sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Ladainha de Todos os Santos

“Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos Santos com louvores vos bendigam!” (Sl 144,10).

Dentre as ladainhas (do latim litania, que por sua vez provém do grego λιτή, súplica), orações compostas por uma série de invocações, a mais antiga e a que encontra maior expressão na Liturgia é sem dúvida a Ladainha de Todos os Santos [1].

Glória com Todos os Santos - Giovanni Battista Ricci

Embora o culto aos santos - particularmente aos mártires - tenha se desenvolvido já desde o século II, os formulários organizados com a invocação de diversos santos remontam aos séculos VII e VIII.

Historicamente o canto da Ladainha de Todos os Santos acompanha as procissões penitenciais da Quaresma, as chamadas “estações quaresmais romanas”; e as procissões das Rogações, no dia 25 de abril e nos três dias que antecedem a Solenidade da Ascensão do Senhor.

Invocando os santos, companheiros de caminhada, a Igreja peregrina sobre a terra se une à Jerusalém celeste (cf. Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, n. 235; Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 8) [2]. Cabe recordar, porém, que os santos não são “o caminho”: o caminho é Cristo (Jo 14,6); eles testemunham que é possível percorrê-lo!

Seu texto simples e ágil fez com que a Ladainha logo ganhasse grande popularidade. Com efeito, em uma época na qual a maioria das pessoas não sabia ler, a repetição de uma resposta simples (ora por nobis) favorecia sua participação.

Atualmente a Ladainha de Todos os Santos é prevista em diversas celebrações, com pequenas variações no seu texto:
- na Vigília Pascal, quando há Batismos ou bênção da água batismal;
- no Batismo de crianças e adultos;
- nas ordenações de diáconos, presbíteros e Bispos;
- na bênção de abade e abadessa;
- na consagração das virgens;
- na profissão perpétua de religiosos e religiosas;
- na dedicação de igreja e de altar;
- nas preces públicas a fazer quando uma igreja foi violada;
- no exorcismo maior;
- na encomendação dos agonizantes;
- nas Exéquias.

Cristo em majestade circundado pelos Santos
(Grandes Heures d'Anne de Bretagne)

A Ladainha é indicada ainda em algumas circunstâncias particularmente solenes da vida da Igreja (às vezes na forma das chamadas “Laudes Regiae”, “louvores reais”):
- nas canonizações de novos santos;
- no início dos Concílios e Sínodos;
- no Conclave para a eleição do novo Papa;
- na Missa de início do ministério petrino do Bispo de Roma.

Em postagens futuras pretendemos aprofundar a história da Ladainha de Todos os Santos e todas as suas “versões”, destacando os diversos santos invocados e as distintas súplicas a Cristo.

Nesta postagem, porém, à guisa de introdução, queremos propor o texto da forma “básica” da Ladainha de Todos os Santos, que é aquela entoada na Vigília Pascal, no Batismo e nas Exéquias - isto é, no “Alfa” e no “Ômega” da vida.

5ª Catequese do Papa Francisco sobre São José

Após sua Catequese sobre o Natal na quarta-feira, 22 de dezembro de 2021, o Papa Francisco retomou seu ciclo de Catequeses sobre São José no dia 29, refletindo sobre José como “migrante perseguido e corajoso”:

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira 29 de dezembro de 2021
São José (5): São José, migrante perseguido e corajoso

