sábado, 28 de novembro de 2015

Homilia: I Domingo do Advento - Ano C

 Santo Ambrósio
Comentário sobre o Salmo 118
“Cristo é o caminho para os que buscam a Deus”

O que é santo e teme ao Senhor não bisca outra coisa a não ser a salvação de Deus, que é Cristo Jesus. Ama-lhe, deseja-lhe, e tende para ele com todas as suas forças. Alimenta sua memória, a ele se abre, com ele transborda, e somente teme uma coisa: perder-lhe. Por isso, quanto maior é o desejo da alma sedenta de unir-se ao seu Salvador, tanto mais lhe consome a espera. E este zelo, é verdade, produz uma diminuição da fragilidade, mas realiza, ao mesmo tempo, uma elevação da virtude. Pela qual o justo, depois de ter dito: Minha alma está sedenta de ti, acrescenta: Minha alma está unida a ti, e tua destra me sustenta.
Quem tem sede, deseja sempre estar junto da fonte, e lhe parece não ter outro anseio e aspiração que o da água, cujo simples contato lhe sacia. Quando tua destra sustenta a minha alma e lhe comunica um pouco de sua fortaleza, a torna o que não era, até o ponto de poder dizer: Eu vivo, porém já não sou eu, é Cristo que vive em mim. Um exemplo te demonstrará que este desfalecimento é produzido pela grande intensidade do desejo: Minha alma, diz, se consome, e deseja os átrios do Senhor. Como a alma se consome ansiando a salvação de Deus, é Jeremias que nos ensina: A palavra do Senhor era em minhas entranhas um fogo ardente, fechado em meus ossos; tentava contê-lo, e não conseguia. Inflamado por este mesmo desejo afirma Davi: Consumo-me suspirando pela tua salvação, e espero em tua palavra.
Esperou na palavra, anunciada como próxima de chegar, e que pode identificar-se com a Palavra de Deus; ou esperou na palavra aquele que deu fé à palavra celeste, e que anunciava a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, ou proclamava sua glória. Então, o profeta, refletindo no que tinha lido, e reconhecendo que, enquanto permanecia no corpo e como que ligado a esta vida pelos vínculos do desejo, estava afastado da salvação de Deus, anelava, desejava, consumia-se e se aprofundava em afetos, para ver se conseguia ser posse daquele por quem suspirava, como ele mesmo diz: Desabafo diante dele minhas preocupações. Consome-se seu espírito, ou melhor, consome-se o espírito de todo aquele que se renuncia a si mesmo para unir-se a Cristo.
De fato, Cristo é o caminho para os que buscam ao Senhor. Desejemos também nós, com ardor, aquela salvação eterna de Deus. Não amemos o dinheiro, que é o amor dos avaros. Que se eleve nossa alma, desconfiando de suas próprias forças, e aderindo-se à salvação de Deus, que é Cristo, o Senhor Jesus. Ele é a salvação, a verdade, a fortaleza e a sabedoria. Quem desconfia de si mesmo para aderir-se a esta Força, perde o que lhe é próprio para receber o que é eterno.



Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 529-530. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia da Carta a Diogneto para este domingo clicando aqui.

Feliz Ano Novo (Litúrgico)!

 “Através do ciclo anual, a Igreja comemora todo o mistério de Cristo, da Encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor”
 (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 17).

Na tarde de hoje, 28 de novembro, iniciamos o Tempo do Advento, em preparação à vinda do Senhor, e com ele um novo Ano Litúrgico.


Este Ano Litúrgico acompanhará o Ano Santo da Misericórdia, que se inicia no próximo dia 08 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição, e encerra no dia 20 de novembro de 2016, Solenidade de Cristo Rei do Universo.

Ao longo deste ano, na maioria dos domingos e festas, meditaremos o Evangelho de Lucas (Ano C). Lucas é, com efeito, chamado de “Evangelista da Misericórdia”.

São Lucas
Ao longo deste ano, publicaremos a cada domingo uma homilia de um Padre da Igreja, que nos ajudará a aprofundar a mensagem do Evangelho. Estas homilias serão retiradas do Lecionário Patrístico Dominical, publicado pela Editora Vozes.

“Ao Cristo que era, que é e que há de vir,
Senhor do tempo e da história,
louvor e glória pelos séculos dos séculos.
Amém”

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Ângelus: Solenidade de Cristo Rei - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 22 de novembro de 2015

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste último domingo do Ano Litúrgico, celebramos a Solenidade de Cristo Rei do universo. E o Evangelho de hoje leva-nos a contemplar Jesus que se apresenta a Pilatos como Rei de um reino que «não é deste mundo» (Jo 18,36). Isto não significa que Cristo é Rei de outro mundo, mas que é Rei de outro modo, e no entanto é Rei neste mundo. Trata-se de um contraste entre duas lógicas. A lógica mundana está assente sobre a ambição, sobre a competição, combate com as armas do medo, da chantagem e da manipulação das consciências. A lógica do Evangelho, ou seja a lógica de Jesus, ao contrário, exprime-se na humildade e na gratuidade, afirma-se silenciosa mas eficazmente, com a força da verdade. Às vezes, os reinos deste mundo baseiam-se em prepotências, rivalidades e opressões; o reino de Cristo é um «reino de justiça, de amor e de paz» (Prefácio).

