terça-feira, 26 de agosto de 2025

Ângelus: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Papa Leão XIV
Ângelus
Praça de São Pedro
Domingo, 24 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
No centro do Evangelho de hoje (Lc 13,22-30) encontramos a imagem da “porta estreita”, usada por Jesus para responder a alguém que lhe pergunta se são poucos os que se salvam. Jesus diz: «Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão» (v. 24).

À primeira vista, esta imagem suscita em nós algumas questões: se Deus é o Pai do amor e da misericórdia, que permanece sempre de braços abertos para nos acolher, por que Jesus diz que a porta da salvação é estreita?

O Senhor certamente não quer nos desanimar. As suas palavras servem, antes de tudo, para abalar a presunção daqueles que pensam que já estão salvos, daqueles que praticam a religião e, por isso, se sentem tranquilos. Na realidade, eles não compreenderam que não basta realizar atos religiosos se estes não transformam o coração: o Senhor não quer um culto separado da vida e não lhe são agradáveis sacrifícios e orações que não nos levam a viver o amor aos irmãos e a praticar a justiça. Por isso, quando se apresentarem diante do Senhor vangloriando-se de terem comido e bebido com Ele e de terem escutado os seus ensinamentos, ouvirão a seguinte resposta: «Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!» (v. 27).

Irmãos e irmãs, é bonita a provocação que nos chega do Evangelho de hoje: ao mesmo tempo em que nós, às vezes, julgamos quem está longe da fé, Jesus põe em crise “a segurança dos crentes”. Com efeito, diz-nos que não basta professar a fé com palavras, comer e beber com Ele celebrando a Eucaristia ou conhecer bem os ensinamentos cristãos. A nossa fé é autêntica quando envolve toda a nossa vida, quando se torna um critério para as nossas escolhas, quando nos torna homens e mulheres que se comprometem com o bem e apostam no amor, tal como fez Jesus; Ele não escolheu o caminho fácil do sucesso ou do poder, mas, para nos salvar, amou-nos até atravessar a “porta estreita” da Cruz. Ele é a medida da nossa fé, Ele é a porta que devemos atravessar para sermos salvos (cf. Jo 10,9), vivendo o seu amor e tornando-nos, com a própria vida, agentes de justiça e paz.

Às vezes, isso significa fazer escolhas difíceis e impopulares, lutar contra o próprio egoísmo e gastar-se pelos outros, perseverar no bem onde parece prevalecer a lógica do mal, e assim por diante. Mas, ao ultrapassar este limiar, descobriremos que a vida se abre diante de nós de uma maneira nova e, desde já, entraremos no espaçoso coração de Deus e na alegria da festa eterna que Ele preparou para nós.

Invoquemos a Virgem Maria, para que nos ajude a atravessar com coragem a “porta estreita” do Evangelho, de modo que possamos abrir-nos com alegria à largura do amor de Deus Pai.

Porta Santa da Basílica de São Pedro

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Festa de Santo Estêvão da Hungria em Budapeste (2025)

No dia 20 de agosto de 2025 o Cardeal Péter Erdő, Arcebispo de Esztergom-Budapeste (Hungria), presidiu a Missa da Solenidade de Santo Estêvão, Rei da Hungria (Szent István), padroeiro do país, diante da Basílica Co-Catedral de Santo Estêvão em Budapeste [1].

No início da celebração, como de costume, o Arcebispo abençoou o “pão novo” (új kenyér), feito com os primeiros grãos de trigo da colheita.

Após a Missa, por sua vez, teve lugar a tradicional procissão com a “Santa Destra” (Szent Jobb), isto é, a relíquia da mão direita de Santo Estêvão, grande promotor da evangelização dos húngaros em torno ao ano 1000.

Relíquia da mão direita de Santo Estêvão
Procissão de entrada
Incensação do altar
Saudação do Arcebispo
Bênção do “pão novo”

sábado, 23 de agosto de 2025

Homilia: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Sermão anônimo do século IX
“Que ninguém se desespere pela gravidade dos seus pecados”

Irmãos, ouvistes com frequência falar que existem dois homens: Adão e Cristo. Adão é o homem velho, Cristo é o novo. Portanto, aquele que é mau é velho, por imitação daquele que, no paraíso, foi soberbo e desobediente. Porém, aquele que é bom é novo, por sua imitação d’Aquele que disse: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e do qual o Apóstolo disse: Humilhou-se até a morte.

