quarta-feira, 31 de julho de 2024

Festa dos Santos Marta, Maria e Lázaro em Betânia (2024)

No dia 29 de julho de 2024 teve lugar no Santuário de São Lázaro em Betânia a Missa da Festa dos Santos Marta, Maria e Lázaro, presidida pelo Padre Michael Muhindo, da Custódia Franciscana da Terra Santa. Para saber mais sobre esse santuário, clique aqui.

Após a Missa, como de costume, os franciscanos e os fiéis presentes realizaram uma peregrinação a três lugares próximos: a Tumba de Lázaro, a Edícula da Ascensão e a igreja do Pai-nosso.


Incensação do altar
Ritos iniciais
Evangelho
Apresentação das oferendas

terça-feira, 30 de julho de 2024

Ângelus: XVII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 28 de julho de 2024

Estimados irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje o Evangelho da Liturgia fala-nos do milagre dos pães e dos peixes (Jo 6,1-15). Um milagre, isto é, um “sinal”, cujos protagonistas realizam três gestos que Jesus repetirá na Última Ceia. Quais são esses gestos?  Oferecerdar graças e partilhar.

Primeiro: oferecer. O Evangelho fala de um rapaz que tem cinco pães e dois peixes (v. 9). É o gesto pelo qual reconhecemos que temos algo de bom para dar, e dizemos o nosso “sim”, mesmo que o que temos seja muito pouco em relação ao que é necessário. Este gesto é realçado na Missa, quando o sacerdote oferece o pão e o vinho sobre o altar, e cada um oferece a si mesmo, a própria vida. É um gesto que pode parecer pequeno, se pensarmos nas imensas necessidades da humanidade, tal como os cinco pães e os dois peixes diante de uma multidão de milhares de pessoas; mas Deus faz dele a matéria para o maior milagre que existe: aquele no qual Ele, Ele mesmo, se faz presente no meio de nós, para a salvação do mundo.

Assim se compreende o segundo gesto: dar graças (v. 11). O primeiro gesto é oferecer, o segundo é dar graças. Ou seja, dizer ao Senhor com humildade, mas também com alegria: “Tudo o que tenho é vosso dom, Senhor, e para vos agradecer só posso devolver o que me destes primeiro, juntamente com o vosso Filho Jesus Cristo, acrescentando o que posso”. Cada um de nós pode dar um pouco mais. O que posso dar ao Senhor? O que pode dar o mais pequenino? O pobre amor. Dizer: “Senhor, amo-vos”. Nós, pobres homens: o nosso amor é tão pequeno! Mas podemos doá-lo ao Senhor, o Senhor aceita-o.

Oferecer, dar graças, e o terceiro gesto é partilhar. Na Missa é a Comunhão, quando juntos nos aproximamos do altar para receber o Corpo e o Sangue de Cristo: fruto do dom de cada um transformado pelo Senhor em alimento para todos. É um momento bonito, o da Comunhão, que nos ensina a viver cada gesto de amor como um dom de graça, tanto para quem dá como para quem recebe.

Irmãos e irmãs, perguntemo-nos: acredito realmente, pela graça de Deus, que tenho algo de único para oferecer aos irmãos, ou sinto-me anonimamente “um entre muitos”? Sou protagonista de um bem a ser oferecido? Sou grato ao Senhor pelos dons com que Ele me manifesta continuamente o seu amor? Vivo a partilha com os outros como um momento de encontro e de enriquecimento recíproco?

Que a Virgem Maria nos ajude a viver com fé cada Celebração Eucarística e a reconhecer e saborear cada dia os “milagres” da graça de Deus.

Multiplicação dos pães
(Abadia de Tewkesbury)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

História do culto aos Santos Marta, Maria e Lázaro

“Jesus entrou em um povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa” (Lc 10,38).

No dia 29 de julho a Igreja de Rito Romano celebra a Memória dos Santos Marta, Maria e Lázaro, instituída pelo Papa Francisco em 2021, substituindo a Memória de Santa Marta, que até então se celebrava nessa mesma data.

