quinta-feira, 30 de junho de 2022

Fotos da Solenidade de São Pedro e São Paulo no Vaticano

No dia 29 de junho de 2022 o Papa Francisco presidiu a Santa Missa da Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo na Basílica Vaticana, durante a qual abençoou os pálios destinados aos Arcebispos Metropolitanos nomeados durante o último ano.

O Santo Padre, assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Krzysztof Marcjanowicz, presidiu a Missa sem celebrar, conforme indicado no Cerimonial dos Bispos (nn. 175-185): revestido de pluvial, o Papa presidiu os ritos iniciais e a Liturgia da Palavra e concedeu a bênção no final da Missa.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi presidida pelo Cardeal Giovanni Battista Re, Decano do Colégio Cardinalício, assistido pelo Monsenhor Ján Dubina.

O livreto da celebração pode ser visto aqui, incluindo a lista dos 44 Arcebispos que receberam o pálio, a maioria dos quais estava presente na celebração.

A celebração contou também com a presença de uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, presidida pelo Metropolita Job de Telmessos.


Bênção dos pálios

Liturgia da Palavra
Delegação do Patriarcado de Constantinopla

Homilia do Papa: Solenidade de São Pedro e São Paulo 2022

Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Santa Missa e Bênção dos pálios para os novos Arcebispos Metropolitanos
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Quarta-feira, 29 de junho de 2022

Revive hoje, na Liturgia da Igreja, o testemunho dos dois grandes Apóstolos Pedro e Paulo. O primeiro, que o rei Herodes colocara na prisão, ouve o anjo do Senhor dizer-lhe: «Levanta-te depressa» (At 12,7); o segundo, resumindo toda a sua vida e apostolado, diz: «Combati o bom combate» (2Tm 4,7). Tendo diante dos olhos estes dois aspectos - levantar-se depressa e combater o bom combate -, perguntemo-nos que podem eles sugerir à comunidade cristã de hoje, empenhada no processo sinodal em curso.


Antes de tudo, os Atos dos Apóstolos falam-nos da noite em que Pedro foi libertado das correntes da prisão; um anjo do Senhor tocou-lhe o lado enquanto dormia, despertou-o e disse: «Levanta-te depressa!» (At 12,7). Desperta-o e pede-lhe para se levantar. Esta cena evoca a Páscoa, porque aqui encontramos dois verbos usados nas narrações da ressurreição: despertar e levantar-se. Significa que o anjo despertou Pedro do sono da morte e o impeliu a levantar-se, isto é, a ressurgir, a sair para a luz, a deixar-se conduzir pelo Senhor para superar o limiar de todas as portas fechadas (cf. v. 10). É uma imagem significativa para a Igreja. Também nós, como discípulos do Senhor e como comunidade cristã, somos chamados a erguer-nos depressa para entrar no dinamismo da Ressurreição e deixar-nos conduzir pelo Senhor ao longo dos caminhos que Ele nos quiser indicar.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Introdução 9

O diálogo inter-religioso e o diálogo com aqueles que não creem são os temas das Catequeses nn. 17-18 do Papa São João Paulo II dentro da seção introdutória de suas reflexões sobre o Creio.

Para acessar a postagem que serve de introdução geral a essas Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
INTRODUÇÃO GERAL

17. Fé cristã e religiões não-cristãs
João Paulo II - 05 de junho de 1985

1. A fé cristã se encontra no mundo com várias religiões que se inspiram em outros mestres e em outras tradições, fora da vertente da Revelação. Elas constituem um fato que é preciso ter em conta. Como diz o Concílio, os homens esperam das várias religiões “a resposta aos profundos enigmas da condição humana que, tanto hoje como ontem, afligem intimamente os corações dos homens: o que é o homem; qual o sentido e o fim de nossa vida; o que é bem e o que é pecado; qual a origem e a finalidade da dor; qual o caminho para alcançar a verdadeira felicidade; o que é a morte, o julgamento e a retribuição após a morte; enfim, o que é aquele supremo e inefável mistério que envolve a nossa existência, de onde nos originamos e para o qual tendemos” (Nostra aetate, n. 1).
Deste fato parte o Concílio na Declaração Nostra aetate sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs. É muito significativo que o Concílio tenha se pronunciado sobre este tema. Se crer de modo cristão quer dizer responder à autorrevelação de Deus, cuja plenitude está em Jesus Cristo, esta fé porém não pode evitar, especialmente no mundo contemporâneo, uma relação consciente com as religiões não cristãs, enquanto em cada uma delas se exprime de algum modo “o que é comum aos homens e os leva a viver juntos seu comum destino” (ibid.). A Igreja não foge desta relação, antes, deseja-a e busca-a.

Encontro inter-religioso pela paz em Assis (1986)

Sobre o “pano de fundo” de uma ampla comunhão nos valores positivos de espiritualidade e de moralidade, se delineia antes de tudo a relação da “fé” com a “religião” em geral, que é um componente particular da existência terrena do homem. O homem busca na religião a resposta para as perguntas enumeradas acima e de diversos modos estabelece sua relação com o “mistério que envolve a nossa existência”. Ora, as diversas religiões não cristãs são, antes de tudo, a expressão desta busca por parte do homem, enquanto a fé cristã tem sua base na Revelação por parte de Deus. E nisto consiste - apesar de algumas afinidades com outras religiões - a sua essencial diferença em relação a elas.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

História do culto aos Santos Protomártires da Igreja de Roma

“Esses são os que vieram da grande tribulação: lavaram e alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14).

A Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (29 de junho) é seguida pela Memória dos Santos Protomártires da Igreja Romana, no dia 30 de junho, cuja história gostaríamos de traçar nesta postagem.

"O triunfo da fé" (Eugène Romain Thirion)

1. Quem são os Protomártires da Igreja de Roma?

A palavra mártir (μάρτυς) significa “testemunha” em grego. Na tradição cristã, este termo é aplicado àqueles que testemunharam a sua fé usque ad effusionem sanguinis (até a efusão do sangue), preferindo morrer a renegar a Cristo durante as perseguições.

O prefixo πρότος, por sua vez, significa “primeiro”. O “Protomártir” por excelência é o próprio Cristo, a “Testemunha fiel, o Primogênito dos mortos” (Ap 1,5), que ofereceu o sacrifício da sua vida para a nossa salvação.

Dentre os discípulos de Cristo, por sua vez, o “protomártir” é o diácono Santo Estêvão (At 6–7), cuja festa celebramos no dia 26 de dezembro [1].

Os Protomártires da Igreja de Roma são os primeiros cristãos que foram martirizados nessa cidade, entre os anos 64 e 68, durante a perseguição do Imperador Nero (†68), após o grande incêndio que teve início na noite de 18 de julho de 64 e se prolongou por dias, destruindo boa parte da urbe.

Uma vez que o Imperador aproveitou a destruição de alguns edifícios para construir um grande palácio para si, a Domus Aurea (Casa dourada), a população romana logo o acusou de ter provocado o incêndio. Segundo o testemunho do historiador romano Tácito (†117-120), a fim de se livrar de tais acusações, Nero utilizou os cristãos como “bode expiatório”, jogando sobre eles a culpa do incêndio.

Grande Incêndio de Roma (Hubert Robert)

Por que os cristãos?

O próprio Tácito define o Cristianismo como “superstição perniciosa”, indicando que os cristãos eram “detestados pelos cidadãos romanos por suas abominações”.

Papa Francisco publica uma Carta Apostólica sobre a Liturgia

No dia 29 de junho de 2022, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa Francisco promulgou a Carta Apostólica Desiderio desideravi (Desejei ardentemente) sobre a formação litúrgica do povo de Deus.

Como indica um comunicado do Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, trata-se de um documento que recolhe os frutos da Assembleia Plenária do Dicastério que teve lugar de 12 a 15 de fevereiro de 2019, dedicada justamente ao tema da formação litúrgica.

Com a publicação da Carta Apostólica, o Papa Francisco faz suas as proposições da Assembleia, oferecendo a todo o povo de Deus - Bispos, presbíteros, diáconos, religiosos e leigos - uma verdadeira meditação sobre a beleza da celebração litúrgica.


Além de retomar as fontes bíblicas e patrísticas, o Papa recorda as contribuições dos teólogos do Movimento Litúrgico (sobretudo Romano Guardini) e do Concílio Vaticano II, através da Constituição Sacrosanctum Concilium, um dos quatro grandes documentos conciliares que o mesmo Francisco nos exorta a “revisitar” em preparação ao Jubileu de 2025.

O título da Carta retoma a expressão proferida por Jesus antes da Última Ceia, quando instituiu o sacramento da Eucaristia: “Desiderio desideravi hoc Pascha manducare vobiscum...” - “Desejei ardentemente comer essa Páscoa convosco” (Lc 22,15).

Os 65 parágrafos estão subdivididos em 9 temas, emoldurados por uma breve introdução (n. 1) e uma conclusão (nn. 61-65):
1. A Liturgia, hoje da história da salvação (nn. 2-9)
2. A Liturgia, lugar do encontro com Cristo (nn. 10-13)
3. A Igreja, sacramento do Corpo de Cristo (nn. 14-15)
4. O sentido teológico da Liturgia (n. 16)
5. A Liturgia, antídoto ao veneno da mundanidade espiritual (nn. 17-20)
6. Redescobrir cada dia a beleza da verdade da celebração cristã (nn. 21-23)
7. A admiração diante do Mistério Pascal, parte essencial da ação litúrgica (nn. 24-26)
8. A necessidade de uma séria e vital formação litúrgica (nn. 27-47)
9. Ars celebrandi (nn. 48-60)

Por ora a Carta está disponível no site da Santa Sé em cinco idiomas: italiano, espanhol, francês, alemão e inglês. Esperamos que logo seja publicada sua tradução em português, para que possamos colher mais amplamente os seus frutos.

Na conclusão do documento, com efeito, o Santo Padre nos exorta a abandonar as polêmicas no campo da Liturgia “para ouvirmos juntos o que o Espírito diz à Igreja: conservemos a comunhão, continuemos a nos maravilhar com a beleza da Liturgia!”.


Com informações do site da Santa Sé.

Missa pelas famílias em Cracóvia

Há seis meses a Arquidiocese de Cracóvia (Polônia) promove a peregrinação de um ícone da Sagrada Família por suas paróquias. O ícone foi abençoado pelo Arcebispo, Dom Marek Jędraszewski, na Missa da Noite de Natal de 2021 e iniciou sua peregrinação no dia seguinte, 26 de dezembro, Festa da Sagrada Família.

A peregrinação concluiu no último domingo, 26 de junho de 2022, em sintonia com o encerramento do X Encontro Mundial das Famílias em Roma:

Já no sábado, 25 de junho, o ícone foi acolhido no Santuário de São João Paulo II, etapa final da peregrinação, com a Missa presidida pelo Arcebispo Emérito, Cardeal Stanisław Dziwisz.

