segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Confirmada data da Canonização de João Paulo II e João XXIII

Na manhã de hoje, 30 de setembro, Sua Santidade o Papa Francisco presidiu um Consistório Ordinário Público para tratar das Causas de Canonização de João XXIII e João Paulo II no Palácio Apostólico.


Diante de todos os Cardeais presentes em Roma, após o pedido feito pelo Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Ângelo Amato, o Papa declarou oficialmente que a canonização dos Beatos João XXIII e João Paulo II, Papas, será celebrada no dia 27 de Abril de 2014, II Domingo da Páscoa (também chamado "Domingo da Divina Misericórdia").

Segue o vídeo do anúncio feito pelo Papa Francisco:


domingo, 29 de setembro de 2013

Homilia de São Gregório Magno sobre os Arcanjos

Celebramos hoje, 29 de setembro, a Festa de São Miguel, São Gabriel e São Rafael, Arcanjos. Publicamos a homilia de São Gregório Magno (século VI) sobre os Arcanjos, que é recitada no Ofício das Leituras deste dia:

São Gregório Magno, Papa
Das Homilias sobre os Evangelhos
"A palavra anjo indica o ofício, não a natureza"

É preciso saber que a palavra anjo indica o ofício, não a natureza. Pois estes santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre podem ser chamados anjos, porque somente são anjos quando por eles é feito algum anúncio. Aqueles que anunciam fatos menores são ditos anjos; os que levam as maiores notícias, arcanjos.
Foi por isto que à Virgem Maria não foi enviado um anjo qualquer, mas o arcanjo Gabriel; para esta missão, era justo que viesse o máximo anjo para anunciar a máxima notícia.
Por este motivo também a eles são dados nomes especiais para designar, pelo vocábulo, seu poder na ação. Naquela santa cidade, onde há plenitude da ciência pela visão do Deus onipotente, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros. Mas quando vêm até nós para cumprir uma missão, trazem também entre nós um nome derivado desta missão. Assim Miguel significa: “Quem como Deus?”; Gabriel, “Força de Deus”; e Rafael, “Deus cura”.
Todas as vezes que se trata de grandes feitos, diz-se que Miguel é enviado, porque pelo próprio nome e ação dá-se a entender que ninguém pode por si mesmo fazer o que Deus quer destacar. Por isto, o antigo inimigo, que por soberba cobiçou ser igual a Deus, dizendo: Subirei ao céu, acima dos astros do céu erguerei meu trono, serei semelhante ao Altíssimo ( cf. Is 14,13-14), no fim do mundo, quando será abandonado às próprias forças para ser destruído no extremo suplício, pelejará com o arcanjo Miguel, como diz João: Houve uma luta com Miguel arcanjo (Ap 12,7).
A Maria é enviado Gabriel, que significa “Força de Deus”. Vinha anunciar aquele que se dignou aparecer humilde para combater as potestades do ar.Portanto devia ser anunciado pela força de Deus o Senhor dos exércitos que vinha poderoso no combate.
Rafael, como dissemos, significa “Deus cura”, porque ao tocar nos olhos de Tobias como que num ato de cura, lavou as trevas de sua cegueira. Quem foi enviado a curar, com justiça se chamou “Deus cura”.


Para conhecer um pouco mais sobre a história e o significado dessa celebração, clique aqui.

sábado, 28 de setembro de 2013

Pílulas Litúrgicas agora no Facebook

Hoje inauguramos um novo meio de evangelização e formação, utilizando-se dos novos meios de comunicação: a partir desta data, o blog Pílulas Litúrgicas passa a ter uma página no Facebook.

O objetivo desta página é fazer chegar até mais pessoas os conteúdos de nosso blog, dada a popularidade do Facebook em nossos dias.

