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terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Ângelus: IV Domingo do Advento - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 22 de dezembro de 2024

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o Evangelho apresenta-nos Maria que, depois do anúncio do Anjo, visita Isabel, sua parente idosa (Lc 1,39-45), que também está à espera de um filho. Trata-se, portanto, do encontro de duas mulheres que se alegram com o dom extraordinário da maternidade: Maria acaba de conceber Jesus, o Salvador do mundo (cf. Lc 1,31-35), e Isabel, apesar da sua idade avançada, traz no seu seio João, que preparará o caminho diante do Messias (cf. Lc 1,13-17).

Ambas têm muitos motivos para se alegrar, e talvez possamos senti-las distantes, protagonistas de milagres tão grandes, que normalmente não acontecem na nossa experiência. Mas a mensagem que o evangelista quer nos transmitir, alguns dias antes do Natal, é diferente. De fato, contemplar os sinais prodigiosos da ação salvífica de Deus nunca nos deve fazer sentir distantes d’Ele, mas antes ajudar-nos a reconhecer a sua presença e o seu amor próximo de nós, por exemplo no dom de cada vida, de cada criança e da sua mãe. O dom da vida. Li, no programa “À sua imagem”, uma coisa bonita que estava escrita: Nenhuma criança é um erro. O dom da vida.

Hoje, na Praça, haverá também mães com os seus filhos, e talvez também algumas que estejam “à espera do bebê”. Por favor, não fiquemos indiferentes à sua presença, aprendamos a maravilhar-nos com a sua beleza, como fizeram Isabel e Maria, essa beleza das mulheres grávidas. Abençoemos as mães e louvemos a Deus pelo milagre da vida! Gosto - gostava, porque agora não posso - quando ia de ônibus na outra Diocese, de ver que, quando uma mulher grávida entrava no ônibus, lhe davam imediatamente um lugar para se sentar: é um gesto de esperança e de respeito!

Irmãos e irmãs, nestes dias gostamos de criar um ambiente festivo com luzes, decorações e músicas de Natal. Lembremo-nos, no entanto, de exprimir sentimentos de alegria sempre que encontrarmos uma mãe com o seu filho nos braços ou no seio. E quando isso nos acontecer, rezemos no nosso coração e digamos também, como Isabel: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!» (Lc 1,42); cantemos como Maria: «A minha alma engrandece o Senhor» (v. 46), para que toda a maternidade seja abençoada e, em cada mãe do mundo, seja louvado e exaltado o nome de Deus, que confia aos homens e às mulheres o poder de dar a vida aos filhos.

Daqui a pouco abençoaremos os “Bambinelli” (imagens do Menino Jesus) que trouxestes. Podemos então nos perguntar: agradeço ao Senhor porque se fez homem como nós, para participar em tudo, exceto no pecado, da nossa existência? Louvo o Senhor e bendigo-o por cada criança que nasce? Quando me cruzo com uma mãe grávida, sou bondoso? Mantenho e defendo o valor sagrado da vida dos pequeninos desde a sua concepção no ventre materno?

Que Maria, a Bendita entre todas as mulheres, nos permita sentir admiração e gratidão perante o mistério da vida que nasce.

Visitação (Rafael Sanzio)

Fonte: Santa Sé.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Raniero Cantalamessa: III pregação de Advento 2014

“A paz de Cristo reine nos vossos corações” (Cl 3,15).

Há 10 anos, durante o Advento de 2014, o Padre Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia de 1980 a 2024 (criado Cardeal em 2020), proferiu três meditações sobre a paz. Confira nesta postagem a terceira e última reflexão:

Padre Raniero Cantalamessa, OFMCap
III Pregação de Advento
19 de dezembro de 2014

“A paz de Cristo reine nos vossos corações” (Cl 3,15):
A paz, fruto do Espírito

1. A paz, fruto do Espírito

Depois de refletir sobre a paz como dom de Deus em Cristo Jesus para toda a humanidade e sobre a paz como tarefa pela qual trabalhar, vamos falar agora da paz como fruto do Espírito. São Paulo coloca a paz em terceiro lugar entre os frutos do Espírito: “O fruto do Espírito - diz ele - é amor, alegria, paz, paciência, benevolência, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5,22).

Descobrimos o que são os “frutos do Espírito” ao analisar, justamente, o contexto dessa ideia. O contexto é o da luta entre a carne e o espírito, isto é, entre o princípio que regula a vida do homem velho, cheio de concupiscências e desejos terrenos, e o que regula a vida do homem novo, guiado pelo Espírito de Cristo. Na expressão “frutos do Espírito”, “Espírito” não indica o Espírito Santo em si mesmo, mas o princípio da nova vida, ou “o homem que se deixa guiar pelo Espírito”.

A pomba com o ramo de oliveira, símbolo da paz

Diferentemente dos carismas, que são obra exclusiva do Espírito, que os dá a quem quer e quando quer, os frutos são o resultado de uma colaboração entre a graça e a liberdade. Eles são, portanto, o que hoje queremos dizer por virtude, se dermos a essa palavra o sentido bíblico de um agir habitual “segundo Cristo”, ou “segundo o Espírito”, em vez do sentido filosófico aristotélico de um agir habitual “de acordo com a reta razão”. Além disso, os dons do Espírito são diferentes de pessoa para pessoa, enquanto os frutos do Espírito são os mesmos para todos. Nem todos na Igreja podem ser apóstolos, profetas, evangelistas; mas todos indistintamente, do primeiro ao último, podem e devem ser caridosos, pacientes, humildes, pacíficos...