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de vos apresentar São José como um migrante perseguido e corajoso. Assim o descreve o Evangelista Mateus. Esta particular vicissitude da vida de Jesus, que vê como protagonistas também José e Maria, é tradicionalmente conhecida como “a fuga para o Egito” (cf. Mt 2,13-23). A família de Nazaré sofreu tal humilhação e experimentou em primeira pessoa a precariedade, o medo e a dor de ter que deixar a sua terra. Ainda hoje muitos dos nossos irmãos e irmãs são obrigados a viver a mesma injustiça e sofrimento. A causa é quase sempre a prepotência e a violência dos poderosos. Isto aconteceu também com Jesus.
Através dos Magos, o rei Herodes toma conhecimento do nascimento do “rei dos judeus”, e a notícia perturba-o. Sente-se inseguro, sente-se ameaçado no seu poder. Assim reúne todas as autoridades de Jerusalém para se informar sobre o lugar do nascimento, e pede aos Magos para lhe comunicarem com exatidão, a fim de que - diz falsamente - também ele possa ir adorá-lo. No entanto, compreendendo que os Magos tinham partido por outro caminho, concebeu um propósito nefasto: matar todas as crianças de Belém até aos dois anos, pois de acordo com o cálculo dos Magos, tal era a época em que Jesus tinha nascido.
Entretanto, um anjo ordena a José: « Levanta-te, toma o Menino e Sua Mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o Menino para matá-Lo» (Mt 2,13). Pensemos em tantas pessoas que hoje sentem esta inspiração dentro: “Fujamos, escapemos, porque aqui é perigoso”. O plano de Herodes evoca o do Faraó, de lançar ao Nilo todos os meninos do povo de Israel (cf. Ex 1,22). E a fuga para o Egito recorda toda a história de Israel, a partir de Abraão, que também viveu ali (cf. Gn 12,10), até José, filho de Jacó, vendido pelos irmãos (cf. Gn 37,36), tornando-se depois “chefe do país” (cf. Gn 41,37-57); e a Moisés, que libertou o seu povo da escravidão dos egípcios (cf. Ex 1,18).
A fuga da Sagrada Família para o Egito salva Jesus, mas infelizmente não impede que Herodes leve a cabo o seu massacre. Assim, encontramo-nos diante de duas personalidades opostas: por um lado, Herodes com a sua ferocidade e, por outro, José com o seu esmero e a sua coragem. Herodes quer defender o seu poder, a sua “pele”, com uma crueldade impiedosa, como atestam também as execuções de uma das suas esposas, de alguns dos seus filhos e de centenas de adversários. Era um homem cruel, para resolver os problemas só tinha uma receita: “eliminar”. Ele é o símbolo de muitos tiranos de ontem e de hoje. E para eles, para estes tiranos, as pessoas não contam: conta o poder, e quando precisam de espaço de poder, eliminam as pessoas. E isto acontece ainda hoje: não temos que ir à história antiga, acontece hoje. É o homem que se torna “lobo” para os outros homens. A história está cheia de personalidades que, vivendo à mercê dos seus temores, procuram vencê-los, exercendo o poder de forma despótica e praticando gestos de violência desumanos. Mas não devemos pensar que só viveremos na perspectiva de Herodes se nos tornarmos tiranos, não! Na realidade, é uma atitude em que todos nós podemos cair, sempre que procuramos afugentar os nossos medos com a prepotência, ainda que seja apenas verbal ou feita de pequenos abusos cometidos para mortificar quem está ao nosso lado. Também nós temos no coração a possibilidade de ser pequenos Herodes.
José é o oposto de Herodes: em primeiro lugar, é «um homem justo» (Mt 1,19), enquanto Herodes é um ditador; além disso, demonstra-se corajoso ao cumprir a ordem do Anjo. Podemos imaginar as peripécias que teve de enfrentar durante a longa e perigosa viagem, e as dificuldades que enfrentou durante a permanência num país estrangeiro, com outra língua: inúmeras dificuldades! A sua coragem sobressai também na hora do regresso quando, tranquilizado pelo Anjo, supera os seus compreensíveis receios, estabelecendo-se com Maria e Jesus em Nazaré (cf. Mt 2,19-23). Herodes e José são dois personagens opostos, que refletem as duas faces da humanidade de sempre. É um lugar-comum errado considerar a coragem como virtude exclusiva do herói. Na realidade, a vida quotidiana de cada pessoa - a tua, a minha, de todos nós - exige coragem: não é possível viver sem a coragem! A coragem para enfrentar as dificuldades de cada dia. Em todos os tempos e culturas encontramos homens e mulheres corajosos que, para ser coerentes com a sua crença, superaram toda a espécie de dificuldades, suportando injustiças, condenações e até a morte. Coragem é sinônimo de fortaleza que, com a justiça, a prudência e a temperança, faz parte do grupo de virtudes humanas chamadas “cardeais”.
A lição que José nos deixa hoje é a seguinte: é verdade, a vida apresenta-nos sempre adversidades, perante as quais podemos sentir-nos também ameaçados, amedrontados, mas não é mostrando o pior de nós, como faz Herodes, que podemos superar certos momentos, mas agindo como José, que reage ao medo com a coragem da confiança na Providência de Deus. Hoje acho que é necessária uma oração por todos os migrantes, por todos os perseguidos, por todos aqueles que são vítimas de circunstâncias adversas: quer sejam circunstâncias políticas, históricas ou pessoais. Mas, pensemos em tantas pessoas vítimas das guerras que querem fugir da sua pátria e não conseguem; pensemos nos migrantes que empreendem este caminho para ser livres e muitos morrem ao longo da estrada ou no mar; pensemos em Jesus nos braços de José e Maria, em fuga, e vejamos n’Ele cada um dos migrantes de hoje. A migração de hoje é uma realidade diante da qual não podemos fechar os olhos. É um escândalo social da humanidade!

São José, vós que experimentastes o sofrimento de quem deve fugir, vós que fostes obrigado a fugir para salvar a vida dos entes mais queridos, amparai todos aqueles que fogem por causa da guerra, do ódio e da fome.
Ajudai-os nas suas dificuldades, fortalecei-os na esperança e fazei com que encontrem acolhimento e solidariedade.
Guiai os seus passos e abri o coração de quantos os podem ajudar. Amém!


