quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

A Liturgia Eucarística: Encontro de Pastoral Litúrgica 2002

Seguindo nossa série de postagens sobre os Encontros de Pastoral Litúrgica (ENPL) promovidos pelo Secretariado Nacional de Liturgia de Portugal, apresentamos neste mês o 28º ENPL, que aconteceu de 22 a 26 de julho de 2002, com o tema “A Liturgia Eucarística”.

Este encontro continuou o do ano anterior, sobre a Liturgia da Palavra, completando assim a reflexão sobre as duas mesas da celebração, a Palavra e a Eucaristia.

Seguem os áudios de quatro conferências deste Encontro de Pastoral Litúrgica:

1 ª Conferência:  A Eucaristia na Sagrada Escritura
Pe. Dr. José António Morais Palos

O palestrante analisa primeiramente as referências à Eucaristia no Novo Testamento, divididas em três grupos: os textos sobre a comunidade que celebra o culto, os relatos da instituição e os textos que fazem alusões mais ou menos diretas. Em seguida se apresentam os antecedentes judaicos da Oração Eucarística a partir das bênçãos, especialmente antes das refeições.

2 ª Conferência:  A Oração Eucarística
Pe. Dr. Luís Manuel Pereira da Silva

Após apresentar algumas raízes históricas (Didaché, Constituições Apostólicas, Traditio Apostolica), o palestrante analisa cada uma das dez partes da Oração Eucarística no Rito Romano: diálogo inicial, prefácio, santo, pós-santo, 1ª epiclese, narrativa da instituição, anamnese ou memorial, 2ª epiclese, intercessões e doxologia final.

Pe. Dr. Carlos Manuel Patrício de Aquino

Depois da uma introdução geral, retomando um pouco das conferências anteriores, o palestrante refletiu sobre as novas Orações Eucarísticas do Missal Romano, inseridas no contexto da reforma do Concílio Vaticano II, apresentando de cada uma delas um breve histórico e as suas principais características.

Pe. Dr. João da Silva Peixoto

Por fim, nesta última conferência o palestrante centra a sua reflexão na celebração da Liturgia Eucarística, destacando primeiramente a importância da formação: “mais que inovar, é preciso educar liturgicamente”. Em seguida se reflete sobre alguns elementos da Liturgia Eucarística: as posições corporais e gestos dos fiéis (em pé, de joelhos, receber a Comunhão) e os símbolos (pão e vinho, água).


Fonte: Secretariado Nacional de Liturgia

I Catequese do Papa sobre as Bem-aventuranças

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
Bem-aventuranças (1)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Iniciamos hoje uma série de catequeses sobre as Bem aventuranças no Evangelho de Mateus (5,1-11). Este texto que abre o “Sermão da Montanha” e que iluminou a vida dos crentes, também de tantos não crentes. É difícil não ser tocados por estas palavras de Jesus, e é correto o desejo de entendê-las e acolhê-las sempre mais plenamente. As Bem aventuranças contêm a “carteira de identidade” do cristão – esta é a nossa carteira de identidade -, porque delineiam a face do próprio Jesus, o seu estilo de vida.
Agora enquadramos globalmente estas palavras de Jesus; nas próximas catequeses comentaremos cada bem aventurança, uma a uma.
Antes de tudo, é importante como acontece a proclamação desta mensagem: Jesus, vendo a multidão que O seguia, sobre o monte suave que circunda o lago da Galileia, senta-se e, dirigindo-se aos seus discípulos, anuncia as Bem-aventuranças. Portanto, a mensagem é endereçada aos discípulos, mas no horizonte há a multidão, isso é, toda a humanidade. É uma mensagem para toda a humanidade.
Além disso, o “monte” remente ao Sinai, onde Deus entregou a Moisés os Mandamentos. Jesus começa a ensinar uma nova lei: ser pobres, ser mansos, ser misericordiosos…Estes “novos mandamentos” são muito mais que normas. De fato, Jesus não impõe nada, mas revela o caminho para a felicidade – o seu caminho – repetindo oito vezes a palavra “bem-aventurados”
As oito Bem-aventuranças se compõem de três partes. Primeiro há sempre a palavra “bem-aventurados”; depois vem a situação em que se encontram os bem-aventurados: a pobreza de espírito, a aflição, a fome e a sede de justiça, e assim por diante; enfim há o motivo da bem-aventurança, introduzido pela conjugação “porque”: “Bem aventurados estes porque, bem-aventurados aqueles porque…” Assim são as oito Bem-aventuranças e seria belo aprendê-las de memoria para repeti-las, para ter justamente na mente e no coração esta lei que Jesus nos deu.
Prestemos atenção a este fato: o motivo da bem-aventurança não é a situação atual, mas a nova condição que os bem-aventurados recebem como dom de Deus: “porque desses é o reino dos céus”, “porque serão consolados”, “porque possuirão a terra”, e assim por diante.
No terceiro elemento, que é o motivo da felicidade, Jesus usa um futuro passivo: “serão consolados”, “possuirão a terra”, “serão saciados”, “serão perdoados”, “serão chamados filhos de Deus”.
Mas o que quer dizer a palavra “bem-aventurado”? Porque cada um das oito bem aventuranças começa com a palavra “bem-aventurado”? O termo original não indica alguém que tem a barriga cheia ou que passa bem, mas é uma pessoa em uma condição de graça, que progride na graça de Deus e que progride no caminho de Deus: a paciência, a pobreza, o serviço aos outros, a consolação… Aqueles que progridem nestas coisas serão felizes e serão bem-aventurados.
Deus, para doar-se a nós, escolhe muitas vezes caminhos impensáveis, talvez aqueles dos nossos limites, das nossas lágrimas, das nossas derrotas. É a alegria pascal de que falam os irmãos orientais, aquela que tem as estigmas mas está viva, atravessou a morte e fez a experiência do poder de Deus. As bem-aventuranças nos levam à alegria, sempre; são o caminho para alcançar a alegria.
Fará bem a nós tomar o Evangelho de Mateus hoje, capítulo cinco, versículo de um a onze e ler as Bem-aventuranças – talvez algumas vezes mais, durante a semana – para entender este caminho tão belo, tão seguro da felicidade que o Senhor nos propõe.