A paz fruto do Espírito, portanto, é diferente da paz como dom de Deus e da paz como tarefa pela qual trabalhar. Ela indica a condição habitual (habitus), o estado de ânimo e o estilo de vida de quem, mediante o esforço e a vigilância, chegou a certa pacificação interior. A paz fruto do Espírito é a paz do coração. E é dessa coisa tão bela e tão desejada que vamos falar hoje. Ela é diferente, sim, da tarefa de sermos pacificadores, mas nos ajuda maravilhosamente a atingir este objetivo. O título da Mensagem do Papa João Paulo II para a Jornada Mundial da Paz de 1984 era: “A paz nasce de um coração novo”. E Francisco de Assis, ao mandar os seus frades para todo o mundo, lhes recomendava: “A paz que anunciais com a boca, tende-a primeiro nos vossos corações” [1].

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Fotos da Missa do Papa em Ajaccio (Córsega)

Na tarde do dia 15 de dezembro de 2024 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa do III Domingo do Advento (Ano C) na Praça de Austerlitz em Ajaccio, na ilha da Córsega (França), durante sua Viagem Apostólica à cidade.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada pelo Bispo de Ajaccio, Cardeal François-Xavier Bustillo.

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli. O Missal para a Viagem Apostólica pode ser visto aqui.

O Papa aguarda o início da celebração
Incensação

Sinal da cruz
Ritos iniciais

Homilia do Papa: Missa em Ajaccio (Córsega)

Viagem Apostólica a Ajaccio, Córsega (França)
Santa Missa
Homilia do Papa Francisco
Praça de Austerlitz
Domingo, 15 de dezembro de 2024

Observação: Foi celebrada a Missa do III Domingo do Advento (Ano C).

As pessoas perguntam a João Batista: «Que devemos fazer?» (Lc 3,10). É uma pergunta que deve ser escutada com atenção, porque exprime o desejo de renovar a vida, de mudá-la para melhor. João está anunciando a chegada do Messias há muito esperado: quem ouve a pregação do Batista quer preparar-se para esse encontro, para o encontro com o Messias, para o encontro com Jesus.

O Evangelho segundo Lucas testemunha que são precisamente os mais distantes que exprimem este desejo de conversão: não aqueles que socialmente pareciam ser mais próximos, não os fariseus e os doutores da lei, mas os distantes, os publicanos, que eram considerados pecadores, e os soldados que perguntam: «Mestre, que devemos fazer?» (v. 12). Esta é uma boa pergunta, que hoje, antes de ir dormir, cada um de nós talvez pode pronunciar como oração: “Senhor, que hei de fazer para preparar o coração em vista do Natal?”. Quem se considera justo não se renova. Mas, aqueles que eram considerados pecadores públicos querem passar de uma conduta desonesta e violenta para uma vida nova. E quem está longe torna-se próximo quando Cristo se faz próximo de nós. Com efeito, João responde aos publicanos e aos soldados deste modo: praticai a justiça, sede retos e honestos (vv. 13-14). Implicando especialmente os últimos e os excluídos, o anúncio do Senhor desperta as consciências, porque Ele vem para salvar e não para condenar quem está perdido (cf. Lc 15,4-32). E o melhor que podemos fazer para sermos salvos e procurados por Jesus é dizer a verdade sobre nós mesmos: “Senhor, sou pecador”. Todos nós que aqui estamos o somos. “Senhor, sou um pecador”. E, assim, nos aproximamos de Jesus com a verdade, não com a maquiagem de uma justiça falsa. Porque Ele vem precisamente salvar os pecadores.


E por isso, também hoje fazemos nossa a pergunta que as multidões colocaram a João Batista. Neste tempo de Advento, tenhamos a coragem de perguntar, sem medo: “Que devo fazer?”. “Que devemos fazer?”. Perguntemo-nos com sinceridade, para preparar um coração humilde e confiante ao Senhor que vem.

As Escrituras que escutamos apresentam-nos dois modos de esperar o Messias: a espera suspeitosa e a espera alegre. Pode esperar-se a salvação com estas duas atitudes: a espera suspeitosa e a espera alegre. Reflitamos sobre estas atitudes espirituais.

Posse do novo Arcebispo de Varsóvia

No último sábado, 14 de dezembro de 2024, teve lugar na Catedral Basílica de São João Batista em Varsóvia (Polônia) a Santa Missa de posse do novo Arcebispo Metropolitano: Dom Adrian Józef Galbas, S.A.C., até então Arcebispo de Katowice.

Dom Galbas sucede o Cardeal Kazimierz Nycz, que apresentou sua renúncia ao Papa alguns meses antes de completar a idade limite de 75 anos.

O início da celebração foi presidido pelo Núncio Apostólico na Polônia, Dom Antonio Guido Filipazzi, gesto que não está previsto pelo Cerimonial dos Bispos (nn. 1141-1144).

