segunda-feira, 22 de julho de 2013

Catequese do Papa: São Tiago Maior

No contexto do Ano da Fé, continuando nossas séries de postagens sobre os Apóstolos, publicamos a catequese do Papa Bento XVI sobre São Tiago Maior, cuja Festa celebramos no dia 25 de julho.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 21 de Junho de 2006
Tiago, o Maior

Queridos irmãos e irmãs!
Prosseguimos a série de retratos dos Apóstolos escolhidos diretamente por Jesus durante a sua vida terrena. Falamos de São Pedro e de seu irmão, André. Encontramos hoje a figura de Tiago. Os elencos bíblicos dos Doze mencionam duas pessoas com este nome: Tiago, filho de Zebedeu, e Tiago, filho de Alfeu (cf. Mc 3,17.18; Mt 10,2-3), que são comumente distinguidos com os nomes de Tiago, o Maior e Tiago, o Menor. Sem dúvida, estas designações não querem medir a sua santidade, mas apenas distinguir o realce que eles recebem nos escritos do Novo Testamento e, em particular, no quadro da vida terrena de Jesus. Hoje dedicamos a nossa atenção à primeira destas duas personagens homônimas.
O nome Tiago é a tradução de Iákobos, forma helenizada do nome do célebre patriarca Jacó. O apóstolo assim chamado é irmão de João, e nos elencos acima mencionados ocupa o segundo lugar logo depois de Pedro, como em Marcos (3,17), ou o terceiro lugar depois de Pedro e André no Evangelho de Mateus (10,2) e de Lucas (6,14), enquanto que nos Atos vem depois de Pedro e de João (1,13). Este Tiago pertence, juntamente com Pedro e João, ao grupo dos três discípulos privilegiados que foram admitidos por Jesus em momentos importantes da sua vida.
Dado que faz muito calor, gostaria de abreviar e mencionar aqui só duas destas ocasiões. Ele pôde participar, juntamente com Pedro e Tiago, no momento da agonia de Jesus no horto do Getsêmani e no acontecimento da Transfiguração de Jesus. Trata-se portanto de situações muito diversas uma da outra: num caso, Tiago com os outros dois Apóstolos experimenta a glória do Senhor, vê-o no diálogo com Moisés e Elias, vê transparecer o esplendor divino de Jesus; no outro encontra-se diante do sofrimento e da humilhação, vê com os próprios olhos como o Filho de Deus se humilha tornando-se obediente até à morte. Certamente a segunda experiência constitui para ele a ocasião de uma maturação na fé, para corrigir a interpretação unilateral, triunfalista da primeira: ele teve que entrever que o Messias, esperado pelo povo judaico como um triunfador, na realidade não era só circundado de honra e de glória, mas também de sofrimentos e fraqueza. A glória de Cristo realiza-se precisamente na Cruz, na participação dos nossos sofrimentos.
Esta maturação da fé foi realizada pelo Espírito Santo no Pentecostes, de forma que Tiago, quando chegou o momento do testemunho supremo, não se retirou. No início dos anos 40 do século I o rei Herodes Agripa, neto de Herodes o Grande, como nos informa Lucas, "maltratou alguns membros da Igreja. Mandou matar à espada Tiago, irmão de João" (At 12,1-2).
A notícia tão limitada, privada de qualquer pormenor narrativo, revela, por um lado, quanto era normal para os cristãos testemunhar o Senhor com a própria vida e, por outro, como Tiago ocupava uma posição de relevo na Igreja de Jerusalém, também devido ao papel desempenhado durante a existência terrena de Jesus. Uma tradição sucessiva, que remonta pelo menos a Isidoro de Sevilha, narra de uma sua permanência na Espanha para evangelizar aquela importante região do Império Romano.
Segundo outra tradição, ao contrário, o seu corpo teria sido transportado para a Espanha, para a cidade de Santiago de Compostela. Como todos sabemos, aquele lugar tornou-se objeto de grande veneração e ainda hoje é meta de numerosas peregrinações, não só da Europa mas de todo o mundo. É assim que se explica a representação iconográfica de São Tiago que tem na mão o cajado do peregrino e o rolo do Evangelho, típicos do apóstolo itinerante e dedicado ao anúncio da "boa nova", características da peregrinação da vida cristã.
Portanto, de São Tiago podemos aprender muitas coisas: a abertura para aceitar a chamada do Senhor também quando nos pede que deixemos a "barca" das nossas seguranças humanas, o entusiasmo em segui-lo pelos caminhos que Ele nos indica além de qualquer presunção ilusória, a disponibilidade a testemunhá-lo com coragem, se for necessário, até ao sacrifício supremo da vida. Assim, Tiago o Maior, apresenta-se diante de nós como exemplo eloquente de adesão generosa a Cristo. Ele, que inicialmente tinha pedido, através de sua mãe, para se sentar com o irmão ao lado do Mestre no seu Reino, foi precisamente o primeiro a beber o cálice da paixão, a partilhar com os Apóstolos o martírio.
E no final, resumindo tudo, podemos dizer que o caminho não só exterior mas sobretudo interior, do monte da Transfiguração ao monte da agonia, simboliza toda a peregrinação da vida cristã, entre as perseguições do mundo e os confortos de Deus, como diz o Concílio Vaticano II. Seguindo Jesus como São Tiago, sabemos, também nas dificuldades, que seguimos o caminho justo.


Fonte: Santa Sé

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Festa de Nossa Senhora do Carmo em Butiatuvinha

No último dia 16 de Julho, o Revmo. Padre Elmo Heck presidiu a Santa Missa na Festa de Nossa Senhora do Carmo na Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Butiatuvinha.

A celebração também abriu a Semana Missionária, que antecede a Jornada Mundial da Juventude, na paróquia.