Fonte: Santa Sé.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Catequeses sobre os Salmos (49): Vésperas da terça-feira da III semana

Dando continuidade às nossas postagens com as Catequeses do Papa Bento XVI sobre a Liturgia das Horas, seguem suas meditações sobre os salmos das Vésperas da terça-feira da III semana do Saltério, proferidas nos dias 03 de agosto (Sl 124) e 10 de agosto de 2005 (Sl 130).

Como afirmamos anteriormente, o Papa não retomou os cânticos do Apocalipse, sobre os quais João Paulo II já havia refletido.

141. Deus, protetor do seu povo: Sl 124(125),1-5
03 de agosto de 2005

1. Neste nosso encontro retomamos o itinerário que estamos percorrendo no interior da Liturgia das Vésperas. Agora entra em cena o Salmo 124, que faz parte daquela intensa e sugestiva coletânea, chamada “cânticos das subidas”, livrinho de orações ideal para a peregrinação a Sião, em vista do encontro com o Senhor no templo (cf. Sl 119–133).
Aquele sobre o qual agora nós meditaremos brevemente é um texto sapiencial, que suscita a confiança no Senhor e contém uma breve oração (v. 4). A primeira frase proclama a estabilidade de quem “confia no Senhor”, comparando-a com a estabilidade “rochosa” e segura do “monte de Sião” que, evidentemente, é devida à presença de Deus que, como afirma outro Salmo, é “rocha, fortaleza, refúgio, abrigo, escudo, baluarte e poderosa salvação” (cf. Sl 17,3). Mesmo quando o fiel se sente isolado e rodeado de perigos e de hostilidades, a sua fé deve ser tranquila, porque o Senhor está sempre conosco. A sua força circunda-nos e protege-nos.
Também o profeta Isaías confirma que ouviu da boca de Deus estas palavras, destinadas aos fiéis: “Vou colocar em Sião uma pedra que vos ponha à prova. Será uma pedra preciosa, angular, bem firme. Aquele que nela confiar, não tropeçará” (Is 28,16).

"Que venha a paz ao vosso povo!" (Sl 124,5)
(Mosaico da "pomba da paz" na sede das Nações Unidas - Nova York)

2. Contudo, continua o salmista, a confiança, que é a atmosfera da fé do fiel, dispõe de um ulterior sustentáculo: o Senhor como que acampou em defesa do seu povo, precisamente como os montes que rodeiam Jerusalém, tornando-a uma cidade fortificada por bastiões naturais (v. 2). Em uma profecia de Zacarias, Deus diz de Jerusalém: “Mas Eu serei para ela... como um muro de fogo à sua volta e serei no meio dela a sua glória” (Zc 2,9).
Nesta atmosfera de confiança radical, que é a atmosfera da fé, o salmista tranquiliza “os justos”, os fiéis. A sua situação pode ser, por si mesma, preocupante, por causa da prepotência dos ímpios, que desejam impor o seu domínio. Haveria também a tentação, para os justos, de se tornar cúmplices do mal para evitar graves inconvenientes, mas o Senhor protege-os da opressão: “O Senhor não vai deixar prevalecer por muito tempo o domínio dos malvados sobre a sorte dos seus justos” (v. 3); ao mesmo tempo, Ele preserva-os da tentação, “para os justos não mancharem suas mãos na iniquidade” (ibid.).
Portanto, o Salmo infunde na alma uma profunda confiança. Ajuda poderosamente a enfrentar as situações difíceis, quando à crise externa do isolamento, da ironia e do desprezo em relação aos fiéis, se associa a crise interna, feita de desencorajamento, de mediocridade e de cansaço. Conhecemos esta situação, mas o Salmo diz-nos que, se tivermos confiança, seremos mais fortes do que estes males.

Festa dos Santos Inocentes em Belém

No último dia 28 de dezembro o Vice-Custódio da Terra Santa, Padre Dobromir Jasztal, celebrou a Santa Missa da Festa dos Santos Inocentes nas grutas sob a Basílica da Natividade, em Belém.

A celebração teve lugar no altar de São José, próximo ao altar dos Santos Inocentes. Para saber mais sobre a Basílica da Natividade e as demais igrejas de Belém, clique aqui.

Um dos altares sob a Basílica da Natividade
Ritos iniciais


Liturgia da Palavra

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Festa da Sagrada Família na Arquidiocese de Cracóvia

No dia 25 de dezembro de 2021 o Arcebispo de Cracóvia (Polônia), Dom Marek Jędraszewski, abençoou um ícone da Sagrada Família durante a Missa da Noite de Natal no Santuário de Nossa Senhora de Ludźmierz (Nowy Targ).

