sexta-feira, 7 de março de 2025

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2015

Nesta primeira sexta-feira da Quaresma, como de costume aqui em nosso blog, publicamos um esquema de meditações para a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
Para saber mais, confira nossas postagens sobre a Via Sacra e sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Nesta postagem recordamos as meditações proferidas há 10 anos, na Via Sacra presidida pelo Papa Francisco na Sexta-feira Santa de 2015, elaboradas por Dom Renato Corti (†2020), Bispo Emérito de Novara (Itália), criado Cardeal no ano seguinte.

Como ilustrações, propomos a Via Sacra realizada pelo pintor italiano Gaetano Previati (†1920), realizada entre 1901 e 1902 e conservada nos Museus Vaticanos.

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 03 de abril de 2015

Meditações de Dom Renato Corti
Bispo Emérito de Novara (Itália)

A Cruz, ápice luminoso do amor de Deus que nos guarda
Chamados, também nós, a sermos guardiões por amor

Canto inicial:
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi,
quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
Domine, miserere nobis.

Caminho do Calvário (Gaetano Previati, Milão)

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.

Estávamos no dia 19 de março de 2013. O Papa Francisco tinha sido eleito poucos dias antes. Fez a homilia sobre São José, dizendo que era o «guardião» de Maria e de Jesus (cf. Mt 1,24) e que o seu estilo era feito de discrição, humildade, silêncio, presença constante e fidelidade total.
Na Via Sacra que estamos prestes a começar haverá uma referência constante ao dom de sermos guardados pelo amor de Deus, nomeadamente por Jesus Crucificado, e ao dever de, por nossa parte, sermos por amor guardiões da criação inteira, de todas as pessoas, especialmente das mais pobres, de nós mesmos e das nossas famílias, para fazer brilhar a estrela da esperança.
Queremos viver esta Via Sacra em uma profunda intimidade com Jesus. Vendo com atenção aquilo que está escrito nos Evangelhos, se individuarão discretamente alguns sentimentos e pensamentos que poderiam ocupar a mente e o coração de Jesus naquelas horas de provação.
Ao mesmo tempo, nos deixaremos interpelar por algumas situações de vida que caracterizam - positiva ou negativamente - os nossos dias. Expressaremos assim uma ressonância, que traduz o nosso desejo de realizar algum passo de imitação de nosso Senhor Jesus Cristo na sua Paixão.

Oremos
Ó Pai, que quisestes salvar os homens com a morte do vosso Filho na Cruz, concedei-nos que, tendo conhecido na terra o seu mistério de amor, sejamos suas testemunhas, por palavras e obras, junto de todos aqueles que nos fazeis encontrar na vida diária. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém.

I Estação: Jesus é condenado à morte
Intimidade, traição, condenação

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Quarta-feira de Cinzas em Roma (2025)

No dia 05 de março de 2025 o Cardeal Angelo De Donatis, Penitenciário-Mor, presidiu a Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas na Basílica de Santa Sabina em Roma.

Como de costume, a celebração tomou a forma das estações quaresmais romanas, sendo precedida por uma procissão penitencial desde a igreja de Santo Anselmo no Aventino.

Durante a celebração o Cardeal De Donatis, que foi assistido pelo Monsenhor Yala Banorani Djetaba, leu a homilia preparada pelo Papa Francisco. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Início da celebração na igreja de Santo Anselmo
Procissão penitencial



Homilia do Papa: Quarta-feira de Cinzas (2025)

Santa Missa, Bênção e Imposição das Cinzas
Homilia do Papa Francisco
Basílica de Santa Sabina
Quarta-feira, 05 de março de 2025

A homilia preparada pelo Papa Francisco foi lida pelo Cardeal Angelo De Donatis, Penitenciário-Mor, que presidiu a celebração.

As cinzas sagradas que, nesta tarde, serão colocadas sobre a nossa cabeça reavivam em nós a memória do que somos e também a esperança do que seremos. Recordam-nos que somos pó, mas situam-nos no caminho da esperança a que estamos chamados, porque Jesus desceu ao pó da terra e, através da sua Ressurreição, leva-nos com Ele para o coração do Pai.

É assim que se abre o caminho da Quaresma até à Páscoa, entre a memória da nossa fragilidade e a esperança de que, no fim do caminho, o Ressuscitado estará à nossa espera.

