sexta-feira, 31 de março de 2023

Homilias do Papa Francisco: Solenidades e festas

Há exatos dez anos, no dia 31 de março de 2013, o Papa Francisco celebrava pela primeira vez o Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor após sua eleição como Bispo de Roma.

Para celebrar os 10 anos da sua eleição, no último dia 13 de março publicamos os links para suas homilias proferidas nos domingos do Ano Litúrgico A, dedicado ao Evangelho segundo Mateus.

Dando continuidade a esse “Homiliário” do Papa  Francisco, nesta postagem, por sua vez, gostaríamos de elencar suas homilias e meditações para as solenidades e festas com leituras fixas, tanto as celebrações do Senhor (Natal, Epifania, Páscoa, Pentecostes...) como algumas celebrações em honra da Virgem Maria e de alguns santos.

Papa Francisco - Vigília Pascal (2013)

TEMPO DO NATAL

Is 9,1-6 / Sl 95 / Tt 2,11-14 / Lc 2,1-14
24 de dezembro de 2013: Homilia
24 de dezembro de 2014: Homilia
24 de dezembro de 2015: Homilia
24 de dezembro de 2016: Homilia
24 de dezembro de 2017: Homilia
24 de dezembro de 2018: Homilia
24 de dezembro de 2019: Homilia
24 de dezembro de 2020: Homilia
24 de dezembro de 2021: Homilia
24 de dezembro de 2022: Homilia
24 de dezembro de 2023: Homilia

25 de maio de 2014: Homilia (Missa em Belém)

Catequeses sobre o Natal
18 de dezembro de 2013: O mistério do Natal
30 de dezembro de 2015: O Menino Jesus
21 de dezembro de 2016: O Natal, fonte de esperança
27 de dezembro de 2017: O significado do Natal
18 de dezembro de 2019: O presépio, Evangelho doméstico
23 de dezembro de 2020: O Natal
22 de dezembro de 2021: O nascimento de Jesus
28 de dezembro de 2022: O Natal com São Francisco de Sales


Festa da Sagrada Família
Confira o ciclo trienal (Anos A-B-C)

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (25)

A oração de Jesus no Getsêmani (Jardim das Oliveiras) foi o tema da 25ª Catequese sobre a oração do Papa Bento XVI. Para acessar a postagem com os links para todas as suas Catequeses, clique aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 1° de fevereiro de 2012
A oração (25):
A oração de Jesus no Getsêmani

Queridos irmãos e irmãs,
Hoje gostaria de falar sobre a oração de Jesus no Getsêmani, no Jardim das Oliveiras. O cenário da narração evangélica desta prece é particularmente significativo. Jesus dirige-se para o Monte das Oliveiras, depois da Última Ceia, enquanto está rezando com os seus discípulos. O evangelista Marcos narra: «Depois de terem cantado o hino, foram para o monte das Oliveiras» (Mc 14,26). Alude-se, provavelmente, ao canto de alguns Salmos do Hallel, com os quais se dá graças a Deus pela libertação do povo da escravidão e se pede a sua ajuda para as dificuldades e as ameaças sempre novas do presente. O percurso até ao Getsêmani está constelado de expressões de Jesus que fazem sentir incumbente o seu destino de morte e anunciam a dispersão iminente dos discípulos.

Jesus em oração no Getsêmani (Santuário de Lourdes, França)

Tendo chegado ao horto no Monte das Oliveiras, também naquela noite Jesus se prepara para a oração pessoal. Mas desta vez acontece algo de novo: parece que Ele não quer permanecer só. Muitas vezes Jesus afastava-se da multidão e dos próprios discípulos, permanecendo «em lugares desertos» (Mc 1,35) ou subindo «ao monte», diz São Marcos (Mc 6,46). No Getsêmani, contudo, ele convida Pedro, Tiago e João, para que fiquem com Ele. São os discípulos que chamou para estar com Ele no Monte da Transfiguração (Mc 9,2-13). Esta proximidade dos três durante a oração no Getsêmani é significativa. Também naquela noite Jesus rezará ao Pai «sozinho», porque a sua relação com Ele é totalmente única e singular: é a relação do Filho Unigênito. Aliás, se poderia dizer que sobretudo naquela noite ninguém podia aproximar-se verdadeiramente do Filho, que se apresenta ao Pai na sua identidade absolutamente única, exclusiva. Mas Jesus, mesmo chegando «sozinho» ao ponto onde se deterá para rezar, deseja que pelo menos três discípulos permaneçam não distantes, em uma relação mais íntima com Ele. Trata-se de uma proximidade espacial, de um pedido de solidariedade no momento em que sente aproximar-se a morte, mas é principalmente uma proximidade na oração, para expressar de algum modo a sintonia com Ele, no momento em que se prepara para cumprir até ao fim a vontade do Pai, e é um convite a cada discípulo, a segui-lo no caminho da Cruz. O evangelista Marcos narra: «Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir pavor e angústia. Então Jesus lhes disse: “Minha alma está triste até à morte. Ficai aqui e vigiai”» (Mc 14,33-34).

quinta-feira, 30 de março de 2023

Homilia do Papa Bento XVI: Missa Crismal (2011)

“Deus te ungiu com o óleo da alegria” (Hb 1,9; Sl 44,8).

Na manhã da Quinta-feira Santa (neste ano de 2023 a 06 de abril), cada Diocese celebra a Missa Crismal, durante a qual o Bispo abençoa os Óleos dos Catecúmenos e dos Enfermos e consagra o Crisma.