Fonte: Canção Nova

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Ângelus do Papa: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 26 de janeiro de 2020

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (cf. Mt 4,12-23) apresenta-nos o início da missão pública de Jesus. Isto aconteceu na Galileia, uma terra de periferia em relação a Jerusalém, e vista com desconfiança devido à sua mistura com os pagãos. Daquela região não esperavam nada de bom nem de novo; mas foi precisamente ali que Jesus, que tinha crescido em Nazaré da Galileia, começou a sua pregação.
Ele proclama o núcleo central do seu ensinamento resumido no apelo: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (v. 17). Esta proclamação é como um poderoso raio de luz que atravessa as trevas e corta o nevoeiro, e evoca a profecia de Isaías que é lida na noite de Natal: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (9,1). Com a vinda de Jesus, luz do mundo, Deus Pai mostrou à humanidade a sua proximidade e amizade. Elas são-nos dadas livremente para além dos nossos méritos. A proximidade de Deus e a amizade de Deus não são um mérito nosso: são um dom gratuito de Deus. Devemos preservar este dom.
O apelo à conversão, que Jesus dirige a todos os homens de boa vontade, é plenamente compreendido à luz do acontecimento da manifestação do Filho de Deus, sobre o qual meditámos nos domingos passados. Muitas vezes é impossível mudar de vida, abandonar o caminho do egoísmo, do mal, abandonar o caminho do pecado, porque concentramos o compromisso de conversão apenas em nós mesmos e nas próprias forças, e não em Cristo e no seu Espírito. Mas a nossa adesão ao Senhor não pode ser reduzida a um esforço pessoal, não. Pensar assim seria também um pecado de orgulho. A nossa adesão ao Senhor não pode ser reduzida a um esforço pessoal, mas deve ser expressa numa abertura confiante de coração e mente para acolher a Boa Nova de Jesus. É esta - a Palavra de Jesus, a Boa Nova de Jesus, o Evangelho - que muda o mundo e os corações! Somos chamados, portanto, a confiar na palavra de Cristo, a abrir-nos à misericórdia do Pai e a deixar-nos transformar pela graça do Espírito Santo.
É assim que começa o verdadeiro caminho da conversão. Como aconteceu com os primeiros discípulos: o encontro com o divino Mestre, com o seu olhar, com a sua palavra, deu-lhes o impulso para segui-lo, para mudar as suas vidas servindo concretamente o Reino de Deus.
O encontro surpreendente e decisivo com Jesus deu início ao caminho dos discípulos, transformando-os em anunciadores e testemunhas do amor de Deus para com o seu povo. À imitação destes primeiros anunciadores e mensageiros da Palavra de Deus, que cada um de nós oriente os seus passos pelas pegadas do Salvador, para oferecer esperança àqueles que dela têm sede.
Que a Virgem Maria, a quem nos dirigimos nesta oração do Ângelus, ampare estes propósitos e os confirme com a sua materna intercessão.


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa do III Domingo do Tempo Comum no Vaticano

No último dia 26 de janeiro o Papa Francisco celebrou a Missa do III Domingo do Tempo Comum na Basílica de São Pedro por ocasião do primeiro Domingo da Palavra de Deus.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Ján Dubina. Para ver o livreto da celebração, clique aqui.

Ósculo do altar
Incensação
Bênção com o Livro dos Evangelhos

O Evangeliário é colocado em uma estante diante do altar

Homilia do Papa: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

Domingo da Palavra de Deus
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
III Domingo do Tempo Comum, 26 de janeiro de 2020

«Jesus começou a pregar» (Mt 4,17): assim o evangelista Mateus introduz o ministério de Jesus. Ele, que é a Palavra de Deus, veio para nos falar, com as suas palavras e a sua vida. Neste primeiro «Domingo da Palavra de Deus», vamos até às origens da sua pregação, até às fontes da Palavra de vida. Ajuda-nos o Evangelho de hoje (Mt 4,12-23), que nos diz como, onde e a quem começou Jesus a pregar.
1. Como iniciou? Com uma frase muito simples: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (4,17). Esta é a base de todos os seus discursos: dizer-nos que o Reino do Céu está próximo. E que significa isto? Por Reino do Céu, entende-se o reino de Deus, ou o seu modo de reinar, de situar-se relativamente a nós. Ora Jesus diz-nos que o Reino do Céu está próximo, que Deus está próximo. Aqui está a novidade, a primeira mensagem: Deus não está longe, Aquele que habita nos céus desceu à terra, fez-Se homem. Removeu as barreiras, eliminou as distâncias. Não é mérito nosso: Ele desceu, veio ao nosso encontro. E esta proximidade do seu povo é um hábito de Deus, desde o princípio, mesmo do Antigo Testamento. Dizia Ele ao povo: «Pensa bem! Qual povo tem os seus deuses tão próximos de si, como Eu estou próximo de ti?» (cf. Dt 4,7). E esta proximidade fez-se carne em Jesus.
É uma mensagem de alegria: Deus veio pessoalmente visitar-nos, fazendo-Se homem. Não tomou a nossa condição humana por um sentido de dever, mas por amor. Amorosamente tomou a nossa humanidade, porque toma-se aquilo que se ama. E Deus tomou a nossa humanidade, porque nos ama e, gratuitamente, quer-nos dar a salvação que, sozinhos, não poderíamos obter. Deseja estar conosco, dar-nos o encanto de viver, a paz do coração, a alegria de ser perdoados e nos sentirmos amados.
Deste modo compreendemos o convite que nos dirigiu Jesus: «convertei-vos», isto é, «mudai de vida». Mudai de vida, porque começou um modo novo de viver: acabou o tempo de viver para si mesmo, começou o tempo de viver com Deus e para Deus, com os outros e para os outros, com amor e por amor. Hoje Jesus repete o mesmo a ti: «Coragem, estou próximo de ti, dá-Me espaço e a tua vida mudará!» Jesus bate à porta. É para isto que o Senhor te dá a sua Palavra: para que a recebas como a carta de amor que escreveu para ti, para fazer-te sentir que Ele está junto de ti. A sua Palavra consola-nos e encoraja-nos; ao mesmo tempo provoca a conversão, abana conosco, liberta-nos da paralisia do egoísmo. Pois a sua Palavra tem este poder: o poder de mudar a vida, de fazer passar da escuridão à luz. Esta é a força da sua Palavra.
2. Se observarmos onde Jesus começou a pregar, descobrimos que o fez precisamente a partir das regiões então consideradas «tenebrosas». De facto, a primeira Leitura e o Evangelho falam-nos daqueles que jaziam «na sombria região da morte»: são os habitantes da «terra de Zabulon e Neftali, caminho do mar, região de além do Jordão, Galileia dos gentios» (Mt 4,15-16; cf. Is 8,23–9,1). Galileia dos gentios: assim se chamava a região onde Jesus começou a pregar, porque estava habitada por pessoas muito diferentes entre si formando uma verdadeira amálgama de povos, línguas e culturas. De facto, era o caminho do mar, que constituía uma encruzilhada. Lá viviam pescadores, comerciantes e estrangeiros: não era de certeza o lugar onde se encontrava o povo eleito na sua pureza religiosa melhor. E, no entanto, Jesus começou de lá: não do átrio do templo de Jerusalém, mas do lado oposto do país, da Galileia dos gentios, dum local de fronteira. Começou duma periferia.
Disto mesmo podemos tirar uma lição: a Palavra que salva não procura lugares refinados, esterilizados, seguros. Vem à complicação dos nossos dias, às nossas obscuridades. Hoje, como então, Deus deseja visitar aqueles lugares, onde se pensa que lá Ele não vai. Quantas vezes, porém, somos nós que fechamos a porta, preferindo manter escondidas as nossas confusões, opacidades e duplicidades. Ocultamo-las dentro de nós, enquanto vamos encontrar o Senhor com qualquer oração formal, tendo cuidado para que a sua verdade não nos abale intimamente. Isto, porém, é uma hipocrisia velada. Mas Jesus – como diz o Evangelho de hoje – «começou a percorrer toda a Galileia, (…) proclamando o Evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades» (4,23): atravessava toda aquela região multiforme e complexa. De igual modo, não tem medo de explorar os nossos corações, os nossos lugares mais rudes e difíceis. Jesus sabe que apenas o seu perdão nos cura, apenas a sua presença nos transforma, apenas a sua Palavra nos renova. A Ele que percorreu o caminho do mar, abramos os nossos caminhos mais tortuosos, aqueles que temos dentro e não queremos ver ou ocultamos: deixemos entrar em nós a sua Palavra, que é «viva, eficaz e mais afiada que uma espada de dois gumes; (…) discerne os sentimentos e intenções do coração» (Hb 4,12).
3. Por fim, a quem começou Jesus a falar? Narra o Evangelho que Ele, «caminhando ao longo do mar da Galileia, viu dois irmãos (…) que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: “Vinde comigo e Eu farei de vós pescadores de homens”» (Mt 4,18-19). Os primeiros destinatários da chamada foram pescadores: não pessoas atentamente selecionadas com base nas suas capacidades, nem homens piedosos que estavam no templo a rezar, mas gente comum que trabalhava.
Notemos o que lhes diz Jesus: farei de vós pescadores de homens. Fala a pescadores e usa uma linguagem que eles compreendem. Atrai-os a partir da sua vida: chama-os onde estão e como são, para os envolver na própria missão d’Ele. «E eles deixaram as redes imediatamente e seguiram-No» (4,20). Porquê imediatamente? Simplesmente porque se sentiram atraídos. Não aparecem despachados e prontos por ter recebido uma ordem, mas porque foram atraídos pelo amor. Para seguir a Jesus, não bastam os bons propósitos; é preciso ouvir dia a dia a sua chamada. Só Ele, que nos conhece e ama profundamente, leva a fazer-nos ao largo no mar da vida, como fez com os discípulos que O escutaram.
Por isso, precisamos da sua Palavra: precisamos escutar, no meio das infindas palavras de cada dia, a única Palavra que não nos fala de coisas, mas fala-nos de vida.
Queridos irmãos e irmãs, demos espaço dentro de nós à Palavra de Deus! Leiamos diariamente qualquer versículo da Bíblia. Comecemos pelo Evangelho: mantenhamo-lo aberto na cômoda de casa, tragamo-lo conosco no bolso ou na bolsa, visualizemo-lo no celular, deixemos que nos inspire todos os dias. Descobriremos que Deus está perto de nós, ilumina as nossas trevas e amorosamente impele para o largo a nossa vida.