No domingo, por sua vez, Dom Marek celebrou a Santa Missa pelas famílias no mesmo Santuário.

25 de junho: Missa presidida pelo Cardeal Dziwisz

Acolhida do ícone no Santuário de São João Paulo II

Incensação do altar

Evangelho

terça-feira, 28 de junho de 2022

Apresentado o logo do Jubileu 2025

Na tarde da terça-feira, 28 de junho de 2022, teve lugar no Palácio Apostólico Vaticano uma conferência para a apresentação do logotipo oficial do Jubileu de 2025.

Na tradição bíblica, o jubileu, um ano especial de ação de graças, era celebrado a cada 50 anos. No final da Idade Média, porém, a Igreja reduziu a frequência dos Jubileus Ordinários para 25 anos, de modo a favorecer a participação dos fiéis. Para saber mais sobre a história dos Jubileus, clique aqui.

Além disso, o Papa pode convocar um Jubileu Extraordinário, fora da contagem dos 25 anos. Foi o caso do Ano da Misericórdia celebrado pelo Papa Francisco entre 2015 e 2016. O último Jubileu Ordinário, por sua vez, foi o Grande Jubileu do ano 2000, celebrado por São João Paulo II.


O primeiro passo rumo ao Jubileu 2025 foi a Carta enviada pelo Papa Francisco no dia 11 de fevereiro de 2022 a Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, confiando-lhe a preparação do Jubileu e determinando que este terá como lema “Peregrinos de esperança” (em latim, “Peregrinantes in spem”).

Foi o mesmo Dom Rino Fisichella a apresentar o logotipo oficial do Jubileu no dia 28 de junho. Logo após a publicação da Carta do Papa Francisco em fevereiro, foi aberto um concurso internacional para a escolha do logo, ao qual foram enviadas 249 propostas de 48 países distintos.

O desenho escolhido foi o do italiano Giacomo Travisani: o logo apresenta quatro figuras estilizadas, representando a humanidade dos “quatro cantos da terra”, que se abraçam umas às outras, expressão de caridade fraterna.

Ângelus do Papa: XIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 26 de junho de 2022

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho da Liturgia deste domingo (Lc 9,51-62) fala-nos de um ponto de viragem. Diz: «Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo, Ele resolveu dirigir-se a Jerusalém» (v. 51). Assim começa a “grande viagem” para a cidade santa, que requer uma decisão especial, porque é a última. Os discípulos, cheios de entusiasmo ainda demasiado mundano, sonham que o Mestre está a caminho do triunfo; Jesus, por outro lado, sabe que a rejeição e a morte o esperam em Jerusalém (cfLc 9,22.43b-45); sabe que terá de sofrer muito; e isto requer uma decisão firme. Assim, Jesus vai com passo firme em direção a Jerusalém. É a mesma decisão que devemos tomar se quisermos ser discípulos de Jesus. Em que consiste esta decisão? Porque devemos ser verdadeiros discípulos de Jesus, com decisão real, e não, como costumava dizer uma senhora idosa que eu conhecia, cristãos como “água de rosas”. Não! Cristãos determinados. E somos ajudados a compreender isto pelo episódio que o evangelista Lucas relata imediatamente a seguir.
Enquanto estavam a caminho, uma aldeia de samaritanos, tendo ouvido dizer que Jesus se dirigia para Jerusalém - que era a cidade adversária - não o recebeu. Os Apóstolos Tiago e João, indignados, sugerem a Jesus que castigue aquelas pessoas, fazendo descer um fogo do céu. Jesus não só não aceita a proposta, como repreende os dois irmãos. Eles querem envolvê-lo no seu desejo de vingança e Ele não concorda com isso (cf. vv. 52-55). O “fogo” que Ele veio trazer à terra é outro (cfLc 12,49), é o Amor misericordioso do Pai. E para fazer crescer este fogo é preciso paciência, é preciso constância, é necessário um espírito penitencial.
Tiago e João, ao contrário, deixaram-se vencer pela ira. E isto também nos acontece, quando, embora façamos o bem, talvez com sacrifício, em vez de acolhimento encontramos uma porta fechada. Então surge a raiva: tentamos até envolver o próprio Deus, ameaçando castigos celestiais. Jesus, diversamente, percorre outro caminho, não o caminho da raiva, mas o da decisão firme de ir em frente, o que, longe de se traduzir em dureza, implica calma, paciência, longanimidade, sem, no entanto, diminuir minimamente o compromisso de fazer o bem. Esta forma de ser não denota fraqueza, mas, pelo contrário, uma grande força interior. Deixar-se vencer pela raiva na adversidade é fácil, é instintivo. É difícil dominar-se a si mesmo, fazendo como Jesus que - diz o Evangelho - se pôs «a caminho rumo a outra aldeia» (v. 56). Isto significa que quando encontramos fechamentos, devemos dedicar-nos a fazer o bem noutro lugar, sem recriminações. Assim Jesus ajuda-nos a sermos pessoas serenas, contentes com o bem praticado e que não procuram a aprovação humana.
Agora perguntemo-nos: nós, em que ponto estamos? Em que ponto estamos? Perante a contrariedade, diante de incompreensões, dirigimo-nos ao Senhor, pedimos-lhe a sua firmeza para fazer o bem? Ou procuramos confirmação nos aplausos, acabando por ser amargos e ressentidos quando não os recebemos? Com que frequência, mais ou menos conscientemente, procuramos aplausos, a aprovação dos outros? Será que o fazemos pelos aplausos? Não, não pode ser. Temos de fazer o bem pelo serviço e não procurar aplausos. Por vezes pensamos que o nosso fervor se deve a um senso de justiça por uma boa causa, mas na realidade na maioria das vezes é apenas orgulho, juntamente com debilidade, suscetibilidade e impaciência. Peçamos então a Jesus a força para ser como Ele, para segui-Lo com firme determinação neste caminho de serviço. Para não sermos vingativos nem intolerantes quando surgem dificuldades, quando nos dedicamos ao bem e os outros não compreendem, aliás, quando nos desqualificam. Não, silêncio e ir em frente.
Que a Virgem Maria nos ajude a fazer nossa a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até ao fim.

