segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Catequese do Papa: São Simão e São Judas

Próximo da conclusão do Ano da Fé, publicamos a última postagem da série de Catequeses do Papa Bento XVI sobre os Apóstolos, meditando sobre São Simão e São Judas, cuja Festa celebramos dia 28 de outubro.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 11 de Outubro de 2006
Simão, o Cananeu e Judas Tadeu

Queridos irmãos e irmãs!
Hoje tomamos em consideração dois dos doze Apóstolos: Simão, o Cananeu e Judas Tadeu (que não se deve confundir com Judas Iscariotes). Consideramo-los juntos, não só porque nas listas dos Doze são sempre mencionados um ao lado do outro (cf. Mt 10,4; Mc 3,18; Lc 6,15; At 1,13), mas também porque as notícias que a eles se referem não são muitas, exceto o fato que o Cânon neotestamentário conserva uma carta atribuída a Judas Tadeu.
Simão recebe um epíteto que varia nas quatro listas: Mateus qualifica-o como "cananeu", Lucas define-o "zelote". Na realidade, as duas qualificações equivalem-se, porque significam a mesma coisa: na língua hebraica, de fato, o verbo qanà' significa "ser zeloso", "dedicado" e pode referir-se quer a Deus, porque é zeloso do povo por ele escolhido (cf. Ex 20,5), quer a homens que são zelosos no serviço a Deus único com dedicação total, como Elias (cf. 1Rs 19,10). Portanto, é possível que este Simão, se não pertencia exatamente ao movimento nacionalista dos zelotes, tivesse pelo menos como característica um fervoroso zelo pela identidade judaica, por conseguinte, por Deus, pelo seu povo e pela Lei divina. Sendo assim, Simão coloca-se no antípoda de Mateus, que ao contrário, sendo publicano, provinha de uma atividade considerada totalmente impura.
Sinal evidente que Jesus chama os seus discípulos e colaboradores das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem exclusão alguma. Ele interessa-se pelas pessoas, não pelas categorias sociais ou pelas atividades! E o mais belo é que no grupo dos seus seguidores, todos, mesmo se diversos, coexistiam, superando as inimagináveis dificuldades: de fato, era o próprio Jesus o motivo de coesão, no qual todos se reencontravam unidos. Isto constitui claramente uma lição para nós, com frequência propensos a realçar as diferenças e talvez as contraposições, esquecendo que em Jesus Cristo nos é dada a força para superar os nossos conflitos. Tenhamos também presente que o grupo dos Doze é a prefiguração da Igreja, na qual devem ter espaço todos os carismas, os povos, as raças, todas as qualidades humanas, que encontram a sua composição e a sua unidade na comunhão com Jesus.
No que se refere depois a Judas Tadeu, ele é chamado assim pela tradição, unindo ao mesmo tempo dois nomes diferentes: de fato, enquanto Mateus e Marcos o chamam simplesmente "Tadeu" (Mt 10,3; Mc 3,18), Lucas chama-o "Judas de Tiago" (Lc 6,16; At 1,13). O sobrenome Tadeu tem uma derivação incerta e é explicado ou como proveniente do aramaico taddà', que significa "peito" e, por conseguinte, significaria "magnânimo", ou como abreviação de um nome grego como "Teodoro, Teódoto". Dele são transmitidas poucas coisas. Só João assinala um seu pedido feito a Jesus durante a Última Ceia. Diz Tadeu ao Senhor: "Senhor, como aconteceu que te deves manifestar a nós e não ao mundo?". É uma pergunta de grande atualidade, que também nós fazemos ao Senhor: porque o Ressuscitado não se manifestou em toda a sua glória aos seus adversários para mostrar que o vencedor é Deus? Por que se manifestou só aos discípulos? A resposta de Jesus é misteriosa e profunda. O Senhor diz: "Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada" (Jo 14,22-23). Isto significa que o Ressuscitado deve ser visto, sentido também com o coração, de modo que Deus possa habitar em nós. O Senhor não se mostra como uma coisa. Ele quer entrar na nossa vida e por isso a sua manifestação é uma manifestação que exige e pressupõe o coração aberto. Só assim vemos o Ressuscitado.
Foi atribuída a Judas Tadeu a paternidade de uma das Cartas do Novo Testamento, que são chamadas "católicas" porque não se destinam a uma determinada Igreja local, mas a um círculo muito amplo de destinatários. De fato, ele dirige-se "aos eleitos amados por Deus Pai e guardados para Jesus Cristo" (v. 1). A preocupação central deste escrito é advertir os cristãos de todos os que, com o pretexto da graça de Deus, desculpam a própria devassidão e para desviar outros irmãos com ensinamentos inaceitáveis, introduzindo divisões dentro da Igreja "deixando-se levar pelo seu delírio" (v. 8), assim define Judas estas suas doutrinas e ideias especiais. Ele compara-os inclusivamente aos anjos caídos, e com palavras fortes diz que "seguiram pelo caminho de Caim" (v. 11). Além disso classifica-os sem reticências como "nuvens sem água que os ventos levam; árvores de outono sem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas; ondas furiosas do mar que repelem a espuma da sua torpeza; estrelas errantes condenadas à negrura das trevas eternas" (vv. 12-13).
Talvez hoje nós já não estejamos habituados a usar uma linguagem tão polêmica, que contudo nos diz uma coisa importante. No meio de todas as tentações que existem, com todas as correntes da vida moderna, devemos conservar a identidade da nossa fé. Certamente, o caminho da indulgência e do diálogo, que o Concílio Vaticano II felizmente empreendeu, deve ser sem dúvida prosseguida com uma constância firme. Mas este caminho do diálogo, tão necessário, não deve fazer esquecer o dever de reconsiderar e de evidenciar sempre com igual força as linhas-mestras e irrenunciáveis da nossa identidade cristã. Por outro lado, é necessário ter bem presente que esta nossa identidade exige força, clareza e coragem face às contradições do mundo em que vivemos. Por isso o texto epistolar prossegue assim: "Mas vós, caríssimos, fala a todos nós mantende-vos no amor de Deus, esperando que a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo vos conceda a vida eterna. Tratai com misericórdia aqueles que vacilam..." (vv. 20-22). A Carta conclui-se com estas bonitas palavras: "Àquele que é poderoso para vos livrar das quedas e vos apresentar diante da sua glória, imaculados e cheios de alegria, ao Deus único, nosso Salvador, por meio de Jesus Cristo, Senhor nosso, seja dada glória, a majestade, a soberania e o poder, antes de todos os tempos, agora e por todos os séculos, Amém" (vv. 24-25).
Vê-se bem que o autor destas frases vive plenamente a própria fé, à qual pertencem realidades grandes como a integridade moral e a alegria, a confiança e por fim o louvor, sendo motivado em tudo apenas pela bondade do nosso único Deus e pela misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, tanto Simão o Cananeu, como Judas Tadeu nos ajudam a redescobrir sempre de novo e a viver incansavelmente a beleza da fé cristã, sabendo dar um testemunho dela forte e ao mesmo tempo sereno.