Fonte: Santa Sé

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Fotos das Vésperas da Conversão de São Paulo em Roma

No último dia 25 de janeiro o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Paulo fora dos Muros as II Vésperas da Solenidade da Conversão de São Paulo por ocasião da conclusão da 53ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Krzysztof Marcjanowicz. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

O Papa saúda os representantes das igrejas cristãs
Oração diante do túmulo de São Paulo

 
Oração diante das relíquias de São Timóteo

Homilia do Papa: Vésperas da Conversão de São Paulo

Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo
Celebração das II Vésperas
LIII Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Paulo fora dos muros
Sábado, 25 de janeiro de 2020

A bordo do barco que leva Paulo prisioneiro a Roma há três grupos diferentes. O mais poderoso está composto pelos soldados, submetidos ao centurião. Logo estão os marinheiros, de quem, naturalmente, dependem todos os navegantes durante a longa viagem. Por último, estão os mais débeis e vulneráveis: os prisioneiros.
Quando o barco encalha perto da costa de Malta, depois de ter estado à mercê da tormenta durante vários dias, os soldados pensam em matar os prisioneiros para assegurar-se de que ninguém fuja, porém são detidos pelo centurião, que quer salvar Paulo. Efetivamente, apesar de estar entre os mais vulneráveis, Paulo havia oferecido algo importante a seus companheiros de viagem. Enquanto todos perdiam toda esperança de sobreviver, o Apóstolo lhes havia dado uma inesperada mensagem de esperança. Um anjo lhe havia tranquilizado, dizendo: «Não temas, Paulo: Deus te concedeu a vida de todos os que navegam contigo» (At 27,24).
A confiança de Paulo se demonstra fundada e ao final todos os passageiros se salvam e, uma vez desembarcados em Malta, experimentam a hospitalidade dos habitantes da ilha, sua amabilidade e humanidade. Deste importante detalhe se tomou o tema da Semana de Oração, que se conclui hoje.
Queridos irmãos e irmãs, este relato dos Atos dos Apóstolos fala também do nosso caminho ecumênico, orientado para esta unidade que Deus deseja ardentemente. Em primeiro lugar, nos diz que os débeis e vulneráveis, os que têm pouco a oferecer materialmente, porém que encontraram sua riqueza em Deus, podem oferecer mensagens preciosas para o bem de todos. Pensemos nas comunidades cristãs: inclusive as menores e menos relevantes aos olhos do mundo, se experimentam o Espírito Santo, se vivem no amor a Deus e ao próximo, têm uma mensagem que oferecer a toda a família cristã. Pensemos nas comunidades cristãs marginalizadas e perseguidas. Como na história do naufrágio de Paulo, muitas vezes são os mais débeis os que levam a mensagem de salvação mais importante. Porque Deus quis assim: salvar-nos não com a força do mundo, mas com a debilidade da Cruz (cf. 1Cor 1,20-25). Por isso, como discípulos de Jesus, devemos prestar atenção para não ser atraídos pela lógica mundana, mas, ao contrário, escutar aos pequenos e aos pobres, porque Deus ama enviar suas mensagens através deles, que se assemelham mais a seu Filho que se fez homem.
O relato dos Atos nos recorda um segundo aspecto: a prioridade de Deus é a salvação de todos. Como diz o anjo a Paulo: “Deus te concedeu a vida de todos os que navegam contigo”. Este é o ponto em que Paulo insiste. Também nós devemos repeti-lo: é nosso dever levar à prática o desejo prioritário de Deus, que, como escreve o mesmo Paulo, «quer que todos os homenss se salvem» (1Tm 2,4).
É um convite a não dedicarmo-nos exclusivamente a nossas comunidades, mas a abrir-nos ao bem de todos, ao olhar universal de Deus, que se encarnou para abraçar a todo o gênero humano, e morreu e ressuscitou para a salvação de todos. Sim, com sua graça, assimilamos sua visão, podemos superar nossas divisões. No naufrágio de Paulo cada um contribui para a salvação de todos: o centurião toma decisões importantes, os marinheiros fazem uso de seus conhecimentos e habilidades, o Apóstolo anima aos desesperados. Também entre os cristãos cada comunidade tem um dom que oferecer aos demais. Quanto mais olhamos mais além dos interesses partidários e superamos as heranças do passado em nosso desejo de avançar para um lugar de aterrisagem comum, mais espontaneamente reconheceremos, acolheremos e compartilharemos estes dons.
E chegamos ao terceiro aspecto que esteve no centro desta Semana de Oração: a hospitalidade. São Lucas, no último capítulo dos Atos dos Apóstolos, diz dos habitantes de Malta: «Nos trataram com amabilidade», ou «com humanidade pouco comum» (v. 2). O fogo que se acende na costa para esquentar aos náufragos é um belo símbolo do calor humano que os rodeia inesperadamente. O governador da ilha se mostra também acolhedor e hospitaleiro com Paulo, que lhe corresponde curando seu pai e muitos outros enfermos (cf. vv. 7-9). Finalmente, quando o Apóstolo e seus acompanhantes zarpam para a Itália, os malteses lhes forneceram provisões com generosidade (v. 10).
Desta Semana de oração gostaríamos de aprender a ser mais hospitaleiros, em primeiro lugar entre nós, os cristãos, inclusive entre irmãos e irmãs de diferentes denominações. A hospitalidade pertence à tradição das comunidades e famílias cristãs. Nossos maiores nos ensinaram com o exemplo que na mesa de uma casa cristã sempre há um prato de sopa para o amigo que passa ou o necessitado que chama à porta. E nos monastérios o hóspede é tratado com grande respeito, como se fora Cristo. Não percamos, ao contrario, reavivemos estes costumes que têm sabor de Evangelho!
Queridos irmãos e irmãs, com estes sentimentos dirijo minha saudação cordial e fraterna a Sua Eminência o Metropolita Gennadios, representante do Patriarcado Ecumênico, a Sua Graça Ian Ernest, representante pessoal em Roma do Arcebispo de Canterbury, e a todos os representantes das distintas Igrejas e Comunidades eclesiais aqui reunidas. Saúdo também os estudantes do Instituto Ecumênico de Bossey, que visita, Roma para aprofundar o conhecimento da Igreja católica, e aos jovens ortodoxos e ortodoxos orientais que estudam aqui com uma bolsa de estudos do Comitê de colaboração cultural com as Igrejas ortodoxas do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, aos qual saúdo e agradeço. Juntos, sem cansarmos nunca, sigamos rezando para invocar de Deus o dom da plena unidade entre nós.


