No dia 14 de
setembro celebramos a
Festa da Exaltação da Santa Cruz. Aproveitamos a ocasião
para propor as meditações da Via Sacra presidida pelo Papa Francisco junto ao
Coliseu romano na Sexta-feira Santa de 2017.
As meditações, preparadas
pela teóloga francesa Anne-Marie Pelletier, seguiram o esquema da “
Via Sacra Bíblica”, com algumas modificações.
Como ilustrações,
propomos as doze esculturas que compõem a Via Sacra do Santuário de Nossa
Senhora de Ta’ Pinu, em Malta, que também seguem um esquema sui generis.
Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Sexta-feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Francisco
Coliseu, Roma - 14 de abril de 2017
Meditações: Sra. Anne-Marie Pelletier
Versículo introdutório
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per tuam Sanctam Crucem redemisti mundum. Domine, miserere nobis.
Santo Padre: Em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Introdução
Por fim, a Hora
chegou. O caminho de Jesus pelas estradas poeirentas da Galileia e da Judeia,
ao encontro dos corpos e dos corações atribulados, impelido pela urgência de
anunciar o Reino... esse caminho detém-se aqui, hoje. Na colina do Gólgota.
Hoje a cruz atravanca a estrada. Jesus não irá mais longe.
Impossível ir
mais longe!
Aqui o amor de
Deus obtém a sua medida plena: amor sem medida.
Hoje, o amor do
Pai, que deseja que todos os homens se salvem por intermédio do Filho, vai até
ao extremo, onde deixamos de ter palavras, onde ficamos desorientados, onde a
nossa religiosidade é ultrapassada pelo excesso dos desígnios de Deus.
Com efeito, o
sucedido no Gólgota é, contra todas as aparências, questão de vida, de graça e
de paz. Trata-se, não do reino do mal que conhecemos demasiado bem, mas da
vitória do amor.
E, precisamente
sob a mesma cruz, trata-se do nosso mundo, com todas as suas quedas e os seus
sofrimentos, os seus apelos e as suas revoltas, tudo aquilo que clama a Deus,
hoje, a partir das terras de miséria ou de guerra, nas famílias dilaceradas,
nas prisões, nas barcaças sobrecarregadas de migrantes...
Tantas lágrimas,
tanta miséria no cálice que o Filho bebe por nós.
Tantas lágrimas,
tanta miséria que não acabam perdidas no oceano do tempo, mas são recolhidas
por Ele, para ser transfiguradas no mistério de um amor em que o mal é
consumido.
É da invencível
fidelidade de Deus à nossa humanidade que se trata no Gólgota.
É um nascimento
que lá se realiza!
Devemos ter a
coragem de dizer que a alegria do Evangelho é a verdade deste momento!
Se o nosso olhar
não alcança esta verdade, então continuamos prisioneiros nas redes do
sofrimento e da morte. E tornamos vã, para nós, a Paixão de Cristo.
Oração
Senhor, os
nossos olhos estão ofuscados. Como acompanhar-Vos tão longe?
“Misericórdia” é
o vosso nome. Mas este nome é uma loucura.
Rompam-se os
odres velhos dos nossos corações!
Curai o nosso
olhar para que se ilumine com a boa notícia do Evangelho, na hora em que
estamos ao pé da Cruz do vosso Filho.
E nós poderemos
celebrar “a largura, o comprimento, a altura e a profundidade” (Ef 3,18) do amor de Cristo, com o coração
consolado e encandeado.
I Estação: Jesus é condenado à morte
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.