Entretanto, como este tempo em que vivemos é chamado novo, admoestamos aos que são velhos por sua má vida, a que se façam novos por sua boa conduta. Exortamos aos que já são novos por suas boas obras, que tratem de renovar-se, neste tempo novo, por obras cada vez melhores. Por exemplo, aquele que é novo pela castidade abstendo-se de atos impuros, que se renove renunciando ao próprio deleite desses atos. Paralelamente, aquele que é humilde e obediente, misericordioso e paciente, é necessário que se renove rezando todos os dias e progredindo nessas mesmas virtudes, segundo o que está escrito: Caminharão de virtude em virtude.

Caríssimos, que nenhum de vós se creia seguro pelo fato de ter sido batizado, porque assim como nem todos os que estão no estádio correndo levam a coroa, isto é, o prêmio, mas unicamente aquele que chega por primeiro, assim também nem todos os que têm fé se salvam, mas unicamente os que perseveram na boa obra começada. E assim como o que compete com outro se impõe todo tipo de privações, assim também vós deveis abster-vos de todos os vícios, para poder superar o diabo, vosso perseguidor. E visto que o Senhor já vos chamou pela fé para sua vinha, a saber, para a unidade da santa Igreja, vivei e comportai-vos de maneira que possais receber, da liberalidade de Deus, o denário, isto é, a felicidade do Reino.

Que ninguém desespere pela gravidade dos seus pecados, dizendo: são tantos os pecados com os quais me envolvi até a velhice e a idade senil, que já não posso pensar em merecer o perdão, ainda mais tendo em conta que foram os pecados que me abandonaram e não eu a eles. Em absolto, este tal não deve desesperar da misericórdia de Deus, porque alguns são chamados para a vinha de Deus ao amanhecer, outros no meio da manhã, outros ao meio-dia, outros no meio da tarde e outros ao anoitecer, ou seja, alguns são chamados ao serviço de Deus na infância, outros na adolescência, outros na juventude, outros na velhice e outros na idade senil.

E assim como ninguém deve desesperar em razão da idade, se quer se converter a Deus, assim ninguém deve sentir-se seguro baseado somente na fé; antes, deve sentir verdadeiro horror pelo que está escrito: Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos. Que fomos chamados pela fé, o sabemos; porém ignoramos se somos dos escolhidos. Assim, tanto mais humilde há de ser cada um quanto ignore se foi escolhido.

Que Deus todo-poderoso vos conceda não ser do número daqueles que passaram o Mar Vermelho a pé enxuto, comeram o maná do deserto, beberam a bebida espiritual e acabaram morrendo naquele mesmo deserto por causa de suas murmurações; mas sim daqueles outros que entraram na terra prometida e, trabalhando fielmente na vinha da Igreja, mereceram receber o denário da felicidade eterna; assim podereis, junto com Cristo, vossa Cabeça, de cujo Corpo sois membros, reinar por todos os séculos dos séculos. Amém.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 700-702. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São João Crisóstomo para este domingo clicando aqui.

Ângelus: XX Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Papa Leão XIV
Ângelus
Praça da Liberdade, Castel Gandolfo
Domingo, 17 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje o Evangelho apresenta-nos um texto exigente (Lc 12,49-53), no qual, com imagens fortes e grande franqueza, Jesus diz aos discípulos que a sua missão, e também a dos que o seguem, não é só “um mar de rosas”, mas é «sinal de contradição» (Lc 2,34).

Dizendo assim, o Senhor antecipa o que terá de enfrentar quando, em Jerusalém, for contestado, preso, insultado, maltratado, crucificado; quando a sua mensagem, apesar de falar de amor e justiça, for rejeitada; quando os chefes do povo reagirem cruelmente à sua pregação. Aliás, muitas das comunidades às quais o evangelista Lucas se dirigia com os seus escritos passavam pela mesma experiência. Eram, como nos dizem os Atos dos Apóstolos, comunidades pacíficas que, apesar das suas limitações, procuravam viver da melhor forma a mensagem de caridade do Mestre (cf. At 4,32-33). E, no entanto, eram perseguidas.

Tudo isto nos lembra que nem sempre o bem encontra, à sua volta, uma resposta positiva. Ao contrário, por vezes, precisamente porque a sua beleza incomoda aqueles que não o acolhem, quem o pratica acaba por encontrar uma forte oposição, chegando mesmo a ter de suportar prepotência e injustiças. Agir segundo a verdade tem um custo, porque no mundo há quem opte pela mentira e porque o diabo, aproveitando-se disso, muitas vezes procura impedir a ação dos bons.

