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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Hinos da Cátedra de São Pedro: Vésperas

Segui-me, e Eu farei de vós pescadores de homens” (Mt 4,19).

Em nossa última postagem começamos a apresentar os dois hinos próprios da Liturgia das Horas (LH) para a Festa da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro):
Laudes: Petrus beátus catenárum láqueos (Pedro, que rompes algemas);
Vésperas: Divína vox te déligit (Pescador de homens te faço).

“Vocação” de Pedro e dos primeiros Apóstolos
(Igreja de São Miguel, Lewes, Inglaterra)

Além desses dois hinos, no Ofício das Leituras da Festa entoa-se a 1ª estrofe e a doxologia do hino Iam, bone pastor (Ó Pedro, pastor piedoso), proposto em outras duas ocasiões:
- Nas Laudes da Festa da Conversão de São Paulo (25 de janeiro): 2ª estrofe - Doctor egrégie (Ó Paulo, mestre dos povos) - e a doxologia;

Assim, após apresentarmos o texto das Laudes (Petrus beátus catenárum láqueos) da Festa da Cátedra de São Pedro, nesta postagem nos deteremos no hino das Vésperas: Divína vox te déligit (Pescador de homens te faço).

Trata-se de uma composição nova, elaborada pela Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH após o Concílio Vaticano II, coordenada pelo Padre Anselmo Lentini, OSB (†1989).

Como testemunha Dom Annibale Bugnini (†1982), grande responsável pela reforma litúrgica, buscou-se propor hinos individuais sobretudo para os Apóstolos, Evangelistas e outros santos mencionados nos Evangelhos, como é o caso desse composição em honra do Apóstolo Pedro [1].

A Comissão, com efeito, resgatou antigos hinos compostos ao longo de toda a história da Igreja e propôs outros novos, como aquele pai de família que do seu tesouro “tira coisas novas e velhas” (Mt 13,52).

Antes da reforma litúrgica, nas Vésperas da Cátedra de São Pedro se repetia o hino do Ofício das Leituras (Matinas), Quodcúmque vinclis, atualmente indicado para as Laudes desse dia e enriquecido com mais uma estrofe (Petrus beátus).

Nas Laudes, por sua vez, se entoava o hino Iam bone pastor, sobre o qual já falamos acima, atualmente indicado para o Ofício do dia 22 de fevereiro.

A seguir reproduzimos o texto original do hino das Vésperas (em latim), composto por seis estrofes de quatro versos, e sua tradução oficial para o português do Brasil, que faz algumas adaptações, como veremos, tecendo também alguns breves comentários sobre a sua teologia.

Entrega das chaves a Pedro
(Nicolas Poussin, séc. XVII)

Cathedrae Sancti Petri Apostoli (Festum)
Vesperae: Divína vox te déligit

1. Divína vox te déligit,
piscátor, ac pro rétibus
remísque qua tu glória
caeli refúlges clávibus!

2. Tenax amóris próferens
ac dulce testimónium,
omnes amor quos láverat
oves regéndas áccipis.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Hinos da Cátedra de São Pedro: Laudes

Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus...” (Mt 16,19).

No mês de janeiro destacamos aqui em nosso blog os dois hinos próprios da Liturgia das Horas (LH) para a Festa da Conversão de São Paulo (25 de janeiro):
Ofício das Leituras: Pressi malórum póndere (Ao peso do mal vergados);
Vésperas: Excélsam Pauli glóriam (Concelebre a Igreja, cantando).

Nas Laudes dessa Festa são entoadas a 2ª estrofe - Doctor egrégie (Ó Paulo, mestre dos povos) - e a doxologia do hino Iam, bone pastor (Ó Pedro, pastor piedoso), entoado também:
- No Ofício das Leituras da Festa da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro): 1ª estrofe e a doxologia;

Entrega das chaves a Pedro
(Vitral do Castelo de Cardiff, Gales)

Dando continuidade à proposta, gostaríamos de apresentar os dois hinos da Festa da Cátedra de São Pedro, também conhecida como “Confissão de São Pedro”, celebrada no dia 22 de fevereiro ou, em algumas tradições, no dia 18 de janeiro:
Laudes: Petrus beátus catenárum láqueos (Pedro, que rompes algemas);
Vésperas: Divína vox te déligit (Pescador de homens te faço).

Começamos, naturalmente, pelo hino das Laudes: Petrus beátus catenárum láqueos (Pedro, que rompes algemas). Como indica o Padre Félix Arocena em sua obra Los himnos de la Liturgia de las Horas [1], trata-se na verdade de algumas estrofes de um hino maior em honra dos Apóstolos Pedro e Paulo: Felix per omnes festum (A festa dos Apóstolos).

O hino foi composto entre os séculos VIII e IX, sendo atribuído a São Paulino de Aquileia (†802), mestre na corte do Imperador Carlos Magno (†814) e posteriormente Patriarca de Aquileia (Itália).

O hino completo possui oito estrofes, além da doxologia final em honra da Trindade (Glória Patri...). Atualmente outros dois trechos do hino são entoados na LH na Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (29 de junho): no Ofício das Leituras (Felix per omnes festum) e nas II Vésperas (O Roma felix).

Nas Laudes da Festa da Cátedra de São Pedro entoam-se duas estrofes do hino (Petrus beátus... Quodcúmque vinclis...) e a doxologia (Glória Patri...).

Antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, por sua vez, entoava-se tanto no Ofício (Matinas) quanto nas Vésperas da Cátedra de São Pedro apenas uma estrofe (Quodcúmque vinclis) e a doxologia, enquanto nas Laudes se entoava o hino Iam bone pastor, atualmente indicado para o Ofício.