Jesus e os Apóstolos a caminho (Andrei Mironov)

Fonte: Santa Sé.

Natividade de São João Batista na Terra Santa

Ainda que com certo “atraso”, a Custódia Franciscana da Terra Santa divulgou algumas imagens das celebrações da Solenidade da Natividade de São João Batista na localidade de Ain Karen:

Na tarde do dia 23 de junho de 2022, o Vice-Custódio da Terra Santa, Padre Dobromir Jasztal, celebrou as I Vésperas da Solenidade no Santuário de São João Batista no Deserto.

No dia 24 de junho, por sua vez, o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu a Santa Missa em uma das capelas do Santuário de São João Batista na Montanha.

Para saber mais sobre essas duas igrejas, clique aqui.

23 de junho: I Vésperas no Santuário de São João Batista no Deserto

Vésperas (oração da tarde)

Homilia
Momento de oração junto à Gruta de São João Batista

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Fotos da Missa do X Encontro Mundial das Famílias

No fim da tarde do sábado, 25 de junho de 2022, o Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, presidiu a Santa Missa do XIII Domingo do Tempo Comum (Ano C) na Praça de São Pedro por ocasião da conclusão do X Encontro Mundial das Famílias.

O Papa Francisco, assistido por Monsenhor Diego Giovanni Ravelli, participou da celebração proferindo sua homilia.

O Cardeal Farrell, por sua vez, foi assistido pelo Monsenhor Marco Agostini. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada
Incensação do ícone da Salus Populi Romani

Ritos iniciais
Liturgia da Palavra

Homilia do Papa: Missa no X Encontro Mundial das Famílias

X Encontro Mundial das Famílias
Santa Missa
Homilia do Papa Francisco
Praça de São Pedro
Sábado, 25 de junho de 2022

[Observação: Foi celebrada a Missa do XIII Domingo do Tempo Comum - Ano C]

No âmbito do X Encontro Mundial das Famílias, este é o momento da ação de graças. Hoje trazemos, com gratidão, à presença de Deus - como num grande ofertório - tudo o que o Espírito Santo semeou em vós, queridas famílias. Algumas de vós participaram nos momentos de reflexão e partilha aqui no Vaticano; outras animaram e viveram os mesmos momentos nas respetivas Dioceses, formando uma espécie de imensa constelação. Imagino a riqueza de experiências, propósitos, sonhos, como não faltaram também as preocupações e as incertezas. Agora apresentamos tudo ao Senhor e pedimos-Lhe que vos sustente com a sua força e o seu amor. Sois pais, mães, filhos, avós, tios; sois adultos, crianças, jovens, idosos; cada qual com uma experiência diversa de família, mas todos com a mesma esperança feita oração: que Deus abençoe e guarde as vossas famílias e todas as famílias do mundo.

Na 2ª Leitura (Gl 5,1.13-18), São Paulo falou-nos de liberdade. A liberdade é um dos bens mais apreciados e procurados pelo homem moderno e contemporâneo. Todos desejam ser livres, não sofrer condicionamentos, nem ver-se limitados; por isso aspiram a libertar-se de qualquer tipo de «prisão»: cultural, social, económica. E, no entanto, quantas pessoas carecem da liberdade maior: a liberdade interior! A maior liberdade é a liberdade interior. O Apóstolo lembra-nos, a nós cristãos, que esta é primariamente um dom, quando exclama: «Foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (v. 1). A liberdade foi-nos dada. Nascemos, todos, com muitos condicionamentos, interiores e exteriores, e sobretudo com a tendência para o egoísmo, isto é, para nos colocarmos a nós mesmos no centro e privilegiar os nossos próprios interesses. Mas, desta escravidão, libertou-nos Cristo. Para evitar equívocos, São Paulo adverte-nos que a liberdade dada por Deus não é a liberdade falsa e vazia do mundo que, na realidade, é «uma ocasião para os [nossos] apetites carnais» (v. 13). Essa, não! A liberdade, que Cristo nos conquistou com o preço do seu Sangue, está inteiramente orientada para o amor, a fim de que - como dizia, e nos diz hoje a nós, o Apóstolo -, «pelo amor, [nos façamos] servos uns dos outros» (v. 13).
Todos vós, esposos, ao formar a vossa família, com a graça de Cristo fizestes esta corajosa opção: não usar a liberdade para proveito próprio, mas para amar as pessoas que Deus colocou junto de vós. Em vez de viver como «ilhas», vos fizestes «servos uns dos outros». Assim se vive a liberdade em família! Não há «planetas» ou «satélites», movendo-se cada qual pela sua própria órbita. A família é o lugar do encontro, da partilha, da saída de si mesmo para acolher o outro e estar junto dele. É o primeiro lugar onde se aprende a amar. Nunca o esqueçais: a família é o primeiro lugar onde se aprende a amar.
Irmãos e irmãs, ao mesmo tempo em que reafirmamos com grande convicção tudo isto, bem sabemos que na realidade dos fatos não é sempre assim, por muitos motivos e pelas mais variadas situações. Por isso, justamente enquanto afirmamos a beleza da família, sentimos mais do que nunca que devemos defendê-la. Não deixemos que seja poluída pelos venenos do egoísmo, do individualismo, da cultura da indiferença e da cultura do descarte, perdendo assim o seu DNA que é o acolhimento e o espírito de serviço. A característica própria da família: o acolhimento, o espírito de serviço dentro da família.