Procissão de entrada
Incensação

O Núncio Apostólico preside o início da celebração
Apresentação da bula de nomeação

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Memória de Nossa Senhora de Guadalupe no Vaticano (2024)

No dia 12 de dezembro de 2024 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa da Memória da Bem-aventurada Virgem Maria de Guadalupe na Basílica de São Pedro [1].

A Liturgia Eucarística foi celebrada pelo Cardeal Robert Francis Prevost, Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, assistido pelo Monsenhor Didier Jean-Jacques Bouable.

O Santo Padre, por sua vez, foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Ján Dubina. O livreto da celebração pode ser visto aqui.


Procissão de entrada
Incensação da imagem
Imposição do incenso
Evangelho

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Raniero Cantalamessa: II pregação de Advento 2014

“Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

Há 10 anos, durante o Advento de 2014, o Padre Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia de 1980 a 2024 (criado Cardeal em 2020), proferiu três meditações sobre a paz. Confira nesta postagem sua segunda reflexão:

Padre Raniero Cantalamessa, OFMCap
II Pregação de Advento
12 de dezembro de 2014

“Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9):
A paz como tarefa

Depois de meditar, na primeira pregação, sobre a paz como dom de Deus, vamos refletir agora sobre a paz como tarefa e compromisso pelo qual devemos trabalhar. Somos chamados a imitar o exemplo de Cristo, tornando-nos canais para que a paz de Deus chegue aos nossos irmãos. É a tarefa que Jesus dá aos seus discípulos quando proclama “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). O termo eirenopoioi não significa “pacíficos” (estes pertencem à bem-aventurança dos mansos, dos não violentos), significa “pacificadores”, isto é, pessoas que trabalham pela paz.

A pomba com o ramo de oliveira, símbolo da paz

1. A paz de Jesus e a paz de César Augusto

Jesus não só nos exortou a ser pacificadores como também nos ensinou, pelo exemplo e pela palavra, de que modo podemos nos tornar pacificadores. Ele diz aos discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo” (Jo 14,27). Naquela mesma época outro grande homem proclamava a paz ao mundo. Foi encontrada na Ásia Menor uma cópia do famoso “Atos do Divino Augusto”, redigido pelo próprio Imperador César Augusto. Nele, entre as suas grandes conquistas, o Imperador romano também cita a de ter estabelecido no mundo a paz de Roma: uma paz, como ele escreve, “obtida através de vitórias” (parta victoriis pax) [1].

Jesus revela que existe outro modo de realizar a paz. A d’Ele também é uma “paz fruto de vitórias”, mas de vitórias sobre nós mesmos, não sobre os outros; de vitórias espirituais, não militares. Na cruz, escreve São Paulo, Jesus “destruiu em si mesmo a inimizade” (Ef 2,16): destruiu a inimizade, não o inimigo, e a destruiu em si mesmo, não nos outros.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Fotos da Homenagem do Papa à Imaculada (2024)

Na tarde do domingo, 08 de dezembro de 2024, Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, o Papa Francisco dirigiu-se à Praça da Espanha, em Roma, para a tradicional homenagem à Imaculada.

O Santo Padre foi acompanhado pelo Cardeal Baldassare Reina, Vigário Geral para a Diocese de Roma, criado Cardeal no Consistório do sábado, dia 07, e assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias.

O Papa é acolhido pelo Cardeal Reina

Oferta das flores

Oração do Papa

Oração do Papa Francisco à Imaculada (2024)

Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria
Ato de veneração à Imaculada
Oração do Papa Francisco
Praça da Espanha, Roma
Domingo, 08 de dezembro de 2024

Virgem Imaculada, Mãe, Mãe Imaculada, hoje é a tua festa e nos reunimos em torno a ti. As flores que te oferecemos querem expressar o nosso amor e a nossa gratidão; mas tu vês e aprecias sobretudo aquelas flores escondidas que são as orações, os suspiros, até as lágrimas, especialmente as lágrimas dos pequenos e dos pobres. Olha por eles, Mãe, olha por eles.

Mãe nossa, Roma se prepara para um novo Jubileu, que será uma mensagem de esperança para a humanidade provada pelas crises e guerras. Por isso há canteiros de obras por toda a cidade: isto - tu sabes - causa não poucos transtornos, mas é sinal de que Roma está viva, que Roma se renova, que Roma busca adaptar-se às necessidades, para ser mais acolhedora e mais funcional.

Mas o teu olhar de Mãe vê além. E parece que ouço a tua voz que com sabedoria nos diz: “Meus filhos, estas obras estão bem, mas estejam atentos: não se esqueçam das obras da alma! O verdadeiro Jubileu é dentro: dentro, dentro dos vossos corações - tu dizes -, dentro das relações familiares e sociais. É dentro onde é preciso trabalhar para preparar o caminho ao Senhor que vem”. E é uma boa oportunidade para fazer uma boa Confissão e pedir o perdão de todos os pecados. Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre, sempre.

Mãe Imaculada, nós te damos graças! Essa tua recomendação nos faz bem, precisamos muito dela, porque, sem querer, corremos o risco de ficarmos totalmente presos pela organização, pelas coisas a fazer, e então a graça do Ano Santo, que é tempo de renascimento espiritual, que é tempo de perdão e de libertação social, essa graça jubilar pode não acontecer, pode ser um pouco sufocada. Mas aqui o Prefeito prepara todas as coisas para que nessa comemoração, nesse Ano Santo, sejam boas. Rezemos pelo Prefeito que tem tanto trabalho.