Procissão de entrada
Incensação da cruz
Incensação do altar
Incensação da imagem da padroeira
Ritos iniciais

Ângelus: XV Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 14 de julho de 2013

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o nosso encontro dominical do Ângelus vivemo-lo aqui, em Castel Gandolfo. Saúdo os habitantes desta bonita vila! Desejo agradecer-vos sobretudo as vossas orações, e faço o mesmo com todos vós peregrinos que viestes em grande número.

O Evangelho de hoje - do capítulo 10 de Lucas - é a famosa parábola do bom samaritano. Quem era este homem? Era um qualquer, que descia de Jerusalém para Jericó pela estrada que atravessa o deserto da Judeia. Pouco antes, naquela estrada, um homem tinha sido assaltado por bandidos, roubado, espancado e abandonado meio morto. Antes do samaritano passam um sacerdote e um levita, isto é, duas pessoas que se ocupam do culto no Templo do Senhor. Veem aquele infeliz, mas passam adiante sem parar. O samaritano, ao contrário, quando viu aquele homem «sentiu compaixão por ele» (Lc 10,33), diz o Evangelho. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando sobre elas um pouco de óleo e de vinho; depois carregou-o na sua montaria, levou-o para uma hospedaria e pagou a estadia para ele... Em síntese, ocupou-se dele: é o exemplo do amor pelo próximo. Mas por que Jesus escolhe um samaritano como protagonista da parábola? Porque os samaritanos eram desprezados pelos judeus, por causa de diversas tradições religiosas; mas Jesus mostra que o coração daquele samaritano é bondoso e generoso e que - ao contrário do sacerdote e do levita - ele pratica a vontade de Deus, que quer mais a misericórdia do que os sacrifícios (cf. Mc 12,33). Deus quer sempre a misericórdia e não a condenação de todos. Quer a misericórdia do coração, porque Ele é misericordioso e sabe compreender bem as nossas misérias, as nossas dificuldades e até os nossos pecados. Dá a todos nós este coração misericordioso! O samaritano faz precisamente isto: imita a misericórdia de Deus, a misericórdia para com quem está em necessidade.

Um homem que viveu plenamente este Evangelho do bom samaritano é o santo que recordamos hoje: São Camilo de Lellis, fundador dos Ministros dos Enfermos, padroeiro dos doentes e dos agentes no campo da saúde. São Camilo faleceu a 14 de julho de 1614: começa precisamente hoje o seu IV Centenário, que terá o seu ápice daqui a um ano. Saúdo com grande afeto todos os filhos e filhas espirituais de São Camilo, que vivem o seu carisma de caridade em contato diário com os doentes. Sede bons samaritanos como ele! E também aos médicos, aos enfermos e a quantos trabalham nos hospitais e nas casas de cura, desejo que estejais animados pelo mesmo espírito. Confiemos esta intenção à intercessão de Maria Santíssima.

O bom samaritano (Walter Rane)

Fonte: Santa Sé.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Ângelus: XIV Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 07 de julho de 2013

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Antes de tudo desejo compartilhar convosco a alegria de ter encontrado, ontem e hoje, uma peregrinação especial do Ano da Fé: a dos seminaristas, dos noviços e noviças. Peço-vos que rezeis por eles, a fim de que o amor a Cristo amadureça cada vez mais na sua vida e para que eles se tornem verdadeiros missionários do Reino de Deus.

O Evangelho deste domingo (Lc 10,1-12.17-20) fala-nos precisamente disto: Jesus não é um missionário isolado, não quer cumprir a sua missão sozinho, mas compromete também os seus discípulos. E hoje vemos que, além dos doze Apóstolos, chama outros setenta e dois, enviando-os depois aos povoados, dois a dois, para anunciar que o Reino de Deus está próximo. Isto é muito bonito! Jesus não deseja agir sozinho, mas veio trazer ao mundo o amor de Deus e quer propagá-lo com o estilo da comunhão, com o estilo da fraternidade. Por isso, forma imediatamente uma comunidade de discípulos, que constitui uma comunidade missionária. Prepara-se imediatamente para a missão, para partir.

Mas atenção: a finalidade não é socializar, passar o tempo juntos, não; o objetivo é anunciar o Reino de Deus, e isto é urgente! Também hoje é urgente! Não há tempo a perder com bisbilhotices, não se pode esperar o consenso de todos, mas é preciso partir e anunciar. Anuncia-se a todos a paz de Cristo, e se não a acolhem, vai-se em frente. Aos doentes leva-se a cura, porque Deus quer curar o homem de todo o mal. Quantos missionários já fazem isto! Semeiam vida, saúde e alívio nas periferias do mundo. Como isto é bonito! Não vivas para ti mesmo, nem para ti mesma, mas vive para ir fazer o bem! Hoje há tantos jovens na Praça. Pensai nisto, interrogando-vos: Jesus chama-me a partir, a sair de mim mesmo para fazer o bem? A vós, jovens, a vós rapazes e moças, eu pergunto: vós sois corajosos para isto, tendes a coragem de ouvir a voz de Jesus? É bonito ser missionário!

Quem são estes setenta e dois discípulos, que Jesus envia adiante de si mesmo? Quem representam? Se os doze são os Apóstolos, e por conseguinte representam também os Bispos, os seus sucessores, estes setenta e dois podem representar os demais ministros ordenados, presbíteros e diáconos; mas, em sentido mais amplo, podemos pensar nos outros ministérios da Igreja, nos catequistas e nos fiéis leigos que se comprometem nas missões paroquiais, em quantos trabalham com os enfermos, com as diferentes formas de dificuldade e de marginalização; mas sempre como missionários do Evangelho, com a urgência do Reino que está próximo. Todos devem ser missionários, todos podem ouvir este chamado de Jesus e ir adiante e anunciar o Reino!

