De 25 de janeiro a 02 de fevereiro de 2025 foi celebrada a 58ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em Jerusalém.
Essa iniciativa, que no hemisfério norte tem lugar de 18 a 25 de janeiro [1], na Cidade Santa tem início no sábado após o dia 19 de janeiro (06 de janeiro no calendário juliano), quando a Igreja Armênia celebra o Natal e as demais Igrejas Orientais celebram a Teofania.
Nessa semana as diversas igrejas cristãs em Jerusalém acolheram celebrações ecumênicas, reunindo representantes da Igreja Católica, das Igrejas Ortodoxas e das comunidades protestantes:
No dia 25 de janeiro de 2025 o Papa Francisco presidiu a oração das II Vésperas da Solenidade da Conversão de São Paulo [1] na Basílica de São Paulo fora dos muros na conclusão da 58ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, com o tema “Crês nisso?” (Jo 11,26).
A homilia do Papa foi centrada no Evangelho (Jo 11,17-27), do
qual foi tomado o tema da Semana da Unidade: “Crês nisso?” (v. 26).
Jesus chega à casa das suas amigas Marta e Maria, quando o irmão
delas, Lázaro, se encontrava morto já há quatro dias. Toda a esperança parece
perdida, de tal modo que as primeiras palavras de Marta exprimem a sua tristeza
e, simultaneamente, a sua consternação porque Jesus veio tarde demais: «Senhor,
se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido» (Jo 11,21). A
chegada de Jesus, porém, acende a luz da esperança no coração de Marta e a leva
a fazer uma profissão de fé: «Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus,
Ele te concederá» (v. 22). É aquela atitude de deixar sempre a porta
aberta, nunca fechada! E Jesus, com efeito, anuncia-lhe a ressurreição dos
mortos não apenas como um acontecimento que terá lugar no fim dos tempos, mas
como algo que já acontece no presente, porque Ele mesmo é ressurreição e vida.
E, depois, faz-lhe uma pergunta: «Crês nisso?» (v. 26). Essa pergunta é também
para nós, para ti, para mim: “Crês nisso?”.
Detenhamo-nos nessa interrogação: «Crês nisso?». É
uma pergunta concisa, mas exigente.
Este terno encontro entre Jesus e Marta, que escutamos no
Evangelho, ensina-nos que, mesmo nos momentos de desolação, não estamos sós e
podemos continuar a ter esperança. Jesus dá vida, mesmo quando parece que toda
a esperança desapareceu. Depois de uma perda dolorosa, uma doença, uma amarga
desilusão, uma traição ou outras experiências difíceis, a esperança pode
vacilar; mas, embora cada um de nós viva momentos de desespero ou encontre
pessoas que perderam a esperança, o Evangelho diz-nos que com Jesus a esperança
renasce sempre, porque Ele sempre nos reergue das cinzas da morte. Jesus nos
reergue sempre, dando-nos a força para retomar o caminho e recomeçar.
No dia 26 de março de 2024, Terça-feira da Semana Santa, o Cardeal Kevin Joseph Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, presidiu uma Vigília Ecumênica na Basílica de São Bartolomeu na Ilha Tiberina em Roma (San Bartolomeo all'Isola) para recordar os missionários mártires.
Após o Evangelho (Mc 13,5-13) e a homilia do Cardeal Farrell, foram recordados os missionários mortos em cada continente: Europa, Ásia (e Oceania), América, África. Após a invocação dos nomes dos missionários e de algumas preces, foi entronizada uma cruz de cada continente, ladeada por velas e ramos de oliveira [1].
A Basílica de São Bartolomeu, com efeito, desde o Grande Jubileu do Ano 2000 serve como “santuário dos novos mártires”. O dia dos missionários mártires, por sua vez, se celebra a 24 de março (que neste ano coincidiu com o Domingo de Ramos), data da morte de Santo Óscar Romero, Bispo (†1980).
De 18 a 25 de janeiro se celebra, sobretudo no hemisfério norte, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos [1].
Em Jerusalém, por sua vez, essa ocorre com um pequeno "atraso", para não coincidir com as celebrações da Teofania pelas Igrejas Orientais que seguem o calendário juliano (com 13 dias de diferença em relação ao calendário gregoriano).
