“Senhor é vossa face
que eu procuro, não me escondais a vossa face” (Sl 26,8).
Existem algumas devoções cristológicas que recorrem à “sinédoque” ou “metonímia”: através do culto a uma “parte” na verdade querem adorar
o Cristo “todo”. É o caso das devoções ao Sagrado Coração de Jesus, ao seu
Santíssimo Nome, ao seu Preciosíssimo Sangue, às suas Cinco Chagas...
Nesta postagem gostaríamos de apresentar, ainda que
brevemente, a devoção à Santa Face de Nosso Senhor Jesus Cristo (Sacri Vultus Domini Nostri Jesu Christi).
Jesus Cristo, “rosto
da misericórdia do Pai”
Já no Antigo Testamento a imagem da “face” ou “rosto” é
usada para referir-se a Deus, mais especificamente à sua vontade de revelar-se,
de dar-se a conhecer ao homem.
Uma vez que é através da face que o ser humano exprime suas
emoções e sentimentos (alegria, tristeza, ira...), pede-se a Deus que mostre sua
“face” benévola ao orante. Destacamos, neste sentido, a célebre “bênção
sacerdotal” ou “bênção de Aarão”:
“O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te
dê a paz!” (Nm 6,24-26).
Na primeira aliança, porém, a “face de Deus” permanece
inefável, uma vez que Ele não havia se manifestado visivelmente, revelando-se
aos homens através de sua Palavra e de elementos simbólicos: a sarça ardente, a
coluna de nuvem...
Portanto, no Novo Testamento há um “salto” através da
Encarnação do Verbo: Jesus Cristo é “a
imagem do Deus invisível” (Cl
1,15), o “esplendor da sua glória” (Hb
1,3; cf. Ap 1,16). Com efeito, ao
pedido de Filipe: “Mostra-nos o Pai”, Jesus atesta: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo
14,8-9).
A imagem do rosto de Cristo (mandylion) sustentado pelos Arcanjos Miguel e Gabriel (Ícone dos séculos XV-XVI, Museu Nacional de Cracóvia, Polônia) |
“O conhecimento da glória de Deus brilha na face de Cristo”
(2Cor 4,6). Assim, uma vez que, em
Jesus, Deus assumiu um rosto visível e palpável (cf. 1Jo 1,1-3: “o que vimos... o que nossas mãos apalparam do Verbo
da vida... isto vos anunciamos”), este também pode ser representado e venerado
como objeto de culto.
Sobre o fundamento teológico da veneração das imagens, confira nossa postagem sobre os ícones da tradição bizantina.
Ao mesmo tempo, porém, o rosto divino permanece aberto à
perspectiva escatológica: “Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas,
então, veremos face a face” (1Cor
13,12; cf. 2Cor 3,18; 1Jo 3,1-2; Ap 22,4) [1].
A “face de Jesus” no
Oriente: O mandylion de Edessa
No Oriente, a devoção à Santa Face de Jesus está ligada ao mandylion de Edessa (μανδήλιον). De acordo com a
lenda, mencionada por Eusébio de Cesareia (†340) em sua História Eclesiástica [2], o rei Abgar V
de Edessa (†50), estando doente, teria enviado uma carta a Jesus, pedindo o dom da cura [3].
Ainda de acordo com a lenda, Jesus teria respondido em outra carta, elogiando a fé do rei e
indicando que após sua Ascensão enviaria um dos seus discípulos para curá-lo.
Segundo a tradição, com efeito, o evangelizador de Edessa e do norte da
Mesopotâmia foi Santo Addai ou São Tadeu. Este não é o Apóstolo Judas Tadeu, um
dos Doze, mas sim um discípulo de São Tomé, geralmente contado entre os 70 ou
72 “discípulos de Jesus” (cf. Lc 10,1-20).
