quarta-feira, 31 de maio de 2017

Relíquias de São Nicolau em Moscou

No último dia 21 de maio a Igreja Ortodoxa Russa recebeu as relíquias de São Nicolau, que foram levadas de Bari (tália) a Moscou graças a um acordo entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill, fruto do seu encontro em fevereiro de 2016. É a primeira vez que as relíquias deste santo, muito venerado entre os ortodoxos, deixa a cidade italiana.

Na tarde do domingo, dia 21, as relíquias chegaram na Catedral Patriarcal da Ressurreição, sendo recebidas pelo Patriarca Kirill, que presidiu uma oração. Na segunda-feira, dia 22, foi celebrada a solene Divina Liturgia.

A cor vermelha dos paramentos é própria do Tempo Pascal na Igreja Ortodoxa Russa,

Dia 21: Acolhida das relíquias

Patriarca Kirill aguarda diante da Catedral 
Entronização das relíquias 


Incensação

Nota de falecimento: Cardeal Lubomyr Husar

Faleceu no fim da tarde de hoje, aos 84 anos, o Cardeal Lubomyr Husar (Любомир Гузар), Arcebispo Emérito de Kiev-Halic, Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana de 2001 a 2011.


Dom Lubomyr nasceu em 26 de fevereiro de 1933 em Lviv, na época território da Polônia. Sua família mudou-se para a Áustria em 1944, devido à II Guerra Mundial e em 1949 para os Estados Unidos da América.

Em 30 de março de 1958 foi ordenado sacerdote para a Eparquia Católico-Ucraniana de Stamford (EUA). Enquanto fazia seu Doutorado em Teologia em Roma, ingressou na Ordem dos Monges Ucranianos Estuditas, professando os votos no dia 24 de junho de 1973.


No dia 02 de abril de 1977, foi ordenado Bispo pelo então Arcebispo-Maior Josef Slipyj, sem porém o consentimento da Santa Sé. A questão só foi resolvida em 1996. Neste meio tempo, foi Arquimandrita da Ordem Estudita (1978-1994) e Exarca do Exarcado arquiepiscopal de Kiev-Vyshhorod.

Em 22 de fevereiro de 1996, o Papa São João Paulo II confirmou sua ordenação episcopal e ofício, concedendo-lhe ao mesmo tempo a sede titular de Nisa na Lícia. Em 14 de outubro do ano seguinte, é nomeado Bispo Auxiliar de Lviv, que na época era a sede da Igreja Ucraniana.

Com a morte do então Arcebispo Maior, Cardeal Myroslav Ivan Lubachivsky, o Sínodo da Igreja Ucraniana elege Dom Lubomyr como novo Arcebispo Maior, no dia 25 de janeiro de 2001. Menos de um mês depois o Papa João Paulo II o cria Cardeal no Consistório de 21 de fevereiro de 2001 (o mesmo no qual o Papa Francisco foi criado Cardeal), concedendo-lhe o título de Santa Sofia a Via Boccea, a igreja dos ucranianos em Roma.


No dia 21 de agosto de 2005 mudou a sede do Arcebispado Maior de Lviv para Kiev, tornando-se então Arcebispo Maior de Kiev-Halic, uma vez que Kiev tornara-se a nova capital do país.

Apresentou sua renúncia ao Papa Bento XVI no dia 10 de fevereiro de 2011, motivada sobretudo por um grave problema de visão. No fim da vida, praticamente cego, rezava a Divina Liturgia de memória.

Mesmo após sua renúncia continuou sendo uma figura muito importante na Igreja Católica Ucraniana, sobretudo nos recentes conflitos do país com Rússia. Era considerado uma “autoridade moral” inclusive por não-católicos.

"Concede, ó Senhor nosso Deus, o descanso eterno à alma do teu servo, nosso irmão Lubomyr, que chamaste desta vida à tua presença. Que eterna seja sua memória!"
"Вічная пам'ять!"
(Oração da Liturgia Bizantina pelos falecidos)

Dom Lubomyr na Sexta-feira Santa de 2016

Dom José Mário Angonese nomeado Bispo de Uruguaiana

Na manhã de hoje, 31 de maio, o Papa Francisco nomeou Dom José Mário Scalon Angonese, até então Bispo Titular de Giufi e Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba (PR), como novo Bispo Diocesano de Uruguaiana (RS).



Dom José Mário nasceu no dia 01 de junho de 1960 em Unistalda, Diocese de Uruguaiana. Muito cedo sua família se mudou para Santa Maria, Arquidiocese na qual foi ordenado sacerdote em 16 de dezembro de 1989.

Como sacerdote exerceu as seguintes funções: Promotor da Pastoral Vocacional (1990-2002); Diretor Espiritual (1991-1998) e Reitor (1999-2001) do Seminário Menor São José; Pároco da Paróquia Santíssima Trindade em Nova Palma (2002-2010); Pároco da Paróquia da Ressurreição em Santa Maria e Reitor do Seminário Maior São João Maria Vianney (2011-2013).

Em 20 de fevereiro de 2013 o Papa Bento XVI o nomeou Bispo Titular de Giufi e Auxiliar de Curitiba, recebendo a Ordenação Episcopal no dia 28 de abril do mesmo ano, em Santa Maria. O ordenante principal foi Dom Moacyr José Vitti, então Arcebispo de Curitiba (falecido em 2014).

Em Uruguaiana, Dom José Mario será o oitavo Bispo, sucedendo Dom Aloísio Alberto Dilli, nomeado Bispo de Santa Cruz do Sul (RS) em julho do ano passado.


Louvamos a Deus pelo ministério de Dom José Mário em Curitiba nos últimos quatro anos, sobretudo por seu empenho na missão. Ao mesmo tempo, desejamos-lhe um frutuoso ministério como Pastor do Povo de Deus em Uruguaiana!