Certamente, Maria, tu estavas presente na sinagoga de Nazaré naquele dia em que Jesus pregou pela primeira vez ao povo da sua cidade. Ele leu do Livro do Profeta Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa nova aos pobres; para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor» (Lc 4,18-19). Depois se sentou e disse: «Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir» (v. 21). E tu, Mãe, estavas ali, no meio do povo admirado. Estavas orgulhosa d’Ele, do teu Filho, e ao mesmo tempo previas o drama do fechamento e da inveja, que gera violência. Passaste por este drama e sempre o fazeis, com teu Coração imaculado cheio do amor do Coração de Cristo. Mãe, livra-nos da inveja, pois somos todos irmãos, pois nos queremos bem. Nada de inveja. A inveja, esse vício amarelo, ruim, que arruína por dentro.

E também hoje, Mãe, nos repetes: “Escutai Jesus, escutai-o” Escutai-o e fazei o que Ele vos disser” (cf. Jo 2,5). Obrigado, Mãe Santa! Obrigado porque agora, neste tempo pobre de esperança, nos doas Jesus, nossa Esperança. Obrigado, Mãe!


Tradução nossa a partir do original italiano. Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Ângelus: Imaculada Conceição de Maria (2024)

Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria
Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 08 de dezembro de 2024

Amados irmãos e irmãs, bom dia e boa festa!
Hoje, na Solenidade da Imaculada Conceição, o Evangelho narra um dos momentos mais importantes, mais belos, na história da humanidade: a Anunciação (Lc 1,26-38), quando o “sim” de Maria ao Arcanjo Gabriel permitiu a Encarnação do Filho de Deus, Jesus. É uma cena que suscita a maior maravilha e comoção, porque Deus, o Altíssimo, o Onipotente, por meio do Anjo dialoga com uma jovem de Nazaré, pedindo a colaboração dela para o seu projeto de salvação. Se hoje tiverdes um pouco de tempo, procurai no Evangelho de São Lucas e lede esta cena. Garanto que vos fará bem, muito bem!

Como na cena da criação de Adão, pintado por Michelangelo na Capela Sistina, onde o dedo do Pai celeste toca o do homem, também aqui o humano e o divino se encontram, no início da nossa Redenção, encontram-se com uma delicadeza maravilhosa, no instante abençoado em que a Virgem Maria pronuncia o seu “sim”. Ela é uma mulher de uma pequena aldeia periférica e é chamada para sempre para o centro da história: da sua resposta depende o futuro da humanidade, que pode de novo sorrir e esperar, porque o seu destino foi colocado em boas mãos. Será ela a trazer o Salvador, concebido pelo Espírito Santo.

Portanto, Maria, como a saúda o Arcanjo Gabriel, é a «cheia de graça» (v. 28), a Imaculada, inteiramente a serviço da Palavra de Deus, sempre com o Senhor, a quem se confia completamente. Nela não há nada que resista à sua vontade, nada que se oponha à verdade e à caridade. Eis a sua bem-aventurança, que todas as gerações cantarão. Alegremo-nos também nós porque a Imaculada nos deu Jesus, que é a nossa salvação!

Irmãos e irmãs, contemplando este mistério, podemos nos perguntar: no nosso tempo, agitado por guerras e concentrado no esforço de possuir e dominar, onde ponho a minha esperança? Na força, no dinheiro, nos amigos poderosos? É ali que ponho a minha esperança? Ou na misericórdia infinita de Deus? E perante tantos falsos modelos brilhantes que circulam nos meios de comunicação social e na internet, onde procuro a minha felicidade? Onde está o tesouro do meu coração? Está no fato de que Deus me ama gratuitamente, que o seu amor me precede sempre e está pronto a perdoar-me quando volto arrependido para ele? Nessa esperança filial no amor de Deus? Ou iludo-me procurando fazer valer o meu eu e a minha vontade a todo o custo?

Irmãos e irmãs, ao aproximar-se a abertura da Porta Santa do Jubileu, abramos as portas do coração e da mente ao Senhor. Ele nasceu de Maria Imaculada: imploremos a intercessão de Maria. E dou-vos um conselho. Hoje é um belo dia para decidir fazer uma boa Confissão. Se não puderdes ir hoje, nesta semana, até ao próximo domingo, abri o vosso coração e o Senhor perdoa tudo, tudo, tudo. E assim, nas mãos de Maria, seremos mais felizes.

Imaculada Conceição, detalhe
(Peter Paul Rubens)

Fonte: Santa Sé.

Solenidade da Imaculada Conceição no Vaticano (2024)

No dia 08 de dezembro de 2024 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Missa da Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria na Basílica de São Pedro com a presença dos novos Cardeais criados no Consistório do sábado, dia 07.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada pelo Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício, assistido pelo Monsenhor Marco Agostini.

