sempre em tempo para curar com o bem o mal feito. Quem provocou lágrimas, faça alguém feliz; quem tirou indevidamente, doe a quem tem necessidade. Fazendo assim, seremos louvados pelo Senhor “porque agimos com astúcia”, isto é, com a sabedoria de quem se reconhece filho de Deus e se põe em jogo pelo Reino dos céus.

A Virgem Santa nos ajude a ser astutos para assegurar-nos não o sucesso mundano, mas a vida eterna, a fim de que, no momento do juízo final, as pessoas necessitadas que ajudamos possam testemunhar que nelas vimos e servimos o Senhor.


Tradução livre do original italiano.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Festa da Natividade de Maria no Patriarcado de Moscou

O Patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa celebrou no último dia 21 de novembro a Divina Liturgia da Festa da Natividade de Maria segundo o calendário juliano na Catedral da Ascensão em Gelendzhik (Rússia).

Cúpula da Catedral
Início da Divina Liturgia

O Patriarca abençoa os fiéis
Incensação

Fotos da Missa do Papa em Albano

No último dia 21 de setembro o Papa Francisco visitou a cidade de Albano, próxima a Roma, para celebrar o aniversário da dedicação da Catedral de São Pancrácio e os 11 anos da visita do Papa Bento XVI à cidade, durante a qual dedicou o novo altar da Catedral.

Após um momento de oração com os sacerdotes dentro da igreja, o Santo Padre celebrou a Missa da Solenidade do aniversário da Dedicação na Praça Pia, ao lado da Catedral.

Chegada do Santo Padre à Catedral
Momento de oração com os sacerdotes
Santa Missa: Procissão de entrada
Incensação da imagem de Nossa Senhora
Ritos iniciais

Homilia do Papa: Missa em Albano

Visita Pastoral do Santo Padre Francisco a Albano
Concelebração Eucarística
Praça Pia
Sábado, 21 de setembro de 2019