Em nosso blog há uma série de postagens sobre celebrações da Arquidiocese de Curitiba nas quais Dom José Mário está presente. Para acessá-las, clique aqui.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Fotos da Missa do Papa no VI Domingo da Páscoa

No último dia 21 de maio o Papa Francisco realizou uma visita à Paróquia São Pedro Damião em Roma, durante a qual celebrou a Santa Missa do VI Domingo da Páscoa.

O Santo Padre foi assistido por Mons. Guido Marini.

Ritos iniciais

Liturgia da Palavra
Homilia

Homilia do Papa: VI Domingo da Páscoa - Ano A

Visita Pastoral à Paróquia romana de São Pedro Damião
Homilia do Papa Francisco
Domingo, 21 de maio de 2017

Ouvimos como Jesus se despede dos seus na última Ceia, pedindo-lhes para observar os mandamentos, e prometendo que lhes enviará o Espírito Santo: «Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito» - «paráclito» significa «advogado» - «outro advogado, para que permaneça eternamente convosco: o Espírito da Verdade» (Jo 14,16-17). E o Espírito Santo está em nós - em cada um de nós - e nós recebemo-lo com o Batismo: recebemo-lo de Jesus e do Pai. Noutra parte [do Novo Testamento], o Apóstolo pede-nos para conservar o Espírito Santo, e diz-nos mais: «Não contristeis o Espírito Santo» (cf. Ef 4, 30), come [se dissesse]: «Estai conscientes de que tendes dentro de vós o próprio Deus, o Deus que te acompanha, que te diz aquilo que deves fazer e como o deves fazer; Aquele que te ajuda a não errar, que te ajuda a não cair na tentação; o Advogado: Aquele que te defende do maligno». E este Espírito é aquele que Pedro, na 2ª Leitura, diz que nos ajudará «a adorar Cristo no nosso coração» (1Pd 3,15). E como? Mediante a prece de adoração e deixando sobressair precisamente a inspiração do Espírito Santo. É Ele que nos diz: «Isto é bom, isso não é bom, este é o caminho errado, esse é o caminho certo...»: Ele leva-nos em frente. E quando as pessoas nos pedem explicações, sobre o porquê nós cristãos somos assim, Pedro diz: «Estai sempre prontos a responder a todo aquele que vos perguntar por que razão sois assim» (1Pd 3,15). E como é que isto deve ser feito? Continua Pedro: «Todavia, fazei-o com suavidade e respeito» (v. 15). E quero parar por aqui.

A linguagem dos cristãos que conservam o Espírito Santo que nos é concedido como um dom, daqueles que sabem que possuem o Espírito que lhes explica [a verdade], esta linguagem é especial. Não devem falar em latim: não, não! Trata-se de outra linguagem. É a linguagem da suavidade e do respeito. E isto pode ajudar-nos a pensar em como é a nossa atitude de cristãos. É uma atitude de suavidade ou de ira? Ou é amarga? É muito feio ver pessoas que se dizem cristãs, mas vivem cheias de amargura... Com docilidade. A linguagem do Espírito Santo é dócil, e a Igreja chama-lhe o «doce hóspede da alma», porque Ele é doce e nos infunde docilidade. E respeito. Respeita sempre os outros. Ensina-nos a respeitar o próximo. E o diabo, que sabe debilitar-nos no serviço a Deus, e enfraquecer-nos também nesta conservação do Espírito Santo que está dentro de nós, fará tudo para que a nossa linguagem não seja de docilidade, e nem sequer de respeito. Inclusive no seio das comunidades cristãs.

No Regina Coeli de hoje eu disse e gostaria de o repetir: quantas pessoas se aproximam de uma paróquia, por exemplo, procurando esta paz, este respeito, esta docilidade, e encontra lutas internas entre os fiéis. Em vez de suavidade e respeito, encontra mexericos, maledicências, competições, concorrências, uns contra os outros...; encontra aquele ar não de incenso, mas de bisbilhotice... E depois, o que dizem? «Se eles são cristãos, prefiro permanecer pagão». E vão-se embora, desiludidas. Porque eles não sabem conservar o Espírito, e com esta «linguagem» de se mostrar por ambição, por inveja, por ciúmes, tantas coisas que nos dividem uns dos outros, afastamos as pessoas. Somos nós que as afastamos. E não impedimos que continue a obra do Espírito, de atrair as pessoas. Gosto de falar sempre sobre esta temática, porque vos digo - digo-vos com toda a franqueza! - que este é o pecado mais comum nas nossas comunidades cristãs.

Enquanto eu incensava Nossa Senhora, abaixei um pouco o olhar e vi a serpente, a serpente esmagada por Nossa Senhora, a serpente com a boca aberta e a língua de fora. Fará bem a vós considerar como é uma comunidade cristã que não conserva o Espírito Santo com suavidade e respeito: é como aquela serpente, com uma língua comprida assim... Certa vez, falando sobre este tema, um pároco disse-me: «Na minha paróquia há alguns que podem fazer a comunhão da porta: com a língua que têm, chegam até ao altar!». Alguns de vós poderão dizer: «Mas Padre, o senhor fala sempre sobre o mesmo tema!...». Mas é verdade! Isto destrói-nos! E nós devemos conservar o Espírito Santo..., e não aquilo que a serpente - o diabo - nos ensina.

Perdoai-me se volto a falar sempre sobre isto, mas acho que este é o inimigo que destrói as nossas comunidades: a bisbilhotice. Talvez vos faça bem, não hoje - alguns hoje, outros noutro dia - quando fordes saudar Nossa Senhora, olhar um pouco para baixo e ver aquela língua [da serpente] e dizer a Nossa Senhora: «Nossa Senhora, salva-me: eu não quero ser assim. Quero conservar o Espírito Santo como Tu o conservaste». Ela conservou o Espírito, que depois desceu e fez dela a Mãe do Filho de Deus.