Assim, buscamos atender ao desejo da Igreja, expresso no Concílio Vaticano II:

É desejo ardente da mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria natureza da Liturgia exige e que é, por força do Batismo, um direito e um dever do povo cristão (Sacrosanctum Concilium, n. 14)

Aos que nos acompanham e possuem um perfil no Facebook, convidamos a curtir a nova página:


Pedimos a Deus a graça de continuar servindo à Santa Igreja, fazendo chegar aos corações dos fieis um pouco da infinita beleza que Ele nos revela nas celebrações litúrgicas.

Seminarista André Florcovski
Autor do blog "Pílulas Litúrgicas"

Papa Bento XVI apoia nossa iniciativa!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Nomeação de novos consultores para o Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice

Na manhã de hoje, 26 de setembro de 2013, Sua Santidade o Papa Francisco nomeou como novos consultores para  o Ofício de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice:

Padre Silvano Maria Maggiani, O.S.M., Professor de Liturgia e teologia Sacramental no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo e na Pontifícia Faculdade Teológica "Marianum";

Padre Corrado Maggioni, S.M.M., "Capo Ufficio" na Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos;

Padre Giuseppe Midili, O. Carm., Diretor do Ofício Litúrgico da Diocese de Roma e Professor de Liturgia Pastoral no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo;

Monsenhor Angelo Lameri, do Clero da Diocese de Crema, Professor de Liturgia na Pontifícia Universidade Lateranense;

Arquimandrita Manuel Nin, O.S.B., Reitor do Pontifício Colégio Grego em Roma.

Os consultores continuam exercendo suas atuais funções normalmente. Em casos especiais podem ser consultados sobre alguma questão relativa à Sagrada Liturgia. Os consultores também publicam periodicamente alguns estudos, disponíveis no site da Santa Sé.