Fonte: Santa Sé

Ângelus: XXIX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus 
Domingo, 20 de outubro de 2013

Prezados irmãos e irmãs,
No Evangelho de hoje Jesus narra uma parábola sobre a necessidade de rezar sempre, sem se cansar. A protagonista é uma viúva que, com a insistência da sua súplica a um juiz desonesto, obtém que ele lhe faça justiça. E Jesus conclui: se a viúva conseguiu convencer aquele juiz, julgais que Deus não nos ouve, se lhe suplicarmos com insistência? A expressão de Jesus é muito forte: «Porventura não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam por Ele dia e noite?» (Lc 18,7).

«Clamar dia e noite» por Deus! Impressiona-nos esta imagem da oração. Mas interroguemo-nos: por que motivo Deus quer isto? Não conhece Ele já as nossas necessidades? Que sentido tem «insistir» com Deus?

Trata-se de uma boa pergunta, que nos faz aprofundar um aspecto muito importante da fé: Deus convida-nos a rezar com insistência, não porque não sabe do que nós temos necessidade, nem porque não nos ouve. Pelo contrário, Ele ouve sempre e conhece tudo acerca de nós, com amor. No nosso caminho quotidiano, especialmente nas dificuldades, na luta contra o mal fora e dentro de nós, o Senhor não está distante, está ao nosso lado; nós lutamos, tendo-o ao nosso lado, e a nossa arma é precisamente a oração, que nos faz sentir a sua presença ao nosso lado, a sua misericórdia e também a sua ajuda. Mas a luta contra o mal é árdua e longa, exige paciência e resistência - como Moisés, que devia manter as mãos levantadas para fazer com que o seu povo vencesse (cf. Ex 17,8-13). É assim: há uma luta a empreender todos os dias; mas Deus é o nosso aliado, a fé n’Ele é a nossa força e a oração é a expressão desta fé. Por isso, Jesus assegura-nos a vitória, mas no final interroga-se: «Mas, quando o Filho do Homem vier, acaso encontrará fé sobre a terra?» (Lc 18,8). Se se apaga a fé, apaga-se a oração, e nós caminhamos na escuridão, perdemo-nos no caminho da vida.

Portanto, aprendamos da viúva do Evangelho a rezar sempre, sem nos cansarmos. Esta viúva era forte! Sabia lutar pelos seus filhos! E penso em tantas mulheres que lutam pela própria família, que rezam, que nunca se cansam. Uma recordação hoje, da parte de todos nós, a estas mulheres que com a sua atitude nos oferecem um verdadeiro testemunho de fé e de coragem, um modelo de oração! Uma recordação a elas! Rezemos sempre, mas não para convencer o Senhor com a força das palavras! Ele sabe melhor do que nós do que temos necessidade! Ao contrário, a oração perseverante é expressão da fé em um Deus que nos chama a combater com Ele, todos os dias, em cada momento, para vencer o mal com o bem.


Fonte: Santa Sé.