Tradução nossa a partir do texto espanhol divulgado pela Santa Sé.

Ordenação Episcopal no Rio de Janeiro

Na manhã do último dia 25 de janeiro o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, celebrou na Catedral de São Sebastião a Santa Missa para a Ordenação Episcopal de Dom Zdzisław Stanisław Błaszczyk, do clero da Arquidiocese de Cracóvia e desde 2000 em missão no Brasil, nomeado pelo Papa Francisco como Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro.

Os Bispos co-sagrantes foram o Cardeal Stanisław Dziwisz, Arcebispo Emérito de Cracóvia, e Dom Roque Costa Souza, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro.

Procissão de entrada
Imposição das mãos


Oração consecratória

domingo, 26 de janeiro de 2020

Eleito novo Decano do Colégio dos Cardeais

Na manhã do dia 25 de janeiro de 2020 a Santa Sé divulgou a aprovação do Papa Francisco à eleição dos novos Decano e Vice-Decano do Colégio dos Cardeais: o novo Decano é o Cardeal Giovanni Battista Re, Prefeito Emérito da Congregação para os Bispos; o novo Vice-Decano é o Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais.

Cardeal Giovanni Battista Re: Decano do Colégio dos Cardeais


Giovanni Battista Re nasceu em Borno (Itália) a 30 de janeiro de 1934 e foi ordenado sacerdote a 03 de março de 1957, para a Diocese de Bréscia.

Em 09 de outubro de 1987 o Papa João Paulo II o nomeia Secretário da Congregação dos Bispos, recebendo a ordenação episcopal a 07 de novembro do mesmo ano. Em 1989 é transferido para a Secretaria de Estado como Substituto para Assuntos Gerais.

Em 16 de setembro do ano 2000 o Papa o nomeia Prefeito da Congregação para os Bispos e o cria Cardeal no Consistório de 21 de fevereiro de 2001, concedendo-lhe o Título presbiteral dos Santos XII Apóstolos. No ano seguinte é promovido à Ordem Episcopal como Cardeal Bispo de Sabina-Poggio Mirteto.

Em 30 de junho de 2010 apresenta sua renúncia ao ofício de Prefeito da Congregação para os Bispos. Em 2013, como primeiro dos Cardeais Bispos eleitores, preside o conclave que elegeu o Papa Francisco. Em 10 de junho de 2017 é nomeado Vice-Decano do Colégio dos Cardeais.

Com a sua nomeação como Decano, válida por um período de cinco anos, torna-se também Cardeal Bispo da Diocese Suburbicária de Óstia, mantendo o título anterior de Sabina-Poggio Mirteto.

Como Decano caberá a ele presidir as exéquias dos Cardeais falecidos em Roma, as eventuais exéquias do Sumo Pontífice e, em um conclave, presidir a Missa pela eleição do Papa e impor o anel do pescador ao eleito. Possuindo mais de 80 anos, não poderia presidir o conclave propriamente dito.

Cardeal Leonardo Sandri: Vice-Decano do Colégio dos Cardeais


Leonardo Sandri nasceu em Buenos Aires (Argentina) a 18 de novembro de 1943 e foi ordenado sacerdote a 02 de dezembro de 1967.

Foi nomeado Núncio Apostólico na Venezuela em 22 de julho de 1997, recebendo a ordenação episcopal em 11 de outubro do mesmo ano. No dia 01 de março de 2000 foi transferido para a Nunciatura do México e em 16 de setembro do mesmo ano retorna a Roma como Substituto para Assuntos Gerais da Secretaria de Estado. Neste ofício, coube a ele a missão de dar ao mundo a notícia da morte do Papa João Paulo II em 02 de abril de 2005.

Em 09 de junho de 2007 o Papa Bento XVI o nomeia Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, criando-o Cardeal no Consistório de 24 de novembro do mesmo ano, para a Diaconia de São Brás e São Carlos “ai Catinari”.

Em 19 de maio de 2018, após completar 10 anos como Cardeal, é promovido à Ordem Presbiteral. Em 26 de junho seguinte o Papa Francisco o eleva à Ordem Episcopal, mantendo a mesma igreja titular.