Em 2022 publicamos uma postagem sobre a história da Missa Crismal. Neste ano gostaríamos de propor a homilia do Papa Bento XVI para essa celebração em 2011, na qual este reflete sobre o simbolismo dos três Óleos:

Santa Missa Crismal
Homilia do Papa Bento XVI
Basílica Vaticana
Quinta-feira Santa, 21 de abril de 2011

Amados irmãos e irmãs,
No centro da Liturgia desta manhã está a bênção dos Santos Óleos: o Óleo para a unção dos Catecúmenos, o Óleo para a Unção dos Enfermos e o Óleo do Crisma para os grandes sacramentos que conferem o Espírito Santo, ou seja, a Confirmação, a Ordenação Sacerdotal e a Ordenação Episcopal. Nos sacramentos o Senhor toca-nos por meio dos elementos da criação. Aqui torna-se visível a unidade entre criação e redenção. Os sacramentos são expressão da corporeidade da nossa fé, que abraça corpo e alma, isto é, o homem inteiro. Pão e vinho são frutos da terra e do trabalho humano. O Senhor escolheu-os como portadores da sua presença. O óleo é símbolo do Espírito Santo e, ao mesmo tempo, alude a Cristo: a palavra «Cristo» (Messias) significa «Ungido». A humanidade de Jesus, graças à unidade do Filho com o Pai, fica inserida na comunhão com o Espírito Santo e assim é «ungida» de um modo único, é permeada pelo Espírito Santo. Aquilo que acontecera apenas simbolicamente nos reis e sacerdotes da Antiga Aliança, quando eram instituídos no seu ministério com a unção do óleo, verifica-se em toda a sua realidade em Jesus: a sua humanidade é permeada pela força do Espírito Santo. Jesus abre a nossa humanidade ao dom do Espírito Santo. Quanto mais estivermos unidos a Cristo, tanto mais ficamos cheios do seu Espírito, do Espírito Santo. Chamamo-nos «cristãos», ou seja, «ungidos»: pessoas que pertencem a Cristo e por isso participam na sua unção, são tocadas pelo seu Espírito. Não quero somente chamar-me cristão, mas sê-lo também: disse Santo Inácio de Antioquia. Deixemos que estes Santos Óleos, que vão ser consagrados daqui a pouco, lembrem este dever contido na palavra «cristão», e peçamos ao Senhor que não nos limitemos a chamar-nos cristãos, mas o sejamos cada vez mais.

O Papa sopra sobre o Óleo do Crisma

Como já disse, na Liturgia deste dia são abençoados três óleos. Nesta tríade, exprimem-se três dimensões essenciais da vida cristã, sobre as quais queremos agora refletir.

quarta-feira, 29 de março de 2023

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (24)

Em suas Catequeses sobre a oração, após sua reflexão sobre a oração de Jesus na Última Ceia, o Papa Bento XVI dedicou uma meditação à oração sacerdotal do capítulo 17 do Evangelho de João.

Confira a postagem com o índice desta série e os links para as demais Catequeses clicando aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
A oração (24):
A “oração sacerdotal” de Jesus

Queridos irmãos e irmãs,
Na Catequese de hoje concentramos a nossa atenção sobre a oração que Jesus dirige ao Pai na «Hora» da sua elevação e da sua glorificação (Jo 17,1-26). Como afirma o Catecismo da Igreja Católica: «A tradição cristã chama-lhe, a justo título, a oração “sacerdotal” de Jesus. Ela é, de fato, a oração de nosso Sumo Sacerdote, inseparável do seu sacrifício, da sua “passagem” [páscoa] deste mundo para o Pai, em que é inteiramente “consagrado” ao Pai» (n. 2747).

A oração sacerdotal de Jesus (Eugène Burnand)

Esta oração de Jesus é compreensível na sua riqueza extrema sobretudo se a inserirmos no cenário da festa judaica da expiação, o Yom kippur. Nesse dia, o sumo sacerdote cumpre a expiação primeiro para si mesmo, depois para a classe sacerdotal e finalmente para toda a comunidade do povo. A finalidade é restituir ao povo de Israel, após as transgressões de um ano, a consciência da reconciliação com Deus, a consciência de ser povo eleito, «povo santo» no meio dos outros povos. A oração de Jesus, apresentada no capítulo 17 do Evangelho segundo João, retoma a estrutura desta festa. Nessa noite, Jesus dirige-se ao Pai no momento em que se oferece a Si mesmo. Sacerdote e vítima, Ele ora por Si mesmo, pelos Apóstolos e por todos aqueles que acreditam n’Ele, pela Igreja de todos os tempos (v. 20).

terça-feira, 28 de março de 2023

Ângelus: V Domingo da Quaresma - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 26 de março de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, V Domingo da Quaresma, o Evangelho apresenta-nos a ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45). É o último dos milagres de Jesus narrados antes da Páscoa: a ressurreição do seu amigo Lázaro. Lázaro é um querido amigo de Jesus, o qual sabe que está prestes a morrer; Ele põe-se a caminho, mas chega a sua casa quatro dias após a sepultura, quando toda a esperança está perdida. A sua presença, contudo, reacende um pouco de confiança no coração das irmãs Marta e Maria (vv. 22.27). Elas, mesmo na tristeza, agarram-se a esta luz, a esta pequena esperança. E Jesus convida-as a ter fé e pede-lhes que abram o túmulo. Depois reza ao Pai e grita a Lázaro: «Vem para fora!» (v. 43). E ele volta à vida e sai. Este é o milagre, assim, simples.