O Evangelho recorda que aqueles setenta e dois voltaram das respectivas missões cheios de alegria, porque tinham experimentado o poder do Nome de Cristo contra o mal. E Jesus confirma-o: àqueles discípulos, Ele concede a força para derrotar o Maligno. Mas acrescenta: «Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu» (Lc 10,20). Não devemos vangloriar-nos, como se fôssemos os protagonistas: um só é o protagonista: o Senhor! Protagonista é a graça do Senhor! Ele é o único protagonista! E a nossa alegria consiste unicamente nisto: ser seus discípulos, seus amigos. Que a Virgem Maria nos ajude a ser bons trabalhadores do Evangelho.

Estimados amigos, a alegria! Não tenhais medo de ser alegres! Não receeis o júbilo! Aquela alegria que o Senhor nos concede, quando o deixamos entrar na nossa vida, quando permitimos que Ele entre na nossa vida e nos convide a sair de nós mesmos para ir às periferias da vida e anunciar o Evangelho. Então não tenhais medo da alegria. Alegria e coragem!

Jesus envia os 72 discípulos
(James Tissot)

Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Fotos do XIV Domingo Comum no Vaticano

No último dia 07 de julho, o Santo Padre Francisco presidiu na Basílica Vaticana a Santa Missa do XIV Domingo do Tempo Comum por ocasião do encontro com os seminaristas e noviços (as) no Ano da Fé.

Assistiram ao Santo Padre como cerimoniários os Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni.

Seguem algumas fotos, publicadas pela Santa Sé e pela página Mons. Guido Marini:

Papa Francisco
Procissão de entrada
Ósculo do altar
Incensação da cruz
Incensação do altar

Homilia do Papa: XIV Domingo do Tempo Comum - Ano C

Ano da Fé
Santa Missa com seminaristas, noviços e quantos estão em caminhada vocacional
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Domingo, 07 de julho de 2013

Amados irmãos e irmãs!
Já ontem tive a alegria de vos encontrar, e hoje a nossa festa é ainda maior porque nos reunimos para a Eucaristia, no Dia do Senhor. Sois seminaristas, noviços e noviças, jovens em caminhada vocacional, vindos dos diversos cantos do mundo: representais a juventude da Igreja. Se a Igreja é a Esposa de Cristo, de certo modo vós representais o seu tempo de noivado, a primavera da vocação, o período da descoberta, do discernimento, da formação. E é um período muito belo, em que se lançam as bases do futuro. Obrigado por terdes vindo!

Hoje a Palavra de Deus fala-nos da missão. De onde nasce a missão? A resposta é simples: nasce de um chamado - o do Senhor - e Ele chama para ser enviado. Qual deve ser o estilo do enviado? Quais são os pontos de referência da missão cristã? As leituras que ouvimos sugerem-nos três: a alegria da consolação, a cruz e a oração.

1. O primeiro elemento: a alegria de consolação. O profeta Isaías dirige-se a um povo que atravessou o período escuro do exílio, sofreu uma prova muito dura; mas agora, para  Jerusalém, chegou o tempo da consolação; a tristeza e o medo devem dar lugar à alegria: «Alegrai-vos... rejubilai... regozijai-vos», diz o Profeta (Is 66,10). É um grande convite à alegria. Por quê? Qual é o motivo deste convite à alegria? Porque o Senhor derramará sobre a Cidade Santa e seus habitantes uma «cascata» de consolação, uma cascata de consolação - ficando assim repletos de consolação -, uma cascata de ternura materna: «Serão levados ao colo e acariciados sobre o seu regaço» (v. 12). Como faz a mãe quando põe o filho no regaço e o acaricia, assim o Senhor fará conosco... faz conosco. Esta é a cascata de ternura que nos dá tanta consolação. «Como a mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei» (v. 13). Cada cristão, mas sobretudo nós, somos chamados a levar esta mensagem de esperança, que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua ternura para com todos. Mas só podemos ser seus portadores se experimentarmos nós primeiro a alegria de ser consolados por Ele, de ser amados por Ele. Isto é importante para que a nossa missão seja fecunda: sentir a consolação de Deus e transmiti-la! Algumas vezes encontrei pessoas consagradas que têm medo da consolação de Deus e... pobrezinhas delas, se amofinam porque têm medo desta ternura de Deus. Mas não tenhais medo. Não tenhais medo, o nosso Deus é o Senhor da consolação, o Senhor da ternura. O Senhor é Pai e Ele disse que procederá conosco como faz uma mãe com o seu filho, com a ternura dela. Não tenhais medo da consolação do Senhor. O convite de Isaías: «Consolai, consolai o meu povo» (Is 40,1) deve ressoar no nosso coração e tornar-se missão. Encontrarmos, nós, o Senhor que nos consola e irmos consolar o povo de Deus: esta é a missão. Hoje as pessoas precisam certamente de palavras, mas sobretudo têm necessidade que testemunhemos a misericórdia, a ternura do Senhor, que aquece o coração, desperta a esperança, atrai para o bem. A alegria de levar a consolação de Deus!

2. O segundo ponto de referência da missão é a cruz de Cristo. São Paulo, ao escrever aos gálatas, diz: «Quanto a mim, de nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gl 6,14). E fala de «estigmas», isto é, das chagas de Jesus Crucificado, como selo, marca distintiva da sua vida de apóstolo do Evangelho. No seu ministério, Paulo experimentou o sofrimento, a fraqueza e a derrota, mas também a alegria e a consolação. Isto é o Mistério Pascal de Jesus: mistério de morte e ressurreição. E foi precisamente o ter-se deixado configurar à Morte de Jesus que fez São Paulo participar na sua Ressurreição, na sua vitória. Na hora da escuridão, na hora e da prova, já está presente e operante a alvorada da luz e da salvação. O Mistério Pascal é o coração palpitante da missão da Igreja. E, se permanecermos dentro deste mistério, estamos a coberto quer de uma visão mundana e triunfalista da missão, quer do desânimo que pode surgir à vista das provas e dos insucessos. A fecundidade pastoral, a fecundidade do anúncio do Evangelho não deriva do sucesso nem do insucesso vistos segundo critérios de avaliação humana, mas de conformar-se com a lógica da Cruz de Jesus, que é a lógica de sair de si mesmo e dar-se, a lógica do amor. É a Cruz - sempre a Cruz com Cristo, porque às vezes oferecem-nos a cruz sem Cristo: esta não vale! É a Cruz, sempre a Cruz com Cristo - que garante a fecundidade da nossa missão. E é da Cruz, supremo ato de misericórdia e amor, que se renasce como «nova criação» (Gl 6,15).