Jesus, porém, convida-nos, com a sua ajuda, a não desistir e a não nos conformarmos com esta mentalidade, mas a continuar a agir em prol do nosso bem e do bem de todos, mesmo de quem nos faz sofrer. Ele convida-nos a não responder à prepotência com a vingança, mas a permanecer fiéis à verdade na caridade. Os mártires dão testemunho disso derramando o seu sangue pela fé; também nós, em circunstâncias diferentes e de outro modo, podemos imitá-los.

Pensemos, por exemplo, no preço que deve pagar um bom pai, se quer educar bem os seus filhos segundo princípios sãos: mais cedo ou mais tarde terá de saber dizer “não”, fazer algumas correções, e isso lhe custará sofrimento. O mesmo vale para um professor que queira formar corretamente os seus alunos, para um profissional, um religioso, um político que se proponham levar a cabo honestamente a sua missão, e para qualquer outra pessoa que se esforce por exercer com coerência, seguindo os ensinamentos do Evangelho, as suas responsabilidades.

A este respeito, Santo Inácio de Antioquia, enquanto viajava para Roma, onde sofreria o martírio, escreveu aos cristãos dessa cidade: «Não quero que sejais estimados pelos homens, mas por Deus» (Carta aos Romanos, 2,1), e acrescentou: «Prefiro morrer em Cristo Jesus a reinar sobre todos os confins da terra» (ibid., 6,1).

Irmãos e irmãs, peçamos a Maria, Rainha dos Mártires, que nos ajude a ser, em todas as circunstâncias, testemunhas fiéis e corajosas do seu Filho, e sustenha os nossos irmãos e irmãs que hoje sofrem pela fé.

Jesus a caminho de Jerusalém (Michael Coleman)

Fonte: Santa Sé.

Observação: No Brasil celebramos neste domingo a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, transferida do dia 15 de agosto.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Missa do XX Domingo do Tempo Comum em Albano (2025)

No dia 17 de agosto de 2025 o Papa Leão XIV celebrou a Missa do XX Domingo do Tempo Comum (Ano C) no Santuário de Santa Maria della Rotonda em Albano, assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli.

A celebração contou com a presença das pessoas assistidas pela Cáritas da Diocese de Albano e dos voluntários da mesma instituição.

Oração diante do Santíssimo Sacramento
Incensação do altar
Incensação da cruz
Ritos iniciais


Homilia do Papa: XX Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Missa do XX Domingo do Tempo Comum (Ano C)
Homilia do Papa Leão XIV
Santuário de Santa Maria della Rotonda, Albano
Domingo, 17 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs,
É uma alegria estarmos juntos celebrando a Eucaristia dominical, que nos dá uma alegria ainda mais profunda. Se hoje, com efeito, já é um dom estar próximos e vencer a distância olhando-nos nos olhos como verdadeiros irmãos e irmãs, um dom ainda maior é, no Senhor, vencer a morte. Jesus venceu a morte - o domingo é o seu dia, o dia da Ressurreição - e nós já começamos a vencê-la com Ele. É precisamente assim: cada um de nós vem à igreja com alguns cansaços e medos - às vezes pequenos, outras vezes grandes - e imediatamente sentimo-nos menos sozinhos, estamos juntos e encontramos a Palavra e o Corpo de Cristo. Deste modo, o nosso coração recebe uma vida que vai para além da morte. É o Espírito Santo, o Espírito do Ressuscitado, que faz isto entre nós e em nós, silenciosamente, domingo após domingo, dia após dia.


Estamos em um antigo santuário cujas paredes nos abraçam. Chama-se «Rotonda» e a sua forma circular, tal como a Praça de São Pedro e outras igrejas antigas e novas, faz-nos sentir acolhidos no colo de Deus. Do lado de fora, a Igreja, como qualquer realidade humana, pode parecer cheia de arestas. Porém, a sua realidade divina manifesta-se quando atravessamos a soleira e encontramos acolhimento. Então, a nossa pobreza, a nossa vulnerabilidade e, sobretudo, os fracassos pelos quais podemos ser desprezados e julgados - e, por vezes, nós mesmos nos desprezamos e julgamos -, são finalmente acolhidos na doce força de Deus, um amor sem arestas, incondicional. Maria, a Mãe de Jesus, é para nós sinal e antecipação da “maternidade” de Deus. Nela tornamo-nos uma Igreja mãe, que gera e regenera não em virtude de um poder mundano, mas com a virtude da caridade.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Festa da Dormição de Maria na Ucrânia (2025)

No dia 15 de agosto de 2025 o Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), presidiu a Divina Liturgia da Festa da Dormição da Mãe de Deus no Mosteiro da Dormição em Univ, próximo a Lviv (Ucrânia).