Como Vice-Decano do Colégio dos Cardeais caberia a ele a presidência de um eventual conclave, uma vez que o Decano possui mais de 80 anos.

sábado, 25 de janeiro de 2020

Homilia: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

São Cesário de Arles
Sermão 114
Humilhai-vos sob a poderosíssima mão de Deus

Enquanto nos era lido o Santo Evangelho, caríssimos irmãos, nós escutamos: Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos céus. O Reino dos céus é Cristo, de quem nos consta ser conhecedor de bons e maus, e juiz de todas as coisas. Portanto, antecipemo-nos a Deus na confissão de nosso pecado e castiguemos, antes do juízo, todos os erros da alma. Corre um grave risco quem não procura corrigir por todos os meios o pecado. Sobretudo devemos fazer penitência, sabendo como sabemos que teremos de prestar conta das causas de nossa negligência.
Reconhecei, amadíssimos, a grande piedade de nosso Deus para conosco ao querer que reparemos através da satisfação e antes do juízo a culpa do pecado cometido; pois se o justo juiz não cessa de prevenir-nos com os seus avisos, é para não ter um dia de recorrer à severidade. Não é sem motivo, amadíssimos, que Deus nos exige torrentes de lágrimas, a fim de compensar com a penitência o que perdemos pela negligência. Pois Deus bem sabe que nem sempre o homem é constante em seus propósitos: peca rotineiramente no agir e vacila no falar. Por isso lhe ensinou o caminho da penitência, a fim de que possa reconstruir o destruído e reparar o arruinado. Assim, o homem, seguro do perdão, sempre deve chorar a culpa. E mesmo quando a condição humana encontre-se exercitada por muitas dificuldades, que ninguém se desespere, porque Deus é paciente e dispensa com liberalidade a todos os enfermos os tesouros de sua misericórdia.
Porém, é possível que alguém do povo se diga: E porque hei de temer se não fiz nada mal? Escuta o que sobre este detalhe diz o Apóstolo: Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos e não somos sinceros. Que ninguém vos engane, amadíssimos: o pior dos pecados é não compreender os pecados. Porque todo aquele que reconhece os seus delitos pode reconciliar-se com Deus mediante a penitência, e não existe pecador mais digno do que aquele que crê não ter nada do que lamentar-se. Por isso, amadíssimos, vos exorto a que, conforme o que está escrito, vos humilheis sob a poderosíssima mão de Deus, e visto que ninguém está livre do pecado, ninguém se creia isento da obrigação de satisfazer. Pois já peca por presunção de inocência o que se acredita inocente. Pode alguém ser menos culpável, porém inocente? Ninguém. Certamente existe diferença entre pecador e pecador, mas ninguém está imune de culpa. Portanto, amadíssimos, os que forem réus de culpas mais graves, peçam perdão com maior confiança; e os que se mantêm isentos de faltas graves, receiem para não macularem-se, pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina pelos séculos dos séculos. Amém.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 120-121. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Cirilo de Alexandria para este domingo clicando aqui.

Documento sobre o santuário

Além de um documento sobre a peregrinação, o Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes marcou a preparação para o Grande Jubileu do ano 2000 também com um documento sobre o santuário, meta da peregrinação. O santuário foi apresentado sobre três aspectos: memória da origem, lugar da presença divina e profecia da pátria celeste.

Segue o documento na íntegra:

Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes
O Santuário: Memória, presença e profecia do Deus vivo

Introdução

1. Sentido e objetivo do documento
“No interior da grande peregrinação que Cristo, a Igreja e a humanidade realizaram e devem continuar a realizar na história, todo o cristão é chamado a inserir-se e participar. O santuário para o qual ele se dirige deve tornar-se por excelência ‘a tenda do encontro’, como a Bíblia chama ao tabernáculo da aliança” [1]. Estas palavras unem diretamente a reflexão sobre a peregrinação àquela sobre o santuário [2], que é normalmente a meta visível do itinerário dos peregrinos: “Sob o nome de santuário, entende-se a igreja ou outro lugar sagrado, aonde os fiéis em grande número, por algum motivo especial de piedade, fazem peregrinações, com a aprovação do Ordinário local” [3]. No santuário, o encontro com o Deus vivo é proposto através da experiência vivificante do Mistério proclamado, celebrado e vivido: “Nos santuários, oferecem-se aos fiéis meios de salvação mais abundantes, anunciando com diligência a Palavra de Deus, incentivando adequadamente a vida litúrgica, principalmente com a Eucaristia e a celebração da Penitência, e cultivando as formas aprovadas de piedade popular” [4]. Assim, “os santuários são como pedras miliares que orientam o caminho dos filhos de Deus sobre a terra” [5], promovendo a experiência de convocação, encontro e construção da comunidade eclesial.
Estas características valem de modo muito singular para os santuários surgidos na Terra Santa nos lugares santificados pela presença do Verbo Encarnado e são particularmente reconhecíveis naqueles consagrados pelo martírio dos Apóstolos e de quantos testemunharam a fé com o próprio sangue. Aliás, a inteira história da Igreja peregrinante pode encontrar-se refletida em numerosos santuários, “antenas permanentes da Boa Nova” [6], ligados a eventos decisivos da evangelização ou da vida de fé de povos e de comunidades. Todo o santuário pode ser considerado portador duma mensagem precisa, uma vez que nele se representa no hoje o evento que fundou o passado, que continua a falar ao coração dos peregrinos. Em particular, os santuários marianos oferecem uma autêntica escola de fé sob o exemplo e a intercessão materna de Maria. Testemunhas da riqueza multíplice da ação salvífica de Deus, todos os santuários são também no presente um inestimável dom da graça à Sua Igreja.
Refletir, por isso, sobre a natureza e a função do santuário pode contribuir de maneira eficaz para acolher e viver o grande dom de reconciliação e de vida nova que a Igreja oferece continuamente a todos os discípulos do Redentor e, através deles, à inteira família humana. Daqui deriva o sentido e o objetivo do presente documento, que desejaria fazer-se eco da vida espiritual que nasce nos santuários, do empenho pastoral daqueles que ali exercem o próprio ministério e da irradiação que eles têm nas Igrejas locais.
A reflexão que a seguir se apresenta é apenas uma modesta ajuda para apreciar sempre mais o serviço que os santuários prestam à vida da Igreja.