Quando se revelou Jesus como Rei? No evento da Cruz! Quem contempla a Cruz de Cristo não pode deixar de ver a surpreendente gratuidade do amor. Um de vós pode dizer: «Mas Padre, isto foi um fracasso!». É precisamente na falência do pecado - o pecado é um fracasso - na falência das ambições humanas que há o triunfo da Cruz, a gratuitidade do amor. No fracasso da Cruz vê-se o amor, o amor que é gratuito, que Jesus nos oferece. Para o cristão, falar de poder e de força significa fazer referência ao poder da Cruz e à força do amor de Jesus: um amor que permanece firme e íntegro, inclusive diante da rejeição, e que se manifesta como o cumprimento de uma vida dedicada na oferta total de si a favor da humanidade. No Calvário, os transeuntes e os chefes zombam de Jesus crucificado, e lançam-lhe o desafio: «Salva-te a ti mesmo, desce da Cruz!» (Mc 15,30). «Salva-te a ti mesmo!». No entanto, paradoxalmente, a verdade de Jesus é aquela que, em tom de escárnio, lhe lançam os seus adversários: «Não consegue salvar-se a si mesmo!» (v. 31). Se Jesus tivesse descido da Cruz, teria cedido à tentação do príncipe deste mundo; ao contrário, Ele não pode salvar-se a si mesmo precisamente para poder salvar os outros, porque entregou a sua vida por nós, por cada um de nós. Dizer: «Jesus deu a sua vida pelo mundo» é verdade, mas é mais bonito afirmar: «Jesus deu a sua vida por mim!». E hoje, aqui na praça, cada um de nós diga no seu coração: «Ele deu a sua vida por mim!», para poder salvar cada um de nós dos nossos pecados.

E quem compreendeu isto? Quem o entendeu bem foi um dos malfeitores crucificados juntamente com Ele, chamado o «bom ladrão», que o suplica: «Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino!» (Lc 23,42). Ma ele era um malfeitor, um corrupto e fora condenado à morte precisamente por todas as brutalidades que tinha cometido durante a sua vida. No entanto, na atitude de Jesus, na mansidão de Jesus, ele viu o amor. Esta é a força do reino de Cristo: é o amor. Por isso, a realeza de Jesus não nos oprime, mas liberta-nos das nossas debilidades e misérias, encorajando-nos a percorrer os caminhos do bem, da reconciliação e do perdão. Contemplemos a Cruz de Jesus, olhemos para o bom ladrão e repitamos todos juntos aquilo que o bom ladrão disse: «Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino!». Todos juntos: «Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino!». Quando nos sentirmos frágeis, pecadores e derrotados, peçamos a Jesus que olhe para nós, dizendo-lhe: «Tu estás ali. Não te esqueças de mim!».

Diante das numerosas lacerações no mundo e das demasiadas feridas na carne dos homens, peçamos à Virgem Maria que nos ampare no nosso compromisso de imitar Jesus, nosso Rei, tornando presente o seu reino com gestos de ternura, de compreensão e de misericórdia.


Fonte: Santa Sé.

Recognitio da Porta Santa de Santa Maria Maior

No último dia 19 de novembro foi a vez da Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior passar pelo rito da Recognitio (reconhecimento), em vista do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

A cerimônia, que consiste na quebra do muro que lacra a Porta fora dos Jubileus e da retirada da urna comemorativa do último Ano Santo (para conhecer o conteúdo da urna, clique aqui), foi presidida pelo Arcipreste da Basílica, Cardeal Santos  Abril y Castelló.

Estiveram presentes também Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, e o Cabido da Basílica.

Início da cerimônia
Quebra da parede


Retirada da urna

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Nomeado Bispo de Paranaguá - PR

O Papa Francisco, nomeou na manhã de hoje Dom Edmar Peron, até então Bispo Titular de Mattiana e Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo (SP), como novo Bispo de Paranaguá (PR).

Dom Edmar Peron
Dom Edmar nasceu em 04 de março de 1965 em Maringá (PR). Estudou Filosofia no Seminário Nossa Senhora da Glória em Maringá e Teologia no Instituto Teológico Paulo VI em Londrina. Obteve também Mestrado em Teologia dos Sacramentos no Pontifício Ateneu Santo Anselmo em Roma.

Foi ordenado sacerdote em 21 de janeiro de 1990 pelo então Arcebispo de Maringá, Dom Jaime Luiz Coelho. Na Arquidiocese de Maringá trabalhou em várias paróquias, foi Diretor Espiritual e depois Reitor do Seminário de Teologia, Coordenador da Comissão Arquidiocesana de Liturgia e professor na PUC-PR em Londrina.

No dia 30 de novembro de 2009 foi nomeado pelo Papa Bento XVI como Bispo Titular de Mattiana e Auxiliar de São Paulo, recebendo a Ordenação Episcopal em 28 de fevereiro de 2010. O ordenante principal foi Dom Jaime Luiz Coelho, Arcebispo Emérito de Maringá. Os co-sagrantes foram Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá, e o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

Ordenação Episcopal de Dom Edmar Peron: Imposição das mãos de Dom Jaime Coelho
Na Arquidiocese de São Paulo, era responsável pela Região Episcopal Belém. Na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é membro da Comissão de Liturgia.

Recentemente publicamos aqui no blog as fotos de uma celebração presidida por Dom Edmar na Catedral de São Paulo. Para vê-las, clique aqui.


terça-feira, 24 de novembro de 2015

XXXIV Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 18 de Novembro de 2015
A Família (34): A acolhida