No dia 14, por sua vez, os monges estuditas da “Lavra de Univ” celebraram as Vésperas da Festa com a exposição do epitáphios (em ucraniano, Плащани́ця), um ícone da Dormição de Maria venerado nessa ocasião.

14 de agosto: Vésperas

Capela da Lavra de Univ
Exposição do ícone da Dormição
Procissão


quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Solenidade da Assunção de Maria em Jerusalém (2025)

Nos dias 14 e 15 de agosto de 2025 o novo Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Ielpo, presidiu as celebrações da Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria no Monte das Oliveiras em Jerusalém.

Na noite da quinta-feira, dia 14, teve lugar a Vigília da Assunção no Horto das Oliveiras seguida da procissão até a Basílica da Agonia do Senhor no Getsêmani.

Na manhã da sexta-feira, dia 15, por sua vez, o Custódio presidiu a Missa da Solenidade na Basílica do Getsêmani, seguida de uma procissão com a imagem de Maria assunta ao redor da igreja .

Na tarde do mesmo dia, por fim, teve lugar a oração das II Vésperas da Solenidade na Gruta dos Apóstolos, próxima à Basílica, seguida da visita à igreja da Tumba de Maria, sob responsabilidade dos ortodoxos.

14 de agosto: Vigília da Assunção

Imagem de Maria morta
Entrada do Custódio
Incensação da imagem
Vigília

Ângelus: Solenidade da Assunção de Maria (2025)

Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria
Papa Leão XIV
Ângelus
Praça da Liberdade, Castel Gandolfo
Sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs, feliz festa!
Os Padres do Concílio Vaticano II deixaram-nos um texto maravilhoso sobre a Virgem Maria, que me apraz reler convosco hoje, enquanto celebramos a festa da sua Assunção à glória do céu. No final do documento sobre a Igreja, o Concílio diz o seguinte: «A Mãe de Jesus, da mesma forma que já está glorificada em corpo e alma nós céus e é a imagem e o início da Igreja como deverá ser consumada no futuro, assim também brilha aqui na terra como sinal de esperança segura e de conforto para o Povo de Deus, que peregrina até chegar o dia do Senhor (cf. 2Pd 3,10)» (Lumen gentium, n. 68).

Maria, que Cristo Ressuscitado levou consigo para a glória em corpo e alma, brilha como ícone de esperança para os seus filhos peregrinos na história.

Como não pensar nos versos de Dante, no último canto do Paraíso? Na oração colocada na boca de São Bernardo, que começa com «Virgem mãe, filha do teu filho» (XXXIII, 1), o poeta louva Maria porque aqui em baixo, entre nós mortais, ela é «fonte vivaz de esperança» (ibid., 12), ou seja, fonte viva, transbordante de esperança.

Irmãos e irmãs, esta verdade da nossa fé está em perfeita sintonia com o tema do Jubileu que estamos vivendo: «Peregrinos de esperança». O peregrino precisa de uma meta que oriente a sua viagem: uma meta bonita, atraente, que guie os seus passos e o revigore quando está cansado, que reavive sempre no seu coração o desejo e a esperança. No caminho da existência, esta meta é Deus, Amor infinito e eterno, plenitude de vida, de paz, de alegria e de todo o bem. O coração humano sente-se atraído por tal beleza e não é feliz enquanto não a encontra; e, efetivamente, corre o risco de não a encontrar caso se perca no meio da “floresta escura” do mal e do pecado.

