Há 150 anos, no dia 08 de dezembro de 1870, o Papa Pio IX proclamava São José Padroeiro da Igreja Universal. Para celebrar esta data o Papa Francisco publicou hoje, 08 de dezembro de 2020, Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria, a Carta Apostólica Patris corde (Com coração de pai), na qual destaca sete características deste santo.
Segue a Carta na íntegra:
PAPA FRANCISCO
CARTA APOSTÓLICA PATRIS
CORDE
POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO DA DECLARAÇÃO DE
SÃO JOSÉ COMO PADROEIRO DA IGREJA UNIVERSAL
COM
CORAÇÃO DE PAI: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como «o filho de José» [1].
Os
dois evangelistas que puseram em relevo a sua figura, Mateus e Lucas, narram
pouco, mas o suficiente para fazer compreender o género de pai que era e a
missão que a Providência lhe confiou.
Sabemos
que era um humilde carpinteiro (cf. Mt 13,55),
desposado com Maria (cf. Mt 1,18; Lc 1,27);
um «homem justo» (Mt 1,19), sempre pronto a cumprir a vontade de
Deus manifestada na sua Lei (cf. Lc 2,22.27.39)
e através de quatro sonhos (cf. Mt 1,20;
2,13.19.22). Depois de uma viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias
nascer num estábulo, «por não haver lugar para eles» (Lc 2,7)
em outro lugar. Foi testemunha da adoração dos pastores (cf. Lc 2,8-20) e dos magos (cf. Mt 2,1-12), que representavam respectivamente
o povo de Israel e os povos pagãos.
Teve
a coragem de assumir a paternidade legal de Jesus, a quem deu o nome revelado
pelo anjo: «Lhe darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus
pecados» (Mt 1,21). Entre os povos antigos, como se sabe, dar o
nome a uma pessoa ou a uma coisa significava conseguir um título de pertença,
como fez Adão na narração do Gênesis (cf.
Gn 2,19-20).
No
Templo, quarenta dias depois do nascimento, José - juntamente com a Mãe -
ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu, surpreendido, a profecia que Simeão fez a
respeito de Jesus e Maria (cf. Lc 2,22-35).
Para defender Jesus de Herodes, residiu como forasteiro no Egito (cf. Mt 2,13-18).
Regressado à pátria, viveu no recôndito da pequena e ignorada cidade de Nazaré,
na Galileia - de onde (dizia-se) «não sairá nenhum profeta» (Jo 7,52),
nem «poderá vir alguma coisa boa» (Jo 1,46) -, longe de Belém, a
sua cidade natal, e de Jerusalém, onde se erguia o Templo. Foi precisamente
durante uma peregrinação a Jerusalém que perderam Jesus (tinha ele doze anos) e
José e Maria, angustiados, andaram à sua procura, acabando por encontrá-Lo três
dias mais tarde no Templo discutindo com os doutores da Lei (cf. Lc 2,41-50).
Depois
de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no Magistério Pontifício
como José, seu esposo. Os meus antecessores aprofundaram a mensagem contida nos
poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel
central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o «Padroeiro da Igreja
Católica» [2], o Venerável Pio XII apresentou-o
como «Padroeiro dos operários» [3]; e São João Paulo II,
como «Guardião do Redentor» [4]. O povo invoca-o
como «padroeiro da boa morte» [5].
Assim
ao completarem-se 150 anos da sua declaração como Padroeiro da Igreja
Católica, feita pelo Beato Pio IX a 08 de dezembro de 1870, gostaria de
deixar - como diz Jesus - «a boca falar da abundância do coração» (Mt 12,34),
para partilhar convosco algumas reflexões pessoais sobre esta figura
extraordinária, tão próxima da condição humana de cada um de nós. Tal desejo
foi crescendo ao longo destes meses de pandemia em que pudemos experimentar, no
meio da crise que nos afeta, que «as nossas vidas são tecidas e sustentadas por
pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos
jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que
hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa
história: médicos, enfermeiras e enfermeiros, trabalhadores dos supermercados,
pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários,
sacerdotes, religiosas e muitos - mas muitos - outros que compreenderam que
ninguém se salva sozinho. (...) Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência
e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade!
Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com
pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise,
readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas
rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos» [6]. Todos
podem encontrar em São José - o homem que passa despercebido, o homem da
presença quotidiana discreta e escondida - um intercessor, um amparo e uma guia
nos momentos de dificuldade. São José lembra-nos que todos aqueles que estão,
aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo
na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e
gratidão.
1. Pai amado
A
grandeza de São José consiste no fato de ter sido o esposo de Maria e o pai de
Jesus. Como tal, afirma São João Crisóstomo, «colocou-se inteiramente ao
serviço do plano salvífico» [7].
São
Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu, concretamente, «em ter
feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da Encarnação e à
conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a
Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu
trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação
sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor
colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa» [8].
Por
este seu papel na história da salvação, São José é um pai que foi sempre amado
pelo povo cristão, como prova o fato de lhe terem sido dedicadas numerosas
igrejas por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias e grupos
eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu nome; e de,
há séculos, se realizarem em sua honra várias representações sacras. Muitos
Santos e Santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa
de Ávila, que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se
instantemente a São José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada
pela própria experiência, a Santa persuadia os outros a serem igualmente
devotos dele [9].
Em
todo o manual de orações, há sempre alguma a São José. São-lhe dirigidas
invocações especiais todas as quartas-feiras e, de forma particular, durante o
mês de março inteiro, tradicionalmente dedicado a ele [10].
A
confiança do povo em São José está contida na expressão «Ite ad Joseph»,
que faz referência ao período de carestia no Egito, quando o povo pedia pão ao
Faraó e ele respondia: «Ide ter com José; fazei o que ele vos disser» (Gn 41,55).
Tratava-se de José, filho de Jacó, que acabara vendido, vítima da inveja dos
seus irmãos (cf. Gn 37,11-28);
e posteriormente - segundo a narração bíblica - tornou-se vice-rei do Egito (cf. Gn 41,41-44).
Enquanto
descendente de Davi (cf. Mt 1,16.20),
de cuja raiz deveria nascer Jesus segundo a promessa feita ao rei pelo profeta
Natã (cf. 2Sm 7), e
como esposo de Maria de Nazaré, São José constitui a dobradiça que une o Antigo
e o Novo Testamento.
2. Pai na ternura
Dia
após dia, José via Jesus crescer «em sabedoria, em estatura e em graça, diante
de Deus e dos homens» (Lc 2,52). Como o Senhor fez com Israel,
assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para Ele como o pai
que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar
de comer (cf. Os 11,3-4).
Jesus
viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o
Senhor Se compadece dos que O temem» (Sl 103,13).
Com
certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que
o Deus de Israel é um Deus de ternura [11], que é
bom para com todos e «a sua ternura repassa todas as suas obras» (Sl 145,9).
A
história da salvação realiza-se, «na esperança para além do que se podia
esperar» (Rm 4,18), através das nossas fraquezas. Muitas vezes
pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na
verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa
fraqueza. Isto mesmo permite a São Paulo dizer: «Para que não me enchesse de
orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a
fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o
afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: “Basta-te a minha graça, porque a força
manifesta-se na fraqueza”» (2Cor 12,7-9).
Se
esta é a perspectiva da economia da salvação, devemos aprender a aceitar, com
profunda ternura, a nossa fraqueza [12].
O
Maligno faz-nos olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo
que o Espírito trá-la à luz com ternura. A ternura é a melhor forma para tocar
o que há de frágil em nós. Muitas vezes o dedo em riste e o juízo que fazemos a
respeito dos outros são sinal da incapacidade de acolher dentro de nós mesmos a
nossa própria fraqueza, a nossa fragilidade. Só a ternura nos salvará da obra
do Acusador (cf. Ap 12,10).
Por isso, é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no
sacramento da Reconciliação, fazendo uma experiência de verdade e ternura.
Paradoxalmente, também o Maligno pode dizer-nos a verdade, mas, se o faz, é
para nos condenar. Entretanto nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos
condena, mas acolhe-nos, abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos. A Verdade
apresenta-se a nós sempre como o Pai misericordioso da parábola (cf. Lc 15,11-32): vem
ao nosso encontro, devolve-nos a dignidade, levanta-nos, ordena uma festa para
nós, dando como motivo que «este meu filho estava morto e reviveu, estava
perdido e foi encontrado» (Lc 15,24).
