domingo, 31 de julho de 2016

Homilia: XVIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

 São Gregório Nazianzeno
Sermão 14
Vamos de uma vez em busca do Verbo, busquemos aquele descanso

Não se glorie o sábio de seu saber, não se glorie o rico em sua riqueza, não se glorie o soldado de seu valor, ainda que tivessem escalado o cume do saber, da riqueza ou do valor. Vou acrescentar à lista novos paralelismos: nem se glorie o famoso e célebre em sua glória, nem o que está são de sua saúde, nem o elegante de sua formosa presença, nem o jovem de sua juventude; em uma palavra, que nenhum soberbo ou vaidoso se glorie em nenhuma daquelas coisas que celebram os mortais. Em todo caso, aquele que se gloria que se glorie somente nisto: em conhecer e buscar a Deus, em compadecer-se da sorte dos miseráveis e em fazer reservas de bem para a vida futura.
Todo o resto são coisas inconsistentes e frágeis e, como no jogo do xadrez, passam de uns aos outros, mudando de campo; e nada é tão próprio daquele que o possui que não acabe se esvaindo com o passar do tempo ou há de transmitir-se com dor aos herdeiros. Aquelas, porém, são realidades seguras e estáveis, que nunca nos deixam nem se dissipam, nem ficam frustradas as esperanças daqueles que depositaram nelas sua confiança.
A meu parecer esta é, também, a causa de que os homens não tenham nesta vida nenhum bem estável e duradouro. E isto – como tudo o demais – assim o dispôs sabiamente a Palavra Criadora e aquela Sabedoria que supera todo entendimento, para que nos sintamos defraudados pelas coisas que estão debaixo de nossa observação, ao ver que estão sempre mudando em um ou outro sentido, ora estão em alta ora em baixa, padecendo contínuos reveses e, já antes de tê-las na mão, te escorregam e te escapam.
Comprovando, portanto, sua instabilidade e variabilidade, esforcemo-nos por atracar ao porto da vida futura. O que não faríamos nós de ser constante nossa prosperidade se, inconsistente e frágil como é, até tal ponto nos encontramos como subjugados por sutis cadeias e reduzidos a esta servidão por seus prazeres enganosos, que nos encontramos incapacitados para pensar que possa haver algo melhor e mais excelente das realidades presentes, e isto apenas de escutar e estar firmemente persuadidos de que fomos criados à imagem de Deus, imagem que está acima e nos atrai a si?
Aquele que seja sábio, que recolha estes fatos. Quem deixará passar as coisas transitórias? Quem prestará atenção às coisas estáveis? Quem considerará como efêmeras as coisas presentes? Feliz o homem que, dividindo e demarcando estas coisas com a espada da Palavra que separa o melhor do pior, prepara as elevações de seu coração, como em certo lugar afirma o Profeta Davi, e fugindo com todas as suas energias deste vale de lágrimas, busca os bens do alto e, crucificado ao mundo com Cristo, com Cristo ressuscita, juntamente com Cristo ascende, herdeiro de uma vida que já não é nem decrépita nem falaz: onde já não existe serpente que morde junto ao caminho nem que espreita o calcanhar, como pode se comprovar observando sua cabeça.
Considerando tudo isso, também o bem-aventurado Miquéias diz atacando aos que se arrastam por terra e têm do bem somente o ideal: Aproximai-vos dos montes eternos; pois, adiante, marchai-vos!, que não é lugar de repouso. São mais ou menos as mesmas palavras com as quais nos anima nosso Senhor e Salvador, dizendo: Levantai-vos, vamos daqui! Jesus disse isso não somente aos que naquela ocasião tinha como discípulos, os convidando a sair unicamente daquele lugar – como talvez alguém possa pensar –, mas tratando de afastar sempre e a todos os seus discípulos da terra e das realidades terrenas, para elevá-los ao céu e às realidades celestiais.
Vamos, portanto, de uma vez em busca do Verbo, busquemos aquele descanso, rejeitemos a riqueza e a abundância desta vida. Aproveitemo-nos unicamente daquilo que de bom há nelas, a saber: redimamos nossas almas à base de esmolas, demos aos pobres nossos bens, para enriquecer-nos com aqueles do céu.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 689-691. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de Santo Ambrósio o para este domingo clicando aqui.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Fotos da Cerimônia de Acolhida da JMJ - Cracóvia

Na tarde do último dia 28 de julho o Papa Francisco presidiu no Parque Błonia em Cracóvia a Cerimônia de Acolhida dos jovens que participam da XXXI Jornada Mundial da Juventude.

O Santo Padre, assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Ján Dubina, acompanhou algumas apresentações culturais dos jovens, centradas no tema da santidade, ouviu a proclamação do Evangelho (Lc 10,38-42) e proferiu um discurso. No final, abençoou os presentes.

Chegada do Papa
Jovens aguardam o Papa


Saudação do Cardeal Dziwisz

Discurso do Papa na Cerimônia de Acolhida da JMJ - Cracóvia

Viagem Apostólica do Papa Francisco à Polónia
XXXI Jornada Mundial da Juventude 

(27-31 de julho de 2016)

Encontro de Boas-Vindas com os participantes da JMJ
Discurso do Santo Padre
Cracóvia, Esplanada de Błonia
Quinta-feira, 28 de julho de 2016