Em primeiro lugar, é preciso conservar a memória. Recebemos as cinzas inclinando a cabeça, como que para nos olharmos a nós mesmos, para nos olharmos por dentro. Efetivamente, as cinzas ajudam-nos a fazer memória da fragilidade e da insignificância da nossa vida: somos pó, fomos criados do pó e voltaremos ao pó. E em tantos momentos, tendo em conta a nossa vida pessoal ou a realidade que nos rodeia, percebemos que «o homem não é mais do que um sopro! É em vão que se agita: amontoa riquezas e não sabe para quem ficam» (Sl 38,6-7).


Isto no-lo ensina sobretudo a experiência da fragilidade, que sentimos nos nossos cansaços, da fraqueza com que temos de nos confrontar, dos medos que nos habitam, dos fracassos que nos queimam por dentro, da fugacidade dos nossos sonhos, da constatação de como são efêmeras as coisas que possuímos. Feitos de cinzas e de terra, tocamos a fragilidade ao experimentarmos a doença, a pobreza, o sofrimento que, por vezes, se abate inesperadamente sobre nós e sobre as nossas famílias. E percebemos que somos frágeis também quando, na vida social e política do nosso tempo, nos encontramos expostos às “poeiras finas” que poluem o mundo: a contraposição ideológica, a lógica da prevaricação, o regresso de velhas ideologias identitárias que teorizam a exclusão dos outros, a exploração dos recursos da terra, a violência nas suas diversas formas, a guerra entre os povos. Tudo isto são “poeiras tóxicas” que turvam o ar do nosso planeta e impedem a coexistência pacífica, enquanto a incerteza e o medo do futuro crescem dentro de nós todos os dias.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Festa da Santa Face de Jesus em Manila (2025)

Na última terça-feira, 04 de março de 2025, o Arcebispo de Manila (Filipinas), Cardeal Jose Fuerte Advincula, celebrou a Santa Missa da Festa da Santa Face de Jesus no Santuário da Santa Face no distrito de Quiapo em Manila, junto ao Convento das Irmãs da Santa Face de Jesus (Sisters of the Holy Face of Jesus).

Tradicionalmente o culto à Santa Face de Jesus estava ligado ao II Domingo do Tempo Comum (Domingo Omnis terra). Em alguns lugares, porém, se celebra a sua festa na Terça-feira de Carnaval, isto é, na véspera da Quarta-feira de Cinzas.

Note-se o uso de paramentos brancos, reforçando a ligação da “Santa Face” ao mistério de Cristo em sua totalidade, e não apenas à Paixão (nesse caso seriam usados paramentos vermelhos).

Procissão de entrada

Incensação do altar
Ritos iniciais

Mensagem do Papa a um curso do Pontifício Instituto Litúrgico (2025)

No dia 28 de fevereiro de 2025 foi divulgada a mensagem do Papa Francisco aos participantes da segunda edição do Curso “Viver plenamente a ação litúrgica”, promovido pelo Pontifício Instituto Litúrgico (Pontifício Ateneu Santo Anselmo).

O curso, cuja primeira edição foi realizada em 2023, é voltado aos responsáveis pelas celebrações litúrgicas episcopais, particularmente aos “mestres das celebrações litúrgicas”.

Papa Francisco
Mensagem por ocasião do curso para os responsáveis pelas celebrações litúrgicas episcopais do Pontifício Ateneu Santo Anselmo
24-28 de fevereiro de 2025

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Saúdo o Abade Primaz e o Diretor do Pontifício Instituto Litúrgico [1], com os professores e os alunos que participaram desta segunda edição do curso para os responsáveis pelas celebrações litúrgicas episcopais. Alegra-me constatar que aceitastes novamente o convite formulado na Carta Apostólica Desiderio desideravi, continuando a estudar a Liturgia, não só na perspectiva teológica, mas também no âmbito da práxis celebrativa.

Esta dimensão toca a vida do Povo de Deus e revela-lhe sua verdadeira natureza espiritual (cf. Constituição Dogmática Lumen gentium, n. 9). Por isso o responsável pelas celebrações litúrgicas não é apenas um professor de teologia; não é um rubricista, que aplica as normas; não é um sacristão, que prepara o que é necessário para a celebração. Ele é um mestre colocado a serviço da oração da comunidade. Enquanto ensina humildemente a arte litúrgica, deve guiar todos os que celebram, marcando o ritmo ritual e acompanhando os fiéis no acontecimento sacramental.