2. À escuta da revelação
Para que a reflexão sobre o santuário seja nutriente para a fé e fecunda para a ação pastoral, é necessário que ela derive da escuta obediente da revelação, na qual são apresentadas com densidade a mensagem e a força de salvação contidas no “mistério do Templo”.
Na linguagem bíblica, sobretudo paulina, o termo “mistério” exprime o desígnio divino de salvação que se vem realizando na vicissitude humana. Quando na escola da Palavra de Deus se perscruta o “mistério do Templo”, percebe-se, para além dos sinais visíveis da história, a presença da “glória” divina (cf. Sl 29,9), isto é, a manifestação de Deus três vezes Santo (cf. Is 6,3), a sua presença em diálogo com a humanidade (cf. 1Rs 8,30-53), o seu ingresso no tempo e no espaço, através “da tenda” que Ele pôs no meio de nós (cf. Jo 1,14). Aparecem assim as linhas de uma teologia do templo, em cuja luz pode ser melhor compreendido também o significado do santuário.
Esta teologia é caracterizada por uma concentração progressiva: em primeiro lugar, emerge a figura do “templo cósmico”, celebrado por exemplo pelo Salmo 19 através da imagem dos “dois sóis”, o “sol da Torá”, ou seja, da revelação explicitamente dirigida a Israel (vv. 8-15), e o “sol do céu” que “narra a glória de Deus” (vv. 2-7) através duma revelação universal silenciosa, mas eficaz, destinada a todos. No interior deste templo a presença divina é viva em todas as partes, como recita o Salmo 139, e é celebrada uma liturgia aleluiática, atestada pelo Salmo 148, que além das criaturas celestes introduz 22 criaturas terrestres (tantas quantas são as letras do alfabeto hebraico, para significar a totalidade da criação) que entoam um aleluia universal.
Há, portanto, o templo de Jerusalém, guardião da Arca da Aliança, lugar santo por excelência da fé hebraica e permanente memória do Deus da história, que estabeleceu aliança com o Seu povo e a ele permanece fiel. O templo é a casa visível do Eterno (cf. Sl 11,4), preenchida pela nuvem da Sua presença (cf. 1Rs 8,10.13), repleta da Sua “glória” (cf. 1Rs 8,11).
Por fim, há o templo novo e definitivo, constituído pelo Filho eterno que veio na carne (cf. Jo1,14), o Senhor Jesus crucificado e ressuscitado (cf. Jo 2,19-21), que faz dos crentes n'Ele o templo de pedras vivas, que é a Igreja peregrina no tempo: “Aproximai-vos d'Ele, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós mesmos, como pedras vivas, entrai na construção dum edifício espiritual, por meio dum sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais que serão agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pd 2,4-5). Ao aproximar-se d'Aquele que é “pedra viva” constrói-se o edifício espiritual da aliança nova e perfeita e prepara-se a festa do Reino “ainda não” plenamente realizado mediante os sacrifícios espirituais (cf. Rm 12,1-2), agradáveis a Deus precisamente porque atuados em Cristo, por Ele e com Ele, a Aliança em pessoa. A Igreja, apresenta-se assim sobretudo como “o templo santo, representado de modo visível nos santuários de pedra” [7].

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Documento sobre a peregrinação

Além da carta do Papa João Paulo II sobre a peregrinação aos lugares da história da salvação, no contexto da preparação para o Grande Jubileu do ano 2000, o Pontifício Conselho para os Migrantes e Itinerantes publicou um documento sobre a peregrinação em sentido mais amplo, refletindo sobre seus fundamentos teológicos (cap. 1-2), eclesiológicos (cap. 3-4) e antropológicos (cap. 5), além de apresentar algumas indicações pastorais (cap. 6).

Segue o documento na íntegra:

Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes
A Peregrinação no Grande Jubileu do ano 2000

Introdução
1. “Diante de Vós, não passamos de estrangeiros e peregrinos, como todos os nossos pais” [1]. As palavras do rei Davi na presença do Senhor traçam o perfil humano não só do homem bíblico, mas também de toda a criatura humana. O “caminho”, de fato, é um símbolo da existência que se expressa numa multíplice gama de ações como a partida e o regresso, a entrada e a saída, a subida e a descida, o caminho e a paragem. Apenas faz o seu ingresso no cenário do mundo, o homem caminha buscando sempre novas metas, observando o horizonte terreno e tendendo para o infinito: navega por rios e mares, sobe às montanhas sagradas, em cujo ápice a terra atinge idealmente o céu, percorre inclusive o tempo assinalando-o com datas santas, sente o nascimento como um ingresso no mundo e a morte como uma saída para entrar no seio da terra ou para ser levado às regiões divinas.
2. A peregrinação, que se faz sinal da condição dos discípulos de Cristo neste mundo [2], sempre ocupou um lugar importante na vida do cristão.
Ao longo da história, o cristão pôs-se em caminho para celebrar a sua fé nos lugares que indicam a memória do Senhor ou daqueles que representam momentos importantes da história da Igreja. Aproximou-se dos santuários que honram a Mãe de Deus e daqueles que mantêm vivo o exemplo dos Santos. A sua peregrinação foi processo de conversão, anseio de intimidade com Deus e súplica confiante pelas suas necessidades materiais. Em todos e cada um dos seus múltiplos aspectos, a peregrinação foi para a Igreja sempre um maravilhoso dom de graça.
Na sociedade contemporânea, caracterizada por uma intensa mobilidade, a peregrinação está a experimentar um novo impulso. Para propor uma resposta adequada a esta realidade, a pastoral da peregrinação deve dispor de uma clara fundamentação teológica, que a justifique, desenvolvendo uma prática convincente e contínua no contexto da pastoral geral. É preciso ter presente, antes de tudo, que a evangelização é a razão última por que a Igreja propõe e encoraja a peregrinação, a fim de torná-la uma profunda e amadurecida experiência de fé [3]. 
3. Com as reflexões deste documento deseja-se oferecer uma ajuda a todos os peregrinos e aos responsáveis pastorais das peregrinações, para que, à luz da Palavra de Deus e da tradição secular da Igreja, todos possam participar de maneira mais plena das graças espirituais do exercício da peregrinação.

