quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Papa Leão XIV
Ângelus
Praça de São Pedro
Domingo, 10 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
No Evangelho de hoje (Lc 12,32-48) Jesus nos convida a refletir sobre como investir o tesouro da nossa vida. Ele diz: «Vendei vossos bens e dai esmola» (v. 33).

Exorta-nos, portanto, a não guardar para nós os dons que Deus nos deu, mas a empregá-los com generosidade para o bem dos outros, especialmente daqueles que mais precisam da nossa ajuda. Não se trata apenas de partilhar as coisas materiais de que dispomos, mas de colocar à disposição as nossas capacidades, o nosso tempo, o nosso afeto, a nossa presença, a nossa empatia. Enfim, tudo aquilo que faz de cada um de nós, nos desígnios de Deus, um bem único, sem preço, um capital vivo, pulsante, que precisa ser cultivado e apoiado para poder crescer; caso contrário, torna-se árido e se desvaloriza. Ou acaba se perdendo, à mercê de quem, como um ladrão, se apropria dele para simplesmente transformá-lo em um objeto de consumo.

O dom de Deus que somos não foi feito para se esgotar assim. Precisa de espaço, de liberdade, de relacionamento, para se realizar e se expressar: precisa do amor que transforma e enobrece todos os aspectos da nossa existência, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Deus. Não é por acaso que Jesus pronuncia estas palavras enquanto caminha para Jerusalém, onde na cruz se oferecerá por nossa salvação.

As obras de misericórdia são o banco mais seguro e rentável onde podemos depositar o tesouro da nossa existência, pois nelas, como nos ensina o Evangelho, com «duas moedas» até uma pobre viúva se torna a pessoa mais rica do mundo (cf. Mc 12,41-44).

Santo Agostinho, a este respeito, diz: «Se desses uma libra de bronze e recebesses uma de prata, ou se desses uma de prata e recebesses uma de ouro, te considerarias feliz. O que dás se transforma realmente; se converterá para ti não em ouro ou prata, mas em vida eterna» (Sermão 390, 2). E explica porquê: «O que destes será transformado, porque tu serás transformado» (ibid).

E para entender o que isso significa, podemos pensar em uma mãe que abraça os seus filhos: não é a pessoa mais bonita e mais rica do mundo? Ou em dois namorados, quando estão juntos: não se sentem um rei e uma rainha? E poderíamos dar muitos outros exemplos.

Por isso, na família, na paróquia, na escola e nos locais de trabalho, onde quer que estejamos, procuremos não perder nenhuma ocasião para amar. Esta é a vigilância que Jesus nos pede: habituarmo-nos a estar atentos, prontos, sensíveis uns para com os outros, do modo como Ele está conosco em cada momento.

Irmãs e irmãos, confiemos a Maria este desejo e este compromisso: que ela, a Estrela da Manhã, nos ajude a ser, em um mundo marcado por tantas divisões, «sentinelas» da misericórdia e da paz, como nos ensinou São João Paulo II (cf. Vigília de Oração na XV Jornada Mundial da Juventude, 19 de agosto de 2000) e como nos mostraram de forma tão bela os jovens que vieram a Roma para o Jubileu.

Obras de misericórdia (David Teniers, o Jovem)

Fonte: Santa Sé.

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