Fonte: Santa Sé

Catequese do Papa: A Santa Mãe Igreja II

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 18 de Setembro
 de 2013

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, volto a falar sobre a imagem da Igreja como mãe. Gosto muito desta imagem da Igreja como mãe. Por este motivo quis voltar a falar sobre ela, porque me parece que esta imagem nos diz não só como é a Igreja, mas também que rosto esta nossa Mãe-Igreja deveria ter cada vez mais.
Gostaria de frisar três situações, considerando sempre as nossas mães, tudo o que elas fazem, vivem e sofrem pelos próprios filhos, continuando aquilo que eu disse na quarta-feira passada. Interrogo-me: o que faz uma mãe?
Antes de tudo, ensina a caminhar na vida, ensina a comportar-se bem na vida, sabe como orientar os filhos, procura sempre indicar o caminho recto na vida para crescer e para se tornar adultos. E fá-lo sempre com ternura, carinho e amor, até quando procura endireitar o nosso caminho, porque nos desviamos um pouco na vida ou seguimos veredas que levam para um precipício. A mãe sabe o que é importante, para que o filho caminhe bem na vida, e não o aprendeu dos livros, mas do próprio coração. A Universidade das mães é o seu coração! Ali elas aprendem a orientar os seus filhos.
A Igreja age do mesmo modo: orienta a nossa vida, oferece-nos ensinamentos para caminhar bem. Pensemos nos dez Mandamentos: indicam-nos uma senda a percorrer para amadurecer, para dispor de pontos firmes no modo de nos comportarmos. E são fruto da ternura, do amor do próprio Deus que no-los concedeu. Vós podereis dizer-me: mas são ordens! São um conjunto de «nãos»! Gostaria de vos convidar a lê-los - talvez os tenhais esquecido um pouco - e depois a considerá-los positivamente. Vereis que dizem respeito ao modo de nos comportarmos em relação a Deus, a nós mesmos e ao próximo, precisamente como nos ensina a nossa mãe, para vivermos bem. Convidam-nos a não construir ídolos materiais que depois nos tornam escravos, a recordar-nos de Deus, a ter respeito pelos pais, a ser honestos, a respeitar os outros... Procurai vê-los assim, a considerá-los como se fossem as palavras, os ensinamentos sugeridos pela mãe para caminhar bem na vida. A mãe nunca ensina o que é mal, mas só quer o bem dos filhos, e é assim que a Igreja age.
Gostaria de vos dizer algo mais: quando um filho cresce, torna-se adulto, toma o seu caminho, assume as suas responsabilidades, caminha com as próprias pernas, faz o que quer e, às vezes, pode até sair do caminho, acontece algum incidente. Em todas as situações, a mãe tem sempre a paciência de continuar a acompanhar os filhos. O que a impele é a força do amor; a mãe sabe acompanhar com discrição e ternura o caminho dos filhos e até quando erram procura sempre o modo de os compreender, para estar próxima, para ajudar. Nós - na minha terra - dizemos que a mãe sabe «dar la cara». Que significa? Quer dizer que a mãe sabe «dar a cara» pelos próprios filhos, ou seja, é levada a defendê-los sempre. Penso nas mães que sofrem pelos filhos na prisão, ou em situações difíceis: não se perguntam se são culpados ou não, continuam a amá-los e muitas vezes sofrem humilhações, mas não têm medo, não deixam de se doar.
A Igreja é assim, é uma mãe misericordiosa que entende, que procura sempre ajudar, encorajar, até quando os seus filhos erram, e nunca fecha as portas da Casa; não julga, mas oferece o perdão de Deus, oferece o seu amor que convida a retomar o caminho até aos filhos que caíram num precipício profundo, a Igreja não tem medo de entrar na sua noite para dar esperança; a Igreja não tem medo de entrar na nossa noite, quando estamos na escuridão da alma e da consciência, para nos infundir a esperança, pois a Igreja é mãe!
Um último pensamento. A mãe sabe também pedir, bater a todas as portas pelos próprios filhos, sem calcular; fá-lo com amor. E penso no modo como as mães sabem bater, também e sobretudo, à porta do Coração de Deus! As mães rezam muito pelos seus filhos, especialmente pelos mais frágeis, por quantos enfrentam maiores necessidades, por aqueles que na vida empreenderam caminhos perigosos ou errados. Há poucas semanas celebrei na igreja de Santo Agostinho, aqui em Roma, onde estão conservadas as relíquias da sua mãe, santa Mónica. Quantas orações elevou a Deus aquela santa mãe pelo filho, e quantas lágrimas derramou! Penso em vós, amadas mães: quanto rezais pelos vossos filhos, sem vos cansardes! Continuai a rezar, a confiar os vossos filhos a Deus; Ele tem um coração grande! Batei à porta do Coração de Deus com a prece pelos filhos!
E assim age também a Igreja: põe nas mãos do Senhor, com a oração, todas as situações dos seus filhos. Confiemos na força da oração da Mãe-Igreja: o Senhor não permanece insensível. Ele sabe surpreender-nos sempre, quando menos esperamos. A Mãe-Igreja sabe fazê-lo!
Eis, estes eram os pensamentos que que vos queria transmitir hoje: vejamos na Igreja uma boa mãe que nos indica o caminho a percorrer na vida, que sabe ser sempre paciente, misericordiosa, compreensiva, e que sabe pôr-nos nas mãos de Deus.



 Fonte: Santa Sé

Mais fotos da Vigília de oração pela paz no Vaticano

Esta semana a Santa Sé publicou mais algumas fotos da Vigília de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio e em todo o mundo celebrada pelo Papa Francisco na Praça de São Pedro no último dia 07 de setembro:

Entronização do ícone da Salus populi romani

Recitação do Santo Rosário
Homilia do Santo Padre
Oferta das flores

domingo, 22 de setembro de 2013

Cardeal Piacenza é nomeado Penitenciário-Mor

Sua Santidade, o Papa Francisco, nomeou na manhã de ontem como Penitenciário-Mor da Santa Igreja o Cardeal Mauro Piacenza, até então Prefeito da Congregação para o Clero.

Cardeal Mauro Piacenza
Mauro Piacenza nasceu em 1944 em Gênova (Itália). Ordenado sacerdote em 1969, foi eleito bispo titular e Presidente da Pontifícia Comissão para o Patrimônio Cultural da Igreja em 2003. Em 2007 foi promovido a Arcebispo e nomeado Secretário da Congregação para o Clero.