A mensagem é clara: Jesus dá a vida inclusive quando parece não haver mais esperança. Acontece, por vezes, que nos sentimos sem esperança - aconteceu a todos - ou que encontramos pessoas que perderam a esperança, amarguradas por terem experimentado situações negativas: o coração ferido não pode ter esperança. Por causa de uma perda dolorosa, de uma doença, de uma amarga desilusão, por causa de uma injustiça ou traição sofridos, por causa de um erro grave cometido...  deixaram de ter esperança. Por vezes ouvimos alguém dizer: “Não há mais nada a fazer!”, e fechar a porta a toda a esperança. São momentos em que a vida parece um sepulcro fechado: tudo é escuro, em volta só se vê tristeza e desespero. O milagre de hoje, diz-nos que não é assim, o fim não é este, que nestes momentos não estamos sozinhos, aliás, que é precisamente nestes momentos que Ele se aproxima mais do que nunca para nos restituir a vida. Jesus chora: o Evangelho diz que Jesus, diante do túmulo de Lázaro chorou, e hoje Jesus chora conosco, tal como pôde chorar por Lázaro: o Evangelho repete duas vezes que se comoveu (vv. 33.38) e sublinha que irrompeu em lágrimas (v. 35). Ao mesmo tempo, Jesus convida-nos a não deixar de acreditar e de esperar, a não nos deixarmos esmagar por sentimentos negativos, que nos tiram as lágrimas. Ele aproxima-se dos nossos túmulos e diz-nos, como fez então: «Tirai a pedra» (v. 39). Nestes momentos temos como que uma pedra dentro de nós e o único capaz de removê-la é Jesus, com a sua palavra: “Tirai a pedra”.

Isto é o que Jesus diz também a nós. Tirai a pedra: a dor, os erros, também os fracassos, não os escondais dentro de vós, num quarto escuro, solitário e fechado. Tirai a pedra: tirai para fora tudo o que está dentro. “Ah, envergonho-me”. “Lançai-o em mim com confiança - diz o Senhor -, não me escandaliza; lançai-o em mim sem temor, pois estou convosco, amo-vos, e desejo que volteis a viver”. E, como a Lázaro, repete a cada um de nós: Vem para fora! Levanta-te, retoma o caminho, recupera a confiança! Quantas vezes na vida nos vimos assim, nesta situação de não termos forças para nos levantarmos de novo. E Jesus: “Vai, continua! Estou contigo”. “Levo-te pela mão - diz Jesus -, como quando de criança aprendias a dar os primeiros passos”. Querido irmão, querida irmã, tira as ligaduras que te prendem (v. 45); por favor, não cedas ao pessimismo que deprime, não cedas ao temor que isola, não cedas ao desânimo por causa da memória das más experiências, não cedas ao medo que paralisa. Jesus diz-nos: “Quero-te livre, quero-te vivo, não te abandonarei, estou contigo! Tudo é escuro, mas eu estou contigo! Não deixes que a dor te aprisione, não deixes que a esperança morra. Irmão, irmã, regressa à vida!” - “E como faço?” - “Pega a minha mão”, e Ele toma-nos pela mão. Deixa-te puxar: Ele é capaz de o fazer. Nos momentos negativos que acontecem a todos nós.

Estimados irmãos e irmãs, este trecho do capítulo 11 do Evangelho de João, que faz tão bem ler, é um hino à vida, e é proclamado quando a Páscoa está próxima. Talvez também nós, neste momento, carreguemos no coração algum fardo ou sofrimento, que parece esmagar-nos; alguma coisa má, algum pecado antigo que não conseguimos fazer sair, algum erro da juventude, nunca se sabe. Estas coisas más devem sair. E Jesus diz: “Vem para fora”. Então é o momento de remover a pedra e sair para encontrar Jesus, que está próximo. Podemos abrir-lhe o coração e confiar-lhe as nossas preocupações? Será que podemos? Conseguimos abrir o túmulo dos problemas, somos capazes, e olhar para além do limiar, na direção da sua luz, ou temos medo disto? E, por nossa vez, como pequenos espelhos do amor de Deus, somos capazes de iluminar os ambientes em que vivemos com palavras e gestos de vida? Damos testemunho da esperança e da alegria de Jesus? Nós, pecadores, todos? E também, gostaria de dizer uma palavra aos confessores: caros irmãos, não vos esqueçais que também vós sois pecadores, e que estais no confessionário não para torturar, mas para perdoar, e perdoar tudo, como o Senhor perdoa tudo. Que Maria, Mãe da esperança, renove em nós a alegria de não nos sentirmos sós e a chamada a levar luz às trevas que nos rodeiam.

Ressurreição de Lázaro (Luca Giordano)

Fonte: Santa Sé.

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (23)

Dando continuidade às suas Catequeses sobre a oração, iniciadas em 2011, em janeiro de 2012 o Papa Bento XVI começou a refletir sobre a oração de Jesus diante da sua Paixão e Morte.

Para acessar a postagem que serve de índice, com os links para todas as Catequeses sobre a oração, clique aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
A oração (23):
A oração de Jesus na Última Ceia

Queridos irmãos e irmãs,
No nosso caminho de reflexão sobre a oração de Jesus apresentada nos Evangelhos, gostaria de meditar hoje sobre o momento, particularmente solene, da sua oração na Última Ceia.

O cenário temporal e emocional do banquete no qual Jesus se despede dos seus amigos é a iminência da sua morte, que Ele já sente próxima. Havia muito tempo que Jesus tinha começado a falar da sua Paixão, procurando também empenhar cada vez mais os seus discípulos nesta perspectiva. O Evangelho segundo Marcos narra que desde o início da viagem rumo a Jerusalém, nos povoados da longínqua Cesareia de Filipe, Jesus «começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias» (Mc 8,31). Além disso, precisamente nos dias em que se preparava para dizer adeus aos discípulos, a vida do povo estava marcada pela proximidade da Páscoa, ou seja, do memorial da libertação de Israel do Egito. Esta libertação, experimentada no passado e esperada de novo no presente e para o futuro, era revivida nas celebrações familiares da Páscoa. A Última Ceia insere-se neste contexto, mas com uma novidade de fundo: Jesus olha para a sua Paixão, Morte e Ressurreição plenamente consciente delas. Ele quer viver esta Ceia com os seus discípulos com um caráter totalmente especial e diferente dos outros banquetes; é a sua Ceia, na qual oferece Algo de totalmente novo: Ele mesmo. Deste modo, Jesus celebra a sua Páscoa, antecipa a sua Cruz e a sua Ressurreição.

