terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ângelus: XXXII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 10 de novembro de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje o Evangelho da Liturgia (Mc 12,38-44) fala-nos de Jesus que, no templo de Jerusalém, denuncia diante do povo a atitude hipócrita de alguns escribas (vv. 38-40).

A estes últimos era confiado um papel importante na comunidade de Israel: liam, transcreviam e interpretavam as Escrituras. Por isso eram tidos em grande estima e o povo prestava-lhes reverência.

Mas, para além das aparências, o seu comportamento não correspondia muitas vezes ao que ensinavam. Não eram coerentes. De fato, alguns, valendo-se do prestígio e do poder que possuíam, olhavam para os outros “de cima” - o que é muito feio, olhar para o outro de cima para baixo -, assumiam ares de superioridade e, escondendo-se atrás de uma fachada de fingida respeitabilidade e legalismo, arrogavam-se privilégios e chegavam ao ponto de cometer roubos em detrimento dos mais fracos, como as viúvas (v. 40). Em vez de usarem o papel de que foram investidos para servir os outros, fizeram dele um instrumento de arrogância e de manipulação. E aconteceu que até a oração, para eles, corria o risco de deixar de ser um momento de encontro com o Senhor para se tornar uma ocasião de ostentação de respeitabilidade e de piedade fingida, útil para atrair a atenção das pessoas e obter aprovação (ibid.). Recordemos o que Jesus diz sobre a oração do publicano e do fariseu (cf. Lc 18,9-14).

Eles - não todos - comportavam-se como pessoas corruptas, alimentando um sistema social e religioso no qual era normal favorecer-se em detrimento dos outros, sobretudo dos mais indefesos, cometendo injustiças e garantindo-se a impunidade.

Destas pessoas, Jesus recomenda que nos afastemos, que tenhamos “cuidado” (v. 38), que não as imitemos. Pelo contrário, com a sua palavra e o seu exemplo, como sabemos, Ele ensina coisas muito diferentes sobre a autoridade. Fala dela em termos de abnegação e de serviço humilde (cf. Mc 10,42-45), de ternura materna e paterna para com as pessoas (Lc 11,11-13), sobretudo as mais necessitadas (Lc 10,25-37). Convida quem está investido dela a olhar para os outros, a partir da sua posição de poder, não para humilhá-los, mas para elevá-los, dando-lhes esperança e ajuda.

Assim, irmãos e irmãs, podemos nos interrogar: como me comporto nas minhas áreas de responsabilidade? Procedo com humildade ou orgulho-me da minha posição? Sou generoso e respeito as pessoas ou trato-as de forma rude e autoritária? E com os mais frágeis, estou ao lado deles, inclino-me para ajudá-los a se levantar?

A Virgem Maria nos ajude a lutar contra a tentação da hipocrisia em nós - Jesus diz-lhes “hipócritas”, a hipocrisia é uma grande tentação - e nos ajude a fazer o bem sem aparecer e com simplicidade.

Jesus adverte contra os “doutores da Lei”
(James Tissot)

Fonte: Santa Sé.

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