Irmãos e irmãs, verdadeiramente: isto faz mal ao meu coração; é como se entre nós lançássemos pedras, uns contra os outros. E o diabo diverte-se: isto é um carnaval para o diabo! Peçamos esta graça: conservar o Espírito Santo que está em nós. Não o podemos contristar, como diz o Apóstolo Paulo. Não o contristemos! E que a nossa atitude diante de todos - tanto dos cristãos como dos não-cristãos - seja de docilidade e de respeito, pois é assim que o Espírito Santo age em relação a nós: com docilidade e respeito.


Fonte: Santa Sé.

Regina Coeli do Papa: VI Domingo da Páscoa - Ano A

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 21 de maio de 2017

Bom dia, prezados irmãos e irmãs!
O Evangelho de hoje (Jo 14,15- 21), continuação daquele do domingo passado, leva-nos ao momento comovedor e dramático que é a última ceia de Jesus com os seus discípulos. O evangelista João recolhe dos lábios e do coração do Senhor os seus últimos ensinamentos, antes da Paixão e da Morte. Jesus promete aos seus amigos, naquele momento triste e obscuro, que depois dele receberão «outro Paráclito» (v. 16). Esta palavra significa outro «Advogado», outro Defensor, outro Consolador: «O Espírito da verdade» (v. 17); e acrescenta: «Não vos deixarei órfãos: voltarei a vós» (v. 18). Estas palavras transmitem a alegria de uma nova vinda de Cristo: Ele, Ressuscitado e glorificado, reside no Pai e, ao mesmo tempo, vem a nós no Espírito Santo. É nesta sua nova vinda que se revela a nossa união com Ele e com o Pai: «Conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e Eu em vós» (v. 20).

Meditando estas palavras de Jesus, hoje nós compreendemos com sentido de fé que somos o povo de Deus em comunhão com o Pai e com Jesus, mediante o Espírito Santo. Neste mistério de comunhão, a Igreja encontra a fonte inesgotável da sua missão, que se realiza através do amor. No Evangelho de hoje, Jesus diz: «Aquele que recebe os meus mandamentos e os guarda, é alguém que me ama. E aquele que me ama será amado pelo meu Pai, e Eu amá-lo-ei e manifestar-me-ei a ele» (v. 21). É o amor que nos introduz no conhecimento de Jesus, graças à ação deste «Advogado» que Jesus nos enviou, ou seja, o Espírito Santo. O amor a Deus e ao próximo é o maior mandamento do Evangelho. Hoje o Senhor chama-nos a corresponder generosamente à vocação evangélica do amor, pondo Deus no centro da nossa vida e dedicando-nos ao serviço dos irmãos, de maneira especial dos mais necessitados de ajuda e de consolação.

Se existe uma atitude que nunca é fácil nem óbvia, nem sequer para uma comunidade cristã, é precisamente a de saber amar-se e desejar o bem uns dos outros, a exemplo do Senhor e com a sua graça. Às vezes os contrastes, o orgulho, as invejas e as divisões deixam o sinal até no rosto da Igreja. Uma comunidade de cristãos deveria viver na caridade de Cristo, e no entanto é exatamente ali que o maligno «mete a pata» e às vezes deixamo-nos enganar. E quem arca com as consequências são as pessoas espiritualmente mais frágeis. Quantas delas - e vós conheceis algumas - se afastaram porque não se sentiram acolhidas, não se sentiram entendidas, não se sentiram amadas. Quantas pessoas se afastaram, por exemplo de alguma paróquia ou comunidade, devido ao ambiente de bisbilhotices, de ciúmes e de invejas que aí encontraram. Até para o cristão, saber amar nunca é um dado adquirido uma vez por todas; cada dia há que recomeçar, é preciso exercitar-se a fim de que o nosso amor pelos irmãos e pelas irmãs que nós encontramos amadureça e seja purificado daqueles limites ou pecados que o tornam parcial, egoísta, estéril e infiel. Cada dia devemos aprender a arte de amar. Escutai isto: cada dia devemos aprender a arte de amar, cada dia devemos seguir com paciência a escola de Cristo, cada dia devemos perdoar e olhar para Jesus, e isto com o auxílio deste «Advogado», deste Consolador que Jesus nos enviou, que é o Espírito Santo.

A Virgem Maria, discípula perfeita do seu Filho e Senhor, nos ajude a ser cada vez mais dóceis ao Paráclito, o Espírito de verdade, para aprendermos cada dia a amar como Jesus nos amou.


Fonte: Santa Sé.

Peregrinação da Igreja Eslovaca ao Santuário da Misericórdia

No último dia 20 de maio, a Igreja Greco-Católica Eslovaca, uma das Igrejas Católicas Orientais, realizou uma peregrinação ao Santuário da Misericórdia em Cracóvia.

A peregrinação foi guiada pelo Metropolita da igreja, Dom Ján Babjak, Arcebispo de Presov, que presidiu a Divina Liturgia de São João Crisóstomo no Santuário.