Esse ícone peregrinará pelas paróquias da Arquidiocese até julho de 2022, quando se celebrará em Roma o X Encontro Mundial das Famílias.

A peregrinação teve início no domingo, dia 26 de dezembro, no Santuário da Sagrada Família em Zakopane, onde o Arcebispo presidiu a Missa da Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José:

Imagem da Sagrada Família no altar do Santuário de Zakopane
Entronização do ícone
Procissão de entrada
Incensação
Ritos iniciais

Ângelus: Festa da Sagrada Família - Ano C

Festa da Sagrada Família de Nazaré
Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 26 de dezembro de 2021

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje celebramos a Sagrada Família de Nazaré. Deus escolheu uma família humilde e simples para vir entre nós. Contemplemos a beleza deste mistério, ressaltando também dois aspectos concretos para as nossas famílias.

O primeiro: a família é a história da qual provimos. Cada um de nós tem a própria história, ninguém nasceu por magia, com a varinha mágica; cada um de nós tem uma história e a família é a história de onde provimos. O Evangelho da Liturgia de hoje recorda-nos que também Jesus é filho de uma história familiar. Vemo-lo ir a Jerusalém com Maria e José para a Páscoa; depois, faz preocupar a mãe e o pai, que não o encontram; quando o encontram, volta para casa com eles (cf. Lc 2,41-52). É bonito ver Jesus inserido nas vicissitudes dos afetos familiares, que nasce e cresce no abraço e nas preocupações dos seus. Isto é importante também para nós: provimos de uma história tecida com vínculos de amor e a pessoa que hoje somos não nasce tanto dos bens materiais que desfrutamos, mas do amor que recebemos, do amor no seio da família. Talvez não nascemos em uma família extraordinária e sem problemas, mas é a nossa história - cada um deve pensar: é a minha história - são as nossas raízes: se as cortarmos, a vida torna-se árida! Deus não nos criou para ser líderes solitários, mas para caminhar juntos. Agradeçamos-lhe e rezemos pelas nossas famílias. Deus pensa em nós e quer que estejamos juntos: gratos, unidos, capazes de preservar as raízes. E devemos pensar sobre isto, sobre a nossa história.

O segundo aspecto: aprende-se a ser família todos os dias. No Evangelho vemos que até na Sagrada Família nem tudo corre bem: há problemas inesperados, angústias, sofrimentos. Não existe a Sagrada Família dos santinhos. Maria e José perdem Jesus, procuram-no ansiosamente, e encontram-no depois de três dias. E quando, sentado entre os mestres no Templo, responde que deve cuidar das coisas do seu Pai, não o compreendem. Precisam de tempo para aprender a conhecer o seu filho. Assim também para nós: todos os dias, em família, é preciso aprender a ouvir-se e a compreender-se, a caminhar juntos, a enfrentar conflitos e dificuldades. É o desafio diário, que se vence com a atitude certa, com pequenas atenções, com gestos simples, cuidando dos detalhes das nossas relações. E também isto nos ajuda muito a falar em família, falar à mesa, o diálogo entre os pais e os filhos, o diálogo entre os irmãos ajuda-nos a viver esta raiz familiar que vem dos avós. O diálogo com os avós!

E como se faz isto? Olhemos para Maria, que no Evangelho de hoje diz a Jesus: «O teu pai e eu estávamos à tua procura» (v. 48). O teu pai e eu, não diz eu e o teu pai: antes do eu, há o tu! Aprendamos isto: antes do eu há o tu. Na minha língua há um adjetivo para as pessoas que primeiro dizem eu e depois tu: “eu, mim, comigo, para mim e em meu benefício”. Para certas pessoas é assim: primeiro eu, depois tu. Não, na Sagrada Família, primeiro o tu e depois o eu. Para preservar a harmonia na família, devemos combater a ditadura do eu, quando o eu se incha. É perigoso quando, em vez de nos ouvirmos, culpamo-nos uns aos outros pelos erros; quando, em vez de termos gestos de cuidado pelos outros, nos fixamos nas nossas necessidades; quando, em vez de dialogar, nos isolamos com o celular - é triste ver uma família almoçando, cada qual com o seu celular, sem falar uns com os outros, cada um falando com o seu celular -; quando nos acusamos uns aos outros, repetindo sempre as mesmas frases, encenando uma comédia que já vimos, onde cada um quer ter razão e, no final, instaura-se um silêncio frio. Aquele silêncio frio e agudo, depois de uma discussão familiar, que é terrível, deveras terrível! Repito um conselho: à noite, no final de tudo, é bom fazer as pazes, sempre. Nunca ir dormir sem ter feito as pazes, caso contrário no dia seguinte haverá uma “guerra fria”! E isto é perigoso, porque começará uma história de repreensões, uma história de ressentimentos. Quantas vezes, infelizmente, dentro de casa nascem e crescem conflitos de silêncios demasiado longos e de egoísmos descuidados! Às vezes chega-se até a violências físicas e morais. Isto dilacera a harmonia e mata a família. Passemos do eu para o tu. O que deve ser mais importante na família, é o tu. E todos os dias, por favor, rezai um pouco juntos, se puderdes fazer o esforço, para pedir a Deus o dom da paz na família. E comprometamo-nos todos - pais, filhos, Igreja, sociedade civil - a apoiar, defender e preservar a família, que é o nosso tesouro!