Assim, de 20 a 28 de janeiro de 2024 as diversas igrejas cristãs da "Cidade Santa" acolheram uma série de celebrações ecumênicas, reunindo representantes da Igreja Católica, das Igrejas Ortodoxas e das comunidades protestantes:
20 de janeiro: Altar do Calvário da Basílica do Santo Sepulcro
No dia 25 de janeiro de 2024 o Papa Francisco presidiu a oração das Vésperas da Conversão de São Paulo na Basílica de São Paulo fora dos muros na conclusão da 57ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
Além dos representantes das Igrejas Ortodoxas e das comunidades protestantes, esteve presente o "Arcebispo" de Canterbury e Primaz da Comunhão Anglicana, Sr. Justin Welby.
O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli e pelo Monsenhor L'ubomir Welnitz. O livreto da celebração pode ser visto aqui.
No
Evangelho que ouvimos (Lc 10,25-37), o doutor da Lei, embora se dirija a
Jesus tratando-o por «Mestre», não quer deixar-se instruir por Ele, mas pô-lo à
prova. Entretanto, um equívoco ainda maior emerge da sua pergunta: «Que hei de
fazer para possuir a vida eterna?» (v. 25). Fazer para possuir, fazer para ter:
estamos perante uma religiosidade deturpada, assentada na posse e não no dom,
onde Deus é o meio para obter aquilo que quero, e não o fim que devo amar com
todo o coração. Mas Jesus é paciente e convida aquele homem a encontrar a
resposta na Lei em que é perito; nela se prescreve: «Amarás ao Senhor, teu
Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e
com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo» (v. 27).
Então o doutor da
Lei, «querendo justificar a pergunta», coloca uma segunda questão: «E quem é o
meu próximo?» (v. 29). Se, na primeira pergunta, se arriscava a reduzir Deus ao
próprio «eu», nesta procura-se dividir: dividir as pessoas entre aquelas que devemos
amar e aquelas que podemos ignorar. E dividir nunca vem de Deus; é do diabo,
que sempre divide. Jesus, porém, não replica com uma teoria, mas com a parábola
do bom samaritano, com uma história concreta, que interpela também a nós. Com
efeito, queridos irmãos e irmãs, quem se comporta mal, com indiferença, é o
sacerdote e o levita que antepõem, às carências de quem sofre, a salvaguarda
das suas tradições religiosas. Ao contrário, é um herege, um samaritano, que dá
sentido à palavra «próximo», porque se faz próximo: sente
compaixão, aproxima-se e inclina-se com ternura sobre as feridas daquele irmão;
cuida dele, independentemente do seu passado e das suas culpas, e serve-o com o
melhor de si mesmo (vv. 33-35). Isto permite a Jesus concluir que a pergunta
correta não é: «Quem é o meu próximo?», mas: «Eu… faço-me próximo?».
Só este amor que se torna serviço gratuito, só este amor que Jesus proclamou e
viveu, aproximará uns dos outros os cristãos separados. Sim, só este amor, que
não esquadrinha o passado para justificar distâncias ou acusações; só este amor
que, em nome de Deus, antepõe o irmão à férrea defesa do próprio sistema
religioso; só este amor nos unirá. Primeiro o irmão, depois o sistema.
Na tarde do sábado, 30 de setembro de 2023, o Papa Francisco presidiu na Praça de São Pedro uma Vigília Ecumênica de Oração na intenção da Primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se celebra em Roma de 04 a 29 de outubro.
A iniciativa, promovida pela Comunidade de Taizé, reuniu representantes das Igrejas Ortodoxas Bizantinas (incluindo o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla) e das Igrejas Ortodoxas Orientais (incluindo o Patriarca da Igreja Sírio-Ortodoxa de Antioquia, Ignatius Aphrem II), bem como das comunidades eclesiais protestantes (como o Primaz da Comunhão Anglicana, Justin Welby).
O Santo Padre foi assistido por Dom Diego Giovanni Ravelli. O livreto da celebração pode ser visto aqui.