Abside da igreja de Santo Anselmo no Aventino
(Sede do Pontifício Instituto Litúrgico)

Como mistagogo, prepara cada celebração com sabedoria para o bem da assembleia; traduz em práxis celebrativa os princípios teológicos expressos nos livros litúrgicos; acompanha e apoia o Bispo na sua função de promotor e guardião da vida litúrgica (Cerimonial dos Bispos, n. 9). Assim assistido, o pastor pode conduzir suavemente toda a comunidade diocesana na oferta de si ao Pai, à imitação de Cristo Senhor.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Homilia do Papa João Paulo II: Quarta-feira de Cinzas (2000)

Nesta Quarta-feira de Cinzas recordamos a homilia proferida pelo Papa São João Paulo II (†2005) há 25 anos, no início da Quaresma do Grande Jubileu do Ano 2000:

Santa Missa, Bênção e Imposição das Cinzas
Homilia do Papa João Paulo II
Basílica de Santa Sabina
Quarta-feira, 08 de março de 2000


É assim que hoje, Quarta-feira de Cinzas, reza o salmista, o Rei Davi: Rei de Israel grande e poderoso, mas ao mesmo tempo frágil e pecador. No início desses quarenta dias de preparação para a Páscoa a Igreja deposita as suas palavras nos lábios de todos aqueles que participam na austera Liturgia da Quarta-feira de Cinzas.

O Papa recebe as cinzas sobre a cabeça

“Criai em mim um coração puro... não retireis de mim o vosso Santo Espírito”. Ouviremos ecoar esta invocação no nosso coração enquanto daqui a pouco nos aproximaremos do altar do Senhor para receber, segundo uma antiquíssima tradição, as cinzas sobre a cabeça. Trata-se de um gesto rico de referências espirituais, um importante sinal de conversão e de renovação interior. Se for considerado em si mesmo, é um rito litúrgico simples e, contudo, muito profundo pelo conteúdo penitencial que exprime: com ele a Igreja recorda ao homem crente e pecador a sua fragilidade diante do mal e, sobretudo, a sua total dependência da infinita majestade de Deus.

A Liturgia prevê que o sacerdote, ao impor as cinzas sobre a cabeça dos fiéis, pronuncie as palavras: “Lembra-te de que és pó e ao pó hás de voltar” ou “Convertei-vos e crede no Evangelho”.

terça-feira, 4 de março de 2025

Mensagem do Papa: Quaresma 2025

Papa Francisco
Mensagem para a Quaresma de 2025
Caminhemos juntos na esperança

Queridos irmãos e irmãs!
Com o sinal penitencial das cinzas sobre as nossas cabeças iniciamos na fé e na esperança a peregrinação anual da Santa Quaresma. A Igreja, mãe e mestra, convida-nos a preparar os nossos corações e a abrir-nos à graça de Deus para podermos celebrar com grande alegria o triunfo pascal de Cristo, o Senhor, sobre o pecado e a morte, como exclamava São Paulo: «A morte foi tragada pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor 15,54-55). Realmente, Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado, é o centro da nossa fé e a garantia da nossa esperança na grande promessa do Pai, já realizada n’Ele, seu Filho amado: a vida eterna (cf. Jo 10,28; 17,3; cf. Encíclica Dilexit nos, n. 220).

Nesta Quaresma, enriquecida pela graça do Ano Jubilar, gostaria de oferecer algumas reflexões sobre o que significa caminhar juntos na esperança e evidenciar os apelos à conversão que a misericórdia de Deus dirige a todos nós, enquanto indivíduos e comunidades.