Em versões posteriores da lenda, o mensageiro do rei, chamado Ananias, teria pintado o rosto de Jesus em um lenço, o célebre mandylion. Em outras versões, por sua vez, o rosto do Salvador teria aparecido milagrosamente no tecido, sendo portanto uma imagem αχειροποίητα (“acheiropoieta” ou “achiropita”, isto é, “não feita por mãos humanas”), e levada por Santo Addai para curar o rei.
O rei Abgar V recebendo o mandylion de Santo Addai (ou São Tadeu) (Imagem do século X - Mosteiro de Santa Catarina no monte Sinai, Egito) |
Não obstante, a chegada do cristianismo em Edessa teria
ocorrido mais provavelmente no tempo do rei Abgar IX (†212), entre o final do
século II e o início do século III. Com
efeito, a “Anáfora de Addai e Mari”, uma Oração Eucarística atribuída a Santo
Addai e a seu discípulo, São Mari, teria sido elaborada no século III. Esta
Anáfora é utilizada até hoje pela Igreja Assíria do Oriente e pela Igreja Católica Caldeia.
Quanto ao mandylion,
este teria sido conservado em Edessa até meados do século X, quando, devido aos
ataques dos persas, foi levado a Constantinopla no tempo do Imperador Romano I
(†948). No Rito Bizantino, com efeito, celebra-se a transladação do mandylion a Constantinopla no dia 16 de agosto.
Em 1204, durante a Quarta Cruzada, os cristãos latinos
saquearam a cidade. O mandylion teria
sido tomado pelo Rei Luís IX da França (†1270), permanecendo na Sainte-Chapelle em Paris até desaparecer
durante a Revolução Francesa (1789).
Dentre as cópias célebres do mandylion de Edessa cabe destacar a “Santa Face” de Gênova
(Itália), do século XIV; e a conservada em Roma, na Basílica de São Silvestre in Capite, do século XVI, atualmente no Palácio
Apostólico do Vaticano.
A “face de Jesus” no Ocidente:
O véu da Verônica
No Ocidente, o papel do mandylion
foi ocupado pelo “véu da Verônica”.
A primeira referência à Verônica encontra-se no relato
apócrifo Atos de Pilatos, escrito em
grego entre o final do século II e o início do século III. Aqui a mulher curada
de uma hemorragia por Jesus (cf. Mt
9,20-22; Mc 5,25-34; Lc 8,43-48) é chamada Berenice (Βερενίκη),
nome de origem macedônia que significa “portadora da vitória” [4].
Quando o relato passou do grego para o latim, integrado no Evangelho de Nicodemos, o nome foi
adaptado para “Verônica”. Uma vez que esse nome remete a “vera icona” (verdadeira imagem), Berenice passou a ser associada a
uma imagem do Salvador.
Com efeito, no Ciclo
de Pilatos, uma série de escritos em torno desse personagem elaborados a
partir do século VIII, adapta-se a história do rei Abgar, com Verônica curando
o Imperador romano Tibério (†37) com a Santa Face impressa em um véu [5].
Nas versões mais antigas do relato, a imagem é realizada por
um pintor. Posteriormente, porém, essa é impressa no véu por Jesus de maneira
miraculosa (“acheiropoieta” ou “achiropita”, como vimos acima).
Santa Verônica com o véu da "Santa Face" (Hans Memling - National Gallery of Art, Washington) |
O “véu da Verônica” passa a receber particular veneração no
Ocidente a partir do século XIII, sendo sua cópia mais célebre conservada na
Basílica de São Pedro no Vaticano.
O “precursor” da devoção foi o Papa Inocêncio III (†1216), que
prescreveu em 1208 uma procissão com o “véu da Verônica” da Basílica Vaticana
até a igreja do Espírito Santo in Sassia,
junto à qual funcionava um célebre hospital, exortando assim a ver a face de
Cristo no rosto dos irmãos sofredores (cf.
Mt 25,31-46).