Queridos jovens, boa tarde!
Finalmente encontramo-nos…! Obrigado por esta calorosa recepção! Agradeço ao Cardeal Dziwisz, aos bispos, aos sacerdotes, aos religiosos, aos seminaristas e leigos e a todos aqueles que vos acompanham. Obrigado a quantos tornaram possível a nossa presença aqui, hoje, que «desceram em campo» para que pudéssemos celebrar a fé. Hoje nós, todos juntos, estamos a celebrar a fé.
Nesta sua terra natal, quero agradecer especialmente a São João Paulo II [grande aplauso] – com força; com mais força – que sonhou e deu impulso a estes encontros. Do céu, ele nos acompanha vendo tantos jovens pertencentes a povos, culturas, línguas tão diferentes animados por um único motivo: celebrar Jesus que está vivo no meio de nós. Compreendestes? Celebrar Jesus que está vivo no meio de nós. E dizer que está vivo é querer renovar o nosso desejo de O seguir, o nosso desejo de viver com paixão o seguimento de Jesus. E qual ocasião melhor para renovar a amizade com Jesus do que ao reforçar a amizade entre vós? Qual modo melhor para reforçar a nossa amizade com Jesus do que partilhá-la com os outros? Qual maneira melhor para viver a alegria do Evangelho do que querer «contagiar», com a Boa Nova, a tantas situações dolorosas e difíceis?
E Jesus é Aquele que nos convocou para esta trigésima primeira Jornada Mundial da Juventude; é Ele que nos diz: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7). Felizes são aqueles que sabem perdoar, que sabem ter um coração compassivo, que sabem dar o melhor aos outros; o melhor… Não o que sobra, mas o melhor.
Queridos jovens, nestes dias, a Polónia, esta nobre terra, veste-se de festa; nestes dias, a Polónia quer ser o rosto sempre jovem da Misericórdia. A partir desta terra, convosco e unidos também a muitos jovens que, vendo-se impossibilitados de estar aqui hoje, nos acompanham através dos vários meios de comunicação, todos juntos faremos desta Jornada uma verdadeira festa jubilar, neste Jubileu da Misericórdia.
Nos meus anos de bispo, aprendi uma coisa (aprendi muitas; mas uma quero dizer-vo-la agora): não há nada mais belo do que contemplar os anseios, o empenho, a paixão e a energia com que muitos jovens abraçam a vida. Como é belo isto! E donde vem esta beleza? Quando Jesus toca o coração dum jovem, duma jovem, estes são capazes de ações verdadeiramente grandiosas. É estimulante ouvi-los partilhar os seus sonhos, as suas questões e o seu desejo de opor-se a quantos dizem que as coisas não podem mudar. A estes, chamo-lhes «quietistas», imobilistas: «Nada pode mudar». Não é verdade; os jovens possuem a força de se lhes opor. Mas, talvez alguns não estejam muito seguros disto! Eu pergunto-vos; vós respondeis: As coisas podem mudar? [Sim!] Não se ouve… [Sim!] Agora, sim! É um dom do céu poder ver muitos de vós que, com as vossas questões, procurais fazer com que as coisas sejam diferentes. É bonito e conforta-me o coração ver-vos assim exuberantes. Hoje a Igreja olha-vos – diria mais: hoje o mundo olha-vos – e quer aprender de vós, para renovar a sua confiança na Misericórdia do Pai que tem o rosto sempre jovem e não cessa de nos convidar para fazer parte do seu Reino, que é um Reino de alegria, sempre é um Reino de felicidade, é um Reino que sempre nos faz progredir, é um Reino capaz de nos dar a força para mudar as coisas. Já me esqueci [da vossa reposta]; faço-vos a pergunta outra vez: As coisas podem mudar? [Sim!] Está bem.
Conhecendo a paixão que pondes na missão, ouso repetir: a misericórdia tem sempre o rosto jovem. Porque um coração misericordioso tem a coragem de deixar a comodidade; um coração misericordioso sabe ir ao encontro dos outros, consegue abraçar a todos. Um coração misericordioso sabe ser um refúgio para quem nunca teve uma casa ou perdeu-a, sabe criar um ambiente de casa e de família para quem teve de emigrar, é capaz de ternura e compaixão. Um coração misericordioso sabe partilhar o pão com quem tem fome, um coração misericordioso abre-se para receber o refugiado e o migrante. Dizer misericórdia juntamente convosco é dizer oportunidade, é dizer amanhã, é dizer compromisso, é dizer confiança, é dizer abertura, hospitalidade, compaixão, é dizer sonhos. Mas vós… sois capazes de sonhar? [Sim!] Pois bem! Quando o coração está aberto e é capaz de sonhar, há lugar para a misericórdia, há lugar para acarinhar os que sofrem, há lugar para aproximar-se daqueles que não têm paz no coração, carecem do necessário para viver, ou falta-lhes a coisa mais bela: a fé. Misericórdia. Digamos, juntos, esta palavra: misericórdia. Todos! [misericórdia] Outra vez! [misericórdia] Outra vez, de modo que o mundo ouça [misericórdia].
Quero também confessar-vos outra coisa que aprendi nestes anos. Não quero ofender ninguém, mas entristece-me encontrar jovens que parecem «aposentados» antes do tempo. Isto deixa-me triste: jovens que parecem ter–se aposentado aos 23, 24, 25 anos... Isto entristece-me. Preocupa-me ver jovens que desistiram antes do jogo; que «se renderam» sem ter começado a jogar. Entristece-me ver jovens que caminham com a cara triste, como se a sua vida não tivesse valor. São jovens essencialmente chateados... e chatos, que chateiam os outros, e isto deixa-me triste. É duro, e ao mesmo tempo interpela-nos, ver jovens que deixam a vida à procura da «vertigem», ou daquela sensação de se sentir vivos por vias obscuras que depois acabam por «pagar»... e pagar caro. Pensai em tantos jovens que conheceis e que escolheram esta estrada. Dá que pensar quando vês jovens que perdem os anos belos da sua vida e as suas energias correndo atrás de vendedores de falsas ilusões – existem! – (na minha terra natal, diríamos «vendedores de fumaça»), que vos roubam o melhor de vós mesmos. E isto entristece-me. Tenho a certeza de que hoje, entre vós, não há nenhum desses, mas quero dizer-vos: há jovens aposentados, jovens que desistem antes do jogo, há jovens que se adentram na vertigem com as falsas ilusões e… acabam em nada.