3. Finalmente, o terceiro elemento: a oração. Ouvimos no Evangelho: «Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10,2). Os trabalhadores para a messe não são escolhidos através de campanhas publicitárias ou apelos ao serviço da generosidade, mas são «escolhidos» e «mandados» por Deus. É Ele que escolhe, é Ele que manda; sim, é Ele que manda, é Ele que confere a missão. Por isso é importante a oração. A Igreja - repetia Bento XVI - não é nossa, mas de Deus; e quantas vezes nós, os consagrados, pensamos que seja nossa! Fazemos dela qualquer coisa que nos vem à cabeça. Mas não é nossa; é de Deus. O campo a cultivar é d’Ele. Assim, a missão é sobretudo graça. A missão é graça. E, se o apóstolo é fruto da oração, nesta encontrará a luz e a força da sua ação. Do contrário, a nossa missão não será fecunda; antes, apaga-se no próprio momento em que se interrompe a ligação com a fonte, com o Senhor.

Queridos seminaristas, queridas noviças e queridos noviços, queridos jovens em caminhada vocacional! Há dias, um de vós, um dos vossos formadores, dizia-me: «évangéliser on le fait à genoux», «a evangelização faz-se de joelhos». Ouvi bem: «a evangelização faz-se de joelhos». Sede sempre homens e mulheres de oração! Sem o relacionamento constante com Deus a missão torna-se um ofício. Mas que trabalho fazes? Trabalho de alfaiate, de cozinheira, de padre... Trabalhas de padre, de freira? Não. Não é um ofício, é diverso. O risco do ativismo, de confiar demasiado nas estruturas, está sempre à espreita. Se olhamos a vida de Jesus, constatamos que, na véspera de cada decisão ou acontecimento importante, Ele se recolhia em oração intensa e prolongada. Cultivemos a dimensão contemplativa, mesmo no turbilhão dos compromissos mais urgentes e pesados. E quanto mais a missão vos chamar para ir para as periferias existenciais, tanto mais o vosso coração se mantenha unido ao de Cristo, cheio de misericórdia e de amor. Aqui reside o segredo da fecundidade pastoral, da fecundidade de um discípulo do Senhor!

Jesus envia os seus sem «bolsa, nem alforje, nem sandálias» (Lc 10,4). A difusão do Evangelho não é assegurada pelo número das pessoas, nem pelo prestígio da instituição, nem ainda pela quantidade de recursos disponíveis. O que conta é estar permeados pelo amor de Cristo, deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e enxertar a própria existência na árvore da vida, que é a Cruz do Senhor.

Queridos amigos e amigas, com grande confiança vos confio à intercessão de Maria Santíssima. Ela é a Mãe que nos ajuda a tomar as decisões definitivas com liberdade, sem medo. Que ela vos ajude a testemunhar a alegria da consolação de Deus, sem ter medo da alegria; ela vos ajude a conformar-vos com a lógica de amor da Cruz, a crescer numa união cada vez mais intensa com o Senhor na oração. Assim a vossa vida será rica e fecunda!


Fonte: Santa Sé.

sábado, 13 de julho de 2013

Indulgências para a Jornada Mundial da Juventude

Penitenciaria Apostólica
Decreto

Concede-se o dom das Indulgências por ocasião da "XXVIII Jornada Mundial das Juventude", que será celebrada no Rio de Janeiro durante o corrente Ano da Fé.
O Santo Padre Francisco, desejando que os jovens, em união com os fins espirituais do Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, possam obter os frutos esperados de santificação da "XXVIII Jornada Mundial da Juventude, que se celebrará de 22 a 29 do próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro, e que terá por tema: 'Ide e fazei discípulos por todas as nações' (cfr. Mt 28, 19)", na Audiência concedida no passado 3 de junho ao subscrito Cardeal Penitenciário-mor, manifestando o coração materno da Igreja, do Tesouro das satisfações de Nosso Senhor Jesus Cristo, da Beatíssima Virgem Maria e de todos os Santos, estabeleceu que todos os jovens e todos os fiéis devidamente preparados pudessem usufruir do dom das Indulgências como determinado:
a) Concede-se a Indulgência plenária, obtenível uma vez por dia mediante as seguintes condições (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice) e ainda aplicável a modo de sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos, pelos fiéis verdadeiramente arrependidos e contritos, que devotamente participem nos ritos sagrados e exercícios de piedade que terão lugar no Rio de Janeiro.
Os fiéis legitimamente impedidos, poderão obter a Indulgência plenária desde que, cumprindo as comuns condições espirituais, sacramentais e de oração, com o propósito de filial submissão ao Romano Pontífice, participem espiritualmente nas sagradas funções nos dias determinados, desde que sigam estes ritos e exercícios piedosos enquanto se desenrolam, através da televisão e da rádio ou, sempre que com a devida devoção, através dos novos meios de comunicação social;
b) Concede-se a Indulgência parcial aos fiéis, onde quer que se encontrem durante o mencionado encontro, sempre que, pelo menos com alma contrita, elevem fervorosamente orações a Deus, concluindo com a oração oficial da Jornada Mundial da Juventude, e devotas invocações à Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de "Nossa Senhora da Conceição Aparecida", bem como aos outros Patronos e Intercessores do mesmo encontro, de modo a que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade.
Para que os fiéis possam mais facilmente participarem destes dons celestes, os sacerdotes, legitimamente aprovados para ouvir confissões sacramentais, com ânimo pronto e generoso se prestem a acolhê-las e proponham aos fiéis orações públicas, pelo bom êxito desta "Jornada Mundial da Juventude".
O presente Decreto tem validade para este encontro. Não obstante qualquer disposição contrária.

