sexta-feira, 30 de abril de 2021

Hinos da Memória de São José Operário: Auróra solis núntia

Em nossa postagem anterior começamos a apresentar os hinos da Liturgia das Horas para a Memória facultativa de São José Operário, no dia 01 de maio.

Após falar do hino do Ofício das Leituras, Te, pater Ioseph, ópifex (Nossas vozes te celebram), cabe-nos agora tratar do hino das Laudes, Auróra solis núntia (Anuncia a aurora o dia), uma vez que para as Vésperas retoma-se o hino da Solenidade do dia 19 de março, Te, Ioseph, célebrent (Celebre a José a corte celeste), sobre o qual já falamos anteriormente em nosso blog.

Segue, portanto, o hino das Laudes de São José Operário em seu texto original (em latim) e em sua atual tradução oficial para o Brasil, com alguns comentários.

Laudes: Auróra solis núntia

Auróra solis núntia,
mundi labóres éxcitans,
fabri sonóram málleo
domum salútat Názarae.

Salve, caput domésticum,
sub quo supérnus Artifex,
sudóre salso róridus,
exércet artem pátriam.

Altis locátus sédibus
celsaeque Sponsae próximus,
adésto nunc cliéntibus,
quos vexat indigéntia.

Absíntque vis et iúrgia,
fraus omnis a mercédibus,
victus cibíque cópiam
mensúret una párcitas.

Sit Trinitáti glória,
quae, te precánte, iúgiter
in pace nostros ómnium
gressus viámque dírigat. Amen [1].

São José Operário
(Walter Rane)

Laudes: Anuncia a aurora o dia

Anuncia a aurora o dia,
chama todos ao trabalho;
como outrora em Nazaré,
já se escutam serra e malho.

Salve, ó chefe de família!
Que mistério tão profundo
ver que ensinas teu ofício
a quem fez e salva o mundo!

XXXI Catequese do Papa sobre a oração

Em sua 31ª Catequese sobre a oração à luz do Catecismo da Igreja Católica, o Papa Francisco continuou a falar sobre as “expressões da oração”, detendo-se na meditação (nn. 2705-2708):

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 28 de abril de 2021
A oração (31): A meditação

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje falamos daquela forma de oração que é a meditação. Para o cristão, “meditar” é procurar uma síntese: significa colocar-se diante da grande página da Revelação para procurar fazer com que se torne nossa, assumindo-a completamente. E depois de acolher a Palavra de Deus, o cristão não a mantém fechada dentro de si, porque aquela Palavra deve encontrar-se com «outro livro», ao qual o Catecismo chama «o livro da vida» (cfCatecismo da Igreja Católica, n. 2706). É isto que procuramos fazer cada vez que meditamos a Palavra.
Nos últimos anos a prática da meditação recebeu grande atenção. Dela falam não só os cristãos: há uma prática meditativa em quase todas as religiões do mundo. Mas trata-se de uma atividade difundida também entre as pessoas que não têm uma visão religiosa da vida. Todos nós temos necessidade de meditar, de refletir, de encontrarmos a nós mesmos, é uma dinâmica humana. Especialmente no voraz mundo ocidental, as pessoas procuram a meditação porque ela representa uma barreira elevada contra o stress diário e o vazio que se alastra por toda a parte. Eis, então, a imagem de jovens e adultos sentados em recolhimento, em silêncio, com os olhos meio fechados... Mas podemos perguntar-nos: O que fazem estas pessoas? Meditam. É um fenômeno que deve ser encarado de modo favorável: com efeito, não somos obrigados a correr o tempo todo, possuímos uma vida interior que não pode ser espezinhada sempre. Portanto, meditar é uma necessidade de todos. Meditar, por assim dizer, se assemelharia a parar e dar um respiro à vida.
No entanto, percebemos que esta palavra, quando é aceita no contexto cristão, assume uma especificidade que não deve ser cancelada. Meditar é uma dimensão humana necessária, mas meditar no contexto cristão vai além: trata-se de uma dimensão que não deve ser cancelada. A grande porta por onde passa a oração de uma pessoa batizada - recordemos mais uma vez - é Jesus Cristo.  Para o cristão a meditação entra pela porta de Jesus Cristo.  Também a prática da meditação segue este caminho. Quando o cristão reza, não aspira à plena transparência de si, não procura o núcleo mais profundo do seu ego. Isto é lícito, mas o cristão procura outra coisa. A oração do cristão é, antes de tudo, um encontro com o Outro, com o Outro com “O” maiúsculo: o encontro transcendente com Deus. Se uma experiência de oração nos dá paz interior, ou autodomínio, ou lucidez no caminho a empreender, estes resultados são, por assim dizer, efeitos colaterais da graça da oração cristã que é o encontro com Jesus; isto é, meditar significa ir ao encontro com Jesus, guiados por uma frase ou por uma palavra da Sagrada Escritura.
Ao longo da história, o termo “meditação” teve diferentes significados. Também no cristianismo, ele se refere a diferentes experiências espirituais. No entanto, é possível traçar algumas linhas comuns, e nisto o Catecismo ajuda-nos novamente: «Os métodos de meditação são tão diversos como os mestres espirituais. (...) Mas um método não passa de um guia; o importante é avançar, com o Espírito Santo, no caminho único da oração: Cristo Jesus» (n. 2707). E aqui está indicado um companheiro de caminho, alguém que guia: o Espírito Santo. Não é possível a meditação cristã sem o Espírito Santo. É Ele que nos guia ao encontro com Jesus. Jesus disse-nos: “Eu vos enviarei o Espírito Santo. Ele vos ensinará e vos explicará... vos ensinará e vos explicará”. E também na meditação o Espírito Santo é o guia para ir em frente no encontro com Jesus Cristo.
Assim, há muitos métodos de meditação cristã: alguns são muito sóbrios, outros mais articulados; alguns enfatizam a dimensão intelectual da pessoa, outros a afetiva e emocional. São métodos. Todos são importantes e dignos de ser praticados na medida em que podem ajudar a experiência da fé a tornar-se um ato total da pessoa: não reza apenas a mente, reza o homem todo, a totalidade da pessoa, assim como não ora só o sentimento. Os antigos costumavam dizer que o órgão da oração é o coração, e deste modo explicavam que é a pessoa inteira, a partir do seu centro, do coração, que entra em relação com Deus, e não apenas algumas das suas faculdades. Portanto, devemos recordar sempre que o método é um caminho, não uma meta: qualquer método de oração, se quiser ser cristão, faz parte daquela sequela Christi [seguimento de Cristo], que é a essência da nossa fé. Os métodos de meditação são caminhos a percorrer para alcançar o encontro com Jesus, mas se parares no caminho e só olhares para a estrada, nunca encontrarás Jesus. Farás da estrada um deus, mas ela é um meio para te levar a Jesus. O Catecismo especifica: «A meditação põe em ação o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Esta mobilização é necessária para aprofundar as convicções da fé, suscitar a conversão do coração e fortalecer a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã dedica-se, de preferência, a meditar nos “mistérios de Cristo”» (n. 2708).
Eis, então, a graça da oração cristã: Cristo não está longe, mas está sempre em relação conosco. Não há aspecto algum da sua pessoa divino-humana que não possa tornar-se, para nós, um lugar de salvação e de felicidade. Cada momento da vida terrena de Jesus, através da graça da oração, pode tornar-se nosso contemporâneo, graças ao Espírito Santo, o guia. Mas sabeis que não se pode rezar sem a guia do Espírito Santo. É Ele que nos guia! E graças ao Espírito Santo, também nós estamos presentes no rio Jordão quando Jesus se imerge para receber o batismo. Também nós somos comensais nas bodas de Caná, quando Jesus oferece o melhor vinho para a felicidade dos noivos. É o Espírito Santo que nos põe em relação com estes mistérios da vida de Cristo, pois na contemplação de Jesus experimentamos a oração para nos unirmos mais a Ele. Também nós testemunhamos com assombro os milhares de curas realizadas pelo Mestre. Tomemos o Evangelho, façamos a meditação daqueles mistérios do Evangelho e o Espírito guia-nos a estar presentes ali. E na oração - quando rezamos - todos nós somos como o leproso purificado, o cego Bartimeu que recupera a vista, Lázaro que sai do sepulcro... Também nós somos curados na oração como foi curado o cego Bartimeu, aquele outro, o leproso… Também nós ressuscitamos, como ressuscitou Lázaro, pois a oração de meditação guiada pelo Espírito Santo, leva-nos a reviver estes mistérios da vida de Cristo e a encontrarmo-nos com Cristo e a dizer, com o cego: “Senhor, tende piedade de mim! Tende piedade de mim” -  “O que queres?” -  “Ver, entrar naquele diálogo”. E a meditação cristã, guiada pelo Espírito leva-nos a este diálogo com Jesus. Não há página alguma do Evangelho em que não haja lugar para nós. Para nós cristãos, meditar é um modo de encontrar Jesus. E assim, só assim, de nos encontrarmos a nós mesmos. E isto não significa fechar-nos em nós mesmos, não: ir ter com Jesus e n’Ele encontrar-nos a nós mesmos, curados, ressuscitados, fortalecidos pela graça de Jesus. E encontrar Jesus salvador de todos, também de mim. E isto graças à guia do Espírito Santo.