O episódio que ouvimos acontece em Jericó, a famosa cidade destruída no tempo de Josué que, segundo a Bíblia, não seria mais reconstruída (cf. Js 6): se tornaria “a cidade esquecida”. Mas Jesus, diz o Evangelho, “entra e atravessa” Jericó (cf. Lc 19,1). E nesta cidade, que está abaixo do nível do mar, não teme encontrar o nível mais baixo, representado por Zaqueu. Ele era um publicano, mais, o «chefe dos publicanos», isto é, daqueles judeus odiados pelo povo que recolhiam os tributos para o Império Romano. Era «rico» (v. 2) e é fácil intuir como se tornou: à custa dos seus concidadãos, aproveitando-se dos seus concidadãos. Aos seus olhos Zaqueu era o pior, sem salvação. Mas não aos olhos de Jesus, que o chama pelo seu nome próprio, Zaqueu, que significa “Deus se recorda”. Na cidade esquecida, Deus se recorda do maior pecador.
O Senhor, antes de tudo, se recorda de nós. Não nos esquece, não nos perde de vista apesar dos obstáculos que possam nos manter longe d’Ele. Obstáculos que não faltaram no caso de Zaqueu: a sua baixa estatura, física e moral, mas também a sua vergonha, pela qual procurava ver Jesus escondido entre os ramos da árvore, provavelmente esperando não ser visto. E depois as críticas externas: na cidade, por causa daquele encontro, «todos murmuravam» (v. 7) - mas creio que em Albano aconteça o mesmo: se murmura... Limites, pecados, vergonha, murmurações e preconceitos: nenhum obstáculo faz Jesus esquecer o essencial, o homem a amar e salvar.
O que nos diz este Evangelho no aniversário da vossa Catedral? Que cada igreja, que a Igreja com letra maiúscula, existe para manter vivo no coração dos homens a recordação que Deus o ama. Existe para dizer a cada um, também ao mais distante: “És amado e és chamado pelo nome por Jesus; Deus não te esquece, se importa contigo”. Queridos irmãos e irmãs, como Jesus não tenhais medo de “atravessar” a vossa cidade, de ir ao encontro de quem está mais esquecido, de quem está escondido atrás dos ramos da vergonha, do medo, da solidão, para dizer-lhe: “Deus se recorda de ti”.
Gostaria de destacar uma segunda ação de Jesus. Além de recordar, de reconhecer Zaqueu, Ele se antecipa. Vemo-lo na troca de olhares com Zaqueu. Este «buscava ver quem era Jesus» (v. 3). É interessante que Zaqueu não buscava apenas ver Jesus, mas ver quem era Jesus: isto é, entender que tipo de mestre era, qual era a sua característica distintiva. E o descobre não quando vê Jesus, mas quando é visto por Jesus. Porque enquanto Zaqueu busca vê-lo, Jesus o vê por primeiro; antes que Zaqueu fale, Jesus lhe fala; antes de convidar Jesus, Jesus vem à sua casa. Eis quem é Jesus: aquele que nos vê primeiro, aquele que nos ama primeiro, aquele que nos acolhe primeiro. Quando descobrimos que o seu amor nos antecipa, que chega até nós antes de tudo, a vida muda. Querido irmão, querida irmã, se como Zaqueu você está buscando um sentido para a vida, mas, não o encontrando, você está se jogando fora com “substitutos do amor”, como as riquezas, a carreira, o prazer, qualquer dependência, deixe-se olhar por Jesus. Só com Jesus descobrirás ser sempre amado e farás a descoberta da vida. Você se sentirá tocado por dentro pela ternura invencível de Deus, que comove e move o coração. Assim aconteceu com Zaqueu e assim acontece com cada um de nós, quando descobrimos o “antes” de Jesus: Jesus que nos antecipa, que nos olha por primeiro, que nos fala por primeiro, que nos espera por primeiro.
Como Igreja, perguntemo-nos se para nós Jesus vem antes: é primeiro Ele ou a nossa agenda, é primeiro Ele ou as nossas estruturas? Toda conversão nasce de uma antecipação de misericórdia, nasce da ternura de Deus que “sequestra” o coração. Se tudo aquilo que fazemos não parte do olhar de misericórdia de Jesus, corremos o risco de mundanizar a fé, de complicá-la, de enchê-la de tantos contornos: argumentos culturais, visões eficientistas, opções políticas, escolhas partidárias... Mas se esquece o essencial, a simplicidade da fé, aquilo que vem antes de tudo: o encontro vivo com a misericórdia de Deus. Se isto não é o centro, se não está no início e no fim de toda a nossa atividade, corremos o risco de ter Deus “fora de cada”, isto é, na igreja, que é a sua casa, mas não conosco. O convite de hoje é: deixar-se “misericordiar” por Deus. Ele vem com a sua misericórdia.
Para guardar o “antes” de Deus, temos como exemplo Zaqueu. Jesus o vê primeiro porque ele subiu em um sicômoro. É um gesto que exigiu coragem, entusiasmo, imaginação: não se veem muitos adultos subirem em árvores; isto é o que as crianças fazem, é uma coisa que se faz quando criança, todos nós o fizemos. Zaqueu superou a vergonha e de certa forma se tornou criança. É importante para nós voltarmos a ser simples, abertos. Para guardar o “antes” de Deus, isto é, a sua misericórdia, não precisamos ser cristãos complicados, que elaboram mil teorias e se dispersam para procurar respostas, mas devemos ser como as crianças. Elas têm necessidade dos pais e dos amigos: também nós temos necessidade de Deus e dos outros. Não bastamos a nós mesmos, temos necessidade de desmascarar a nossa autossuficiência, de superar os nossos fechamentos, de voltarmos a ser pequenos dentro, simples e entusiasmados, plenos de ímpeto em direção a Deus e de amor pelo próximo.
Gostaria de evidenciar uma última ação de Jesus, que nos faz sentir em casa. Ele diz a Zaqueu: «Hoje devo ficar em tua casa» (v. 5). Em tua casa. Zaqueu, que se sentia estranho na sua cidade, entra em sua casa como pessoa amada. E, amado por Jesus, redescobre as pessoas próximas e diz: «Darei a metade do que possuo aos pobres e, se roubei alguém - e havia roubado tanto, este homem -, restituirei quatro vezes mais» (v. 8). A Lei de Moisés ordenava restituir acrescentando um quinto (cf. Lv 5,24), Zaqueu sá quatro vezes mais: vai bem além da Lei porque encontrou o amor. Sentindo-se em casa, abriu a porta ao próximo.
Como seria belo se os nossos vizinhos e conhecidos sentissem a Igreja como sua casa! Sucede, porém, que as nossas comunidades se tornam estranhas e pouco atraentes para muitos. Às vezes sofremos também nós a tentação de criar círculos fechados, lugares íntimos para os eleitos. Sentimo-nos eleitos, sentimo-nos elite... Mas há tantos irmãos e irmãs que têm saudades de casam que não têm a coragem de aproximar-se, talvez porque não se sentem acolhidos; talvez porque conheceram um padre que lhes tratou mal ou os expulsou, quis fazê-los pagar os sacramentos - uma coisa feia - e se afastaram. O Senhor deseja que a sua Igreja seja uma casa entre as casas, uma tenda hospitaleira onde cada homem, viajante da existência, encontre Ele, que veio habitar no meio de nós (cf. Jo 1,14).
Irmãos e irmãs, seja a Igreja o lugar onde não se olhe mais os outros de cima para baixo, mas, como Jesus com Zaqueu, de baixo para cima. Recordai que o único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é para ajudá-la a levantar-se, caso contrário não é lícito. Apenas naquele momento: olhá-la assim, porque caiu. Olhemos as pessoas não como juízes, mas sempre como irmãos. Não sejamos inspetores da vida alheia, mas promotores do bem de todos. E para sermos promotores do bem de todos, uma coisa que ajuda tanto é ter a língua parada: não falar mal dos outros. Mas as vezes, quando digo estas coisas, ouço dizerem: “Padre, veja, é uma coisa feia, mas me vem, porque eu vejo uma coisa e me vem a vontade de criticar”. Eu sugiro um bom remédio para isto - além da oração -; o remédio eficaz é: morda a língua. Vai inchar na sua boca e você não poderá falar!
«O Filho do Homem - conclui o Evangelho - veio procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,10). Se evitamos quem está perdido não somos de Jesus. Peçamos a graça de ir ao encontro de cada um como um irmão e de não ver em ninguém um inimigo. E se nos fizeram o mal, restituamos o bem. Os discípulos de Jesus não são escravos dos males passados mas, perdoados por Deus, fazem como Zaqueu: pensam apenas no bem que podem fazer. Demos gratuitamente, amemos os pobres e quem não pode nos retribuir: seremos ricos aos olhos de Deus.
Queridos irmãos e irmãs, desejo que a vossa Catedral, como toda igreja, seja o lugar em que cada um se sinta recordado pelo Senhor, antecipado pela sua misericórdia e acolhido em casa. Assim, que na Igreja aconteça a coisa mais linda: alegrar-se porque a salvação entrou na vida (cf. v. 9). Assim seja.