Última Ceia
(Afresco na Capela do Santíssimo do Mosteiro de São Bento, SP)

Esta novidade nos é evidenciada pela cronologia da Última Ceia no Evangelho de João, que não a descreve como a ceia pascal, precisamente porque Jesus tenciona inaugurar algo de novo, celebrar a sua Páscoa, certamente vinculada aos acontecimentos do êxodo. E para João, Jesus morreu na Cruz precisamente no momento em que, no templo de Jerusalém, eram imolados os cordeiros pascais.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Solenidade da Anunciação do Senhor em Nazaré

Nos dias 24 e 25 de março de 2023 o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, presidiu as celebrações da Solenidade da Anunciação do Senhor na Basílica da Anunciação em Nazaré.

Na tarde da sexta-feira, dia 24, o Patriarca presidiu a oração das I Vésperas e na manhã do sábado, dia 25, a Santa Missa.

Confira nossa postagem sobre a Basílica da Anunciação clicando aqui.

24 de março: I Vésperas

Fachada da Basílica da Anunciação
Procissão de entrada
Hino
Imagem da Anunciação
Leitura breve

sábado, 25 de março de 2023

Cardeal Cantalamessa: IV Pregação de Quaresma 2023

Cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap
IV pregação de Quaresma
24 de março de 2023

“Mysterium fidei!”: Reflexões sobre a Liturgia

Após as meditações sobre a evangelização e sobre a teologia, gostaria de propor hoje algumas reflexões sobre a Liturgia e sobre o culto da Igreja, sempre com o intuito de dar uma contribuição, ainda que modesta e indireta, aos trabalhos do Sínodo. A Liturgia é o ponto de chegada, aquilo a que tende a evangelização. Na parábola evangélica, os servidores são enviados pelas estradas e encruzilhadas para convidar todos ao banquete. A Igreja é a sala do banquete e a Eucaristia, “a Ceia do Senhor” (1Cor 11,20) nela preparada.

Iniciemos nossas reflexões com uma palavra da Carta aos Hebreus: Quem se aproxima de Deus - diz ela - deve crer que Ele existe” (Hb 11,6). Antes ainda, contudo, de crer que Ele existe (que é já um aproximar-se), é necessário sentir ao menos o “aroma” da sua existência. Isto é o que chamamos de senso do sagrado e que um famoso autor chama “o numinoso”, qualificando-o como “mistério tremendo e fascinante” [1]. Santo Agostinho antecipou surpreendentemente esta descoberta da moderna fenomenologia religiosa. Dirigindo-se a Deus, nas Confissões, diz: “Quando te conheci pela primeira vez..., tremi de amor e de assombro (contremui amore et orrore)” [2]. E ainda: “Estremeço e inflamo” (et inhorresco et inardesco): estremeço pela distância, inflamo pela semelhança” [3].


Se viesse a faltar completamente o senso do sagrado, viria a faltar o próprio terreno, ou o clima, em que desabrocha o ato de fé. Charles Péguy escreveu que “a assustadora penúria e indigência do sagrado é a marca profunda do mundo moderno”. Se caiu o senso do sagrado, dele permaneceu, contudo, o lamento que alguém definiu, de forma laica, “saudade do Totalmente Outro” (Max Horkheimer).

Os jovens, mais do que todos, percebem esta necessidade de serem transportados para fora da banalidade do cotidiano, de escapar, e inventaram seus próprios modos de satisfazer esta necessidade. Foi observado por estudiosos da psicologia de massa que os jovens que participaram há um tempo de famosos shows de rock, como os de Elvis Presley ou o Festival de Woodstock de 1969, eram transportados para fora do seu mundo cotidiano e projetados em uma dimensão que lhes dava a impressão de algo transcendente e sagrado.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (22)

Em sua última Catequese do ano de 2011, no contexto do Tempo do Natal, o Papa Bento XVI refletiu sobre a oração e a Sagrada Família de Nazaré.

Para acessar a postagem com o índice de todas as suas Catequeses sobre a oração, clique aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
A oração (22):
A oração e a Sagrada Família de Nazaré

Queridos irmãos e irmãs,
O encontro de hoje tem lugar em clima de Natal, permeado de alegria íntima pelo nascimento do Salvador. Acabamos de celebrar este mistério, cujo eco se expande na Liturgia de todos estes dias. É um mistério de luz que os homens de todas as épocas podem reviver na fé e na oração. Precisamente através da oração tornamo-nos capazes de nos aproximarmos de Deus com intimidade e profundidade. Por isso, tendo presente o tema da oração que estou desenvolvendo neste período nas Catequeses, hoje gostaria de vos convidar a refletir sobre o modo como ela faz parte da vida da Sagrada Família de Nazaré. Com efeito, a casa de Nazaré é uma escola de oração, na qual se aprende a ouvir, a meditar, a compreender o significado profundo da manifestação do Filho de Deus, tendo como exemplo Maria, José e Jesus.

Bento XVI em oração diante do presépio da Praça de São Pedro

Permanece memorável o discurso do Papa Paulo VI na sua visita a Nazaré. Ele disse que na escola da Sagrada Família nós «compreendemos porque devemos ter uma disciplina espiritual, se quisermos seguir a doutrina do Evangelho e tornar-nos discípulos de Cristo». E acrescentava: «Em primeiro lugar ela ensina-nos o silêncio. Ó, se voltasse a nascer em nós a estima pelo silêncio, atmosfera admirável e indispensável do espírito: enquanto ainda estamos deslumbrados por tantos clamores, ruídos e vozes estrondosas na vida perturbada e tumultuosa do nosso tempo. Ó, silêncio de Nazaré, ensina-nos a permanecer firmes nos bons pensamentos, absorvidos na vida interior, prontos a sentir bem as inspirações secretas de Deus e as exortações dos verdadeiros mestres» (Discurso em Nazaré, 05 de janeiro de 1964).