Dado em Roma, na Sede da Penitenciaria Apostólica, no dia 24 de Junho do ano do Senhor de 2013, na solenidade de São João Batista

Cardeal Manuel Monteiro de Castro
Penitenciário-mor

Mons. Krzysztof Nykiel
Regente


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vídeos das celebrações do Papa no Primeiro Semestre de 2013

Publicamos os links para os vídeos das celebrações litúrgicas ocorridas no Vaticano neste primeiro semestre do ano de 2013:



28 de Fevereiro a 13 de Março: Sede Vacante

Santa Missa Pro Eligendo Romano Pontifice
12.03.2013

Início do Conclave
12.03.2013


13 de Março a 30 de Junho: Papa Francisco

Habemus Papam
13.03.2013


Encíclica Lumen Fidei do Papa Francisco

CARTA ENCÍCLICA
LUMEN FIDEI
DO SUMO PONTÍFICE

FRANCISCO
AOS BISPOS, AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS,
ÀS PESSOAS CONSAGRADAS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS
SOBRE A FÉ


1. A luz da fé é a expressão com que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus. Eis como Ele Se nos apresenta, no Evangelho de João: « Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas » (Jo 12, 46). E São Paulo exprime-se nestes termos: « Porque o Deus que disse: "das trevas brilhe a luz", foi quem brilhou nos nossos corações » (2 Cor 4, 6). No mundo pagão, com fome de luz, tinha-se desenvolvido o culto do deus Sol, Sol invictus, invocado na sua aurora. Embora o sol renascesse cada dia, facilmente se percebia que era incapaz de irradiar a sua luz sobre toda a existência do homem. De facto, o sol não ilumina toda a realidade, sendo os seus raios incapazes de chegar até às sombras da morte, onde a vista humana se fecha para a sua luz. Aliás « nunca se viu ninguém - afirma o mártir São Justino - pronto a morrer pela sua fé no sol ».[1] Conscientes do amplo horizonte que a fé lhes abria, os cristãos chamaram a Cristo o verdadeiro Sol, « cujos raios dão a vida ».[2] A Marta, em lágrimas pela morte do irmão Lázaro, Jesus diz-lhe: « Eu não te disse que, se acreditares, verás a glória de Deus? » (Jo 11, 40). Quem acredita, vê; vê com uma luz que ilumina todo o percurso da estrada, porque nos vem de Cristo ressuscitado, estrela da manhã que não tem ocaso.
Uma luz ilusória?
2. E contudo podemos ouvir a objecção que se levanta de muitos dos nossos contemporâneos, quando se lhes fala desta luz da fé. Nos tempos modernos, pensou-se que tal luz poderia ter sido suficiente para as sociedades antigas, mas não servia para os novos tempos, para o homem tornado adulto, orgulhoso da sua razão, desejoso de explorar de forma nova o futuro. Nesta perspectiva, a fé aparecia como uma luz ilusória, que impedia o homem de cultivar a ousadia do saber. O jovem Nietzsche convidava a irmã Elisabeth a arriscar, percorrendo vias novas (…), na incerteza de proceder de forma autónoma ». E acrescentava: « Neste ponto, separam-se os caminhos da humanidade: se queres alcançar a paz da alma e a felicidade, contenta-te com a fé; mas, se queres ser uma discípula da verdade, então investiga ».[3] O crer opor-se-ia ao indagar. Partindo daqui, Nietzsche desenvolverá a sua crítica ao cristianismo por ter diminuído o alcance da existência humana, espoliando a vida de novidade e aventura. Neste caso, a fé seria uma espécie de ilusão de luz, que impede o nosso caminho de homens livres rumo ao amanhã.
3. Por este caminho, a fé acabou por ser associada com a escuridão. E, a fim de conviver com a luz da razão, pensou-se na possibilidade de a conservar, de lhe encontrar um espaço: o espaço para a fé abria-se onde a razão não podia iluminar, onde o homem já não podia ter certezas. Deste modo, a fé foi entendida como um salto no vazio, que fazemos por falta de luz e impelidos por um sentimento cego, ou como uma luz subjectiva, talvez capaz de aquecer o coração e consolar pessoalmente, mas impossível de ser proposta aos outros como luz objectiva e comum para iluminar o caminho. Entretanto, pouco a pouco, foi-se vendo que a luz da razão autónoma não consegue iluminar suficientemente o futuro; este, no fim de contas, permanece na sua obscuridade e deixa o homem no temor do desconhecido. E, assim, o homem renunciou à busca de uma luz grande, de uma verdade grande, para se contentar com pequenas luzes que iluminam por breves instantes, mas são incapazes de desvendar a estrada. Quando falta a luz, tudo se torna confuso: é impossível distinguir o bem do mal, diferenciar a estrada que conduz à meta daquela que nos faz girar repetidamente em círculo, sem direcção.
Uma luz a redescobrir
4. Por isso, urge recuperar o carácter de luz que é próprio da fé, pois, quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De facto, a luz da fé possui um carácter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem. Ora, para que uma luz seja tão poderosa, não pode dimanar de nós mesmos; tem de vir de uma fonte mais originária, deve porvir em última análise de Deus. A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro. A fé, que recebemos de Deus como dom sobrenatural, aparece-nos como luz para a estrada orientando os nossos passos no tempo. Por um lado, provém do passado: é a luz duma memória basilar - a da vida de Jesus -, onde o seu amor se manifestou plenamente fiável, capaz de vencer a morte. Mas, por outro lado e ao mesmo tempo, dado que Cristo ressuscitou e nos atrai de além da morte, a fé é luz que vem do futuro, que descerra diante de nós horizontes grandes e nos leva a ultrapassar o nosso « eu » isolado abrindo-o à amplitude da comunhão. Deste modo, compreendemos que a fé não mora na escuridão, mas é uma luz para as nossas trevas. Dante, na Divina Comédia, depois de ter confessado diante de São Pedro a sua fé, descreve-a como uma « centelha / que se expande depois em viva chama / e, como estrela no céu, em mim cintila ». [4] É precisamente desta luz da fé que quero falar, desejando que cresça a fim de iluminar o presente até se tornar estrela que mostra os horizontes do nosso caminho, num tempo em que o homem vive particularmente carecido de luz.
5. Antes da sua paixão, o Senhor assegurava a Pedro: « Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça » (Lc 22, 32). Depois pediu-lhe para « confirmar os irmãos » na mesma fé. Consciente da tarefa confiada ao Sucessor de Pedro, Bento XVI quis proclamar este Ano da Fé, um tempo de graça que nos tem ajudado a sentir a grande alegria de crer, a reavivar a percepção da amplitude de horizontes que a fé descerra, para a confessar na sua unidade e integridade, fiéis à memória do Senhor, sustentados pela sua presença e pela acção do Espírito Santo. A convicção duma fé que faz grande e plena a vida, centrada em Cristo e na força da sua graça, animava a missão dos primeiros cristãos. Nas Actas dos Mártires, lemos este diálogo entre o prefeito romano Rústico e o cristão Hierax: « Onde estão os teus pais? » - perguntava o juiz ao mártir; este respondeu: « O nosso verdadeiro pai é Cristo, e nossa mãe a fé n’Ele ».[5] Para aqueles cristãos, a fé, enquanto encontro com o Deus vivo que Se manifestou em Cristo, era uma « mãe », porque os fazia vir à luz, gerava neles a vida divina, uma nova experiência, uma visão luminosa da existência, pela qual estavam prontos a dar testemunho público até ao fim.
6. O Ano da Fé teve início no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II. Esta coincidência permite-nos ver que o mesmo foi um Concílio sobre a fé,[6] por nos ter convidado a repor, no centro da nossa vida eclesial e pessoal, o primado de Deus em Cristo. Na verdade, a Igreja nunca dá por descontada a fé, pois sabe que este dom de Deus deve ser nutrido e revigorado sem cessar para continuar a orientar o caminho dela. O Concílio Vaticano II fez brilhar a fé no âmbito da experiência humana, percorrendo assim os caminhos do homem contemporâneo. Desta forma, se viu como a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões.
7. Estas considerações sobre a fé - em continuidade com tudo o que o magistério da Igreja pronunciou acerca desta virtude teologal [7] - pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança. Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto qualquer nova contribuição. De facto, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a « confirmar os irmãos » no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho.
Na fé, dom de Deus e virtude sobrenatural por Ele infundida, reconhecemos que um grande Amor nos foi oferecido, que uma Palavra estupenda nos foi dirigida: acolhendo esta Palavra que é Jesus Cristo - Palavra encarnada -, o Espírito Santo transforma-nos, ilumina o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da esperança para o percorrermos com alegria. Fé, esperança e caridade constituem, numa interligação admirável, o dinamismo da vida cristã rumo à plena comunhão com Deus. Mas, como é este caminho que a fé desvenda diante de nós? Donde provém a sua luz, tão poderosa que permite iluminar o caminho duma vida bem sucedida e fecunda, cheia de fruto?