Que a Virgem Maria, Esposa de José e Mãe de Jesus, ampare as nossas famílias.

Jesus retorna a Nazaré com Maria e José (Lc 2,51)
Antonio de Bellis - séc. XVII

Fonte: Santa Sé.

Nesse Domingo da Sagrada Família, o Papa Francisco publicou uma Carta aos esposos cristãos. Para acessá-la, clique aqui.

Homilias do Patriarca de Lisboa: Natal 2021

Confira nesta postagem as homilias do Patriarca de Lisboa (Portugal), Cardeal Manuel José Macário do Nascimento Clemente, para a Solenidade do Natal do Senhor deste ano de 2020: No grande presépio do mundo” (Missa da Noite) e “O Natal da humildade divina” (Missa do Dia)

Homilia na Missa da Noite do Natal do Senhor
No grande presépio do mundo

Esta noite traz-nos a notícia do nascimento de Jesus e de como aconteceu. Relembremos: «Enquanto ali se encontravam - José e Maria em Belém - chegou o dia de ela dar à luz, e teve o seu filho primogênito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria».
Impressiona o fato de já termos ouvido tantas vezes este trecho e sempre nos trazer algo de novo. É como se ainda não tivéssemos extraído dele tudo quanto oferece, à meditação e à vida de nós todos. E assim é realmente, como acontece aliás com tudo o que a Jesus diz respeito e à nossa vida com Ele.
Por isso estamos aqui e assim estão inumeráveis crentes por esse mundo além, quer se possam reunir em belos templos, quer em recintos mais precários, ou mesmo escondidos de perseguições, que infelizmente não faltam nalgumas latitudes.
É surpreendente a força agregadora do Natal de Cristo. E exatamente na verdade do que aconteceu, que acaba por se impor e até sobrepor a tudo o que o queira distorcer ou apagar, seja em excesso consumista e decorativo, seja em laicismo desmemoriado e espúrio.
O Natal vence porque nos convence com a verdade de Deus como se apresenta no mundo, na simplicidade do presépio e precisamente como foi, sem distração nem disfarce. É uma lição também, a reaprender sem cessar. Foi assim que os Anjos a apresentaram aos pastores e é assim que a devemos aprender e transmitir.


«Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Sinal para eles e sinal para nós. Um menino envolto em panos, que já anunciavam os que o envolveriam na sepultura, porque daria a sua vida por nós. E deitado numa manjedoura, cujas tábuas prefiguravam as da cruz. Na verdade, veio preencher as nossas vidas com a sua, do nascimento à morte, por frágeis e custosas que sejam. É sempre o “Emanuel”, que significa Deus conosco e onde mais precisamos ser acompanhados.
Só assim nos salvaria onde temos de ser salvos - e assim aconteceu plenamente. Conclusões destas são próprias da meditação cristã, como o evangelista já fazia e nós continuamos a fazer, qual «pai de família, que tira coisas novas e velhas do seu tesouro» (Mt 13, 52).
Como hoje aqui, neste Natal do ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2021. Teremos feito algum presépio nas nossas casas, sobretudo com as suas figuras centrais: Jesus, Maria e José. Olhemo-las bem e deixemos que elas nos olhem a nós.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Solenidade do Natal do Senhor em Milão

Na Arquidiocese de Milão (Itália), que possui um rito próprio, o Rito Ambrosiano, as duas Missas da Solenidade do Natal do Senhor deste ano de 2021 (Missa da Noite e Missa do Dia) foram presididas pelo Arcebispo, Dom Mario Enrico Delpini, na Catedral de Santa Maria Nascente, o Duomo de Milão:

24 de dezembro: Missa da Noite de Natal
(Precedida pelo Ofício da Vigília)

O Arcebispo preside a Vigília antes da Missa da Noite
Procissão de entrada

Homilia

Solenidade do Natal do Senhor em Manila

O Cardeal Jose Fuerte Advincula, que recentemente recebeu o pálio de Arcebispo de Manila (Filipinas), celebrou na noite da última sexta-feira, 24 de dezembro de 2021, a Santa Missa da Noite na Solenidade do Natal do Senhor na Catedral Metropolitana da Imaculada Conceição:

Como de costume em Manila, o Arcebispo entrou com a imagem do Menino Jesus na procissão de entrada e a depositou diante do altar
Ritos iniciais
Leituras
Evangelho