Mas eis a graça: Deus veio ao nosso encontro, assumiu a nossa carne, feita de terra, e, simbolicamente, digamos que a levou consigo «para o céu», isto é, para Deus. É o mistério de Jesus Cristo, encarnado, morto e ressuscitado pela nossa salvação; e, inseparável d’Ele, está também o mistério de Maria, a mulher de quem o Filho de Deus recebeu a carne, e o mistério da Igreja, corpo místico de Cristo. Trata-se de um único mistério de amor e, portanto, de liberdade. Assim como Jesus disse “sim”, Maria também disse “sim”, acreditou na palavra do Senhor. E toda a sua vida foi uma peregrinação de esperança com o Filho de Deus e seu, uma peregrinação que, através da Cruz e da Ressurreição, a conduziu à pátria, ao abraço de Deus.

Por isso, enquanto estivermos a caminho, como indivíduos, como família, em comunidade, especialmente quando as nuvens chegarem e o caminho se tornar incerto e difícil, levantemos o olhar, olhemos para ela, nossa Mãe, e reencontraremos a esperança que não decepciona (cf. Rm 5,5).

Depois do Ângelus:

Queridos irmãos e irmãs,
Hoje queremos confiar à intercessão da Virgem Maria, Assunta ao Céu, a nossa oração pela paz. Ela, como Mãe, sofre pelos males que afligem os seus filhos, especialmente os pequenos e os frágeis. Ao longo dos séculos, muitas vezes ela o confirmou com mensagens e aparições.

Ao proclamar o dogma da Assunção, enquanto ainda permanecia viva a trágica experiência da Segunda Guerra Mundial, Pio XII escreveu: «É lícito esperar que, ao meditarem nos exemplos gloriosos de Maria, mais e mais se persuadam todos do valor da vida humana», e desejou que nunca mais se destruíssem «vidas humanas, suscitando guerras» (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus).

Como estas palavras são atuais! Infelizmente, ainda hoje nos sentimos impotentes diante da propagação no mundo de uma violência cada vez mais surda e insensível a qualquer movimento de humanidade. No entanto, não devemos desistir de ter esperança: Deus é maior do que o pecado dos homens. Não devemos resignar-nos à que prevaleça a lógica do conflito e das armas. Com Maria, acreditamos que o Senhor continua a socorrer os seus filhos, lembrando-se da sua misericórdia. Só nela é possível reencontrar o caminho da paz. (...)

Assunção de Maria, detalhe
(Michelangelo Grigoletti - Basílica de Esztergom, Hungria)

Fonte: Santa Sé.

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Solenidade da Assunção de Maria em Castel Gandolfo (2025)

Na sexta-feira, 15 de agosto de 2025, o Papa Leão XIV celebrou a Missa da Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria na Paróquia Santo Tomás de Villanova junto à residência pontifícia em Castel Gandolfo, assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli.

Incensação da cruz e do altar
Incensação da imagem da Virgem Maria
Ritos iniciais

Evangelho

Homilia do Papa: Assunção de Maria (2025)

Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria
Homilia do Papa Leão XIV
Paróquia Santo Tomás de Villanova, Castel Gandolfo
Sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Irmãos e irmãs caríssimos,
Hoje não é domingo, mas estamos celebrando de maneira distinta a Páscoa de Jesus, que muda a história. Em Maria de Nazaré está a nossa história, está a história da Igreja imersa na humanidade comum. Tendo se encarnado nela, o Deus da vida, o Deus da liberdade venceu a morte. Sim, hoje contemplamos como Deus vence a morte, sem nunca prescindir de nós. É d’Ele o Reino, mas o “sim” ao seu amor, que tudo pode mudar, é nosso. Na cruz, Jesus pronunciou livremente o “sim” que deveria esvaziar o poder da morte, aquela morte que continua a se alastrar quando as nossas mãos crucificam e os nossos corações estão prisioneiros do medo e da desconfiança. Na cruz, venceu a confiança, venceu o amor que vê o que ainda não existe, venceu o perdão.

E Maria estava presente: estava lá, unida ao Filho. Hoje podemos intuir que Maria somos nós quando não fugimos, somos nós quando respondemos com o nosso “sim” ao seu “sim”. Nos mártires do nosso tempo, nas testemunhas da fé e da justiça, da mansidão e da paz, aquele “sim” continua vivo e ainda contrasta a morte. Assim, este dia de alegria é um dia que nos compromete a escolher como e para quem viver.