Fonte: Santa Sé

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Hinos da Memória de São José Operário: Te, pater Ioseph, ópifex

No último mês de março publicamos em nosso blog três postagens sobre os hinos da Liturgia das Horas para a Solenidade de São José, Esposo da Bem-aventurada Virgem Maria:
Te, Ioseph, célebrent (Celebre a José a corte celeste), para as I e II Vésperas;
Iste, quem laeti cólimus (Hoje um grande triunfo cantamos), para o Ofício das Leituras;
e Caelitum, Ioseph, decus (São José, do céu a glória), para as Laudes.

Nesta postagem e na próxima gostaríamos de dar continuidade a esta proposta, apresentando os hinos da Memória facultativa de São José Operário, no dia 01 de maio.

Esta Memória que, como vimos em nossa postagem sobre a história do culto a São José, foi instituída pelo Papa Pio XII em 1955, possui dois hinos próprios para a Liturgia das Horas, além de retomar uma das composições do dia 19 de março:
Te, pater Ioseph, ópifex (Nossas vozes te celebram) para o Ofício das Leituras;
Auróra solis núntia (Anuncia a aurora o dia) para as Laudes;
e Te, Ioseph, célebrent (Celebre a José a corte celeste), para as Vésperas.

Vale ressaltar que esta é uma memória “sui generis” ao possuir tantos textos próprios, uma vez que geralmente nas memórias dos santos tomam-se os hinos do tempo litúrgico ou do respectivo Comum (dos Mártires, dos Pastores, das Virgens...).

A seguir apresentaremos o primeiro dos hinos em seu texto original (em latim) e em sua atual tradução oficial para o Brasil, com alguns comentários.

Ofício das Leituras: Te, pater Ioseph, ópifex       

Te, pater Ioseph, ópifex colénde,
Názarae felix látitans in umbra,
vócibus laetis humilíque cuncti
corde canámus.

Régiam stirpem tenuémque victum
mente fers aequa tacitúsque portas,
sacra dum multo mánuum labóre
pígnora nutris.

O faber, sanctum spéculum fabrórum,
quanta das plebi documénta vitae,
ut labor sudans ut et officína
sanctificétur.

Qui carent escis, míseros fovéto;
témpera effrénos perimásque lites;
mýsticus Christus pátriae sub umbrae
tégmine crescat.

Qui Deus trinus simul unus exstas,
qui pater cunctis opiféxque rerum,
fac patrem Ioseph imitémur actu,
morte imitémur. Amen [1].

São José Operário
(Michael Adams)

Ofício das Leituras: Nossas vozes te celebram

Nossas vozes te celebram,
operário São José,
que a oficina consagraste,
trabalhando em Nazaré.

Catequeses sobre os Salmos (14): Laudes da sexta-feira da II semana

Em sua série de Catequeses sobre os salmos e cânticos da Liturgia das Horas, o Papa João Paulo II refletiu sobre os textos das Laudes da sexta-feira da II semana do Saltério nos dias 08 de maio (Sl 50), 15 de maio (Hab 3,2-4.13a.15-19) e 05 de junho de 2002 (Sl 147).

39. Tende piedade, ó meu Deus: Sl 50(51),3-21
08 de maio de 2002

1. Cada semana da Liturgia das Laudes é marcada na sexta-feira pelo Salmo 50, o Miserere, o salmo penitencial mais amado, cantado e meditado, hino ao Deus misericordioso elevado pelo pecador arrependido. Já tivemos ocasião, numa Catequese precedente (Catequese n. 18), de apresentar o quadro geral desta grande oração. Em primeiro lugar, entra-se na região tenebrosa do pecado para aí levar a luz do arrependimento humano e do perdão divino (vv. 3-11). Depois, exalta-se o dom da graça divina, que transforma e renova o espírito e o coração do pecador arrependido: esta é uma região luminosa, cheia de esperança e de confiança (vv. 12-21).
Detemo-nos, nesta nossa reflexão, nalgumas considerações sobre a primeira parte do Salmo 50, aprofundando alguns dos seus aspectos. Mas, no começo, desejaríamos mencionar a maravilhosa proclamação divina do Sinai, que é quase o retrato do Deus cantado pelo Miserere: “O Senhor! O Senhor! Deus misericordioso e clemente, vagaroso em encolerizar-Se, cheio de bondade e fidelidade, que mantém a Sua graça até à milésima geração, que perdoa a iniquidade, a rebeldia e o pecado” (Ex 34,6-7).