A relação entre os profetas Elias e Eliseu, apresentada na 1ª Leitura (1Rs 19,16b.19-21), faz-nos pensar na relação entre as gerações, na «passagem do testemunho» entre pais e filhos. No mundo atual, esta relação não é simples, revelando-se muitas vezes motivo de preocupação. Os pais temem que os filhos não consigam orientar-se no meio da complexidade e confusão das nossas sociedades, onde tudo parece caótico, precário, acabando por extraviar-se da sua estrada. Este medo torna alguns pais ansiosos; outros, superprotetores. E por vezes acaba até por bloquear o desejo de trazer novas vidas ao mundo.
Faz-nos bem refletir sobre a relação entre Elias e Eliseu. Elias, num momento de crise e medo face ao futuro, recebe de Deus a ordem de ungir Eliseu como seu sucessor. Deus faz compreender a Elias que o mundo não termina com ele, e manda-lhe transmitir a outro a sua missão. Tal é o significado deste gesto descrito no texto: Elias lança o seu manto sobre os ombros de Eliseu e, a partir daquele momento, o discípulo tomará o lugar do mestre para continuar o seu ministério profético em Israel. Deus mostra, assim, que tem confiança no jovem Eliseu. O velho Elias passa a Eliseu a função, a vocação profética. Tem confiança num jovem, tem confiança no futuro. Naquele gesto, está contida toda uma esperança, e é com esperança que passa o testemunho.
Como é importante, para os pais, contemplar o modo de agir de Deus! Deus ama os jovens, mas isto não significa que os preserve de todo o risco, desafio e sofrimento. Deus não é ansioso, nem superprotetor. Pensai bem nisto: Deus não é ansioso, nem superprotetor; pelo contrário, tem confiança neles e chama cada um à medida alta da vida e da missão. Pensemos no pequeno Samuel, no adolescente Davi, no jovem Jeremias; pensemos sobretudo naquela donzela de dezesseis ou dezessete anos que concebeu Jesus: a Virgem Maria. Confia-Se a uma jovem. Queridos pais, a Palavra de Deus mostra-nos o caminho: não é preservar os filhos do mínimo incômodo e sofrimento, mas procurar transmitir-lhes a paixão pela vida, acender neles o desejo de encontrar a sua vocação e abraçar a missão grande que Deus pensou para eles. É precisamente esta descoberta que torna Eliseu corajoso, determinado, que o torna adulto. O afastamento dos pais e a morte dos bois são o sinal concreto de que Eliseu compreendeu que agora «é a vez dele», que é hora de acolher a vocação de Deus e levar por diante aquilo que viu o seu mestre fazer. E o fará com coragem até ao fim da sua vida. Queridos pais, se ajudardes os filhos a descobrirem e acolherem a sua vocação, vereis que serão «fascinados» por esta missão e terão força para enfrentar e superar as dificuldades da vida.

Quero ainda acrescentar que a melhor maneira de um educador ajudar a outrem a seguir a sua vocação é abraçar com um amor fiel a própria. Foi o que os discípulos viram Jesus fazer; e o Evangelho de hoje (Lc 9,51-62) mostra-nos um momento emblemático disso mesmo, quando Jesus «Se dirigiu resolutamente para Jerusalém» (v. 51), sabendo bem que lá seria condenado e morto. E, no caminho para Jerusalém, Ele vê-Se repelido pelos habitantes da Samaria; uma rejeição, que suscita a reação indignada de Tiago e João, mas que Jesus aceita, pois faz parte da sua vocação: a princípio, fora rejeitado em Nazaré - pensemos naquele dia na sinagoga de Nazaré (cf. Mt 13,53-58) -, agora, na Samaria e, no fim, será rejeitado em Jerusalém. Jesus aceita tudo isto, porque veio para tomar sobre Si os nossos pecados. De igual modo, não há nada mais animador para os filhos do que ver os seus pais viverem o casamento e a família como uma missão, com fidelidade e paciência, apesar das dificuldades, horas tristes e provações. E, o que sucedeu com Jesus na Samaria, acontece em toda a vocação cristã, incluindo a vocação familiar. Todos o sabemos: há momentos em que é preciso assumir as resistências, os fechamentos, as incompreensões que provêm do coração humano e, com a graça de Cristo, transformá-los em acolhimento do outro, em amor gratuito.
E no caminho para Jerusalém, imediatamente depois deste episódio que, de certo modo, nos descreve a «vocação de Jesus», o Evangelho apresenta-nos outros três chamados, três vocações de igual número de aspirantes a discípulos de Jesus. O primeiro é convidado a não procurar, no seguimento do Mestre, uma morada estável, uma acomodação segura. Com efeito Ele «não tem onde reclinar a cabeça» (Lc 9,58). Seguir Jesus significa pôr-se em movimento e estar sempre em movimento, sempre «em viagem» com Ele através das vicissitudes da vida. Como tudo isto é verdade para vós, casados! Também vós, ao acolher a vocação para o matrimônio e a família, deixastes o vosso «ninho» e começastes uma viagem, da qual não podíeis conhecer de antemão todas as etapas, e que vos mantém em constante movimento, com situações sempre novas, fatos inesperados, surpresas (algumas dolorosas). Assim é o caminho com o Senhor: dinâmico, imprevisível mas sempre uma maravilhosa descoberta! Lembremo-nos de que o repouso de cada discípulo de Jesus encontra-se justamente em fazer cada dia a vontade de Deus, seja ela qual for.
O segundo discípulo é convidado a não voltar atrás porque queria, «primeiro, sepultar o pai» (vv. 59-60). Não se trata de faltar ao quarto mandamento, que permanece sempre válido e é um mandamento que nos santifica imenso; mas é um convite a obedecer, antes de tudo, ao primeiro mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas. O mesmo se verifica com o terceiro discípulo, chamado a seguir Cristo resolutamente e de todo o coração, sem «olhar para trás», nem mesmo para se despedir dos seus familiares (vv. 61-62).
Queridas famílias, também vós sois convidadas a não ter outras prioridades, a «não olhar para trás», isto é, a não vos lamentardes repassando a vida de outrora, a liberdade de antes com as suas ilusões enganadoras: a vida fossiliza-se quando não acolhe a novidade do chamamento de Deus, chorando pela falta do passado. E este caminho de lamentar a falta do passado e não acolher as novidades que Deus nos manda, sempre nos fossiliza; faz-nos duros, faz-nos desumanos. Quando Jesus chama, nomeadamente ao matrimônio e à família, pede para olharmos em frente, e sempre nos precede no caminho, sempre nos precede no amor e no serviço. Quem O segue, não fica decepcionado!