A Liturgia desta solenidade da Assunção propôs-nos o trecho evangélico da Visitação (Lc 1,39-56). Nessa passagem, São Lucas transmite a memória de um momento crucial na vocação de Maria. É bonito voltar a esse momento no dia em que celebramos a meta da sua existência. Na terra, todas as histórias, mesmo a da Mãe de Deus, são breves e têm um fim. No entanto, nada se perde. Assim, quando uma vida se encerra, a sua unicidade brilha com mais clareza. O Magnificat, que o Evangelho coloca nos lábios da jovem Maria, agora irradia a luz de todos os seus dias. Um único dia, o do encontro com a sua prima Isabel, contém o segredo de todos os outros dias, de todas as outras estações. E as palavras não bastam: é preciso um cântico, que na Igreja continua a ser cantado, «de geração em geração» (v. 50), ao pôr do sol de cada dia. A surpreendente fecundidade da estéril Isabel confirmou Maria na sua confiança: antecipou a fecundidade do seu “sim”, que se prolonga na fecundidade da Igreja e de toda a humanidade, quando a Palavra renovadora de Deus é acolhida. Naquele dia, duas mulheres encontraram-se na fé e, depois, permaneceram juntas três meses apoiando-se mutuamente, não só nas coisas práticas, mas em uma nova maneira de ler a história.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Homilia do Papa Bento XVI: Assunção de Maria (2005)

Nesta Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria (que no Brasil é transferida para o domingo) recordamos a homilia e a meditação durante o Ângelus proferidas pelo Papa Bento XVI (†2022) nesta ocasião há 20 anos, no dia 15 de agosto de 2005.

O “Papa alemão” centrou sua homilia no cântico da Virgem Maria, o Magnificat (Lc 1,46-55):

Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria
Homilia do Papa Bento XVI
Paróquia de Santo Tomás de Villanova, Castel Gandolfo
Segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Caros irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Queridos irmãos e irmãs,
Antes de tudo dirijo uma cordial saudação a todos vós. É uma grande alegria para mim celebrar a Missa nesta bela igreja paroquial no dia da Assunção. Saúdo o Cardeal Angelo Sodano, o Bispo de Albano, todos os sacerdotes, o Presidente da Câmara e todos vós. Obrigado pela vossa presença. A festa da Assunção é um dia de alegria. Deus venceu. O amor venceu. Venceu a vida. Mostrou-se que o amor é mais forte do que a morte. Que Deus tem a verdadeira força e a sua força é bondade e amor.

Maria foi elevada ao céu em corpo e alma: também para o corpo existe um lugar em Deus. Para nós o céu já não é uma esfera muito distante e desconhecida. No céu temos uma Mãe. E a Mãe de Deus, a Mãe do Filho de Deus, é a nossa Mãe. Ele mesmo o disse. Ele constituiu-a nossa Mãe, quando disse ao discípulo e a todos nós: “Eis a tua Mãe!” (Jo 19,27). No céu temos uma Mãe. O céu está aberto, o céu tem um coração.


No Evangelho (Lc 1,39-56) ouvimos o Magnificat, esta grande poesia pronunciada pelos lábios, aliás, pelo coração de Maria, inspirada pelo Espírito Santo. Neste cântico maravilhoso reflete-se toda a alma, toda a personalidade de Maria. Podemos dizer que este seu cântico é um retrato, é um verdadeiro ícone de Maria, no qual podemos vê-la precisamente como é. Gostaria de realçar somente dois aspectos desse grande cântico. Ele inicia com a palavra “Magnificat”: a minha alma “engrandece” o Senhor, ou seja, “proclama grande” o Senhor. Maria deseja que Deus seja grande no mundo, seja grande na sua vida, esteja presente entre todos nós. Não teme que Deus possa ser um “concorrente” na nossa vida, que possa tirar algo da nossa liberdade, do nosso espaço vital com a sua grandeza. Ela sabe que, se Deus é grande, também nós somos grandes. A nossa vida não é oprimida, mas elevada e alargada: justamente então torna-se grande no esplendor de Deus.

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Papa Leão XIV
Ângelus
Praça de São Pedro
Domingo, 10 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
No Evangelho de hoje (Lc 12,32-48) Jesus nos convida a refletir sobre como investir o tesouro da nossa vida. Ele diz: «Vendei vossos bens e dai esmola» (v. 33).