domingo, 27 de outubro de 2013

Catequese do Papa: Creio na Igreja apostólica

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 16 de Outubro de 2013

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Quando recitamos o Credo, dizemos: «Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica». Não sei se nunca meditastes sobre o significado que contém a expressão «a Igreja é apostólica». Talvez algumas vezes, vindo a Roma, pensastes na importância dos Apóstolos Pedro e Paulo que aqui entregaram a sua vida para anunciar e testemunhar o Evangelho.
Mas há mais. Professar que a Igreja é apostólica significa ressaltar o vínculo constitutivo que ela tem com os Apóstolos, com aquele pequeno grupo de doze homens que um dia Jesus convocou a si, chamando-os por nome, para que permanecessem com Ele para os enviar a pregar (cf. Mc 3, 13-19). Com efeito, «apóstolo», é uma palavra grega que quer dizer «mandado», «enviado». O apóstolo é uma pessoa mandada, enviada a fazer algo, e os Apóstolos foram escolhidos, chamados e enviados por Jesus, para dar continuidade à sua obra, ou seja, para rezar - é a primeira tarefa do apóstolo - e, segunda, anunciar o Evangelho. Isto é importante, porque quando pensamos nos Apóstolos, poderíamos pensar que só foram anunciar o Evangelho, realizar muitas obras. Mas nos primórdios da Igreja houve um problema porque os Apóstolos deviam fazer muitas coisas e então constituíram os diáconos, a fim de que para os Apóstolos sobrasse mais tempo para rezar e anunciar a Palavra de Deus. Quando pensamos nos sucessores dos Apóstolos, os Bispos, incluído o Papa porque também ele é Bispo, devemos perguntar se, em primeiro lugar, este sucessor dos Apóstolos antes de tudo reza e depois anuncia o Evangelho: isto significa ser apóstolo, e por isso a Igreja é apostólica. Todos nós, se quisermos ser apóstolos, como agora explicarei, devemos interrogar-nos: rezo pela salvação do mundo? Anuncio o Evangelho? Esta é a Igreja apostólica! É um vínculo constitutivo que temos com os Apóstolos.
Começando precisamente a partir daqui, gostaria de frisar de modo breve três significados do adjectivo «apostólica», aplicado à Igreja.
1. A Igreja é apostólica, porque está fundada na pregação e na oração dos Apóstolos, na autoridade que lhes foi conferida pelo próprio Cristo. São Paulo escreve aos cristãos de Éfeso: «Sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Jesus Cristo» (2, 19-20); ou seja, compara os cristãos com pedras vivas que formam um edifício, a Igreja, e este edifício está assente sobre os Apóstolos como colunas, enquanto a pedra que sustenta tudo é o próprio Jesus. Sem Jesus a Igreja não pode existir! Jesus é precisamente a base da Igreja, o fundamento! Os Apóstolos viveram com Jesus, ouviram as suas palavras, compartilharam a sua vida, sobretudo foram testemunhas da sua Morte e Ressurreição. A nossa fé, a Igreja que Cristo quis, não se fundamenta numa ideia, não se funda numa filosofia, mas no próprio Cristo. E a Igreja é como uma planta que, ao longo dos séculos, cresceu e se desenvolveu dando frutos, mas as suas raízes estão bem plantadas nele e a experiência fundamental de Cristo que viveram os Apóstolos, escolhidos e enviados por Jesus, chega até nós. Daquela planta pequenina até aos nossos dias: assim a Igreja está presente no mundo inteiro.
2. Mas interroguemo-nos: como é possível unir-nos a este testemunho, como pode chegar até nós o que os Apóstolos viveram com Jesus, aquilo que dele ouviram? Eis o segundo significado do termo «apostolicidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma que a Igreja é apostólica, porque «guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, a doutrina, o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos Apóstolos» (n. 857). A Igreja conserva ao longo dos séculos este tesouro inestimável que é a Sagrada Escritura, a doutrina, os Sacramentos, o ministério dos Pastores, de tal modo que podemos ser fiéis a Cristo e participar na sua própria vida. É como um rio que corre na história, se desenvolve e irriga, mas a água que escorre é sempre aquela que brota da nascente, e a fonte é o próprio Cristo: Ele é o Ressuscitado, Ele é o Vivente e as suas palavras não passam, porque Ele mesmo não passa, Ele está vivo, hoje Ele está presente aqui no meio de nós, Ele ouve-nos, nós falamos com Ele e Ele escuta-nos, está no nosso coração. Hoje Jesus está connosco! Esta é a beleza da Igreja: a presença de Jesus no meio de nós. Nunca pensamos como é importante este dom que Cristo nos concedeu, na dádiva da Igreja, onde o podemos encontrar? Pensamos porventura que é precisamente a Igreja no seu caminho ao longo destes séculos - não obstante as dificuldades, os problemas, as debilidades, os nossos pecados - que nos transmite a mensagem autêntica de Cristo? Que ela nos confere a certeza de que aquilo em que cremos é realmente o que Cristo nos comunicou?
3. O último pensamento: a Igreja é apostólica, porque é enviada a anunciar o Evangelho ao mundo inteiro. Continua no caminho da história a mesma missão que Jesus confiou aos Apóstolos: «Ide, pois, e ensinai todas as nações; baptizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo quanto vos tenho mandado. Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28, 19-20). Foi isto que Jesus pediu que fizéssemos! Insisto sobre este aspecto da missionariedade, porque Cristo convida todos a «ir» ao encontro dos outros, envia-nos, pede que nos movamos para anunciar a alegria do Evangelho! Mais uma vez, perguntemo-nos: somos missionários com a nossa palavra, mas sobretudo com a nossa vida cristã, com o nosso testemunho? Ou somos cristãos fechados no nosso coração e nas nossas igrejas, cristãos de sacristia? Cristãos apenas com palavras, mas que vivem como pagãos? Devemos fazer estas perguntas, que não constituem uma repreensão. Também eu o digo a mim mesmo: como sou cristão, verdadeiramente com o testemunho?
A Igreja tem as suas raízes no ensinamento dos Apóstolos, testemunhas autênticas de Cristo, mas olha para o futuro, tem a consciência firme de ser enviada - enviada por Jesus - de ser missionária, levando o nome de Jesus com a oração, o anúncio e o testemunho. Uma Igreja que se fecha em si mesma e no passado, uma Igreja que só considera as pequenas regras de hábitos e de atitudes é uma Igreja que atraiçoa a sua própria identidade; uma Igreja fechada atraiçoa a identidade que lhe é própria! Então, voltemos a descobrir hoje toda a beleza e responsabilidade de ser Igreja apostólica! E recordai-vos: Igreja apostólica porque rezamos - a primeira tarefa - e porque anunciamos o Evangelho com a nossa vida e com as nossas palavras.


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa celebrada pelo Papa na Jornada Mariana

No último dia 13 de outubro, Sua Santidade o Papa Francisco presidiu na Praça São Pedro a Santa Missa do XXVIII Domingo Comum durante a Jornada Mariana por ocasião do Ano da Fé.

Assistiram ao Santo Padre como cerimoniários os Monsenhores Guido Marini e Marco Agostini. No final da celebração, o Papa recitou diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima um ato de entrega à Maria. O livreto de celebração pode ser visualizado aqui.

Seguem algumas fotos divulgadas no Facebook e no site da Santa Sé:

Imagem de Nossa Senhora de Fátima
Procissão de entrada

Evangelho
Homilia

Homilia do Papa: XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Ano da Fé
Santa Missa na Jornada Mariana
Homilia do Papa Francisco
Praça de São Pedro
Domingo, 13 de outubro de 2013

Recitamos no Salmo: «Cantai ao Senhor um cântico novo, porque Ele fez maravilhas» (Sl  97,1).
Encontramo-nos hoje diante de uma das maravilhas do Senhor: Maria! Uma criatura humilde e frágil como nós, escolhida para ser Mãe de Deus, Mãe do seu Criador.
Precisamente olhando Maria à luz das Leituras que acabamos de escutar, queria refletir convosco sobre três realidades: a primeira, Deus surpreende-nos; a segunda, Deus pede-nos fidelidade; a terceira, Deus é a nossa força.

1. A primeira: Deus surpreende-nos. O caso de Naamã, comandante do exército do rei da Síria, é notável: para se curar da lepra, vai ter com o profeta de Deus, Eliseu, que não realiza ritos mágicos, nem lhe pede nada de extraordinário. Pede-lhe apenas para confiar em Deus e mergulhar na água do rio; e não dos grandes rios de Damasco, mas de um rio pequeno como o Jordão. É uma exigência que deixa Naamã perplexo e também surpreendido: Que Deus poderá ser este que pede uma coisa tão simples? A primeira vontade dele é retornar ao seu país, mas depois decide fazê-lo, mergulha no Jordão e imediatamente fica curado (cf. 2Rs 5,1-14). Vedes!? Deus surpreende-nos; é precisamente na pobreza, na fraqueza, na humildade que Ele se manifesta e nos dá o seu amor que nos salva, cura, dá força. Pede somente que sigamos a sua palavra e tenhamos confiança n’Ele.