Vigília Ecumênica de Oração na intenção da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos
Homilia do Papa Francisco
Praça de São Pedro
Sábado, 30 de setembro de 2023
«Togheter»-«Juntos», como a comunidade
cristã das origens no dia do Pentecostes, como um único rebanho, amado e
reunido por um só Pastor, Jesus. Como a grande multidão do Apocalipse,
estamos aqui, irmãos e irmãs «de todas as nações, tribos, povos e
línguas» (Ap 7,9), vindos de comunidades e países diferentes,
filhas e filhos do mesmo Pai, animados pelo Espírito recebido no Batismo,
chamados à mesma esperança (cf.Ef 4,4-5).
Obrigado pela vossa presença. Obrigado à Comunidade de Taizé por esta
iniciativa. Saúdo com grande afeto aos hierarcas das Igrejas, aos líderes e às
delegações das diferentes tradições cristãs, e saúdo a todos vós, especialmente
aos jovens: obrigado! Obrigado por terem vindo rezar por nós e conosco, em
Roma, antes da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, nas vésperas do
retiro espiritual que a precede. «Syn-odos»:caminhamos
juntos, não só os católicos, mas todos os cristãos, o povo inteiro dos
batizados, todo o Povo de Deus, porque «só o conjunto pode ser a unidade de
todos» (P. A. Möhler, Symbolik oder Darstellung der dogmatischen
Gegensätze der Katholiken und Protestanten nach ihren öffentlichen
Bekenntnisschnften, II,Köln-Olten, 1961, 698).
Como a grande multidão do Apocalipse, rezamos em silêncio,
ouvindo um grande «silêncio» (Ap 8,1). E o silêncio é
importante, é forte: pode expressar uma dor indescritível frente às desgraças,
mas também, nos momentos de alegria, um júbilo que transcende as palavras. Por
isso quero refletir brevemente convosco sobre a sua importância na vida
do crente, na vida da Igreja e no caminho de unidade dos cristãos. A
importância do silêncio.
O encontro dos dois hierarcas marca os 40 anos do encontro de Mathews I (†1996) com São João Paulo II (†2005) em 1983, primeira visita de um Catholicos da Igreja Malankara ao Bispo de Roma; e os 10 anos da visita de Paulose II ao Papa Francisco em 2013.
Após o encontro na Biblioteca Privada do Palácio Apostólico, os dois hierarcas participaram de um momento de oração na Capela Redemptoris Mater.
Com cerca de 2 milhões de fiéis, sobretudo na Índia, a Igreja Sírio-Ortodoxa Malankara, de tradição antioquena (siríaca ocidental), é uma das Igrejas Ortodoxas Orientais ou Pré-Calcedonianas, que fundamentam sua doutrina nos três primeiros Concílios Ecumênicos: Niceia (325), Constantinopla (381) e Éfeso (431).
No dia 11 de maio de 2023 o Papa Francisco participou de um momento de oração na Capela Redemptoris Mater do Palácio Apostólico com o Papa Tawadros IIde Alexandria, Patriarca da Igreja Ortodoxa Copta.
O encontro dos dois hierarcas marca os 50 anos da visita do Papa Shenouda III ao Papa Paulo VI em maio de 1973, quando ambos assinaram uma importante declaração conjunta, e os 10 anos da primeira visita de Tawadros a Francisco em 2013. Este retribuiria a visita em 2017, durante sua Viagem Apostólica ao Egito.
Antes do momento de oração, Tawadros presenteou o Papa Francisco com relíquias dos 21 mártires coptas martirizados pelo Estado Islâmico na Líbia em 2015. O Papa anunciou então que estes cristãos serão inseridos no Martirológio Romano, livro que reúne o elenco de todos os santos e beatos venerados pela Igreja. Sua comemoração certamente será estabelecida no dia da sua morte, 15 de fevereiro [1].
Em diversas ocasiões o Papa Francisco falou do “ecumenismo de sangue” que une cristãos de diferentes Igrejas. Já durante o Grande Jubileu do Ano 2000, com efeito, o Papa João Paulo II celebrou as “Testemunhas da fé do século XX”, recordando cristãos de diferentes tradições.