Ângelus: XIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 30 de junho de 2013

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (Lc 9,51-62) indica um episódio muito importante na vida de Cristo: o momento em que - como escreve Lucas - «Jesus resolveu pôr-se a caminho rumo a Jerusalém» (v. 51). Jerusalém é a meta final onde Jesus, na sua Páscoa derradeira, deve morrer e ressuscitar, e assim levar a cumprimento a sua missão de salvação.

A partir daquele momento, depois da sua «decisão firme», Jesus aponta o dedo para a meta, e também às pessoas que Ele encontra e que lhe pedem para segui-lo, diz claramente quais são as condições para isto: não dispor de uma morada estável, saber desapegar-se dos afetos humanos e não ceder à nostalgia do passado.

Mas Jesus diz também aos seus discípulos, encarregados de precedê-lo no caminho rumo a Jerusalém para anunciar a sua passagem, que nada imponham: se não encontrarem a disponibilidade para recebê-lo, que se vá além, em frente. Jesus nunca impõe, Jesus é humilde, Jesus convida. Se quiseres, vem! A humildade de Jesus é assim: Ele convida sempre, não impõe.

Tudo isto nos faz pensar. Diz-nos, por exemplo, a importância que, também para Jesus, tinha a consciência: ouvir no seu coração a voz do Pai e segui-la. Na sua existência terrena Jesus não era, por assim dizer, «telecomandado»: era o Verbo encarnado, o Filho de Deus que se fez homem, e a certa altura resolveu subir a Jerusalém pela última vez; uma decisão tomada na sua consciência, mas não só: juntamente com o Pai, em plena união com Ele! Decidiu em obediência ao Pai, em escuta profunda e íntima da sua vontade. E por isso a decisão era firme, porque foi tomada juntamente com o Pai. E no Pai Jesus encontrava a força e a luz para o caminho. E Jesus era livre, naquela decisão Ele era livre. Jesus quer que nós, cristãos, sejamos livres como Ele, com aquela liberdade que vem deste diálogo com o Pai, deste diálogo com Deus. Jesus não quer cristãos egoístas, que seguem o próprio eu, que não falam com Deus; também não quer cristãos tíbios, cristãos sem vontade, cristãos «telecomandados», incapazes de criatividade, que procuram unir-se sempre à vontade de outra pessoa e não são livres. Jesus deseja que sejamos livres, mas onde se realiza esta liberdade? No diálogo com Deus, na própria consciência. Se o cristão não souber falar com Deus, se não souber sentir Deus na sua consciência, não será livre, não é livre.