Queridos irmãos e irmãs, providencialmente todas as Leituras da Liturgia de hoje nos falam de vocação, que é precisamente o tema deste X Encontro Mundial das Famílias: «O amor familiar: vocação e caminho de santidade». Com a força desta Palavra de vida, animo-vos a retomar resolutamente o caminho do amor familiar, partilhando com todos os membros da família a alegria desta vocação. E não é uma estrada fácil, não é um caminho fácil: haverá momentos escuros, momentos de dificuldade nos quais pensaremos que tudo acabou. O amor que viveis entre vós seja sempre aberto, comunicativo, capaz de «tocar com a mão» os mais frágeis e os feridos que encontrardes pelo caminho: frágeis no corpo e frágeis na alma. De fato é quando se dá que o amor, incluindo o amor familiar, se purifica e fortalece.
A aposta no amor familiar é corajosa: é preciso coragem para casar. Vemos muitos jovens que não têm a coragem de se casar, e muitas vezes acontece uma mãe vir dizer-me: «Faça qualquer coisa, converse com o meu filho, que não se casa; tem 37 anos!» - «Mas, senhora, deixe de lhe passar a ferro as camisas, comece a senhora a mandá-lo sair um pouco, que saia do ninho». Porque o amor familiar impele os filhos a voarem, ensina-os a voar e impele-os a voar. Não é possessivo: sempre dá liberdade. E depois, nos momentos difíceis, nas crises - crises, todas as famílias as têm -, por favor, não sigais o caminho mais fácil: «Volto para casa da mãe». Não. Andai avante com esta aposta corajosa. Haverá momentos difíceis, haverá momentos duros, mas avante, sempre. O teu marido, a tua esposa tem aquela centelha de amor que vós sentistes ao princípio: deixai-a sair de dentro, redescobri o amor. E isto ajudar-vos-á imenso nos momentos de crise.
A Igreja está convosco; antes, a Igreja está em vós! Com efeito, a Igreja nasceu de uma família, a família de Nazaré, e é composta principalmente por famílias. Que o Senhor vos ajude cada dia a permanecer na unidade, na paz, na alegria e também numa fiel perseverança que nos faz viver melhor e mostra a todos que Deus é amor e comunhão de vida.


Fonte: Santa Sé.

domingo, 26 de junho de 2022

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus em Manila

Como vimos anteriormente aqui em nosso blog, neste ano de 2022 a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus caiu no dia 24 de junho, de modo que a Solenidade da Natividade de São João Batista foi antecipada para o dia 23.

No dia 24 de junho, portanto, o Arcebispo de Manila (Filipinas), Cardeal Jose Fuerte Advincula, presidiu a Santa Missa da Solenidade no Santuário do Sagrado Coração de Jesus na cidade de Makati, na região metropolitana de Manila.

Neste mesmo dia o Cardeal Advincula completa um ano de sua posse como Arcebispo da capital filipina. Ad multos annos!

National Shrine of the Sacred Heart of Jesus (Makati City)


Procissão de entrada

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus em Cracóvia

A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada na sexta-feira da 3ª semana após o Pentecostes, foi marcada neste ano de 2022 na Arquidiocese de Cracóvia (Polônia) pela Santa Missa presidida pelo Arcebispo, Dom Marek Jędraszewski, na Basílica do Sagrado Coração de Jesus (Bazylika Najświętszego Serca Pana Jezusa), seguida de uma procissão eucarística a redor da igreja.

Nesta mesma igreja, no ano passado, os Bispos poloneses renovaram a consagração da nação ao Sagrado Coração de Jesus.

Procissão de entrada


Incensação do altar
Ritos iniciais

sábado, 25 de junho de 2022

Natividade de São João Batista em Manila

Neste ano de 2022 a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada na sexta-feira da 3ª semana após o Pentecostes, coincidiu com a Solenidade da Natividade de São João Batista, no dia 24 de junho. Assim, a celebração do Precursor foi antecipada para a véspera, dia 23.