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Krzysztof Marcjanowicz. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada

Incensação
Ritos iniciais

Homilia do Papa: Imaculada Conceição (2024)

Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria
Santa Missa com os novos Cardeais e o Colégio Cardinalício
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 08 de dezembro de 2024

«Alegra-te, cheia de graça» (Lc 1,28). Com essa saudação, na humilde casa de Nazaré, o Anjo revela a Maria o mistério do seu Coração Imaculado, que desde a concepção é «imune de toda mancha do pecado original» (Beato Pio IX, Constituição Apostólica Ineffabilis Deus, 08 de dezembro de 1854). De muitas maneiras, ao longo dos séculos, os cristãos procuraram, com imagens e palavras, representar esse dom, enfatizando a graça e a doçura nas feições da «bendita entre todas as mulheres» (cf. Lc 1,42), através dos traços somáticos e das características das mais diversas etnias e culturas.

E, realmente, a Mãe de Deus - como observou São Paulo VI - nos mostra «o que todos nós temos no fundo do coração: a autêntica imagem da humanidade... inocente, santa... porque o seu ser é todo harmonia, candura, simplicidade - assim é Maria: toda harmonia, candura, simplicidade -; é todo transparência, bondade, perfeição; é todo beleza» (Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição, 08 de dezembro de 1963).


Por isso, detenhamo-nos por um momento a contemplar essa beleza à luz da Palavra de Deus, em três aspectos da vida de Maria que a tornam tão próxima e familiar a todos nós. E quais são estes três aspectos? Maria filha, Maria esposa e Maria mãe.

Antes de tudo, vejamos a Imaculada como filha. As Sagradas Escrituras não falam de sua infância. O Evangelho, ao contrário, apresenta-a, ao entrar no cenário da história, como uma jovem rica de fé, humilde e simples. Ela é a “virgem” (cf. Lc 1,27), em cujo olhar se reflete o amor do Pai e em cujo Coração puro a gratidão e o reconhecimento são a cor e o perfume da santidade. Dessa forma Maria mostra-se tão bela quanto uma flor que cresceu sem ser notada e que finalmente está pronta para desabrochar no dom de si. Porque a vida de Maria é uma doação contínua de si mesma.

sábado, 7 de dezembro de 2024

Homilia do Papa João Paulo II: Imaculada Conceição (2004)

Há 20 anos, no dia 08 de dezembro de 2004, o Papa São João Paulo II celebrou a Santa Missa da Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria na Basílica de São Pedro por ocasião dos 150 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição (1854).

Reproduzimos a seguir sua homilia na ocasião e a oração proferida na tarde do mesmo dia na tradicional homenagem à Imaculada na Praça de Espanha.

Santa Missa nos 150 anos do dogma da Imaculada Conceição
Homilia do Papa João Paulo II
Basílica de São Pedro
Quarta-feira, 08 de dezembro de 2004

1. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28).
É com estas palavras do Arcanjo Gabriel que nos dirigimos à Virgem Maria várias vezes por dia. Repetimo-las hoje com alegria fervorosa, na Solenidade da Imaculada Conceição, recordando o dia 08 de dezembro de 1854, quando o Beato Pio IX proclamou este admirável dogma da fé católica, precisamente nesta Basílica do Vaticano.
Saúdo cordialmente quantos se encontram hoje aqui reunidos, em particular os representantes das Sociedades Mariológicas Nacionais, que participaram do Congresso Mariológico Mariano Internacional, organizado pela Pontifícia Academia Mariana.
Além disso, saúdo todos vós aqui presentes, caríssimos irmãos e irmãs, que viestes para prestar uma homenagem filial à Virgem Imaculada. Saúdo de maneira especial o Cardeal Camillo Ruini, a quem renovo os meus bons votos mais cordiais pelo seu jubileu sacerdotal, expressando-lhe toda a minha gratidão pelo serviço que, com dedicação generosa, prestou e continua a prestar à Igreja como meu Vigário Geral para a Diocese de Roma e como Presidente da Conferência Episcopal Italiana.



2. Como é grandioso o mistério da Imaculada Conceição, que a Liturgia hodierna nos apresenta!
Mistério que não cessa de atrair a contemplação dos fiéis e inspira a reflexão dos teólogos. O tema do Congresso agora recordado - “Maria de Nazaré acolhe o Filho de Deus na história” - favoreceu um aprofundamento da doutrina da concepção imaculada de Maria como pressuposto para o acolhimento no seio virginal do Verbo de Deus encarnado, Salvador do gênero humano.
Cheia de graça”, “kecharitomene”: é com este apelativo que, segundo o grego original do Evangelho de Lucas, o Anjo se dirige a Maria. Este é o nome com que Deus, através do seu mensageiro, desejou qualificar a Virgem. Foi desta maneira que Ele a considerou e viu desde sempre, ab aeterno.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Raniero Cantalamessa: I pregação de Advento 2014

“Eu vos dou a minha paz” (Jo 14,27).

Há 10 anos, durante o Advento de 2014, o Padre Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia de 1980 a 2024 (criado Cardeal em 2020), proferiu três meditações sobre a paz. Confira a seguir a primeira das três reflexões:

Padre Raniero Cantalamessa, OFMCap
I Pregação de Advento
05 de dezembro de 2014

“Eu vos dou a minha paz” (Jo 14,27):
A paz como dom de Deus em Jesus Cristo

1. Estamos em paz com Deus!

Se pudéssemos ouvir o grito mais forte que existe no coração de bilhões de pessoas, ouviríamos, em todas as línguas do mundo, uma única palavra: paz! A dolorosa atualidade deste tema, junto com a necessidade de se devolver à palavra “paz” a riqueza e a profundidade de significado de que ela se reveste na Bíblia, me levou a dedicar a este tema as meditações de Advento deste ano. Ela nos ajudará, espero eu, a escutar com ouvidos novos o anúncio natalino - “Paz na terra aos homens que Deus ama” - e a começar a viver em nosso interior a mensagem que a Igreja, todos os anos, apresenta ao mundo na Jornada Mundial da Paz.