Dedicação de altar na Abadia da Dormição em Jerusalém

No dia 21 de março de 2023 o Cardeal Rainer Maria Woelki, Arcebispo de Colônia (Alemanha), presidiu a Santa Missa para a dedicação do altar da Abadia da Dormição da Mãe de Deus no Monte Sião, em Jerusalém, sob responsabilidade dos monges beneditinos alemães, que neste mesmo dia celebram a Festa do Transitus (isto é, da morte) de São Bento.

Para saber mais sobre a Abadia da Dormição, clique aqui.

O novo altar da Abadia da Dormição
Procissão de entrada


Aspersão do altar e dos fiéis

quinta-feira, 23 de março de 2023

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (21)

Na terceira das suas Catequeses sobre a oração na vida de Jesus, o Papa Bento XVI refletiu sobre a oração associada à sua ação curadora, através de dois exemplos: a cura do homem surdo e a ressurreição de Lázaro.

Confira nossa postagem com os links para todas as Catequeses sobre a oração clicando aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
A oração (21):
A oração diante da ação benéfica e curadora de Deus

Queridos irmãos e irmãs,
Hoje gostaria de meditar convosco a respeito da oração de Jesus vinculada à sua prodigiosa atividade de cura. Nos Evangelhos são apresentadas várias situações em que Jesus reza diante da ação benéfica e curadora de Deus Pai, que age através d’Ele. Trata-se de uma oração que, mais uma vez, manifesta a relação singular de conhecimento e de comunhão com o Pai, enquanto Jesus se deixa envolver com grande participação humana na dificuldade dos seus amigos, por exemplo, de Lázaro e da sua família, ou dos numerosos pobres e enfermos que Ele deseja ajudar concretamente.

Ícone da cura do homem surdo (detalhe)

Um caso significativo é a cura do homem surdo (Mc 7,31-37). A narração do evangelista Marcos - que há pouco ouvimos - demonstra que a ação curadora de Jesus está ligada à sua relação intensa, quer com o próximo - o doente - quer com o Pai. A cena do milagre é descrita atentamente assim: «Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!”» (vv. 33-34). Jesus deseja que a cura se verifique à parte, afastando-se da multidão. Isto não parece devido unicamente ao fato de que o milagre deve ser conservado escondido das pessoas, para evitar que se formem interpretações limitadas ou deturpadas da pessoa de Jesus. A escolha de levar o doente «à parte» faz com que, no momento da cura, Jesus e o surdo se encontrem sozinhos, aproximados por uma relação singular. Com um gesto, o Senhor toca os ouvidos e a língua do doente, ou seja, os lugares específicos da sua enfermidade. A intensidade da atenção de Jesus manifesta-se também nos traços insólitos da cura: Ele emprega os seus dedos e até a própria saliva. Também o fato de que o evangelista cite a palavra original, pronunciada pelo Senhor - «Efatá», ou seja, «Abre-te!» - põe em evidência o caráter singular desta cena.

quarta-feira, 22 de março de 2023

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (20)

A segunda das Catequeses sobre a oração do Papa Bento XVI dedicadas à oração na vida de Jesus esteve centrada no chamado “hino de júbilo” de Mt 11,25-30 e Lc 10,21-22.

Para acessar a postagem com o índice de todas as Catequeses sobre a oração, clique aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 07 de dezembro de 2011
A oração (20):
A joia do hino de júbilo (Mt 11,25-30)

Queridos irmãos e irmãs,
Os evangelistas Mateus e Lucas deixaram-nos em herança uma «joia» da oração de Jesus, que muitas vezes é chamado “hino de júbilo” ou “hino de júbilo messiânico” (Mt 11,25-30; Lc 10,21-22). Trata-se de uma oração de reconhecimento e de louvor, como pudemos ouvir. No original grego dos Evangelhos, o verbo com que este hino começa, e que expressa a atitude de Jesus quando se dirige ao Pai, é “exomologoumai, traduzido frequentemente com «presto louvor». Mas nos escritos do Novo Testamento, este verbo indica principalmente estas duas coisas: a primeira é «reconhecer até ao fundo» - por exemplo, João Batista pedia que se reconhecesse até ao fundo os próprios pecados, àqueles que iam ter com ele para ser batizados (Mt 3,6); a segunda coisa consiste em «estar de acordo». Portanto, a expressão com que Jesus dá início à sua oração contém o seu reconhecer até ao fundo, plenamente, o agir de Deus Pai e, ao mesmo tempo, o seu estar em total, consciente e jubiloso acordo com este modo de agir, com o desígnio do Pai. O “hino de júbilo” constitui o ápice de um caminho de oração no qual sobressai claramente a profunda e íntima comunhão de Jesus com a vida do Pai no Espírito Santo, e manifesta-se a sua filiação divina.

Jesus em oração com os Apóstolos (James Tissot)

Jesus dirige-se a Deus, chamando-lhe «Pai». Este termo expressa a consciência e a certeza de Jesus, de que é «o Filho», e está em comunhão íntima e constante com Ele, e este é o ponto central e a fonte de cada oração de Jesus. Vemo-lo claramente na última parte do hino, que ilumina todo o texto. Jesus diz: «Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar» (Lc 10,22). Por conseguinte, Jesus afirma que somente «o Filho» conhece verdadeiramente o Pai. Cada conhecimento entre as pessoas - todos nós o experimentamos nos nossos relacionamentos humanos - exige um envolvimento, um certo vínculo interior entre aquele que conhece e aquele é conhecido, a nível mais ou menos profundo: não se pode conhecer sem uma comunhão do ser. No “hino de júbilo”, como em cada uma das suas orações, Jesus demonstra que o verdadeiro conhecimento de Deus pressupõe a comunhão com Ele: só permanecendo em comunhão com o outro, começo a conhecer; e assim também com Deus: só se eu tiver um contato verdadeiro, se estiver em comunhão, posso também conhecê-Lo. Portanto, o verdadeiro conhecimento está reservado ao Filho, o Unigênito que desde sempre se encontra no seio do Pai (Jo 1,18), em perfeita unidade com Ele. Somente o Filho conhece verdadeiramente Deus, permanecendo em comunhão íntima do ser; só o Filho pode revelar verdadeiramente quem é Deus.