A procissão tinha lugar no II Domingo após a Epifania (II
Domingo do Tempo Comum), conhecido como “Omnis
terra”, em referência à antífona de entrada, que até hoje se conserva,
tomada do Sl 65,4: “Omnis terra adóret te, Deus...” (“Toda
terra te adore, ó Deus...”).
Essa seria, portanto, a primeira “festa” da Santa Face de
Jesus. O Santuário da Santa Face de Manoppello (Itália) tem tentado recuperar a
celebração do “Domingo Omnis terra”
[6]. No dia 17 de janeiro de 2016, com efeito, durante o Jubileu Extraordinário
da Misericórdia, uma réplica da Santa Face de Manoppello foi conduzida em
procissão da Basílica de São Pedro até a igreja do Espírito Santo in Sassia.
Procissão com a "Santa Face" de Manoppello na Praça de São Pedro (II Domingo do Tempo Comum, 17 de janeiro de 2016) |
Dom Georg Gänswein concede a bênção com a "Santa Face" |
Retornando ao “véu da Verônica”, este constava entre as “Mirabilia Urbis” (Maravilhas da cidade
de Roma), série de relíquias expostas solenemente durante o Jubileu de 1300,
convocado pelo Papa Bonifácio VIII (†1303), como atesta Dante no canto XXXI do Paraíso [7].
A partir de então, o “véu” era exposto em ocasiões solenes,
como nos Jubileus. A devoção se tornou tão popular que os Papas Paulo V (†1621)
e Urbano VIII (†1644) chegaram a proibir a realização de cópias da imagem.
Não obstante, até hoje se conservam importantes cópias do
“véu”: em Viena (Áustria); em Alicante e Jaén (Espanha); e em Manoppello (santuário visitado pelo Papa Bento XVI em 2006). Vale lembrar também o Santo Sudário
de Turim (Itália), associado, por sua vez, ao sepultamento do corpo de Jesus.
Para a nova Basílica de São Pedro no Vaticano (séculos XVI-XVII)
foram realizadas quatro grandes estátuas para os nichos sob a cúpula, dentre as
quais a “Santa Verônica” de Francesco Mochi (1632), associada ao respectivo
“véu” [8].
"Santa Verônica de Jerusalém" de Francesco Mochi (Basílica de São Pedro no Vaticano) |
Sobre a estátua encontra-se uma loggia, isto é, uma sacada, na qual estão representados em um relevo anjos sustentando o “véu” sob a inscrição “Faciem tuam deprecabuntur” (Suplicarão à
tua Face), que remete ao texto em latim de Jó
11,19 e Sl 45,13.
Loggia da "Santa Face" sobre a estátua da Verônica |
Por fim, em relação a Santa Verônica, alguns catálogos de
santos da Idade Média indicavam sua celebração para o dia 12 de julho. Porém,
uma vez que não é mencionada nos antigos martirológios, ela não consta
oficialmente no Martirológio Romano [9].
A associação da Santa
Face com a Paixão
Note-se que os relatos sobre o mandylion e o véu da Verônica colocam sua realização, seja natural
ou miraculosa, sempre durante a vida pública de Jesus, antes da Paixão.
A face de Jesus aparece assim relacionada à Encarnação,
atestando que Jesus é verdadeiro homem (pois tem um rosto visível e palpável) e
verdadeiro Deus (pois a representação da sua face é capaz de realizar curas).
Será apenas a partir do século XIV que o véu da Verônica passaria
a ser relacionado à Paixão. Surgiu então a lenda de que ela, associada às
“mulheres de Jerusalém” (Lc 23,27-31),
teria enxugado o rosto de Jesus a caminho do Calvário, o qual, manchado de
sangue, suor e poeira da estrada, teria ficado milagrosamente estampado em seu
véu.
A “face de Jesus” aqui remete ao “Servo Sofredor” celebrado nos
cânticos da segunda parte do Livro de
Isaías (Is 42,1-9; 49,1-7;
50,4-11; 52,13–53,12). O rosto maltratado do Servo do Senhor é sinal de
salvação: “por suas chagas fomos curados” (Is
53,5; cf. 1Pd 2,21-24).