Solenidade do Natal do Senhor em Londres

O Arcebispo de Westminster (Inglaterra), Cardeal Vincent Gerard Nichols, celebrou à meia-noite do último sábado, 25 de dezembro de 2021, a Santa Missa da Noite na Solenidade do Senhor na Catedral do Preciosíssimo Sangue em Londres:

Procissão de entrada
Oração junto ao presépio no átrio da Catedral


Incensação do altar

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Solenidade do Natal do Senhor em Cracóvia

Nesta postagem destacamos três celebrações que tiveram lugar na Arquidiocese de Cracóvia (Polônia) à meia-noite do último dia 25 de dezembro, Solenidade do Natal do Senhor:

- o Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou a Santa Missa da Noite do Natal no Santuário de Nossa Senhora de Ludźmierz (Nowy Targ), durante a qual abençoou um ícone da Sagrada Família que peregrinará pelas paróquias da Arquidiocese:

Altar com a imagem de Nossa Senhora de Ludźmierz
Procissão de entrada
Ritos iniciais
Homilia
Oração Eucarística

Solenidade do Natal do Senhor em Belém

O Patriarca de Jerusalém, Dom Pierbatista Pizzaballa, presidiu à meia-noite da última sexta-feira, dia 25 de dezembro de 2021, a Santa Missa da Noite da Solenidade do Natal do Senhor na igreja de Santa Catarina, junto à Basílica da Natividade, precedida pela oração do Ofício das Leituras.

No final da celebração, a imagem do Menino Jesus foi levada em procissão até a gruta da Natividade.

Acolhida do Patriarca
Aspersão dos fiéis
Oração diante do Santíssimo Sacramento
Procissão de entrada
Ofício das Leituras

Anúncio das Solenidades Móveis de 2022

No próximo domingo, 02 de janeiro de 2022, celebraremos no Brasil a Solenidade da Epifania do Senhor (transferida do dia 06 de janeiro).

Após o Evangelho da Missa dessa Solenidade, como vimos em nossas postagens sobre a história da Epifania e sobre a celebração da Solenidade da Epifania do Senhor (recentemente revistas e ampliadas), é tradição anunciar as datas das solenidades móveis do novo ano que se inicia.

[Atualização: Para acessar o texto para 2023, clique aqui]

Segue, pois, o texto oficial para o ano civil de 2022, divulgado pelo Diretório da Liturgia da CNBB:

Anúncio das Solenidades Móveis de 2022

Irmãos caríssimos, a glória do Senhor manifestou-se, e sempre há de manifestar-se no meio de nós até a sua vinda no fim dos tempos.

Nos ritmos e nas vicissitudes do tempo recordamos e vivemos os mistérios da salvação.

O centro de todo o ano litúrgico é o Tríduo do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado, que culminará no Domingo de Páscoa, este ano a 17 de abril.

Em cada Domingo, Páscoa semanal, a Santa Igreja torna presente este grande acontecimento, no qual Jesus Cristo venceu o pecado e a morte.

Da celebração da Páscoa do Senhor derivam todas as celebrações do Ano Litúrgico:

as Cinzas, início da Quaresma, a 02 de março;

a Ascensão do Senhor, a 29 de maio;

Pentecostes, a 05 de junho;

o Primeiro Domingo do Advento, a 27 de novembro.

Também nas festas da Santa Mãe de Deus, dos Apóstolos, dos Santos e na Comemoração dos Fiéis Defuntos, a Igreja peregrina sobre a terra proclama a Páscoa do Senhor.

A Cristo, que era, que é e que há de vir, Senhor do tempo e da história, louvor e glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Cristo Pantocrator da Abadia de Maria Laach (Alemanha)
Os doze signos do zodíaco ao redor de Cristo indicam que Ele é o Senhor do tempo

Fonte:

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB). Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil: 2022. Brasília: Edições CNBB, 2021, p. 39.

domingo, 26 de dezembro de 2021

Fotos da Bênção Urbi et Orbi de Natal 2021

No último sábado, dia dia 25 de dezembro de 2021, o Papa Francisco concedeu a tradicional Bênção Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo) por ocasião da Solenidade do Natal do Senhor do balcão central da Basílica de São Pedro.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Pier Enrico Stefanetti, e pelos Cardeais Diáconos Renato Raffaele Martino (Protodiácono) e Luis Francisco Ladaria Ferrer (Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé).