Encontro do Papa Francisco com o Papa Tawadros
Entrega das relíquias (Pedaços de vestes dos mártires manchadas com seu sangue)
No último sábado, 06 de maio de 2023, teve lugar na Abadia de Westminster em Londres a cerimônia de coroação do Rei Charles III, monarca do Reino Unido, nação formada por quatro países constituintes - Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte - e outros 14 reinos da Comunidade de Nações (Commonwealth).
Como destacamos em nossa postagem sobre o rito, a coroação é um sacramental inserido em um “serviço” (service) da Igreja Anglicana, presidido pelo Arcebispo de Canterbury, Justin Welby.
A seguir destacamos algumas imagens da celebração:
“Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça ao descendente da realeza!” (Sl 71,1).
No dia 06 de maio de 2023 tem lugar na Abadia de
Westminster em Londres a cerimônia de coroação do Rei Charles III, monarca
do Reino Unido, nação formada por quatro países constituintes -
Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte - e outros 14 reinos ao
redor do mundo.
Insígnias reais
Esta é certamente de uma ocasião histórica: a última
coroação teve lugar a 70 anos, no dia 02 de junho de 1953, quando foi coroada a
Rainha Elizabeth II (†2022). Além disso, o Reino Unido é a única monarquia cristã
que conserva um rito de coroação, inserido dentro de um “serviço” (service)
da Igreja Anglicana (Church of England) [1].
Embora se trate de um culto protestante - a Igreja Anglicana
rompeu a comunhão com a Igreja Católica em 1534 -, o rito conserva os elementos
essenciais presentes no Liber Regalis (The King’s Book), do
século XIV.
Antigas edições do Pontificale Romanum, com efeito,
traziam um Ordo de Benedictione et Coronatione Regis (Ritual da Bênção e
Coroação do Rei), o qual é um sacramental de caráter consecratório
(como, por exemplo, a bênção de abade ou a profissão religiosa).
Abadia de Westminster, sede tradicional das coroações
A seguir apresentamos brevemente a Liturgia do Rito de
Coroação do Rei Charles III (Liturgy for the Coronation Rite of His Majesty
King Charles III), publicada pelo Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, o
qual, como Primaz da Comunhão Anglicana, presidirá a cerimônia [2].
O rito possui várias reminiscências bíblicas, professando a
fé na realeza divina e recordando a unção dos reis, sacerdotes e profetas no
Antigo Testamento, como Davi e Salomão. Além disso, praticamente todos os cantos
estão inspirados nos Salmos, como veremos a seguir.
1. Ritos iniciais e Liturgia da Palavra
Antes do início da cerimônia têm lugar a entrada dos representantes
de outras religiões, dos representantes das Igrejas cristãs - alguns dos quais,
como veremos, terão um papel ativo em partes do rito - e das bandeiras dos reinos
da Comunidade de Nações (Commonwealth) [3].
A procissão de entrada propriamente dita - da qual
tomarão parte o Rei e a Rainha consorte, Camilla - será precedida pela “Cruz
de Gales” (Cross of Wales), uma cruz processional confeccionada recentemente
no respectivo país, a qual contém dois fragmentos da Santa Cruz doados
pelo Papa Francisco.
“Cruz de Gales” com as relíquias da Santa Cruz
Nesta procissão - acompanhada pelo canto do hino “I was
glad”, uma adaptação do Salmo 121 feita por Hubert Parry (†1918), com a aclamação em latim “Vivat Rex!” - serão
conduzidos também alguns estandartes e insígnias reais.
Diante do altar, o Rei será acolhido por uma das crianças
do coro. Trata-se de uma novidade inserida no ritual da coroação, acompanhada
por um pequeno diálogo de inspiração bíblica:
Criança: “Majestade, como filhos do Reino de Deus, lhe damos
as boas-vindas em nome do Rei dos Reis”.
Charles III: “Em seu nome, e seguindo seu exemplo, venho não
para ser servido, mas para servir”.
Após um momento de oração silenciosa, o Arcebispo” de
Canterbury dá início à cerimônia com a saudação inicial (“A graça de
nosso Senhor Jesus Cristo...”) e uma monição que exprime o significado da
celebração. O coro entoa então o Kyrieeleison em
gaélico (welsh), composto para a ocasião por Paul Mealor.