I. A peregrinação de Israel
4. Desde o início, segundo o ensinamento da Sagrada Escritura, e depois ao longo dos milênios, pode-se reconhecer uma peregrinação adâmica: as suas etapas são a saída das mãos do Criador, o ingresso no mundo criado e o vaguear sucessivo sem meta, longe do jardim do Éden [4]. A peregrinação de Adão desde a chamada a caminhar com Deus até à desobediência e à esperança de salvação revela a plena liberdade de que ele foi dotado pelo Criador. Ao mesmo tempo, dá a conhecer o compromisso divino de caminhar ao lado dele e de velar sobre os seus passos.
À primeira vista, a peregrinação de Adão parece um desvio da meta do lugar santo, o jardim do Éden. Mas também este percurso se pode transformar em caminho de conversão e de retorno. Sobre Caim errante vela a presença amorosa de Deus, que o segue e o protege [5]. “Vós conheceis os caminhos do meu exílio - canta o Salmo 56,9 -, recolhestes as minhas lágrimas no vosso odre; não está tudo escrito no vosso livro?”. A seguir a estrada do abandono do filho pródigo no pecado está o pai pródigo no amor. Por esta atração divina todo o caminho equivocado pode transformar-se, para cada homem, no itinerário do regresso e do abraço [6]. Assim, pois, existe uma história universal de peregrinação, que abarca uma etapa obscura, “o caminho das trevas” [7], a via tortuosa [8]. Mas também o retorno-conversão no caminho da vida [9], da justiça e da paz [10], da verdade e da fidelidade [11], da perfeição e da integridade [12].
5. A peregrinação abraâmica, pelo contrário, é o paradigma da própria história da salvação, à qual o crente adere. Na linguagem com que é descrita (“sai da tua terra”), nas etapas do seu itinerário e nas relações vividas, é já êxodo de salvação, antecipação ideal do êxodo do povo inteiro. Abraão, ao deixar a sua terra, a sua pátria e a casa paterna [13], põe-se em caminho, com fé e esperança, rumo ao horizonte que o Senhor lhe indicou, como nos recorda a Carta aos Hebreus: “Pela fé, Abraão, ao ser chamado, obedeceu e partiu para uma terra, que havia de receber por herança e partiu sem saber para onde ia. Foi pela fé que se estabeleceu na terra prometida, como numa terra estrangeira, habitando em tendas, assim como Isaac e Jacó, os co-herdeiros da mesma promessa, pois esperavam a cidade assentada sobre sólidos fundamentos, cujo arquiteto e construtor é Deus (...) Foi na fé que todos morreram, sem terem obtido as coisas prometidas. Somente as viram e as saudaram de longe, confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra” [14]. Não sem razão o mesmo patriarca se definirá “um estrangeiro e um hóspede” [15], inclusive na terra prometida, como o serão depois os seus filhos Ismael [16] e Jacó, estrangeiro em Padan-Aram [17] e no Egito [18].


quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

A peregrinação aos lugares da história da salvação

Daqui um mês, no dia 23 de fevereiro de 2020, se completarão vinte anos da comemoração de Abraão no contexto do Grande Jubileu do ano 2000, primeira etapa da peregrinação do Papa João Paulo II aos lugares associados à história da salvação.

Na ocasião o Pontífice publicou uma Carta sobre esta peregrinação, acompanhada de outros dois documentos, um sobre o sentido da peregrinação e outro sobre o santuário. Nos próximos dias, preparando os vinte anos de tão significativo evento, publicaremos os três documentos na íntegra:

Papa João Paulo II
Carta sobre a Peregrinação aos Lugares relacionados com a História da Salvação

A quantos se estão preparando para celebrar fielmente o Grande Jubileu
1. Depois de anos de preparação, estamos para entrar no Grande Jubileu. Muito se fez nestes anos em toda a Igreja, para preparar este acontecimento de graça. Mas agora, como na iminência duma viagem, chegou o momento de prover aos últimos preparativos. Na verdade, o Grande Jubileu não consiste numa série de práticas a cumprir, mas numa grande experiência interior a ser vivida. As iniciativas exteriores têm sentido na medida em que são expressão de um compromisso mais profundo, que toca o coração das pessoas. Quis chamar a atenção de todos precisamente para esta dimensão interior, seja na Carta Apostólica Tertio millennio adveniente seja na Bula de proclamação do Jubileu Incarnationis mysterium. Ambas foram objeto de cordial e amplo acolhimento. Delas, os Bispos tiraram indicações significativas, e os temas propostos para os diversos anos de preparação foram amplamente meditados. Por tudo isto, quero dar graças ao Senhor e exprimir profundo apreço tanto aos Pastores como a todo o Povo de Deus.
Agora, a iminência do Jubileu sugere-me que proponha uma reflexão, relacionada com o meu desejo de fazer pessoalmente, se Deus quiser, uma especial peregrinação jubilar, detendo-me em alguns dos lugares que estão particularmente ligados à Encarnação do Verbo de Deus, fato este diretamente evocado pelo Ano Santo de 2000.
A minha meditação estende-se, por isso, aos «lugares» de Deus, àqueles espaços que Ele escolheu para colocar a sua «tenda» entre nós (Jo 1,14; cf. Ex 40,34-35; 1Rs 8,10-13), a fim de permitir ao ser humano um encontro mais direto com Ele. Completo assim, de certa forma, a reflexão da Carta Apostólica Tertio millennio adveniente, cuja perspectiva dominante, no horizonte da história da salvação, era o «tempo» com a sua importância fundamental. Ora, a dimensão do «espaço» não é menos importante que a do tempo, na realização concreta do mistério da Encarnação.

2. À primeira vista, falar de «espaços» determinados em relação a Deus poderia gerar qualquer perplexidade. Não está porventura o espaço, tal como o tempo, integralmente sujeito ao domínio de Deus? De fato, tudo saiu das suas mãos e não há lugar onde Ele não se possa encontrar: «Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e quantos nele habitam. Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as ondas» (Sl 23,1-2). Deus está igualmente presente em todos os cantos da terra, pelo que o mundo inteiro pode considerar-se «templo» da sua presença.
Mas, isto não impede que, tal como o tempo pode ser marcado pelos kairoi, momentos especiais de graça, analogamente também o espaço possa ficar assinalado por particulares intervenções salvíficas de Deus. Aliás, esta intuição acha-se presente em todas as religiões, que têm não apenas templos mas também espaços sagrados, onde se pode experimentar o encontro com o divino de forma mais intensa do que habitualmente se verifica na imensidão do mundo.

3. No âmbito desta tendência geral das religiões, a Bíblia proporciona uma mensagem específica, ao colocar o tema do «espaço sagrado» no horizonte da história da salvação. Por um lado, acautela contra os riscos inerentes a uma definição desse espaço que vá na linha de divinização da natureza - recorde-se, a tal respeito, a grande batalha dos profetas contra a idolatria, em nome da fidelidade a Javé, Deus do Êxodo -, mas, por outro, não exclui uma utilização cultual do espaço, já que isso exprime plenamente a especificidade da intervenção de Deus na história de Israel. Deste modo, o espaço sagrado foi-se «concentrando» progressivamente no templo de Jerusalém, onde o Deus de Israel deseja ser honrado e, de certo modo, encontrado. Para o templo se voltam os olhos do peregrino de Israel, e grande é a sua alegria quando chega ao lugar onde Deus colocou a sua morada: «Que alegria quando me disseram: “Vamos para a casa do Senhor”. Detiveram-se os nossos passos às tuas portas, Jerusalém» (Sl 121,1-2).
No Novo Testamento, esta «concentração» do espaço sagrado tem o seu ponto culminante em Cristo, que é agora pessoalmente o novo «templo» (cf. Jo 2,21), onde habita a «plenitude da divindade» (Cl 2,9). Com a sua vinda, o culto tende a superar radicalmente os templos materiais, para se tornar culto «em espírito e verdade» (Jo 4,24). E, em Cristo, também a Igreja é considerada «templo» pelo Novo Testamento (cf. 1Cor 3,17), que diz o mesmo de cada um dos discípulos de Cristo, enquanto habitado pelo Espírito Santo (cf. 1Cor 6,19; Rm 8,11). É claro que tudo isto não exclui que os cristãos, como o demonstra a história da Igreja, possam ter lugares de culto; é preciso, todavia, não perder de vista o seu caráter completamente funcional ao serviço da vida cultual e fraterna da comunidade, na certeza de que a presença de Deus, por sua natureza, não pode ser encerrada em lugar algum, já que os preenche a todos, tendo em Cristo a plenitude da sua expressão e irradiação.
Assim, o mistério da Encarnação modifica a experiência universal do «espaço sagrado», por um lado redimensionando-a e por outro sublinhando em novos termos a sua importância. Na realidade, a referência ao espaço está contida no próprio fato de o Verbo «fazer-Se carne» (cf. Jo 1,14). Em Jesus de Nazaré, Deus assumiu as características próprias da natureza humana, incluindo a pertença obrigatória do indivíduo a um povo concreto e a uma determinada terra. Possui um significado muito peculiar esta frase, que se encontra em Belém, precisamente no lugar onde, segundo a tradição, nasceu Jesus: «Hic de Virgine Maria Iesus Christus natus est», «Aqui nasceu Jesus Cristo da Virgem Maria». A dimensão concreta e física da terra e as suas coordenadas geográficas fazem parte da verdade da carne humana assumida pelo Verbo.


