quinta-feira, 24 de julho de 2025

Ângelus: XVI Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Papa Leão XIV
Ângelus
Praça da Liberdade, Castel Gandolfo
Domingo, 20 de julho de 2025

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje a Liturgia chama a nossa atenção para a hospitalidade de Abraão e da sua esposa Sara e, em seguida, das irmãs Marta e Maria, amigas de Jesus (cf. Gn 18,1-10a; Lc 10,38-42). Sempre que aceitamos o convite para a Ceia do Senhor e participamos na mesa eucarística, é o próprio Deus que «nos serve» (cf. Lc 12,37). Mas o nosso Deus soube, em primeiro lugar, ser hóspede e, também hoje, está à nossa porta e bate (cf. Ap 3,20). É sugestivo que, na língua italiana, hóspede [ospite] seja tanto aquele que hospeda como aquele que é hospedado. Assim, neste domingo de verão, podemos contemplar este jogo de acolhida recíproca, sem a qual a nossa vida empobrece.

É preciso humildade tanto para hospedar como para ser hospedado. É necessário delicadeza, atenção, abertura. No Evangelho, Marta arrisca-se a não entrar plenamente na alegria dessa troca. Está tão preocupada com o precisa fazer para acolher Jesus que se arrisca a estragar um momento inesquecível de encontro. Marta é uma pessoa generosa, mas Deus a chama para algo mais bonito do que a própria generosidade: Ele a chama a sair de si mesma.

Caríssimos irmãos e irmãs, só isto faz florescer a nossa vida: abrirmo-nos a algo que nos tira de nós mesmos e ao mesmo tempo nos preenche. No momento em que Marta se queixa porque a irmã a deixou sozinha servindo (v. 40), Maria, conquistada pela palavra de Jesus, como que perdeu a noção do tempo. Não é menos concreta do que a sua irmã, nem menos generosa. Mas aproveitou a oportunidade. Por isso Jesus repreende Marta: porque ela ficou fora de uma intimidade que lhe daria também muita alegria (vv. 41-42).

O tempo de verão pode nos ajudar a “abrandar” e a nos tornarmos mais parecidos com Maria do que com Marta. Às vezes não damos a nós mesmos a melhor parte. Precisamos repousar um pouco, com o desejo de aprender mais sobre a arte da hospitalidade. A “indústria” das férias quer nos vender todo tipo de experiências, mas talvez não o que procuramos. Com efeito, todo encontro verdadeiro é gratuito e não se compra: seja o encontro com Deus, seja o encontro com os outros, seja o encontro com a natureza. É preciso simplesmente fazer-se hóspede: dar espaço e também pedi-lo; acolher e deixar-se acolher. Temos muito para receber e não apenas para dar. Embora idosos, Abraão e Sara descobriram-se fecundos quando acolheram tranquilamente o próprio Senhor em três viajantes. Também para nós há ainda muita vida a acolher.

Oremos a Maria Santíssima, a Mãe da acolhida, que hospedou o Senhor no seu seio e, juntamente com José, lhe deu uma casa. Nela brilha a nossa vocação, a vocação da Igreja a permanecer uma casa aberta a todos, para continuar a acolher o seu Senhor, que pede licença para entrar.

Jesus na casa de Marta e Maria
(Walter Rane)

Fonte: Santa Sé.

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