Antes de tudo, caminhar. O lema do Jubileu - “Peregrinos de Esperança” - traz à mente a longa travessia do povo de Israel em direção à Terra Prometida, narrada no Livro do Êxodo: a difícil passagem da escravidão para a liberdade, desejada e guiada pelo Senhor, que ama o seu povo e sempre lhe é fiel. E não podemos recordar o êxodo bíblico sem pensar em tantos irmãos e irmãs que, hoje, fogem de situações de miséria e violência e vão à procura de uma vida melhor para si e para seus entes queridos. Aqui surge um primeiro apelo à conversão, porque todos nós somos peregrinos na vida, mas cada um pode se perguntar: como me deixo interpelar por esta condição? Estou realmente a caminho ou estou paralisado, estático, com medo e sem esperança, acomodado na minha zona de conforto? Busco caminhos de libertação das situações de pecado e falta de dignidade? Seria um bom exercício quaresmal confrontar-nos com a realidade concreta de algum migrante ou peregrino e deixar que ela nos interpele, para descobrir o que Deus pede de nós para sermos melhores viajantes rumo à casa do Pai. Esse é um bom “exame” para o viandante.

Ângelus: VIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 02 de março de 2025

Amados irmãos e irmãs!
No Evangelho deste domingo (Lc 6,39-45) Jesus faz-nos refletir sobre dois dos cinco sentidos: a visão e o paladar.

Em relação à visão, pede-nos que treinemos os nossos olhos para observar bem o mundo e julgar o nosso próximo com caridade. Diz: «Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão» (v. 42). Só com este olhar de cuidado, e não de condenação, a correção fraterna pode ser uma virtude. Pois se não for fraterna, não é uma correção!

Em relação ao paladar, Jesus recorda-nos que «toda árvore é reconhecida pelos seus frutos» (v. 44). E os frutos que provêm do homem são, por exemplo, as suas palavras, que amadurecem nos seus lábios, de modo que «sua boca fala do que o coração está cheio» (v. 45). Os maus frutos são as palavras violentas, falsas, vulgares; os bons frutos são as palavras justas e honestas que dão sabor aos nossos diálogos.

Então podemos nos perguntar: como olho para os outros, que são meus irmãos e irmãs? E de que modo me sinto olhado por eles? As minhas palavras têm bom sabor ou estão impregnadas de amargura e de vaidade?

A “trave” e o “cisco” no olho
(Domenico Fetti)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Ordenação do Bispo Auxiliar de Jerusalém (2025)

No dia 28 de fevereiro de 2025 teve lugar na igreja do Batismo do Senhor em Al-Maghtas (Jordânia), dedicada no último dia 10 de janeiro, a Santa Missa para a Ordenação Episcopal de Dom Iyad Twal, Bispo Auxiliar do Patriarcado Latino de Jerusalém e Vigário Patriarcal na Jordânia, nomeado ao mesmo tempo Bispo Titular de Siminina.

O ordenante principal foi o Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém. Os co-ordenantes foram dois dos Bispos Auxiliares do Patriarcado: Dom William Hanna Shomali, Vigário Patriarcal na Palestina, e Dom Rafic Nahra, Vigário Patriarcal em Israel [1].

Procissão de entrada

Ritos iniciais


Catequeses do Papa Francisco: Vícios e virtudes 5

Concluindo a primeira parte das Catequeses do Papa Francisco sobre os vícios e as virtudes às portas da Quaresma deste Ano Jubilar de 2025, confira as meditações sobre os vícios da inveja, da vanglória e da soberba:

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024
Os vícios e as virtudes (9): A inveja e a vanglória

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje vamos analisar dois vícios capitais que encontramos nos grandes elencos que a tradição espiritual nos deixou: a inveja e a vanglória.

Comecemos pela inveja. Se lermos a Sagrada Escritura, ela se apresenta como um dos vícios mais antigos: o ódio de Caim em relação a Abel desencadeia-se quando ele se dá conta de que os sacrifícios do seu irmão são agradáveis a Deus (cf. Gn 4). Caim era o primogênito de Adão e Eva, tinha recebido a parte mais importante da herança do pai; no entanto, é suficiente que Abel, o irmão mais novo, alcance um pequeno sucesso para que Caim se indigne. O rosto do invejoso é sempre triste: o olhar é cabisbaixo, parece que perscruta continuamente o terreno, mas na realidade não vê nada, porque a mente está mergulhada em pensamentos cheios de maldade. A inveja, se não for controlada, leva ao ódio pelo outro. Abel será morto pelas mãos de Caim, que não era capaz de suportar a felicidade do irmão.