A
vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da
angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também
acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas
fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da
vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes
queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe.
3. Pai na obediência
De
forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-Lhe o seu plano de
salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos, que na
Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos
quais Deus manifesta a sua vontade [13].
José
sente uma angústia imensa com a gravidez incompreensível de Maria: mas não quer
«difamá-la» [14], e decide «deixá-la secretamente»
(Mt 1,19). No primeiro sonho, o anjo ajuda-o a resolver o seu grave
dilema: «Não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é obra do
Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque
Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1,20-21). A sua resposta
foi imediata: «Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo» (Mt 1,24).
Com a obediência, superou o seu drama e salvou Maria.
No
segundo sonho, o anjo dá esta ordem a José: «Levanta-te, toma o menino e sua
mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o
menino para matá-lo» (Mt 2,13). José não hesitou em obedecer, sem
se questionar sobre as dificuldades que encontraria: «E ele levantou-se de
noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito, permanecendo ali até à
morte de Herodes» (Mt 2,14-15).
No
Egito, com confiança e paciência, José esperou do anjo o aviso prometido para
voltar ao seu país. Logo que o mensageiro divino, num terceiro sonho - depois
de informá-lo que tinham morrido aqueles que procuravam matar o menino -, lhe
ordena que se levante, tome consigo o menino e sua mãe e regresse à terra de
Israel (cf. Mt 2,19-20),
de novo obedece sem hesitar: «Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e
voltou para a terra de Israel» (Mt 2,21).
Durante
a viagem de regresso, porém, «tendo ouvido dizer que Arquelau reinava na
Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir para lá. Então advertido
em sonhos - e é a quarta vez que acontece - retirou-se para a região da
Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré» (Mt 2,22-23).
Por
sua vez, o evangelista Lucas refere que José enfrentou a longa e incômoda
viagem de Nazaré a Belém, devido à lei do imperador César Augusto relativa ao
recenseamento, que impunha a cada um registar-se na própria cidade de origem. E
foi precisamente nesta circunstância que nasceu Jesus (cf. Lc 2,1-7), sendo
inscrito no registo do Império, como todos os outros meninos.
São
Lucas, de modo particular, tem o cuidado de assinalar que os pais de Jesus
observavam todas as prescrições da Lei: os ritos da circuncisão de Jesus, da
purificação de Maria depois do parto, da oferta do primogênito a Deus (cf. Lc
2,21-24) [15].
Em
todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu «fiat»,
como Maria na Anunciação e Jesus no Getsêmani.
Na
sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (cf. Lc 2,51), segundo o
mandamento de Deus (cf. Ex 20,12).
Ao
longo da vida oculta em Nazaré, na escola de José, Ele aprendeu a fazer a
vontade do Pai. Tal vontade torna-se o seu alimento diário (cf. Jo 4,34). Mesmo no
momento mais difícil da sua vida, vivido no Getsêmani, preferiu que se
cumprisse a vontade do Pai, e não a sua [16], fazendo-Se
«obediente até à morte (...) de cruz» (Fl 2,8). Por isso, o autor
da Carta aos Hebreus conclui que Jesus
«aprendeu a obediência por aquilo que sofreu» (Hb 5,8).
Vê-se,
a partir de todas estas vicissitudes, que «José foi chamado por Deus para
servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua
paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande mistério da
Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente ministro da
salvação» [17].
4. Pai no acolhimento
José
acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. «A nobreza
do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e
hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física
contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado
que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra,
dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o
a escolher iluminando o seu discernimento» [18].
Na
nossa vida, muitas vezes sucedem coisas, cujo significado não entendemos. E a
nossa primeira reação, frequentemente, é de desilusão e revolta. Diversamente,
José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais
misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua
responsabilidade e reconcilia-se com a própria história. Se não nos
reconciliarmos com a nossa história, não conseguiremos dar nem mais um passo,
porque ficaremos sempre reféns das nossas expectativas e consequentes
desilusões.