O Bispo abençoa os fieis
Litania da paz

Ritos iniciais
 

sábado, 27 de maio de 2017

Homilia: Ascensão do Senhor - Ano A

São Leão Magno
Tratado 74
 O que foi visível em nosso Redentor, passou para os ritos sacramentais

O mistério de nossa salvação, amadíssimos, que o Criador do universo abonou no preço de seu sangue, foi realizado segundo uma economia de humildade desde o dia de seu nascimento corporal até o término de sua Paixão. E ainda que sob a condição de servo irradiaram muitos sinais manifestativos de sua divindade, contudo, toda a atividade deste período esteve orientada propriamente para demonstrar a realidade da humanidade assumida. Apesar disso, depois da Paixão, rompidas as cadeias da morte que, ao recair n’Aquele que não conheceu o pecado perdera toda a sua malignidade, a debilidade se converteu em fortaleza, a mortalidade em eternidade, a ignomínia em glória, glória que o Senhor Jesus tornou manifesta diante de muitas testemunhas através de numerosas provas, até o dia em que introduziu nos céus o triunfo da vitória obtida sobre os mortos.
E assim como na solenidade da Páscoa a Ressurreição do Senhor foi para nós causa de alegria, assim também agora sua Ascensão ao céu é para nós um novo motivo de júbilo, ao recordar e celebrar liturgicamente o dia em que a pequenez de nossa natureza foi elevada, em Cristo, acima de todos os exércitos celestiais, de todas as categorias de anjos, de toda a sublimidade das potestades até compartir o trono de Deus Pai. Fomos estabelecidos e edificados por este modo de operar divino, para que a graça de Cristo se manifestasse mais admiravelmente, e assim, apesar da presença visível do Senhor ter sido afastada da vista dos homens – pela qual se alimentava o respeito deles para com Ele –, a fé se mantivesse firme, a esperança impassível e o amor ardente.
Nisto consiste, de fato, o vigor dos espíritos verdadeiramente grandes, isto é, o que a luz da fé realiza nas almas realmente fieis: crer sem vacilação o que nossos olhos não veem, ter o desejo fixo naquilo que nosso olhar não pode alcançar. Como esta piedade poderia nascer em nossos corações, ou como poderíamos ser justificados pela fé se a nossa salvação consistisse somente no que nos é dado ver? Por isso o Senhor disse àquela Apostolo que não cria na Ressurreição de Cristo enquanto não averiguasse com a vista e o tato, em sua carne, os sinais da Paixão: Crestes porque me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto.
Assim, para tornar-nos capazes, amadíssimos, de semelhante bem-aventurança, nosso Senhor Jesus Cristo, após ter realizado tudo o que convinha para a pregação evangélica e aos mistérios do Novo Testamento, quarenta dias após a Ressurreição, elevando-se ao céu à vista dos seus discípulos, findou a sua presença corporal para sentar-se à direita do Pai, até que se cumpram os tempos divinamente estabelecidos nos quais se multipliquem os filhos da Igreja, e Ele volte, na mesma carne com a qual ascendeu aos céus, para julgar os vivos e os mortos. Assim, todas as coisas referentes a nosso Senhor que antes eram visíveis, passaram a ser ritos sacramentais; e para que nossa fé fosse mais firme e valiosa, a visão foi substituída pela instrução, de maneira que, doravante, nossos corações, iluminados pela luz celestial, devem apoiar-se nesta instrução.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 109-110. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Máximo de Turim para esta Solenidade clicando aqui.

Papa nomeia novo Vigário Geral da Diocese de Roma

 Ontem, dia 26 de maio, o Papa Francisco aceitou a renúncia do Cardeal Agostino Vallini dos ofícios de Arcipreste da Basílica de São João do Latrão e Vigário Geral da Diocese de Roma e nomeou para estes mesmos ofícios Dom Angelo De Donatis, até então Bispo Auxiliar de Roma.

Dom Angelo De Donatis
***
O Cardeal Agostino Vallini nasceu em 17 de abril de 1940 e foi ordenado sacerdote em 1964, para a Arquidiocese de Nápoles. Foi nomeado Bispo Auxiliar de Nápoles em 1989, sendo transferido para Bispo de Albano dez anos depois. Foi chamado a trabalhar na Cúria Romana em 2004, nomeado Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica.

Em 24 de março de 2006, no primeiro Consistório de seu pontificado, o Papa Bento XVI o eleva a Cardeal, concedendo-lhe a Diaconia de São Pedro Damião. Em 2008 é nomeado
Arcipreste da Basílica de São João do Latrão e Vigário Geral da Diocese de Roma, sendo elevado a Cardeal Presbítero. Exerceu este ofício, portanto, por quase nove anos.

Cardeal Agostino Vallini
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Dom Angelo De Donatis nasceu a 04 de janeiro de 1954 em Casarano, Diocese de Nardò-Gallipoli. Foi ordenado sacerdote em 12 de abril de 1980, sendo transferido para a Diocese de Roma três anos depois.

Em Roma exerceu diversos encargos, dentre os quais: Vigário da Paróquia de São Saturnino (1983-1988), Vigário da Paróquia Santíssima Annunziata em Grottaperfetta (1988-1990), Diretor do Departamento do Clero no Vicariato de Roma (1990-1996), Diretor Espiritual no Pontifício Seminário Romano Maior (1990-2003); e Pároco em São Marcos Evangelista no Capitólio (2003-2015).

Durante a Quaresma de 2014, pregou os Exercícios Espirituais para o Papa e a Cúria Romana, os primeiros do pontificado de Francisco. Este o nomeou Bispo Auxiliar de Roma no ano seguinte, presidindo pessoalmente sua ordenação episcopal na Basílica do Latrão a 09 de novembro de 2015 (Confira a homilia e as fotos da Ordenação).