Em 2010, sucede o Cardeal Cláudio Hummes como Prefeito da Congregação para o Clero, sendo criado Cardeal pelo Papa Bento XVI no mesmo ano, recebendo a Diaconia de São Paulo "alle Tre Fontane".


O Cardeal Piacenza sempre foi um grande defensor da Santa Igreja e em especial da Sagrada Liturgia. Sob sua direção, a Congregação para o Clero publicou dois importantes documentos:

O Sacerdote, ministro da Misericórdia Divina (Subsídio para confessores e diretores espirituais) - 2011


Como Penitenciário-Mor, o Cardeal Piacenza sucede ao Cardeal Manuel Monteiro de Castro, que renunciou por limite de idade (75 anos). Sua função é tutelar a doutrina das indulgências na Igreja e conceder em nome do Santo Padre indulgências especiais quando oportuno.

Gostaríamos de manifestar aqui nosso agradecimento pelo trabalho realizado pelo Cardeal Piacenza na Congregação do Clero, certos de que seu zelo apostólico trará ainda muitos frutos para a Igreja em sua nova missão. Ao mesmo tempo, mantemos-no em nossas orações, dado que é de conhecimento público a fragilidade de sua saúde.
Cardeal Piacenza passa mal durante Missa no Domingo de Ramos (2013)

Como novo Prefeito da Congregação para o Clero, o Santo Padre nomeou Dom Beniamino Stella, Arcebispo Titular de Midila, até então Presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica (responsável pela formação dos Núncios Apostólicos).

Dom Beniamino Stella
Fonte: Santa Sé.  

Catequese do Papa: São Mateus

Quase concluindo nossa série de postagens sobre os Apóstolos no Ano da Fé, publicamos a catequese do Papa Bento XVI sobre São Mateus, cuja festa celebramos no dia 21 de setembro:

 Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 30 de Agosto de 2006
Mateus