Esta é a experiência da Virgem Maria: perante o anúncio do Anjo, não esconde a sua admiração. Fica admirada ao ver que Deus, para se fazer homem, escolheu precisamente ela, jovem simples de Nazaré, que não vive nos palácios do poder e da riqueza, que não realizou feitos extraordinários, mas que está disponível a Deus, sabe confiar n’Ele, mesmo não entendendo tudo: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). É a sua resposta. Deus surpreende-nos sempre, rompe os nossos esquemas, põe em crise os nossos projetos, e diz-nos: confia em mim, não tenhas medo, deixa-te surpreender, sai de ti mesmo e segue-me!

Hoje perguntemo-nos, todos, se temos medo daquilo que Deus poderá me pedir ou está pedindo. Deixo-me surpreender por Deus, como fez Maria, ou fecho-me nas minhas seguranças, seguranças materiais, seguranças intelectuais, seguranças ideológicas, seguranças dos meus projetos? Deixo verdadeiramente Deus entrar na minha vida? Como lhe respondo?

2. Na passagem lida de São Paulo, ouvimos o Apóstolo dizer ao seu discípulo Timóteo: Lembra-te de Jesus Cristo; se perseverarmos com Ele, também com Ele reinaremos (cf. 2Tm 2,8-13). Aqui está o segundo ponto: lembrar-se sempre de Cristo, a memória de Jesus Cristo, e isto significa perseverar na fé. Deus surpreende-nos com o seu amor, mas pede fidelidade em segui-lo. Podemos nos tornar “não fiéis”, mas Ele não pode; Ele é “o fiel” e pede-nos a mesma fidelidade. Pensemos quantas vezes já nos entusiasmamos por qualquer coisa, por uma iniciativa, por um compromisso, mas depois, ao surgirem os primeiros problemas, abandonamos. E, infelizmente, isto acontece também com as opções fundamentais, como a do Matrimônio. É a dificuldade de ser constantes, de ser fiéis às decisões tomadas, aos compromissos assumidos. Muitas vezes é fácil dizer «sim», mas depois não conseguimos repetir este «sim» todos os dias. Não conseguimos ser fiéis.

Maria disse o seu «sim» a Deus, um «sim» que transtornou a sua vida humilde de Nazaré, mas não foi o único; antes, foi apenas o primeiro de muitos «sins» pronunciados no seu coração tanto nos seus momentos felizes, como nos dolorosos... muitos «sins» que culminaram no «sim» ao pé da Cruz. Estão aqui hoje muitas mães; pensai até onde chegou a fidelidade de Maria a Deus: ver o seu único Filho na Cruz. A mulher fiel, de pé, destruída por dentro, mas fiel e forte.

E eu me pergunto: sou um cristão “soluçante” ou sou cristão sempre? Infelizmente, a cultura do provisório, do relativo penetra também na vivência da fé. Deus pede-nos para lhe sermos fiéis, todos os dias, nas ações quotidianas; e acrescenta: mesmo se às vezes não lhe somos fiéis, Ele é sempre fiel e, com a sua misericórdia, não se cansa de nos estender a mão para nos erguer e encorajar a retomar o caminho, a voltar para Ele e confessar-lhe a nossa fraqueza a fim de que nos dê a sua força. E este é o caminho definitivo: sempre com o Senhor, mesmo com as nossas fraquezas, mesmo com os nossos pecados. Nunca podemos ir pela estrada do provisório. Isto nos destrói. A fé é a fidelidade definitiva, como a de Maria.

3. O último ponto: Deus é a nossa força. Penso nos dez leprosos do Evangelho curados por Jesus: vão ao seu encontro, param à distância e gritam: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós» (Lc 17,13). Estão doentes, necessitados de serem amados, de terem força e procuram alguém que os cure. E Jesus responde libertando-os todos da sua doença. Causa estranheza, porém, o fato de ver que só regressa um para lhe agradecer, louvando a Deus em alta voz. O próprio Jesus o sublinha: eram dez que gritaram para obter a cura, mas só um voltou para gritar em voz alta o seu obrigado a Deus e reconhecer que Ele é a nossa força. É preciso saber agradecer, saber louvar o Senhor pelo que faz por nós.

Vejamos Maria: depois da Anunciação, o primeiro gesto que ela realiza é um ato de caridade para com a sua parente idosa, Isabel; e as primeiras palavras que profere são: «A minha alma engrandece o Senhor», ou seja, um cântico de louvor e agradecimento a Deus, não só pelo que fez nela, mas também pela sua ação em toda a história da salvação. Tudo é dom d’Ele. Se conseguimos entender que tudo é dom de Deus, então quanta felicidade teremos no nosso coração! Tudo é dom d’Ele. Ele é a nossa força! Dizer obrigado parece tão fácil, e todavia é tão difícil! Quantas vezes dizemos obrigado em família? Esta é uma das palavras-chaves da convivência. “Com licença”, “perdão”, “obrigado”: se em uma família se dizem estas três palavras, a família segue adiante. “Com licença”, “perdão”, “obrigado”. Quantas vezes dizemos “obrigado” junto da família? Quantas vezes dizemos “obrigado” a quem nos ajuda, vive perto de nós e nos acompanha na vida? Muitas vezes damos tudo isso como suposto! E o mesmo acontece com Deus. É fácil ir até ao Senhor para pedir alguma coisa, mas ir agradecê-lo... “Ah, isso é difícil”.

Continuando a Eucaristia, invocamos a intercessão de Maria, para que nos ajude a deixarmo-nos surpreender por Deus sem resistências, a sermos-lhe fiéis todos os dias, a louvá-lo e agradecer-lhe porque Ele é a nossa força. Amém.

Ato de entrega a Maria

Bem-aventurada Virgem de Fátima, com renovada gratidão pela tua presença materna unimos a nossa voz à de todas as gerações que te dizem bem-aventurada.
Celebramos em ti as grandes obras de Deus, que nunca se cansa de se inclinar com misericórdia sobre a humanidade, atormentada pelo mal e ferida pelo pecado, para a guiar e salvar.
Acolhe com benevolência de Mãe o ato de entrega que hoje fazemos com confiança, diante desta tua imagem a nós tão querida.
Temos a certeza que cada um de nós é precioso aos teus olhos e que nada te é desconhecido de tudo o que habita os nossos corações. Deixamo-nos alcançar pelo teu olhar dulcíssimo e recebemos a carícia confortadora do teu sorriso.
Guarda a nossa vida entre os teus braços: abençoe e fortalece qualquer desejo de bem; reacende e alimenta a fé; ampara e ilumina a esperança; suscita e anima a caridade; guia todos nós no caminho da santidade.
Ensina-nos o teu mesmo amor de predileção pelos pequeninos e pelos pobres, pelos excluídos e sofredores, pelos pecadores e os desorientados; reúne todos sob a tua proteção e recomenda todos ao teu dileto Filho, nosso Senhor Jesus.
Amém.


Fonte: Santa Sé.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fotos da Jornada Mariana no Ano da Fé

No último dia 12 de outubro, Sua Santidade o Papa Francisco presidiu na Praça de São Pedro a Celebração da Jornada Mariana por ocasião do Ano da Fé. 

Para esta celebração esteve presente a imagem de Nossa Senhora de Fátima que é venerada em seu Santuário, em Portugal, e em cuja coroa está incrustada a bala que atingiu o Papa João Paulo II em 1981.

Seguem algumas fotos da celebração, divulgadas pela Santa Sé:

Entronização da imagem de Nossa Senhora de Fátima

Papa venera a imagem


Palavras do Papa na Jornada Mariana no Ano da Fé

JORNADA MARIANA POR OCASIÃO DO ANO DA FÉ
PALAVRAS DO PAPA FRANCISCO
Praça de São Pedro
Sábado, 12 de Outubro de 2013

Amados irmãos e irmãs,
Este encontro do Ano da Fé é dedicado a Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, nossa Mãe. A sua imagem, vinda de Fátima, ajuda-nos a sentir a sua presença no meio de nós. Há uma realidade: Maria leva-nos sempre a Jesus. É uma mulher de fé, uma verdadeira crente. Podemos nos perguntar: como foi a fé de Maria?
1. O primeiro elemento da sua fé é este: a fé de Maria desata o nó do pecado (cf. Cons. Ecum. Vat. II, Cost. Dogm. Lumen gentium, 56). Que significa isto? Os Padres conciliares [do Vaticano II] retomaram uma expressão de Santo Ireneu, que diz: «O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva atara com a sua incredulidade, desatou-o a virgem Maria com a sua fé» (Adversus Haereses III, 22, 4).
Ei-lo, o «nó» da desobediência, o "nó" da incredulidade. Poderíamos dizer, quando uma criança desobedece à mãe ou ao pai, que se forma um pequeno «nó». Isto sucede, se a criança se dá conta do faz, especialmente se há pelo meio uma mentira; naquele momento, não se fia da mãe e do pai. Sabeis que isto acontece tantas vezes! Então a relação com os pais precisa de ser limpa desta falta e, de facto, pede-se desculpa para que haja de novo harmonia e confiança. Algo parecido acontece no nosso relacionamento com Deus. Quando não O escutamos, não seguimos a sua vontade e realizamos acções concretas em que demonstramos falta de confiança n’Ele – isto é o pecado –, forma-se uma espécie de nó dentro de nós. E estes nós tiram-nos a paz e a serenidade. São perigosos, porque de vários nós pode resultar um emaranhado, que se vai tornando cada vez mais penoso e difícil de desatar.
Mas, para a misericórdia de Deus – sabemos bem-, nada é impossível! Mesmo os nós mais complicados desatam-se com a sua graça. E Maria, que, com o seu «sim», abriu a porta a Deus para desatar o nó da desobediência antiga, é a mãe que, com paciência e ternura, nos leva a Deus, para que Ele desate os nós da nossa alma com a sua misericórdia de Pai. Cada um possui alguns destes nós, e podemos interrogar-nos dentro do nosso coração: Quais são os nós que existem na minha vida? “Padre, os meus nós não podem ser desatados”! Não, isto está errado! Todos os nós do coração, todos os nós da consciência podem ser desatados. Para mudar, para desatar os nós, peço a Maria que me ajude a ter confiança na misericórdia de Deus? Ela, mulher de fé, certamente nos dirá: “Segue adiante, vai até ao Senhor: Ele te entende”. E Ela nos leva pela mão, Mãe, até ao abraço do Pai, do Pai da misericórdia.
2. Segundo elemento: a fé de Maria dá carne humana a Jesus. Diz o Concílio: «Acreditando e obedecendo, [Maria] gerou na terra, sem ter conhecido varão, por obra e graça do Espírito Santo, o Filho do eterno Pai» (Cost. Dogm.Lumen gentium, 63). Este é um ponto em que os Padres da Igreja insistiram muito: Maria primeiro concebeu Jesusna fé e, depois, na carne, quando disse «sim» ao anúncio que Deus lhe dirigiu através do Anjo. Que significa isto? Significa que Deus não quis fazer-Se homem, ignorando a nossa liberdade, mas quis passar através do livre consentimento de Maria, através do seu «sim». Deus pediu: “Estás disposta a fazer isto”? E Ela disse: “Sim”.
Entretanto aquilo que acontec eu de uma forma única na Virgem Mãe, sucede a nível espiritual também em nós, quando acolhemos a Palavra de Deus com um coração bom e sincero, e a pomos em prática. É como se Deus tomasse carne em nós: Ele vem habitar em nós, porque faz morada naqueles que O amam e observam a sua Palavra. Não é fácil entender isto, mas, sim é fácil senti-lo no coração.
Pensamos que a encarnação de Jesus é um facto apenas do passado, que não nos toca pessoalmente? Crer em Jesus significa oferecer-Lhe a nossa carne, com a humildade e a coragem de Maria, para que Ele possa continuar a habitar no meio dos homens; significa oferecer-Lhe as nossas mãos, para acariciar os pequeninos e os pobres; os nossos pés, para ir ao encontro dos irmãos; os nossos braços, para sustentar quem é fraco e trabalhar na vinha do Senhor; a nossa mente, para pensar e fazer projectos à luz do Evangelho; e sobretudo o nosso coração, para amar e tomar decisões de acordo com a vontade de Deus. Tudo isto acontece graças à acção do Espírito Santo. E assim, somos os instrumentos de Deus para que Jesus possa actuar no mundo por meio de nós.
3. E o último elemento é a fé de Maria como caminho: o Concílio afirma que Maria «avançou pelo caminho da fé» (ibid., 58). Por isso, Ela nos precede neste caminho, nos acompanha, nos sustenta.
Em que sentido a fé de Maria foi um caminho? No sentido de que toda a sua vida foi seguir o seu Filho: Ele - Jesus - é a estrada, Ele é o caminho! Progredir na fé, avançar nesta peregrinação espiritual que é a fé, não é senão seguir a Jesus; ouvi-Lo e deixar-se guiar pelas suas palavras; ver como Ele se comporta e pôr os pés nas suas pegadas, ter os próprios sentimentos e atitudes d’Ele. E quais são os sentimentos e as atitudes de Jesus? Humildade, misericórdia, solidariedade, mas também firme repulsa da hipocrisia, do fingimento, da idolatria. O caminho de Jesus é o do amor fiel até ao fim, até ao sacrifício da vida: é o caminho da cruz. Por isso, o caminho da fé passa através da cruz, e Maria compreendeu-o desde o princípio, quando Herodes queria matar Jesus recém-nascido. Mas, depois, esta cruz tornou-se mais profunda, quando Jesus foi rejeitado: Maria estava sempre com Jesus, seguia Jesus no meio do povo, escutava as fofocas, o ódio daqueles que não queriam bem ao Senhor. E, esta Cruz, Ela a levou! Então a fé de Maria enfrentou a incompreensão e o desprezo. Quando chegou a «hora» de Jesus, ou seja, a hora da paixão: então a fé de Maria foi a chamazinha na noite: aquela chamazinha no meio da noite. Na noite de Sábado Santo, Maria esteve de vigia. A sua chamazinha, pequena mas clara, esteve acesa até ao alvorecer da Ressurreição; e quando lhe chegou a notícia de que o sepulcro estava vazio, no seu coração alastrou-se a alegria da fé, a fé cristã na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Porque a fé sempre nos traz alegria, e Ela é a Mãe da alegria: que Ela nos ensine a caminhar por esta estrada da alegria e viver esta alegria! Este é o ponto culminante – esta alegria, este encontro entre Jesus e Maria – imaginemos como foi…Este encontro é o ponto culminante do caminho da fé de Maria e de toda a Igreja. Como está a nossa fé? Temo-la, como Maria, acesa mesmo nos momentos difíceis, de escuridão? Senti a alegria da fé?
Esta noite, Mãe, nós Te agradecemos pela tua fé, de mulher forte e humilde; renovamos a nossa entrega a Ti, Mãe da nossa fé. Amém.