A primeira estrofe do nosso hino (Petrus beátus), por sua vez, era entoada nas Vésperas da Festa de São Pedro “em Cadeias” (Sancti Petri ad Vincula), celebrada no dia 01 de agosto, que recordava as duas prisões do Apóstolo: em Jerusalém (At 12,1-11) e em Roma [2].

Em ambos os casos, na verdade, se entoava uma versão dos hinos adaptada pelo Papa Urbano VIII (†1644): Miris modis (Petrus beátus) e Quodcumque in orbe (Quodcúmque vinclis).

A Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH após o Concílio, coordenada pelo Padre Anselmo Lentini, OSB (†1989), resgatou o texto original da composição, propondo as duas estrofes e a doxologia para as Laudes do dia 22 de fevereiro.

São Paulino de Aquileia (†802), autor do hino

A seguir reproduzimos o texto original do hino (em latim), composto por três estrofes de cinco versos, e sua tradução oficial para o português do Brasil, que adaptou o hino em duas estrofes de seis versos (unindo a doxologia à segunda estrofe), seguidos de alguns breves comentários sobre a sua teologia.

Cathedrae Sancti Petri Apostoli (Festum)
Laudes matutinae: Petrus beátus catenárum láqueos

1. Petrus beátus catenárum láqueos
Christo iubénte rupit mirabíliter;
custos ovílis et doctor Ecclésiae,
pastórque gregis, conservátor óvium
arcet lupórum truculéntam rábiem.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Hinos da Conversão de São Paulo: Vésperas

Saulo... o Deus de nossos antepassados escolheu-te... tu serás a sua testemunha diante de todos os homens” (At 22,13-15).

Em nossa última postagem começamos a apresentar os dois hinos próprios da Liturgia das Horas (LH) para a Festa da Conversão de São Paulo (25 de janeiro):
Ofício das Leituras: Pressi malórum póndere (Ao peso do mal vergados);
Vésperas: Excélsam Pauli glóriam (Concelebre a Igreja, cantando).

“Vocação” do Apóstolo Paulo
(Igreja de São Miguel, Lewes, Inglaterra)

Nas Laudes da Festa entoa-se a 2ª estrofe (Doctor egrégie) e a doxologia do hino Iam, bone pastor, que também é entoado no Ofício das Leituras da Festa da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e nas Laudes e Vésperas da Memória facultativa da Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo (18 de novembro).

Antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, o hino Doctor egrégie (Ó Paulo, mestre dos povos) era entoado tanto no Ofício (Matinas) quanto nas Vésperas do dia 25 de janeiro. Para as Laudes, por sua vez, era indicado o hino do Comum dos Apóstolos (Exsultet caelum laudibus).

Assim, além do texto do Ofício (Pressi malórum pondere), a Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH, coordenada pelo Padre Anselmo Lentini, OSB (†1989), “resgatou” o hino Excélsam Pauli glóriam (Concelebre a Igreja, cantando) para as Vésperas do dia 25 de janeiro.

Trata-se de uma composição de São Pedro Damião (†1072), monge beneditino e posteriormente Bispo, proclamado Doutor da Igreja em 1828, autor de diversos hinos, alguns dos quais foram acolhidos na Liturgia das Horas.

A seguir reproduzimos o texto do hino, composto por seis estrofes de quatro versos, em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, bastante fiel ao texto original.

A tradução, como de costume, propõe rimas alternadas nos versos pares (ABAB), enquanto o texto original é irregular: algumas estrofes possuem rimas emparelhadas (AABB), outras não.

Na sequência propomos também alguns breves comentários sobre a sua teologia, com várias referências aos textos das Cartas Paulinas e de outros escritos do Novo Testamento, como no hino do Ofício das Leituras.

São Pedro Damião (†1072), autor do hino

In Conversione Sancti Pauli, Apostoli (Festum)

1. Excélsam Pauli glóriam
concélebret Ecclésia,
quem mire sibi apóstolum
ex hoste fecit Dóminus.

2. Quibus succénsus aestibus
in Christi nomen saeviit,
exársit his impénsius
amórem Christi praedicans.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Hinos da Conversão de São Paulo: Ofício

Saulo... o Deus de nossos antepassados escolheu-te para conheceres a sua vontade, veres o Justo e ouvires a sua própria voz” (At 22,13-14).

Há dois anos, em janeiro de 2022, traçamos aqui em nosso blog uma breve história das Festas da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de janeiro).

Conversão de São Paulo
(Vitral do Castelo de Cardiff, Gales)

Como vimos, essas duas celebrações compartilham um hino na Liturgia das Horas (LH): Iam, bone pastor, com duas estrofes dedicadas aos Apóstolos e uma doxologia final em honra da Trindade (Sit Trinitáti sempitérna glória).

No Ofício das Leituras da Festa da Cátedra de São Pedro entoa-se a 1ª estrofe, Iam, bone pastor (Ó Pedro, pastor piedoso), e a doxologia, enquanto nas Laudes da Festa da Conversão de São Paulo entoa-se a 2ª estrofe, Doctor egrégie (Ó Paulo, mestre dos povos), e a doxologia.

O hino completo é entoado na Memória facultativa da Dedicação das Basílicas de São Pedro e São Paulo (18 de novembro), tanto nas Laudes quanto nas Vésperas.

Além desse hino, cada uma das Festas dos Apóstolos, possui outros dois textos próprios, os quais apresentaremos nas próximas postagens, começando pelos hinos da Festa da Conversão de São Paulo:
Ofício das Leituras: Pressi malórum póndere (Ao peso do mal vergados);
Vésperas: Excélsam Pauli glóriam (Concelebre a Igreja, cantando).

Antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, por sua vez, entoava-se no Ofício (Matinas) e nas Vésperas do dia 25 de janeiro o hino Doctor egrégie, enquanto para as Laudes era indicado o hino do Comum dos Apóstolos (Exsultet caelum laudibus).

Nesta postagem apresentaremos o hino do Ofício das Leituras: Pressi malórum póndere (Ao peso do mal vergados), uma composição anônima do século XVIII “resgatada” pela Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH, coordenada pelo Padre Anselmo Lentini, OSB (†1989).

A seguir reproduzimos o texto do hino, composto por seis estrofes de quatro versos, em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, bastante fiel ao texto original (acrescentando rimas nos versos pares).

Na sequência propomos também alguns breves comentários sobre a teologia do hino, repleto de referências aos textos das Cartas Paulinas e de outros escritos do Novo Testamento.

Conversão de São Paulo
(Bartolomé Esteban Murillo, séc. XVII)

In Conversione Sancti Pauli, Apostoli (Festum)
Officium lectionis: Pressi malórum póndere

1. Pressi malórum póndere
te, Paule, adímus súpplices,
qui certa largus désuper
dabis salútis pígnora.

2. Nam tu beáto cóncitus
divíni amóris ímpetu,
quos insecútor óderas,
defénsor inde amplécteris.

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Hinos de São Pedro e São Paulo: II Vésperas

“Vós que ocupais os primeiros lugares entre os Apóstolos e que sois doutores do universo, intercedei perante o Senhor de todos, para que dê a paz ao mundo e, às nossas almas, a grande misericórdia” [1].

Para a Solenidade de São Pedro e São Paulo, no dia 29 de junho, a Igreja nos propõe quatro hinos para a Liturgia das Horas (LH):
I Vésperas: Aurea luce (Ó áurea luz);
Ofício das Leituras: Felix per omnes festum (A festa dos Apóstolos);
Laudes: Apostolórum pássio (A paixão dos Apóstolos);
II Vésperas: O Roma felix (Roma feliz).

São Pedro e São Paulo, Apóstolos
(Raúl Berzosa Fernández)

Nesta postagem concluímos nossa apresentação das quatro composições com o hino das II Vésperas: O Roma felix (Roma feliz). Trata-se da continuação do hino do Ofício, Felix per omnes festum, atribuído a São Paulino de Aquileia (†802).

Paulino II de Aquileia (assim referido para distingui-lo do seu antecessor de mesmo nome, que foi Patriarca durante o séc. VI) foi mestre na corte de Carlos Magno (†814), até ser eleito Patriarca de Aquileia (Itália) em 787. Participou de diversos Sínodos, combatendo sobretudo a heresia do adocionismo, e foi um grande promotor da evangelização na vizinha Eslovênia.

O hino completo possui oito estrofes, além da doxologia final em louvor à Trindade. Se no Ofício são entoadas as primeiras duas estrofes, nas II Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo são entoadas as últimas duas estrofes, unidas à doxologia.

Outra parte da composição, por sua vez, é entoada nas Laudes da Festa da Cátedra de São Pedro, no dia 22 de fevereiro (Petrus beátus catenárum láqueos).

Este é outro dos hinos resgatados pela Comissão presidida pelo Padre Anselmo Lentini (†1989), responsável pela revisão dos hinos da LH durante a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. No antigo Breviarium Romanum, com efeito, nas II Vésperas da Solenidade repetia-se o hino das I Vésperas, Aurea luce.

Assim, como fizemos com os demais hinos da Solenidade e da LH em geral, reproduzimos a seguir o texto original de O Roma felix (em latim), e sua tradução oficial para o português do Brasil, seguidos de alguns breves comentários sobre sua teologia.

Diferentemente da parte do hino entoada no Ofício das Leituras, aqui a tradução brasileira conservou a estrutura do texto latino: três estrofes de cinco versos.

São Paulino II de Aquileia (†802): autor do hino

Sancti Petri et Pauli, Apostolorum (Solemnitas)
II Vesperae: O Roma felix

1. O Roma felix, quae tantórum príncipum
es purpuráta pretióso sánguine!
Excéllis omnem mundi pulchritúdinem
non laude tua, sed sanctórum méritis,
quos cruentátis iugulásti gládiis.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Hinos de São Pedro e São Paulo: Laudes

“Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue” [1].

A Solenidade de São Pedro e São Paulo, celebrada pelas Igrejas do Oriente e do Ocidente no dia 29 de junho, é enriquecida com quatro hinos próprios na Liturgia das Horas (LH):
I Vésperas: Aurea luce (Ó áurea luz);
Ofício das Leituras: Felix per omnes festum (A festa dos Apóstolos);
Laudes: Apostolórum pássio (A paixão dos Apóstolos);
II Vésperas: O Roma felix (Roma feliz).

São Pedro e São Paulo diante da cidade de Roma [2]:
Notem-se os instrumentos do martírio (a cruz e a espada)

Em nossas postagens anteriores analisamos os hinos das I Vésperas e do Ofício das Leituras. Agora, portanto, cabe considerar o hino das Laudes: Apostolórum pássio (A paixão dos Apóstolos).

Este hino foi composto por Santo Ambrósio de Milão (†397), Bispo e Doutor da Igreja, no século IV. Possuía originalmente oito estrofes, seis das quais são entoadas aqui, unidas a uma súplica final dirigida a Cristo Redentor, adaptada do hino “Aetérna Christi múnera”, do Comum dos Mártires, igualmente obra de Ambrósio, totalizando sete estrofes.

Essa composição é outra das obras resgatadas pela Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH durante a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, encabeçada pelo Padre Anselmo Lentini (†1989).