Queridos irmãos e irmãs!
Prosseguindo a série de retratos dos doze Apóstolos, que começamos há algumas semanas, hoje detemo-nos em Mateus. Na verdade, apresentar completamente a sua figura é quase impossível, porque as notícias que lhe dizem respeito são poucas e fragmentadas. Mas o que podemos fazer, não é tanto um esboço da sua biografia, mas ao contrário o perfil que o Evangelho transmite.
Entretanto, ele está sempre presente nos elencos dos Doze escolhidos por Jesus (cf. Mt 10,3; Mc 3,18; Lc 6,15; At 1,13). O seu nome hebraico significa "dom de Deus". O primeiro Evangelho canônico, que tem o seu nome, apresenta-no-lo no elenco dos Doze com uma qualificação bem clara: "o publicano" (Mt 10,3). Desta forma ele é identificado com o homem sentado no banco dos impostos, que Jesus chama ao seu seguimento: "Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: 'Segue-me!'. Ele levantou-se e seguiu-o" (Mt 9,9). Também Marcos (cf. 2,13-17) e Lucas (cf. 5,27-30) narram a chamada do homem sentado no posto de cobrança, mas chamam-no "Levi". Para imaginar o cenário descrito em Mt 9,9 é suficiente recordar a magnífica tela de Caravaggio, conservada aqui em Roma na Igreja de São Luís dos Franceses. Dos Evangelhos sobressai um ulterior pormenor biográfico: no trecho que precede imediatamente a narração da chamada é referido um milagre realizado por Jesus em Cafarnaum (cf. Mt 9,1-8; Mc 2,1-12) e é mencionada a proximidade do Mar da Galileia, isto é, do Lago de Tiberíades (cf. Mc 2,13-14). Disto pode deduzir-se que Mateus desempenhasse a função de cobrador em Cafarnaum, situada precisamente "à beira-mar" (Mt 4,13), onde Jesus era hóspede fixo na casa de Pedro.
Com base nestas simples constatações que resultam do Evangelho podemos fazer algumas reflexões. A primeira é que Jesus acolhe no grupo dos seus íntimos um homem que, segundo as concepções em vigor na Israel daquele tempo, era considerado um público pecador. De fato, Mateus não só administrava dinheiro considerado impuro devido à sua proveniência de pessoas estranhas ao povo de Deus, mas colaborava também com uma autoridade estrangeira odiosamente ávida, cujos tributos podiam ser determinados também de modo arbitrário. Por estes motivos, mais de uma vez os Evangelhos falam unitariamente de "publicanos e pecadores" (Mt 9,10; Lc 15,1), de "publicanos e prostitutas" (Mt 21,31). Além disso eles veem nos publicanos um exemplo de mesquinhez (cf. Mt 5,46: amam os que os amam) e mencionam um deles, Zaqueu, como "chefe dos publicanos e rico" (Lc 19,2), enquanto a opinião popular os associava a "ladrões, injustos, adúlteros" (Lc 18,11). É ressaltado um primeiro dado com base nestes elementos: Jesus não exclui ninguém da própria amizade. Ao contrário, precisamente porque se encontra à mesa em casa de Mateus-Levi, em resposta a quem falava de escândalo pelo fato de ele frequentar companhias pouco recomendáveis, pronuncia a importante declaração: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mc 2,17).
O bom anúncio do Evangelho consiste precisamente nisto: na oferenda da graça de Deus ao pecador! Noutro texto, com a célebre parábola do fariseu e do publicano que foram ao Templo para rezar, Jesus indica inclusivamente um anônimo publicano como exemplo apreciável de confiança humilde na misericórdia divina: enquanto o fariseu se vangloria da própria perfeição moral, "o cobrador de impostos... nem sequer ousava levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador'". E Jesus comenta: "Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado" (Lc 18,13-14). Na figura de Mateus, portanto, os Evangelhos propõem-nos um verdadeiro e próprio paradoxo: quem aparentemente está afastado da santidade pode até tornar-se um modelo de acolhimento da misericórdia de Deus e deixar entrever os seus maravilhosos efeitos na própria existência. Em relação a isto, São João Crisóstomo faz uma significativa anotação: ele observa que só na narração de algumas chamadas se menciona o trabalho que as pessoas em questão desempenhavam. Pedro, André, Tiago e João são chamados quando estão a pescar, Mateus precisamente quando cobra os impostos. Trata-se de trabalhos de pouca importância - comenta Crisóstomo - "porque não há nada mais detestável do que um cobrador de impostos e nada de mais comum do que a pesca" (In Matth. Hom.: PL 57, 363). A chamada de Jesus chega portanto também a pessoas de baixo nível social, enquanto desempenham o trabalho quotidiano.
Outra reflexão, que provém da narração evangélica, é que à chamada de Jesus, Mateus responde imediatamente: "ele levantou-se e seguiu-o". A condensação da frase ressalta claramente a prontidão de Mateus ao responder à chamada. Isto significava para ele o abandono de todas as coisas, sobretudo do que lhe garantia uma fonte de lucro seguro, mesmo se muitas vezes injusto e desonesto. Evidentemente Mateus compreendeu que a familiaridade com Jesus não lhe permitia perseverar em atividades desaprovadas por Deus. Intuiu-se facilmente a aplicação ao presente: também hoje não é admissível o apego a coisas incompatíveis com o seguimento de Jesus, como é o caso das riquezas desonestas. Certa vez Ele disse sem meios-termos: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me" (Mt 19,21). Foi precisamente isto que Mateus fez: levantou-se e seguiu-o! Neste "levantar-se" é legítimo ver o abandono de uma situação de pecado e ao mesmo tempo a adesão consciente a uma existência nova, recta, na comunhão com Jesus.
Por fim, recordamos que a tradição da Igreja antiga concorda na atribuição a Mateus da paternidade do primeiro Evangelho. Isto acontece já a partir de Papias, Bispo de Hierápolis na Frígia por volta do ano 130. Ele escreve: "Mateus reuniu as palavras (do Senhor) em língua hebraica, e cada um as interpretou como podia" (em Eusébio de Cesareia, Hist. eccl. III, 39, 16).
O historiador Eusébio acrescenta esta notícia: "Mateus, que primeiro tinha pregado aos hebreus, quando decidiu ir também a outros povos escreveu na sua língua materna o Evangelho por ele anunciado; assim, procurou substituir com a escrita, junto daqueles dos quais se separava, aquilo que eles perdiam com a sua partida" (ibid., III, 24, 6). Já não temos o Evangelho escrito por Mateus em hebraico ou em aramaico, mas no Evangelho grego que ainda continuamos a ouvir, de certa forma, a voz persuasiva do publicano Mateus que, tendo-se tornado Apóstolo, continua a anunciar-nos a misericórdia salvadora de Deus e ouvimos esta mensagem de São Mateus, meditamo-la sempre de novo para aprender também nós a levantar-nos e a seguir Jesus com determinação.