Catequese do Papa: Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A catequese de hoje é em torno da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. O tema deste ano, que é aquele da hospitalidade, foi desenvolvido pela comunidade de Malta e Gozo, a partir da passagem dos Atos dos Apóstolos que narra a hospitalidade reservada pelos habitantes de Malta a São Paulo e a seus companheiros de viagem, que naufragaram junto com ele. Justamente a este episódio me referi na catequese de duas semanas atrás.
Vamos partir, portanto, a experiência dramática daquele naufrágio. O navio no qual viaja Paulo está à mercê dos elementos. Há 14 dias estão no mar, à deriva e depois nem o sol nem as estrelas estão visíveis, os viajantes se sentem desorientados, perdidos. Sob eles o mar bate violento contra o navio e esses temem que ele se rompa sob as fortes ondas. Do alto são açoitados pelo vento e pela chuva. A força do mar e da tempestade é terrivelmente poderosa e indiferente ao destino dos navegantes: eram mais de 260 pessoas!
Mas Paulo que sabe que não é assim, fala. A fé lhe diz que a sua vida está nas mãos de Deus, que ressuscitou Jesus dos mortos e que chamou a ele, Paulo, para levar o Evangelho até os confins da terra. A sua fé lhe diz também que Deus, segundo quanto Jesus revelou, é Pai amoroso. Por isso, Paulo se dirige aos companheiros de viagem e, inspirado pela fé, anuncia a eles que Deus não permitirá que um fio de cabelo deles seja perdido.
Esta profecia se realiza quando o navio encalha na costa de Malta e todos os passageiros chegam sãos e salvos em terra firme. E ali experimentam algo novo. Em contraste com a brutal violência do mar na tempestade, recebem o testemunho da “rara humanidade” dos habitantes da ilha. Este povo, para os estrangeiros, se mostra atento às suas necessidades. Acendem o fogo para que se aqueçam, oferecem a eles abrigo da chuva e comida. Mesmo se ainda não receberam a Boa Nova de Cristo, manifestam o amor de Deus em atos concretos de gentileza. De fato, a hospitalidade espontânea e os gestos atentos comunicam algo do amor de Deus. E a hospitalidade dos malteses da ilha é recompensada pelos milagres de cura que Deus realiza através de Paulo sobre a ilha. Portanto, se o povo de Malta foi um sinal da Providência de Deus para o Apóstolo, também ele foi testemunha do amor misericordioso de Deus para com eles.
Caríssimos, a hospitalidade é importante; e é uma importante virtude ecumênica. Antes, significa reconhecer que os outros cristãos são realmente nossos irmãos e nossas irmãs em Cristo. Somos irmãos. Alguém te dirá: “Mas aquele é protestante, aquele é ortodoxo…” Sim, mas somos irmãos em Cristo. Não é um ato de generosidade em sentido único, porque quando hospedamos outros cristãos os acolhemos como um dom que nos é feito. Como os malteses - bravos estes malteses - estamos recompensados, porque recebemos aquilo que o Espírito Santo semeou nestes nossos irmãos e irmãs, e isso se torna um dom também para nós, porque também o Espírito Santo semeia as suas graças em todo lugar. Acolher cristãos de outra tradição significa, em primeiro lugar, mostrar o amor de Deus em relação a eles, porque são filhos de Deus - irmãos nossos - e além disso significa acolher aquilo que Deus realizou na vida deles. A hospitalidade ecumênica requer a disponibilidade a ouvir os outros, prestando atenção em suas histórias pessoais de fé e na história das suas comunidades, comunidades de fé com outra tradição diferente da nossa. A hospitalidade ecumênica comporta o desejo de conhecer a experiência que outros cristãos fazem de Deus e a espera de receber os dons espirituais que dela derivam. E esta é uma graça, descobrir isso é uma graça. Eu penso nos tempos passados, na minha terra, por exemplo. Quando vinham alguns missionários evangélicos, um pequeno grupo de católicos ia queimar as tendas. Isso não: não é cristão. Somos irmãos, somos todos irmãos e devemos fazer hospitalidade uns aos outros.
Hoje, o mar sobre o qual naufragaram Paulo e seus companheiros é ainda um lugar perigoso para a vida dos outros navegantes. Em todo o mundo homens e mulheres migrantes enfrentam viagens arriscadas para fugir da violência, para fugir da guerra, para fugir da pobreza. Como Paulo e seus companheiros experimentam a indiferença, a hostilidade do deserto, dos rios, dos mares… Tantas vezes não lhe deixam desembarcar nos portos. Mas, infelizmente, às vezes encontram também a hostilidade bem pior dos homens. São explorados por traficantes criminosos: hoje! São tratados como números e como uma ameaça por alguns governantes: hoje! Às vezes a inospitalidade os rejeita como uma onda para a pobreza ou os perigos de que estão fugindo.
Nós, como cristãos, devemos trabalhar juntos para mostrar aos migrantes o amor de Deus revelado por Jesus Cristo. Podemos e devemos testemunhar que não há somente hostilidade e indiferença, mas que cada pessoa é preciosa para Deus e amada por Ele. As divisões que ainda existem entre nós nos impedem de sermos plenamente o sinal do amor de Deus. Trabalhar juntos para viver a hospitalidade ecumênica, em particular para aqueles cuja vida está mais vulnerável, tornará todos nós cristãos – protestantes, ortodoxos, católicos, todos os cristãos – seres humanos melhores, discípulos melhores e um povo cristão mais unido. Isso nos aproximará mais da unidade, que é a vontade de Deus para nós.


Fonte: Canção Nova