O Vigário Geral da Diocese de Roma é um dos principais colaboradores do Papa. A ele compete a administração propriamente dita da Diocese, a fim de que o Papa possa dedicar-se a outras responsabilidades. Ao mesmo tempo, como Arcipreste da Basílica do Latrão, compete-lhe o cuidado espiritual desta Basílica que é a Catedral de Roma.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Missas de Nossa Senhora: Maria, Rainha dos Apóstolos

18. Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos
(Para o tempo da Páscoa)*

Introdução
Assim como o formulário anterior (“Maria no Cenáculo”), esta Missa recorda a presença de Maria junto aos Apóstolos no mistério de Pentecostes.
Diversos institutos religiosos têm por padroeira a Virgem invocada com o título de “Rainha dos Apóstolos”, destacando seu papel de precursora dos Apóstolos no anúncio do Evangelho: a Sociedade do Apostolado Católico, fundada por São Vicente Pallotti; o Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME), organizado por Dom Ângelo Ramazzotti; a Pia Sociedade de São Paulo Apóstolo e outros institutos fundados pelo Bem-aventurado Tiago Alberione. Inclusive as orações desta Missa, à exceção do Prefácio, são tomadas do Próprio das Missas da Sociedade do Apostolado Católico (1972).
O formulário apresenta um caráter fortemente missionário: celebra Maria como a primeira anunciadora do Evangelho de Jesus Cristo (Prefácio). Ao mesmo tempo, recorda-se que Maria hoje continua a interceder por todos os anunciadores o Evangelho.
Assim, pede-se através dessa Missa para que possamos “difundir pela palavra e pelo exemplo” (Coleta) “o Evangelho como fonte de salvação e de vida” (Prefácio), a fim de que na Igreja “resplandeça (...) a abundância das virtudes” (Sobre as oferendas).

* Cumpre notar que esta Missa consta na III edição do Missal Romano (ainda sem tradução para o português) dentre as Missas votivas de Nossa Senhora, podendo portanto ser celebrada em outros tempos litúrgicos, sobretudo no Tempo Comum.

Antífona de entrada (At 1,14)
Os discípulos perseveravam em oração,
unidos a Maria, Mãe de Jesus. Aleluia!

Oração do dia
Ó Deus, que comunicastes o Espírito Santo aos vossos Apóstolos a orar com Maria, Mãe de Jesus, concedei-nos, por sua intercessão, servir fielmente a vossa majestade e difundir pela palavra e pelo exemplo a glória do vosso nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas**
Pela vossa infinita misericórdia, Senhor, concedei que, pela intercessão da Virgem Maria, cresça a vossa Igreja em número de fiéis e resplandeça sempre nela a abundância das virtudes. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Na verdade, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória, por Cristo Senhor nosso, ao celebrar a memória da Virgem Maria, que precedeu os Apóstolos no anúncio de Cristo.
Conduzida pelo Espírito Santo, toda solícita levou Cristo ao Precursor, que seria para ele causa de santificação e alegria. Pedro e os demais Apóstolos, impelidos pelo mesmo Espírito, anunciaram corajosamente a todas as nações o Evangelho como fonte de salvação e de vida. Também hoje a Santíssima Virgem precede com seu exemplo os arautos do Evangelho, anima-os com seu amor e com sua contínua intercessão os ampara, para que anunciem a todos os povos o Cristo Salvador.
Por isso, com a multidão dos anjos, proclamamos a vossa glória, dizendo (cantando) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (cf. Lc 11,27)
Feliz a Virgem Maria,
que trouxe em seu seio o Filho do eterno Pai. Aleluia!

Oração após a Comunhão**
Senhor, que nos fortalecestes com o alimento da nossa salvação, ao celebrarmos a memória da Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, humildemente vos rogamos que, perseverando no cumprimento da vossa vontade e o serviço aos irmãos, progrida mais e mais o vosso povo no caminho da salvação. Por Cristo, nosso Senhor.

Leitura: At 1,12-14; 2,1-4 (“Perseveravam na oração (...) com Maria, Mãe de Jesus”)
Salmo: Sl 86,1-2.3.5.6-7 (R: 3)
Evangelho: Jo 19,27-27 (“Mulher, eis o teu filho”)

**Nas orações sobre as oferendas e após a Comunhão a Coletânea apresenta a conclusão “Por nosso Senhor Jesus Cristo...”. Porém, esta conclusão é própria das coletas. Aqui o correto é utilizar “Por Cristo, nosso Senhor”, como indica a IGMR, nn. 77 e 89.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 78-80.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 107-109.

Missas de Nossa Senhora: Maria no Cenáculo

15. Bem-aventurada Virgem Maria no Cenáculo
(Para o tempo da Páscoa)

Introdução
Próximo ao fim do Tempo da Páscoa, à medida que se aproxima a Solenidade de Pentecostes, a Igreja recorda a participação de Maria neste acontecimento salutar, unida à Igreja nascente representada pelos Apóstolos. Esta celebração recorda, pois, a dupla ligação de Maria: com o Espírito Santo e com a Igreja.
Primeiramente, a relação da Virgem com o Espírito Santo: ela é invocada como “aquela a quem o Espírito Santo cobriu com a sua sombra” (Prefácio), tanto na Encarnação quanto em Pentecostes; unida aos Apóstolos, ela é repleta pelos dons do Espírito (Coleta) e ainda modelo de docilidade à ação do Espírito (Sobre as oferendas).
A união de Maria com a Igreja, por sua vez, é expressa no texto bíblico citado várias vezes nesta celebração: “Eles perseveravam unidos na oração (...) com Maria, Mãe de Jesus” (At 1,14). Aqui Maria é para a Igreja “exemplo admirável de oração e de unidade” (Prefácio).
Contemplando o exemplo de perseverança na oração da Mãe de Jesus, a Igreja pede esta mesma perseverança: “concedei-nos por sua intercessão que, cheios do mesmo Espírito, perseveremos unidos na oração” (Coleta). Contemplando sua união com os Apóstolos, nos empenhamos em trabalhar “pela concórdia e pela paz dos irmãos” (pós Comunhão).
Por fim, o mistério de Maria à espera do Espírito abre-se também a uma perspectiva escatológica: “A Virgem Maria, vigilante na oração e fervorosa na caridade, é figura da Igreja que, enriquecida com os dons do Espírito, vigilante espera a segunda vinda de Cristo” (Prefácio).