Fonte: Santa Sé

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A cor azul na Liturgia

O azul é considerado a mais “fria”, a mais “profunda”, a mais “imaterial” das cores. Está diretamente relacionado ao céu e, portanto, ao sagrado, ao divino, à santidade: em latim, com efeito, essa cor é denominada caeruleus (“cerúleo”), palavra derivada de caelum, céu.

O termo “azul”, por sua vez, deriva de lápis-lazúli, uma rocha de onde se extraía o pigmento dessa cor na Antiguidade e que significa literalmente “pedra do céu”: lapis é a palavra latina para “pedra”, enquanto “lazúli” deriva de um termo em sânscrito para “céu”.

No Cristianismo, a cor azul é tradicionalmente associada à Virgem Maria, sobretudo em alusão à “mulher do Apocalipse”: “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher...” (Ap 12,1).

Papa Francisco com uma casula branca com detalhes em azul
(01 de janeiro de 2016)

Uso da cor azul na Liturgia

O azul não é uma cor litúrgica no Rito Romano. Não obstante, após a proclamação o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria em 1854, seria permitido a algumas dioceses da Espanha (como Toledo ou Sevilha) o uso de paramentos azuis nas Missas em honra da Imaculada.

Essa concessão teria sido feita em reconhecimento à contribuição dos teólogos espanhóis na defesa do dogma. A devoção a “Nossa Senhora da Conceição”, com efeito, era bastante forte na Península Ibérica, tanto na Espanha quanto em Portugal.

Posteriormente a concessão seria estendida a regiões que anteriormente haviam pertencido ao Império Espanhol, como alguns países da América Latina (México, Cuba, Peru...) ou as Filipinas.

Missa da Solenidade da Imaculada Conceição
(08 de dezembro de 2012 - Librilla, Espanha)

Em setembro de 1903, com efeito, é publicado um elenco das atribuições da Congregação dos Ritos, incluindo a concessão do uso de paramentos azuis para o “reino espanhol” e as regiões que lhe pertenceram:

A cor preta na Liturgia

Simbologia:
Enquanto ausência de cor, o preto recorda imediatamente o vazio e a morte. Eis porque é a cor tradicionalmente usada para indicar luto, tristeza pela morte de alguém querido.

Ao mesmo tempo, o preto evoca a renúncia às realidades terrenas, referindo-se tanto aos que se consagram à Deus quanto aos que passam pela morte corporal para chegar às realidades eternas.

Uso:
A cor preta é usada nas exéquias e nas celebrações dos fieis defuntos (pode ser substituída pela cor roxa).

Seguem algumas fotos de bispos com a cor preta:

Dom Antonio Keller na Missa pelos defuntos (2011)
Dom Antonio Keller na Missa pelos defuntos (2012)
Dom Henrique da Costa em Missa exequial (2012)
Dom Henrique da Costa em Missa pelos defuntos (2012)

O Papa Bento XVI não usou paramentos pretos durante seu pontificado. Publicamos assim uma foto sua quando cardeal:

Cardeal Ratzinger em celebração exequial

A cor rosa na Liturgia

Simbologia:
O simbolismo da cor rosa é análogo à cor roxa, da qual deriva: o convite à penitência e à conversão. Porém, o rosa une o roxo ao branco, recordando que o tempo de penitência está perto do fim e um novo tempo se aproxima: o tempo da festa e da alegria.

Uso:
A cor rosa usa-se em apenas dois domingos do Ano Litúrgico: o Gaudete (III do Advento) e o Laetare (IV da Quaresma). Na ausência de paramentos de cor rosa, pode-se usar a cor roxa.

Seguem algumas fotos do Papa Bento XVI e de outros bispos com a cor rosa:

Domingo Gaudete (2012)
Domingo Gaudete (2011)
Domingo Gaudete (2010)
Dom Keller no Domingo Laetare (2012)
Dom Henrique Soares da Costa no Domingo Gaudete (2012)

A cor roxa na Liturgia

Simbologia:
O roxo é uma cor mista: une quantidades iguais de vermelho e azul. Se o vermelho indica nossa humanidade (cor do sangue) e o azul recorda a divindade (cor do céu), o roxo surge como a cor do equilíbrio entre divino e humano.

Por isso esta cor é ligada à penitência, pois chama à conversão, buscando transformar nossa fragilidade humana assumindo os gestos de santidade de Cristo.

Uso:
A cor roxa é utilizada:
  1. Nos Tempos da Quaresma e do Advento;
  2. Nas celebrações de caráter penitencial;
  3. No Sacramento da Penitência;
  4. Nos exorcismos;
  5. Nas exéquias e ofícios pelos fieis defuntos (podendo ser substituído pelo preto).
Seguem algumas fotos do Papa Bento XVI com a cor roxa:

Quarta-feira de Cinzas (2013)
Quarta-feira de Cinzas (2011)
I Vésperas do I Domingo do Advento (2012)
I Vésperas do I Domingo do Advento (2009)
Viagem ao México (Quaresma de 2012)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A cor verde na Liturgia

Simbologia:
O verde simboliza a criação, pois é a cor das plantas em seu vigor. Recorda a ação de Deus em favor do homem: “em verdes prados me faz repousar” (Sl 23, 1-2).

Igualmente associada à vitalidade das plantas, o verde evoca a esperança: assim como as plantas parecem perecer no inverno, mas renascem verdejantes na primavera, assim também a humanidade em meio aos sofrimentos deste mundo espera na certeza do paraíso.

Uso:

A cor verde é usada em todas as celebrações do Tempo Comum.

Seguem algumas fotos do Papa Bento XVI com a cor verde:

Conclusão do Sínodo dos Bispos (2012)

Abertura do Ano da Fé (2012)
Visita a Frascati (2012)
Visita a Lamezia Treme (2011)

A cor vermelha na Liturgia

Simbologia:
A cor vermelha é, antes de tudo, símbolo da vida, pois é a cor do sangue. Por isso, está associada ao sacrifício de Cristo e de todos aqueles que morrem pela fé.

Por significar esta entrega da própria vida, o vermelho é também a cor do amor e da ação do Espírito Santo.

Uso:
A cor vermelha é usada nas seguintes celebrações:
  1. No Domingo de Ramos e na Celebração da Paixão do Senhor;
  2. No Domingo de Pentecostes e nas demais celebrações do Espírito Santo;
  3. Nas celebrações da Paixão do Senhor;
  4. Nas celebrações dos Apóstolos (exceto São João);
  5. Nas celebrações dos Mártires;
  6. No Sacramento da Confirmação;
  7. Na exposição de relíquias da Santa Cruz e dos mártires;
  8. Nas exéquias do Papa e dos cardeais.
Seguem algumas fotos do Papa Bento XVI com paramentos vermelhos:

Celebração da Paixão do Senhor (2012)
Domingo de Ramos (2012)
Solenidade de Pentecostes (2012)
Missa do Preciosíssimo Sangue do Senhor (2010)
I Vésperas da Solenidade de São Pedro e São Paulo (2008)

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A cor branca na Liturgia

Simbologia:
Síntese de todas as cores, o branco recorda primeiramente a luz divina. Eis porque Cristo, em sua Transfiguração, aparece em vestes brancas (Mt 17, 2; Mc 9, 3; Lc 9, 29).