A escolha entre os vícios e as virtudes
(Frans Francken II)

A inveja é um mal investigado não apenas no âmbito cristão: chamou a atenção de filósofos e sábios de todas as culturas. Na sua base existe uma relação de ódio e de amor: quer-se o mal do outro, mas secretamente deseja-se ser como ele. O outro é a epifania daquilo que gostaríamos de ser e que, na realidade, não somos. A sua sorte parece-nos uma injustiça: certamente - pensamos - teríamos merecido muito mais os seus sucessos ou a sua boa sorte!

sábado, 1 de março de 2025

Homilia: VIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Diádoco de Foticeia
Capítulos sobre a perfeição espiritual
O discernimento dos espíritos se adquire pelo paladar espiritual

O autêntico conhecimento consiste em discernir sem erro o bem do mal; quando se alcança isto, então o caminho da justiça, que conduz a alma para Deus, Sol de justiça, introduz aquela mesma alma na luz infinita do conhecimento, de modo que, doravante, vai segura após a caridade.

Convém que, embora no meio de nossas lutas, conservemos a paz do espírito, para que a mente possa discernir os pensamentos que a atacam, guardando na dispensa da memória aqueles que são bons e possuem sua origem em Deus e lançando desse depósito natural aqueles que são maus e procedem do demônio. O mar, quando está calmo, permite aos pescadores enxergar até o fundo e descobrir onde se encontram os peixes; mas, quando está agitado, fica turvado e impede essa visibilidade, tornando inúteis todos os recursos dos quais os pescadores se utilizam.

Somente o Espírito Santo pode purificar o nosso espírito. Se Ele não entra, como o mais forte do Evangelho, para vencer o ladrão, nunca lhe poderemos arrebatar a presa. Convém, portanto, que em toda ocasião o Espírito Santo se encontre à vontade em nossa alma pacificada, e assim teremos sempre acesa em nós a luz do conhecimento; se ela sempre brilha em nosso interior, não somente serão reveladas as influências nefastas e tenebrosas do demônio, mas também se debilitarão enormemente ao serem surpreendidas por aquela luz santa e gloriosa.

Por isso diz o Apóstolo: Não extingais o Espírito, isto é, não o entristeçais com as vossas más obras e pensamentos, não aconteça que deixe de vos auxiliar com a sua luz. Não é que nós possamos extinguir o que existe de eterno e vivificante no Espírito Santo, mas sim que podemos contristá-lo, ou seja, ao ocasionar este distanciamento entre Ele e nós, nossa alma fica privada de sua luz e envolvida em trevas.

A sensibilidade do espírito consiste em um “paladar apurado”, que nos dá o verdadeiro discernimento. Da mesma forma que, pelo sentido corporal do paladar, quando desfrutamos de boa saúde, apetece-nos aquilo que é agradável, discernindo sem erro o bom do mau, assim também nosso espírito, desde o momento em que começa a possuir plena saúde e a prescindir de preocupações inúteis, torna-se capaz de experimentar a abundância da consolação divina e de reter em sua memória a lembrança de seu sabor, por obra da caridade, para distinguir e ficar com o melhor, conforme o que diz o Apóstolo: Esta é a minha oração: que vosso amor continue crescendo mais e mais em compreensão e em sensibilidade para apreciar os valores.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 646-647. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Cirilo de Alexandria para este domingo clicando aqui.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Fotos da Missa no Jubileu dos Diáconos (2025)

No dia 23 de fevereiro de 2025 foi celebrada na Basílica de São Pedro a Santa Missa com a Ordenação de 23 diáconos de diversos países do mundo no contexto do Jubileu dos Diáconos [1].

Foi recitadas as orações da Missa ritual na Ordenação de Diáconos com as leituras do VII Domingo do Tempo Comum (Ano C).

A Missa foi presidida por Dom Rino Fisichella, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização (1ª seção), assistido pelo Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi, que leu a homilia preparada pelo Papa Francisco.

Procissão de entrada


Ritos iniciais
Bênção ao diácono

Homilia do Papa: VII Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Jubileu dos Diáconos
Santa Missa com Ordenações Diaconais
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 23 de fevereiro de 2025

A homilia preparada pelo Papa Francisco foi lida por Dom Rino Fisichella, Pró-Prefeito do Dicastério para a Evangelização (1ª seção), que presidiu a celebração.