O Arcebispo de Manila (Filipinas), Cardeal Jose Fuerte Advincula, presidiu duas Missas em honra de São João Batista no dia 23 de junho:

- na Basílica do Nazareno Negro no distrito de Quiapo, em Manila:

Imagem de São João Batista venerada na Basílica
Ritos iniciais
Leituras
Evangelho

Homilia: Memória do Imaculado Coração de Maria

São Lourenço Justiniano, Bispo
Sermão 8 na Festa da Purificação da Virgem Maria
Maria conservava tudo em seu coração

Maria refletia consigo mesma em tudo quanto tinha conhecido, através do que lia, escutava e via; assim, progredia de modo admirável na fé, na sabedoria e em méritos, e sua alma se inflamava cada vez mais com o fogo da caridade! O conhecimento sempre mais profundo dos mistérios celestes a enchia de alegria, fazia-lhe sentir a fecundidade do Espírito, a atraía para Deus e a confirmava na sua humildade. Tais são os efeitos da graça divina: eleva do mais humilde ao mais excelso e vai transformando a alma de claridade em claridade.
Feliz o coração da Virgem que, pela luz do Espírito que nela habitava, sempre e em tudo obedecia à vontade do Verbo de Deus. Não se deixava guiar pelo seu próprio sentimento ou inclinação, mas realizava, na sua atitude exterior, as insinuações internas da sabedoria inspiradas na fé. De fato, convinha que a Sabedoria de Deus, ao edificar a Igreja para ser o templo de sua morada, apresentasse Maria Santíssima como modelo de cumprimento da lei, de purificação da alma, de verdadeira humildade e de sacrifício espiritual.
Imita-a tu, ó alma fiel! Se queres purificar-te espiritualmente e conseguir tirar as manchas do pecado, entra no templo do teu coração. Aí Deus olha mais para a intenção do que para a exterioridade de tudo quanto fazemos. Por isso, quer elevemos nosso espírito à contemplação, a fim de repousarmos em Deus, quer nos exercitemos na prática das virtudes para sermos úteis ao próximo com as nossas boas obras, façamos uma ou outra coisa de maneira que só a caridade de Cristo nos impulsione. É este o sacrifício perfeito da purificação espiritual, que não se oferece em templo feito por mão humana, mas no templo do coração onde Cristo Senhor entra com alegria.

São Lourenço Justiniano (Lorenzo Giustiniani), Bispo

Responsório

Virgem santa e imaculada, eu não sei com que louvores poderei engrandecer-vos.
R: Pois Aquele a quem os céus não puderam abranger repousou em vosso seio.

Sois bendita entre as mulheres e bendito é o fruto que nasceu de vosso ventre.
R: Pois Aquele a quem os céus não puderam abranger repousou em vosso seio.

Oremos
Ó Deus, que preparastes morada digna do Espírito Santo no Imaculado Coração de Maria, concedei que por sua intercessão nos tornemos um templo da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: Liturgia das Horas, vol. III, pp. 1330-1331.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Homilia: Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

São Boaventura, Bispo
Opúsculo 3: Lignum vitae
Em vós está a fonte da vida

Considera, ó homem redimido, quem é Aquele que por tua causa está pregado na cruz, qual a sua dignidade e grandeza. A sua morte dá a vida aos mortos; por sua morte choram o céu e a terra, e fendem-se até as pedras mais duras. Para que, do lado de Cristo morto na cruz, se formasse a Igreja e se cumprisse a Escritura que diz: Olharão para aquele que transpassaram (Jo 19,37), a divina Providência permitiu que um dos soldados lhe abrisse com a lança o sagrado lado, de onde jorraram sangue e água. Este é o preço da nossa salvação. Saído daquela fonte divina, isto é, no íntimo do seu Coração, iria dar aos sacramentos da Igreja o poder de conferir a vida da graça, tornando-se para os que já vivem em Cristo bebida da fonte viva que jorra para a vida eterna (Jo 4,14).
Levanta-te, pois, tu que amas a Cristo, sê como a pomba que faz o seu ninho na borda do rochedo (Jr 48,28), e aí, como o pássaro que encontrou sua morada (cf. Sl 83,4), não cesses de estar vigilante; aí esconde como a andorinha os filhos nascidos do casto amor; aí aproxima teus lábios para beber a água das fontes do Salvador (cf. Is 12,3). Pois esta é a fonte que brota no meio do paraíso e, dividida em quatro rios (cf. Gn 2,10), se derrama nos corações dos fiéis para irrigar e fecundar a terra inteira.
Acorre com vivo desejo a esta fonte de vida e de luz, quem quer que sejas, ó alma consagrada a Deus, e exclama com todas as forças do teu coração: “Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da luz eterna, vida que vivifica toda vida, luz que ilumina toda luz e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da vossa divindade.  
Ó eterno e inacessível, brilhante e suave manancial daquela fonte oculta aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limite, amplidão sem medida, pureza sem mancha!”.
De ti procede o rio que vem trazer alegria à cidade de Deus (Sl 45,5), para que entre vozes de júbilo e contentamento (cf. Sl 41,5) possamos cantar hinos de louvor ao vosso nome, sabendo por experiência que em vós está a fonte da vida, e em vossa luz contemplamos a luz (Sl 35,10).

São Boaventura, Bispo e Doutor da Igreja

Responsório (Sl 102,2.4; 33,9a)

Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores!
R. Da sepultura Ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.