2. A invocação inicial eleva-se a Deus para obter o dom da purificação que faça - como dizia o profeta Isaías - “brancos como a neve” e “como a lã” os pecados, em si semelhantes ao “escarlate” e “vermelhos como a púrpura” (cfIs 1,18). O salmista confessa o seu pecado de forma clara e sem hesitações: “Eu reconheço toda a minha iniquidade... Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!” (vv. 5-6).
Por conseguinte entra em cena a consciência pessoal do pecador que se abre para compreender claramente o seu mal. É uma experiência que envolve liberdade e responsabilidade, e leva a admitir ter quebrado um vínculo para construir uma escolha de vida alternativa em relação à Palavra divina. Disto deriva uma decisão radical de mudança. Tudo isto está encerrado naquele “reconhecer”, um verbo que em hebraico não significa apenas uma adesão intelectual, mas uma opção vital.
É o que, infelizmente, muitos não fazem, como nos adverte Orígenes: “Há quem, depois de ter pecado, se sinta completamente tranquilo e não se preocupe com o seu pecado nem tome consciência do mal cometido, mas viva como se nada tivesse acontecido. Sem dúvida, esse não poderia dizer:  tenho sempre consciência do meu pecado. Ao contrário, quando, depois do pecado, o pecador se inquieta e se aflige devido ao seu pecado, quando se sente atormentado pelos remorsos, dilacerado sem tréguas e sofre sobressaltos no seu íntimo que se eleva para o contestar, ele, com razão, exclama: não há paz para os meus ossos face ao aspecto dos meus pecados... Portanto, quando os pecados cometidos se apresentam aos olhos do nosso coração, os revemos um por um, os reconhecemos, nos envergonhamos e arrependemos do que fizemos, então perturbados e aterrorizados, justamente dizemos que não há paz para os nossos ossos face ao aspecto dos nossos pecados... (Homilias sobre os Salmos, Florença, 1991, pp. 277-279). O reconhecimento e a consciência do pecado são, portanto, fruto de uma sensibilidade adquirida graças à luz da Palavra de Deus.

3. Na confissão do Miserere há um realce de particular evidência: o pecado não é compreendido apenas na sua dimensão pessoal e “psicológica”, mas é analisado sobretudo na sua qualidade teológica. “Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei” (v. 6), exclama o pecador, ao qual a tradição deu o rosto de Davi, consciente do seu adultério com Betsabé, e da denúncia do profeta Natã contra este crime e contra o crime da morte do seu marido, Urias (cf. v. 2; 2Sm 11,12).
Por conseguinte, o pecado não é apenas uma questão psicológica ou social, mas é um acontecimento que prejudica a relação com Deus, violando a sua lei, recusando o seu projeto na história, alterando a escala dos valores, “mudando as trevas em luz e a luz em trevas”, isto é, “chamando bem ao mal e mal ao bem” (cfIs 5,20). Antes de ser uma possível afronta contra o homem, o pecado é uma traição a Deus. São emblemáticas as palavras que o filho desprovido de bens pronuncia diante de seu pai, pródigo de amor: “Pai, pequei contra o Céu - isto é, contra Deus - e contra ti!” (Lc 15,21).

"Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei..."
(Retorno do filho pródigo - Pompeo Batoni)

4. Neste ponto o salmista introduz outro aspecto, mais diretamente relacionado com a realidade humana. Foi a frase que suscitou muitas interpretações e que também foi relacionada com a doutrina do pecado original: “Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade e pecador já minha mãe me concebeu” (v. 7). O orante deseja indicar a presença do mal dentro do nosso ser, como é evidente na menção da concepção e do nascimento, uma forma de exprimir toda a existência partindo da sua origem. Mas o salmista não relaciona formalmente esta situação com o pecado de Adão e Eva, isto é, não fala explicitamente de pecado original.
Contudo, é evidente que, segundo o texto do Salmo, o mal se esconde nas próprias profundezas do homem, é inerente à sua realidade histórica e, por isso, é decisivo o pedido da intervenção da graça divina. O poder do amor de Deus supera o poder do pecado, o rio transbordante do mal pode menos do que a água fecundante do perdão: “Onde abunda o pecado, superabunda a graça” (Rm 5,20).

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Textos do site Vatican News sobre Liturgia: 2017-2021

De 2017 a 2021 o site Vatican News (anteriormente “Rádio Vaticano”) publicou cerca de uma centena de textos sobre a Liturgia em seu espaço “Memória Histórica: 50 anos do Concílio Vaticano II”.

As breves reflexões foram realizadas pelo Padre Gerson Schmidt, do clero da Arquidiocese de Porto Alegre (RS). Nascido a 18 de dezembro de 1965 e ordenado sacerdote no dia 02 de janeiro de 1993. É graduado em Jornalismo e Mestre em Comunicação.

O ciclo de reflexões, que girou em torno da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, encerrou-se recentemente. Na sequência iniciou-se um novo ciclo, dedicado à Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja.

Ao longo destes quase quatro anos publicamos todas as reflexões neste blog, agrupadas em 47 postagens. A seguir elencamos todos os temas abordados, com os links para as respectivas postagens:

Os primeiros três textos, de caráter introdutório, refletiam sobre o sentido da Liturgia:

1. O verdadeiro sentido da Liturgia - 14 de junho de 2017

Seguiram-se quatro textos que, dentre as reformas litúrgicas do Concílio Vaticano II, destacam a aclamação memorial: “Eis o mistério da fé! Anunciamos, Senhor...”:


De caráter introdutório foram ainda os dois seguintes textos:

8. As presenças de Cristo na Liturgia - 27 de setembro de 2017

9. Excelência e eficácia da Liturgia - 18 de outubro de 2017

Sessão do Concílio Vaticano II

A partir da 10ª reflexão, o ciclo de textos dedicou um amplo espaço a apresentar “Dez aspectos da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II”, do final de 2017 até meados de 2018, como podemos ver a seguir:


O valor da Assembleia Litúrgica
11. O valor da Assembleia Litúrgica (I) - 01 de novembro de 2017
12. O valor da Assembleia Litúrgica (II) - 08 de novembro de 2017
13. Povo sacerdotal que celebra - 15 de novembro de 2017

Oração do Rosário durante o mês de maio de 2021

Durante todos os dias do mês de maio de 2021 o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, atendendo um pedido do Papa Francisco, promove a oração do rosário na intenção do fim da pandemia de Covid-19, que aflige o mundo há mais de um ano, e da retomada das atividades.

A oração do rosário será guiada a cada dia por um dos diversos santuários marianos espalhados pelo mundo, fazendo eco ao texto bíblico que inspira esta iniciativa: “De toda a Igreja saía incessantemente a oração a Deus” (cf. At 12,5).

Papa Francisco recita o rosário ou "terço"

Cada dia comporta também uma intenção especial: se rezará por diversas categoria de pessoas (pelos enfermos, pelas famílias, pelos profissionais de saúde... confira a lista completa abaixo).

O Papa Francisco abrirá pessoalmente a iniciativa presidindo a oração do rosário “pela humanidade ferida” no dia 01 de maio na Capela Gregoriana da Basílica de São Pedro, onde é venerado um célebre ícone da Madonna del Soccorso (“Nossa Senhora do Socorro”).