Exorta-nos, portanto, a não guardar para nós os dons que Deus nos deu, mas a empregá-los com generosidade para o bem dos outros, especialmente daqueles que mais precisam da nossa ajuda. Não se trata apenas de partilhar as coisas materiais de que dispomos, mas de colocar à disposição as nossas capacidades, o nosso tempo, o nosso afeto, a nossa presença, a nossa empatia. Enfim, tudo aquilo que faz de cada um de nós, nos desígnios de Deus, um bem único, sem preço, um capital vivo, pulsante, que precisa ser cultivado e apoiado para poder crescer; caso contrário, torna-se árido e se desvaloriza. Ou acaba se perdendo, à mercê de quem, como um ladrão, se apropria dele para simplesmente transformá-lo em um objeto de consumo.

O dom de Deus que somos não foi feito para se esgotar assim. Precisa de espaço, de liberdade, de relacionamento, para se realizar e se expressar: precisa do amor que transforma e enobrece todos os aspectos da nossa existência, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Deus. Não é por acaso que Jesus pronuncia estas palavras enquanto caminha para Jerusalém, onde na cruz se oferecerá por nossa salvação.

As obras de misericórdia são o banco mais seguro e rentável onde podemos depositar o tesouro da nossa existência, pois nelas, como nos ensina o Evangelho, com «duas moedas» até uma pobre viúva se torna a pessoa mais rica do mundo (cf. Mc 12,41-44).

Santo Agostinho, a este respeito, diz: «Se desses uma libra de bronze e recebesses uma de prata, ou se desses uma de prata e recebesses uma de ouro, te considerarias feliz. O que dás se transforma realmente; se converterá para ti não em ouro ou prata, mas em vida eterna» (Sermão 390, 2). E explica porquê: «O que destes será transformado, porque tu serás transformado» (ibid).

E para entender o que isso significa, podemos pensar em uma mãe que abraça os seus filhos: não é a pessoa mais bonita e mais rica do mundo? Ou em dois namorados, quando estão juntos: não se sentem um rei e uma rainha? E poderíamos dar muitos outros exemplos.

Por isso, na família, na paróquia, na escola e nos locais de trabalho, onde quer que estejamos, procuremos não perder nenhuma ocasião para amar. Esta é a vigilância que Jesus nos pede: habituarmo-nos a estar atentos, prontos, sensíveis uns para com os outros, do modo como Ele está conosco em cada momento.

Irmãs e irmãos, confiemos a Maria este desejo e este compromisso: que ela, a Estrela da Manhã, nos ajude a ser, em um mundo marcado por tantas divisões, «sentinelas» da misericórdia e da paz, como nos ensinou São João Paulo II (cf. Vigília de Oração na XV Jornada Mundial da Juventude, 19 de agosto de 2000) e como nos mostraram de forma tão bela os jovens que vieram a Roma para o Jubileu.

Obras de misericórdia (David Teniers, o Jovem)

Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Ingresso do Custódio da Terra Santa: Nazaré (2025)

No dia 09 de agosto de 2025novo Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Ielpo, completou as visitas às três grandes Basílicas da Terra Santa no início do seu ministério realizando o ingresso na Basílica da Anunciação em Nazaré.

Com efeito, após tomar posse do seu ofício na igreja do Santíssimo Salvador, sede atual da Custódia, no dia 21 de julho, e de celebrar a Missa no Cenáculo, sua sede histórica, no dia 24, o Padre Francesco Ielpo realizou seu ingresso na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém e na Basílica da Natividade em Belém nos dias 25 e 26 de julho.

Na tarde do sábado, dia 09 de agosto, portanto, o novo Custódio realizou seu ingresso na Basílica da Anunciação em Nazaré, celebrando a Missa votiva da Anunciação do Senhor, uma “Missa votiva do lugar”, na igreja inferior da Basílica.

À noite, por sua vez, o Custódio presidiu a oração do terço do rosário (mistérios da alegria) com a tradicional procissão luminosa (fiaccolata) promovida pela Basílica aos sábados.

Acolhida do Custódio: Veneração da cruz
Oração na Gruta da Anunciação


Missa: Incensação da Gruta

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Festa da Transfiguração do Senhor na Terra Santa (2025)

No dia 06 de agosto de 2025 o novo Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Ielpo, que recentemente realizou seu ingresso nesse ofício, presidiu a Missa da Festa da Transfiguração do Senhor no altar superior do Santuário do Monte Tabor.

Após a Missa, como de costume, foi realizada a procissão até a Capela in Descentibus, que marca o início da descida do Monte, onde teve lugar a bênção e a distribuição de alguns ramos das árvores do local.