25 anos de Ordenação Episcopal do Cardeal Dziwisz: Roma

No dia 19 de março de 2023 o Cardeal Stanisław Dziwisz, Arcebispo Emérito de Cracóvia (Polônia), presidiu a Santa Missa do IV Domingo da Quaresma, o Domingo Laetare, no altar da Cátedra da Basílica de São Pedro por ocasião dos seus 25 anos de Ordenação Episcopal.

Concelebraram os outros dois Bispos que também foram ordenados pelo Papa João Paulo II no dia 19 de março de 1998: o Cardeal James Michael Harvey, Arcipreste da Basílica de São Paulo fora-dos-muros, e Dom Piero Marini, Presidente Emérito do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais.

Na época os três desempenhavam funções muito próximas ao Santo Padre: o Cardeal Dziwisz era o secretário pessoal de João Paulo II desde quando este era Arcebispo de Cracóvia, o Cardeal Harvey era o Prefeito da Casa Pontifícia e Dom Piero Marini era o Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias.

Os três Bispos junto ao altar de São Sebastião, sob o qual está sepultado São João Paulo II
Procissão de entrada
Liturgia da Palavra
Homilia de Dom Piero Marini
Oração Eucarística

terça-feira, 21 de março de 2023

Domingo da Santa Cruz em Kiev

No dia 19 de março de 2023 o Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), celebrou a Divina Liturgia do III Domingo da Grande Quaresma, o Domingo da Santa Cruz, na Catedral da Ressurreição em Kiev.

Vale lembrar que neste ano de 2023 as Igrejas Orientais (Católicas e Ortodoxas), celebrarão a Páscoa no dia 16 de abril, uma semana após o Rito Romano.

Relíquia da Santa Cruz exposta à veneração
O Arcebispo abençoa os fiéis
Litania da paz

Evangelho

Ângelus: IV Domingo da Quaresma - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 19 de março de 2023

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o Evangelho mostra-nos Jesus que restitui a vista a um homem cego de nascença (Jo 9,1-41). Mas este prodígio é mal recebido por várias pessoas e grupos. Vejamos nos pormenores.

Mas primeiro gostaria de vos dizer: hoje, tomai o Evangelho de João e lede este milagre de Jesus, é muito bonito o modo como João o narra. Capítulo 9, lê-se em dois minutos. Mostra o modo de proceder de Jesus e do coração humano: o coração humano bondoso, o coração humano tíbio, o coração humano medroso, o coração humano corajoso. Capítulo 9 do Evangelho de João. Lede-o hoje, vos fará muito bem! E como recebem as pessoas este sinal?

Em primeiro lugar, há os discípulos de Jesus, que diante do homem cego de nascença acabam no mexerico: interrogam-se se a culpa é dos pais ou dele (v. 2). Procuram um culpado; e nós caímos muitas vezes nisto, que é muito cômodo: procurar um culpado, em vez de nos colocarmos interrogações desafiadoras na vida. E hoje, podemos questionar-nos: o que significa para nós a presença desta pessoa, que nos pede?

Depois da cura, as reações aumentam. A primeira é a dos vizinhos, que são céticos: «Este homem sempre foi cego: não é possível que agora veja, não pode ser ele, é outro»: ceticismo (vv. 8-9). Para eles isto é inaceitável, é melhor deixar tudo como era antes (v. 16) e não se intrometer neste problema. Têm medo, temem as autoridades religiosas e não se pronunciam (vv. 18-21).

Em todas estas reações, emergem corações fechados perante o sinal de Jesus, por vários motivos: porque procuram um culpado, porque não sabem maravilhar-se, porque não querem mudar, porque são impedidos pelo medo. E hoje muitas situações são parecidas com esta. Diante de algo que é precisamente uma mensagem de testemunho de uma pessoa, uma mensagem de Jesus, caímos nisto: procuramos outra explicação, não queremos mudar, procuramos uma saída mais elegante do que aceitar a verdade.

O único que reage bem é o cego: feliz por ver, ele testemunha do modo mais simples o que lhe aconteceu: «Eu era cego e agora vejo» (v. 25). Diz a verdade. Antes, era obrigado a pedir esmola para viver e sofria os preconceitos do povo: «É pobre e cego de nascença, deve sofrer, deve pagar pelos seus pecados ou pelos pecados dos seus antepassados». Agora, livre no corpo e no espírito, dá testemunho de Jesus: nada inventa, nada esconde. «Eu era cego e agora vejo». Não tem medo do que os outros dirão: já conheceu o gosto amargo da marginalização, durante a sua vida inteira; já sentiu em si a indiferença, o desprezo dos transeuntes, daqueles que o consideravam um descarte da sociedade, no máximo útil para o pietismo de algumas esmolas. Agora, curado, já não teme essas atitudes de desprezo, porque Jesus lhe deu plena dignidade. E isto é claro, como sempre acontece: quando Jesus nos cura, restitui-nos a dignidade, a dignidade da cura de Jesus, plena dignidade, uma dignidade que vem do fundo do coração, que abrange a vida inteira; e Ele, no sábado, diante de todos, libertou-o e restituiu-lhe a vista, sem lhe pedir nada, nem sequer um agradecimento, e o homem dá testemunho disto. Esta é a dignidade de uma pessoa nobre, de uma pessoa que sabe que foi curada, e restabelece-se, renasce; o renascimento na vida, de que se falava hoje no programa “A Sua Immagine”: renascer!