No antigo Breviarium Romanum, por sua vez, entoava-se nas Laudes dessa Solenidade o hino “Iam, bone pastor” que, como vimos em sua respectiva postagem, atualmente é prescrito para as Festas da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de janeiro) e para a Memória da Dedicação das suas Basílicas (18 de novembro).

Segue, pois, o texto original de Apostolórum pássio (em latim) e sua tradução oficial para o português do Brasil, além de alguns comentários sobre sua teologia, esquema que adotamos neste blog para a análise dos hinos da LH.

Note-se que as estrofes de quatro versos do texto original foram transformadas em estrofes de seis versos na tradução brasileira, com rimas alternadas nos versos pares.

Santo Ambrósio de Milão (†397): autor do hino

Sancti Petri et Pauli, Apostolorum (Solemnitas)
Laudes matutinae: Apostolórum pássio

1. Apostolórum pássio
diem sacrávit saeculi,
Petri triúmphum nóbilem,
Pauli corónam praeferens.

2. Coniúnxit aequáles viros
cruor triumphális necis;
Deum secútos praesulem
Christi coronávit fides.

terça-feira, 27 de junho de 2023

Hinos de São Pedro e São Paulo: Ofício das Leituras

“Ó Pedro, rochedo da fé, e Paulo, glória do universo, vinde juntos confirmar-nos!” [1].

Como vimos em nossa postagem anterior, são quatro os hinos próprios para a Solenidade de São Pedro e São Paulo (29 de junho) na Liturgia das Horas (LH):
I Vésperas: Aurea luce (Ó áurea luz);
Ofício das Leituras: Felix per omnes festum (A festa dos Apóstolos);
Laudes: Apostolórum pássio (A paixão dos Apóstolos);
II Vésperas: O Roma felix (Roma feliz).

São Pedro e São Paulo
(Fra Bartolomeo e Rafael Sanzio)

Após dedicarmos uma postagem ao hino das I Vésperas, gostaríamos de apresentar brevemente o hino do Ofício das Leituras da Solenidade: Felix per omnes festum (A festa dos Apóstolos).

Este foi composto entre os séculos VIII e IX, sendo atribuído a São Paulino de Aquileia (†802). Paulino foi mestre na corte de Carlos Magno (†814), até ser eleito Patriarca de Aquileia em 787.

Paulino II de Aquileia (assim referido para distingui-lo do seu antecessor de mesmo nome, que foi Patriarca durante o séc. VI) participou de diversos Sínodos, combatendo sobretudo a heresia do adocionismo, e foi um grande promotor da evangelização na vizinha Eslovênia.

O hino completo possui oito estrofes, além da doxologia final em louvor à Trindade. Para o Ofício das Leituras são entoadas as primeiras duas estrofes (Felix per omnes festum; Hi sunt olívae duae) unidas à doxologia.

Como recorda Felix Arocena em sua obra Los himnos de la Liturgia de las Horas, outras estrofes do nosso hino são entoadas nas II Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo (O Roma felix...), como veremos na respectiva postagem, e nas Laudes da Festa da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro), Petrus beátus catenárum láqueos.

Vale dizer que este hino foi resgatado pela Comissão encarregada da revisão dos hinos da LH durante a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, encabeçada pelo Padre Anselmo Lentini (†1989).

No antigo Breviarium Romanum não havia um hino próprio para as Matinas de São Pedro e São Paulo, sendo entoado o hino do Comum dos Apóstolos “Aetérna Christi múnera” (originalmente uma composição em honra aos Mártires, resgatada como tal pela reforma litúrgica).

São Paulo II de Aquileia (†802), autor do hino

Assim, como já fizemos com outros hinos da LH aqui no blog, reproduzimos a seguir o texto original de Felix per omnes festum (em latim), e sua tradução oficial para o português do Brasil, seguidos de breves comentários sobre sua teologia.

Note-se que enquanto o texto latino é composto por três estrofes de cinco versos, na tradução brasileira há seis estrofes de quatro versos, com rimas alternadas nos versos pares.

Sancti Petri et Pauli, Apostolorum (Solemnitas)
Officium Lectionis: Felix per omnes festum

1. Felix per omnes festum mundi cárdines
apostolórum praepóllet alácriter,
Petri beáti, Pauli sacratíssimi,
quos Christus almo consecrávit sánguine,
ecclesiárum deputávit príncipes.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Hinos de São Pedro e São Paulo: I Vésperas

O Apóstolo Pedro e Paulo, o doutor das nações, nos ensinaram, Senhor, a vossa lei” [1].

No ano de 2022 publicamos uma postagem sobre o hino “Iam, bone pastor, entoado na Liturgia das Horas (LH) das Festas da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de janeiro) e na Memória da Dedicação das suas Basílicas (18 de novembro).

São Pedro e São Paulo
(El Greco)

Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade à proposta apresentando o primeiro dos quatro hinos da Solenidade de São Pedro e São Paulo (29 de junho) na LH:
I Vésperas: Aurea luce (Ó áurea luz);
Ofício das Leituras: Felix per omnes festum (A festa dos Apóstolos);
Laudes: Apostolórum pássio (A paixão dos Apóstolos);
II Vésperas: O Roma felix (Roma feliz).

Como indica Felix Arocena em sua obra Los himnos de la Liturgia de las Horas, as três estrofes de “Iam bone pastor” são na verdade parte do hino das I Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo: “Aurea luce et decóre róseo (Ó áurea luz, ó esplendor de rosa).

Esta composição anônima realizada entre os séculos VIII e IX possui seis estrofes: Aurea luce; Iánitor caeli; Iam, bone pastor; Doctor egrégie; Olívae binae; Sit Trinitáti.

