sábado, 14 de agosto de 2021

Sugestão de leitura: Liturgia e vida espiritual

Há exatamente um ano, em nossa sugestão de leitura do mês de agosto de 2020, apresentamos a obra Introdução à Teologia Litúrgica, do Padre Juan Javier Flores, segundo volume da coleção “Liturgia Fundamental” da Editora Paulinas.

Em janeiro já havíamos apresentado o primeiro volume, A Liturgia da Igreja: Teologia, história, espiritualidade e pastoral, de Dom Julián López Martín.

Aqui gostaríamos de dar continuidade a esta proposta com o terceiro volume: “Liturgia e vida espiritual: Teologia, celebração, experiência”, do Padre Jesús Castellano Cervera, publicado originalmente em espanhol em 2006 pela editora do Centro de Pastoral Litúrgica de Barcelona e traduzido para o Brasil pela Editora Paulinas em 2008.

Capa da edição brasileira

A obra está dividida em três partes e quatorze capítulos, ao final dos quais é oferecida uma breve bibliografia.

I parte: A Liturgia, fonte, ápice e escola de espiritualidade

Esta primeira parte possui quatro capítulos de caráter introdutório e uma conclusão:

1. Para uma visão unitária (pp. 17-28)
Partindo do pressuposto de que “a Liturgia é a escola da vida espiritual da Igreja”, o autor apresenta algumas premissas metodológicas, fundamentadas em três pontos referenciais: histórico, teológico e pastoral-espiritual.

2. Liturgia e vida espiritual: Noções e relações (pp. 29-59)
Aqui o Padre Castellano apresenta um dado fundamental: a espiritualidade litúrgica não é uma “nova espiritualidade”, mas sim o modo ordinário com o qual a Igreja se relaciona com Deus. Por isso, se esclarecem os termos “espiritualidade” e “Liturgia” para então estabelecer a relação entre eles, a partir das contribuições do Concílio Vaticano II.

3. O culto espiritual cristão: A vida como Liturgia (pp. 61-86)
Neste capítulo se fundamenta a dimensão litúrgica ou cultual de toda a vida dos cristãos a partir do Novo Testamento e dos testemunhos da Igreja primitiva, particularmente dos Padres da Igreja, concluindo com alguns textos do Concílio Vaticano II.

4. Celebração litúrgica e experiência espiritual (pp. 87-111)
Aqui o autor apresenta algumas “condições” para viver a celebração litúrgica como uma experiência espiritual, recordando o caminho da “mistagogia”.

Conclusão (pp. 113-124)
Como conclusão da primeira parte se apresentam algumas definições de espiritualidade litúrgica e se elencam suas “notas”: trinitária, eclesial, bíblica e mistérica, cíclica, antropológica e social, missionária e escatológica e mariana.

II parte: Grandes temas de uma teologia espiritual litúrgica

A segunda parte, composta por seis capítulos, explora os grandes temas da teologia litúrgica, já indicados nas “notas” da espiritualidade litúrgica: trinitária (cap. 5-6), eclesial (cap. 7-8), bíblica (cap. 9) e antropológica (cap. 10).

5. Presença e ação de Cristo em seu Mistério Pascal (pp. 129-187)
À luz da redescoberta da centralidade do Mistério Pascal pelo Concílio Vaticano II, Jesús Castellano reflete sobre a “presença” de Cristo na Liturgia: na Palavra, na oração da Igreja, nos sacramentos, na Eucaristia... Uma parte do capítulo é dedicada ainda à presença do Pai na Liturgia.

6. Culto e santificação no Espírito Santo (pp. 189-219)
Diretamente relacionada à dimensão cristológica está a dimensão pneumatológica da Liturgia. Neste capítulo se recolhem sobretudo as contribuições do Catecismo da Igreja Católica (1992) sobre a multiforme ação do Espírito Santo na Liturgia.

7. Assembleia litúrgica, comunidade sacerdotal (pp. 221-261)
Da dimensão trinitária, abordada nos capítulos precedentes, passa-se à dimensão eclesial. O conceito de assembleia celebrante, de comunidade sacerdotal e ministerial é visto a partir de suas raízes bíblicas e patrísticas e à luz do Concílio Vaticano II.

8. A presença da Virgem Maria: Comunhão e exemplaridade (pp. 263-282)
Também na escola do Concílio, a dimensão mariana é vista em sua intrínseca relação com as dimensões cristológica e, sobretudo, eclesial: Maria é exemplo para a Igreja orante.

Capa da edição espanhola

9. Palavra de Deus e oração da Igreja: O diálogo da salvação (pp. 283-313)
Como já indica o título, este capítulo aborda a dinâmica dialogal da celebração litúrgica: proclamação da Palavra de Deus e oração da assembleia como resposta à Palavra.

10. Antropologia e simbolismo: Uma espiritualidade encarnada (pp. 315-339)
Por fim, o último capítulo da segunda parte versa sobre a dimensão antropológica da Liturgia, destacando o “complexo” mundo dos símbolos litúrgicos.

III parte: Grandes temas de espiritualidade em chave litúrgica

A terceira e última parte, com quatro capítulos e uma conclusão, reflete sobre alguns temas da teologia espiritual em sua relação com a Liturgia:

11. Liturgia, oração pessoal, contemplação (pp. 345-367)
A terceira parte começa com o diálogo entre Liturgia e oração pessoal, as quais são convidadas a iluminarem-se mutuamente: a Liturgia como fonte da oração pessoal e a oração que conduza a uma Liturgia contemplativa.

12. O caminho espiritual cristão: Ascética e mística (pp. 369-388)
Aqui o autor demonstra como os tradicionais passos da ascética e da mística cristãs estão diretamente relacionados com a Liturgia, como se verifica especialmente nos ritos da Iniciação Cristã: iluminação, purificação e união sacramental.

13. Liturgia e piedade popular à luz do novo Diretório (pp. 389-413)
Como indica o título, o importante diálogo entre Liturgia e piedade popular é estabelecido a partir do Diretório sobre piedade popular e Liturgia, promulgado pela Congregação do Culto Divino em 2002.

14. Liturgia e compromisso social (pp. 415-439)
Por fim, o último capítulo estabelece o diálogo entre Liturgia e testemunho cristão, buscando na Escritura, na Tradição e no Magistério a relação entre celebração e justiça, caridade e compromisso. Destaca-se que não se pode celebrar a Eucaristia sem fraternidade, pois essa é essencialmente Comunhão.

Conclusão: Por uma Liturgia viva (pp. 441-447)
A conclusão da terceira parte, e por extensão de toda a obra, é de caráter “prático”: não basta saber que a Liturgia é “fonte e ápice” da espiritualidade cristã, é preciso vivê-la, como indicou o Concílio Vaticano II, celebrando-a de maneira ativa, consciente, piedosa, frutuosa, plena.

Compõe ainda a obra uma bibliografia geral (pp. 448-455), complementando aquela indicada ao final de cada capítulo.


Sobre o autor
Jesús Castellano Cervera nasceu em 30 de julho de 1941 em Villar del Arzobispo (Espanha). Após professar os votos como carmelita descalço em 04 de agosto de 1957, foi ordenado sacerdote em 10 de outubro de 1962. Após obter o Doutorado em Teologia, tornou-se professor do Pontifício Instituto Teresianum de Roma. Um dos grandes especialistas em espiritualidade, foi consultor de diversos Dicastérios da Cúria Romana. Faleceu no dia 15 de junho de 2006 em Roma.

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