A
vida espiritual que José nos mostra, não é um caminho que explica,
mas um caminho que acolhe. Só a partir deste acolhimento, desta
reconciliação, é possível intuir também uma história mais excelsa, um
significado mais profundo. Parecem ecoar as palavras inflamadas de Jó, quando,
desafiado pela esposa a rebelar-se contra todo o mal que lhe está a acontecer,
responde: «Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os
males?» (Jó 2,10).
José
não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte. O
acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza
que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a
vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e
desilusões.
A
vinda de Jesus ao nosso meio é um dom do Pai, para que cada um se reconcilie
com a carne da sua história, mesmo quando não a compreende totalmente.
O
que Deus disse ao nosso Santo - «José, Filho de Davi, não temas...» (Mt 1,20)
-, parece repeti-lo a nós também: «Não tenhais medo!» É necessário deixar de
lado a ira e a desilusão para - movidos não por qualquer resignação mundana,
mas com uma fortaleza cheia de esperança - dar lugar àquilo que não escolhemos
e, todavia, existe. Acolher a vida desta maneira introduz-nos num significado
oculto. A vida de cada um de nós pode recomeçar miraculosamente, se
encontrarmos a coragem de vivê-la segundo aquilo que nos indica o Evangelho. E
não importa se tudo parece ter tomado já uma direção errada, e se algumas
coisas já são irreversíveis. Deus pode fazer brotar flores no meio das rochas.
E mesmo que o nosso coração nos censure de qualquer coisa, Ele «é maior que o
nosso coração e conhece tudo» (1Jo 3,20).
Reaparece
aqui o realismo cristão, que não deita fora nada do que existe. A realidade, na
sua misteriosa persistência e complexidade, é portadora dum sentido da
existência com as suas luzes e sombras. É isto que leva o apóstolo Paulo a
dizer: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8,28).
E Santo Agostinho acrescenta: tudo, «incluindo aquilo que é
chamado mal» [19]. Nesta perspectiva global, a fé dá significado a
todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes.
Assim,
longe de nós pensar que crer signifique encontrar fáceis soluções consoladoras.
Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos ensinou é a que vemos em São José,
que não procura atalhos, mas enfrenta de olhos abertos aquilo que lhe acontece,
assumindo pessoalmente a responsabilidade por isso.
O
acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como
são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe
o que é frágil (cf. 1Cor 1,27),
é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sl 68,6) e manda amar o
forasteiro [20]. Posso imaginar ter sido do
procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do filho
pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15,11-32).
5. Pai com coragem criativa
Se
a primeira etapa de toda a verdadeira cura interior é acolher a própria
história, ou seja, dar espaço no nosso íntimo até mesmo àquilo que não
escolhemos na nossa vida, convém acrescentar outra caraterística importante: a
coragem criativa. Esta vem ao de cima sobretudo quando se encontram dificuldades.
Com efeito, perante uma dificuldade, pode-se estacar e abandonar o campo, ou
tentar vencê-la de algum modo. Às vezes, são precisamente as dificuldades que
fazem sair de cada um de nós recursos que nem pensávamos ter.
Frequentemente,
ao ler os «Evangelhos da Infância», apetece-nos perguntar por que motivo Deus
não interveio de forma direta e clara. Porque Deus intervém por meio de
acontecimentos e pessoas: José é o homem por meio de quem Deus cuida dos
primórdios da história da redenção; é o verdadeiro «milagre», pelo qual Deus
salva o Menino e sua mãe. O Céu intervém, confiando na coragem criativa deste
homem que, tendo chegado a Belém e não encontrando alojamento onde Maria possa
dar à luz, arranja um estábulo e prepara-o de modo a tornar-se o lugar mais
acolhedor possível para o Filho de Deus, que vem ao mundo (cf. Lc 2,6-7). Face ao perigo iminente de Herodes,
que quer matar o Menino, de novo em sonhos José é alertado para defendê-Lo e,
no coração da noite, organiza a fuga para o Egito (cf. Mt 2,13-14).