Desde o tempo do Papa São Pio V (†1572) se omitia a estrofe “Olívae binae”, que era substituída por “O Roma felix”, adaptada do hino “Felix per omnes festum”, atualmente entoado no Ofício das Leituras e nas II Vésperas da Solenidade.

Além disso, no antigo Breviarium Romanum entoava-se tanto nas I quanto nas II Vésperas de São Pedro e São Paulo uma versão do hino realizada pelo Papa Urbano VIII (†1644), intitulada Decóra lux aeternitátis [2].

A Comissão encarregada pela revisão dos hinos da LH após o Concílio, encabeçada pelo Padre Anselmo Lentini (†1989), recuperou o texto original da composição, incluindo a estrofe “Olívae binae”, conservando ao mesmo tempo a estrofe “O Roma felix”, como veremos a seguir.

Com efeito, como já fizemos com outros hinos da LH aqui no blog, reproduzimos a seguir o texto original do hino (em latim), composto por cinco estrofes de quatro versos, e sua tradução oficial para o português do Brasil, seguidos de alguns breves comentários sobre sua teologia.

São Pedro
(Coluna de Trajano, Roma)

Sancti Petri et Pauli, Apostolorum (Solemnitas)
I Vesperae: Aurea luce et decóre róseo

1. Aurea luce et decóre róseo,
lux lucis, omne perfudísti saeculum,
décorans caelos ínclito martýrio
hac sacra die, quae dat reis véniam.

2. Iánitor caeli, doctor orbis páriter,
iúdices saecli, vera mundi lúmina,
per crucem alter, alter ense triúmphans,
vitae senátum laureáti póssident.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Hinos de Santa Maria Madalena: Vésperas

“O amor é mais forte do que a morte” (Ct 8,6).

Já foram duas as postagens publicadas aqui em nosso blog nos últimos dias sobre Santa Maria Madalena, cuja celebração no dia 22 de julho possui desde 2016 o grau de Festa.

Na primeira postagem traçamos um breve histórico do culto a Santa Maria Madalena, desde seus fundamentos bíblicos até os nossos dias. Na segunda postagem, por sua vez, apresentamos o primeiro dos dois hinos próprios da Festa para a Liturgia das Horas:
Vésperas (e Ofício): Mágdalae sidus, múlier beáta (Ó estrela feliz de Magdala).

Os dois hinos são de nova composição, isto é, elaborados no contexto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II pelo grupo coordenado pelo Padre Anselmo Lentini (†1989) [1], uma vez que os hinos anteriores identificavam Maria Madalena com outras mulheres do Evangelho, interpretação que foi abandonada pela Igreja.

Santa Maria Madalena (El Greco)

Assim, como fizemos com o hino das Laudes (oração da manhã), publicamos a seguir o hino das Vésperas (oração da tarde), em seu texto original em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, além de breves comentários sobre a sua teologia.

Segue, pois, o hino das Vésperas de Santa Maria Madalena, retomado no Ofício das Leituras da Festa: Mágdalae sidus, múlier beáta (Ó estrela feliz de Magdala).

Vésperas: Mágdalae sidus, múlier beáta

1. Mágdalae sidus, múlier beáta,
te pio cultu venerámur omnes,
quam sibi Christus sociávit arcti
foedere amóris.

2. Cum tibi illíus pátefit potéstas
daemonum vires ábigens treménda,
tu fide gaudes potióre necti
grata medénti.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

Hinos de Santa Maria Madalena: Laudes

“Encontrei o amor de minha vida, e não o deixarei mais” (cf. Ct 3,4).

Recentemente realizamos aqui em nosso blog um breve percurso pela história do culto a Santa Maria Madalena, cuja Memória no dia 22 de julho foi elevada pelo Papa Francisco em 2016 ao grau de Festa.

Como vimos, a Festa possui dois hinos próprios para a Liturgia das Horas:
Laudes: Auróra surgit lúcida (Luminosa, a aurora desperta);
Vésperas (e Ofício): Mágdalae sidus, múlier beáta (Ó estrela feliz de Magdala).

Ambos são de nova composição, isto é, foram elaborados no contexto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II pelo grupo coordenado pelo Padre Anselmo Lentini (†1989) [1], uma vez que os hinos anteriores identificavam Madalena com a mulher pecadora de Lc 7 e com Maria de Betânia, a irmã de Marta e Lázaro, associações que foram abandonadas pela Igreja.

Santa Maria Madalena (Quentin Matsys)
Note-se o frasco com perfume para ungir o Corpo do Senhor

Como já fizemos aqui no blog com outros textos da Liturgia das Horas, nesta postagem e na próxima apresentaremos os dois hinos entoados em honra de Santa Maria Madalena em seu texto original em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, seguidos de alguns breves comentários sobre a sua teologia.

Começamos, naturalmente, pelo hino das Laudes, a oração da manhã da Liturgia das Horas: Auróra surgit lúcida (Luminosa, a aurora desperta).

Laudes: Auróra surgit lúcida

1. Auróra surgit lúcida
Christi triúmphos áfferens,
cum corpus eius vísere,
María, vis et úngere.

2. Anhéla curris; ángelus
at ecce laetus praedocet
mortis refráctis póstibus
redísse quem desíderas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

O hino Salve Sancta Facies em honra da Santa Face de Jesus

“Sobre nós iluminai a vossa face e seremos salvos” (cf. Sl 79,4).

Na última sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022, apresentamos brevemente a história da devoção à Santa Face de Jesus ligada ao “mandylion de Edessa” no Oriente e ao “véu da Verônica” no Ocidente.