Altar superior do Santuário da Transfiguração
Procissão de entrada
Incensação do altar
Evangelho
Apresentação das oferendas

sábado, 9 de agosto de 2025

Fotos da Missa no Jubileu dos Jovens (2025)

Na manhã do dia 03 de agosto de 2025 o Papa Leão XIV presidiu a Missa do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C) no campus da Universidade Tor Vergata em Roma por ocasião do Jubileu dos Jovens.

Neste local, há 25 anos, o Papa São João Paulo II presidiu a Missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude no Grande Jubileu do Ano 2000.

Leão XIV foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Ján Dubina. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

No final da Missa o Papa confirmou que a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude terá lugar em Seul, na Coreia do Sul, de 03 a 08 de agosto de 2027, com o tema «Tende coragem: Eu venci o mundo!» (Jo 16,33).

Procissão de entrada
Incensação da cruz e do altar
Incensação do ícone de Virgem Maria
Ritos iniciais
Liturgia da Palavra

Homilia do Papa: Jubileu dos Jovens (2025)

Jubileu dos Jovens
Homilia do Papa Leão XIV
Universidade Tor Vergata, Roma
Domingo, 03 de agosto de 2025

Foi celebrada a Missa do XVIII Domingo do Tempo Comum (Ano C).

Queridos jovens,
Depois da Vigília que vivemos juntos ontem à noite, reunimo-nos hoje para celebrar a Eucaristia, Sacramento do dom total de si mesmo que o Senhor fez por nós. Nesta experiência, podemos imaginar que estamos percorrendo o caminho feito pelos discípulos de Emaús na tarde da Páscoa (cf. Lc 24,13-35): antes, eles se afastavam de Jerusalém assustados e desiludidos; partiam convencidos de que, após a morte de Jesus, não havia mais nada a aguardar, nada em que esperar. Em vez disso, encontraram precisamente Ele, acolheram-no como companheiro de viagem, ouviram-no explicar-lhes as Escrituras e, finalmente, reconheceram-no ao partir o pão. Os seus olhos abriram-se e o anúncio alegre da Páscoa encontrou lugar nos seus corações.

A Liturgia de hoje não nos fala diretamente sobre este episódio, mas ajuda-nos a refletir sobre o que nele se narra: o encontro com Cristo Ressuscitado que muda a nossa existência e que ilumina os nossos afetos, desejos e pensamentos.


A 1ª leitura, tirada do Livro do Eclesiastes, convida-nos a entrar em contato, como os dois discípulos de que falamos, com a experiência dos nossos limites, da finitude das coisas que passam (cf. Ecl 1,2; 2,21-23); e o Salmo responsorial, que ecoa a mesma mensagem, propõe-nos a imagem da erva que «de manhã floresce vicejante, mas à tarde é cortada e logo seca» (Sl 89,6). São duas advertências fortes, talvez um pouco chocantes, mas que não devem nos assustar, como se fossem temas “tabu” a evitar. Na verdade, a fragilidade de que nos falam faz parte da maravilha que somos. Pensemos no símbolo da erva: não é lindo um campo florido? Claro, é delicado, feito de caules finos, vulneráveis, sujeitos a secar, dobrar-se, partir-se, mas, ao mesmo tempo, imediatamente substituídos por outros que brotam depois deles e dos quais os primeiros se tornam generosamente alimento e adubo, ao se desfazerem no solo. É assim que vive o campo, renovando-se continuamente e, mesmo durante os meses gelados do inverno, quando tudo parece silencioso, a sua energia vibra sob a terra e prepara-se para, na primavera, explodir em milhares de cores.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Vigília do Jubileu dos Jovens (2025)

Na tarde do sábado, 02 de agosto de 2025, o Papa Leão XIV presidiu a Vigília do Jubileu dos Jovens no campus da Universidade Tor Vergata em Roma, mesmo local que acolheu a Jornada Mundial da Juventude no Grande Jubileu do Ano 2000.

A vigília teve início com o sinal da cruz, a saudação e a invocação do Espírito Santo. Na sequência o Papa respondeu as perguntas de três jovens.

Seguiu-se a proclamação do Evangelho (Lc 24,13-35) e a adoração eucarística, durante a qual se intercalaram momentos de silêncio, cantos e versos orantes em vários idiomas.

O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Entrada: O Papa leva a cruz do Jubileu



Saudação inicial