Por isso, queridos amigos, estamos aqui reunidos para nos ajudarmos uns aos outros, porque não queremos deixar que nos roubem o melhor de nós mesmos, não queremos permitir que nos roubem as energias, que nos roubem a alegria, que nos roubem os sonhos com falsas ilusões.
Queridos amigos, pergunto-vos: Para a vossa vida quereis aquela «vertigem» alienante, ou quereis a força que vos faça sentir vivos e realizados? Vertigem alienante ou força da graça? Que quereis: vertigem alienante ou força que dá plenitude? Que quereis? [Força que dá plenitude] Não se ouve bem! [Força que dá plenitude] Para se sentir realizados, para ter uma vida renovada, há uma resposta, há uma reposta que não está à venda, há uma resposta que não se compra, uma resposta que não é uma coisa, que não é um objeto; é uma pessoa, chama-se Jesus Cristo. Pergunto-vos: Jesus Cristo, pode-se comprar? [Não!] Jesus Cristo está à venda nas lojas? [Não!] Jesus Cristo é uma dádiva, é uma prenda do Pai, a dádiva do nosso Pai. Quem é Jesus Cristo? Todos! Jesus Cristo é uma dádiva! Todos! [É uma dádiva!]. É a prenda do Pai.
Jesus Cristo é aquele que sabe dar verdadeira paixão à vida, Jesus Cristo é aquele que leva a não nos contentarmos com pouco e leva a dar o melhor de nós mesmos; é Jesus Cristo que nos interpela, convida e ajuda a erguer-nos sempre que nos damos por vencidos. É Jesus Cristo que nos impele a levantar o olhar e sonhar a altitude. Mas poderá alguém dizer-me: «Padre, é tão difícil sonhar a altitude, é tão difícil subir, subir sempre. Padre, eu sou fraco, caio; bem me esforço, mas muitas vezes escorrego». Os habitantes dos Alpes, quando sobem as montanhas, entoam uma canção muito linda que diz: «Na arte de subir, importante não é o não cair, mas não ficar caído». Se tu és fraco, se tu cais, ergue um pouco o olhar para o alto… há a mão estendida de Jesus, que te diz: «Levanta-te, vem comigo». «E se me acontece de novo?» Faz o mesmo. Uma vez Pedro perguntou ao Senhor: «Senhor, quantas vezes?» – «Setenta vezes sete». A mão de Jesus está sempre estendida para nos levantar, quando caímos. Compreendestes? [Sim!]
No Evangelho, ouvimos narrar que Jesus, indo a caminho de Jerusalém, se deteve numa casa – a casa de Marta, Maria e Lázaro – que O acolhe. Passando por lá, entra em casa para estar com eles; as duas mulheres acolhem Aquele que sabem ser capaz de comover-Se. Por vezes as inúmeras ocupações fazem-nos ser como Marta: ativos, distraídos, sempre a correr daqui para ali... mas há vezes também que somos como Maria: à vista duma bela paisagem, ou dum vídeo que um amigo nos envia ao telemóvel, paramos a refletir, a escutar. Nestes dias da JMJ, Jesus quer entrar na nossa casa: na tua casa, na minha casa, no coração de cada um de nós; Jesus dar-Se-á conta das nossas preocupações, da nossa pressa, como fez com Marta... e esperará que O escutemos como Maria: que, no meio de todas as tarefas, tenhamos a coragem de nos confiarmos a Ele. Que sejam dias para Jesus, dedicados a ouvi-Lo, a recebê-Lo nas pessoas com quem partilho a casa, a rua, o grupo, a escola.
E quem acolhe Jesus, aprende a amar como Jesus. Então pergunta-nos se queremos uma vida plena. E, em nome d’Ele, pergunto-vos: Queres tu, quereis vós uma vida plena? Começa desde agora a deixar-te mover à compaixão! Porque a felicidade germina e desabrocha na misericórdia. Esta é a sua resposta, este é o seu convite, o seu desafio, a sua aventura: a misericórdia. A misericórdia tem sempre um rosto jovem; como o de Maria de Betânia, sentada aos pés de Jesus como discípula, que gosta de escutar, porque sabe que ali está a paz. Como o rosto de Maria de Nazaré, de tal modo lançada com o seu «sim» na aventura da misericórdia, que será chamada bem-aventurada por todas as gerações, chamada por todos nós «a Mãe da Misericórdia». Invoquemo-La, todos juntos: Maria, Mãe da Misericórdia. Todos: Maria, Mãe da Misericórdia.
Agora, todos juntos, peçamos ao Senhor – cada um, em silêncio, repita no seu coração –: Senhor, lançai-nos na aventura da misericórdia! Lançai-nos na aventura de construir pontes e derrubar muros (sejam cercas ou arame farpado); lançai-nos na aventura de socorrer o pobre, quem se sente sozinho e abandonado, quem já não encontra sentido para a sua vida. Lançai-nos no acompanhamento daqueles que não Vos conhecem, dizendo-lhes com calma e tanto respeito o vosso Nome, o porquê da minha fé. Impele-nos, como a Maria de Betânia, para a escuta daqueles que não compreendemos, daqueles que vêm de outras culturas, outros povos, mesmo daqueles que tememos porque julgamos que nos podem fazer mal. Fazei que voltemos o nosso olhar, como Maria de Nazaré para Isabel, que voltemos os olhos para os nossos idosos, os nossos avós, a fim de aprender com a sua sabedoria. Pergunto-vos: Falais com os vossos avós? [Sim!] Continuai a fazê-lo! Procurai os vossos avós; eles possuem a sabedoria da vida e dir-vos-ão coisas que enternecerão o vosso coração.
Eis-nos aqui, Senhor! Enviai-nos a partilhar o vosso Amor Misericordioso. Queremos acolher-Vos nesta Jornada Mundial da Juventude, queremos afirmar que a vida é plena quando é vivida a partir da misericórdia; e que esta é a parte melhor, é a parte mais ditosa, é a parte que nunca nos será tirada. Ámen.


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa do Papa em Czestochowa

Na manhã da última quinta-feira, dia 28, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Santuário de Nossa Senhora em Częstochowa, na Polônia, por ocasião dos 1050 anos do Batismo da Polônia (para ler a homilia do Papa, clique aqui).

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. Foi rezada a Missa de Nossa Senhora de Częstochowa, como pode ver-se no Missal para a Viagem Apostólica.

Antes da Missa o Papa rezou diante da imagem original de Nossa Senhora, exposta em uma pequena capela:

Papa reza diante da imagem de Nossa Senhora de Czestochowa



Entorno do Santuário repleto de fieis

Homilia do Papa na Missa em Czestochowa

Viagem Apostólica do Papa Francisco à Polônia
XXXI Jornada Mundial da Juventude
(27-31 de julho de 2016)

Santa Missa nos 1050 Anos do Batismo da Polônia
Homilia do Santo Padre
Częstochowa
Quinta-feira, 28 de julho de 2016

Das leituras desta Liturgia emerge um fio divino, que passa para a história humana e tece a história da salvação.
O apóstolo Paulo fala-nos do grande desígnio de Deus: «Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher» (Gal 4, 4). A história, porém, diz-nos que, quando chegou esta «plenitude do tempo», isto é, quando Deus Se fez homem, a humanidade não estava particularmente preparada, nem era um período de estabilidade e de paz: não havia uma «idade de ouro». A cena deste mundo não era merecedora da vinda de Deus; antes pelo contrário, já que «os seus não O receberam» (Jo 1, 11). Assim a plenitude do tempo foi um dom de graça: Deus encheu o nosso tempo com a abundância da sua misericórdia; por puro amor – por puro amor –, inaugurou a plenitude do tempo.
Impressiona, sobretudo, o modo como se realiza a entrada de Deus na história: «nascido de uma mulher». Não há qualquer entrada triunfal, qualquer manifestação imponente do Todo-Poderoso. Não Se manifesta como um sol ofuscante, mas entra no mundo da forma mais simples, chega como uma criança através da mãe, com aquele estilo de que nos fala a Sagrada Escritura: como a chuva sobre a terra (cf. Is 55, 10), como a menor das sementes que germina e cresce (cf. Mc 4, 31-32). Assim – ao contrário do que esperaríamos e talvez quiséssemos – o Reino de Deus, hoje como então, «não vem de maneira ostensiva» (Lc17, 20), mas na pequenez, na humildade.
O Evangelho de hoje retoma este fio divino que atravessa delicadamente a história: da plenitude do tempo passamos ao «terceiro dia» do ministério de Jesus (cf. Jo 2, 1) e ao anúncio da «hora» da salvação (cf. v. 4). O tempo restringe-se, e a manifestação de Deus acontece sempre na pequenez. Assim «Jesus realizou o primeiro dos seus sinais miraculosos» (v. 11), em Caná da Galileia. Não há um gesto estrondoso realizado diante da multidão, nem uma intervenção que resolva um problema político flagrante, como a subjugação do povo à dominação romana. Pelo contrário, numa pequena aldeia, tem lugar um milagre simples, que alegra o casamento duma jovem família, completamente anónima. E contudo a água transformada em vinho na festa de núpcias é um grande sinal, porque revela o rosto esponsal de Deus, de um Deus que Se põe à mesa connosco, que sonha e realiza a comunhão connosco. Diz-nos que o Senhor não Se mantém à distância, mas é vizinho e concreto, está no nosso meio e cuida de nós, sem decidir em nosso lugar nem Se ocupar de questões de poder. De facto prefere encerrar-Se no que é pequeno, ao contrário do homem que tende a querer possuir algo sempre maior. Deixar-se atrair pelo poder, a grandeza e a visibilidade é tragicamente humano, resultando uma grande tentação que procura insinuar-se por todo o lado. Ao passo que é requintadamente divino dar-se aos outros, eliminando as distâncias, permanecendo na pequenez e habitando concretamente a quotidianidade.
Por conseguinte, Deus salva-nos fazendo-Se pequeno, vizinho e concreto. Antes de mais nada, Deus faz-Se pequeno. O Senhor, «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), prefere os pequeninos, a quem é revelado o Reino de Deus (cf. Mt 11, 25); são grandes a seus olhos e, sobre eles, pousa o seu olhar (cf. Is 66, 2). Prefere-os, porque se opõem àquele «estilo de vida orgulhoso» que vem do mundo (cf. 1 Jo 2, 16). Os pequenos falam a mesma língua d’Ele: o amor humilde que os torna livres. Por isso, Jesus chama pessoas simples e disponíveis para serem seus porta-vozes, e confia-lhes a revelação do seu nome e os segredos do seu Coração. Pensemos em tantos filhos e filhas do vosso povo: nos mártires, que fizeram resplandecer a força desarmada do Evangelho; nas pessoas simples, e todavia extraordinárias, que souberam testemunhar o amor do Senhor no meio de grandes provações; nos arautos mansos e fortes da Misericórdia, como São João Paulo II e Santa Faustina. Através destes «canais» do seu amor, o Senhor fez chegar dons inestimáveis a toda a Igreja e à humanidade inteira. E é significativo que este aniversário do Batismo do vosso povo tenha coincidido precisamente com o Jubileu da Misericórdia.
Além disso, Deus é vizinho, o seu Reino está próximo (cf. Mc 1, 15): o Senhor não quer ser temido como um soberano poderoso e distante, não quer permanecer num trono celeste ou nos livros da história, mas gosta de mergulhar nas nossas vicissitudes de cada dia, para caminhar connosco. Ao pensarmos no dom dum milénio abundante de fé, é bom antes de tudo dar graças a Deus, que caminhou com o vosso povo, tomando-o pela mão – como faz um papá com o seu menino –, e acompanhando-o em tantas situações. Isto mesmo é o que nós, também enquanto Igreja, sempre somos chamados a fazer: ouvir, envolver-se e tornar-se vizinho, partilhando as alegrias e as canseiras das pessoas, de modo que o Evangelho se comunique da forma mais coerente e frutuosa, ou seja, por irradiação positiva, através da transparência da vida.
Por fim, Deus é concreto. Das leituras de hoje sobressai que tudo, na ação de Deus, é concreto: a Sabedoria divina age «como arquiteto» e «brinca» (cf. Prv 8, 30), o Verbo faz-Se carne, nasce duma mãe, nasce sob o domínio da Lei (cf. Gal 4, 4), tem amigos e participa numa festa: o Eterno comunica-Se transcorrendo o tempo com pessoas e em situações concretas. Também a vossa história, permeada de Evangelho, Cruz e fidelidade à Igreja, regista o contágio positivo duma fé genuína, transmitida de família para família, de pai para filho e, sobretudo, pelas mães e as avós, a quem muito devemos agradecer. De modo particular, pudestes palpar a ternura concreta e providente da Mãe de todos, que vim aqui venerar como peregrino e que saudamos, no Salmo, como «a honra do nosso povo» (Jdt 15, 9).
É precisamente para Ela que nós, aqui reunidos, levantamos o olhar. Em Maria, encontramos a plena correspondência ao Senhor: e assim, na história, entrelaça-se com o fio divino um «fio mariano». Se existe qualquer glória humana, qualquer mérito nosso na plenitude do tempo, é Ela: é Ela aquele espaço, preservado liberto do mal, onde Deus Se espelhou; é Ela a escada que Deus percorreu para descer até nós e fazer-Se vizinho e concreto; é Ela o sinal mais claro da plenitude do tempo.
Na vida de Maria, admiramos esta pequenez amada por Deus, que «pôs os olhos na humildade da sua serva» e «exaltou os humildes» (Lc 1, 48.52). E nisso tanto Se deleitou, que d’Ela Se deixou tecer a carne, de modo que a Virgem Se tornou Progenitora de Deus, como proclama um hino muito antigo que há séculos vós Lhe cantais. A vós que ininterruptamente vindes ter com Ela, acorrendo a esta capital espiritual do país, continue a Virgem Mãe a mostrar o caminho e vos ajude a tecer na vida a teia humilde e simples do Evangelho.
Em Caná, como aqui em Jasna Góra, Maria oferece-nos a sua proximidade e ajuda-nos a descobrir o que falta à plenitude da vida. Hoje, como então, fá-lo com solicitude de Mãe, com a presença e o bom conselho, ensinando-nos a evitar arbítrios e murmurações nas nossas comunidades. Como Mãe de família, quer-nos guardar juntos, todos juntos. O caminho do vosso povo superou, na unidade, tantos momentos duros; que a Mãe, forte ao pé da cruz e perseverante na oração com os discípulos à espera do Espírito Santo, infunda o desejo de ultrapassar as injustiças e as feridas do passado e criar comunhão com todos, sem nunca ceder à tentação de se isolar e impor.
Nossa Senhora, em Caná, mostrou-Se muito concreta: é uma Mãe que tem a peito os problemas e intervém, que sabe individuar os momentos difíceis e dar-lhes remédio com discrição, eficácia e determinação. Não é patroa nem protagonista, mas Mãe e serva. Peçamos a graça de assumir a sua sensibilidade, a sua imaginação ao servir quem passa necessidade, a beleza de gastar a vida pelos outros, sem preferências nem distinções. Que Ela, causa da nossa alegria e portadora da paz por entre a abundância do pecado e as turbulências da história, nos obtenha a superabundância do Espírito para sermos servos bons e fiéis.
Pela sua intercessão, que se renove, também para nós, a plenitude do tempo. De pouco serve a passagem do antes ao depois de Cristo, se permanece uma data nos anais da história. Possa realizar-se, para todos e cada um, uma passagem interior, uma Páscoa do coração para o estilo divino encarnado por Maria: agir na pequenez e acompanhar de perto, com coração simples e aberto.


Fonte: Santa Sé

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Fotos da Missa de abertura da JMJ - Cracóvia

Na última terça-feira, dia 26 de julho, aconteceu no parque Błonia em Cracóvia (Polônia) a Santa Missa de abertura da XXXI Jornada Mundial da Juventude, presidida pelo Cardeal Stanisław Dziwisz, Arcebispo Metropolitano de Cracóvia (para ler sua homilia, clique aqui).

Foi utilizado o formulário da Missa de São João Paulo II, cujas relíquias foram entronizadas no início da celebração, juntamente com as de Santa Faustina Kowalska.

Entronização da cruz e do ícone de Nossa Senhora

Procissão de entrada


Homilia na Missa de Abertura da JMJ - Cracóvia

Jornada Mundial da Juventude - Cracóvia
Missa de Abertura presidida pelo Cardeal Stanislaw Dziwisz
26 de julho de 2016
           
Saudação inicial
Queridos jovens amigos!
Chegou a hora que nós esperávamos há três anos.
Esperávamos este dia desde o momento quando o Papa Francisco anunciou no Rio de Janeiro que a próxima Jornada Mundial da Juventude acontecerá na Polônia, em Cracóvia.
O relógio na Basílica de Santa Maria, no coração histórico de Cracóvia, contava os dias, as horas, os minutos e segundos até este momento que agora vivemos.
Mas o relógio mais importante era o que registrava os nossos pensamentos e sentimentos, e que nos preparou espiritualmente para este encontro dos jovens discípulos do Mestre de Nazaré.
Vocês chegaram de todos os continentes e nações, do leste e oeste, do norte e do sul da nossa Terra. Vocês trazem muitas experiências, têm muitos desejos, falam muitas linguas. Mas partir de hoje nós vamos conversar no idioma do Evangelho. É uma lingua de amor. É uma língua de fraternidade, solidariedade e paz.
Bem-vindos à cidade de Karol Wojtyła -  São João Paulo II. Nesta cidade ele cresceu para servir à Igreja, daqui partiu para percorrer os caminhos do mundo inteiro, para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.
Bem-vindos à cidade onde de modo muito especial podemos experimentar o mistério e o dom da Divina Misericórdia.
Cari amici – benvenuti a Cracovia!
Dear friends – welcome to Cracow!
Chers amis – bienvenus à Cracovie!
Liebe Freunde – herzlich willkommen in Krakau!
Queridos amigos – bienvenidos a Cracovia!
Queridos amigos - Bem-vindos à Cracóvia!
Дорогие Друзья! Добро пожаловать в Краков!
Дорогі друзі, вітаємо у Кракові!
Bem-vindos! Saúdo a todos os cardeais, arcebispos e bispos reunidos aqui em Cracóvia, no Parque Błonia que já foi santificado pelo  Papa João Paulo II, abençoado pelo Papa Bento XVI, e será abençoado pela presença do Papa Francisco. Dou as boas vindas à delegação oficial do Patriarcado Moscovita com seu Arcebispo Metropolitano. Dou as boas vindas a todos os sacerdotes que estão concelebrando esta Santa Missa de Abertura da Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia em 2016. E através de todos estes participantes desta Missa, saúdo os jovens do mundo inteiro e todas as pessoas de boa vontade.
Dizemos a todos que queremos viver em paz e rogamos pelo dom da paz para nosso mundo conturbado, para que seja cessada a violência e a injustiça, e que ninguém morra de fome. Rezemos para que a verdade de que todos nós somos irmãos e irmãs venha à tona, porque somos todos filhos do Deus único. O misericordioso coração de Deus é o lugar de todos nós!
Rezemos nesta Missa por todas as vítimas do terrorismo nestes últimos tempos. Rezemos pelo sacerdote que foi assassinado hoje durante a celebração da  Santa Missa na França.
Irmãs e Irmãos, abramos os nossos corações para receber a Palavra de Deus e o dom da Santa Missa. Que Jesus, o Salvador do mundo, crucificado e ressuscitado esteja no meio de nós.
Levamos a Ele os nossos pensamentos e sentimentos, nossas esperanças e expectativas desta Festa da Fé da Igreja jovem. Neste Espírito começamos a Santa Missa.
           
Homilia do Cardeal Dziwisz
Queridos Amigos!
Escutando o diálogo entre Jesus ressuscitado e Simão Pedro nas margens do Mar da Galiléia, escutando três vezes a pergunta sobre o amor e a resposta, isto nos lembra a história da vida daquele pescador da Galiléia.
Sabemos que um certo dia ele deixou tudo - a família, o barco e as redes - e seguiu este Mestre extraordinário de Nazaré. Ele tornou-se o discípulo Dele. Ele estava aprendendo do olhar Dele para Deus e para o próximo. Ele viveu o sofrimento e a morte Dele e também passou por momentos da sua fraqueza e traição. Mas depois ele experimentou a alegria da Ressureição de Jesus que se revelou para seus próximos antes de entrar no céu.
Sabemos também muito bem o resto do diálogo, que na verdade foi uma prova de amor. Que nós hoje escutamos no Evangelho.
Simão Pedro tornou -se, pelo poder do Espírito Santo,  a testemunha corajosa de Jesus Cristo. Tornou-se uma rocha da Igreja nascente. E por tudo isto ele deu a sua vida na capital do Império Romano, crucificado como o seu Mestre. O sangue derramado de Pedro se tornou uma semente da fé e do crescimento da Igreja, que se espalhou pelo mundo inteiro.
Hoje Jesus Cristo conversa conosco em Cracóvia, na beira do rio Vístula, que percorre toda a Polônia, das montanhas até o mar. A experiência de Pedro pode tornar-se também a nossa experiência e nos fazer refletir.
Podemos nos fazer três perguntas e procurar as respostas.
Primeiro: de onde nós viemos?
Segunda: onde nós estamos neste monento da nossa vida?
E terceiro: para onde nós iremos e o que vamos levar deste encontro?

De onde nós viemos?
Viemos “de todas as nações que há debaixo do céu”( Act 2,5), como os peregrinos reunidos em Jerusalém no dia de Pentecostes, mas nós somos mais numerosos do que aqueles de dois mil anos atrás. Porque nós trazemos a riqueza dos séculos de evangelização, que se espalhou pelo mundo inteiro.
Trazemos a riqueza das nossas culturas, tradições e línguas. Trazemos as experiências das nossas Igrejas particulares. Trazemos os testemunhos da fé e da santidade das gerações anteriores e da geração presente dos nossos irmãos e irmãs, discípulos e discípulas de Jesus ressuscitado.
Viemos de todas as regiões do mundo, onde as pessoas vivem em paz, onde as famílias são as comunidades do amor e da vida, onde os jovens podem realizar seus desejos. Mas no meio de nós estão também os jovens dos paises onde se sofre por causa dos conflítos e guerras, onde as crianças sofrem com fome, onde os cristãos são perseguidos.
Entre nós estão os jovens de várias regiões do mundo onde há violência, terrorismo, onde os governadores usam seu poder para destruir o homem e as nações e usam ideologias insanas.
Nós chegamos a este encontro com nossas experiências pessoais da nossa vida, onde viver o Evangelho neste mundo não é facil. Trazemos nossos medos e decepções, porém também nossas saudades e esperanças, nossos desejos de uma vida em mundo mais humano, mais fraterno e solidário. Estamos conscientes das nossas fraquezas, mas cremos que “Tudo posso Naquele que me fortalece”. ( Fl 4, 13) Nós podemos enfrentar estes desafios do mundo de hoje, onde o homem tem que escolher entre a fé e a descrença, entre o bem e o mal, entre o amor e tudo que é contrário ao amor.

Onde nós estamos neste monento da nossa vida?
Nós viemos de longe e de perto. Muitos de nós percorreu milhões de quilômetros e investiu muito nesta viagem para estar hoje conosco. Estamos em Cracóvia, a antiga capital da Polônia, onde 1050 anos atrás chegou a luz da fé. A história da Polônia não foi fácil, mas sempre tentamos ser fiel a Deus e ao Evangelho.
Hoje estamos aqui todos juntos, porque foi Jesus que nos reuniu. Ele é a luz do mundo. Quem segue a Ele não andará nas trevas, mas terá a luz da vida. (Jo 8, 12). Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6). A quem iríamos? Ele tem as palavras de vida eterna.  (Jo 6, 68).
Somente Ele, Jesus Cristo, pode realizar os desejos mais profundos do nosso coração. Foi Ele que nos reuniu aqui. Ele está presente no meio de nós. Ele nos acompanha como acompanhou os discípulos a caminho de Emaús. Podemos confiar a Ele nossos medos e esperanças. Nestes dias Ele vai nos fazer perguntas sobre o nosso amor, como no passado Ele perguntou a Simão Pedro. Não evitem esta resposta.
Encontrando com Jesus podemos experimentar que estamos construindo uma grande comunidade, a Igreja, que ultrapassa as fronteiras que os homens criaram.
Somos todos filhos de Deus, resgatados pelo sangue de Seu Filho Jesus Cristo.
 A experiência da Igreja é uma experiência maravilhosa da Jornada Mundial da Juventude. Porque somos nós que vamos construir e mostrar para mundo inteiro a face da Igreja. Nós somos responsavéis para que o Evangelho se espalhe pelo mundo e chegue a todos que ainda não conhecem Jesus Cristo ou O conhecem pouco.
Amanhã virá o Papa Francisco, o Pedro do nosso Tempo. Depois de amanhã vamos encontrar com Ele neste mesmo lugar. Nos próximos dias escutaremos as palavras dele e rezaremos junto com ele. A presença do Papa durante a JMJ é muito característica e faz parte desta Festa da Fé.

