No dia 28 de fevereiro de 2025 foi divulgada a mensagem do Papa Francisco aos participantes da segunda edição do Curso “Viver plenamente a ação litúrgica”, promovido pelo Pontifício Instituto Litúrgico (Pontifício Ateneu Santo Anselmo).
O curso, cuja primeira edição foi realizada em 2023, é voltado aos responsáveis pelas celebrações litúrgicas episcopais, particularmente aos “mestres das celebrações litúrgicas”.
Papa Francisco
Mensagem por ocasião do curso para os responsáveis pelas celebrações litúrgicas episcopais do Pontifício Ateneu Santo Anselmo
24-28 de fevereiro de 2025
Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Saúdo o Abade Primaz e o Diretor do Pontifício Instituto
Litúrgico [1], com os professores e os alunos que participaram desta segunda
edição do curso para os responsáveis pelas celebrações litúrgicas episcopais. Alegra-me
constatar que aceitastes novamente o convite formulado na Carta Apostólica Desiderio desideravi, continuando a estudar a Liturgia, não só na perspectiva
teológica, mas também no âmbito da práxis celebrativa.
Esta dimensão toca a vida do Povo de Deus e revela-lhe sua
verdadeira natureza espiritual (cf. Constituição Dogmática Lumen
gentium, n. 9). Por isso o responsável pelas celebrações litúrgicas não é
apenas um professor de teologia; não é um rubricista, que aplica as normas; não
é um sacristão, que prepara o que é necessário para a celebração. Ele é um
mestre colocado a serviço da oração da comunidade. Enquanto ensina humildemente
a arte litúrgica, deve guiar todos os que celebram, marcando o ritmo ritual e acompanhando
os fiéis no acontecimento sacramental.
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Abside da igreja de Santo Anselmo no Aventino (Sede do Pontifício Instituto Litúrgico) |
Como mistagogo, prepara cada celebração com sabedoria para o
bem da assembleia; traduz em práxis celebrativa os princípios teológicos
expressos nos livros litúrgicos; acompanha e apoia o Bispo na sua função de
promotor e guardião da vida litúrgica (Cerimonial dos Bispos, n. 9).
Assim assistido, o pastor pode conduzir suavemente toda a comunidade diocesana
na oferta de si ao Pai, à imitação de Cristo Senhor.
Caros irmãos e irmãs, cada Diocese olha para o Bispo e para
a Catedral como modelos celebrativos a imitar. Exorto-vos, portanto, a propor e
favorecer um estilo litúrgico que expresse o seguimento de Jesus, evitando
pompas ou protagonismos inúteis. Convido-vos a exercer o vosso ministério na
discrição, sem vangloriar-se dos resultados do vosso serviço. E vos encorajo a
transmitir estas atitudes aos ministros, leitores e cantores, segundo as
palavras do Salmo 113B (115) citadas no Prólogo da Regra Beneditina:
«Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome seja a glória» (nn. 29-30).
Em todas as vossas tarefas não esqueçais que o cuidado da Liturgia
é antes de tudo cuidado da oração, isto é, do encontro com o Senhor. Proclamando
Santa Teresa de Ávila como Doutora da Igreja, São Paulo VI definiu sua
experiência mística como um amor que se torna luz e sabedoria: sabedoria das
coisas divinas e das coisas humanas (cf. Homilia, 27 de setembro
de 1970). Que esta grande mestra da vida espiritual vos sirva de exemplo: com efeito,
preparar e guiar as celebrações litúrgicas significa conjugar a sabedoria
divina e a sabedoria humana. A primeira se adquire rezando, meditando,
contemplando; a segunda provém do estudo, do empenho em aprofundar, da
capacidade de escutar.
Para cumprir essas tarefas, aconselho-vos a manter o olhar
fixo no povo, do qual o Bispo é pastor e pai: isto vos ajudará a compreender as
necessidades dos fiéis, assim como as formas e os meios para favorecer a sua
participação na ação litúrgica.
Uma vez que o culto é obra de toda a assembleia, o encontro
entre doutrina e pastoral não é uma técnica opcional, mas um aspecto
constitutivo da Liturgia, que deve sempre ser encarnada, inculturada, expressando
a fé da Igreja. Em consequência, as alegrias e os sofrimentos, os sonhos e as
preocupações do povo de Deus possuem um valor hermenêutico que não podemos
ignorar (cf. Videomensagem ao Congresso Internacional de Teologia na Pontifícia
Universidade Católica Argentina, Buenos Aires, 01-03 de setembro de 2015).
Gosto de recordar, a respeito, o que escreveu o primeiro Diretor do Pontifício
Instituto Litúrgico, o Abade beneditino Salvatore Marsili, em 1964: com
clarividência ele convidava a tomar consciência da mensagem do Concílio
Vaticano II, à luz da qual não é possível uma verdadeira pastoral sem Liturgia,
porque a Liturgia é o cume para o qual tende toda a ação da Igreja (cf.
Salvatore Marsili, Riforma Liturgica dall'alto, Rivista Liturgica 51 [1964],
77-78).
Convidando-vos a fazer destas palavras a perspectiva
fundamental do vosso ministério, desejo que cada um de vós tenha sempre no
coração o povo de Deus, que acompanhais no culto com sabedoria e amor. E não
esqueçais de rezar por mim.
Da Policlínica “Gemelli”, 26 de fevereiro de 2025.
Francisco
Nota
[1] O Papa saúda aqui o Abade Primaz da Ordem de São Bento, Dom Jeremias
Schröder, O.S.B., e o Prof. Stefan Geiger, O.S.B., Diretor do Pontifício
Instituto Litúrgico.
Tradução nossa a partir do original italiano divulgado no site da Santa Sé.
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