"Véu da Verônica" de Domenico Fetti (National Gallery of Art, Washington) |
Com a consolidação das “estações” da Via Sacra ou Via Crucis a
partir dos séculos XVII-XVIII o “encontro de Verônica com Jesus a caminho do
Calvário” passou a figurar como VI Estação.
A partir do século XVII, uma vez que a Basílica Vaticana já
era a “igreja estacional” do V Domingo da Quaresma (chamado anteriormente de I
Domingo da Paixão), nesse dia, após as II Vésperas recitadas pelos cônegos no
altar da Cátedra, a relíquia do “véu da Verônica” é exposta à veneração dos
fiéis desde a loggia sobre a imagem de Santa Verônica.
A oração que se recita na ocasião teria sido escrita pelo
Papa Inocêncio III, fazendo referência ao texto de 1Cor 13,12 (com a menção à Paixão como um acréscimo posterior):
Deus, qui nobis
signatis lumine vultus tui imaginem tuam relinquere voluisti: [per passionem et crucem tuam] tribue nobis, quaesumus; ut sicut nunc in
terris per speculum et in aenigmate ipsam veneramur, ita facie ad faciem
venientem judicem te securi videamus. Qui vivis et regnas in saecula saeculorum. Amen [10].
Ó Deus, que quiseste deixar tua
imagem conosco, marcando-nos com a luz da tua face: concede-nos, [pela tua
Paixão e Cruz], nós te suplicamos: que assim como agora na terra a veneramos através
de um espelho e de maneira obscura, possamos com segurança ver-te face a face
quando vieres para julgar. Tu que vives e reinas por todos os séculos dos
séculos. Amém (Tradução livre nossa, não oficial).
Os cônegos da Basílica de São Pedro exibem o "véu da Verônica" (II Vésperas do V Domingo da Quaresma) |
A Missa votiva da Sagrada Face de Jesus
A edição do Missale Romanum promulgada em 1920 por Bento XV (†1922), no
contexto das reformas de São Pio X (†1914), trazia várias Missas votivas para o
Tempo da Quaresma ligadas ao mistério da Paixão. Porém, nesse Missale não consta uma Missa votiva em
honra da Santa Face [11].
Posteriormente, teria sido aprovada para alguns lugares (pro aliquibus locis) uma Missa votiva à
Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo (Sacri
Vultus Dómini Nostri Jesu Christi).
As informações a respeito dessa Missa, porém, são
desencontradas: alguns indicam que foi aprovada no tempo de São Pio X, em 1908
ou 1910; outros afirmam que teria sido aprovada por Pio XII em 1958 e concedida
ao Brasil por João XXIII no ano seguinte, a ser celebrada na Terça-feira de
Carnaval, isto é, na véspera da Quarta-feira de Cinzas. Porém, em nossa pesquisa não encontramos nenhuma referência
a essa Missa na Acta Sanctae Sedis ou
Acta Apostolicae Sedis, veículo
oficial de informação da Santa Sé.
Aqueles que defendem a celebração da “Santa Face” na terça-feira
antes das Cinzas remetem ao tema da “reparação”, isto é, ao pedido de perdão pelos
“pecados cometidos durante o Carnaval”. Tal tema foi destacado pelo Papa Pio XI
(†1939) na Encíclica Miserentissimus
Redemptor (1928), relacionando-o porém à devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
A ênfase na “reparação”, porém, pode levar a uma visão muito
estrita do tema da “ira de Deus”. Além disso, vale a pena recuperar a perspectiva
cristã da Terça-feira de Carnaval como um dia festivo, uma vez que tradicionalmente
comportava uma refeição mais “generosa” antes do início do jejum quaresmal. Para saber mais, confira nossa postagem sobre a “despedida do aleluia” nesse dia.