Imagem de "Nossa Senhora do Socorro"
Capela Gregoriana da Basílica de São Pedro

Na ocasião o Pontífice abençoará alguns rosários que serão enviados aos santuários participantes, que transmitirão a oração a cada dia pelos canais de comunicação da Santa Sé às 18h, horário de Roma (13h no horário de Brasília).

Os Santuários e intenções para cada dia são:

01 de maio: Santuário de Nossa Senhora de Walsingham (Inglaterra) - Pelos defuntos;

02 de maio: Santuário de Jesus Salvador e de Maria, Mãe do Salvador (Nigéria) - Por aqueles que não puderam se despedir dos seus entes queridos;
03 de maio: Santuário de Nossa Senhora de Częstochowa (Polônia) - Pelos contagiados e enfermos;
04 de maio: Basílica da Anunciação (Israel) - Pelas mulheres grávidas e pelos nascituros;
05 de maio: Santuário de Nossa Senhora do Rosário (Coreia do Sul) - Pelas crianças e adolescentes;
06 de maio: Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (Brasil) - Pelos jovens;
07 de maio: Santuário de Nossa Senhora da Paz e da Boa Viagem (Filipinas) - Pelas famílias;
08 de maio: Santuário de Nossa Senhora de Luján (Argentina) - Por aqueles que trabalham nas comunicações;

Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida - Brasil

terça-feira, 27 de abril de 2021

Leitura litúrgica dos Livros de Samuel (2)

“Porque Tu, Senhor Deus, falaste e, graças à tua bênção, a casa do teu servo será abençoada eternamente” (2Sm 7,29)

Em nossa série sobre a leitura litúrgica da Sagrada Escritura, iniciamos na postagem anterior o estudo dos Livros de Samuel (que na Bíblia hebraica são um só, razão pela qual os contemplamos juntos). Após uma breve introdução, consideramos sua leitura nas celebrações do Rito Romano a partir do critério da composição harmônica. Passemos agora a analisar o critério da leitura semicontínua.

3. Leitura litúrgica dos Livros de Samuel: Leitura semicontínua

A leitura semicontínua, mencionada no n. 66 do Elenco das Leituras da Missa [1], consiste na leitura dos principais textos de um livro na sequência, de modo a oferecer aos fiéis um contato mais amplo com a Palavra de Deus.

a) Celebração Eucarística

Na Celebração Eucarística, a leitura semicontínua dos Livros de Samuel situa-se entre a I e a IV semanas do Tempo Comum do ano par. Com efeito, nos dias de semana do Tempo Comum leem-se alternadamente livros tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, várias semanas cada um (segundo sua extensão), oferecendo uma visão de conjunto dos principais acontecimentos da história da salvação [2].

As perícopes escolhidas dos nossos livros são:

I semana do Tempo Comum (ano par):
Segunda-feira: 1Sm 1,1-8;
Terça-feira: 1Sm 1,9-20;
Quarta-feira: 1Sm 3,1-10.19-20;
Quinta-feira: 1Sm 4,1-11;
Sexta-feira: 1Sm 8,4-7.10-22a;
Sábado: 1Sm 9,1-4.17-19; 10,1a [3].

Davi translada a Arca da Aliança para Jerusalém
(Pieter van Lint - séc. XVII)

II semana do Tempo Comum (ano par):
Segunda-feira: 1Sm 15,16-23;
Terça-feira: 1Sm 16,1-13;
Quarta-feira: 1Sm 17,32-33.37.40-51;
Quinta-feira: 1Sm 18,6-9; 19,1-7;
Sexta-feira: 1Sm 24,3-21;
Sábado: 2Sm 1,1-4.11-12.19.23-27 [4].

Regina Coeli: IV Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 25 de abril de 2021

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste IV Domingo de Páscoa, chamado Domingo do Bom Pastor, o Evangelho (Jo 10,11-18) apresenta Jesus como o verdadeiro pastor, que defende, conhece e ama as suas ovelhas.

A Ele, Bom Pastor,  contrapõe-se o “mercenário”, que não se preocupa com as ovelhas, porque elas não lhe pertencem. Faz este trabalho apenas pelo salário, e não se preocupa em defendê-las: quando o lobo vem, foge e abandona-as (cf. vv. 12-13). Jesus, ao contrário, verdadeiro pastor, defende-nos sempre, e nos salva em muitas situações difíceis, situações perigosas, através da luz da sua palavra e da força da sua presença, que sempre experimentamos, se quisermos ouvir, todos os dias.

O segundo aspecto é que Jesus, Bom Pastor, conhece - o primeiro aspecto: defende, o segundo: conhece - as suas ovelhas e as ovelhas conhecem-no (v. 14). Como é bom e consolador saber que Jesus nos conhece um por um, que não somos anônimos para Ele, que o nosso nome é conhecido por Ele! Para Ele, não somos “massa”, “multidão”, não. Somos pessoas únicas, cada uma com a própria história, [e Ele] conhece-nos a cada um com a nossa história, cada um com o próprio valor, tanto como criatura como redimidos por Cristo. Cada um de nós pode dizer: Jesus conhece-me! É verdade, é assim: Ele conhece-nos como mais ninguém. Só Ele sabe o que está nos nossos corações, as intenções, os sentimentos mais escondidos. Jesus conhece os nossos méritos e os nossos defeitos, e está sempre pronto para cuidar de nós, para curar as feridas dos nossos erros com a abundância da sua misericórdia. Nele a imagem do pastor do povo de Deus, que os profetas delinearam, realiza-se plenamente: Jesus preocupa-se com as suas ovelhas, reúne-as, enfaixa a que está ferida, cura a doente. Assim podemos ler no Livro do Profeta Ezequiel (cf. Ez 34,11-16).

Portanto, Jesus Bom Pastor, defende, conhece e acima de tudo ama as suas ovelhas. E por esta razão dá a vida por elas (cfJo 10,15). O amor pelas ovelhas, ou seja, por cada um de nós, leva-o a morrer na Cruz, porque a vontade do Pai é que ninguém se perca. O amor de Cristo não é seletivo; abraça todos. Ele próprio nos lembra disto no Evangelho de hoje, quando diz: «Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor» (Jo 10,16). Estas palavras atestam o seu anseio universal: Ele é pastor de todos. Jesus quer que todos possam receber o amor do Pai e encontrar Deus.

E a Igreja é chamada a levar a cabo esta missão de Cristo. Para além daqueles que frequentam as nossas comunidades, há muitas pessoas, a maioria, que o fazem apenas em casos particulares ou nunca. Mas isto não significa que não são filhos de Deus: o Pai confia todos a Jesus Bom Pastor, que deu a vida por todos.

Irmãos e irmãs, Jesus defende, conhece e ama todos nós. Maria Santíssima nos ajude a sermos os primeiros a acolher e a seguir o Bom Pastor, a fim de cooperar com alegria na sua missão.