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Com esta reflexão chegamos ao limiar do Jubileu, é iminente. À nossa frente está a porta, mas não só a porta santa, a outra: a grande porta da Misericórdia de Deus - e é uma porta bonita! - que recebe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão. A porta é generosamente aberta, e devemos ter um pouco de coragem para cruzar o limiar. Cada um de nós tem dentro de si situações que pesam. Todos somos pecadores! Aproveitemos este momento que chega e cruzemos o limitar desta misericórdia de Deus, que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar! Observa-nos, está sempre ao nosso lado. Coragem! Entremos por esta porta!
Do Sínodo dos Bispos, que celebramos no passado mês de Outubro, todas as famílias e a Igreja inteira receberam um grande encorajamento a encontrar-se no limiar desta porta aberta. A Igreja foi animada a abrir as suas portas, para sair com o Senhor ao encontro dos filhos e das filhas a caminho, às vezes incertos, por vezes confusos, nestes tempos difíceis. As famílias cristãs, em particular, foram encorajadas a abrir a porta ao Senhor que espera entrar, trazendo a sua bênção e a sua amizade. E se a porta da misericórdia de Deus está sempre aberta, também as portas das nossas igrejas, das nossas comunidades, das nossas paróquias, das nossas instituições e das nossas dioceses devem estar abertas, a fim de que todos possamos sair para levar esta misericórdia de Deus. O Jubileu significa a grande porta da misericórdia de Deus, mas também as pequenas portas das nossas igrejas, abertas para permitir que o Senhor entre - ou muitas vezes que o Senhor saia - prisioneiro das nossas estruturas, do nosso egoísmo e de tantas situações.
O Senhor nunca força a porta: até Ele pede autorização para entrar. O Livro do Apocalipse diz: «Estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei na sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo» (3,20). Mas imaginemos o Senhor que bate à porta do nosso coração! E na última grande visão deste Livro do Apocalipse, assim se profetiza sobre a Cidade de Deus: «As suas portas não se fecharão de dia», o que significa para sempre, porque «já não haverá noite» (21,25). No mundo ainda há lugares onde não se fecham as portas à chave. Mas existem muitos onde as portas blindadas se tornaram normais. Não devemos render-nos à ideia de ter que aplicar este sistema à nossa vida inteira, à vida da família, da cidade, da sociedade. E muito menos à vida da Igreja. Seria terrível! Uma Igreja inóspita, assim como uma família fechada em si mesma, mortifica o Evangelho e torna o mundo árido. Não às portas blindadas na Igreja, não! Tudo aberto!
A gestão simbólica das «portas» - dos umbrais, das passagens, das fronteiras - tornou-se crucial. Sem dúvida, a porta deve preservar, mas não rejeitar. A porta não deve ser forçada, ao contrário, é preciso pedir autorização, porque a hospitalidade resplandece na liberdade do acolhimento e ofusca-se na prepotência da invasão. A porta abre-se frequentemente, para ver se fora há alguém que aguarda e talvez não tenha a coragem nem sequer a força para bater. Quantas pessoas perderam a confiança, não têm a coragem de bater à porta do nosso coração cristão, à porta das nossas igrejas... E estão ali, sem coragem, porque os privamos da confiança: por favor, que isto nunca se verifique! A porta diz muito da casa, e também da Igreja. A gestão da porta requer um discernimento atento e, ao mesmo tempo, deve inspirar grande confiança. Gostaria de dedicar uma palavra de gratidão a todos os guardiões das portas: dos nossos condomínios, das instituições cívicas, das próprias igrejas. Muitas vezes a prudência e a gentileza da portaria são capazes de conferir uma imagem de humanidade e de hospitalidade à casa inteira, já a partir da entrada. É preciso aprender destes homens e mulheres, que são guardiões dos lugares de encontro e de acolhimento da cidade do homem! Muito obrigado a todos vós, guardiões de tantas portas, quer sejam portas de habitações, quer de igrejas! Mas sempre com um sorriso, sempre mostrando a hospitalidade desta casa, dessa igreja, e assim as pessoas sentem-se felizes e bem-vindas naquele lugar.
Na verdade, sabemos que nós mesmos somos os guardiões e os servos da Porta de Deus, mas como se chama a Porta de Deus? Jesus! Ele ilumina-nos em todas as portas da vida, inclusive nas portas do nosso nascimento e da nossa morte. Ele mesmo afirmou: «Eu sou a porta: se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá, e encontrará pastagem» (Jo 10,9). Jesus é a porta que nos faz entrar e sair, porque o redil de Deus é um abrigo, não uma prisão! A casa de Deus é um abrigo, não uma prisão, e a porta chama-se Jesus! E se a porta estiver fechada digamos: «Senhor, abre a porta!». Jesus é a porta e faz-nos entrar e sair. São os ladrões aqueles que procuram evitar a porta: é curioso, os ladrões procuram sempre entrar por outro lado, pela janela, pelo telhado, mas evitam a porta, porque têm más intenções e entram sorrateiramente no aprisco para enganar as ovelhas, para se aproveitar delas. Devemos passar pela porta e ouvir a voz de Jesus: se ouvirmos o tom da sua voz, estaremos seguros, seremos salvos. Podemos entrar sem medo e sair sem perigo. Neste bonito discurso de Jesus, fala-se também do guardião, que tem a tarefa de abrir ao bom Pastor (cf. Jo 10,2). Quando o guardião ouve a voz do Pastor, então abre e faz entrar as ovelhas que o Pastor traz consigo, todas, inclusive aquelas que se perderam nos bosques, e que o bom Pastor foi resgatar. As ovelhas não são escolhidas pelo guardião, nem pelo secretário paroquial, nem sequer pela secretária da paróquia; as ovelhas são todas convidadas, escolhidas pelo bom Pastor. O guardião - também ele - obedece à voz do Pastor. Assim, poderíamos dizer que devemos ser como aquele guardião. A Igreja é a porteira da casa do Senhor, não a dona da casa do Senhor!
A Sagrada Família de Nazaré sabe bem o que significa uma porta aberta ou fechada, para quem espera um filho, para quantos não têm abrigo, para quem deve fugir do perigo! As famílias cristãs façam da sua soleira de casa um pequeno grande sinal da Porta da misericórdia e da hospitalidade de Deus. É precisamente assim que a Igreja deverá ser reconhecida em todos os recantos da terra: como a sentinela de um Deus que bate à porta, como o acolhimento de um Deus que não nos fecha a porta na cara, com a desculpa de que não somos de casa. Aproximemo-nos do Jubileu com este espírito: haverá a porta santa, mas também a porta da grande misericórdia de Deus! Haja também a porta do nosso coração, para recebermos todos o perdão de Deus e, por nossa vez, darmos o nosso perdão, recebendo todos aqueles que batem à nossa porta.


Fonte: Santa Sé

Recognitio da Porta Santa da Basílica de São Pedro

No último dia 17 de novembro aconteceu o rito da Recognitio (reconhecimento) da Porta Santa da Basílica de São Pedro, principal Porta Santa do Jubileu.

Este rito consiste na quebra do muro que fecha a porta fora dos Jubileus e a retirada da urna com as chaves que permitirão abrir a Porta e alguns elementos do último Ano Santo (confira a lista completa do conteúdo da urna clicando aqui).

A Recognitio foi presidida pelo Cardeal Arcipreste da Basílica, Cardeal Angelo Comastri. Estiveram presentes Dom Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, e o Cabido de Cônegos da Basílica.

Procissão até a Porta Santa
Quebra do muro

Retirada da urna

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Recognitio da Porta Santa na Basílica do Latrão

No último dia 16 de novembro, aconteceu o rito da Recognitio (reconhecimento) da Porta Santa da Basílica de São João do Latrão em Roma. Este rito é o primeiro passo na preparação próxima para o Jubileu da Misericórdia, que terá início no próximo mês de dezembro.

Este rito consiste na derrubada do muro que fecha a Porta Santa fora dos Jubileus e de retirada da urna que foi murada no último Jubileu (no caso, o Grande Jubileu do ano 2000).

Dentro da urna, estavam:
- a ata do último Jubileu;
- 2 tijolos de ouro com as datas das últimas abertura e fechamento da porta;
- 1 medalha de ouro do Papa João Paulo II;
- 23 medalhas de prata do pontificado de João Paulo II até o Jubileu (1978-2001);
- 17 medalhas de bronze simbolizando os anos desde o Jubileu precedente (1983-2000);
- as chaves da Porta Santa.

O rito foi presidido pelo Arcipreste da Basílica e Vigário Geral da Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini. Estiveram presentes também Dom Rino Fisichella, responsável pela preparação do Jubileu, Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias (que depois prestará contas ao Papa deste ato) e o Cabido de Cônegos da Basílica.

Início do desmuramento da Porta



Retirada da urna

I Domingo do Advento em Milão

Na Arquidiocese de Milão celebrou-se no domingo, dia 15 de novembro, o I Domingo do Advento. Milão possui um rito próprio, o Rito Ambrosiano, no qual o Advento possuo seis domingos, e não quatro, como no Rito Romano.

O Arcebispo de Milão, Cardeal Angelo Scola, celebrou a Santa Missa no Duomo de Milão (Catedral da Natividade de Nossa Senhora).

Procissão de entrada
Ritos iniciais
Homilia

Fotos da Visita do Papa à Igreja Luterana de Roma

No último dia 15 de novembro o Papa Francisco fez uma visita à comunidade luterana de Roma, sendo acolhido pelo Reverendo Pastor Jens-Martin Kruse.

Após um breve diálogo com alguns representantes da comunidade, respondendo às suas perguntas, o Papa fez uma homilia sobre o Evangelho de Mt 25,31-46.

Por fim, o Papa recebeu dos luteranos uma coroa do Advento (que é de origem luterana, ainda que nós também a utilizemos) e um cartaz feito pelas crianças. 

O Papa presenteou a comunidade com um cálice, que o Pastor recebeu visivelmente emocionado (os luteranos creem na presença de Cristo na Eucaristia, mas apenas enquanto a comunidade está reunida. Sua Eucaristia, porém, não é válida, devido à ausência de um sacerdócio válido).

Rezemos pela unidade dos cristãos!

Entrada do Santo Padre
O Papa saúda alguns representantes da comunidade

Oração do Pai Nosso
O Papa recebe a coroa do Advento
O Papa presenteia a comunidade com um cálice
Saída do Santo Padre

Homilia do Papa na Visita à Igreja Luterana de Roma

VISITA À IGREJA EVANGÉLICA E LUTERANA DE ROMA
PALAVRAS DO PAPA FRANCISCO
Domingo, 15 de Novembro de 2015

Jesus, durante a sua vida, fez tantas escolhas. Esta que ouvimos hoje (Mt 25,31-46) será a última opção. Jesus fez muitas coisas: os primeiros discípulos, os doentes que curava, a multidão que o seguia... - seguia-o para ouvir, porque ele falava como alguém que tem autoridade, não como os seus doutores da lei que se pavoneavam; mas podemos ler quem era esta gente em dois capítulos anteriores, em Mateus 23; não, n’Ele viam autenticidade; e aquele povo seguia-o. Jesus fazia as opções e também as correcções com amor. Quando os discípulos erravam o método: «Façamos com que desça o fogo do céu...?» - «Mas vós não sabeis qual é o vosso espírito». Ou quando a mãe de Tiago e João foi pedir ao Senhor: «Senhor, quero pedir-te um favor, que os meus dois filhos, no momento do teu Reino, um esteja à direita e o outro à esquerda...». E Ele corrigia estas coisas: guiava sempre, acompanhava. Mas também depois da Ressurreição suscita tanta ternura ver como Jesus escolhe os momentos, escolhe as pessoas, não assusta. Pensemos no caminho de Emaús, como os acompanha [os dois discípulos]. Eles deviam ir a Jerusalém mas fugiram de Jerusalém, por receio, e Ele vai com eles, acompanha-os. E depois mostra-se, recupera-os. É uma escolha de Jesus. E depois a grande opção que me comove sempre, quando prepara as bodas do filho e diz: «Mas ide ao cruzamento das estradas e conduzi lá também os cegos, os surdos, os coxos...». Bons e maus! Jesus escolhe sempre! E depois a escolha da ovelha tresmalhada. Não faz um cálculo financeiro: «Mas, tenho 99, se perder uma...». Não. Contudo, a última escolha será definitiva. E quais serão as perguntas que o Senhor nos fará naquele dia: «Foste à Missa? Fizeste uma boa catequese?». Não, as perguntas são acerca dos pobres, porque a pobreza está no centro do Evangelho. Ele, sendo rico, fez-se pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. Ele não considera um privilégio ser como Deus mas aniquilou-se, humilhou-se até ao fim, até à morte de Cruz (cf. Fl 2, 6-8). É a escolha do serviço. Jesus é Deus? É verdade. É o Senhor? É verdade. Mas é o servo, e a escolha será feita sobre esta base. Tu usas a tua vida para ti ou para servir? Para te defenderes dos outros com os muros ou para os acolheres com amor? E será esta a última escolha de Jesus. Esta página do Evangelho diz-nos muito acerca do Senhor. E posso fazer uma pergunta: mas nós, luteranos e católicos, de que parte estaremos, à direita ou à esquerda? Houve tempos escuros entre nós... Pensai nas perseguições entre nós! Com o mesmo Baptismo! Pensai nos tantos queimados vivos. Devemos pedir perdão por isto, pelo escândalo da divisão, porque todos, luteranos e católicos, estamos nesta escolha, não noutras escolhas, nesta opção, a opção do serviço como Ele nos indicou sendo servo, o servo do Senhor.
Para terminar, gosto de ver o Senhor servo que serve, apraz-me pedir-lhe que seja servo da unidade, que nos ajude a caminhar juntos. Hoje rezamos juntos. Rezar juntos, trabalhar juntos pelos pobres, pelos necessitados; amar-nos juntos, com verdadeiro amor fraterno. «Mas, padre, somos diferentes, porque os nossos livros dogmáticos dizem uma coisa e os vossos dizem outra». Mas certa vez um vosso grande [representante] disse que há o momento da diversidade reconciliada. Hoje peçamos esta graça, a graça desta diversidade reconciliada no Senhor, ou seja, no Servo de Javé, daquele Deus que veio entre nós para servir e não para ser servido. Agradeço-vos muito esta hospitalidade fraterna. Obrigado.


Fonte: Santa Sé

Ângelus: XXXIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 15 de novembro de 2015

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste penúltimo domingo do Ano Litúrgico propõe uma parte do sermão de Jesus sobre os últimos acontecimentos da história humana, orientada para o pleno cumprimento do reino de Deus (Mc 13,24-32). Trata-se de um sermão que Jesus proferiu em Jerusalém, antes da sua última Páscoa. Ele contém alguns elementos apocalípticos, como guerras, carestias, catástrofes cósmicas: «o Sol se escurecerá e a Lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e as forças que estão nos céus serão abaladas» (vv. 24-25). Contudo, estes elementos não são o aspecto mais fundamental da mensagem. O núcleo em volta do qual se centra o discurso de Jesus é Ele mesmo, o mistério da sua pessoa e da sua Morte e Ressurreição, a sua vinda no fim dos tempos.

A nossa meta final é o encontro com o Senhor ressuscitado. E eu gostaria de vos perguntar: quantos de vós pensam nisto? Haverá um dia no qual me encontrarei de cara com o Senhor. É esta a nossa meta: este encontro. Nós não esperamos um tempo nem um lugar, mas vamos ao encontro de uma pessoa: Jesus. Por conseguinte, o problema não é «quando» acontecerão os sinais premonitórios dos últimos tempos, mas estar preparados para o encontro. E nem sequer se trata de saber «como» estas coisas acontecerão, mas «como» nos devemos comportar, hoje, na sua expectativa. Estamos chamados a viver o presente, construindo o nosso futuro com serenidade e confiança em Deus. A parábola da figueira que germina, como sinal do Verão já próximo (cf. vv. 28-29), diz que a perspectiva do fim não nos distrai da vida presente, mas nos faz olhar para os nossos dias numa óptica de esperança. É aquela virtude tão difícil de viver: a esperança, a virtude mais pequena, mas a mais forte. E a nossa esperança tem um rosto: o rosto do Senhor ressuscitado, que vem «com grande poder na glória» (v. 26), ou seja, que manifesta o seu amor crucificado, transfigurado na ressurreição. O triunfo de Jesus no fim dos tempos será o triunfo da Cruz, a demonstração que o sacrifício de si por amor do próximo, à imitação de Cristo, é a única potência vitoriosa e o único ponto firme no meio dos abalos e das tragédias do mundo.

O Senhor Jesus não é só o ponto de chegada da peregrinação terrena, mas é uma presença constante na nossa vida: está sempre ao nosso lado, acompanha-nos sempre; por isso quando fala do futuro, e nos projeta para ele, é sempre para nos reconduzir ao presente. Ele põe-se contra os falsos profetas, contra os falsos videntes que preveem que o fim do mundo está próximo, e contra o fatalismo. Ele está ao nosso lado, caminha conosco, ama-nos. Deseja tirar aos seus discípulos de todas as épocas a curiosidade das datas, as previsões, os horóscopos, e concentra a nossa atenção no hoje da história. E gostaria de vos perguntar - mas não respondais, cada qual responda para si - quantos de vós leem o horóscopo do dia? Cada qual responda para si mesmo. E quando te vier vontade de ler o horóscopo, olha para Jesus, que está contigo. É melhor, far-te-á bem. Esta presença de Jesus convida-nos à expectativa e à vigilância, que excluem a impaciência, a sonolência, as fugas em frente e o permanecer aprisionados no tempo atual e na mundanidade.

Também nos nossos dias não faltam calamidades naturais e morais, nem sequer adversidades de todos os tipos. Tudo passa - recorda-nos o Senhor - só Ele, a sua Palavra permanece como luz que guia, e anima os nossos passos e nos perdoa sempre, porque está ao nosso lado. É necessário apenas olhar para ele, o qual muda o nosso coração. A Virgem Maria nos ajude a confiar em Jesus, o fundamento firme da nossa vida, e a perseverar com alegria no seu amor.


Fonte: Santa Sé.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

XXXIII Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 11 de Novembro de 2015
A Família (33): A convivência

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje refletimos sobre uma qualidade característica da vida familiar que se aprende desde os primeiros anos de vida: o convívio, isto é, a atitude a partilhar os bens da vida e a sentir-se feliz por o poder fazer. Partilhar e saber partilhar é uma virtude preciosa! O seu símbolo, o seu «ícone», é a família reunida ao redor da mesa doméstica. A partilha da refeição - e portanto, além do alimento, também dos afetos, das narrações, dos eventos... - é uma experiência fundamental. Quando há uma festa, um aniversário, todos se reúnem à volta da mesa. Nalgumas culturas costuma-se fazê-lo inclusive para um luto, a fim de permanecer próximo de quem sofre pela perda de um familiar.
O convívio é um termômetro garantido para medir a saúde das relações: se em família tem algum problema, ou uma ferida escondida, à mesa compreende-se imediatamente. Uma família que raramente faz as refeições unida, ou na qual à mesa não se fala mas assiste-se à televisão, ou se olha para o smartphone, é uma família «pouco família». Quando os filhos à mesa continuam ligados ao computador, ao telemóvel, e não se ouvem entre si, isto não é família, é um pensionato.
O Cristianismo tem uma especial vocação para o convívio, todos o sabem. O Senhor Jesus ensinava de bom grado à mesa, e às vezes representava o reino de Deus como um banquete festivo. Jesus escolheu a mesa também para confiar aos discípulos o seu testamento espiritual - fê-lo durante uma ceia - condensado no gesto memorial do seu Sacrifício: dom do seu Corpo e do seu Sangue como Alimento e Bebida de salvação, que nutrem o amor verdadeiro e duradouro.
Nesta perspectiva, podemos dizer que a família é «de casa» na Missa, precisamente porque leva à Eucaristia a própria experiência de convívio e a abre à graça de uma convivência universal, do amor de Deus pelo mundo. Participando na Eucaristia, a família é purificada da tentação de se fechar em si mesma, fortalecida no amor e na fidelidade, e amplia os confins da própria fraternidade segundo o coração de Cristo.
Neste nosso tempo, marcado por tantos fechamentos e por demasiados muros, a convivência, gerada pela família e dilatada pela Eucaristia, torna-se uma oportunidade crucial. A Eucaristia e as famílias nutridas por ela podem vencer os fechamentos e construir pontes de acolhimento e de caridade. Sim, a Eucaristia de uma Igreja de famílias, capazes de restituir à comunidade o fermento diligente da convivência e da hospitalidade recíproca, é uma escola de inclusão humana que não teme confrontos! Não há pequeninos, órfãos, débeis, indefesos, feridos e desiludidos, desesperados e abandonados, que o convívio eucarístico das famílias não possa nutrir, fortalecer, proteger e hospedar.
A memória das virtudes familiares ajuda-nos a compreender. Nós mesmos já conhecemos, e ainda conhecemos, quantos milagres podem acontecer quando uma mãe tem olhar e atenção, assistência e cuidado pelos filhos dos outros, além dos próprios. Até recentemente, era suficiente uma mãe para todas as crianças da praça! E ainda: sabemos bem que força adquire um povo cujos pais estão prontos a mover-se em protecção dos filhos de todos, porque consideram os filhos um bem indivisível, que são felizes e orgulhosos de proteger.
Hoje muitos contextos sociais põem obstáculos ao convívio familiar. É verdade, hoje não é fácil. Devemos encontrar o modo de a recuperar. À mesa fala-se, à mesa ouve-se. Nada de silêncio, aquele silêncio que não é o silêncio das monjas mas o silêncio do egoísmo, onde cada um está sozinho, ou a televisão ou o computador... e não se fala. Não, nada de silêncio. É preciso recuperar aquele convívio familiar adaptando-o aos tempos. A convivência parece que se tornou algo que se compra e se vende, mas assim é outra coisa. E o nutrimento não é sempre o símbolo de uma partilha justa dos bens, capaz de alcançar quem não tem pão nem afetos. Nos países ricos somos induzidos a gastar por uma alimentação excessiva e depois de novo somos induzidos a remediar o excesso. E este «negócio» insensato distrai a nossa atenção da fome verdadeira, do corpo e da alma. Quando não há convivência há egoísmo, cada um pensa em si mesmo. Tanto que a publicidade a reduziu a uma apatia de lanches e a uma vontade de docinhos. Enquanto tantos, demasiados irmãos e irmãs permanecem longe da mesa. É um pouco vergonhoso!
Olhemos para o mistério do Banquete eucarístico. O Senhor parte o seu Corpo e derrama o seu Sangue por todos. Deveras não há divisão que possa resistir a este Sacrifício de comunhão; só a atitude de falsidade, de cumplicidade com o mal pode excluir dele. Qualquer outra distância não pode resistir ao poder indefeso deste pão partido e deste vinho derramado, Sacramento do único Corpo do Senhor. A aliança viva e vital das famílias cristãs, que precede, apoia e abraça no dinamismo da sua hospitalidade as dificuldades e as alegrias diárias, coopera com a graça da Eucaristia, que é capaz de criar comunhão sempre nova com a sua força que inclui e salva.
A família cristã mostrará precisamente assim a amplidão do seu verdadeiro horizonte, que é o horizonte da Igreja-Mãe de todos os homens, de todos os abandonados e excluídos, em todos os povos. Rezemos para que este convívio familiar possa crescer e amadurecer no tempo de graça do próximo Jubileu da Misericórdia.


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa do Papa em Florença

No último dia 10 de novembro, Memória litúrgica de São Leão Magno, o Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Estádio Municipal Artemio Franchi em Florença, durante sua visita pastoral à cidade.

O Santo Padre foi assistido por Monsenhor Guido Marini.

Incensação da imagem da Virgem Maria
Ritos iniciais

Liturgia da Palavra

Homilia do Papa na Missa em Florença

VISITA PASTORAL DO PAPA FRANCISCO A PRATO E A FLORENÇA
(10 DE NOVEMBRO DE 2015)
SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Estádio Municipal Artemio Franchi, Florença
Terça-feira, 10 de Novembro de 2015

No Evangelho de hoje, Jesus dirige duas perguntas aos seus discípulos. A primeira: «Para o povo, quem é o Filho do Homem?» (Mt16, 13), é uma interrogação que demonstra como o coração e o olhar de Jesus estão abertos a todos. Jesus interessa-se por aquilo que as pessoas pensam, não para as contentar, mas para poder comunicar-se com elas. Sem saber o que as pessoas pensam, o discípulo isola-se e começa a julgá-las segundo os próprios pensamentos e convicções pessoais. Manter um contacto sadio com a realidade, com aquilo que as pessoas vivem, com as suas lágrimas e as suas alegrias, é o único modo para as poder ajudar, poder formá-las e se comunicar com elas. É a única maneira de falar ao coração das pessoas, tocando a sua experiência quotidiana: o trabalho, a família, os problemas de saúde, o trânsito, a escola, os serviços médicos e assim por diante... É a única forma de abrir o seu coração à escuta de Deus. Na realidade, quando Deus quis falar connosco, encarnou-se. Os discípulos de Jesus nunca devem esquecer de onde foram escolhidos, ou seja, do meio do povo, e jamais devem cair na tentação de assumir atitudes desapegadas, como se o que as pessoas pensam e vivem não lhes dissesse respeito, ou não fosse importante para eles.
Isto é válido também para nós. E o facto de nos termos congregado hoje aqui para celebrar a Santa Missa num estádio desportivo no-lo recorda. A Igreja, como Jesus, vive no meio do povo e para o povo. Por isso, em toda a sua história, a Igreja sempre trouxe no seu seio a mesma pergunta: Para os homens e as mulheres de hoje, quem é Jesus?
Inclusive o santo Papa Leão Magno, originário da Toscana, cuja memória celebramos hoje, tinha no seu coração esta pergunta, este anseio apostólico, a fim de que todos pudessem conhecer Jesus, e conhecê-lo por aquilo que realmente é, não uma sua imagem ofuscada pelas filosofias ou ideologias do tempo.
Portanto, é necessário amadurecer uma fé pessoal nele. Então, eis a segunda pergunta que Jesus dirige aos seus discípulos: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» (Mt 16, 15). Uma interrogação que ainda hoje ressoa na nossa consciência de discípulos, e é decisiva para a nossa identidade e missão. Somente se reconhecermos Jesus na sua verdade, seremos capazes de olhar para a verdade da nossa condição humana, e conseguiremos oferecer a nossa contribuição para a plena humanização da sociedade.
Preservar e anunciar a recta fé em Jesus Cristo é o cerne da nossa identidade cristã, porque só no reconhecimento do mistério do Filho de Deus feito homem nós poderemos penetrar no mistério de Deus e no mistério do homem.
À pergunta de Jesus, Simão responde: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo!» (v. 16). Esta resposta encerra toda a missão de Pedro e resume aquilo que se tornará para a Igreja o ministério petrino, ou seja, preservar e proclamar a verdade da fé; defender e promover a comunhão entre todas as Igrejas; e conservar a disciplina da Igreja. Nesta missão o Papa Leão foi e permanece um modelo exemplar, tanto nos seus ensinamentos luminosos, como nos seus gestos cheios da mansidão, da compaixão e da força de Deus.
Estimados irmãos e irmãs, ainda hoje temos a alegria de compartilhar esta fé e de responder juntos ao Senhor Jesus: «Para nós Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo». O nosso júbilo consiste também em ir contra a corrente e ultrapassar a opinião corrente que, tanto hoje como outrora, não consegue ver em Jesus mais do que um profeta ou um mestre. Temos a alegria de reconhecer nele a presença de Deus, o Enviado do Pai, o Filho que veio fazer-se instrumento de salvação para a humanidade. Esta profissão de fé que Simão Pedro proclamou permanece também para nós. Ela não representa apenas o fundamento da nossa salvação, mas também o caminho ao longo do qual ela se realiza e a meta para a qual tende.
Com efeito, na raiz do mistério da salvação encontra-se a vontade de um Deus misericordioso, que não quer render-se diante da incompreensão, da culpa e da miséria do homem, mas entrega-se a ele a ponto de se fazer Ele mesmo homem, para se encontra com cada pessoa na sua condição concreta. É este amor misericordioso de Deus que Simão Pedro reconhece na face de Jesus. O mesmo rosto que nós somos chamados a reconhecer nas formas com que o Senhor nos garantiu a sua presença no meio de nós: na sua Palavra, que ilumina as obscuridades da nossa mente e do nosso coração; nos seus Sacramentos que, de cada nossa morte, nos geram para uma vida nova; na comunhão fraternal que o Espírito Santo gera entre os seus discípulos; no amor ilimitado, que se faz serviço generoso e atencioso por todos; no pobre, que nos recorda como Jesus quis que a suprema revelação de si mesmo e do Pai tivesse a imagem do Crucificado humilhado.
Esta verdade da fé é verdade que escandaliza, porque pede para acreditar em Jesus que, não obstante fosse Deus, se esvaziou e se abaixou à condição de servo, até à morte de cruz, e foi por isso que Deus o fez Senhor do universo (cf. Fl 2, 6-11). É a verdade que ainda hoje escandaliza quantos não toleram o mistério de Deus gravado no rosto de Cristo. É a verdade que não podemos tocar nem abraçar sem, como diz são Paulo, entrar no mistério de Jesus Cristo, e sem fazer nossos os seus próprios sentimentos (cf. Fl 2, 5). Somente a partir do Coração de Cristo podemos entender, professar e viver a sua verdade.
Na realidade, a comunhão entre divino e humano, realizada plenamente em Jesus, é a nossa meta, o ponto de chegada da história humana segundo o desígnio do Pai. É a bem-aventurança do encontro entre a nossa debilidade e a sua grandeza, entre a nossa pequenez e a sua misericórdia que preencherá todas as nossas colunas. Contudo, esta meta não é apenas o horizonte que ilumina o nosso caminho, mas é aquilo que nos atrai com a sua força suave; é o que se começa a saborear e a viver já aqui, o que se constrói dia após dia com todos os bens que semeamos ao nosso redor. São estas as sementes que contribuem para criar uma humanidade nova, renovada, onde ninguém é deixado à margem nem descartado; onde quem serve é o maior; e onde os mais pequeninos e os pobres são acolhidos e ajudados.
Deus e o homem não são os dois extremos de uma oposição: eles procuram-se desde sempre, porque Deus reconhece no homem a própria imagem, e o homem só se reconhece a si mesmo olhando para Deus. Nisto consiste a verdadeira sabedoria, que o Livro do Sirácida assinala como característica de quantos aderem ao seguimento do Senhor. É a sabedoria de são Leão Magno, fruto da convergência de vários elementos: palavra, inteligência, oração, ensinamento e memória. Mas são Leão recorda-nos também que não pode existir verdadeira sabedoria fora do vínculo a Cristo e do serviço à Igreja. Este é o caminho no qual nos cruzamos com a humanidade e onde podemos encontrá-la com o espírito do bom samaritano. Não é sem motivo que o humanismo, do qual Florença foi testemunha nos seus momentos mais criativos, teve sempre o semblante da caridade. Que esta herança seja fecunda de um novo humanismo para esta cidade e para a Itália inteira.