Nesta postagem gostaríamos de percorrer brevemente a história do culto dos três irmãos de Betânia, venerados como “hospitum Domini” (“hospedeiros do Senhor”).

Jesus na casa de Marta, Maria e Lázaro

1. Fundamentos bíblicos

As irmãs Marta e Maria nos são apresentadas no capítulo 10 do Evangelho de Lucas, quando recebem Jesus em sua casa: Marta se apressa em servi-lo e Maria senta-se aos seus pés para escutá-lo (Lc 10,38-42). Este relato da filoxenia (hospitalidade) é proclamado sobretudo no XVI Domingo do Tempo Comum (Ano C).

Marta e Maria reaparecem no capítulo 11 do Evangelho de João, no relato da ressurreição de Lázaro, quando professam sua fé em Cristo (Jo 11,1-44). Não confundir este Lázaro ressuscitado pelo Senhor com o personagem de mesmo nome mencionado na parábola do rico e Lázaro, de caráter simbólico (Lc 16,19-31).

A ressurreição de Lázaro é o último dos sete grandes “sinais” do Quarto Evangelho, antecedendo diretamente o Mistério Pascal da Morte-Ressurreição de Cristo. Portanto, no Rito Romano esse episódio é lido no V Domingo da Quaresma (Ano A), unido ao III Escrutínio em preparação para os Sacramentos da Iniciação Cristã.
Para saber mais, confira nossa postagem sobre o ícone da ressurreição de Lázaro.

Por fim, os irmãos estão presentes no episódio da “unção de Betânia” (Jo 12,1-11), “seis dias antes da Páscoa”, quando Maria unge os pés do Senhor com perfume, gesto interpretado como “profecia” da sua sepultura [1]. Este episódio é lido na Segunda-feira da Semana Santa.

2. O culto aos Santos Marta, Maria e Lázaro no Oriente

No Rito Bizantino o relato da ressurreição de Lázaro é lido no sábado que antecede o Domingo de Ramos, denominado justamente “Sábado de Lázaro”. A celebração desse dia em Betânia, na igreja conhecida como “Lazarium”, é atestada já no século IV pela peregrina Etéria [2].

Ressureição de Lázaro
(Léon Bonnat)

Marta e Maria de Betânia, por sua vez, são celebradas nesse Rito no III Domingo da Páscoa, o “Domingo das Miróforas” (ou “Mirróforas”), isto é, as mulheres que levaram perfumes (em grego, myron) ao túmulo do Senhor na manhã da Ressurreição. Embora os Evangelhos não as mencionem, são associadas a esse grupo por sua amizade com Jesus e por sua presença na “unção de Betânia”.

O “Sábado de Lázaro” e o “Domingo das Miróforas”, porém, não são celebrações hagiológicas (de santos), mas sim cristológicas, em honra do Senhor que ressuscita Lázaro dos mortos e que é “ungido com perfume” pelas mulheres.

sábado, 27 de julho de 2024

Liturgia, escola de oração: Encontro de Pastoral Litúrgica 2024

“A Liturgia é a grande escola de oração da Igreja” (São João Paulo II, Carta Apostólica Vicesimus quintus annus, n. 10).

De 22 a 25 de julho de 2024 teve lugar junto ao Santuário de Fátima (Portugal) o 48º Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, promovido pelo Secretariado Nacional de Liturgia.

O encontro teve como tema “A Liturgia, escola de oração”, em sintonia com o “Ano da Oração” proposto pelo Papa Francisco em preparação para o Jubileu Ordinário de 2025.