Por isso, temos que aprender a ouvir mais a nossa consciência. Mas, atenção! Isto não significa seguir o próprio eu, fazer o que me interessa, o que me convém, o que me agrada... Não é assim! A consciência é o espaço interior da escuta da verdade, do bem, da escuta de Deus; é o lugar interior da minha relação com Ele, que fala ao meu coração e me ajuda a discernir, a compreender qual é o caminho a percorrer, e uma vez tomada a decisão, a ir em frente, a permanecer fiel.

Nós tivemos um exemplo maravilhoso do modo como se realiza esta relação com Deus na própria consciência, um recente exemplo maravilhoso. O Papa Bento XVI deu-nos este grande exemplo quando o Senhor lhe fez compreender, na oração, qual era o passo que devia dar. E seguiu, com um profundo sentido de discernimento e coragem, a sua consciência, ou seja, a vontade de Deus que falava ao seu coração. E este exemplo do nosso Pai faz muito bem a todos nós, como um exemplo para seguir.

A Virgem Maria, com grande simplicidade, ouvia e meditava no íntimo de si mesma a Palavra de Deus e o que acontecia com Jesus. Seguiu o seu Filho com convicção íntima e com esperança firme. Que Maria nos ajude a tornar-nos cada vez mais homens e mulheres de consciência, livres na consciência, porque é na consciência que se verifica o diálogo com Deus; homens e mulheres, capazes de ouvir a voz de Deus e de segui-la com determinação, capazes de escutar a voz de Deus e de segui-la com decisão.

Cristo a caminho de Jerusalém
(Michael Coleman)

Fonte: Santa Sé.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Fotos da Solenidade de São Pedro e São Paulo no Butiatuvinha

No último dia 29 de Junho, o Revmo. Padre Elmo Heck presidiu a Santa Missa na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo na Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Butiatuvinha.

Durante a Missa, foi exposta para a veneração dos fieis uma relíquia "ex sanguinis" do Bv. João Paulo II.

Procissão de entrada

Monição para a acolhida da relíquia
Entronização da relíquia

Ângelus: Solenidade de São Pedro e São Paulo (2013)

Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Papa Francisco
Ângelus
Sábado, 29 de junho de 2013

Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, 29 de junho, é a festa solene dos Santos Pedro e Paulo. De modo especial, é a festa da Igreja de Roma, fundada sobre o martírio destes dois Apóstolos. Mas é também uma grande festa para a Igreja universal, porque todo o Povo de Deus deve a eles o dom da fé. Pedro foi o primeiro que confessou que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Paulo difundiu este anúncio no mundo greco-romano. E a Providência quis que os dois viessem a Roma e aqui derramassem o sangue pela fé. Por isso a Igreja de Roma tornou-se, imediata e espontaneamente, o ponto de referência para todas as Igrejas espalhadas no mundo. Não pelo poder do Império, mas pela força do martírio, pelo testemunho dado a Cristo! No fundo, é sempre e só o amor de Cristo que gera a fé e faz com que a Igreja vá em frente.

Pensemos em Pedro. Quando confessou a sua fé em Jesus, não o fez pelas suas capacidades humanas, mas porque tinha sido conquistado pela graça que Jesus transmitia, pelo amor que sentia nas suas palavras e via nos seus gestos: Jesus era o amor de Deus em pessoa!

E o mesmo aconteceu a Paulo, embora de maneira diferente. Quando jovem, Paulo era inimigo dos cristãos, mas quando Cristo Ressuscitado o chamou no caminho de Damasco, a sua vida foi transformada: compreendeu que Jesus não tinha morrido, mas estava vivo, e também o amava, a ele que era seu inimigo! Eis a experiência da misericórdia, do perdão de Deus em Jesus Cristo: esta é a Boa Nova, o Evangelho que Pedro e Paulo experimentaram em si mesmos e pelo qual deram a vida. Misericórdia, perdão! O Senhor perdoa-nos sempre, tem misericórdia, é misericordioso, tem um coração misericordioso e espera-nos sempre.

Queridos irmãos, que alegria é crer em um Deus que é totalmente amor e graça! Esta é a fé que Pedro e Paulo receberam de Cristo e transmitiram à Igreja. Louvemos o Senhor por estas duas testemunhas gloriosas, e como eles, deixemo-nos conquistar por Cristo, pela sua misericórdia.

Recordemos também que Simão Pedro tinha um irmão, André, que partilhou com ele a experiência da fé em Jesus. Aliás, André encontrou Jesus antes de Simão, e imediatamente falou sobre ele ao irmão, levando-o até Jesus. Apraz-me recordá-lo hoje porque, segundo uma bonita tradição, está presente em Roma a Delegação do Patriarcado de Constantinopla, que tem como padroeiro exatamente o Apóstolo André. Todos juntos, transmitamos a nossa saudação cordial ao Patriarca Bartolomeu e rezemos por ele e pela sua Igreja. Convido-vos a rezar uma Ave-Maria pelo patriarca Bartolomeu, todos juntos: Ave Maria...

Rezemos também pelos Arcebispos Metropolitanos de diversas Igrejas do mundo que acabaram de receber o Pálio, símbolo de comunhão e de unidade.

Que nos acompanhe e nos ampare a nossa Mãe amada, Maria Santíssima.


Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Fotos da Solenidade de São Pedro e São Paulo no Vaticano

No último dia 29 de junho, Sua Santidade o Papa Francisco presidiu a Celebração Eucarística na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo na Basílica Vaticana. No início da Santa Missa, impôs o pálio a 34 novos Arcebispos Metropolitanos.