Comecemos ouvindo o anúncio fundamental da paz. São palavras de Paulo na Carta aos Romanos: “Justificados, pois, pela fé, estamos em paz com Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, mediante o qual também tivemos, pela fé, o acesso a esta graça em que estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus (Rm 5,1-2).

A pomba com o ramo de oliveira, símbolo da paz

Eu ainda me lembro do que aconteceu no dia em que acabou, para a Itália, a Segunda Guerra Mundial. Os gritos de “Armistício! Paz!” ribombaram da cidade ao campo, de casa em casa. Era o fim de um pesadelo: basta de terror, basta de bombardeios, basta de fome. Parecia que finalmente se voltava a viver. Algo assim deve ter sido provocado, no coração dos leitores, por aquele anúncio do Apóstolo: “Nós estamos em paz com Deus! Foi selada a paz! Uma era nova começou para a humanidade na sua relação com Deus!”. A época deles já foi definida como “de angústia” [1]. Os homens daquele tempo tinham a impressão (nada infundada, aliás) de que uma condenação pesava sobre a sua cabeça; Paulo a chamava de “cólera de Deus que se revela do céu contra toda impiedade” (Rm 1,18). Daí os ritos e cultos esotéricos de propiciação que pululavam na sociedade pagã daquele tempo.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Ladainha para o Advento

“Eis que venho logo, diz o Senhor...” (Ap 22,12).

Em postagens anteriores apresentamos aqui em nosso blog as oito Ladainhas aprovadas pela Igreja e que, portanto, podem ser entoadas nas celebrações litúrgicas: do Santíssimo Nome de Jesus; do Sagrado Coração; do Preciosíssimo Sangue; de Nossa Senhora; de São José; de Todos os Santos; de Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima; e do Santíssimo Sacramento [1].

Neste ano de 2024, por sua vez, destacamos outras duas Ladainhas presentes em um célebre livro de orações do século XVII, editado entre 1612 e 1618, o Fasciculus Sacrarum Orationum et Litaniarum ad usum quotidianum Christiani hominis, ex sanctis Scripturis et Patribus collectus: a Ladainha para a Quaresma (Litaniae in Quadragesima) e a Ladainha da Santa Cruz (Litaniae de Sancta Cruce).

Estas duas últimas não foram aprovadas oficialmente pela Igreja, podendo ser rezadas de maneira privada, como devoção pessoal, ou de forma comunitária em momentos de oração fora da Liturgia (novenas, horas-santas...).

Dando continuidade à proposta, destacamos aqui a Ladainha a Cristo no Advento (Litaniae ad Christum in Adventu), cujas invocações, como indica seu subtítulo, são tomadas da Sagrada Escritura (ex Scriptura Sacra).

Para saber mais sobre esse Tempo, confira nossa postagem sobre a história do Advento.

Ícone da “árvore de Jessé”
(A Virgem Maria e o Menino Jesus ladeados pelos profetas)

Após as tradicionais invocações iniciais a Cristo e à Trindade, com efeito, a Ladainha para o Advento traz 42 invocações a Cristo tomadas tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, com a resposta miserere nobis (tende piedade de nós).

Algumas dessas invocações ou “títulos messiânicos” são retomadas nas célebres “Antífonas do Ó” (entoadas de 17 a 23 de dezembro) e no hino Akathistos em honra da Mãe de Deus, recordando sua participação no mistério da Encarnação.

Seguem-se 16 súplicas a Cristo para que nos livre do mal, invocando sobretudo os méritos da sua Encarnação, com a resposta libera nos, Domine (livrai-nos, Senhor); e outras 12 súplicas para que nos ajude a vencer o pecado e praticar a virtude, com a resposta te rogamus, audi nos (ouvi-nos, Senhor).

Concluem a Ladainha, como de costume, algumas invocações a Cristo como Cordeiro de Deus, a oração do Senhor (Pai nosso) e alguns responsórios, além de cinco orações.

Reproduzimos a seguir o texto original da Ladainha (em latim), conforme presente no Fasciculus Sacrarum Orationum et Litaniarum, seguido de uma tradução livre nossa.

Uma vez que atualmente se recomenda priorizar uma oração (cf. Instrução Geral do Missal Romano, n. 54), propomos apenas a primeira das cinco indicadas: a antiga coleta (oração do dia) do I Domingo do Advento (Excita, quaesumus, Domine), atualmente rezada na sexta-feira da I semana.

Não obstante, é possível tomar outra oração adequada dentre aquelas propostas pelo Missal Romano para o Tempo do Advento.

Litaniae ad Christum in Adventu
(ex Scriptura Sacra)

Kyrie eleison. Kyrie eleison.
Christe eleison. Christe eleison.
Kyrie eleison. Kyrie eleison.