“Mãos orantes” (Albrecht Dürer)

Confira os áudios das quatro conferências, divulgados no site do Secretariado Nacional, clicando nos títulos a seguir:

Dra. Isabel Alçada Cardoso


Padre João Paulo Henriques - Diocese de Aveiro


Padre João da Silva Peixoto - Diocese do Porto


Padre Ruberval Monteiro da Silva, OSB


Além das quatro conferências, também tiveram lugar formações por grupos (sacerdotes, acólitos, leitores, músicos...), além das celebrações e outros momentos de oração no Santuário de Fátima: Missa, Liturgia das Horas, terço do rosário...

Durante o encontro também foi prestada uma homenagem ao Padre José de Leão Cordeiro, da Arquidiocese de Évora, falecido no último dia 02 de junho, aos 91 anos. Membro do Secretariado Nacional de Liturgia desde 1972, dentre as suas contribuições destaca-se a organização da “Antologia litúrgica”, uma compilação de textos do primeiro milênio da Era cristã.

Para acessar os conteúdos dos encontros anteriores, de 1997 a 2023, basta conferir o arquivo do blog, através do marcador “Secretariado de Liturgia”, sobretudo, à luz do tema deste ano, o encontro de 2011 (Liturgia: A Igreja em oração). 


sexta-feira, 26 de julho de 2024

Festa de Santa Maria Madalena em Magdala (2024)

No dia 22 de julho de 2024 o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu a Missa da Festa de Santa Maria Madalena na localidade de Magdala, próxima a Tiberíades.

A Custódia Franciscana da Terra Santa, com efeito, possui um terreno no local, onde foram realizadas importantes escavações arqueológicas. A igreja “principal”, porém, integra o “Magdala Center”, sob responsabilidade dos Legionários de Cristo. Para saber mais, confira nossas postagens sobre as Missas votivas na Terra Santa.

Ícone de Santa Maria Madalena diante do altar
Procissão de entrada
Incensação
Ritos iniciais

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Ordenações Episcopais em Lisboa (2024)

No domingo, 21 de julho de 2024, teve lugar no Mosteiro de Santa Maria de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa (Portugal), a Santa Missa para a Ordenação Episcopal de dois Bispos Auxiliares do Patriarcado de Lisboa: Dom Alexandre Coutinho Lopes de Brito Palma e Dom Nuno Isidro Nunes Cordeiro.

O ordenante principal foi o Patriarca de Lisboa, Dom Rui Manuel Sousa Valério. Os co-ordenantes foram os Cardeais Manuel José Macário do Nascimento Clemente, Patriarca Emérito de Lisboa, e José Tolentino Calaça de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação.

No início da celebração, ademais, o Núncio Apostólico em Portugal, Dom Ivo Scapolo, impôs o pálio a Dom Rui Valério, o qual foi abençoado pelo Papa Francisco no último dia 29 de junho.


Procissão de entrada

Ritos iniciais
Profissão de fé do Patriarca de Lisboa

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Missa votiva: Grande Jubileu do Ano 2000

Daqui cinco meses, no dia 24 de dezembro, durante a Missa da Noite de Natal na Basílica de São Pedro no Vaticano, terá início o Jubileu Ordinário de 2025. No domingo seguinte, 29 de dezembro, Festa da Sagrada Família, terá início o Jubileu nas Dioceses (cf. Bula Spes non confundit).

Como indicado nas Normas sobre a concessão de indulgências, durante o Ano Santo será possível celebrar uma Missa própria para o Jubileu, sobretudo nas peregrinações à Catedral ou outras igrejas jubilares estabelecidas pelo Bispo Diocesano. Trata-se de uma Missa votiva, a ser rezada para promover a devoção dos fiéis.

Enquanto aguardamos a publicação do formulário para 2025 pelo Dicastério para a Evangelização (1ª seção) e sua tradução pela CNBB, aproveitamos a ocasião para recordar a Missa votiva do Grande Jubileu do Ano 2000.

Para o Grande Jubileu, com efeito, foram propostos dois formulários de Missa (com todas as orações próprias, incluindo o Prefácio), a serem celebradas com paramentos brancos por ocasião de celebrações especiais durante o Ano Santo, exceto nas solenidades, nos domingos e nas festas, na Oitava da Páscoa, na Comemoração dos Fiéis Defuntos, na Quarta-feira de Cinzas e na Semana Santa.