Chegada do Santo Padre




Mensagem Urbi et Orbi do Papa: Natal 2021

Papa Francisco
Mensagem Urbi et Orbi de Natal
Balcão central da Basílica Vaticana
Sábado, 25 de dezembro de 2021

Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!
A Palavra de Deus, que criou o mundo e dá sentido à história e ao caminho do homem, fez-Se carne e veio habitar entre nós. Apareceu como um sussurro, como o murmúrio de uma brisa ligeira, deixando cheio de maravilha o coração de todo o homem e mulher que se abre ao mistério.
O Verbo fez-Se carne para dialogar conosco. Deus não quer construir um monólogo, mas um diálogo. Pois o próprio Deus, Pai e Filho e Espírito Santo, é diálogo, comunhão eterna e infinita de amor e de vida.
Quando veio ao mundo, na pessoa do Verbo encarnado, Deus mostrou-nos o caminho do encontro e do diálogo. Mais, Ele próprio encarnou em Si mesmo este Caminho para nós podermos conhecê-lo e percorrê-lo com confiança e esperança.
Irmãs e irmãos, «como seria o mundo sem o diálogo paciente de tantas pessoas generosas, que mantiveram unidas famílias e comunidades» (Encíclica Fratelli tutti, n. 198)? Percebemos isso ainda melhor neste tempo de pandemia. A nossa capacidade de relações sociais é duramente posta à prova; aumenta a tendência para fechar-se, arranjar-se sozinho, renunciar a sair, a encontrar-se, a fazer as coisas juntos. E, mesmo a nível internacional, corre-se o risco de não querer dialogar, o risco de que a complexidade da crise induza a optar por atalhos em vez dos caminhos mais longos do diálogo; mas, na realidade, só estes conduzem à solução dos conflitos e a benefícios partilhados e duradouros.
Com efeito, ao mesmo tempo em que ressoa, à nossa volta e por todo o mundo, o anúncio do nascimento do Salvador, fonte da verdadeira paz, vemos ainda tantos conflitos, crises e contradições. Parecem não ter fim, e já quase não os notamos. De tal maneira nos habituamos, que há tragédias imensas das quais já nem se fala; corremos o risco de não ouvir o grito de dor e desespero de tantos irmãos e irmãs nossos.
Pensemos no povo sírio, que, há mais duma década, vive uma guerra que já causou muitas vítimas e um número incalculável de refugiados. Olhemos para o Iraque, que luta ainda para se levantar depois dum longo conflito. Ouçamos o grito das crianças que se levanta do Iêmen, onde uma tragédia enorme, esquecida por todos, se consuma há anos em silêncio, provocando mortes todos os dias.
Lembremos as contínuas tensões entre israelitas e palestinos, que se arrastam sem solução, com consequências sociais e políticas cada vez mais graves. Não nos esqueçamos de Belém, o lugar onde Jesus viu a luz e que vive tempos difíceis inclusivamente pelas dificuldades económicas devidas à pandemia que impede os peregrinos de chegarem à Terra Santa, com consequências negativas na vida da população. Pensemos no Líbano, que padece uma crise sem precedentes, com condições económicas e sociais muito preocupantes.
Mas, no coração da noite, eis o sinal de esperança: hoje, «o amor que move o sol e as outras estrelas» (Dante, Paraíso, XXXIII, 145), faz-Se carne. Veio em forma humana, partilhou os nossos dramas e rompeu o muro da nossa indiferença. No frio da noite, estende os seus bracinhos para nós: tem necessidade de tudo, mas vem para nos dar tudo. A Ele pedimos a força de nos abrirmos ao diálogo. Neste dia de festa, imploramos-Lhe que suscite, no coração de todos, anseios de reconciliação e fraternidade. A Ele, dirijamos a nossa súplica.
Menino Jesus, dai paz e concórdia ao Médio Oriente e ao mundo inteiro. Amparai a quantos se encontram empenhados em prestar assistência humanitária às populações forçadas a fugir da sua pátria; confortai o povo afegão que, há mais de quarenta anos, está submetido a dura prova por conflitos que impeliram muitos a deixar o país.
Rei dos povos, ajudai as autoridades políticas a pacificar as sociedades abaladas por tensões e contrastes. Sustentai o povo da Myanmar, onde intolerância e violência se abatem, não raro, também sobre a comunidade cristã e os locais de culto, e turbam o rosto pacífico daquela população.
Sede luz e amparo para quem, mesmo indo contracorrente, crê e trabalha em prol do encontro e do diálogo, e não permitais que se espalhem na Ucrânia as metástases de um conflito gangrenado.
Príncipe da Paz, assisti a Etiópia na descoberta do caminho da reconciliação e da paz, através duma discussão sincera que coloque em primeiro lugar as necessidades da população. Escutai o clamor das populações da região do Sahel, que sofrem a violência do terrorismo internacional. Voltai o olhar para os povos dos países do Norte de África que são atribulados pelas divisões, o desemprego e o desnível econômico; e aliviai os sofrimentos dos inúmeros irmãos e irmãs que padecem com os conflitos internos no Sudão e no Sudão do Sul.
Fazei que, nos corações dos povos do continente americano, prevaleçam os valores da solidariedade, reconciliação e convivência pacífica, através do diálogo, do respeito mútuo e do reconhecimento dos direitos e valores culturais de todos os seres humanos.
Filho de Deus, confortai as vítimas da violência contra as mulheres que grassa neste tempo de pandemia. Concedei esperança às crianças e adolescentes que são vítimas do bullying e de abusos. Dai consolação e carinho aos idosos, sobretudo aos mais abandonados. Proporcionai serenidade e unidade às famílias, lugar primário da educação e base do tecido social.
Deus-conosco, concedei saúde aos doentes e inspirai todas as pessoas de boa vontade a encontrar as soluções mais adequadas para superar a crise sanitária e as suas consequências. Tornai generosos os corações, para fazerem chegar os tratamentos necessários, especialmente as vacinas, às populações mais necessitadas. Recompensai todos aqueles que mostram solicitude e dedicação no cuidado dos familiares, dos doentes e dos mais fragilizados.
Menino de Belém, tornai possível em breve o regresso a casa de tantos prisioneiros de guerra, civis e militares, dos conflitos recentes, e daqueles que estão presos por razões políticas. Não nos deixeis indiferentes à vista do drama dos migrantes, deslocados e refugiados. Os seus olhos pedem-nos para não voltarmos o rosto para o outro lado, para não renegarmos a humanidade que nos une, para assumirmos as suas histórias e não nos esquecermos dos seus dramas [1].
Verbo eterno encarnado, tornai-nos solícitos pela nossa Casa comum, também ela enferma pelo descuido com que frequentemente a tratamos, e incitai as autoridades políticas a encontrarem acordos de tal modo eficazes que as próximas gerações possam viver num ambiente respeitoso da vida.
Queridos irmãos e irmãs, muitas são as dificuldades do nosso tempo, mas a esperança é mais forte, porque «um menino nasceu para nós» (Is 9,5). Ele é a Palavra de Deus que Se fez “in-fante”, capaz apenas de chorar e necessitado de tudo. Quis aprender a falar, como qualquer criança, para que nós aprendêssemos a escutar Deus, nosso Pai, a escutar-nos uns aos outros e a dialogar como irmãos e irmãs. Ó Cristo, nascido para nós, ensinai-nos a caminhar convosco pelas sendas da paz.
Feliz Natal para todos!