El Buen Pastor - Cristóbal García Salmerón

Depois do Regina Coeli:

Prezados irmãos e irmãs!
Hoje se celebra em toda a Igreja o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que tem como tema «São José: O sonho da vocação». Demos graças ao Senhor porque continua a suscitar na Igreja pessoas que por amor a Ele se consagram a proclamar o Evangelho e a servir os irmãos. E hoje, em particular, demos graças pelos novos sacerdotes que ordenei há pouco na Basílica de São Pedro... Não sei se estão aqui... E peçamos ao Senhor que envie bons operários para trabalhar na sua messe e que multiplique as vocações à vida consagrada.

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Fotos das Ordenações Presbiterais no Vaticano

No último dia 25 de abril, IV Domingo da Páscoa, "Domingo do Bom Pastor" e 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco celebrou na Basílica de São Pedro a Santa Missa para a Ordenação Presbiteral de 09 diáconos da Diocese de Roma.

Foi a primeira vez que o Papa preside ordenações e a primeira vez que celebra no Altar da Confissão da Basílica Vaticana desde o início da pandemia de Covid-19.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Diego Giovanni Ravelli. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada

Incensação do círio pascal
Ritos iniciais
Evangelho

Homilia do Papa: Ordenações Presbiterais

Santa Missa com Ordenações Sacerdotais
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
IV Domingo da Páscoa, 25 de abril de 2021

Irmãos caríssimos,
Estes nossos filhos foram chamados para a ordem do presbiterado. Reflitamos atentamente sobre o ministério ao qual serão elevados na Igreja.
Como sabeis, irmãos, o Senhor Jesus é o único Sumo Sacerdote do Novo Testamento, mas n’Ele também todo o povo santo de Deus foi constituído povo sacerdotal. Apesar disso, entre todos os seus discípulos, o Senhor Jesus quer escolher alguns em particular, para que, exercendo publicamente na Igreja em seu nome o ofício sacerdotal em favor de todos os homens, continuem a sua pessoal missão de mestre, sacerdote e pastor.
Depois de uma madura reflexão, agora nós estamos por elevar à ordem dos presbíteros estes irmãos, para que, a serviço de Cristo mestre, sacerdote e pastor, cooperem para edificar o corpo de Cristo, que é a Igreja, povo de Deus e templo santo do Espírito.
Quanto a vós, filhos caríssimos, que estais para ser promovidos à ordem do presbiterado, considerai que exercendo o ministério da sagrada doutrina sereis participantes na missão de Cristo, único Mestre. Serão pastores como Ele, isto é o que Ele quer de vós: pastores do santo povo fiel de Deus. Pastores que vão com o povo de Deus: às vezes diante, às vezes no meio ou atrás do rebanho, mas sempre ali, com o povo de Deus.
Há um tempo - na linguagem de um tempo atrás - se falava da “carreira eclesiástica”, que não tinha o mesmo significado que tem hoje. Esta não é uma “carreira”: é um serviço, um serviço como aquele que faz Deus por seu povo. E este serviço de Deus a seu povo tem um estilo, um estilo que vocês devem seguir. Estilo de proximidade, estilo de compaixão e estilo de ternura. Este é o estilo de Deus. Proximidade, compaixão, ternura.
A proximidade. As quatro proximidades do presbítero, são quatro. Proximidade a Deus na oração, nos Sacramentos, na Missa. Falar com o Senhor, estar próximo do Senhor. Ele se fez próximo a nós no seu Filho. Em toda a história do seu Filho. Esteve também próximo de vocês, de cada um de vocês, no percurso da sua vida até este momento. Mesmo nos momentos difíceis, do pecado, estava ali. Proximidade. Sejam próximos do santo povo fiel de Deus. Mas antes de tudo próximos a Deus, com a oração. Um sacerdote que não reza lentamente apaga o fogo do Espírito em seu interior. Proximidade a Deus.
Segundo: proximidade ao Bispo, e neste caso ao “Vice-Bispo” [o Papa refere-se ao Vigário Geral para a Diocese de Roma, Cardeal Ângelo De Donatis]. Estar próximos, porque no Bispo encontrarão a unidade. Vocês são - não quero dizer servidores, são servidores de Deus -, mas colaboradores do Bispo. Proximidade. Eu recordo uma vez, há tanto tempo, um sacerdote que teve a desgraça, digamos assim, de “escorregar”... A primeira coisa que eu tive em mente foi chamar o Bispo. Mesmo nos momentos difíceis, chamar o Bispo para estar próximo a ele. Proximidade a Deus na oração, proximidade ao Bispo. “Mas este Bispo não me agrada...”. Mas é o teu pai. “Mas este Bispo me trata mal...”. Seja humilde, vá ao Bispo.
Terceiro: proximidade entre vocês. Eu sugiro um propósito a fazer neste dia: nunca falar mal de um irmão sacerdote. Se vocês têm qualquer coisa contra o outro, sejam homens: vão a ele e digam-lhe na cara. “Mas esta é uma coisa muito difícil... não sei como a receberá...”. Vão ao Bispo, que os ajudará. Mas nunca, nunca falar mal pelas costas. Não sejam fofoqueiros. Não caiam na fofoca. Unidade entre vós: no Conselho Presbiteral, nas comissões, no trabalho. Proximidade entre vós e o Bispo.
E quarto: para mim, depois de Deus, a proximidade mais importante é ao santo povo fiel de Deus. Nenhum de vocês “estudou para se tornar sacerdote”. Vocês estudaram as ciências eclesiásticas, como a Igreja diz que se deve fazer. Mas vocês foram eleitos, tirados do povo de Deus. O Senhor dizia a Davi: “Eu te tirei do rebanho”. Não se esqueçam de onde vieram: da sua família, do seu povo... Não percam o “faro” do povo de Deus. Paulo dizia a Timóteo: “Recorda a tua mãe, a tua avó...”. Sim, de onde você veio. E daquele povo de Deus... O autor da Carta aos Hebreus diz: “Recordai aqueles que vos introduziram na fé”. Sacerdotes do povo, não clérigos de Estado!
As quatro proximidades do presbítero: proximidade a Deus, proximidade ao Bispo, proximidade entre vós, proximidade ao povo de Deus. O estilo da proximidade que é o estilo de Deus. Mas o estilo de Deus é também um estilo de compaixão e de ternura. Não fechar o coração aos problemas. E vocês verão tantos, quando as pessoas vierem para contar os problemas e para serem acompanhadas... Perdei tempo escutando e consolando. A compaixão, que leva ao perdão, à misericórdia. Por favor: sejam misericordiosos, sejam perdoadores. Porque Deus perdoa tudo, não se cansa de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Proximidade e compaixão. Mas compaixão terna, com aquela ternura de família, de irmãos, de pais... com aquela ternura que nos faz sentir que estamos na casa de Deus.
Desejo a vocês este estilo, este estilo que é o estilo de Deus.
E depois, lhes dizia qualquer coisa na sacristia, mas quero dizê-lo aqui, diante do povo de Deus. Por favor, afastem-se da vaidade, do orgulho do dinheiro. O diabo entre “pelo bolso”. Pensem nisto. Sejam pobres, como pobre é o santo povo fiel de Deus. Pobres que amam os pobres. Não sejam “carreiristas”. A “carreira eclesiástica”... Depois se tornarão funcionários, e quando um sacerdote começa a fazer-se “empreendedor”, seja na paróquia, seja na escola, seja onde estiver, perde aquela proximidade ao povo, perde aquela pobreza que o torna semelhante a Cristo pobre e crucificado, e se torna empreendedor, o sacerdote empreendedor e não servidor. Eu ouvi uma história que me comoveu. Um sacerdote muito inteligente, muito prático, muito capaz, que tinha em mãos tantas administrações, mas tinha o coração apegado àquele ofício, um dia, porque viu que um dos funcionários, um ancião, havia cometido um erro, gritou com ele e o despediu. E aquele ancião morreu por isto. Aquele homem havia sido ordenado sacerdote, e terminou como um empreendedor despiedado. Recordem sempre esta imagem, recordem sempre esta imagem.
Pastores próximos a Deus, ao Bispo, entre vós, e ao povo de Deus. Pastores: servidores como pastores, não empreendedores. E afastem-se do dinheiro.
E depois, recordai como é bela esta estrada das quatro proximidades, esta estrada de ser pastor, porque Jesus consola os pastores, porque Ele é o Bom Pastor. E buscai consolação em Jesus, buscai consolação na Virgem Maria - não se esqueçam da Mãe -, buscai sempre consolação ali: sereis consolados ali.
E confiem as cruzes que existirão na vossa vida às mãos de Jesus e de Maria. E não tenham medo, não tenham medo. Se vocês estiverem próximos a Deus, ao Bispo, entre vós e ao povo de Deus, se vocês tiverem o estilo de Deus - proximidade, compaixão e ternura -, não tenham medo, que tudo irá bem.