Inicialmente uma devoção à própria Encarnação do Verbo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, a partir do século XIV a “Santa Face” começa a ser associada à Paixão, com a popularização da “lenda da Verônica”, que teria enxugado o rosto de Jesus a caminho do Calvário.

Ainda no início do século XIV teria sido composto o hino Salve, Sancta Facies (Salve, Santa Face), o qual conserva algo da devoção original, sem referência à Paixão.

Cristo com o início do hino Salve, Sancta Facies
(Livro de Horas de Spinola, início do séc. XVI, fol. 9r)

O hino é atribuído ao Papa João XXII (†1334), o qual reinou de 1316 até sua morte, no contexto do “Papado de Avignon” (França). O mais provável, porém, é que a composição tenha sido realizada por um autor anônimo durante o pontificado de João XXII, Papa que teria associado uma indulgência à recitação do hino.

De toda forma, a composição tornou-se bastante popular nos “Livros de Horas” dos séculos XV e XVI, sobretudo na região de Flandres (entre as atuais França e Bélgica). Esses eram livros de orações ricamente ilustrados encomendados pelos nobres, com o calendário das festas dos santos, alguns textos da Liturgia das Horas (donde o seu nome) e outras orações [1].

Nesses Livros comumente consta uma versão abreviada do hino: de suas 09 estrofes geralmente constam quatro: a 1ª, a 2ª, a 5ª e a 9ª. Após o hino os Livros costumam trazer também uma versão da oração à Santa Face atribuída ao Papa Inocêncio III (†1216), que indicamos adiante.

A seguir, portanto, reproduzimos o texto original do hino, seguido de uma tradução bastante livre. Com efeito, uma vez que em latim os versos de cada estrofe rimam entre si, são necessárias algumas “licenças poéticas”.

O texto enfatiza, além disso, a conservação miraculosa da relíquia, como uma espécie de “artifício” para atrair peregrinos às igrejas que conservavam cópias do célebre “véu”.

Hino: Salve, Sancta Fácies

Salve, Sancta Fácies nostri Redemptóris,
In qua nitet spécies divíni splendóris,
Impréssa pannículo nívei candóris
Dátaque Verónicae signum ob amóris.

Salve, decus saéculi, spéculum sanctórum,
Quod vidére cúpiunt spíritus coelórum,
Nos ab omni mácula purga vitiórum,
Atque nos consórtio junge beatórum.

sábado, 22 de janeiro de 2022

Hinos de São Pedro e São Paulo: Iam, bone pastor

“Vós os fizestes príncipes sobre toda a terra...” [1].

Como vimos em nossas postagens anteriores, os Apóstolos São Pedro e São Paulo estão sempre associados no Rito Romano, tanto na Solenidade do seu Martírio (29 de junho) quanto na Memória da Dedicação das suas Basílicas em Roma (18 de novembro).

Cristo ladeado pelos Apóstolos Pedro e Paulo
(Fachada da Basílica de São Paulo fora dos muros, Roma)

Além disso, cada um dos Apóstolos possui uma celebração própria: as Festas da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) e da Conversão de São Paulo (25 de janeiro).

Cada uma dessas festas possui dois hinos específicos para a Liturgia das Horas, como vimos em suas respectivas postagens, além de um hino que é retomado em três celebrações.

Trata-se do hino Iam, bone pastor, que possui duas estrofes dedicadas aos Apóstolos, além de uma doxologia final em honra da Trindade (Sit Trinitáti sempitérna glória):

- no Ofício das Leituras da Festa da Cátedra de São Pedro entoa-se a 1ª estrofe, Iam, bone pastor (Ó Pedro, pastor piedoso), e a doxologia;

- nas Laudes da Festa da Conversão de São Paulo entoa-se a 2ª estrofe, Doctor egrégie (Ó Paulo, mestre dos povos), e a doxologia;

- e, finalmente, na Memória da Dedicação das Basílicas entoa-se o hino completo tanto nas Laudes quanto nas Vésperas.

O Padre Anselmo Lentini, O.S.B. (†1989), que coordenou a revisão dos hinos da Liturgia das Horas no contexto das reformas do Concílio Vaticano II, considera Iam, bone pastor e Doctor egrégie como dois hinos distintos [2].

"Traditio legis": Jesus entrega as chaves a Pedro e o livro da Palavra a Paulo
(Cibório da Basílica de Santo Ambrósio, Milão)

Na verdade, como indica Felix Arocena em sua obra Los himnos de la Liturgia de las Horas, os dois textos são parte de um hino maior, Aurea luce (Ó áurea luz), uma composição anônima realizada entre os séculos VIII ou IX [3].

O hino completo possui seis estrofes, além da doxologia final (Sit Trinitáti...). As quatro estrofes restantes são entoadas nas I Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo, como veremos em uma postagem futura.

Para acessar o “índice” com todos os hinos do Próprio dos Santos, clique aqui.

A seguir reproduziremos as três estrofes - Iam, bone pastor; Doctor egrégie; Sit Trinitáti - no seu texto original em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, seguidos de alguns breves comentários sobre sua teologia:

Hino: Iam, bone pastor

Iam, bone pastor, Petre, clemens áccipe
vota precántum, et peccáti víncula
resólve, tibi potestáte trádita,
qua cunctis caelum verbo claudis, áperis.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Hinos da Festa da Sagrada Família: Laudes

“No rosto dos membros da Sagrada Família se reflete toda a beleza do amor dado por Deus ao homem” (São João Paulo II, Carta às Famílias) [1].

Esta é a terceira das nossas postagens dedicadas aos hinos da Liturgia das Horas, oração oficial da Igreja para a santificação das horas do dia, para a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José.

Para essa Festa - celebrada no domingo após o Natal - como vimos em nossa postagem sobre a sua história, são propostos três hinos próprios: os dois primeiros do Papa Leão XIII (†1903) e o terceiro de nova composição:
- I e II Vésperas: O lux beáta caelitum (Ó luz bendita dos céus);
- Ofício das Leituras: Dulce fit nobis memoráre parvum (A vida oculta de Jesus);
- Laudes: Christe, splendor Patris (Ó Cristo, luz do Pai).

Para acessar o “índice” com todos os hinos do Próprio do Tempo, clique aqui.

Mosaico da Sagrada Família (Centro Aletti)
As mãos de Maria formam os “degraus” pelos quais Cristo desce a nós na Encarnação

Após analisarmos os dois primeiros hinos, nesta postagem nos deteremos no terceiro, elaborado no contexto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

Confira a seguir, portanto, o texto original em latim, a tradução oficial para o português do Brasil, e alguns comentários sobre a mensagem do hino das Laudes (oração da manhã): Christe, splendor Patris (Ó Cristo, luz do Pai).

Laudes: Christe, splendor Patris

Christe, splendor Patris,
Dei mater Virgo,
Ioseph, tam sacrórum
pígnorum servátor,

Nitet vestra domus
flóribus virtútum,
unde gratiárum
fons prománat ipse.

Angeli stupéntes
Natum Dei cernunt
servi forma indútum
servis famulántem.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Hinos da Festa da Sagrada Família: Ofício das Leituras

“Para as famílias cristãs, nada pode ser imaginado de mais salutar nem eficaz que o exemplo da Sagrada Família” (Papa Leão XIII, Breve Neminem Fugit) [1].

O Papa Leão XIII (†1903), como vimos em nossas postagens anteriores, foi um grande promotor da devoção à Sagrada Família de Jesus, Maria e José.

Sagrada Família em Nazaré
Note-se como as madeiras seguradas pelo Menino formam a Cruz
(Christian Wilhelm Ernst Dietrich - séc. XVIII)

Com efeito, dos três hinos para a Liturgia das Horas da Festa da Sagrada Família, celebrada no domingo após o Natal, dois são de sua autoria (enquanto o terceiro foi elaborado no contexto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II):
- I e II Vésperas: O lux beáta caelitum (Ó luz bendita dos céus);
- Ofício das Leituras: Dulce fit nobis memoráre parvum (A vida oculta de Jesus);
- Laudes: Christe, splendor Patris (Ó Cristo, luz do Pai).

Para acessar o “índice” com todos os hinos do Próprio do Tempo, clique aqui.

Em nossa postagem anterior já apresentamos o hino das Vésperas, O lux beáta caelitum, com seu texto em latim e sua tradução oficial para o português do Brasil, seguidos de alguns comentários sobre a sua mensagem.

Cabe-nos agora fazer o mesmo com o segundo hino do Papa Leão XIII para a Festa da Sagrada Família, entoado no Ofício das Leituras: Dulce fit nobis memoráre parvum (A vida oculta de Jesus edificante é relembrar):

Ofício das Leituras: Dulce fit nobis memoráre parvum

Dulce fit nobis memoráre parvum
Názarae tectum tenuémque cultum;
éxpedit Iesu tácitam reférre
cármine vitam.

Arte qua Ioseph húmili excoléndus,
ábdito Iesus iuvenéscit aevo,
seque fabrílis sócium labóris
ádicit ultro.

Assidet nato pia mater almo,
ássidet sponso bona nupta, felix
si potest curas releváre lassis
múnere amíco.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Hinos da Festa da Sagrada Família: Vésperas

Adoremos o Filho do Deus vivo, que se dignou tornar-se filho de uma família humana” [1].

Em nossa postagem anterior apresentamos brevemente a história da Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, celebrada atualmente pela Igreja de Rito Romano no domingo após o Natal.

Como vimos, essa Festa possui três hinos próprios para a Liturgia das Horas, oração oficial da Igreja para a santificação das horas do dia:
- I e II Vésperas: O lux beáta caelitum (Ó luz bendita dos céus);
- Ofício das Leituras: Dulce fit nobis memoráre parvum (A vida oculta de Jesus);
- Laudes: Christe, splendor Patris (Ó Cristo, luz do Pai).

Para acessar o “índice” com todos os hinos do Próprio do Tempo, clique aqui.

Mosaico da Sagrada Família na Catedral de Westminster (Londres)

Os dois primeiros são atribuídos ao Papa Leão XIII (†1903), grande promotor da devoção à Sagrada Família, o qual instituiu a sua Festa em 1893. O terceiro hino, por sua vez, é de nova composição (realizado no contexto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II).

Como já fizemos aqui em nosso blog com vários dos hinos da Liturgia das Horas, nesta e nas próximas postagens apresentaremos os três hinos da Festa da Sagrada Família, em seu texto original em latim e em sua tradução oficial para o português do Brasil, além de alguns comentários sobre a sua mensagem e teologia.

Começamos pelo hino das Vésperas (oração da tarde), O lux beáta caelitum (Ó luz bendita dos céus):

I e II Vésperas: O lux beáta caelitum

O lux beáta caelitum
et summa spes mortálium,
Iesu, cui doméstica
arrísit orto cáritas;

María, dives grátia,
o sola quae casto potes
fovére Iesum péctore,
cum lacte donans óscula;

Tuque ex vetústis pátribus
delécte custos Vírginis,
dulci patris quem nómine
divína Proles ínvocat:

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Hinos da Liturgia das Horas: Saltério

“Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o nome do Senhor!” (Sl 112,3).