Fonte: Santa Sé

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Fotos da Ordenação Episcopal do Bispo Auxiliar de Roma

No último dia 09 de novembro o Papa Francisco celebrou na Basílica do Latrão (que neste dia celebrava a solenidade de sua dedicação) a Santa Missa para a Ordenação Episcopal de Monsenhor Angelo De Donatis, eleito Bispo Titular de Mottola e Auxiliar da Diocese de Roma.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Guillermo Javier Karcher. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada


Incensação

Homilia do Papa na Ordenação do Bispo Auxiliar de Roma

SANTA MISSA E ORDENAÇÃO EPISCOPAL
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Dedicação da Basílica de Latrão
Basílica de S. João de Latrão
Segunda-feira, 9 de Novembro de 2015

Irmãos e filhos caríssimos, far-nos-á bem reflectir atentamente sobre a que nobre responsabilidade eclesial é promovido este nosso irmão.
Nosso Senhor Jesus Cristo, enviado pelo Pai para redimir os homens, enviou por sua vez ao mundo os doze apóstolos, para que cheios do poder do Espírito Santo, anunciassem o Evangelho a todos os povos, e reunindo-os sob o único pastor, os santificassem e guiassem à salvação.
A fim de perpetuar de geração em geração este ministério apostólico, os Doze congregaram colaboradores transmitindo-lhes, com a imposição das mãos o dom do Espírito recebido de Cristo, que conferia a plenitude do sacramento da Ordem. Assim, através da sucessão ininterrupta dos bispos na tradição viva da Igreja, conservou-se este ministério primário e a obra do Salvador prosseguiu e desenvolveu-se até aos nossos dias.
No bispo circundado pelos seus presbíteros está presente no meio de vós o mesmo nosso Senhor Jesus Cristo, sumo e eterno sacerdote.
Com efeito, é Cristo que no ministério do bispo continua a pregar o Evangelho de salvação e a santificar os crentes mediante os sacramentos da fé; é Cristo que na paternidade do bispo aumenta com novos membros o seu corpo que é a Igreja; é Cristo que na sabedoria e prudência do bispo guia o povo de Deus na peregrinação terrena até à felicidade eterna.
Por conseguinte, acolhei com alegria e gratidão este nosso irmão que nós bispos, com a imposição das mãos, hoje incluímos no colégio episcopal. Prestai-lhe a honra que é devida ao ministro de Cristo e ao dispensador dos mistérios de Deus, ao qual está confiado o testemunho do Evangelho e o ministério do Espírito para a santificação. Recordai-vos das palavras de Jesus aos Apóstolos: «Quem ouvir a vós, é a Mim que ouve; quem vos desprezar, é a Mim que despreza; e quem Me desprezar a Mim, despreza aquele que me enviou».
Quanto a ti, irmão caríssimo, eleito pelo Senhor, reflecte que foste escolhido entre os homens e para os homens foste constituído nas coisas que dizem respeito a Deus. Com efeito, Episcopado é o nome de um serviço, não de uma honra, pois ao bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: «Quem é o maior entre vós, faça-se o mais pequenino, e quem governa, como aquele que serve».
Anuncia a Palavra em todas as ocasiões oportuna e por vezes inoportunamente: admoesta, repreende, mas sempre com doçura; exorta com toda a magnanimidade e doutrina. As tuas palavras sejam simples, que todos as compreendam, que as homilias não sejam longas. Permito-me dizer-te: recorda-te de teu pai, quando estava tão feliz por te ter encontrado perto da sua terra outra paróquia onde se celebrava a Missa sem a homilia! As homilias sejam precisamente a transmissão da graça de Deus: simples, que todos compreendam e todos tenham vontade de se tornar melhores.
Na Igreja a ti confiada - aqui em Roma de modo especial - gostaria de te confiar os presbíteros, os seminaristas: tu tens aquele carisma! Sê guarda fiel e dispensador dos mistérios de Cristo. Colocado pelo Pai como chefe da sua família, segue sempre o exemplo do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas, por elas é conhecido e para elas não hesitou dar a vida.
Com o teu coração, ama com amor de pai e de irmão todos os que Deus te confia: como disse, antes de tudo os presbíteros e os diáconos, os seminaristas; mas também os pobres, os indefesos e quantos precisam de acolhimento e de ajuda. Exorta os fiéis a cooperar no compromisso apostólico e ouve-os de bom grado e com paciência: muitas vezes é preciso muita paciência... mas o Reino de Deus faz-se assim.
Recorda-te que deves ter atenção viva por quantos não pertencem ao único redil de Cristo, porque também eles te foram confiados no Senhor.
Recorda-te que na Igreja, reunida no vínculo da caridade, estás unido ao colégio dos bispos e deves ter em ti a solicitude de todas as Igrejas, socorrendo generosamente aquelas que são mais necessitadas de ajuda. E, próximos ao início do Ano da Misericórdia, peço-te como irmão que sejas misericordioso. A Igreja e o mundo precisam de muita misericórdia. Tu ensinas aos presbíteros, aos seminaristas o caminho da misericórdia. Com palavras, sim, mas sobretudo com a tua atitude. A misericórdia do Pai recebe sempre, há sempre lugar no seu coração, nunca afasta ninguém. Espera, espera... É isto que te desejo: tanta misericórdia.
Vigia com amor sobre todo o rebanho, no qual o Espírito Santo te coloca para reger a Igreja de Deus: no nome do Pai do qual tornas presente a imagem; no nome de Jesus Cristo seu Filho, pelo qual és constituído mestre, sacerdote e pastor; no nome do Espírito Santo, que dá vida à Igreja e com o seu poder ampara a nossa debilidade.

Durante o rito da entrega do Anel episcopal, o Santo Padre acrescentou estas palavras:
Não te esqueças que antes deste anel havia o dos teus pais. Defende a família.


Fonte: Santa Sé