Assistiram ao Santo Padre como os Cardeais Diáconos Robert Sarah e Domenico Calcagno e os cerimoniários os Monsenhores Guido Marini e Massimiliano Matteo  Boiardi. Também esteve presente uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, presidida pelo Metropolita de Pérgamo, Ioannis Zizioulas.

Seguem algumas fotos, publicadas pela Rádio Vaticano:

Pálios junto ao túmulo de São Pedro
Procissão de entrada
Incensação
Entronização dos pálios

Homilia do Papa: Solenidade de São Pedro e São Paulo 2013

Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Santa Missa e Imposição do pálio aos novos Arcebispos Metropolitanos
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Sábado, 29 de junho de 2013

Senhores Cardeais,
Eminentíssimo Metropolita Ioannis [Zizioulas],
Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados irmãos e irmãs!
Celebramos a Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, padroeiros principais da Igreja de Roma; uma festa tornada ainda mais jubilosa pela presença de Bispos de todo o mundo. Uma enorme riqueza que nos faz reviver, de certa forma, o evento de Pentecostes: hoje, como então, a fé da Igreja fala em todas as línguas e quer unir os povos em uma só família.
Saúdo cordialmente e com gratidão a Delegação do Patriarcado de Constantinopla, guiada pelo Metropolita Ioannis [Zizioulas]. Agradeço ao Patriarca Ecumênico Bartolomeu este novo gesto fraterno. Saúdo os Senhores Embaixadores e as Autoridades civis. Um obrigado especial ao Thomanerchor, o Coro da Thomaskirche de Leipzig, a igreja de Bach, que anima a Liturgia e constitui mais uma presença ecumênica.

Três pensamentos sobre o ministério petrino, guiados pelo verbo «confirmar». Em que é chamado a confirmar o Bispo de Roma?

1. Em primeiro lugar, confirmar na fé. O Evangelho fala da confissão de Pedro: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16), uma confissão que não nasce dele, mas do Pai celeste. É por causa desta confissão que Jesus diz: «Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja» (v. 18). O papel, o serviço eclesial de Pedro tem o seu fundamento na confissão de fé em Jesus, o Filho de Deus vivo, tornada possível por uma graça recebida do Alto. Na segunda parte do Evangelho de hoje, vemos o perigo de pensar de forma mundana. Quando Jesus fala da sua morte e ressurreição, do caminho de Deus que não corresponde ao caminho humano do poder, voltam ao de cima em Pedro a carne e o sangue: «Pedro começou a repreendê-Lo, dizendo: (...) Isso nunca Te há de acontecer!» (v. 22). E Jesus tem uma palavra dura: «Afasta-te, Satanás! Tu és para Mim um estorvo» (v. 23). Quando deixamos prevalecer os nossos pensamentos, os nossos sentimentos, a lógica do poder humano e não nos deixamos instruir e guiar pela fé, por Deus, tornamo-nos pedra de tropeço. A fé em Cristo é a luz da nossa vida de cristãos e de ministros na Igreja!

2. Confirmar no amor. Na segunda leitura, ouvimos as palavras comoventes de São Paulo: «Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel» (2Tm 4,7). Qual combate? Não é o das armas humanas, que, infelizmente, ainda ensanguenta o mundo, mas o combate do martírio. São Paulo tem uma única arma: a mensagem de Cristo e o dom de toda a sua vida por Cristo e pelos outros. E foi precisamente este facto de expor-se em primeira pessoa, deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos sem se poupar, que o tornou credível e edificou a Igreja. O Bispo de Roma é chamado a viver e confirmar neste amor por Cristo e por todos, sem distinção, limite ou barreira. E não só o Bispo de Roma, mas todos vós, novos arcebispos e bispos, tendes o mesmo dever: deixar-se consumar pelo Evangelho, fazer-se tudo para todos. O dever de não se poupar, de se esquecer de si ao serviço do povo santo e fiel de Deus.

3. Confirmar na unidade. Aqui detenho-me a considerar o gesto que realizámos. O Pálio é símbolo de comunhão com o Sucessor de Pedro, «princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (Concílio Ecumênico Vaticano II, Lumen gentium, n. 18). E hoje a vossa presença, amados Irmãos, é o sinal de que a comunhão da Igreja não significa uniformidade. Referindo-se à estrutura hierárquica da Igreja, o Concílio Vaticano II afirma que o Senhor «constituiu [os Apóstolos] em colégio ou grupo estável e deu-lhes como chefe a Pedro, escolhido de entre eles» (ibid., n. 19). Confirmar na unidade: o Sínodo dos Bispos, em harmonia com o primado. Devemos avançar por esta estrada da sinodalidade, crescer em harmonia com o serviço do primado. E continua o Concílio: «Este colégio, enquanto composto por muitos, exprime a variedade e universalidade do Povo de Deus» (ibid., n. 22). Na Igreja, a variedade, que é uma grande riqueza, sempre se funde na harmonia da unidade, como um grande mosaico onde todos os ladrilhos concorrem para formar o único grande desígnio de Deus. E isto deve impelir a superar sempre todo o conflito que possa ferir o corpo da Igreja. Unidos nas diferenças: não há outra estrada para nos unirmos. Este é o espírito católico, o espírito cristão: unir-se nas diferenças. Este é o caminho de Jesus! O Pálio, se é sinal da comunhão com o Bispo de Roma, com a Igreja universalcom o Sínodo dos Bispos é também um compromisso que obriga cada um de vós a ser instrumento de comunhão.

Confessar o Senhor deixando-se instruir por Deus, consumar-se por amor de Cristo e do seu Evangelho, ser servidores da unidade: estas são as incumbências que os Apóstolos São Pedro e São Paulo confiam a cada um de nós, amados Irmãos no Episcopado, para serem vividas por cada cristão. Sempre nos guie e acompanhe com a sua intercessão a Santíssima Mãe de Deus: Rainha dos Apóstolos, rogai por nós! Amém.


Fonte: Santa Sé.