Também foram propostas algumas sugestões de leituras, a serem proferidas nos dias de semana do Tempo Comum. Nos demais Tempos, porém, deviam ser proferidas as leituras do dia.

Logotipo do Grande Jubileu

Confira a seguir os dois formulários de Missa conforme propostos no subsídio “Bendito seja Deus para sempre: Celebrações e orações para o Ano Santo”, publicado pela Comissão Central do Grande Jubileu do Ano 2000 e traduzidos para o Brasil pela Editora Paulinas.

Vale lembrar que essas orações não podem ser usadas na Missa, uma vez que foram aprovadas especificamente para o Jubileu do Ano 2000. Sua publicação aqui serve à memória histórica e ao estudo da Liturgia.

Grande Jubileu do Ano 2000
Missa votiva para o Ano Santo

Formulário A

Antífona de entrada (Sl 89,1-2)
Vós fostes um refúgio para nós, ó Senhor, de geração em geração;
desde sempre e para sempre vós sois Deus (T.P. Aleluia).

Oração do dia
Ó Deus, na plenitude dos tempos enviastes o vosso Filho ao mundo como Salvador. Concedei que Ele ilumine, como peregrinos neste mundo, o nosso caminho até vós, com a luz do seu Mistério Pascal. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Oração sobre as oferendas
Fazei, Senhor, que vos sejam agradáveis os dons que vos apresentamos, ao celebrarmos com alegria este Ano Santo, para que participemos da vida eterna do vosso Filho que, por sua Morte, destruiu a nossa. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Ângelus: XVI Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 21 de julho de 2024

Estimados irmãos e irmãs, bom domingo!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Mc 6,30-34) narra que os Apóstolos, depois de regressarem da missão, se reúnem à volta de Jesus e contam-lhe o que fizeram; então Ele lhes diz: «Vinde comigo para um lugar deserto e descansai um pouco» (v. 31). Contudo, as pessoas compreendem os seus movimentos e, quando descem do barco, Jesus encontra a multidão que o espera, sente compaixão por ela e começa a ensinar (cf. v. 34).

Assim, por um lado, o convite ao descanso e, por outro, a compaixão de Jesus pela multidão - é muito bom parar e refletir sobre a compaixão de Jesus. Parecem duas coisas inconciliáveis, o convite ao descanso e a compaixão, mas, pelo contrário, caminham juntas: descanso e compaixão. Vejamos!

Jesus preocupa-se com o cansaço dos discípulos. Talvez sinta um perigo que pode atingir também a nossa vida e o nosso apostolado, quando, por exemplo, o entusiasmo em cumprir a missão, ou o trabalho, bem como o papel e as tarefas que nos são confiadas, nos tornam vítimas do ativismo, e isto é negativo: demasiado preocupados com as coisas a fazer, demasiado preocupados com os resultados. Acontece, então, que ficamos inquietos e perdemos de vista o essencial, correndo o risco de esgotar as nossas energias e de cair no cansaço do corpo e do espírito. É uma admoestação importante para a nossa vida, para a nossa sociedade, muitas vezes prisioneira da pressa, mas também para a Igreja e para o serviço pastoral: irmãos e irmãs, cuidado com a ditadura do fazer! E isto pode acontecer também por necessidade nas famílias, quando, por exemplo, o pai, para ganhar o pão, é obrigado a ausentar-se para trabalhar, tendo assim que sacrificar o tempo para se dedicar à família. Muitas vezes, saem de manhã cedo, quando as crianças ainda estão dormindo, e regressam tarde da noite, quando elas já estão na cama. E isto é uma injustiça social. Nas famílias, o pai e a mãe devem ter tempo para partilhar com os filhos, para fazer crescer este amor familiar e não cair na ditadura do fazer. Pensemos no que podemos fazer para ajudar as pessoas obrigadas a viver deste modo.