A mensagem das leituras que acabamos de escutar poderia ser resumida em uma palavra: gratuidade. Um termo certamente caro a vós, diáconos, aqui reunidos para a celebração do Jubileu. Reflitamos, pois, sobre esta dimensão fundamental da vida cristã e do vosso ministério, considerando, em particular, três aspectos: o perdão, o serviço desinteressado e a comunhão.

Primeiro: o perdão. A proclamação do perdão é uma tarefa essencial do diácono. Efetivamente, é um elemento indispensável para qualquer caminho eclesial e uma condição para toda a convivência humana. Jesus mostra-nos a sua necessidade e alcance quando diz: «Amai os vossos inimigos» (Lc 6,27). E é exatamente assim: para crescermos juntos, partilhando luzes e sombras, sucessos e fracassos uns dos outros, é necessário saber perdoar e pedir perdão, restabelecendo as relações e não excluindo do nosso amor nem mesmo quem nos ataca e trai. Um mundo onde só prevalece o ódio pelos adversários é um mundo sem esperança, sem futuro, condenado a ser dilacerado por guerras, divisões e vinganças intermináveis - como, infelizmente, vemos ainda hoje, a tantos níveis e em várias partes do mundo. Perdoar, portanto, significa preparar em nós e nas nossas comunidades uma casa acolhedora e segura para o futuro. E o diácono, investido pessoalmente de um ministério que o leva às periferias do mundo, compromete-se a ver - e a ensinar os outros a ver - em cada um, mesmo naqueles que erram e causam sofrimento, uma irmã e um irmão feridos na alma e, por isso mesmo, mais necessitados do que qualquer outro de reconciliação, de orientação e de ajuda.


A 1ª Leitura fala-nos desta abertura de coração, apresentando-nos o amor leal e generoso de Davi por Saul, seu rei, mas também seu perseguidor (cf. 1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23). Mostra-nos ainda, em outro contexto, a morte exemplar do diácono Estêvão, que morre apedrejado, perdoando os seus lapidadores (cf. At 7,60). Mas, sobretudo, vemo-la em Jesus, modelo de toda a diaconia, que na cruz, “esvaziando-se” até dar a vida por nós (cf. Fl 2,7), reza pelos seus algozes e abre as portas do Paraíso ao bom ladrão (cf. Lc 23,34.43).

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Catequeses do Papa Francisco: Vícios e virtudes 4

Prosseguindo com a postagem das Catequeses do Papa Francisco sobre os vícios e as virtudes em vista da Quaresma deste Ano Jubilar de 2025, trazemos suas meditações sobre os vícios da “tristeza” e da acídia (preguiça):

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 07 de fevereiro de 2024
Os vícios e as virtudes (7): A tristeza

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
No nosso itinerário de Catequeses sobre os vícios e as virtudes hoje meditamos sobre um vício bastante negativo, a tristeza, entendida como um abatimento da alma, uma aflição constante que impede o homem de sentir alegria pela sua existência.

Em primeiro lugar é preciso observar que, no que diz respeito à tristeza, os Padres elaboraram uma distinção importante. Com efeito, existe uma tristeza que convém à vida cristã e que, com a graça de Deus, se transforma em alegria: evidentemente, ela não deve ser rejeitada e faz parte do caminho de conversão. Mas existe também uma segunda figura de tristeza, que se insinua na alma, prostrando-a em um estado de desânimo: é este segundo tipo de tristeza que deve ser combatido com determinação e com toda a força, porque deriva do Maligno. Encontramos esta distinção também em São Paulo que, escrevendo aos coríntios, diz: «A tristeza segundo Deus produz uma mudança de vida e, assim, leva à salvação. Mas a tristeza segundo o mundo produz a morte» (2Cor 7,10).

Tentações de Santo Antônio (ou Santo Antão)
(Hieronymus Bosch)

Portanto, existe uma tristeza amiga, que nos conduz à salvação. Pensemos no filho pródigo da parábola: quando toca o fundo da sua degeneração, sente grande amargura, que o leva a recuperar a razão e a decidir regressar para a casa do pai (cf. Lc 15,11-20). É uma graça gemer sobre os próprios pecados, recordar o estado de graça do qual caímos, chorar porque perdemos a pureza com que Deus nos sonhou.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Homilia: VII Domingo do Tempo Comum - Ano C

São Cesário de Arles
Sermão 25
Dá ao mendigo o que esperas receber de Cristo

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Doce é o nome da misericórdia, irmãos; e se o nome o é, quanto mais o será a realidade! Ainda que todos os homens queiram possuí-la, por desgraça nem todos agem de maneira que mereçam recebê-la. Todos querem receber misericórdia, mas poucos são os que a querem dar.