Fonte: Santa Sé

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Papa Bento venera a imagem de Nossa Senhora de Fátima

No último dia 12 de outubro, o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização promoveu a Jornada Mariana para o Ano da Fé. Para esta celebração, esteve presente em Roma a imagem de Nossa Senhora de Fátima venerada na Capela das Aparições em Portugal.

Assim que chegou à Roma, a imagem foi levada ao Mosteiro Mater Ecclesiae, onde foi venerada por Sua Santidade Bento XVI, Romano Pontífice Emérito.

Seguem algumas fotos deste emocionante encontro:

Chegada da imagem

Oração na capela do Mosteiro
Papa Bento abençoa os presentes
Veneração da imagem

Catequese do Papa: Creio na Igreja católica

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Vê-se que, hoje, com este mau tempo, vós fostes corajosos: parabéns!
«Creio na Igreja, una, santa, católica...». Hoje paremos para meditar sobre esta índole da Igreja: dizemos católica, é o Ano da catolicidade. Antes de tudo: o que significa católico? Deriva do grego «kath’olón» que quer dizer «segundo o todo», a totalidade. Em que sentido esta totalidade se aplica à Igreja? Em que sentido nós dizemos que a Igreja é católica? Diria, em três significados fundamentais.
1. O primeiro. A Igreja é católica, porque é o espaço, a casa onde nos é anunciada a fé na sua totalidade, na qual a salvação que Cristo nos trouxe é oferecida a todos. A Igreja faz-nos encontrar a misericórdia de Deus que nos transforma, porque nela está presente Jesus Cristo, que lhe confere a verdadeira profissão de fé, a plenitude da vida sacramental, a autenticidade do ministério ordenado. Na Igreja, cada um de nós encontra o que é necessário para acreditar, para viver como cristão, para se tornar santo, para caminhar em cada lugar e em cada época.
Para citar um exemplo, podemos dizer que é como na vida de família; em família, a cada um de nós é concedido tudo o que nos permite crescer, amadurecer e viver. Não podemos crescer sozinhos, não podemos caminhar sozinhos, isolando-nos, mas caminhamos e crescemos numa comunidade, numa só família. E assim é na Igreja! Na Igreja nós podemos ouvir a Palavra de Deus, convictos de que é a mensagem que o Senhor nos transmitiu; na Igreja podemos encontrar o Senhor nos Sacramentos, que são as janelas abertas através das quais nos é comunicada a luz de Deus, riachos nos quais bebemos da vida do próprio Deus; na Igreja nós aprendemos a viver a comunhão, o amor que provém de Deus. Hoje, cada um de nós pode interrogar-se: como vivo na Igreja? Quando vou à igreja, é como se fosse ao estádio, a um jogo de futebol? É como se fosse ao cinema? Não, é diferente. Como vou à igreja? Como recebo os dons que a Igreja me oferece para crescer, para amadurecer como cristão? Participo na vida de comunidade, ou vou à igreja e fecho-me nos meus problemas, isolando-me do outro? Neste primeiro sentido, a Igreja é católica porque é a casa de todos. Todos são filhos da Igreja e todos vivem nesta casa.
2. Um segundo significado: a Igreja é católica, porque é universal, está espalhada em todas as regiões do mundo e anuncia o Evangelho a cada homem e a cada mulher. A Igreja não é um grupo de elite, não diz respeito apenas a alguns. A Igreja não tem fechamentos, é enviada para a totalidade das pessoas, para todo o género humano. E a única Igreja está presente até nas suas partes mais pequeninas. Cada um pode dizer: na minha paróquia está presente a Igreja católica, porque também ela faz parte da Igreja universal, contém em si a plenitude dos dons de Cristo, a fé, os Sacramentos e o ministério; encontra-se em comunhão com o Bispo, com o Papa, e está aberta a todos, sem distinções. A Igreja não está apenas à sombra do nosso campanário, mas abrange uma vastidão de pessoas, de povos que professam a mesma fé, que se alimentam da mesma Eucaristia, que são servidos pelos mesmos Pastores. Como é bom sentir-se em comunhão com todas as Igrejas, com todas as comunidades católicas do mundo, pequenas ou grandes que sejam! E, além disso, sentir que todos nós estamos em missão; comunidades pequenas ou grandes, todos devemos abrir as nossas portas e sair para o Evangelho. Então, interroguemo-nos: o que faço para comunicar aos outros a alegria de encontrar o Senhor, o júbilo de pertencer à Igreja? Anunciar e testemunhar a fé não é um assunto para poucos, mas diz respeito também a mim, a ti, a cada um de nós!
3. Um terceiro e último pensamento: a Igreja é católica, porque é a «Casa da harmonia», onde unidade e diversidade sabem conjugar-se para se tornar uma riqueza. Pensemos na imagem da sinfonia, que quer dizer acordo e harmonia, diversos instrumentos que tocam juntos; cada qual mantém o seu timbre inconfundível e as suas características sonoras sintonizam-se em algo de comum. Depois há quem guia, o diretor, e na sinfonia que é executada todos tocam juntos, em «harmonia», mas não se cancela o timbre de cada instrumento; aliás, a peculiaridade de cada um é valorizada ao máximo!

É uma imagem bonita, que nos diz que a Igreja é como uma grande orquestra na qual existe variedade. Não somos todos iguais, e não devemos ser todos iguais. Todos nós somos diversos, diferentes, cada qual com as suas próprias qualidades. E esta é a beleza da Igreja: cada um oferece o que é seu, aquilo que Deus lhe concedeu, para enriquecer os demais. E entre os componentes existe esta diversidade, mas trata-se de uma diversidade que não entra em conflito, que não se opõe; é uma variedade que se deixa fundir de modo harmonioso pelo Espírito Santo; Ele é o verdadeiro «Maestro», Ele mesmo é harmonia. E aqui perguntamos: nas nossas comunidades, vivemos a harmonia ou contendemo-nos? Na minha comunidade paroquial, no meu movimento, onde eu faço parte da Igreja, fazem-se mexericos? Quando existem intrigas não há harmonia, mas luta. E esta não é a Igreja. A Igreja é a harmonia entre todos: nunca faleis mal uns dos outros, nunca discutais! Aceitamos o outro, aceitamos que haja uma justa variedade, que este seja diferente, que aquele pense de um modo ou de outro - mas na mesma fé podemos pensar diversamente - ou tendemos a uniformizar tudo? Mas a uniformidade mata a vida! A vida da Igreja é variedade, e quando queremos instaurar esta uniformidade em todos, acabamos por matar os dons do Espírito Santo. Oremos ao Espírito Santo, que é precisamente o Autor desta unidade na variedade, desta harmonia, a fim de que nos torne cada vez mais «católicos», ou seja, nesta Igreja que é católica e universal. Obrigado!


Fonte: Santa Sé

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Ângelus: XXVII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus 
Domingo, 06 de outubro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o trecho do Evangelho começa assim: «Os Apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”» (Lc 17,5-6). Tenho a impressão de que todos nós podemos fazer nossa esta invocação. Como os Apóstolos, também nós dizemos ao Senhor Jesus: «Aumenta a nossa fé!». Sim, Senhor, a nossa fé é pouca, a nossa fé é débil, frágil, mas oferecemo-la a ti assim como é, para que Tu a faças crescer. Parece bom repetirmos juntos: «Senhor, aumenta a nossa fé». Façamo-lo? Todos: Senhor, aumenta a nossa fé! Senhor, aumenta a nossa fé! Senhor, aumenta a nossa fé! Faz com que ela cresça!

E o Senhor o que responde? Diz: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: “Arranca-te daí e planta-te no mar” e ela vos obedeceria» (v. 6). A semente de mostarda é muito pequena, contudo, Jesus diz que é suficiente ter um pouco de fé, mas deve ser verdadeira, sincera, para fazer coisas humanamente impossíveis, impensáveis. Todos conhecemos pessoas simples, humildes, mas com uma fé fortíssima que deveras movem as montanhas! Pensemos, por exemplo, em certos pais e mães que enfrentam situações muito difíceis; ou em certos doentes, até gravíssimos, que transmitem serenidade a quem vai visitá-los. Estas pessoas, precisamente pela sua fé, não se vangloriam do que fazem, aliás, como exorta Jesus no Evangelho, afirmam: «Somos servos inúteis. Fizemos o que devíamos fazer» (Lc 17,10). Quantas pessoas no meio de nós possuem esta fé forte, humilde, e que faz tão bem!

Neste mês de outubro, que é dedicado em particular às missões, pensemos nos muitos missionários, homens e mulheres, que para anunciar o Evangelho superaram obstáculos de todos os tipos, e deram verdadeiramente a vida; como diz São Paulo a Timóteo: «Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro; participa comigo nos trabalhos do Evangelho» (2Tm 1,8). Isto diz respeito a todos: cada um de nós, na nossa vida diária, pode dar testemunho de Cristo, com a força de Deus, a força da fé. A pouca fé que temos, mas que é forte! Com esta força podemos dar testemunho de Jesus Cristo, ser cristãos com a vida, com o nosso exemplo!

E de onde tiramos esta força? De Deus, na oração. A oração é o respiro da fé: em uma relação de confiança, de amor, não pode faltar o diálogo, e a oração é o diálogo da alma com Deus. Outubro é também o mês do rosário, e neste primeiro domingo é tradição recitar a Súplica a Nossa Senhora de Pompeia, à Bem-Aventurada Virgem Maria do Santo Rosário. Unamo-nos espiritualmente a este ato de confiança em nossa Mãe, e recebamos das suas mãos o rosário: é uma escola de oração, uma escola de fé!

Grãos de mostarda

Fonte: Santa Sé.

Mais fotos da Missa do Papa em Assis

Já publicamos algumas fotos da Missa do Papa em Assis, celebrada no último dia 04 de outubro. Publicamos agora mais algumas fotos, divulgadas pela Santa Sé:

Oração diante do túmulo de São Francisco
Procissão de entrada
Saudação do Bispo de Assis
Ritos iniciais
Procissão com o Livro dos Evangelhos

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Fotos do Consistório para Causas de Canonização

No último dia 30 de setembro, Sua Santidade o Papa Francisco presidiu no Palácio Apostólico seu primeiro Consistório Ordinário Público, para tratar as Causas de Canonização dos Beatos João XXIII e João Paulo II.