Observação: O Papa começou lendo a homilia prevista na edição italiana do Ritual da Ordenação de Presbítero e prosseguiu com uma reflexão espontânea, que traduzimos livremente aqui a partir do texto italiano divulgado no site da Santa Sé.

Festa de Santo Adalberto em Cracóvia

Na última sexta-feira, dia 23 de abril, o Arcebispo Emérito de Cracóvia, Cardeal Stanisław Dziwisz, celebrou a Santa Missa da Festa de Santo Adalberto (Święty Wojciech), Bispo e Mártir, Co-padroeiro da Polônia (junto com Santo Estanislau) na pequena igreja de Santo Adalberto situada na Praça do Mercado, a praça principal da cidade de Cracóvia.

Incensação do altar

Ritos iniciais

Evangelho

sábado, 24 de abril de 2021

Homilia: IV Domingo de Páscoa - Ano B

São Gregório Magno
Sermão 14
Cristo, o Bom Pastor

Ouvistes, caríssimos irmãos, no ensinamento do santo Evangelho preceitos para a vida; e ouvistes também coisas que revelam nosso perigo; e observai com atenção que o Senhor, que é bom por seu próprio ser, e não por alguma virtude adquirida, disse: Eu sou o bom pastor. E para que seu exemplo nos torne bons, disse: O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. Ele fez o que nos ensina, e nos mostrou o que é que devemos fazer.

O bom pastor deu a vida por suas ovelhas para dar-nos sua Carne e seu Sangue no Santíssimo Sacramento, aonde as ovelhas redimidas poderiam se sustentar em sua graça. E tendo-nos ensinado que devemos fazer pouco caso da morte, quis dar-nos a regra para que a sigamos. A primeira coisa que nos manda é que, para auxílio de suas ovelhas, nós, os pastores, partilhemos com liberalidade todos os nossos bens exteriores com muita caridade; e depois disto, de for necessário, que ofereçamos também nossa vida pela salvação das mesmas ovelhas.

Do primeiro, que é muito pouco, sobe-se ao segundo, que é mais importante. Mas como a alma é mais estimada, e sem comparação de alto valor, e mediante a qual vivemos, que não há bem que lhe compare; aquele que não oferta seus bens como socorro para suas ovelhas, quando creremos que dará a própria vida? E é daqui que muitos perdem o nome de pastores, e com razão, pois valorizam mais os bens do que a vida das ovelhas que lhe foram confiadas, e é deles que se diz: O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge.

Este não é pastor, mas mercenário, porque não apascenta as ovelhas do Senhor pelo amor que as tem, mas somente para ganhar a diária que lhe pagam. Sem dúvida, é mercenário aquele que tem emprego de pastor, e não procura o bem das almas de suas ovelhas, dando atenção apenas para as rendas e a ganância que dali colhe. Desfruta na honra de pastor na qual se vê: apascenta-se a si mesmo dos proveitos temporais que dali tira, e se alegra de ver que todos o têm em grande reverência.

Esta é a verdadeira paga do mercenário, encontrar as coisas que ama desta vida em pagamento de seu trabalho, ainda que nunca suba nem entre no céu, que é a herança das ovelhas. Verdade é que, não havendo ocasião ou necessidade, muitas vezes não conhecereis facilmente qual é pastor ou mercenário: porque quando o tempo está calmo e tranquilo, também se está com o ganho tanto o mercenário quanto o pastor; mas vindo o lobo se conhece qual é o pastor, e qual é o mercenário, e o cuidado que cada um destes tem com suas ovelhas.

Sabei que o lobo vem para junto das ovelhas, sempre que algum tirano e poderoso maltrata aos cristãos pobres e humildes por ver que não oferecem grande resistência; e neste gosto, o que parecia pastor e não o era, deixa as ovelhas e foge, porque, temendo o perigo que lhe podia advir de defender as ovelhas, esqueceu-se da salvação destas visando seu próprio interesse. E este fugir não se entende como mudando de lugar, nem indo de uma parte a outra, mas deixando de pastorear as ovelhas com a consolação das palavras e com a esmola das obras, segundo a necessidade.

Foge, também, quando vê que as suas ovelhas são oprimidas, e se cala. Foge, porque se esconde na casa do silêncio, não querendo falar em favor delas. Pois, falando desses pastores, o Senhor disse pela boca do profeta Ezequiel: Não subistes para ir ao encontro, nem pusestes muralha em defesa da casa de Israel, para que o dia do Senhor vos encontrasse no combate.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 351-352. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São Pedro Crisólogo para este domingo, clique aqui.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Mensagem do Papa: Dia de Oração pelas Vocações 2021

No dia 25 de abril de 2021, IV Domingo da Páscoa (o "Domingo do Bom Pastor") celebra-se o 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Confira a mensagem do Papa Francisco para a ocasião, centrada na figura de São José:

Papa Francisco
Mensagem para o 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações
25 de abril de 2021 - IV Domingo da Páscoa

«São José: o sonho da vocação»

Queridos irmãos e irmãs!
No dia 08 de dezembro passado teve início o Ano especial dedicado a São José, por ocasião do 150º aniversário da sua declaração como Padroeiro da Igreja universal (cfDecreto da Penitenciaria Apostólica, 08 de dezembro de 2020). De minha parte, escrevi a Carta Apostólica Patris corde, com o objetivo de «aumentar o amor por este grande Santo». Trata-se realmente de uma figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós». São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se encontrava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus.
Deus vê o coração (cf1Sm 16,7) e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto mesmo que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias. O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto mesmo têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida. São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo ao pé da porta; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho.