Ao mesmo tempo, o descanso proposto por Jesus não é uma fuga do mundo, um retirar-se no bem-estar pessoal; pelo contrário, perante as pessoas confusas, Ele sente compaixão. E assim aprendemos no Evangelho que estas duas realidades - descanso e compaixão - estão ligadas: só se aprendermos a descansar poderemos ter compaixão. Com efeito, só é possível ter um olhar compassivo, que saiba sentir as necessidades do outro, se o nosso coração não estiver consumido pela ansiedade do fazer, se soubermos parar e, no silêncio da adoração, receber a Graça de Deus.

Por isso, queridos irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: sei parar ao longo dos meus dias? Sei parar um momento para estar comigo mesmo e com o Senhor, ou sou sempre levado pela pressa, pela pressa de fazer as coisas? Sabemos encontrar um “deserto” interior no meio do barulho e das atividades de todos os dias?

Que a Virgem Santíssima nos ajude a “descansar no Espírito”, até no meio de todas as nossas atividades diárias, e a sermos disponíveis e compassivos para com os outros.


Fonte: Santa Sé.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Solenidade da Dedicação da Basílica do Santo Sepulcro (2024)

No dia 15 de julho de 2024 o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, celebrou a Santa Missa da Solenidade da Dedicação da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém.

A Basílica foi dedicada pela primeira vez em setembro de 335, celebração que deu origem à Festa da Exaltação da Santa Cruz. Porém, tendo passado por sucessivas restaurações, foi dedicada novamente no dia 15 de julho de 1149. Para saber mais sobre a história da Basílica, clique aqui.

Ósculo do altar
Incensação do altar dentro da "Capela do Anjo"
Incensação da Edícula do Santo Sepulcro
Ritos iniciais
Evangelho

terça-feira, 16 de julho de 2024

Ângelus: XV Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 14 de julho de 2024

Estimados irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje o Evangelho nos narra que Jesus envia os seus discípulos em missão (Mc 6,7-13). Envia-os “dois a dois”, com uma importante recomendação: devem levar consigo apenas o necessário.

Meditemos por um momento sobre esta imagem: os discípulos são enviados juntos e devem levar consigo apenas o necessário.

O Evangelho não se anuncia sozinho, não: anuncia-se em conjunto, como comunidade, e por isso é importante saber preservar a sobriedade: saber ser sóbrio no uso das coisas, compartilhando recursos, capacidades e dons, prescindindo do supérfluo. Por quê? Para sermos livres: o supérfluo escraviza-nos. E também para que todos possam ter o necessário para viver com dignidade e contribuir ativamente para a missão; e, além disso, para ser sóbrios nos pensamentos, nos sentimentos, abandonando os preconceitos e a rigidez que, como bagagem inútil, pesa e atrapalha o caminho, favorecendo ao contrário o confronto e a escuta e, assim, tornando o testemunho mais eficaz.

Pensemos, por exemplo, no que acontece nas nossas famílias ou nas nossas comunidades, quando nos contentamos com o necessário, até com pouco, com a ajuda de Deus conseguimos ir em frente e compreender-nos, compartilhando o que temos, renunciando todos a algo e apoiando-nos uns aos outros (cf. At 4,32-35). E isto já é um anúncio missionário, antes e ainda mais do que palavras, pois encarna a beleza da mensagem de Jesus na realidade da vida. Com efeito, uma família ou uma comunidade que vive assim, cria em volta de si um ambiente rico de amor, no qual é mais fácil abrir-se à fé e à novidade do Evangelho, e do qual se recomeça melhor, mais sereno.

Se, ao contrário, cada um segue o próprio caminho, se o que conta são apenas as coisas - que nunca são suficientes - se não nos ouvimos uns aos outros, se o individualismo e a inveja prevalecem - a inveja é mortal, um veneno! -, o ar torna-se pesado, a vida difícil e os encontros tornam-se mais uma ocasião de inquietação, tristeza e desânimo do que uma oportunidade de alegria (cf. Mt 19,22).