Seguem as fotos divulgadas pela Santa Sé:




quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Catequese do Papa: Creio na Igreja santa

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 2 de Outubro de 2013

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
No «Credo», depois de professar: «Creio na Igreja una», acrescentamos o adjectivo «santa»; isto é, afirmamos a santidade da Igreja, uma característica presente desde o início na consciência dos primeiros cristãos, que se chamavam simplesmente «santos» (cf. At 9, 13.32.41; Rm 8, 27; 1 Cor 6, 1), pois tinham a certeza de que é a obra de Deus, o Espírito Santo, que santifica a Igreja.
Mas em que sentido a Igreja é santa, se vemos que a Igreja histórica, no seu caminho ao longo dos séculos, enfrentou tantas dificuldades, problemas, momentos obscuros? Como pode ser santa uma Igreja feita de seres humanos, pecadores? Homens pecadores, mulheres pecadoras, sacerdotes pecadores, religiosas pecadoras, Bispos pecadores, Cardeais pecadores, Papa pecador? Todos. Como pode ser santa uma Igreja assim?
Para responder a esta pergunta, gostaria de me deixar guiar por um trecho da Carta de São Paulo aos cristãos de Éfeso. O Apóstolo, tendo como exemplo as relações familiares, afirma que «Cristo amou a Igreja e entregou-se por ela, para a santificar» (5, 25-26). Cristo amou a Igreja, entregando-se totalmente na cruz. E isto significa que a Igreja é santa porque procede de Deus que é santo, lhe é fiel e não a abandona ao poder da morte e do mal (cf. Mt16, 18). É santa porque Jesus Cristo, o Santo de Deus (cf. Mc 1, 24), se une a ela de modo indissolúvel (cf. Mt 28, 20); é santa porque se deixa guiar pelo Espírito Santo que purifica, transforma e renova. Não é santa pelos nossos méritos, mas porque Deus a torna santa, é fruto do Espírito Santo e dos seus dons. Não somos nós que a santificamos. É Deus, o Espírito Santo que, no seu amor, santifica a Igreja.
Vós podereis dizer-me: mas a Igreja é formada por pecadores, como vemos todos os dias. E isto é verdade: somos uma Igreja de pecadores; e nós, pecadores, somos chamados a deixar-nos transformar, renovar e santificar por Deus. Na história houve a tentação de alguns que afirmavam: a Igreja é só a Igreja dos puros, daqueles que são totalmente coerentes, e os outros devem ser afastados. Isto não é verdade. É uma heresia! A Igreja, que é santa, não rejeita os pecadores; não afasta nenhum de nós; não rejeita, porque chama e acolhe todos, está aberta também aos distantes, chama todos a deixar-se abraçar pela misericórdia, pela ternura e pelo perdão do Pai, que oferece a todos a possibilidade de o encontrar, de caminhar rumo à santidade. «Mas Padre, eu sou um pecador, cometi grandes pecados, como posso sentir-me parte da Igreja?». Amado irmão, querida irmã, é precisamente isto que o Senhor deseja, que tu lhe digas: «Senhor, eis-me aqui com os meus pecados!». Algum de vós está aqui sem os próprios pecados? Algum de vós? Ninguém, nenhum de nós. Todos trazemos em nós os nossos pecados. Mas o Senhor quer ouvir-nos dizer: «Perdoai-me, ajudai-me a caminhar, transformai o meu coração!». E o Senhor pode transformar o coração. Na Igreja, o Deus que encontramos não é um Juiz cruel, mas é como o pai da parábola evangélica. Podes ser como o filho que deixou a casa, que tocou o fundo da distância de Deus. Quando tiveres a força de dizer: quero voltar para casa, encontrarás a porta aberta, Deus vem ao teu encontro porque te espera sempre; Deus espera-te sempre, Deus abraça-te, beija-te e faz festa. Assim é o Senhor, esta é a ternura do nosso Pai celeste. O Senhor quer que façamos parte de uma Igreja que sabe abrir os braços para abraçar todos, que não é a casa de poucos mas de todos, onde todos podem ser renovados, transformados e santificados pelo seu amor: os mais fortes e os mais fracos, os pecadores, os indiferentes, quantos se sentem desanimados e perdidos. A Igreja oferece a todos a possibilidade de percorrer o caminho da santidade, que é a vereda do cristão: faz-nos encontrar Jesus Cristo nos Sacramentos, especialmente na Confissão e na Eucaristia; comunica-nos a Palavra de Deus, faz-nos viver na caridade, no amor de Deus por todos. Então, interroguemo-nos: deixamo-nos santificar? Somos uma Igreja que chama e recebe de braços abertos os pecadores, que incute coragem e esperança, ou somos uma Igreja fechada em si mesma? Somos uma Igreja na qual se vive o amor de Deus, na qual se presta atenção ao próximo, na qual se reza uns pelos outros?
Uma última pergunta: o que posso fazer eu, que me sinto débil, frágil, pecador? Deus diz-te: não tenhas medo da santidade, não tenhas medo de apostar alto, de te deixares amar e purificar por Deus, não tenhas receio de te deixares guiar pelo Espírito Santo. Deixemo-nos contagiar pela santidade de Deus. Cada cristão é chamado à santidade (cf. Const. dogm. Lumen gentium, 39-42); e a santidade não consiste antes de tudo em fazer coisas extraordinárias, mas em deixar agir Deus. É o encontro da nossa debilidade com a força da sua graça, é ter confiança na sua obra, que nos permite viver na caridade, fazer tudo com alegria e humildade, para glória de Deus e o serviço ao próximo. Há uma frase célebre do escritor francês Léon Bloy; nos últimos momentos da sua vida, ele dizia: «Só existe uma tristeza na vida, a de não ser santo». Não percamos a esperança na santidade, percorramos todos este caminho. Queremos ser santos? O Senhor espera todos nós de braços abertos; espera-nos para nos acompanhar ao longo deste caminho da santidade. Vivamos com alegria a nossa fé, deixemo-nos amar pelo Senhor... peçamos esta dádiva a Deus na oração, para nós e para os outros.


Fonte: Santa Sé

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fotos da Missa do Papa em Assis

No último dia 04 de outubro, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou a Santa Missa durante sua visita a Assis por ocasião da Solenidade de São Francisco de Assis, padroeiro da cidade e de toda a Itália.

Sob a guia do Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, a celebração revestiu-se de "nobre simplicidade", demonstrando mais uma vez que a vivência da pobreza franciscana não implica falta de zelo litúrgico.

Seguem algumas fotos, publicadas no Facebook:


Oração diante do túmulo de São Francisco
Incensação do altar
Saudação do Bispo de Assis
Ritos iniciais
Oração do dia