[1] cf. FRANCISCO, Discurso no «Centro de Recepção e Identificação», Mytilene (Grécia), 05 de dezembro de 2021.


Fonte: Santa Sé.

Festa da Sagrada Família: Homilia do Papa Paulo VI

São Paulo VI, Papa
Alocução pronunciada em Nazaré
(05 de janeiro de 1964)
As lições de Nazaré

Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho.
Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-lo.
Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua permanência entre nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo de que Jesus se serviu para revelar-se ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem um sentido.
Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo do Cristo.
Ó como gostaríamos de voltar à infância e seguir essa humilde e sublime escola de Nazaré! Como gostaríamos, junto a Maria, de recomeçar a adquirir a verdadeira ciência e a elevada sabedoria das verdades divinas.
Mas estamos apenas de passagem. Temos de abandonar este desejo de continuar aqui o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. Não partiremos, porém, antes de colher às pressas e quase furtivamente algumas breves lições de Nazaré.
Primeiro, uma lição de silêncio. Que renasça em nós a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito; em nós, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos em nossa vida moderna barulhenta e hipersensibilizada. O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor das preparações, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê no segredo.
Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual é sua função primária no plano social.
Uma lição de trabalho. Ó Nazaré, ó casa do “filho do carpinteiro”! É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano; aqui, restabelecer a consciência da nobreza do trabalho; aqui, lembrar que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam, mais que de seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim. Finalmente, como gostaríamos de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino irmão, o profeta de todas as causas justas, o Cristo nosso Senhor.


Responsório (2Cor 13,11; Ef 5,19; Cl 3,23)

Alegrai-vos, meus irmãos, procurai a perfeição; animai-vos uns aos outros, tende paz e harmonia.
R. Cantai, salmodiai ao Senhor, nos corações.

E tudo o que fizerdes, fazei-o com toda a alma como para o Senhor e não para os homens.
R. Cantai, salmodiai ao Senhor, nos corações.

Oração
Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes, para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. 

Fonte: Liturgia das Horas, v. I, pp. 382-384. 

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sábado, 25 de dezembro de 2021

Fotos da Missa da Noite de Natal no Vaticano

Na última sexta-feira, dia 24 de dezembro, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa da Noite da Solenidade do Natal do Senhor no altar da confissão da Basílica de São Pedro.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Massimiliano Matteo Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada
Canto da Kalenda (Proclamação do Natal)
O Papa desvela e venera a imagem do Menino Jesus

Incensação