O branco é também a cor da pureza, a cor dos santos (Ap 7, 13-14). No Batismo recebemos uma veste branca, símbolo de nossa dignidade de filhos de Deus.

O branco é, em suma, a cor da alegria. Por este caráter, análogas ao branco na Liturgia são as vestes festivas: douradas (e sua simplificação, as amarelas) e prateadas.

O branco (ou festivo) pode ser usado mesmo nas celebrações em que estão prescritas outras cores, quando se celebra com mais solenidade (cf. IGMR, n. 346g)

Uso:
O branco sempre foi a cor mais utilizada na Liturgia. Além daqueles paramentos e alfaias que são sempre brancos (amito, alva, sobrepeliz, gremial, toalha do altar...), nos paramentos que mudam conforme o ofício usa-se a cor branca.
  1. Nos Tempos do Natal e da Páscoa;
  2. Na Missa Crismal e na Missa in Coena Domini;
  3. Nas celebrações do Senhor, exceto as da Paixão;
  4. Nas celebrações da Virgem Maria;
  5. Na solenidade de Todos os Santos;
  6. Nas celebrações dos anjos e dos santos não-mártires;
  7. Na solenidade da Natividade de São João Batista;
  8. Nas Festas de São João Evangelista, da Cátedra de São Pedro e da Conversão de São Paulo;
  9. No Batismo, no Matrimônio, nas Ordenações e na Unção dos Enfermos;
  10. Na Dedicação de igreja e de altar, na Bênção Abacial, na Profissão Religiosa e na Instituição de leitores e acólitos;
  11. Nas bênçãos fora da Missa;
  12. Na exposição e bênção do Santíssimo Sacramento;
  13. Nas exéquias de crianças.
  14. Em outras celebrações, quando indicado nos livros litúrgicos.
O branco ainda pode ser usado nas concelebrações, quando faltam paramentos da cor do dia. No caso, apenas o celebrante principal usa a cor do ofício e os concelebrantes usam a cor branca.

Seguem algumas fotos do Papa Bento XVI com paramentos brancos (e festivos):

Vigília Pascal (2012)
Domingo de Páscoa (2012)
Natal do Senhor (2012)
Festa da Apresentação do Senhor (2013)
Solenidade de Cristo Rei (2010)

Fotos da Ordenação Episcopal de Mons. Konrad Krajewski

No dia de ontem, 17 de setembro de 2013, no Altar da Cátedra da Basílica Vaticana, recebeu a Sagração Episcopal o Monsenhor Konrad Krajewski, até então Cerimoniário Pontifício, nomeado Arcebispo Titular de Benevento e Elemosineiro Apostólico.

O sagrante principal foi o Cardeal Giuseppe Bertello, Presidente do Governatorato do Vaticano. Os co-sagrantes foram os Arcebispos Piero Marini, Presidente do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais, e Władysław Ziółek, Arcebispo Emérito de Łódź (Polônia).

Sua Santidade o Papa Francisco assistiu a Missa em veste talar, colocando uma estola para a imposição das mãos. O Papa foi assistido pelo Mestre de Cerimônias Litúrgicas Pontifícias, Mons. Guido Marini, que concelebrou a Missa.

Foi Mestre de Cerimônias da celebração Mons. Diego Giovanni Ravelli, que é o Cerimoniário do Cardeal Bertello. Os demais Cerimoniários Pontifícios estavam igualmente presentes, exercendo seu ofício ou concelebrando.

Seguem algumas fotos da celebração, publicadas no Facebook:

Apresentação do eleito
Homilia
Ladainha

Imposição das mãos: Card. Bertello