Já dedicamos quatro postagens aqui em nosso blog a apresentar os hinos da Liturgia das Horas (LH), oração oficial da Igreja para a santificação das horas do dia.

O hino, composição poética que expressa o sentido de cada hora, tempo ou festa litúrgica [1], está a serviço da glorificação de Deus e da santificação dos homens (cf. Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 07), junto com os salmos e cânticos bíblicos.

Liturgia das Horas
(Laudes do domingo da I semana do Saltério)

Dos 291 hinos que integram a LH reformada pelo Concílio Vaticano II já elencamos os hinos:

- do Próprio do Tempo - Advento, Natal, Quaresma e Páscoa (58 hinos);


- do Próprio dos Santos (73 hinos);

- e dos Comuns dos Santos (50 hinos).

Nesta postagem, portanto, elencaremos os 64 hinos do “Saltério”. O termo “Saltério” em sentido estrito designa o Livro dos Salmos. Na LH, por sua vez, esse termo é usado para indicar o ciclo de quatro semanas no qual foi dividida a recitação dos salmos.

Os salmos, com efeito, são recitados seguindo esse ciclo de quatro semanas ao longo de todo o Ano Litúrgico. Porém, os hinos do Saltério só são recitados no Tempo Comum, uma vez que os demais tempos litúrgicos possuem hinos próprios.

Os hinos do Saltério estão organizados em duas séries de 28 hinos cada: os hinos da I e III semanas e os hinos da II e IV semanas. Ou seja, enquanto os salmos são retomados a cada quatro semanas, os hinos são retomados a cada duas.

Vale ressaltar que esses hinos aprofundam o sentido próprio de cada hora, além de celebrar uma série de aspectos do mistério da salvação, como a criação ou a Trindade.

Além disso, para o Ofício das Leituras são indicados dois hinos: um para quando o Ofício é recitado à noite ou de madrugada e outro para quando este é recitado durante o dia.

Completam os hinos da LH os dois hinos à escolha para cada uma das “Horas Menores” ou “Hora Média” (9h, 12h e 15h) e os dois hinos à escolha para a oração da noite ou Completas. Esses hinos são recitados ao longo de todo o Ano Litúrgico, salvo duas exceções:
- os tempos da Quaresma e da Páscoa possuem hinos próprios para a Hora Média;
- o Tempo da Páscoa possui um hino próprio para as Completas.

Os quatro volumes da Liturgia das Horas (em latim)
(I: Advento-Natal; II: Quaresma-Páscoa;
III: Tempo Comum 1-17; IV: Tempo Comum 18-34)

Segue, pois, o “índice” dos hinos do Saltério, que iremos atualizando com os links à medida que formos realizando postagens sobre cada uma das composições, com seu texto em latim e em português e uma análise sobre sua teologia.

1. SEMANAS I E III

Domingo - Semanas I e III
I Vésperas: Deus, creátor ómnium (Ó Deus, autor de tudo)
Ofício das Leituras (noite): Primo diérum ómnium (Cantemos todos este dia)
Ofício das Leituras (dia): Dies aetásque céteris (Santo entre todos, já fulgura)
Laudes: Aetérne rerum cónditor (Ó Criador do universo)
II Vésperas: Lucis creátor óptime (Criador generoso da luz)

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Hinos da Liturgia das Horas: Festas do Senhor e da Virgem Maria

“Cantai ao Senhor Deus um canto novo” (Sl 95,1)

A Liturgia das Horas (LH), oração oficial da Igreja para a santificação das horas do dia, além dos salmos e cânticos bíblicos, oferece-nos 291 hinos, composições poéticas que sintetizam o sentido de cada hora, tempo ou festa litúrgica [1].

Em postagens anteriores já elencamos os hinos do Próprio dos Santos (celebrações específicas dos principais santos), dos Comuns dos Santos (textos para as várias “categorias” de santos) e do Próprio do Tempo (Advento, Natal, Quaresma, Páscoa).

Religiosa recita a Liturgia das Horas

Nesta postagem elencaremos 46 hinos das Solenidades e Festas do Senhor e da Virgem Maria. À medida que formos realizando postagens sobre cada um dos hinos, trazendo seu texto em latim e em português e uma análise sobre sua teologia, atualizaremos os links neste “índice”.

Vale recordar que as Solenidades do Senhor com data móvel relacionam-se ao Próprio do Tempo, enquanto as Solenidades e Festas com data fixa constam no Próprio dos Santos nos livros litúrgicos.

Em nossa postagem anterior  sobre o Próprio do Tempo já apresentamos os hinos de uma Festa do Senhor (Festa da Sagrada Família) e de uma Solenidade da Virgem Maria (Solenidade da Santa Mãe de Deus), uma vez que estão diretamente relacionadas ao Tempo do Natal.

Em nossa próxima postagem, por fim, traremos os hinos do Tempo Comum, isto é, os hinos que acompanham a recitação ordinária do Saltério.

1. SOLENIDADES E FESTAS DO SENHOR

a) Celebrações com data móvel:

Solenidade da Santíssima Trindade
I e II Vésperas: Imménsa et una, Trínitas (Ó Trindade imensa e una)
Ofício das Leituras: Te Patrem summum genitúmque Verbum (A vós, Pai santo, ao Verbo)
Laudes: Trínitas, summo sólio corúscans (Ó Trindade, num sólio supremo)

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi)
I e II Vésperas: Pange, lingua, gloriósi córporis mystérium (Vamos todos louvar juntos) [2]
Ofício das Leituras: Sacris sollémniis iuncta sint gáudia (A Santa Festa alegres celebremos)
Laudes: Verbum supérnum pródiens nec Patris (Eis que o Verbo, habitando entre nós) [3]