Estimados irmãos e irmãs, comunhão e sobriedade são valores importantes para a nossa vida cristã: comunhão, harmonia entre nós e sobriedade são valores importantes, valores indispensáveis para uma Igreja que seja missionária a todos os níveis.

Então, podemos perguntar-nos: sinto o desejo de anunciar o Evangelho, de levar onde vivo a alegria e a luz que vêm do encontro com o Senhor? E para fazê-lo, estou comprometido em caminhar com os outros, compartilhando com eles ideias e habilidades, com mente aberta e coração generoso? E, concluindo: sei cultivar um estilo de vida sóbrio, um estilo de vida atento às necessidades dos irmãos? São perguntas que nos fará bem formular.

Maria, Rainha dos Apóstolos, nos ajude a ser verdadeiros discípulos missionários, na comunhão e na sobriedade de vida. Na comunhão, na harmonia entre nós e na sobriedade de vida.


Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Artigos sobre Liturgia: REB 2021-2023

Há cerca um mês, no dia 12 de junho, destacamos aqui em nosso blog sete artigos sobre Liturgia publicados na Revista Eclesiástica Brasileira (REB), publicação quadrimestral do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), em seu primeiro número deste ano de 2024.

Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade à proposta resgatando seis artigos relacionados à Liturgia publicados na REB de 2021 a 2023, cujos resumos reproduzimos a seguir. Após uma inscrição gratuita, os artigos podem ser acessados na íntegra no site da Revista.

Vale dizer que a indicação desses textos não implica que concordamos necessariamente com o seu conteúdo. Esta postagem serve mais como convite à reflexão.

O evento intercopóreo entre verdade e rito: Apropriação antropológica pré-reflexiva
Padre Manoel Pacheco de Freitas Neto, Doutor em Teologia Litúrgica pelo Pontifício Ateneu Santo Anselmo em Roma (Itália)

O corpo é campo de ambiguidade: na própria experiência separa e une, limita e permite, gera e destrói. Através do corpo, a “barreira” que semanticamente divide nosso universo existencial; o corpo é presença e ausência, centro de prospectiva e descentramento permanente dos significados, plexo contínuo de relações. Até que ponto o homem é o próprio corpo? Pergunta inquietante. E com nossa tese inicial queremos afrontar esta ambuiguidade, compreender a tela de fundo, os motivos e as consequências em vista da ritualidade que sustenta nossa existência cotidiana e religiosa e nosso pensamento. O método fenomenológico que tentaremos aceder tem como objetivo, assediar cinco passos que integram essa reflexão: a bíblica, a teórica, a simbólica, o corpo e o rito.



Statio Orbis - Os Congressos Eucarísticos Internacionais: Panorâmica histórica e reflexão litúrgico-teológica
Padre Francisco Taborda, SJ, Doutor em Teologia pela Westfälische Wilhelms-Universität Münster (Alemanha)

Em preparação aos próximos Congressos Eucarísticos - o 52º Internacional, em Budapeste (Hungria); o 18º Nacional, em Recife (PE) -, este artigo pergunta pelo sentido de eventos desse gênero, o que levou a criá-los e mantê-los, a evolução sofrida nesse mais de século desde que surgiram. Com essa finalidade o artigo percorre em largos traços a história dos Congressos Eucarísticos Internacionais, tentando identificar os ideais que os motivaram e moldaram, tanto do ponto de vista sociopolítico (relação entre Igreja e sociedade), como, especialmente, da perspectiva teológico-litúrgica a eles subjacente.

sexta-feira, 12 de julho de 2024

Fotos da Missa do Papa em Trieste

No dia 07 de julho de 2024 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Missa do  XIII Domingo do Tempo Comum (Ano B) na Praça da Unidade da Itália (Piazza Unità d’Italia) em Trieste durante sua visita à cidade por ocasião da 50ª Semana Social dos Católicos na Itália.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada pelo Cardeal Matteo Maria Zuppi, Arcebispo de Bolonha e Presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI).