O sonho de José (Anton Raphael Mengs)

A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um. A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efêmeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se pedíssemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se dá, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, muito nos tem a dizer São José, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

XXX Catequese do Papa sobre a oração

Chegando à sua 30ª Catequese sobre a oração à luz do Catecismo da Igreja Católica, o Papa Francisco começou a refletir sobre as “expressões da oração”, iniciando pela oração vocal (nn. 2700-2704):

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 21 de abril de 2021
A oração (30): A oração vocal

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
A oração é diálogo com Deus; e, em certo sentido, todas as criaturas “dialogam” com Deus. No ser humano, a oração torna-se palavra, invocação, cântico, poesia... A Palavra divina fez-se carne, e na carne de cada homem a palavra volta a Deus na oração.
As palavras são as nossas criaturas, mas são também as nossas mães, e em certa medida plasmam-nos. As palavras de uma prece levam-nos em segurança através de um vale escuro, orientando-nos para prados verdes, ricos de água, fazendo-nos banquetear diante dos olhos de um inimigo, como o Salmo nos ensina a recitar (cf. Sl 22/23). As palavras nascem dos sentimentos, mas há também o caminho inverso: aquele em que as palavras moldam os sentimentos. A Bíblia educa o homem para garantir que tudo vem à luz através da palavra, que nada de humano seja excluído, censurado. Acima de tudo, a dor é perigosa se permanecer coberta, fechada dentro de nós... Uma dor encerrada dentro de nós, que não se exprime nem desabafa, pode envenenar a alma; é mortal.
É por este motivo que a Sagrada Escritura nos ensina a rezar até com palavras às vezes audazes. Os escritores sagrados não nos querem enganar sobre o homem: sabem que no seu coração existem também sentimentos pouco edificantes, até mesmo o ódio. Nenhum de nós nasce santo, e quando estes sentimentos negativos batem à porta do nosso coração, devemos ser capazes de desarmá-los com a oração e com as palavras de Deus. Nos Salmos encontramos também expressões muito duras contra os inimigos - expressões que os mestres espirituais nos ensinam a atribuir ao diabo e aos nossos pecados - mas são palavras que pertencem à realidade humana e que acabaram no contexto das Sagradas Escrituras. Estão ali para nos testemunhar que se, perante a violência, não houvessem palavras para tornar inofensivos os maus sentimentos, para os canalizar de modo que não prejudiquem, o mundo inteiro seria inundado por eles.
A primeira oração humana é sempre uma recitação vocal. Os lábios movem-se sempre em primeiro lugar. Embora todos saibamos que rezar não significa repetir palavras, no entanto a oração oral é a mais segura e pode ser praticada sempre. Os sentimentos, por mais nobres que sejam, são sempre incertos: vêm e vão, abandonam-nos e regressam. Não só, mas até as graças da oração são imprevisíveis: às vezes as consolações abundam, mas nos dias mais escuros parecem evaporar-se completamente. A oração do coração é misteriosa e em certos momentos falha. A oração dos lábios, aquela que é sussurrada ou recitada em coro, está sempre disponível, e é tão necessária quanto o trabalho manual. O Catecismo afirma: «A oração vocal é um elemento indispensável da vida cristã. Aos discípulos, atraídos pela oração silenciosa do seu Mestre, este ensina-lhes uma oração vocal: o Pai-Nosso» (n. 2701). “Ensina-nos a rezar”, pedem os discípulos a Jesus, e Jesus ensina uma oração vocal: o Pai-Nosso. E naquela prece há tudo.
Todos deveríamos ter a humildade de certos idosos que, na igreja, talvez porque a sua audição já não é aguda, recitam em meia-voz as orações que aprenderam quando eram crianças, enchendo a nave de sussurros. Esta prece não perturba o silêncio, mas dá testemunho da sua fidelidade ao dever da oração, praticada durante uma vida inteira, sem nunca falhar. Com a oração humilde, estes orantes são frequentemente os grandes intercessores das paróquias: são os carvalhos que de ano em ano alargam os seus ramos, para oferecer sombra ao maior número de pessoas. Só Deus sabe quando e quanto os seus corações estavam unidos àquelas orações recitadas: certamente essas pessoas também tiveram que enfrentar noites e momentos vazios. Mas pode-se permanecer sempre fiel à prece vocal. É como uma âncora: agarrar-se à corda para permanecer ali, fiéis, aconteça ou que acontecer.
Todos temos que aprender com a constância daquele peregrino russo, mencionado numa famosa obra de espiritualidade, que aprendeu a arte da oração repetindo a mesma invocação inúmeras vezes: «Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!» (cf. CIC, 2616; 2667). Repetia só isto. Se as graças entraram na sua vida, se um dia a oração se tornou tão ardente que ele sentiu a presença do Reino aqui entre nós, se o seu olhar se transformou até ser como o de uma criança, foi porque ele insistiu em recitar uma simples jaculatória cristã. No final, ela torna-se parte da sua respiração. É bonita a história do peregrino russo: é um livro ao alcance de todos. Recomendo-vos que o leiais: vos ajudará a compreender o que é a oração vocal.
Por conseguinte, não devemos desprezar a oração vocal. Alguém diz: “Mas, é coisa para as crianças, para gente ignorante; estou procurando a prece mental, a meditação, o vazio interior para que Deus venha”. Por favor, não se deve cair na soberba de desprezar a oração vocal. É a oração dos simples, a que Jesus nos ensinou: Pai nosso que estais no céu... As palavras que pronunciamos levam-nos pela mão; às vezes restituem o sabor, despertam até o mais adormecido dos corações; estimulam sentimentos dos quais tínhamos perdido a memória, e levam-nos pela mão rumo à experiência de Deus. E acima de tudo, de maneira segura, são as únicas que dirigem a Deus as perguntas que Lhe aprazem. Jesus não nos deixou na névoa. Disse-nos: «Eis como deveis rezar!». E ensinou a oração do Pai-Nosso (cfMt 6,9).


Fonte: Santa Sé

Catequeses sobre os Salmos (13): Laudes da quinta-feira da II semana

Prosseguindo com a série das Catequeses do Papa João Paulo II sobre os salmos e cânticos da Liturgia das Horas, propomos hoje suas reflexões sobre as Laudes da quinta-feira da II semana do Saltério, proferidas nos dias 10 de abril (Sl 79), 17 de abril (Is 12,1-6) e 24 de abril de 2002 (Sl 80).

