terça-feira, 26 de agosto de 2025

Ângelus: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Papa Leão XIV
Ângelus
Praça de São Pedro
Domingo, 24 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
No centro do Evangelho de hoje (Lc 13,22-30) encontramos a imagem da “porta estreita”, usada por Jesus para responder a alguém que lhe pergunta se são poucos os que se salvam. Jesus diz: «Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão» (v. 24).

À primeira vista, esta imagem suscita em nós algumas questões: se Deus é o Pai do amor e da misericórdia, que permanece sempre de braços abertos para nos acolher, por que Jesus diz que a porta da salvação é estreita?

O Senhor certamente não quer nos desanimar. As suas palavras servem, antes de tudo, para abalar a presunção daqueles que pensam que já estão salvos, daqueles que praticam a religião e, por isso, se sentem tranquilos. Na realidade, eles não compreenderam que não basta realizar atos religiosos se estes não transformam o coração: o Senhor não quer um culto separado da vida e não lhe são agradáveis sacrifícios e orações que não nos levam a viver o amor aos irmãos e a praticar a justiça. Por isso, quando se apresentarem diante do Senhor vangloriando-se de terem comido e bebido com Ele e de terem escutado os seus ensinamentos, ouvirão a seguinte resposta: «Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!» (v. 27).

Irmãos e irmãs, é bonita a provocação que nos chega do Evangelho de hoje: ao mesmo tempo em que nós, às vezes, julgamos quem está longe da fé, Jesus põe em crise “a segurança dos crentes”. Com efeito, diz-nos que não basta professar a fé com palavras, comer e beber com Ele celebrando a Eucaristia ou conhecer bem os ensinamentos cristãos. A nossa fé é autêntica quando envolve toda a nossa vida, quando se torna um critério para as nossas escolhas, quando nos torna homens e mulheres que se comprometem com o bem e apostam no amor, tal como fez Jesus; Ele não escolheu o caminho fácil do sucesso ou do poder, mas, para nos salvar, amou-nos até atravessar a “porta estreita” da Cruz. Ele é a medida da nossa fé, Ele é a porta que devemos atravessar para sermos salvos (cf. Jo 10,9), vivendo o seu amor e tornando-nos, com a própria vida, agentes de justiça e paz.

Às vezes, isso significa fazer escolhas difíceis e impopulares, lutar contra o próprio egoísmo e gastar-se pelos outros, perseverar no bem onde parece prevalecer a lógica do mal, e assim por diante. Mas, ao ultrapassar este limiar, descobriremos que a vida se abre diante de nós de uma maneira nova e, desde já, entraremos no espaçoso coração de Deus e na alegria da festa eterna que Ele preparou para nós.

Invoquemos a Virgem Maria, para que nos ajude a atravessar com coragem a “porta estreita” do Evangelho, de modo que possamos abrir-nos com alegria à largura do amor de Deus Pai.

Porta Santa da Basílica de São Pedro

Fonte: Santa Sé.

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