Irmãos, irmãs, com todos estes personagens o Evangelho de hoje coloca-nos também a nós no meio da cena, de modo que nos perguntamos: que posição assumimos, o que teríamos dito em tal situação? E acima de tudo, o que fazemos hoje? Como o cego, sabemos ver o bem e estar gratos pelos dons que recebemos? Pergunto-me: como é a minha dignidade? Como é a tua dignidade? Somos testemunhas de Jesus, ou espalhamos críticas e suspeitas? Somos livres perante os preconceitos, ou associamo-nos aos que espalham negativismo e mexericos? Estamos felizes por dizer que Jesus nos ama, nos salva ou, como os pais do homem cego de nascença, nos deixamos aprisionar pelo medo do que pensarão as pessoas? Os tíbios de coração, que não aceitam a verdade e não têm a coragem de dizer: “Não, isto é assim”. E ainda, como enfrentamos as dificuldades e a indiferença dos outros? Como acolhemos as pessoas que têm muitos limites na vida? Quer sejam físicas, como este cego, ou sociais, como os mendigos que encontramos na rua? Vemos isto como uma maldição, ou como uma ocasião para nos aproximarmos deles com amor?

Irmãos e irmãs, peçamos hoje a graça de nos maravilharmos todos os dias pelos dons de Deus e de ver as várias circunstâncias da vida, até as mais difíceis de aceitar, como ocasiões para praticar o bem, como Jesus fez com o cego. Que Nossa Senhora nos ajude nisto, com São José, homem justo e fiel.

Cura do cego de nascença (Orazio De Ferrari)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 20 de março de 2023

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (19)

Na segunda parte das suas Catequeses sobre a oração (nn. 19-28), o Papa Bento XVI refletiu sobre a oração na vida de Jesus. Confira a seguir a primeira meditação dessa seção, sobre a oração que atravessa toda a vida de Jesus, destacando seu batismo no Jordão.

Para acessar a postagem que serve de índice, com os links para todas as Catequeses, clique aqui.

Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 30 de novembro de 2011
A oração (19):
A oração atravessa toda a vida de Jesus

Queridos irmãos e irmãs,
Nas últimas Catequeses refletimos sobre alguns exemplos de oração no Antigo Testamento, e hoje gostaria de começar a olhar para Jesus, para a sua oração, que atravessa toda a sua vida, como um canal secreto que irriga a existência, as relações e os gestos, e que O guia, com firmeza progressiva, rumo ao dom total de Si mesmo, segundo o desígnio de amor de Deus Pai. Jesus é o Mestre também das nossas orações, aliás, Ele é o nosso sustento concreto e fraterno, cada vez que nos dirigimos ao Pai. Verdadeiramente, como resume um título do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, «a oração é plenamente revelada e realizada em Jesus» (nn. 541-547). Nas próximas Catequeses desejamos olhar para Ele.

Jesus em oração (Heinrich Hofmann)

Um momento particularmente significativo deste seu caminho é a oração que se segue ao batismo ao qual se submete no rio Jordão. O Evangelista Lucas escreve que Jesus, depois de ter recebido, juntamente com todo o povo, o batismo das mãos de João Batista, entra numa oração extremamente pessoal e prolongada: «Quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Ele» (Lc 3,21-22). Precisamente este «rezar, «estar em oração», em diálogo com o Pai, ilumina a obra que Ele realizou juntamente com muitos do seu povo, que acorreram à margem do Jordão. Rezando, Ele confere a este seu gesto, do batismo, uma característica exclusiva e pessoal.

domingo, 19 de março de 2023

Fotos da Celebração Penitencial presidida pelo Papa (2023)

No dia 17 de março de 2023, sexta-feira da III semana da Quaresma, o Papa Francisco presidiu uma Celebração Penitencial com confissões individuais na Paróquia de Santa Maria das Graças al Trionfale em Roma, no contexto da tradicional iniciativa “24 horas para o Senhor”:

Mosaicos da abside da igreja
O Papa reza na Capela do Santíssimo Sacramento...
(...) e venera o ícone de Nossa Senhora
Imposição da estola roxa

Homilia do Papa: Celebração Penitencial (2023)

Celebração Penitencial
“24 horas para o Senhor”
Homilia do Papa Francisco
Paróquia de Santa Maria das Graças al Trionfale
Sexta-feira, 17 de março de 2023

«Tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei perda por causa de Cristo» (Fl 3,7): afirma São Paulo na 1ª Leitura que ouvimos. E se nos perguntarmos quais são as coisas que ele deixou de considerar fundamentais na sua vida, feliz até por perdê-las para encontrar Cristo, percebemos que não se trata de realidades materiais, mas de «riquezas religiosas». É assim mesmo: era um homem devoto, um homem zeloso, um fariseu fiel e observante (Fl 3,5-6). E, no entanto, estes hábitos religiosos, que podiam constituir um mérito, uma ostentação, uma riqueza sacra, na realidade eram um impedimento para ele. E então Paulo declara: «Tudo perdi e considero esterco, a fim de ganhar a Cristo» (Fl 3,8). Tudo aquilo que lhe dera certo prestígio, certa fama «deixa cair... para mim, Cristo é mais importante».

Quem se sente demasiado rico de si e da sua probidade religiosa presume-se justo e melhor do que os outros - quantas vezes acontece isto na paróquia: «Eu sou da Ação Católica, eu vou ajudar o padre, eu faço a coleta..., eu, eu, eu»; quantas vezes sucede crer que se é melhor do que os outros; cada qual, no seu coração, pense se alguma vez já lhe aconteceu isto - quem assim procede, contenta-se em salvar as aparências; considera-se satisfeito, mas assim não pode dar lugar a Deus, porque não sente necessidade d’Ele. E tantas vezes os «católicos impecáveis», aqueles que se sentem justos, porque vão à paróquia, porque vão à Missa no domingo e gabam-se de ser justos: «Não, eu não preciso de nada; o Senhor salvou-me». Que sucedeu? Que ocupou o lugar de Deus com o próprio «eu», e então, ainda que recite orações e realize atos de piedade, verdadeiramente não dialoga com o Senhor. São monólogos que faz, não há diálogo, nem oração. Por isso, a Escritura recorda que apenas «a oração do humilde chegará às nuvens» (Eclo 35,17), porque só quem é pobre em espírito, quem se sente necessitado de salvação e mendicante da graça se apresenta diante de Deus sem exibir méritos, nem pretensões ou presunções: não tem nada e, por isso, encontra tudo, porque encontra o Senhor.