Antífona de entrada (At 1,14)
Os discípulos perseveravam unidos na oração,
com Maria, Mãe de Jesus. Aleluia.

Oração do dia
Senhor nosso Deus, que cumulastes com os dons do Espírito Santo a Santíssima Virgem em oração com os Apóstolos, concedei-nos por sua intercessão que, cheios do mesmo Espírito, perseveremos unidos na oração e levemos aos nossos irmãos o feliz anúncio da salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Oração sobre as oferendas*
Recebei, Pai santo, estes dons que com alegria vos apresentamos e fazei que, imitando a Santíssima Virgem, sejamos dóceis à voz do Espírito e realizemos tudo para o louvor da vossa glória. Por Cristo, nosso Senhor.

Prefácio
Na verdade, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, é nosso dever dar-vos graças, é nossa salvação dar-vos glória, por Cristo Senhor nosso. Na Igreja nascente nos destes um exemplo admirável de oração e de unidade: a Mãe de Jesus, orando com os Apóstolos. Na oração ela esperou a vinda de Cristo, com súplicas ardentes invoca o Espírito prometido; e aquela a quem o Espírito Santo cobriu com a sua sombra na Encarnação do Verbo, de novo recebe o dom celeste no nascimento do povo da nova aliança. A Virgem Maria, vigilante na oração e fervorosa na caridade, é figura da Igreja que, enriquecida com os dons do Espírito, vigilante espera a segunda vinda de Cristo. Por isso, com a multidão dos anjos, proclamamos a vossa glória, dizendo (cantando) a uma só voz:

Antífona de Comunhão (At 2,42)
Os discípulos perseveravam unidos na doutrina dos Apóstolos,
nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações. Aleluia!

Oração após a Comunhão**
Renovai, Senhor, com os dons do Espírito Santo aqueles que saciastes com o pão da vida, e concedei-nos que, sob a proteção da Santíssima Virgem, trabalhemos pela concórdia e pela paz dos irmãos, pelos quais Jesus Cristo, vosso Filho, se ofereceu como vítima de redenção. Ele que vive e reina para sempre.

Leitura: At 1,6-14 (“Todos eles perseveravam na oração... com Maria, Mãe de Jesus”)
Salmo: Sl 86,1-2.3.5.6-7 (R: v. 3)
Evangelho: Lc 8,19-21 (“Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”)

*Na oração sobre as oferendas a Coletânea apresenta a conclusão “Por nosso Senhor Jesus Cristo...”. Porém, esta conclusão é própria das coletas. Aqui o correto é utilizar “Por Cristo, nosso Senhor”, como indica a IGMR, n. 77.

**Na oração após a Comunhão a Coletânea apresenta a conclusão “Que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo”, própria das coletas. Aqui o correto é utilizar “Que vive e reina para sempre”, como indica a IGMR, n. 89.


Fonte:
Lecionário para Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 75-77.
Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 103-105.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Papa Francisco abençoa casas em Óstia

No último dia 19 de maio o Papa Francisco dirigiu-se à cidade de Óstia, na periferia de Roma, onde visitou algumas famílias para conceder a bênção das casas por ocasião da Páscoa.

O Santo Padre foi acompanhado pelo pároco do local, Pe. Plinio Poncina, e por oficiais do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.

Que o exemplo do Papa encoraje os párocos a realizarem este gesto de proximidade às pessoas no contexto do Tempo Pascal, como previsto e recomendado no Ritual de Bênçãos.







Papa Francisco criará cinco novos Cardeais

O Papa Francisco anunciou ontem, 21 de maio, a criação de cinco novos Cardeais no próximo mês de junho:

Caros irmãos e irmãs,
Desejo anunciar que quarta-feira, 28 de junho, haverá um Consistório para a nomeação de cinco novos Cardeais. A sua proveniência de diversas partes do mundo manifesta a catolicidade da Igreja espalhada sobre toda a terra e a entrega de um título ou de uma diaconia na urbe exprime a pertença dos Cardeais à Diocese de Roma que, segundo a conhecida expressão de Santo Inácio [de Antioquia], preside na caridade todas as igrejas. E quinta-feira, 29 de junho, Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, concelebrarei a Santa Missa com os novos Cardeais, com o Colégio Cardinalício, com os novos Bispos, os Metropolitas, os Bispos e alguns presbíteros.

Eis os nomes dos novos Cardeais:

Dom Jean Zerbo
Arcebispo de Bamako
Nascimento: 27/12/1943 (Mali)

Dom Juan José Omella
Arcebispo de Barcelona
Nascimento: 21/04/1946 (Espanha)

Dom Anders Arborelius, O.C.D.
Bispo de Estocolmo
Nascimento: 24/09/1949 (Suécia)


Dom Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun
Vigário Apostólico de Paksé
Nascimento: 08/04/1944 (Laos)

Dom Gregorio Rosa Chávez
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de San Salvador
Nascimento: 03/09/1942 (El Salvador)


Confiamos os novos Cardeais à proteção dos Santos Pedro e Paulo, a fim de que com a intercessão do Príncipe dos Apóstolos, sejam autênticos servidores da comunhão eclesial, e com a do Apóstolo das Nações, sejam anunciadores alegres do Evangelho no mundo inteiro e, com o seu testemunho e o seu conselho, me sustentem mais intensamente em meu serviço de Bispo de Roma, Pastor Universal da Igreja.