De toda forma, a oração que se costuma reproduzir para a “Missa
votiva da Santa Face” é a seguinte:
Dómine Jesu Christe,
cujus sacratíssimus Vultus in Passióne abscónditus sicut sol in sua virtúte
relúcet; concéde propítius, ut tuis passiónibus communicántes in terris, in
revelatióne glóriae tuae gaudére valeámus in coelis. Qui vivis et regnas cum
Deo Patre in unitáte Spíritus Sancti Deus: per ómnia saécula saeculórum. Amen
[12].
Senhor Jesus Cristo, cujo sacratíssimo Rosto, escondido na
Paixão, resplandece como o sol em todo o seu esplendor; concedei-nos, propício,
que participando na terra dos teus sofrimentos, possamos nos alegrar no céu com
a revelação da tua glória. Tu que vives e reinais com o Pai na unidade do
Espírito Santo, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém (Tradução livre
nossa, não oficial).
"Santa Verônica" de Mattia Preti (Museu de Los Angeles, EUA) |
Para essa celebração aparecem indicadas as antífonas e
leituras da Missa votiva da Paixão do Senhor, conhecida como Missa “Humiliávit”, em referência à antífona de
entrada, tomada de Fl 2,8-9: “Humiliávit semetípsum Dóminus Jesus Christus
usque ad mortem...” (O Senhor Jesus Cristo humilhou-se a si mesmo até à
morte...).
Após o Concílio Vaticano II, a Missa do “Rosto sofredor de
Jesus” (Volto sofferente di Gesù)
aparece entre as Missas votivas próprias da Congregação da Paixão de Jesus
Cristo (Passionistas), aprovadas pela Congregação para o Culto Divino em 1975.
Reproduzimos aqui a coleta da Missa do “Rosto sofredor de
Jesus” em sua tradução para o italiano, a qual foi aprovada oficialmente em
1998:
O Padre, che con la
Passione di Cristo hai liberato l'umanità dalla morte ereditata col peccato,
rinnovaci a somiglianza del tuo Figlio, perché, cancellata l'immagine dell'uomo
vecchio, rifulga in noi con la tua grazia l'immagine dell'uomo nuovo, Gesù
Cristo nostro Signore. Egli è Dio, e vive e regna con te, nell'unità dello
Spirito Santo, per tutti i secoli dei secoli. Amen [13].
Ó Pai, que pela Paixão de Cristo libertaste a humanidade da
morte herdada com o pecado, renovai-nos à semelhança do teu Filho, para que, cancelada
a imagem do homem velho, refulja em nós, com a tua graça, a imagem do homem novo,
Jesus Cristo, nosso Senhor. Ele, que é Deus, e vive e reina contigo, na unidade
do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém (Tradução livre
nossa, não oficial).
"Face de Cristo" - Raúl Berzosa Fernández |
Circula na internet uma versão da tradução dessa oração, a
qual, uma vez que não possui a aprovação oficial da CNBB, organismo responsável
pela tradução dos textos litúrgicos para o português do Brasil, não pode ser
usada nas celebrações litúrgicas, apenas na oração pessoal e em práticas da
piedade popular.
O crescimento da
devoção à Santa Face no século XX
Cabe recordar, por fim, que a devoção à Sagrada Face de
Jesus ganhou destaque no século XX através da religiosa carmelita Santa
Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, Virgem e Doutora da Igreja
(†1897).
Santa Teresinha com as estampas do Menino Jesus e da Sagrada Face |
Em 1950, por sua vez, o Venerável Ildebrando Gregori
(†1985), abade beneditino, fundou a Congregação das Irmãs Reparadoras da
Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Além de suas atividades caritativas, as irmãs empenham-se em
promover a devoção à Santa Face, sobretudo através da difusão de uma medalha
idealizada pela Beata Maria Pierina de Micheli (†1945), com a inscrição do Sl 66,2: “Illumina, Domine, vultum tuum super nos” (“Ó Senhor, que vossa face
resplandeça sobre nós”).