Jesus dá-nos este ensinamento na parábola que ouvimos (Lc 18,9-14). É o caso de dois homens, um fariseu e um publicano; ambos vão ao templo para rezar, mas só um chega ao coração de Deus. Mais do que os gestos que fazem, fala a sua postura física: o Evangelho diz que o fariseu rezava «de pé» (v. 11), com fronte altiva, enquanto o publicano, «mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu» (v. 13), por vergonha. Reflitamos por momentos sobre estas duas posturas.

sábado, 18 de março de 2023

Cardeal Cantalamessa: III Pregação de Quaresma 2023

Cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap
III pregação de Quaresma
17 de março de 2023

“Deus é amor”

Há necessidade da teologia!

Para a minha e a sua consolação, Santo Padre, Veneráveis Padres, irmãos e irmãs, esta meditação será centrada toda e apenas em Deus. A teologia, isto é, o discurso sobre Deus, não pode permanecer estranha à realidade do Sínodo, como não pode permanecer estranha a qualquer outro momento da vida da Igreja. Sem a teologia, a fé se tornaria facilmente morta repetição; careceria do instrumento principal para a sua inculturação.

Para desempenhar esta tarefa, a teologia necessita, ela mesma, de uma renovação profunda. O que o povo de Deus necessita é uma teologia que não fale de Deus sempre e apenas “em terceira pessoa”, com categorias frequentemente tomadas do sistema filosófico do momento, incompreensíveis fora do círculo restrito dos “iniciados”. Está escrito que “o Verbo se fez carne”, mas, na teologia, frequentemente o Verbo se fez somente ideia! Karl Barth desejava o advento de uma teologia “capaz de ser pregada”, mas este desejo me parece ainda estar longe de ser realizado. São Paulo escreveu:
O Espírito sonda tudo, até mesmo as profundezas de Deus... Ninguém conhece o que é de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para conhecermos os dons que Deus nos concedeu” (1Cor 2,10-12).


Mas, então, onde encontrar uma teologia que se apoie no Espírito Santo, mais do que em categorias de sabedoria humana, para conhecer “as profundezas de Deus”? É preciso, para isso, recorrer a matérias chamadas “opcionais”: à “Teologia espiritual”, ou então à “Teologia pastoral”. Henri de Lubac escreveu: “O ministério da pregação não é a vulgarização de um ensinamento doutrinal em forma mais abstrata, que lhe fosse anterior e superior. É, ao contrário, o próprio ensinamento doutrinal, em sua forma mais alta. Isto era verdadeiro para a primeira pregação cristã, aquela dos Apóstolos, e igualmente verdadeiro para a pregação daqueles que lhes sucederam na Igreja: os Padres, os Doutores e os nossos Pastores na presente hora” [1].

Estou convicto de que não há um conteúdo da fé, por mais elevado, que não possa ser tornado compreensível a toda inteligência aberta à verdade. Se há uma coisa que podemos aprender dos Padres da Igreja é que podemos ser profundos sem ser obscuros. São Gregório Magno afirma que a Sagrada Escritura é “simples e profunda, como um rio em que, por assim dizer, um cordeiro pode caminhar e um elefante pode nadar” [2]. A teologia deveria se inspirar neste modelo. Cada um deveria poder aí encontrar pão para seus dentes: o simples, a sua alimentação, e o douto, alimento refinado para seu paladar. Sem contar que, frequentemente, é revelado aos “pequeninos” o que permanece oculto “aos sábios e entendidos”.

Mensagem do Papa Francisco sobre arquitetura sacra

No dia 14 de março de 2023 o Papa Francisco enviou uma Mensagem à XXVI Sessão Pública das Academias Pontifícias, que teve como tema a arquitetura sacra. A Mensagem foi endereçada ao Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação e Presidente do Conselho de Coordenação entre Academias Pontifícias:

Papa Francisco
Mensagem à XXVI Sessão Pública das Academias Pontifícias

Ao prezado irmão Cardeal José Tolentino de Mendonça,
Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação,
Presidente do Conselho de Coordenação entre Academias Pontifícias

Por ocasião da XXVI Solene Sessão Pública das Academias Pontifícias, tenho o prazer de lhe apresentar, Senhor Cardeal, os melhores votos para o serviço de Presidente do Conselho de Coordenação entre Academias Pontifícias. Com efeito, com a nomeação como Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, assumiste também esta tarefa, a desempenhar no espírito e de acordo com a orientação da Constituição Apostólica Praedicate Evangelium (cf. art. 162).

O Papa Francisco com o Cardeal José Tolentino de Mendonça

Ao mesmo tempo, desejo manifestar a minha gratidão ao Cardeal Gianfranco Ravasi, que por quinze anos presidiu o Conselho de Coordenação, dando considerável impulso à vida das Academias Pontifícias e valorizando as Sessões Públicas. Portanto, saúdo com profunda gratidão os ilustres Presidentes e Membros presentes, bem como as distintas Autoridades e quantos participam no tradicional encontro em que, por sua vez, cada Academia apresenta um tema relevante para o próprio âmbito de atividade.

A atual Sessão Pública viu como protagonista a Pontifícia e Insigne Academia de Belas-Artes dos Virtuosos no Panteão, a mais antiga das instituições representadas no Conselho. O Presidente, Prof. Pio Baldi, e os Acadêmicos solicitaram, para esta edição do Prêmio, as propostas daqueles que, a vários níveis, se ocupam de arquitetura sagrada e, portanto, na realização de projetos, montagem, adaptação litúrgica, renovação e reutilização dos espaços destinados ao culto, tendo em consideração as novas exigências e a linguagem arquitetônica contemporânea.