O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi.

Ritos iniciais



Liturgia da Palavra

Homilia do Papa: Missa em Trieste

Visita Pastoral a Trieste por ocasião da 50ª Semana Social dos Católicos na Itália
Homilia do Papa Francisco
Piazza Unità d’Italia, Trieste
Domingo, 07 de julho de 2024

Para despertar a esperança dos corações aflitos e sustentar as dificuldades do caminho, Deus sempre suscitou profetas no meio do seu povo. Mas como diz a 1ª Leitura de hoje, narrando a história de Ezequiel, eles encontraram muitas vezes um povo rebelde, «filhos de cabeça dura e coração de pedra» (Ez 2,4), e foram rejeitados.

Também Jesus faz a mesma experiência dos profetas. Regressa a Nazaré, sua pátria, no meio do povo com quem cresceu, mas não é reconhecido, é até rejeitado: «Veio entre os seus, e os seus não o receberam» (Jo 1,11). O Evangelho diz-nos que eles «ficaram escandalizados por causa d’Ele» (Mc 6,3), mas a palavra “escândalo” não se refere a algo obsceno ou indecente, como a usamos hoje; escândalo significa “pedra de tropeço”, isto é, obstáculo, impedimento, algo que nos bloqueia e impede de ir além. Perguntemo-nos: qual é o obstáculo que nos impede de acreditar em Jesus?


Ouvindo os discursos dos seus conterrâneos, vemos que se limitam apenas à sua história terrena, à sua origem familiar e, por isso, não conseguem explicar como do filho do carpinteiro José, ou seja, de uma pessoa comum, pode sair tanta sabedoria e até a capacidade de realizar prodígios. O escândalo, portanto, é a humanidade de Jesus. O obstáculo que impede aquelas pessoas de reconhecer a presença de Deus em Jesus é a constatação de que Ele é humano, é simplesmente o filho do carpinteiro José: como pode Deus todo-poderoso revelar-se na fragilidade da carne de um homem? Como pode um Deus todo-poderoso e forte, que criou a terra e libertou o seu povo da escravidão, tornar-se fraco a ponto de vir na carne e de se abaixar para lavar os pés aos discípulos? Este é o escândalo!

Irmãos e irmãs, uma fé fundada em um Deus humano, que se abaixa perante a humanidade, que se preocupa com ela, que se comove com as nossas feridas, que toma sobre si o nosso cansaço, que se parte como pão por nós. Um Deus forte e poderoso, que está do meu lado e me satisfaz em tudo, é atrativo; um Deus frágil, um Deus que morre na cruz por amor e me pede também para vencer todo o egoísmo e oferecer a minha vida pela salvação do mundo; isto, irmãos e irmãs, é um escândalo!

terça-feira, 9 de julho de 2024

Revista Notitiae 2022

Recentemente o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos divulgou em seu site a edição de 2022 da Revista Notitiae.

Esta Revista é o veículo oficial de informação do Dicastério desde a conclusão do Concílio Vaticano II em 1965. Inicialmente com periodicidade mensal ou bimestral, a publicação tornou-se anual a partir de 2016. Portanto, a edição de 2022 é o volume 599 (7º da nova série), relativo ao ano 58 de publicação.