Medalha da Sagrada Face |
A Congregação, junto ao Cardeal Fiorenzo Angelini (†2014), que foi o titular
da igreja do Espírito Santo in Sassia,
fundou em 1997 o Instituto Internacional de Pesquisa sobre o Rosto de Cristo,
dedicado a promover o estudo sobre a teologia e a espiritualidade dessa devoção.
Por ocasião do VI Congresso, em 2002, o Papa São João Paulo II (†2005) enviou uma mensagem ao Cardeal Angelini, destacando uma afirmação da sua Carta
Apostólica Novo Millennio Ineunte (n.
16):
“Não é porventura a missão da Igreja refletir a luz de
Cristo em cada época da história e, por conseguinte, fazer resplandecer o seu Rosto também diante das gerações do novo
milênio? Mas o nosso testemunho seria excessivamente pobre, se não fôssemos
primeiro contemplativos do seu Rosto”.
Confira também:
Notas:
[1] Sobre o tema da “face” na Sagrada Escritura, confira:
LÉON-DUFOUR, Xavier et
al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Petrópolis: Vozes, 2008, pp. 341-343.
LURKER, Manfred. Dicionário
de figuras e símbolos bíblicos. São Paulo: Paulus, 1993, pp. 98-99.
McKENZIE, John Lawrence. Dicionário
Bíblico. São Paulo: Paulus, 2013, pp. 307-308.
[2] História
Eclesiástica, Livro 1, cap. 13; in:
EUSÉBIO DE CESAREIA. História
Eclesiástica. São Paulo: Paulus, 2000, pp. 66-70 (Coleção: Patrística, vol. 15).
[3] A cidade de Edessa (na atual Turquia, próxima à
fronteira com a Síria) foi a capital do pequeno reino de Osroena (às vezes
chamado de reino de Edessa), que, assim como o reino da Armênia, ao norte, serviu
como “Estado tampão” (um estado “neutro” entre duas potências rivais) entre o
Império Romano e o Império Parto.
[4] cf. Evangelho de
Nicodemos (Atos de Pilatos), cap. 7; in:
PROENÇA, Eduardo de [org.]. Apócrifos e
pseudo-epígrafos da Bíblia, v. I. São Paulo: Fonte Editorial, 2005, p. 549.
[5] cf. Ciclo de
Pilatos; in: ibid., pp. 721-745.
[6] Para saber mais, confira o site do Santuário de
Manoppello: Volto Santo.
[7] cf. ALIGHIERI,
Dante. Divina Comédia: Paraíso. Canto
XXXI, vv. 105-111.
[8] As outras três estátuas e suas respectivas relíquias
são:
- “São Longinos” de Gian Lorenzo Bernini (1639), associado à lança que
perfurou o lado de Cristo (Jo 19,34);
- “Santa Helena” de Andrea Bolgi (1646), associada à relíquia da Santa Cruz;
- “Santo
André” de François Duquesnoy (1640). As relíquias do Apóstolo, porém, foram
devolvidas pelo Papa São Paulo VI à Igreja Ortodoxa Grega em 1964.
[9] cf. DÉGERT,
Antoine. St. Veronica. in: The Catholic
Encyclopedia, vol. 15, 1912. Disponível em: New Advent.
[10] Fonte: New Liturgical Movement.
[11] O único desses formulários que foi conservado é o da
Missa das “Sete Dores da Bem-aventurada Virgem Maria” (Septem Dolorum Beatae Mariae Virginis) na sexta-feira da V semana
da Quaresma. A 3ª edição típica do Missal Romano (ainda sem tradução para o Brasil), propõe para esse dia uma coleta (oração do dia) opcional em honra da
participação da Virgem Maria no mistério da Paixão.
[12] Fonte: Tradidi quod et accepi.
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