São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Profeta Isaías
Somos
chamados cristãos ou povo de Deus
Desde o Oriente atrairei a tua estirpe,
desde o Ocidente te reunirei. Deus promete para a sinagoga ou para a Igreja
formada de pagãos e judeus reunir a todos desde o Oriente ao Ocidente, ou seja,
de todos os climas e lugares geográficos.
Quando fala de
filhos e filhas que correm desde os quatro pontos cardeais, alude ao tempo da
vinda de Cristo, tempo em que se deu a todos os habitantes da terra a graça da
adoção através da santificação no Espírito. Ao dizer: A todos os que levam meu nome, dá a entender que a vocação não é
exclusiva de uma nação, mas comum: a mesma para todos. Pois nós somos chamados
cristãos ou povo de Deus. Também Pedro, na carta dirigida aos chamados pela fé,
expressa-se desta maneira: Vós sois uma
raça escolhida, um sacerdócio real, uma nação consagrada, um povo adquirido por
Deus para proclamar as proezas daquele que vos chamou das trevas para entrar em
sua luz admirável. Antes éreis não-povo, agora sois povo de Deus.
Fomos
verdadeiramente renovados em Cristo pela santificação, recuperando o esplendor
originário da natureza, a saber: a imagem d’Aquele que nos criou por Ele e
n’Ele, renunciando ao pecado e a inveterada corrupção, somos ensinados a
reiniciar uma vida nova; despojemo-nos do homem velho corrompido pelas seduções
do erro, e nos revestimos do homem novo, renovado à imagem d’Aquele que nos
criou. Ademais, este renascimento ou, como costuma dizer-se, esta nova
criatura, efetuou-se em Cristo; portanto, a recebemos não de uma estirpe
corrupta, mas em virtude da palavra do Deus que vive e permanece.
Portanto, além
deste povo reunido dos quatro pontos cardeais e chamado por meu nome, não criei,
plasmei ou efetivei nenhum outro para a minha glória. E o Filho pode muito bem
ser chamado glória de Deus Pai, porque por Ele e n’Ele é glorificado, segundo
aquilo: Eu te glorifiquei sobre a terra,
ideia que Cristo desenvolve amplamente. Que nós que n’Ele cremos fomos
plasmados por Ele, o sabemos com maior certeza ao sentir-nos conformados a Ele
e ao apalpar – resplandecente em nossas almas – a beleza da natureza divina.
Algo semelhante
disse também o salmista: Permaneça isto
escrito para a geração futura, e o povo que será criado louvará o Senhor. E
quando pouco depois acrescenta: Trazei ao
povo cego, revela maravilhosamente a excelência inexpressável e admirável
de seu poder. Já em outro tempo irradiou como estrela matutina sobre aqueles
cujas mentes e corações estavam envoltos na treva da diabólica perversidade e
no erro, e surgindo para eles qual sol de justiça, os tornou filhos já não da
noite e das trevas, mas da luz e do dia, segundo a sapientíssima expressão de
Paulo.
Fonte:
Lecionário Patrístico Dominical, pp. 122-123. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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