E finalmente a terceira pergunta : para onde nós iremos e o que vamos levar deste encontro?
O nosso encontro dura somente alguns dias. Isso será uma experiência espiritual muito intensa e também cansativa. Depois vamos voltar para nossas casas e para nossas famílias, para as escolas, faculdades e locais de trabalho. Talvez nestes dias vamos tomar uma decisão, fazer um compromiso? Talvez vamos apontar os novos objetivos da nossa vida?
Talvez escutaremos a voz de Jesus que nos chama para deixar tudo e seguir a Ele?
O que vamos levar deste encontro?
Melhor não responder agora. Mas vamos encarar este desafio. Vamos partilhar nestes dias o que temos de mais precioso. Partilhem a sua fé, as suas experiências e esperanças.
Meus queridos jovens amigos, formem nestes dias seus corações e mentes. Escutem as catequeses que os bispos vão pregar. Escutem a voz do Papa Francisco. Participem na Santa Liturgia. Que vocês possam experimentar o amor do nosso Senhor no Sacramento da reconciliação. Conheçam também as igrejas de Cracóvia, a riqueza desta cidade, mas também a hospitalidade dos habitantes de Cracóvia e de outras cidades, onde vamos encontrar o descanso.
Cracóvia vive o mistério da Divina Misericórdia também graças à Santa Faustina e São João Paulo II, que mostraram para a Igreja e o mundo inteiro esta característica de Deus. Voltando para seus países, casas e comunidades, vocês levam a faísca de misericórdia, que vai lembrar a todos que “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!” (Mt 5, 7).
Levem aos outros o fogo da sua fé para que os corações de todas as pessoas possam bater no ritmo do Coração de Jesus, que é “o fogo ardente do amor.”
Que o fogo do amor possa se espalhar pelo mundo inteiro e tire o egoismo, a violência e injustiça, que na nossa terra possa se espalhar a cultura do bem, do amor e da paz.
O profeta Isaías nos diz hoje “belos os pés do mensageiro que anuncia a felicidade, que traz as boas novas e anuncia a libertação”. (Is 52, 7).
Este mensageiro foi João Paulo II, o iniciador da Jornada Mundial da Juventude, o amigo dos jovens e das famílias. E vocês também sejam estes mensageiros. Tragam ao mundo a Boa Nova de Jesus Cristo. Deem o testemunho que vale a pena confiar a sua vida a Jesus.
Abram a Jesus as portas dos seus corações. Anunciem,como São Paulo, que nem a morte, nem a vida, (…) nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8, 38-39).
Amém!
Cardeal Stanisław Dziwisz
Arcebispo Metropolitano de Cracóvia


Fonte: Site da JMJ (Confira também as fotos e o vídeo da Missa clicando aqui).

Ângelus: XVII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 24 de julho de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (Lc 11,1-13) tem início com o episódio no qual Jesus reza sozinho, separadamente; quando acaba, os discípulos pedem-lhe: «Senhor, ensina-nos a rezar» (v. 1); e Ele responde: «Quando orardes, dizei: “Pai...”» (v. 2). Esta palavra é o «segredo» da oração de Jesus, é a chave que Ele mesmo nos oferece a fim de podermos entrar também nós na relação de diálogo confidencial com o Pai que acompanhou e amparou toda a sua vida.

Ao apelativo «Pai» Jesus associa duas solicitações: «santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino» (v. 2). Portanto a oração de Jesus - a oração cristã - é antes de tudo dar lugar a Deus, deixando que ele manifeste a sua santidade em nós, fazendo com que se aproxime o seu reino, a partir da possibilidade de exercer o seu senhorio de amor na nossa vida.

Outros três pedidos completam esta oração que Jesus ensina, o «Pai nosso». Três solicitações que exprimem as nossas necessidades fundamentais: o pão, o perdão e a ajuda contra as tentações (vv. 3-4). Não podemos viver sem pão, sem perdão, sem a ajuda de Deus contra as tentações. O pão que Jesus nos ensina a pedir é o necessário, não o supérfluo; o pão dos peregrinos, o justo, um pão que não se acumula nem se desperdiça, que não pesa durante a nossa marcha. O perdão, antes de tudo, é aquele que nós mesmos recebemos de Deus: só a consciência de sermos pecadores perdoados pela infinita misericórdia divina pode tornar-nos capazes de realizar gestos concretos de reconciliação fraterna. Se uma pessoa não se sente pecadora perdoada, nunca poderá fazer um gesto de perdão nem de reconciliação. Começa-se pelo coração, onde nos sentimos pecadores perdoados. O último pedido, «não nos deixeis cair em tentação», exprime a consciência da nossa condição, sempre exposta às insídias do mal e da corrupção. Todos sabemos o que é uma tentação!