Fonte: Santa Sé

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Homilia: VI Domingo de Páscoa - Ano A

São João Crisóstomo
Sermão 75 sobre o Evangelho de São João
 Não vos deixareis desamparados

Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Eu vos dei um mandamento: que vos amei mutuamente e façais uns aos outros como Eu fiz convosco. Nisto consiste o amor: em cumprir os mandamentos e colocar-se a serviço do amado. E eu pedirei ao Pai que vos dê outro Defensor. São palavras de despedida. E como ainda não o conheciam bem, era muito provável que eles teriam de buscar ansiosamente a companhia do ausente, suas palavras, sua presença física, e que não teriam de aceitar, uma vez que Ele tivesse partido, nenhum tipo de consolo. E o que Ele diz? Eu pedirei ao Pai que vos dê outro Defensor, isto é, outro como eu.
Depois de tê-los purificado com o seu sacrifício, então sobrevoou o Espírito Santo. Por que não veio quando Jesus estava com eles? Porque ainda não se tinha oferecido o sacrifício. Mas uma vez que o pecado foi apagado e eles, enviados aos perigos, se disporiam para a luta, era necessário o envio do Consolador. E por que o Espírito não veio imediatamente depois da Ressurreição? Justamente para que, avivados por um desejo mais ardente, o recebessem com maior fruto.
De fato, enquanto Cristo estava com eles, não conheciam a aflição; mas quando Ele se foi, ao ficarem sozinhos e tomados de temor, haveriam de recebê-lo com um maior anelo. Que permaneça sempre convosco, isto é, não vos abandonará nem mesmo depois da morte. E para que, ao ouvir falar do Defensor, não pensassem em uma nova encarnação e acolhessem a esperança de vê-lo com seus próprios olhos, a fim de afastar semelhante suspeita, diz: O mundo não pode recebê-lo porque não o vê.
Porque não viverá convosco como Eu, mas sim habitará em vossas almas, pois é isso que quer dizer permaneça convosco. O chama Espírito da verdade, ligando assim as figuras da antiga Lei. Para que permaneça convosco. Que significa permaneça convosco? O mesmo que disse de si mesmo: Eu estou convosco. Mas ainda insinua outra coisa: Não vai padecer o que Eu padeci, nem se ausentará.
O mundo não pode recebê-lo porque não o vê. Mas como? É porque o Espírito se contava entre as coisas visíveis? Em absoluto. O que acontece é que Cristo se refere aqui ao conhecimento, pois acrescenta: nem o conhece, já que habitualmente se chama visão ao conhecimento penetrante. Realmente, sendo a vista o mais destacado dos sentidos, mediante ela sempre designa o conhecimento penetrante. Ele chama aqui “mundo” aos perversos, e desta forma consola aos seus discípulos, oferecendo-lhes este precioso dom. Vede como exalta a grandeza deste dom. Diz que é distinto d’Ele; acrescenta: “não vos deixará”; insiste: virá unicamente a eles, como também Eu vim. Disse: Permaneça em vós; mas nem mesmo assim dissipou sua tristeza. Ainda o buscavam, queriam sua companhia. Para tranquiliza-los diz: Tampouco Eu vos deixarei desamparados, voltarei. Ele diz: Não temais; não disse que vos enviarei outro Defensor porque Eu vou deixar-vos para sempre; nem disse: vive em vós, como se não tenha de voltar a vê-los. Na realidade, também Eu virei a vós. Não vos deixarei desamparados.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 105-106. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Máximo de Turim para este domingo clicando aqui.

XXII Catequese do Papa sobre a esperança

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 17 de maio de 2017
A esperança (22): Maria Madalena, Apóstola da esperança