Em
uma leitura superficial destas narrações, a impressão que se tem é a de que o
mundo está à mercê dos fortes e poderosos, mas a «boa notícia» do Evangelho
consiste precisamente em mostrar como, não obstante a arrogância e a violência
dos dominadores terrenos, Deus encontra sempre a forma de realizar o seu plano
de salvação. Às vezes também a nossa vida parece à mercê dos poderes fortes,
mas o Evangelho diz-nos que Deus consegue sempre salvar aquilo que conta, desde
que usemos a mesma coragem criativa do carpinteiro de Nazaré, o qual sabe
transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na
Providência.
Se,
em determinadas situações, parece que Deus não nos ajuda, isso não significa
que nos tenha abandonado, mas que confia em nós com aquilo que podemos
projetar, inventar, encontrar.
Trata-se
da mesma coragem criativa demonstrada pelos amigos do paralítico que, desejando
levá-lo à presença de Jesus, fizeram-no descer pelo teto (cf. Lc 5,17-26). A dificuldade não deteve a audácia
e obstinação daqueles amigos. Estavam convencidos de que Jesus podia curar o
doente e, «não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao
teto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente
de Jesus. Vendo a fé daqueles homens, disse: “Homem, os teus pecados estão
perdoados”» (Lc 5,19-20). Jesus
reconhece a fé criativa com que aqueles homens procuram trazer-Lhe o seu amigo
doente.
O
Evangelho não dá informações relativas ao tempo que Maria, José e o Menino
permaneceram no Egito. Mas certamente tiveram de comer, encontrar uma casa, um
emprego. Não é preciso muita imaginação para colmatar o silêncio do Evangelho a
tal respeito. A Sagrada Família teve que enfrentar problemas concretos, como
todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda
hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a fome. Neste sentido, creio
que São José seja verdadeiramente um padroeiro especial para quantos têm que
deixar a sua terra por causa das guerras, do ódio, da perseguição e da miséria.
No
fim de cada acontecimento que tem José como protagonista, o Evangelho observa
que ele se levanta, toma consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe
ordenou (cf. Mt 1,24;
2,14.21). Com efeito, Jesus e Maria, sua mãe, são o tesouro mais precioso da
nossa fé [21].
No
plano da salvação, o Filho não pode ser separado da Mãe, d’Aquela que «avançou
pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz» [22].
Sempre
nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e
Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso
cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma
condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido,
protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria, que
encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A
sustentará, a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o
Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na
história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade
de Maria [23]. José, continuando a proteger a
Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós,
amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe.
Este
Menino é Aquele que dirá: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos
mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40). Assim, todo o
necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o
Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como
protetor dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. E
pela mesma razão a Igreja não pode deixar de amar em primeiro lugar os últimos,
porque Jesus conferiu-lhes a preferência ao identificar-Se pessoalmente com
eles. De José, devemos aprender o mesmo cuidado e responsabilidade: amar o
Menino e sua mãe; amar os Sacramentos e a caridade; amar a Igreja e os pobres.
Cada uma destas realidades é sempre o Menino e sua mãe.
6. Pai trabalhador
Um
aspecto que caracteriza São José - e tem sido evidenciado desde os dias da
primeira Encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII - é a
sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou
honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o
valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio
trabalho.
Neste
nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente
questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em
países onde se experimentou durante várias décadas certo bem-estar, é
necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica
e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.
O
trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para
apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e
qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho
torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo
para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde
falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até
mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos
falar da dignidade humana sem nos empenharmos por que todos, e cada um, tenham
a possibilidade dum digno sustento?
A
pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus,
torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso
tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode constituir para
todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho
para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O
trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o
trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado
nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos
as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde
nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma
família sem trabalho!
7. Pai na sombra
O
escritor polaco Jan Dobraczyński, no seu livro A Sombra do Pai [24], narrou a vida de São José em forma de romance.
Com a sugestiva imagem da sombra, apresenta a figura de José, que é, para
Jesus, a sombra na terra do Pai celeste: guarda-O, protege-O, segue os seus
passos sem nunca se afastar d’Ele. Lembra o que Moisés dizia a Israel: «Neste
deserto (...) vistes o Senhor, vosso Deus, conduzir-vos como um pai conduz o
seu filho, durante toda a caminhada que fizeste até chegar a este lugar» (Dt 1,31).