Como te atreves a pedir o que não dás? Neste mundo deve dar misericórdia quem deseja recebê-la no céu. Por isso, irmãos, já que todos queremos misericórdia, adotemo-la como protetora nesta vida, para que nos livre do mal no futuro. Com efeito, a misericórdia está no céu e a ela se chega praticando a misericórdia na terra. Assim o afirma a Escritura: Tua misericórdia, Senhor, está no céu.

Portanto, a misericórdia é terrena e celestial, ou seja, humana e divina. Qual é a misericórdia humana? Aquela pela qual socorres as necessidades dos pobres. E qual é a misericórdia divina? Sem dúvida a que concede o perdão dos pecados. Tudo o que a misericórdia humana dá no caminho a misericórdia divina devolve na pátria definitiva.

Deus tem fome e frio em todos os pobres do mundo, como Ele mesmo afirma: Tudo o que fizestes ao menor dos meus irmãos, a mim o fizestes. Deus, que se digna dar desde o céu, quer receber na terra.

Que tipo de homens somos que, quando Deus dá, queremos receber e, quando pede, não queremos dar? Quando um pobre tem fome, Cristo padece necessidade. Ele o afirma: Tive fome e me destes de comer. Não desprezes, portanto, a miséria dos pobres, que queres ter a firme esperança de que teus pecados te serão perdoados; Cristo, em todos os pobres, digna-se ter fome e sede, e o que recebe na terra o devolve no céu.

Pergunto-vos, irmãos, o que quereis ou o que buscais quando vindes à igreja? Que outra coisa senão a misericórdia? Dai, portanto, a terrena e recebereis a celestial. O pobre te pede e tu pedes a Deus; ele pede um bocado, tu a vida eterna. Dá ao mendigo o que esperas receber de Cristo; ouve-o quando te diz: Dai e vos será dado. Não sei como te atreves a receber o que não queres dar. Por isso, quando vindes à igreja, dai esmola aos pobres de acordo com vossas possibilidades. O que puder, dê-lhes dinheiro; o que não puder, ofereça-lhes um pouco de vinho. E se nem isto tiver, sempre poderá oferecer-lhes um bocado de pão: se não inteiro, ao menos um pedaço, para que se cumpra o que o Senhor nos exorta pela boca do profeta: Reparte o teu pão com o que tem fome. Não disse que dês tudo, não aconteça que tu mesmo sejas pobre e acabes sem nada.

Se agimos com generosidade, irmãos, Cristo nos dará aquilo do qual carece nos pobres. Por isso Deus permite que existam pobres no mundo, para que todo homem tenha um modo de pagar por seus pecados. Se não houvesse pobres não poderíamos dar esmola e, portanto, não receberíamos o perdão. Deus pode tornar ricos todos os homens, mas quis aproximar-se de nós na miséria dos pobres: assim o pobre com a paciência e o rico pela esmola podem receber a graça de Deus. Pelo nosso bem existe a carência dos pobres.

Observa e contempla: o dinheiro e o Reino. Podem ser comparados? Tu dás dinheiro aos pobres e recebes o Reino de Cristo; doas alimento e recebes de Cristo a vida eterna; doas roupas e recebes de Cristo o perdão dos pecados. Portanto, não desprezemos os pobres, irmãos, mas cuidemos deles e alegremo-nos de seu bem.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 641-643. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório Magno para este domingo clicando aqui.

Ordenação do Bispo Auxiliar de Lisboa (2025)

No domingo, 16 de fevereiro de 2025, teve lugar na igreja de São Vicente de Fora em Lisboa (Portugal) a Santa Missa para a Ordenação Episcopal de Dom Rui Augusto Jardim Gouveia, até então Vigário Geral da Diocese de Setúbal, nomeado no dia 10 de dezembro de 2024 como Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa e Titular de Aradi.