Tradução livre do original italiano.

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O Mês Missionário Extraordinário

Durante a oração do Ângelus do dia 22 de outubro de 2017, o Papa Francisco convocou um Mês Missionário Extraordinário, a ser celebrado em outubro de 2019.


Embora no Brasil comemoremos todos os anos o Mês das Missões em outubro, o Papa deseja que neste ano essa celebração seja especial, por ocasião do centenário da Carta Apostólica Maximum illud do Papa Bento XV.

A Carta Maximum illud munus (A sublime missão) foi promulgada pelo Bento XV em 30 de novembro de 1919, logo após o drama da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Incentivando as missões, o Papa desejava promover a paz e a unidade entre as nações.

Papa Bento XV
A Igreja é em sua essência missionária, desde o dia de Pentecostes até o final dos tempos. Por isso o tema deste Mês recorda a responsabilidade de todos os cristãos na construção do Reino de Deus: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”.

Dentre as iniciativas de celebração para este mês, além da abertura no dia 01 de outubro (Memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, co-padroeira das Missões junto com São Francisco Xavier), propõe-se a realização de uma Vigília Missionária no dia 19, véspera do Dia Mundial das Missões (celebrado no penúltimo domingo deste mês).

O Guia para o Mês Missionário Extraordinário (publicado no Brasil pelas Edições CNBB), apresenta um roteiro para esta Vigília, na forma de uma Celebração da Palavra. As comunidades, porém, poderão adaptar a Vigília em outros contextos celebrativos (por exemplo, no contexto de uma Adoração Eucarística).


No Dia Mundial das Missões deste ano (20 de outubro), convém rezar em uma das celebrações da comunidade a Missa “pela evangelização dos povos”, com suas orações (Missal Romano, pp. 902-904) e leituras próprias (cf. Lecionário III).

Este é um dos poucos formulários de Missas para diversas circunstâncias que pode ser utilizado em um domingo do Tempo Comum. Esta Missa pode também ser rezada, se for oportuno, nos dias de semana deste mês.

Além disso, o Guia do Mês Missionário editado pela CNBB apresenta sugestões para a Oração Universal (Preces) para os quatro domingos deste mês. Nada impede, porém, que a comunidade elabore outras.

Jesus envia seus Apóstolos em missão
Por fim, nos diversos momentos celebrativos e outros encontros, pode ser recitada a oração oficial para este mês, promulgada pelas Pontifícias Obras Missionárias:

Pai nosso, o Teu Filho Unigênito, Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos, confiou aos seus discípulos o mandato: “Ide e fazei discípulos todos os povos”.
Recorda-nos que, pelo Batismo, tornamo-nos participantes da missão da Igreja.
Pelos dons do Espírito Santo, concede-nos a graça de sermos testemunhas do Evangelho, corajosos e vigilantes, para que a missão confiada à Igreja, ainda longe de estar realizada, encontre novas e eficazes expressões que levem vida e luz ao mundo.
Ajuda-nos, Pai Santo, a fazer com que todos os povos possam encontrar-se com o amor e a misericórdia de Jesus Cristo,
Ele que é Deus convosco, vive e reina na unidade do Espírito Santo, agora e para sempre.
Amém.