36. Visitai, Senhor, a vossa vinha: Sl 79(80),2-20
10 de abril de 2002

1. O Salmo que agora foi entoado tem a tonalidade de um lamento e de uma súplica de todo o povo de Israel. A primeira parte emprega um célebre símbolo bíblico, o pastor. O Senhor é invocado como “pastor de Israel”, aquele que “apascentou José como um rebanho” (v. 2). Do alto da arca da aliança, sentado sobre os querubins, o Senhor guia o seu rebanho, isto é, o seu povo, e protege-o dos perigos.
Assim fizera durante a travessia do deserto. Mas agora parece estar ausente, quase adormecido ou indiferente. Ao rebanho que devia orientar e nutrir (cf. Sl 22) oferece apenas um pão embebido em lágrimas (v. 6). Os inimigos escarnecem este povo humilhado e ofendido; contudo, Deus não se mostra admirado, não “desperta” (v. 3), nem revela o seu poder, defendendo as vítimas da violência e da opressão. A repetida invocação da antífona (vv. 4.8) tenta fazer com que Deus abandone a sua atitude indiferente, fazendo com que ele volte a ser pastor e defesa do seu povo.

2. Na segunda parte da oração, densa de tensão e, ao mesmo tempo, de confiança, encontramos outro símbolo querido à Bíblia, o da vinha. É uma imagem que se compreende facilmente, porque faz parte do panorama da terra prometida e é sinal de fecundidade e de alegria.
Como ensina o profeta Isaías numa das suas mais nobres páginas poéticas (cf. Is 5,1-7), a vinha encarna Israel. Ela ilustra duas dimensões fundamentais: por um lado, dado que é plantada por Deus (cf. Is 5,2; Sl 79,9-10), a vinha representa o dom, a graça, o amor de Deus; por outro, ela precisa do trabalho do camponês, graças ao qual produz uvas que podem dar o vinho e, portanto, representa a resposta humana, o empenho pessoal e o fruto de obras justas.

3. Através da imagem da vinha, o Salmo recorda as principais etapas da história hebraica: as suas raízes, a experiência do êxodo do Egito, a entrada na terra prometida. A vinha tinha alcançado o seu nível mais amplo de extensão sobre toda a região palestina e para além dela, com o reino de Salomão. De fato, expandia-se dos montes setentrionais do Líbano, com os seus cedros, até ao mar Mediterrâneo e quase até ao grande rio Eufrates (vv. 11-12).
Mas o esplendor deste florescimento foi interrompido. O Salmo recorda-nos que na vinha de Deus passou a tempestade, isto é, Israel sofreu uma provação áspera, uma dura invasão que devastou a terra prometida. O próprio Deus derrubou, como se fosse um invasor, o muro que circundava a vinha, deixando assim que nela irrompessem os saqueadores, representados pelo javali, um animal considerado, pelos costumes antigos, violento e impuro. Ao poder do javali uniram-se todos os animais selvagens, símbolo de uma horda inimiga que tudo devasta (vv. 13-14).

4. Então dirige-se a Deus o premente apelo para que volte a manifestar-se em defesa das vítimas, rompendo o seu silêncio: “Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a!” (v. 15). Deus será ainda o protetor da cepa vital desta vinha submetida a uma tempestade tão violenta, afastando tudo o que procurara desenraizá-la e incendiá-la (vv. 16-17).
Neste ponto, o Salmo abre-se a uma esperança com tonalidades messiânicas. De fato, o versículo 18 reza assim: “Pousai a mão por sobre o vosso Protegido, o filho do homem que escolhestes para vós”. O pensamento dirige-se talvez, antes de tudo, para o rei davídico que, com o apoio do Senhor, orientará a reconquista da liberdade. Contudo, é implícita a confiança no futuro Messias, aquele “filho do homem” que será cantado pelo profeta Daniel (cf. Dn 7,13-14) e que Jesus assumirá como título predileto para definir a sua obra e a sua pessoa messiânica. Aliás, os Padres da Igreja serão unânimes ao indicar na vinha recordada pelo Salmo uma prefiguração profética de Cristo “videira verdadeira” (Jo 15,1) e da Igreja.

"Visitai, Senhor a vossa vinha" (Sl 79,15)
Ícone de Jesus Cristo, "videira verdadeira"

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Cerimoniários Pontifícios

Na quarta-feira, 14 de abril de 2021, publicamos um histórico dos Mestres das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice durante o último século, responsáveis pelas celebrações presididas pelo Papa ou realizadas em seu nome.

Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade a esta proposta apresentando brevemente os atuais Cerimoniários Pontifícios.

Estes, com efeito, são os principais colaboradores do Mestre das Celebrações Litúrgicas, auxiliando-o na organização das principais celebrações presididas pelo Papa. Em algumas circunstâncias, na sua ausência, um dos Cerimoniários pode inclusive assistir diretamente o Papa.

Além disso, os Cerimoniários têm importantes funções durante o período da Sede Vacante, desde a eventual morte do Papa até a eleição do seu sucessor, além de auxiliarem os Cardeais em algumas celebrações. Por exemplo, quando um Cardeal toma posse de sua igreja titular em Roma, sobre a qual exerce um cuidado espiritual em sinal de comunhão com o Bispo de Roma, um dos Cerimoniários o assiste e redige a ata da ocasião.

Cerimoniários Pontifícios auxiliando como acólitos
(Domingo de Páscoa, 12 de abril de 2020)

Atuais Cerimoniários Pontifícios
(Atualizado em 25 de novembro de 2023)

A seguir listamos os atuais oito Cerimoniários Pontifícios, segundo sua ordem de nomeação. Cabe ressaltar que, além desse ofício, todos os Cerimoniários, que recebem o título de Monsenhor, trabalham em um dos Dicastérios da Cúria Romana.

Monsenhor Pier Enrico Stefanetti

Nasceu em Legnano (Itália) em 28 de abril de 1952 e foi ordenado sacerdote no dia 14 de junho de 1981, incardinado na Diocese de Velletri-Segni.
Foi nomeado Cerimoniário Pontifício pelo Papa Bento XVI em 25 de fevereiro de 2006, sendo atualmente o “Decano” dos Cerimoniários.
Ao mesmo tempo, trabalha no Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Monsenhor Pier Enrico Stefanetti
(Domingo de Páscoa, 27 de março de 2016)

Monsenhor Marco Agostini

Nascido em 1962 em Verona (Itália) e ordenado sacerdote no dia 06 de agosto de 1992, incardinado na Diocese de Verona.
Nomeado Cerimoniário pelo Papa Bento XVI em 13 de junho de 2009.
Trabalha na Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado da Santa Sé.

Monsenhor Marco Agostini
(Vigília Pascal, 31 de março de 2018)

Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi, F.S.C.B.

Membro da Fraternidade Sacerdotal de São Carlos Borromeu, nasceu em 1974, na Itália, e foi ordenado sacerdote em 2004.
Sua nomeação como Cerimoniário deu-se em 04 de outubro de 2011, sob o Papa Bento XVI.
Assim como Mons. Agostini, trabalha na Seção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado da Santa Sé.

Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi
(Missa com Ordenações Episcopais, 04 de outubro de 2019)