Bom dia, amados irmãos e irmãs!
Durante estas semanas a nossa reflexão move-se, por assim dizer, na órbita do Mistério Pascal. Hoje encontramos aquela que, segundo os Evangelhos, foi a primeira que viu Jesus Ressuscitado: Maria Madalena. Há pouco tinha terminado o repouso do sábado. No dia da Paixão não houve tempo para completar os ritos fúnebres; por isso, naquela aurora cheia de tristeza, as mulheres vão ao sepulcro de Jesus com o bálsamo perfumado. A primeira que chega é ela: Maria de Magdala, uma das discípulas que tinham acompanhado Jesus desde a Galileia, colocando-se a serviço da Igreja nascente. No seu trajeto rumo ao túmulo reflete-se a fidelidade de muitas mulheres que durante anos são devotas às vielas dos cemitérios, em recordação de alguém que já não está entre nós. Os vínculos mais autênticos não são interrompidos nem sequer pela morte: alguns continuam a amar, não obstante a pessoa amada tenha partido para sempre.
O Evangelho (cf. Jo 20,1-2.11-18) descreve Maria Madalena pondo de imediato em evidência que ela não era uma mulher que se entusiasmava facilmente. Com efeito, depois da primeira visita ao sepulcro, volta desiludida ao lugar onde os discípulos se escondiam; refere que a pedra foi removida da entrada do túmulo, e a sua primeira hipótese é a mais simples que se possa formular: alguém deve ter roubado o corpo de Jesus. Assim, o primeiro anúncio que Maria faz não é o da Ressurreição, mas de um furto perpetrado por pessoas desconhecidas, enquanto toda a Jerusalém dormia.
Em seguida, os Evangelhos descrevem uma segunda visita de Maria Madalena ao sepulcro de Jesus. Ela era teimosa! Foi, voltou... porque não se convencia! Desta vez o seu andar é lento, extremamente pesado. Maria sofre duplamente: antes de tudo pela morte de Jesus, e depois pelo inexplicável desaparecimento do seu corpo.
Enquanto está inclinada perto do túmulo, com os olhos rasos de água, Deus surpreende-a da maneira mais inesperada. O evangelista João sublinha como a sua cegueira é persistente: não se dá conta da presença de dois anjos que a interrogam, e nem sequer desconfia vendo o homem atrás de si, que ela julga ser o guardião do jardim. E, ao contrário, descobre o acontecimento mais surpreendente da história humana, quando finalmente é chamada por nome: «Maria!» (v. 16).
Como é bonito pensar que a primeira aparição do Ressuscitado - segundo os Evangelhos - teve lugar de um modo tão pessoal! Que há alguém que nos conhece, que vê o nosso sofrimento e a nossa desilusão, que se comove por nós e nos chama pelo nome. É uma lei que encontramos esculpida em muitas páginas do Evangelho. Em volta de Jesus há muitas pessoas que procuram Deus; mas a realidade mais prodigiosa é que, muito antes, há sobretudo Deus que se preocupa com a nossa vida, que a quer reanimar, e para fazer isto chama-nos pelo nome, reconhecendo o semblante pessoal de cada um. Cada homem é uma história de amor que Deus escreve nesta terra. Cada um de nós é uma história de amor de Deus. Deus chama cada um de nós pelo nome: conhece-nos pelo nome, olha para nós, está à nossa espera, perdoa-nos, tem paciência com cada um de nós. É verdade ou não? Cada um de nós vive esta experiência.
E Jesus chama-a: «Maria!». A revolução da sua vida, a revolução destinada a transformar a existência de cada homem e mulher, começa com um nome que ressoa no jardim do sepulcro vazio. Os Evangelhos descrevem-nos a felicidade de Maria: a Ressurreição de Jesus não é uma alegria concedida a conta-gotas, mas é uma cascata que abrange a vida inteira. A existência cristã não é constituída por pequenas felicidades, mas por ondas que subvertem tudo. Procurai pensar também vós, neste instante, com a bagagem de desilusões e de reveses que cada qual tem no seu coração, que há um Deus perto de nós que nos chama pelo nome, dizendo: «Ergue-te, para de chorar, porque Eu vim libertar-te!». Isto é bonito!
Jesus não é alguém que se adapta ao mundo, tolerando que nele perdurem a morte, a tristeza, o ódio, a destruição moral das pessoas... O nosso Deus não é inerte, mas o nosso Deus - permiti-me esta palavra - é um sonhador: sonha a transformação do mundo, tendo-a já realizada no mistério da Ressurreição.
Maria gostaria de abraçar o seu Senhor, mas Ele já está orientado para o Pai celestial, enquanto ela é enviada a levar o anúncio aos irmãos. E assim aquela mulher, que antes de encontrar Jesus estava à mercê do maligno (cf. Lc 8,2), agora torna-se Apóstola de uma esperança nova e maior. A sua intercessão nos ajude a viver, também nós, esta experiência: na hora do pranto e na hora do abandono, ouvir Jesus Ressuscitado que nos chama pelo nome e, com o coração repleto de júbilo, partir para anunciar: «Eu vi o Senhor!» (cf. Jo 20,18). Mudei de vida porque vi o Senhor! Agora sou diferente de outrora, sou outra pessoa. Mudei porque vi o Senhor - esta é a nossa força e a nossa esperança.


Fonte: Santa Sé.

Regina Coeli do Papa: A viagem a Fátima

Papa Francisco
Regina Coeli
Praça São Pedro
Domingo, 14 de maio de 2017

Bom dia, prezados irmãos e irmãs!
Ontem à noite voltei da peregrinação a Fátima - saudemos Nossa Senhora de Fátima! - e a nossa prece mariana de hoje adquire um significado especial, repleto de memória e de profecia para quantos contemplam a história com os olhos da fé. Em Fátima imergi-me na prece do santo povo fiel, uma oração que lá escorre há cem anos como um rio, para implorar a proteção maternal de Maria sobre o mundo inteiro. Dou graças ao Senhor que me concedeu ir aos pés da Virgem Mãe como peregrino de esperança e de paz. E agradeço de coração aos Bispos, ao Bispo de Leiria-Fátima, às Autoridades do Estado, ao Presidente da República e a todos aqueles que ofereceram a sua colaboração.
Desde o início, quando na Capelinha das Aparições permaneci por muito tempo em oração, acompanhado pelo silêncio orante de todos os peregrinos, criou-se um clima de recolhimento e contemplação, no qual tiveram lugar os vários momentos de prece. E no centro de tudo estava e está o Senhor Ressuscitado, presente no meio do seu Povo mediante a Palavra e a Eucaristia; presente no meio dos numerosos enfermos, que são protagonistas da vida litúrgica e pastoral de Fátima, assim como de todos os santuários marianos.
Em Fátima a Virgem escolheu o coração inocente e a simplicidade dos pequeninos, Francisco, Jacinta e Lúcia, como depositários da sua mensagem. Estas crianças receberam-na com dignidade, a ponto de serem reconhecidas como testemunhas confiáveis das aparições, tornando-se modelos de vida cristã. Com a canonização de Francisco e Jacinta, eu quis propor à Igreja inteira o seu exemplo de adesão a Cristo e o seu testemunho evangélico, mas também desejei convidar toda a Igreja a cuidar das crianças. A sua santidade não é consequência das aparições, mas da fidelidade e do ardor com que corresponderam ao privilégio recebido, de poder ver a Virgem Maria. Após o encontro com a «bela Senhora» - assim lhe chamavam - elas recitavam frequentemente o Rosário, faziam penitência e ofereciam sacrifícios para alcançar o fim da guerra e pelas almas mais necessitadas da misericórdia divina.
E até hoje há muita necessidade de oração e de penitência para implorar a graça da conversão, para suplicar o fim de tantas guerras que existem em toda a parte no mundo e que se difundem cada vez mais, assim como o fim dos conflitos absurdos, grandes e pequenos, que desfiguram o semblante da humanidade.
Deixemo-nos guiar pela luz que provém de Fátima. O Coração Imaculado de Maria seja sempre o nosso refúgio, a nossa consolação e o caminho que nos há de conduzir a Cristo.


Fonte: Santa Sé