Christe, audi nos.
Christe, exaudi nos.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

I Domingo do Advento em Belém (2024)

Nos dias 30 de novembro e 01 de dezembro de 2024 o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu as tradicionais celebrações do I Domingo do Advento na igreja de Santa Catarina junto à Basílica da Natividade em Belém: as I Vésperas na tarde do sábado, dia 30, e a Santa Missa no domingo, dia 01.

Durante o cântico evangélico das Vésperas (Magnificat), como de costume, o Custódio desceu até a Gruta da Natividade, acendendo a primeira vela da coroa do Advento em uma das lamparinas do altar da Manjedoura.

30 de novembro: I Vésperas

Ingresso na Basílica da Natividade pela “Porta da Humildade”
Veneração da cruz
Oração diante do Santíssimo Sacramento
I Vésperas: Procissão de entrada
(O Custódio entroniza a relíquia da manjedoura)
Salmodia

Ângelus: I Domingo do Advento - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 1° de dezembro de 2024

Prezados irmãos e irmãs, bom domingo!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Lc 21,25-28.34-36), I Domingo do Advento, fala-nos de perturbações cósmicas e de ansiedade e medo na humanidade. Neste contexto, Jesus dirige uma palavra de esperança aos seus discípulos: «Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima» (v. 28). A preocupação do Mestre é que os seus corações não se tornem pesados (cf. v. 34) e que aguardem com vigilância a vinda do Filho do homem.

O convite de Jesus é este: erguer a cabeça ao alto e manter o coração leve e desperto.

De fato, muitos contemporâneos de Jesus, perante os acontecimentos catastróficos que veem acontecer à sua volta - perseguições, conflitos, calamidades naturais - são tomados pela angústia e pensam que esteja para chegar o fim do mundo. Têm o coração sobrecarregado pelo medo. Jesus, porém, quer libertá-los das angústias atuais e das falsas convicções, mostrando-lhes como estar despertos no coração, como ler os acontecimentos a partir do projeto de Deus, que realiza a salvação mesmo nos acontecimentos mais dramáticos da história. Por isso, sugere-lhes que voltem o olhar para o Céu para compreender as coisas da terra: «Levantai-vos e erguei a cabeça» (v. 28). É belo: «Levantai-vos e erguei a cabeça».

Irmãos e irmãs, também para nós é importante a recomendação de Jesus: «Que vossos corações não fiquem insensíveis», pesados (v. 34). Todos nós, em tantos momentos da vida, nos perguntamos: como ter um coração “leve”, um coração desperto, um coração livre? Um coração que não se deixa esmagar pela tristeza? E a tristeza é negativa, é negativa! Com efeito, pode acontecer que as ansiedades, os medos e as aflições sobre a nossa vida pessoal ou pelo que se passa no mundo hoje, pesem sobre nós como pedras e nos atirem para o desânimo. Se as preocupações tornam pesado o coração e nos levam a fechar-nos em nós mesmos, Jesus, ao contrário, convida-nos a levantar a cabeça, a confiar no seu amor que nos quer salvar e que se faz próximo em cada situação da nossa existência, pede-nos que lhe demos espaço para redescobrir a esperança.

Perguntemo-nos então: o meu coração está sobrecarregado pelo medo, pelas preocupações, pelas ansiedades do futuro? Sei olhar os acontecimentos quotidianos e as vicissitudes da história com os olhos de Deus, na oração, com um horizonte mais amplo? Ou deixo-me dominar pelo desânimo? Que este Tempo do Advento seja uma ocasião preciosa para erguer o nosso olhar para Ele, que alivia o coração e nos sustenta no caminho.

Invoquemos agora a Virgem Maria, que, mesmo nos momentos de provação, esteve pronta a acolher o projeto de Deus.

Última vinda de Cristo
(Igreja de São Lourenço em Viena, Áustria)

Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

I Domingo do Advento em Milão (2024)

Na tarde do domingo, 17 de novembro de 2024, o Arcebispo de Milão (Itália), Dom Mario Enrico Delpini, presidiu a Santa Missa do I Domingo do Advento no Duomo de Milão (Catedral Metropolitana da Natividade da Bem-aventurada Virgem Maria).

No Rito Ambrosiano, próprio dessa Arquidiocese, o Advento possui seis domingos (diferentemente do Rito Romano, com quatro domingos).

Nessa ocasião entrou em vigor a 2ª edição do Missal Ambrosiano (Messale Ambrosiano), sobre o qual falaremos futuramente aqui no blog, destacando suas particularidades, tanto na Celebração Eucarística como no Ano Litúrgico.

Procissão de entrada
Diácono com o novo Missal Ambrosiano
O Arcebispo apresenta o Missal
Oração do dia (Coleta)
Veneração do Livro dos Evangelhos

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Ângelus: IV Domingo do Advento - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 24 de dezembro de 2023

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje, no IV Domingo do Advento, o Evangelho apresenta-nos a cena da Anunciação (Lc 1,26-38). O anjo, para explicar a Maria como conceberá Jesus, diz-lhe: «O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra» (v. 35). Detenhamo-nos um pouco sobre esta imagem, a sombra.