Assim José exerceu a paternidade durante toda a sua vida [25].
Não
se nasce pai, torna-se tal... E não se torna pai, apenas porque se colocou no
mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém
assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido exercita a
paternidade a seu respeito.
Na
sociedade atual, muitas vezes os filhos parecem ser órfãos de pai. A própria
Igreja de hoje precisa de pais. Continua atual a advertência dirigida por São
Paulo aos coríntios: «Ainda que tivésseis dez mil pedagogos em Cristo, não
teríeis muitos pais» (1Cor 4,15); e cada sacerdote ou bispo deveria
poder acrescentar como o Apóstolo: «Fui eu que vos gerei em Cristo Jesus, pelo
Evangelho» (1Cor 4,15). E aos gálatas diz: «Meus filhos, por quem
sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!» (Gl 4,19).
Ser
pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não
segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de
liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José,
ao lado do apelido de pai colocou também o de «castíssimo». Não se trata de uma
indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o
contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da
vida. Um amor só é verdadeiramente tal quando é casto. O amor que quer possuir
acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio
Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se
a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de
maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube
descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida.
A
felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na
lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas
confiança. O seu silêncio persistente não inclui lamentações, mas sempre gestos
concretos de confiança. O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto
é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio;
rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com
servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com
destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a
maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada,
requer-se este gênero de maturidade. Quando uma vocação matrimonial,
celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se
apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a
alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração.
A
paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre
espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo de
inédito que só pode ser revelado com a ajuda dum pai que respeite a sua
liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e viveu plenamente a
paternidade, apenas quando se tornou «inútil», quando vê que o filho se torna
autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se coloca na situação
de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu: fora simplesmente
confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a entender Jesus
quando afirma: «Na terra, a ninguém chameis “Pai”, porque um só é o vosso
“Pai”, aquele que está no Céu» (Mt 23,9).
Todas
as vezes que nos encontramos na condição de exercitar a paternidade, devemos
lembrar-nos que nunca é exercício de posse, mas «sinal» que remete para uma
paternidade mais alta. Em certo sentido, estamos sempre todos na condição de
José: sombra do único Pai celeste, que «faz com que o sol se levante sobre os
bons e os maus, e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5,45);
e sombra que acompanha o Filho.
* * *
«Levanta-te,
toma o menino e sua mãe» (Mt 2,13): diz o anjo da parte de Deus a São José.
O
objetivo desta Carta Apostólica é aumentar o amor por este grande Santo, para
nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas
virtudes e o seu desvelo.
Com
efeito, a missão específica dos Santos não é apenas a de conceder milagres e
graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como fizeram Abraão [26] e Moisés [27], como
faz Jesus, «único mediador» (1Tm 2,5), que junto de Deus Pai é o
nosso «advogado» (1Jo 2,1), «vivo para sempre, a fim de interceder
por [nós]» (Hb 7,25; cf. Rm 8,34).
Os
Santos ajudam todos os fiéis «a tender à santidade e perfeição do próprio estado» [28]. A sua vida é uma prova concreta de que é
possível viver o Evangelho.
À
semelhança de Jesus que disse: «Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de
coração» (Mt 11,29), também os Santos são exemplos de vida que
havemos de imitar. A isto nos exorta explicitamente São Paulo: «Rogo-vos, pois,
que sejais meus imitadores» (1Cor 4,16) [29]. O
mesmo nos diz São José através do seu silêncio eloquente.
Estimulado
com o exemplo de tantos Santos e Santas diante dos olhos, Santo Agostinho
interrogava-se: «Então não poderás fazer o que estes e estas fizeram?» E,
assim, chegou à conversão definitiva exclamando: «Tarde Vos amei, ó Beleza tão
antiga e tão nova, tarde Vos amei!» [30].
Só
nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a nossa conversão.
Dirijamos-lhe
a nossa oração:
Salve,
guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria!
A
vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco,
Cristo tornou-Se homem.