O ordenante principal foi o Patriarca de Lisboa, Dom Rui Manuel Sousa Valério. Os co-ordenantes foram o Cardeal Américo Manuel Alves Aguiar, Bispo de Setúbal, e Dom Gilberto Canavarro dos Reis, Bispo Emérito de Setúbal.

Nos paramentos do novo Bispo (casula e mitra) estão inscritos alguns textos do capítulo 17 do Evangelho de João em grego.

Procissão de entrada

Ritos iniciais

Insígnias episcopais

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Fotos da Missa no Jubileu dos Artistas (2025)

No dia 16 de fevereiro de 2025 teve lugar na Basílica de São Pedro a Santa Missa do VI Domingo do Tempo Comum (Ano C) por ocasião do Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura.

A Missa foi presidida pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, assistido pelo Monsenhor Marco Agostini, que leu a homilia preparada pelo Papa Francisco.

Procissão de entrada
Incensação

Ritos iniciais

Homilia do Papa: VI Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Jubileu dos Artistas e do Mundo da Cultura
Santa Missa
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 16 de fevereiro de 2025

A homilia preparada pelo Papa Francisco foi lida pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, que presidiu a celebração.

No Evangelho que acabamos de escutar (Lc 6,17.20-26) Jesus proclama as Bem-aventuranças diante dos seus discípulos e de uma multidão de pessoas. Já as ouvimos muitas vezes e, no entanto, não deixam de nos maravilhar: «Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados, vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir!» (vv. 20-21). Estas palavras contradizem a lógica do mundo e convidam-nos a olhar a realidade com olhos novos, com o olhar de Deus, que vê para além das aparências e reconhece a beleza, até mesmo na fragilidade e no sofrimento.

A segunda parte contém palavras duras e de repreensão: «Ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação! Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome! Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!» (vv. 24-25). O contraste entre “bem-aventurados vós” e “ai de vós” recorda-nos a importância de discernir onde colocamos a nossa segurança.


Vós, artistas e pessoas de cultura, sois chamados a ser testemunhas da visão revolucionária das Bem-aventuranças. A vossa missão não se limita a criar beleza, mas a revelar a verdade, a bondade e a beleza escondidas nos recantos da história, a dar voz a quem não tem voz, a transformar a dor em esperança.

Vivemos em uma época de crises complexas, que são econômicas e sociais, mas, antes de tudo, são crises da alma, crises de sentido. Coloquemo-nos a questão do tempo e a questão do rumo. Somos peregrinos ou errantes? Caminhamos com uma meta ou andamos à deriva, perdidos? O artista é aquele que tem a função de ajudar a humanidade a não se desnortear, a não perder o horizonte da esperança.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Missa do Dia Mundial do Enfermo em Milão (2025)

O Arcebispo de Milão (Itália), Dom Mário Enrico Delpini, presidiu no dia 11 de fevereiro de 2025 a Missa em Rito Ambrosiano na Basílica de Nossa Senhora de Lourdes por ocasião do 33º Dia Mundial do Enfermo, seguida da bênção eucarística aos enfermos.

No sábado seguinte, dia 15, o Arcebispo celebrou a Missa na Catedral Metropolitana da Natividade da Virgem Maria, o Duomo de Milão, por ocasião do Jubileu Diocesano dos Enfermos no contexto do Jubileu Ordinário de 2025.
 
11 de fevereiro: Missa na Basílica de Nossa Senhora de Lourdes

Procissão de entrada
Consagração
Comunhão
Bênção eucarística aos enfermos [1]
Fiéis rezam na gruta junto à Basílica

15 de fevereiro: Missa no Duomo de Milão

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Missa do Dia Mundial do Enfermo em Manila (2025)

Na Catedral Metropolitana da Imaculada Conceição em Manila (Filipinas) o 33º Dia Mundial do Enfermo, no dia 11 de fevereiro de 2025, foi celebrado com a Missa da Memória de Nossa Senhora de Lourdes presidida pelo Arcebispo, Cardeal Jose Fuerte Advincula, com a administração da Unção dos Enfermos a alguns fiéis assistidos pela Ordem de Malta e pelas Missionárias da Caridade:

Virgem de Lourdes diante da réplica da Porta Santa
Óleo dos Enfermos
Procissão de entrada
Ritos iniciais
Evangelho