Em uma terra como a de Maria, perpetuamente ensolarada, uma nuvem que passa, uma árvore que resiste à seca e oferece abrigo, uma tenda hospitaleira, dão alívio e proteção. A sombra é um dom que restaura, e o anjo descreve precisamente assim o modo como o Espírito Santo desce sobre Maria, o modo de agir de Deus: Deus age sempre como um amor suave que abraça, que fecunda, que guarda, sem fazer violência, sem ferir a liberdade. É este o modo de agir de Deus.

A imagem da sombra que protege é uma imagem recorrente na Bíblia. Pensemos na sombra que acompanha o povo de Deus no deserto (cf. Ex 13,21-22). A sombra fala, em suma, da gentileza de Deus. É como se Ele dissesse, a Maria, mas também a todos nós hoje: “Estou aqui para ti e ofereço-me como teu refúgio e abrigo: vem para debaixo da minha sombra, fica comigo”. Irmãos e irmãs, é assim que se comporta o amor fecundo de Deus. E é algo que, em certa medida, podemos experimentar também entre nós, por exemplo, quando entre amigos, noivos, esposos, pais e filhos, se é gentil, se é respeitoso, se cuida dos outros com gentileza. Pensemos na gentileza de Deus!

Deus ama assim e chama-nos a fazer o mesmo: acolher, proteger, respeitar os outros. Pensemos em todos, pensemos naqueles que são marginalizados, naqueles que estão longe da alegria do Natal nestes dias. Pensemos em todos com a gentileza de Deus. Lembrai-vos desta palavra: a gentileza de Deus!

E perguntemo-nos então, na vigília de Natal: será que eu quero deixar-me envolver pela sombra do Espírito Santo, pela doçura e pela mansidão de Deus, pela gentileza de Deus, abrindo espaço no meu coração para Ele, aproximando-me do seu perdão, da Eucaristia? E depois: para quais pessoas solitárias e necessitadas poderia eu ser uma sombra que restaura, uma amizade que conforta?

Que Maria nos ajude a sermos abertos, acolhedores da presença de Deus, que com mansidão nos vem salvar.

Anunciação (Giambattista Pittoni)

Fonte: Santa Sé.

sábado, 23 de dezembro de 2023

Cardeal Cantalamessa: II pregação de Advento 2023

Neste ano de 2023 foram duas as meditações de Advento do Cardeal Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa Pontifícia, dedicadas a João Batista e à Virgem Maria, “figuras-modelo” desse tempo litúrgico.

Confira o índice das meditações do Cardeal Cantalamessa publicadas em nosso blog clicando aqui.

Cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap
II Pregação de Advento
22 de dezembro de 2023
“Bem-aventurada aquela que acreditou”

Depois do Precursor João Batista, hoje nos deixamos conduzir pela Mãe de Jesus para “entrarmos” no mistério do Natal. No Evangelho do próximo domingo, o IV do Advento, ouviremos a narrativa da Anunciação (Lc 1,26-38). Ela nos recorda como Maria concebeu e deu à luz o Cristo e como podemos concebê-lo e dá-lo à luz também nós mediante a fé. Referindo-se a este momento, Isabel, pouco depois, exclamará: “Bem-aventurada aquela que acreditou” (Lc 1,45).

Repetiu-se, infelizmente, acerca da fé de Maria, o que acontecera com a pessoa de Jesus. Como os hereges arianos buscavam qualquer pretexto para pôr em dúvida a plena divindade de Cristo, os Padres da Igreja, para lhes tirar qualquer apoio, às vezes deram uma explicação “pedagógica” de todos aqueles textos do Evangelho que pareciam admitir um progresso de Jesus no conhecimento da vontade do Pai e na obediência a ela. Um destes textos era o da Carta aos Hebreus, segundo a qual Jesus “aprendeu o que significa a obediência, por aquilo que sofreu” (Hb 5,8); outro, a oração de Jesus no Getsêmani. Em Jesus, tudo devia ser dado e perfeito em princípio. Como bons gregos, pensavam que o tornar-se não pode incidir sobre o ser das coisas.


Algo de semelhante, eu dizia, se repetiu, tacitamente, para a fé de Maria. Dava-se por pressuposto que ela tivesse cumprido o seu ato de fé no momento da Anunciação e nele tivesse permanecido estável por toda a vida, como quem, com a sua voz, alcançou de uma vez a nota mais aguda e a mantém interruptamente por todo o resto do canto. Dava-se uma explicação reconfortante de todas as palavras que pareciam dizer o contrário.

O dom que o Espírito Santo deu à Igreja, com a renovação da Mariologia, foi a descoberta de uma dimensão nova da fé de Maria. A Mãe de Deus - afirmou o Concílio Vaticano II - “avançou pelo caminho da fé” (Lumen Gentium, n. 58). Não acreditou de uma vez por todas, mas caminhou na fé e progrediu nela. A afirmação foi retomada e tornada mais explícita por São João Paulo II na Encíclica Redemptoris Mater: “As palavras de Isabel - ‘Bem-aventurada aquela que acreditou’ - não se aplicam apenas àquele momento particular da Anunciação. Esta representa, sem dúvida, o momento culminante da fé de Maria na expectação de Cristo, mas é também o ponto de partida, no qual se inicia todo o seu caminho para Deus, toda a sua caminhada de fé” (Redemptoris Mater, n. 14).