Ó
Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da
vida.
Alcançai-nos
graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém.
Roma,
em São João de Latrão, na Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada
Virgem Maria, 08 de dezembro do ano de 2020, oitavo do meu pontificado.
Francisco
Notas:
[1] Lc
4,22; Jo 6,42; cf. Mt 13,55; Mc 6,3.
[2] Sacra
Congr. dos Ritos, Quemadmodum Deus (08 de dezembro de
1870): ASS 6 (1870-71), 194.
[3] cf. Discurso às Associações
Cristãs dos Trabalhadores Italianos (ACLI) por ocasião da Solenidade de São
José Operário (01 de maio de 1955): AAS 47 (1955),
406.
[4] cf. Exort. Ap. Redemptoris
custos (15 de agosto de 1989): AAS 82 (1990), 5-34.
[6] Francisco, Meditação
em tempo de pandemia (27 de março de 2020): L’Osservatore
Romano (29/III/2020), 10.
[8] Homilia (19
de março de 1966): Insegnamenti di Paolo VI, IV (1966), 110.
[9] cf. Livro da Vida, 6, 6-8.
[10]
Todos os dias, há mais de quarenta anos, depois das Laudes, recito uma oração a
São José tirada de um livro francês de devoções, do século XIX, da Congregação
das Religiosas de Jesus e Maria, que expressa devoção, confiança e certo
desafio a São José: «Glorioso Patriarca São José, cujo poder consegue tornar
possíveis as coisas impossíveis, vinde em minha ajuda nestes momentos de
angústia e dificuldade. Tomai sob a vossa proteção as situações tão graves e
difíceis que Vos confio, para que obtenham uma solução feliz. Meu amado Pai,
toda a minha confiança está colocada em Vós. Que não se diga que eu Vos
invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que
a vossa bondade é tão grande como o vosso poder. Amém».
[11] cf. Dt 4,31; Sl 69,17;
78,38; 86,5; 111,4; 116,5; Jr 31,20.
[12] cf. Francisco, Exort. Ap. Evangelii
gaudium (24 de novembro de 2013), 88; 288: AAS 105
(2013) 1057; 1136-1137.
[13] cf. Gn 20,3; 28,12;
31,11.24; 40,8; 41,1-32; Nm 12,6; 1Sm 3,3-10; Dn 2;
4; Jó 33,15.
[14] Também
nestes casos, estava prevista a lapidação (cf. Dt 22,20-21).
[15] cf. Lv 12,1-8; Ex 13,2.
[16] cf. Mt 26,39; Mc
14,36; Lc 22,42.
[17] São
João Paulo II, Exort. Ap. Redemptoris custos (15 de agosto de
1989), 8: AAS 82 (1990), 14.
[18] Francisco, Homilia
na Santa Missa com Beatificações (Villavicencio - Colômbia, 08 de
setembro de 2017): AAS 109 (2017), 1061.
[19] «... etiam
illud quod malum dicitur», in: Enchiridion
de fide, spe et caritate, 3.11: PL 40, 236.
[20] cf. Dt 10,19; Ex 22,20-22; Lc 10,29-37.
[21] cf. Sacra Congr. dos Ritos, Quemadmodum
Deus (08 de dezembro de 1870): ASS 6 (1870-71), 193;
Beato Pio IX, Carta Ap. Inclytum Patriarcham (07 de julho de
1871): ASS 6 (1870-71), 324-327.
[22] Conc.
Ecum. Vat. II, Const. Dogm. Lumen gentium, 58.
[23] cf. Catecismo da Igreja Católica,
963-970.
[24] Edição
original: Cień Ojca (Varsóvia, 1977).
[25] cf. São João Paulo II, Exort. Ap. Redemptoris
custos (15 de agosto de 1989), 7-8: AAS 82 (1990),
12-16.
[26] cf. Gn 18,23-32.
[27] cf. Ex 17,8-13; 32,30-35.
[28] Conc.
Ecum. Vat. II, Const. Dogm. Lumen gentium, 42.
[29] cf. 1Cor 11,1; Fl 3,17; 1Ts 1,6.
Fonte: Santa Sé
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