A seguir apresentamos brevemente esta edição da Revista, composta por 535 páginas, divididas em quatro seções, algumas com suas respectivas subdivisões:

1. Acta Francisci Papae - Atos do Papa Francisco (pp. 04-403)

Os documentos e outros textos do Papa Francisco relacionados à Liturgia são publicados aqui em vários idiomas:

- Constituição Apostólica Praedicate Evangelium sobre a Cúria Romana e o seu serviço à Igreja no mundo (19 de março de 2022): a Revista reproduz os nn. 88-97 do documento, relacionados ao Dicastério

- Carta Apostólica Desiderio desideravi sobre a formação litúrgica do Povo de Deus (29 de junho de 2022)




- Mensagem do Papa Francisco assinada pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, à 72ª Semana Litúrgica Nacional (22-25 de agosto de 2022)

- Carta Apostólica em forma de “Motu proprioCompetentias quasdam decernere pela qual se modificam algumas normas do Código de Direito Canônico e do Código dos Cânones das Igrejas Orientais (11 de fevereiro de 2022)



Carta Apostólica Desiderio desideravi

2. Dicasterium de Cultu Divino et Disciplina Sacramentorum - Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (pp. 404-462)

Esta seção da Revista, subdividida em três partes, é dedicada aos textos oficiais do Dicastério, alguns igualmente publicados em vários idiomas:

2.1 Acta (pp. 404-433)

- Nota aos Bispos e às Conferências Episcopais sobre as Celebrações da Semana Santa 2022 (25 de março de 2022)

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Festa do Preciosíssimo Sangue de Jesus em Jerusalém (2024)

A Custódia Franciscana da Terra Santa conserva em seu calendário próprio a Festa do Preciosíssimo Sangue de Jesus no dia 01 de julho.

Neste ano de 2024, como de costume, a Missa da Festa foi celebrada pelo Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, na Basílica da Agonia do Senhor no Getsêmani.

A celebração se insere nas comemorações do Centenário da Basílica, a “igreja de todas as nações”, projetada pelo arquiteto italiano Antonio Barluzzi (†1960) e dedicada em 1924, assim como a Basílica da Transfiguração no Monte Tabor.

Procissão de entrada
O Custódio espalha rosas vermelhas sobre a Pedra da Agonia


Ritos iniciais

Consistório para Causas de Canonização (2024)

Na segunda-feira, 01 de julho de 2024, o Papa Francisco presidiu um Consistório Ordinário Público para algumas Causas de Canonização na Sala do Consistório do Palácio Apostólico.

Como de costume, este foi precedido pela Oração da Hora Média (9h) da Liturgia das Horas. Em seguida o Cardeal Marcello Semeraro, Prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, fez o pedido para a canonização de quinze novos santos:

- Manuel Ruiz López e sete companheiros, da Ordem dos Frades Menores, e Francisco, Mooti e Rafael Massabki, fiéis leigos, Mártires (†1860) - “Mártires de Damasco” (Síria), beatificados pelo Papa Pio XI em 1926 e comemorados no dia 10 de julho.

- Giuseppe Allamano (†1926, Itália), Presbítero, fundador dos Institutos dos Missionários da Consolata e das Irmãs Missionárias da Consolata - Beatificados pelo Papa João Paulo II em 1990 e comemorado no dia 16 de fevereiro.

- Marie-Léonie Paradis (†1912, Canadá), Virgem, fundadora da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família - Beatificada pelo Papa João Paulo II em 1984 e comemorada no dia 03 de maio.

- Elena Guerra (†1914, Itália), Virgem, fundadora da Congregação das Oblatas do Espírito Santo (“Irmãs de Santa Zita”) - Beatificada pelo Papa João XXIII em 1959 e comemorada no dia 11 de abril.

- Carlo Acutis (†2006, Itália), fiel leigo - Beatificado em 2020 e comemorado no dia 12 de outubro.

O Papa aprovou as canonizações, decretando que essas terão lugar no dia 20 de outubro de 2024, salvo Carlo Acutis, cuja data da canonização será divulgada futuramente.

Seguiu-se a Optatio, isto é, a passagem de três Cardeais Diáconos à Ordem Presbiteral, como vimos em uma postagem anterior.

O Santo Padre foi assistido pelo Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi, Cerimoniário Pontifício, substituindo Dom Diego Giovanni Ravelli.

Entrada do Papa Francisco
Hora Média: Versículo introdutório
Hino
Salmo