O ensinamento de Jesus sobre a oração prossegue com duas parábolas, com as quais Ele cita a atitude de um amigo em relação a outro amigo e a de um pai em relação ao seu filho (vv. 5-12). Ambas pretendem ensinar-nos a ter plena confiança em Deus, que é Pai. Ele conhece melhor do que nós as nossas necessidades, mas quer que as apresentemos com audácia e com insistência, porque este é o nosso modo de participar na sua obra de salvação. A oração é o primeiro e principal «instrumento de trabalho» nas nossas mãos! Insistir com Deus não serve para convencê-lo, mas para fortalecer a nossa fé e a nossa paciência, isto é, a nossa capacidade de lutar juntamente com Deus pelo que é deveras importante e necessário. Na oração somos dois: Deus e eu, lutando juntos pelo que é importante.

Entre as coisas mais importantes que Jesus diz hoje no Evangelho, há uma na qual quase nunca pensamos: é o Espírito Santo. «Concedei-me o Espírito Santo!». E Jesus diz: «Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que o pedirem!» (v. 13). O Espírito Santo! Devemos pedir que o Espírito Santo venha a nós. Mas para que serve o Espírito Santo? Para viver bem, com sabedoria e amor, fazendo a vontade de Deus. Que bonita oração seria, nesta semana, se cada um de nós pedisse ao Pai: «Pai, concedei-me o Espírito Santo!». A Virgem Maria demonstra-o com a sua existência, inteiramente animada pelo Espírito de Deus. Que ela nos ajude a pedir ao Pai, unidos a Jesus, para viver não de maneira mundana, mas segundo o Evangelho, guiados pelo Espírito Santo.


Fonte: Santa Sé.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Oração e hino da JMJ Cracóvia 2016

 Deus, Pai misericordioso,
que revelaste Teu amor em Teu Filho Jesus Cristo
e, no Espírito Santo, Consolador, o derramaste sobre nós,
a Ti confiamos o futuro do mundo e de todos os homens.
De maneira especial a Ti confiamos os jovens
de todos os idiomas, povos e nações.
Guiai e protegei-os nos complicados caminhos de hoje
e dê-lhes a graça de poder colher abundantes frutos
a partir da experiência da Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia.

Pai celeste,
faça-nos testemunhas da Tua misericórdia.
Ensina-nos a levar a fé aos que duvidam,
a esperança aos desanimados,
o amor aos indiferentes,
o perdão a quem fez o mal
e a alegria aos infelizes.
Fazei com que a centelha do amor misericordioso
que acendeste dentro de nós
converta-se em uma chama que transforma os corações
e renova a face da Terra.

Maria, Mãe de Misericórdia, rogai por nós.
São João Paulo II, rogai por nós.
Santa Faustina, rogai por nós.


Confira também o hino oficial da JMJ em polonês e em português:


A Viagem do Papa à Polônia

Entre os dias 27 e 31 de julho de 2016 o Papa Francisco realiza sua décima quinta Viagem Apostólica, com destino à Polônia. Esta viagem acontece por ocasião da 31ª Jornada Mundial da Juventude e dos 1050 anos do Batismo da Polônia.

A Jornada Mundial da Juventude acontece em Cracóvia, iniciando-se no dia 26, terça-feira, com a Santa Missa de abertura presidida pelo Arcebispo, Cardeal Stanisław Dziwisz, no parque Błonia. Foi rezada a Missa votiva de São João Paulo II, co-padroeiro da Jornada.


O Papa Francisco chega à Polônia no dia 27, quarta-feira. Após uma cerimônia de acolhida no aeroporto “São João Paulo II” de Cracóvia, está previsto um encontro com o presidente da República, Andrzej Duda, e autoridades civis no Castelo de Wawel. Segue-se o encontro com os Bispos poloneses na Catedral de Cracóvia.

No dia 28 o Papa se dirigirá a Częstochowa, onde visitará o Santuário de Nossa Senhora e celebrará a Santa Missa pelos 1050 anos do Batismo da Polônia (será usado o formulário da Missa de Nossa Senhora de Częstochowa).


Ainda no dia 28, no fim da tarde, o Papa terá seu primeiro encontro com os jovens que participam da JMJ. Será a Festa de Acolhida, que acontecerá no Parque Błonia.

No dia 29 pela manhã o Papa visitará os campos de concentração de Auchiwtz e Birkenau na cidade de Oświęcim. Nesta visita não estão previstos discursos do Papa: será uma visita de oração e silêncio.

De volta à Cracóvia, visitará um hospital infantil e à noite rezará a Via Sacra com os jovens mais uma vez no Parque Błonia.

No sábado, dia 30, o Papa visitará o Santuário da Divina Misericórdia, onde está sepultada Santa Faustina Kowalska, co-padroeira da Jornada. No Santuário o Papa atenderá a Confissão de alguns jovens. 


Em seguida o Papa celebrará a Santa Missa com os Bispos, sacerdotes, seminaristas e religiosos no Santuário de São João Paulo II. Será rezada a Missa votiva da Divina Misericórdia.


À noite, o Papa presidirá a Vigília de Oração com os jovens no Campus Misericordiae (Campo da Misericórdia), no distrito de Brzegi, a 12 quilômetros da cidade de Cracóvia.

Por fim, no domingo dia 31, o Papa celebrará no Campus Misericordiae a Santa Missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, quando informará a data e o local da próxima JMJ. Será utilizado o formulário da Missa pela Igreja.

Na tarde deste mesmo dia, o Papa encontra-se com os voluntários da Jornada e parte novamente para Roma.

Alguns dados sobre a Igreja na Polõnia:

Número de católicos: 36. 607.000 (97,6% da população)
Dioceses e circunscrições eclesiásticas: 45
Paróquias: 10.379

Bispos: 156
Presbíteros: 30.661
Religiosos não sacerdotes: 1.015
Religiosas: 20.159
Seminaristas: 3.513

Escolas católicas: 1.372
Universidades católicas: 53
Hospitais e ambulatórios: 339
Casas para anciãos e deficientes: 214
Orfanatos: 383
Centros de apoio à família: 2.154
Outras instituições: 2.229


Nos próximos dias postaremos as homilias e as fotos das celebrações litúrgicas ao longo da Jornada Mundial da Juventude e da viagem do Papa.

Leia também:

A história da devoção a Nossa Senhora de Częstochowa

Mensagem do Papa Francisco para a JMJ Cracóvia

Oração e hino da JMJ Cracóvia