Provai e vede quão suave é o Senhor!
R. Da sepultura Ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão.

Oremos
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que, alegrando-nos pela Solenidade do Coração do vosso Filho, meditemos as maravilhas de seu amor e possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: Liturgia das Horas, vol. III, pp. 571-572.
aa

Postagens sobre as celebrações dos Santos

“Ó Senhor, os vossos Santos com louvores vos bendigam” (cf. Sl 144,10).

Com esta publicação completamos a série de “índices” das principais postagens do nosso blog sobre cada um dos tempos do Ano Litúrgico:

Concluindo essa série de índices, propomos aqui os links para as principais postagens do blog sobre as celebrações dos Santos (além da Comemoração dos Fiéis Defuntos).

Para que esta postagem não fique muito longa, as celebrações dos Santos Apóstolos serão elencadas em um índice à parte.

1. Solenidade de Todos os Santos - 01 de novembro


Hinos da Solenidade de Todos os Santos (2021):


Todos os Santos (Giovanni Battista Ricci)

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Introdução 8

Continuando a reflexão sobre a Revelação, confira a seguir as Catequeses do Papa São João Paulo II sobre o Antigo e o Novo Testamentos.

Para acessar a postagem introdutória às Catequeses sobre o Creio, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
INTRODUÇÃO GERAL

15. O Antigo Testamento
João Paulo II - 08 de maio de 1985

1. Como é sabido, a Sagrada Escritura é composta por duas grandes coleções de livros: o Antigo e o Novo Testamento. O Antigo Testamento, redigido inteiramente antes da vinda de Cristo, é uma coleção de 46 livros de caráter diverso. Os enumeraremos aqui, agrupando-os de modo a distinguir, ao menos genericamente, a índole de cada um de eles.

2. O primeiro grupo que encontramos é o chamado “Pentateuco”, formado por: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Quase como um prolongamento do Pentateuco se encontra o Livro de Josué e, em seguida, o dos Juízes. O conciso Livro de Rute constitui, de certo modo, a introdução ao grupo seguinte, de caráter histórico, composto pelos dois Livros de Samuel e pelos dois Livros dos Reis. Entre esses livros devem incluir-se também os dois das Crônicas, o Livro de Esdras e o de Neemias, que se referem ao período da história de Israel posterior ao cativeiro de Babilônia.
Livro de Tobias, o de Judite e o de Ester, ainda que refiram à história da nação eleita, possuem caráter de narração alegórica e moral mais do que de historia verdadeira e própria. Ao contrário, os dois Livros dos Macabeus possuem caráter histórico (de crônica).


3. Os chamados “livros didáticos” constituem um grupo próprio, no qual se incluem obras de caráter diverso. Pertencem a esse grupo: o Livro de Jó, os Salmos e o Cântico dos Cânticos, e igualmente algumas obras de caráter sapiencial-educativo: o Livro dos Provérbios, o do Qohelet (isto é, o Eclesiastes), o Livro da Sabedoria e a Sabedoria do Sirácida (isto é, o Eclesiástico).

4. Por fim, o último grupo do Antigo Testamento é constituído pelos “livros proféticos”. Distinguem-se os chamados quatro profetas “maiores”: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Ao Livro de Jeremias se acrescentam as Lamentações e o Livro de Baruc. Depois vêm os chamados profetas “menores”: Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Leitura litúrgica do Livro dos Números (2)

“Invocarão o meu nome e Eu os abençoarei” (Nm 6,27).

Na postagem anterior da nossa série sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura iniciamos um estudo sobre a presença do Livro dos Números (Nm) nas celebrações do Rito Romano.

Após uma breve introdução, analisamos sua leitura na Celebração Eucarística sob o critério da composição harmônica, isto é, da sintonia com o tempo ou a festa litúrgica [1].

Aqui concluiremos essa análise com os demais sacramentos e com os sacramentais, contemplando em seguida o outro critério de seleção dos textos bíblicos na Liturgia: a leitura semicontínua.

As "uvas de Canaã" (Nm 13)

2. Leitura litúrgica do Livro dos Números: Composição harmônica

b) Sacramentos e sacramentais

Além da Eucaristia, o único Sacramento no qual são propostas leituras de Números é o sacramento da Ordem. Dentre as várias opções de leitura à escolha (ad libitum) para as Missas das ordenações há duas perícopes do nosso livro:

- para a ordenação de diáconos sugere-se Nm 3,5-9 [2], a instituição dos levitas como auxiliares dos sacerdotes “no serviço da morada de Deus”, uma prefiguração do ministério dos diáconos, recordada inclusive na respectiva Prece de Ordenação:

“Para edificação do novo templo, constituístes três ordens de ministros para servirem ao vosso Nome, como outrora escolhestes os filhos de Levi para o serviço do antigo santuário” [3].

- para a ordenação de presbíteros, por sua vez, propõe-se a leitura de Nm 11,11b-12.14-17.24-25a [4], sobre a comunicação do “espírito que Moisés possuía” a setenta anciãos, episódio que prefigura o ministério dos presbíteros, como igualmente citado na respectiva Prece de Ordenação:

“Já no Antigo Testamento, em sinais prefigurativos, surgiram vários ofícios por Vós instituídos (...) Assim, no deserto, comunicastes a setenta homens prudentes o espírito dado a Moisés que, com o auxílio deles, pôde mais facilmente governar o vosso povo” [5].

Passando aos sacramentais, identificamos leituras ad libitum (à escolha) do Livro dos Números em cinco formulários de bênçãos: