sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Os santos do Antigo Testamento (3)

Vós vos aproximastes dos espíritos dos justos que chegaram à perfeição” (cf. Hb 12,22-23)

Já dedicamos duas postagens aqui em nosso blog sobre os santos do Antigo Testamento (AT), além de uma introdução, fundamentando sua devoção: na primeira trouxemos suas comemorações no Martirológio Romano desde os Patriarcas até a época dos juízes; e, na segunda, os santos da época da monarquia, os profetas da tradição oral e os “Profetas maiores”.

Para este terceira e última postagem deixamos o grupo dos “Profetas menores”, assim chamados não por terem menor importância, mas sim pela breve extensão de seus escritos, e outros personagens da história de Israel

1. “Profetas menores”

Os “Profetas menores” são 12 livros que remontam aos séculos VIII a V a. C. Em nossa apresentação dos seus “elogios” no Martirológio buscaremos seguir aproximadamente a cronologia:
Século VIII a. C.: Amós, Oseias e Miqueias;
Século VII a. C.: Sofonias, Naum e Habacuc;
Século VI a. C.: Abdias, Ageu, Zacarias e Joel;
Século V a. C.: Malaquias e Jonas.

Amós: 15 de junho
A comemoração de Santo Amós, profeta, que era pastor de gado e cultivador de sicômoros quando o Senhor o enviou aos filhos de Israel, para proclamar a sua justiça e santidade divinas contra as prevaricações do seu povo.

Santo Amós

Oseias: 17 de outubro
Comemoração de Santo Oseias, profeta, que, não só com palavras mas com a própria vida, anunciou ao infiel povo de Israel o Senhor como Esposo sempre fiel e de infinita misericórdia.

Santo Oseias

Começamos com os únicos dois profetas do reino do Norte (Israel): Amós e Oseias. Ambos criticam duramente a infidelidade do povo, a injustiça social e a hipocrisia de um culto a Deus apenas externo. Ambos vaticinam a queda do reino do Norte, que de fato é tomado pelos assírios em 722 a. C.

Para acessar nossa postagem sobre a leitura litúrgica do Livro de Amós, clique aqui; para acessar a postagem sobre o Livro de Oseias, clique aqui.

Miqueias: 21 de dezembro
Comemoração de São Miqueias, profeta, que, nos dias de Joatão, Acaz e Ezequias, reis de Judá, defendeu com a sua pregação os oprimidos, condenou os ídolos e as injustiças e anunciou ao povo eleito que havia de nascer em Belém de Judá o rei prometido desde os tempos antigos, para apascentar Israel com o poder do Senhor.

Passando ao reino do Sul (Judá) temos Miqueias, contemporâneo de Isaías. Sua obra intercala oráculos de julgamento contra os dois reinos, do Sul e do Norte, com oráculos de salvação, anunciando da paz messiânica. Como dito em seu "elogio" acima, é o profeta que indica Belém como a cidade natal do Messias.

São Miqueias

Para acessar nossa postagem sobre a leitura do Livro de Miqueias nas celebrações litúrgicas, clique aqui.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Jubileu do Mundo do Esporte no ano 2000

No dia 29 de outubro do ano 2000 o Papa João Paulo II celebrou a Santa Missa do XXX Domingo do Tempo Comum (ano B) no Estádio Olímpico de Roma por ocasião do Jubileu do Mundo do Esporte no contexto do  Ano Santo.

Jubileu do Mundo do Esporte
Homilia do Papa João Paulo II
29 de outubro de 2000

1. Não sabeis que no estádio todos os atletas correm, mas só um ganha o prêmio? Portanto, correi para conseguir o prêmio (1Cor 9,24).
Em Corinto, onde Paulo transmitira o anúncio do Evangelho, havia um estádio muito importante em que se disputavam os “jogos ístmicos”. Portanto, oportunamente, para estimular os cristãos daquela cidade a comprometerem-se de maneira profunda na “corrida” da vida, o Apóstolo faz referência às competições atléticas. Nas corridas no estádio - diz ele - todos correm, embora um só seja o vencedor: portanto, correi também vós... Através da metáfora da sadia competição esportiva, ele põe em evidência o valor da vida, comparando-a a uma corrida rumo a uma meta não só terrestre e passageira, mas eterna. Uma corrida em que não só um, mas todos podem ser vencedores.
Hoje escutamos estas palavras do Apóstolo, reunidos neste Estádio Olímpico de Roma, que uma vez mais se transforma em um templo ao ar livre, como por ocasião do Jubileu Internacional dos Esportistas de 1984, Ano Santo da Redenção. Tanto nessa ocasião como hoje é Cristo, único Redentor do homem, que nos congrega e, com a sua palavra de salvação, ilumina o nosso caminho.


Dirijo a todos vós a minha calorosa saudação, caríssimos atletas e esportistas de todas as partes do mundo, que celebrais o vosso Jubileu! Exprimo o meu “obrigado” mais cordial aos responsáveis das instituições esportivas internacionais e italianas, assim como a todos aqueles que colaboraram para organizar este singular encontro com o mundo do desporto e com as suas diversificadas articulações.
Agradeço as palavras que me foram dirigidas pelo Presidente do Comitê Olímpico Internacional, Senhor Juan Antonio Samaranch; pelo Presidente do Comitê Olímpico Nacional Italiano (CONI), Senhor Giovanni Petrucci; e Senhor Antonio Rossi, vencedor da medalha de ouro em Sidney e em Atlanta, que interpretou os sentimentos de todos vós, diletos atletas. Enquanto vos contemplo reunidos e bem ordenados neste estádio, voltam-me à mente muitas recordações da minha vida, ligadas a experiências esportivas. Queridos amigos, obrigado pela vossa presença e sobretudo pelo entusiasmo com que estais a viver este encontro jubilar.

XII Catequese do Papa sobre a oração

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 28 de outubro de 2020
A oração (12): Jesus, homem de oração


Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
No nosso itinerário de catequeses sobre a oração, depois de termos percorrido o Antigo Testamento, chegamos agora a Jesus. E Jesus rezava. O início da sua missão pública tem lugar com o batismo no rio Jordão. Os Evangelistas concordam em atribuir uma importância fundamental a este episódio. Narram o modo como todo o povo se reuniu em oração, e especificam que esta reunião teve um claro caráter penitencial (cf. Mc 1,5; Mt 3,8). O povo procurava João para se fazer batizar para o perdão dos pecados: há um caráter penitencial, de conversão.
Portanto, o primeiro ato público de Jesus é a participação em uma oração comum do povo, uma prece do povo que se faz batizar, uma oração penitencial, na qual todos se reconhecem pecadores. Por isso, o Batista deseja opor-se, dizendo: «Eu é que devo ser batizado por ti. E Tu vens a mim?» (Mt 3,14).  O Batista compreende quem é Jesus. Mas Jesus insiste: o seu é um ato que obedece à vontade do Pai (v. 15), um ato de solidariedade para com a nossa condição humana. Ele reza com os pecadores do povo de Deus. Ponhamos isto na nossa cabeça: Jesus é o Justo, não é um pecador. Mas Ele queria vir até nós, pecadores, e Ele reza conosco, e quando rezamos Ele está conosco rezando; Ele está conosco porque está no céu rezando por nós. Jesus reza sempre com o seu povo, reza sempre conosco: sempre. Nunca rezamos sozinhos, rezamos sempre com Jesus. Ele não permanece na margem oposta do rio - “Eu sou justo, vós pecadores” - para marcar a sua diversidade e distância do povo desobediente, mas mergulha os seus pés nas mesmas águas de purificação. Faz-se como um pecador. E esta é a grandeza de Deus que enviou o Seu Filho, que se aniquilou a si mesmo e se manifestou como um pecador.
Jesus não é um Deus distante, e não o pode ser. A Encarnação revelou-o de forma completa e humanamente impensável. Assim, ao inaugurar a sua missão, Jesus coloca-se à frente de um povo de penitentes, como se estivesse encarregado de abrir uma brecha pela qual todos nós, depois d’Ele, devemos ter a coragem de passar. Mas   a via, o caminho, é difícil; mas Ele vai abrindo o caminho. O Catecismo da Igreja Católica explica que esta é a novidade da plenitude dos tempos. Diz: «A oração filial, que o Pai esperava dos seus filhos, vai finalmente ser vivida pelo próprio Filho, Único na sua humanidade, com e para os homens» (n. 2599). Jesus reza conosco. Ponhamos isto na cabeça e no coração: Jesus reza conosco.
Portanto, naquele dia, nas margens do rio Jordão, encontra-se toda a humanidade, com os seus anseios de oração não expressos. Há sobretudo o povo dos pecadores: aqueles que pensavam que não podiam ser amados por Deus, aqueles que não se atreviam a ir além do limiar do templo, aqueles que não rezavam porque não se sentiam dignos. Jesus veio para todos, até para eles e começa precisamente por se unir a eles, à frente deles.
O Evangelho de Lucas destaca sobretudo a atmosfera de oração em que o batismo de Jesus teve lugar: «Tendo sido batizado todo o povo, e no momento em que Jesus se encontrava em oração, depois de ter sido batizado, o céu abriu-se» (Lc 3,21). Orando, Jesus abre a porta do céu, e daquela brecha desce o Espírito Santo. E do alto uma voz proclama a maravilhosa verdade: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus todo o meu enlevo» (v. 22). Esta simples frase contém um tesouro imenso: faz-nos intuir algo do mistério de Jesus e do seu coração, sempre voltado para o Pai. No turbilhão da vida e do mundo que chegará a condená-lo, até nas experiências mais duras e tristes que deverá suportar, inclusive quando experimenta que não tem onde reclinar a cabeça (cf. Mt 8,20), até quando o ódio e a perseguição se desencadeiam à sua volta, Jesus nunca está sem o amparo de uma morada: habita eternamente no Pai.
Eis a grandeza única da oração de Jesus: o Espírito Santo apodera-se da sua pessoa e a voz do Pai atesta que Ele é o amado, o Filho em quem se reflete plenamente.
Esta prece de Jesus, que nas margens do rio Jordão é totalmente pessoal - e assim será ao longo da sua vida terrena - no Pentecostes se tornará, pela graça, a oração de todos os batizados em Cristo. Ele mesmo obteve este dom para nós e convida-nos a rezar como Ele rezou.
Por esta razão, se em uma noite de oração nos sentirmos fracos e vazios, se nos parecer que a vida tem sido completamente inútil, nesse momento devemos implorar que a prece de Jesus se torne também a nossa. “Hoje não posso rezar, não sei o que fazer: não me sinto capaz, sou indigno, indigna”. Neste momento, devemos confiar n’Ele para que reze por nós. Neste momento, Ele está diante do Pai rezando por nós, é o intercessor; mostra ao Pai as feridas por nós. Tenhamos confiança nisto! Se tivermos confiança, então ouviremos uma voz do céu, mais alta do que a voz que se eleva da nossa ignomínia, e ouviremos esta voz sussurrar palavras de ternura: “Tu és o amado de Deus, tu és filho, tu és a alegria do Pai que está nos céus”. Precisamente para nós, para cada um de nós, ressoa a palavra do Pai: mesmo que fôssemos rejeitados por todos, pecadores da pior espécie. Jesus não desceu às águas do Jordão para si mesmo, mas por todos nós.  Foi todo o povo de Deus que se aproximou do Jordão para rezar, para pedir perdão, para fazer o batismo de penitência. E como diz aquele teólogo, aproximaram-se do Jordão “com a alma e os pés nus”. Isso é humildade. Rezar requer humildade. Abriu os céus, como Moisés abriu as águas do mar Vermelho, para que todos nós pudéssemos passar atrás dele. Jesus ofereceu-nos a sua própria oração, que é o seu diálogo de amor com o Pai. Concedeu-a a nós como uma semente da Trindade, que quer criar raízes no nosso coração. Acolhamo-la! Acolhamos este dom, o dom da oração. Sempre com Ele. E não nos enganaremos. Obrigado!


Fonte: Santa Sé

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Discurso do Papa à Faculdade Teológica Marianum de Roma

No último sábado, 24 de outubro, o Papa Francisco recebeu os professores e alunos da Pontifícia Faculdade Teológica “Marianum” de Roma, por ocasião dos 70 anos da sua fundação.

Eu seu discurso, o Santo Padre abordou alguns temas que tocam a Liturgia, como a piedade popular e a arte sacra, como podemos ver a seguir:

Discurso do Papa Francisco aos Professores e Alunos da Pontifícia Faculdade Teológica “Marianum” de Roma
Sala Paulo VI
Sábado, 24 de outubro de 2020

Caros irmãos e irmãs,
Saúdo-vos e vos felicito pelo 70º aniversário da fundação da vossa Faculdade Teológica! Obrigado, Padre Chanceler, por suas amáveis palavras. O Marianum, desde o seu nascimento, foi confiado ao cuidado dos Servos de Maria. Desejo, pois, que cada um de vós possa viver o serviço a exemplo de Maria, «a serva do Senhor» (Lc 1,38). Um estilo mariano, um estilo que trará grande benefício a teologia, a Igreja e a vós.
Poderíamos perguntar-nos: a Mariologia serve hoje à Igreja e ao mundo? Obviamente, a nossa resposta é “sim”. Ir à escola de Maria é ir a uma escola de fé e de vida. Ela, mestra porque discípula, ensina bem o “alfabeto” da vida humana e cristã. Porém, há outro aspecto, vinculado à atualidade. Vivemos no tempo do Concílio Vaticano II. Nenhum outro Concílio na história dedicou tanto espaço à Mariologia quanto aquele dedicado pelo capítulo VIII da Lumen Gentium, que conclui e em certo sentido resume toda a Constituição Dogmática sobre a Igreja. Isto nos diz que os tempos em que vivemos são tempos de Maria. Mas temos necessidade de redescobri-la segundo a perspectiva do Concílio. Como o Concílio trouxe à luz a beleza da Igreja voltando às fontes e tirando o “pó” que se havia depositado sobre ela ao longo dos séculos, assim também as maravilhas de Maria se podem descobrir melhor indo ao coração do seu mistério. Ali emergem dois elementos, bem evidenciados pela Escritura: ela é mãe e é mulher. Também a Igreja é mãe e mulher.

Mãe. Reconhecida por Isabel como a «mãe do Senhor» (Lc 1,43), a Theotokos (Mãe de Deus) é também mãe de todos nós. Com efeito, ao discípulo João, e nele a cada um de nós, o Senhor disse sobre a cruz: «Eis a tua mãe!» (Jo 19,27). Jesus, naquela hora salvífica, nos estava dando a sua vida e o seu Espírito; e não deixou que a sua obra se cumprisse sem dar-nos a sua Mãe, porque deseja que na vida caminhemos com uma mãe, mais ainda, com a melhor das mães (cf. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, n. 285). São Francisco de Assis a amava justamente porque é mãe. Dele se escreveu que «circundava de indizível amor a Mãe do Senhor Jesus, pelo fato de que ela tornou nosso irmão o Senhor da Majestade» (S. Boaventura, Legenda major, 9,3: FF 1165). Maria tornou Deus nosso irmão e enquanto mãe pode tornar mais fraternos a Igreja e o mundo.
A Igreja tem necessidade de redescobrir o seu coração materno, que bate pela unidade; mas também o necessita a nossa Terra, para voltar a ser a casa de todos os seus filhos. Maria o deseja: «ela quer dar à luz um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja lugar para cada descartado das nossas sociedades, onde resplandeçam a justiça e a paz» (Carta Encíclica Fratelli tutti, n. 278). Temos necessidade de maternidade, que gera e regenera a vida com ternura, porque só o dom, a cura e a partilha mantêm unida a família humana. Pensemos o mundo sem as mães: não haveria futuro. As vantagens e os lucros, por si sós, não dão futuro; pelo contrário, às vezes aumentam as desigualdades e as injustiças. As mães, em vez disso, fazem com que cada filho se sinta em casa e dão esperança.
O Marianum  é chamado agora a ser uma instituição fraterna, não só através do bom clima familiar que vos distingue, mas também abrindo novas possibilidades de colaboração com outros institutos, que ajudarão a alargar os horizontes e a permanecer em dia com os tempos. Às vezes há medo de abrir-se, pensando que se poderia perder a própria especificidade, mas quando alguém “se arrisca” para dar vida e gerar o futuro não se engana, porque faz como as mães. E Maria é mãe que ensina a arte do encontro e do caminhar juntos. É belo agora que, como uma grande família, confluam ao Marianum tradições teológicas e espirituais diferentes, que contribuam também ao diálogo ecumênico e inter-religioso.

Maria - este é o outro elemento essencial - é mulher. Talvez o dado mariológico mais antigo do Novo Testamento diz que o Salvador «nasceu de uma mulher» (Gl 4,4). No Evangelho, pois, Maria é a mulher, a nova Eva, que de Caná ao Calvário intervém para a nossa salvação (cf. Jo 2,4; 19,26). Por fim, é a mulher vestida de sol que cuida da descendência de Jesus (cf. Ap 12,17). Como a mãe faz da Igreja uma família, a mulher faz de nós um povo. Não é por acaso que a piedade popular busca naturalmente a Maria. É importante que a Mariologia acompanhe a piedade popular com atenção, a promova, às vezes a purifique, permanecendo sempre atenta aos “sinais dos tempos marianos” que percorrem a nossa época.
Entres estes sinais, está o próprio papel da mulher: essencial para a história da salvação, não pode deixar de ser essencial para a Igreja e para o mundo. Mas quantas mulheres não recebem a dignidade que lhes é devida! A mulher, que trouxe Deus ao mundo, deve poder trazer seus dons à história. Há necessidade do seu engenho e do seu estilo. Há necessidade dela a teologia, para que não seja abstrata e conceitual, mas delicada, narrativa, vital. A Mariologia, em particular, pode contribuir a levar à cultura, também através da arte e da poesia, a beleza que humaniza e infunde esperança. E está chamada a buscar espaços mais dignos para a mulher na Igreja, a partir da comum dignidade batismal. Porque a Igreja, como disse, é mulher. Como Maria, é mãe, como Maria.
O Padre (Marko Ivan) Rupnik fez um quadro, que parece ser um quadro de Maria, mas não é. Parece que Maria está em primeiro plano, mas, ao contrário, a mensagem é: Maria não está em primeiro plano. Ela recebe Jesus, e com as mãos, como degraus de uma escada, o faz descer. É a synkatabasis  de Cristo através de Maria: a condescendência. E Cristo se apresenta como o Menino, mas também como o Senhor, com a Lei na mão. Mas também como filho da mulher, frágil, segurando no manto de Maria. Esta obra do Padre Rupnik é uma mensagem. Quem é Maria para nós? Aquela que, para cada um de nós, faz descer Cristo: Cristo, plenitude de Deus; Cristo, homem que se fez frágil por nós. Vejamos Maria assim: aquela que faz Cristo entrar, que faz Cristo passar, que deu à luz Cristo, e que permanece sempre mulher. É tão simples... E peçamos que ela nos abençoe. Darei agora a bênção a todos vós, pedindo que sempre possamos ter em nós aquele espírito de filhos e de irmãos. Filhos de Maria, filhos da Igreja, irmãos entre nós.

Modelo de mosaico mencionado pelo Papa:
As mãos de Maria são os degraus pelos quais Cristo desce
"Ave, ó escada sublime por quem Deus nos veio!"


terça-feira, 27 de outubro de 2020

Aniversário da Dedicação da Catedral de Lisboa: Homilia

No último domingo, dia 25 de outubro, o Patriarca de Lisboa, Cardeal Manuel Clemente, celebrou a Santa Missa na Catedral Patriarcal de Santa Maria Maior, a Sé de Lisboa, por ocasião da Solenidade do aniversário da sua Dedicação. Segue sua homilia na ocasião:

Solenidade da Dedicação da Sé
Uma Sé dedicada, para a dedicação de todos

Caríssimos irmãos
Estarmos aqui neste dia, celebrando a Dedicação da Sé, é também refundação nossa, como Igreja de Cristo em Lisboa. Fosse no longínquo século IV, quando o nosso primeiro Bispo conhecido aqui celebraria já, fosse depois nos tempos visigóticos, fosse de novo nos tempos portugueses, repetidamente aqui ressoou, em sucessivas línguas e ritos, o mesmo louvor a Deus Pai, por Cristo e no Espírito. Aqui se pregou o Evangelho e daqui se expandiu por toda a terra, como lembra um dístico do pórtico atual.
É esta perenidade que celebramos hoje e é nela que nos projetamos para amanhã e enquanto Deus quiser. Não por nós, que nem para o presente bastaríamos, mas por Deus, única garantia de tudo e único Senhor do seu Reino. Nele confiamos e em Santa Maria, invocação primeira desta Sé, na sua gloriosa Assunção.
De um templo nos falou também o Evangelho. Do templo que se refazia em Jerusalém, sucedendo a outros que ali mesmo houvera. Templos construídos e destruídos, como o de Herodes o seria também.
Jesus purificou-o, para que não fosse adulterado o seu destino, como Casa de Deus e nada menos. Mas o que disse, anunciando outro templo “no seu corpo”, destruído e levantado, assinalava já o verdadeiro lugar do culto novo, ou seja, Ele mesmo, Cristo morto e ressuscitado.

A personalização total da religião e do culto, fazendo da humanidade ressuscitada de Cristo e em Cristo o lugar certo e inultrapassável do louvor divino, é a purificação que nos importa e a dedicação que Deus requer. Para isso servem as construções que levantarmos: para nos incorporarem em Cristo, como membros do seu corpo eclesial.
Reparemos ainda na sucessão dos momentos: o templo espiritual sucede ao templo material. Entrando nesta Sé, deparamo-nos com a fonte batismal, onde com Cristo morremos e com Ele ressuscitamos. Espiritualmente, isto é, realmente, assim tem de ser, para acedermos ao templo novo.
Enquanto assim não for, permanecemos no templo antigo. Podemos admirar a sua arquitetura, apreciar-lhe a ornamentação, valorizar-lhe o cerimonial... Algum bem será, mas nada de essencial ainda, se ficarmos por aí. No tempo de Jesus também se extasiavam com a beleza daquela grande construção, de que hoje só resta a lembrança e o lamento...
Na sua Páscoa sim, e ali bem perto, se reergueu o templo definitivo, no corpo ressuscitado de Cristo. Ressurreição alargada pelo seu Espírito a toda a humanidade que incorpora, tornando-se finalmente em “casa de oração para todos os povos”. Assim o ouvimos também na profecia.
Espírito de universal ressurreição, que sopra sem peias nem fronteiras, antecedendo e esperando a presença sensível da Igreja que somos - como verificou Pedro em casa de Cornélio (cf. At 10,45) e nós verificaremos hoje, quando chegarmos aonde ainda não fomos -, para tudo se realizar plenamente em Cristo, glorificando a Deus Pai.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Ângelus do Papa: XXX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 25 de outubro de 2020

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Na página do Evangelho de hoje (cfMt 22,34-40), um doutor da Lei pergunta a Jesus qual é «o maior mandamento» (v. 36), ou seja, o mandamento principal de toda a Lei divina. Jesus responde simplesmente: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente» (v. 37). E acrescenta imediatamente: «O segundo é semelhante a esse: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”» (v. 39).
A resposta de Jesus retoma e une dois preceitos fundamentais que Deus deu ao seu povo através de Moisés (cfDt 6,5; Lv 19,18). E assim supera a cilada que lhe fizeram «para o pôr à prova» (v. 35). O seu interlocutor, de fato, tenta arrastá-lo para a disputa entre os peritos da Lei sobre a hierarquia das prescrições. Mas Jesus estabelece duas pedras angulares essenciais para os crentes de todos os tempos, duas pedras angulares essenciais da nossa vida. A primeira é que a vida moral e religiosa não pode ser reduzida a uma obediência ansiosa e forçada. Há pessoas que procuram cumprir os mandamentos de uma forma ansiosa ou forçada, e Jesus faz-nos compreender que a vida moral e religiosa não pode ser reduzida a uma obediência ansiosa e forçada, mas deve ter o amor como princípio. A segunda pedra angular é que o amor deve tender junta e inseparavelmente para Deus e para o próximo. Esta é uma das principais novidades do ensinamento de Jesus e faz-nos compreender que não é amor verdadeiro a Deus o que não se expressa no amor ao próximo; e, da mesma forma, não é amor verdadeiro ao próximo o que não se inspira no relacionamento com Deus.
Jesus conclui a sua resposta com estas palavras: «Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas» (v. 40). Isto significa que todos os preceitos que o Senhor deu ao seu povo devem ser postos em relação com o amor a Deus e ao próximo. De fato, todos os mandamentos servem para implementar, para expressar esse duplo amor indivisível. O amor a Deus exprime-se sobretudo na oração, em particular na adoração. Descuidamos muito a adoração a Deus. Recitamos a oração de ação de graças, a súplica para pedir algo..., mas negligenciamos a adoração. O núcleo da oração consiste precisamente em adorar a Deus. E o amor ao próximo, que também se chama caridade fraterna, é feito de proximidade, de escuta, de partilha, de cuidado pelo próximo. E muitas vezes não ouvimos o outro porque é tedioso ou porque me rouba tempo, não o apoiamos, não o acompanhamos nas suas dores e provações... Mas encontramos sempre tempo para fofocar, sempre! Não temos tempo para consolar os aflitos, mas muito tempo para bisbilhotar. Atenção! O Apóstolo João escreve: «Quem não ama a seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê?» (1Jo 4,20). Assim, vemos a unidade destes dois mandamentos.
No Evangelho de hoje, mais uma vez, Jesus ajuda-nos a ir à fonte viva e jorrante do Amor. E esta nascente é o próprio Deus, que deve ser amado totalmente, em uma comunhão que nada e ninguém pode interromper. Comunhão que é um dom a ser invocado todos os dias, mas também um compromisso pessoal para que a nossa vida não seja escravizada pelos ídolos do mundo. E a avaliação da nossa jornada de conversão e santidade consiste sempre no amor ao próximo. Esta é a avaliação: se eu disser “amo a Deus” e não amar o próximo, não está bem. A comprovação de que eu amo a Deus é que amo o próximo. Enquanto houver um irmão ou irmã a quem fechamos o nosso coração, estaremos ainda longe de ser discípulos, como Jesus nos pede. Mas a Sua misericórdia divina não nos permite desanimar, pelo contrário, chama-nos a recomeçar todos os dias a fim de vivermos o Evangelho de forma coerente.
Que a intercessão de Maria Santíssima abra o nosso coração para receber o “maior mandamento”, o duplo mandamento do amor, que resume toda a Lei de Deus e da qual depende a nossa salvação.

Cristo entre os fariseus (Jacob Jordaens - séc. XVII)

Após a oração do Ângelus, o Papa anunciou um Consistório para a criação de 13 novos Cardeais no próximo dia 28 de novembro. Confira seus nomes clicando aqui.

Fonte: Santa Sé

Indulgências para a Comemoração dos Fiéis Defuntos 2020

Tradicionalmente, estão associadas à Comemoração dos Fiéis Defuntos (02 de novembro) duas indulgências, ambas aplicáveis somente aos fiéis defuntos:

- ao fiel que visitar devotamente um cemitério do dia 01 ao dia 08 de novembro e rezar pelos defuntos;

- ao fiel que visitar devotamente uma igreja ou oratório no dia 02 de novembro e aí rezar o Pai-nosso e o Creio (podendo ser transferida ao domingo mais próximo ou à Solenidade de Todos os Santos) [1].

Lembrando que as condições para lucrar qualquer indulgência são sempre a confissão sacramental, a comunhão eucarística e a oração (ao menos um Pai-nosso e uma Ave-Maria) nas intenções do Santo Padre [2].


Porém, neste ano de 2020, devido à pandemia de Covid-19, a Penitenciária Apostólica, órgão da Cúria Romana responsável pela concessão de indulgências, estendeu os prazos e propôs novas formas de lucrar essas indulgências em favor dos falecidos.

Assim, conforme o Decreto assinado pelo Penitenciário Maior, Cardeal Mauro Piacenza, extraordinariamente para o mês de novembro de 2020 fica estabelecido que:

a) Concede-se indulgência ao fiel que visitar devotamente um cemitério em qualquer dia do mês de novembro e aí rezar pelos fiéis defuntos;

b) Concede-se indulgência ao fiel que visitar devotamente uma igreja ou oratório no dia 02 de novembro e aí rezar o Pai-nosso e o Creio. Esta, porém, pode ser transferida para qualquer dia do mês de novembro.

Papa Francisco reza em um cemitério

Além disso, os idosos, os enfermos e aqueles que não podem sair de casa devido à pandemia, podem obter a indulgência se rezarem devotamente diante de uma imagem de nosso Senhor Jesus Cristo ou da Virgem Maria na intenção dos fiéis defuntos:
- as Laudes ou as Vésperas do Ofício dos Defuntos;
- o “terço” ou rosário mariano;
- o “terço” ou coroa da Divina Misericórdia;
- outras orações pelos defuntos.

domingo, 25 de outubro de 2020

Papa Francisco criará 13 novos Cardeais

Mesmo em meio à pandemia de Covid-19, o Papa Francisco anunciou durante a oração do Ângelus deste domingo, 25 de outubro, que celebrará um Consistório para a criação de novos Cardeais - o sétimo do seu Pontificado - no próximo dia 28 de novembro, véspera do I Domingo do Advento.

Na ocasião serão criados 13 novos Cardeais, sendo 09 eleitores em um eventual Conclave e 04 não-eleitores (com mais de 80 anos).

Cardeais eleitores:

1. Dom Mario Grech
Secretário Geral do Sínodo dos Bispos
Nascimento: 20 de fevereiro de 1957 (Malta) - 63 anos

2. Dom Marcello Semeraro
Nascimento: 22 de dezembro de 1947 (Itália) - 72 anos

3. Dom Antoine Kambanda
Arcebispo de Kigali (Ruanda)
Nascimento: 10 de novembro de 1958 (Ruanda) - 62 anos

4. Dom Wilton Daniel Gregory
Arcebispo de Washington (EUA)
Nascimento: 07 de dezembro de 1947 (EUA) - 72 anos

5. Dom Jose Fuerte Advincula
Arcebispo de Capiz (Filipinas)
Nascimento: 30 de março de 1952 (Filipinas) - 68 anos

sábado, 24 de outubro de 2020

Homilia: XXX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Autor desconhecido
Sermão atribuído a São Cipriano
É cristão o que em tudo imita a Cristo

O que Cristo fez e ensinou é a vontade de Deus: simplicidade nas relações, estabilidade na fé, modéstia no falar, justiça no agir, misericórdia na prática, disciplina nos costumes; ser incapaz de injuriar e pronto para tolerar o que lhe fizerem; tremer frente à adversidade alheia como frente à sua própria; congratular-se na prosperidade do outro, como de nosso próprio mérito ou utilidade; ter por próprios os males alheios, estimar como nossos os êxitos do próximo; amar ao amigo não por razões humanas, mas por amor de Deus; suportar ao inimigo até amá-lo; não faças a ninguém o que não quer que te façam; não negues a ninguém o que gostarias que fizessem para ti; socorrer ao próximo em suas necessidades não só segundo tuas possibilidades, mas desejar ser-lhe útil mesmo acima de tuas capacidades reais; manter a paz com os irmãos; amar a Deus com todo o coração; amar-lhe enquanto Pai, temer-lhe enquanto Senhor; não preferir nada a Cristo, pois Ele também não preferiu nada ao nosso amor.
Todo aquele que ama o nome do Senhor, se gloriará nele. Aceitemos ser aqui miseráveis, para em seguida sermos felizes. Sigamos a Cristo, ao Senhor Jesus. Quem diz que permanece nele, deve viver como ele viveu. Cristo, Filho de Deus, não veio para dominar, mas para servir. Fez-se pobre para enriquecer-nos, por nós aceitou a flagelação, para que não nos lamentássemos ao sermos açoitados.
Imitemos a Cristo. O nome de cristão pressupõe a justiça, a bondade, a integridade. É cristão aquele que em tudo imita a Cristo e lhe segue; aquele que é santo, inocente, incontaminado, puro. É cristão aquele em cujo coração não há lugar para a malícia, aquele em cujo peito somente há piedade e a bondade tem carta de cidadania.
Cristão é aquele que vive a vida de Cristo; aquele que está totalmente entregue à misericórdia; que desconhece a injúria; não suporta que, em sua presença, se oprima ao pobre; socorre ao necessitado; se entristece com os tristes; sente como própria a dor alheia; a quem comove o pranto do outro; cuja casa é a casa de todos; cuja porta a ninguém se fecha; cuja mesa nenhum pobre ignora; cujo bem todos conhecem e de quem ninguém recebe injúrias; aquele que de dia e de noite serve a Deus; cuja alma é simples e imaculada; cuja consciência é fiel e pura; cujo pensamento está totalmente centrado em Deus; o que despreza as coisas humanas, para ter acesso às celestiais.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 241-242. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório Magno para este domingo clicando aqui.

Nomeado novo Exarca para os Ucranianos na Itália

Além da nomeação do novo Patriarca de Jerusalém, na manhã de hoje, 24 de outubro de 2020, o Papa Francisco nomeou também o novo Exarca Apostólico para os fiéis de rito bizantino-ucraniano na Itália: o brasileiro Dom Dionísio Lachovicz, O.S.B.M. (Діоні́сій Ляхо́вич).


Paulo Dionisio Lachovicz nasceu em 02 de julho de 1946 em Itaiópolis (SC). Ingressando na Ordem de São Basílio Magno (basilianos), fez sua profissão perpétua em 30 de março de 1970 e foi ordenado sacerdote em 08 de dezembro de 1972, pelo então Bispo Coadjutor da Eparquia de São João Batista dos Ucranianos no Brasil, Dom Efraim Basílio Krevey.

Após completar os estudos superiores em Filosofia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma em 1982, foi nomeado reitor do Seminário de Filosofia dos basilianos em Curitiba (PR). Em 1991 é enviado à Ucrânia, onde se torna Reitor do Seminário Filosófico e Teológico da Ordem em Zolochiv.

Em 1996 foi eleito Protoarquimandrita, isto é, Superior Geral da Ordem Basiliana, ofício que exerceu até 2004.

No dia 21 de dezembro de 2005, foi nomeado Bispo Curial do Arcebispado Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, sendo-lhe confiada a sede titular de Egnatia. Recebeu a ordenação episcopal em 26 de fevereiro de 2006 em Prudentópolis (PR), sendo ordenanante principal o então Arcebispo-Maior, Cardeal Lubomyr Husar.


Em 19 de janeiro de 2009 é nomeado Visitador Apostólico para os fiéis de rito bizantino-ucraniano na Itália e na Espanha. Exerceu esse ofício na Espanha até 09 de junho de 2016, quando foi criado o Ordinariato para os fiéis orientais nesse país (aos cuidados do Arcebispo de Madrid).

Na Itália, por sua vez, exerceu o ofício até 11 de julho de 2019, quando foi criado o Exarcado, confiado em um primeiro momento ao Vigário Geral de Roma, Cardeal Ângelo De Donatis, como Administrador Apostólico.

Com informações do site da Santa Sé.

Nomeado novo Patriarca de Jerusalém

Na manhã de hoje, 24 de outubro de 2020, o Papa Francisco nomeou Dom Pierbattista Pizzaballa, O.F.M., até então Administrador Apostólico do Patriarcado de Jerusalém, como novo Patriarca de Jerusalém.


Pierbattista Pizzaballa nasceu em 21 de abril de 1965 em Cologno al Serio (Itália), na Diocese de Bérgamo. Ingressando na Ordem dos Frades Menores (franciscanos), fez sua profissão perpétua em 14 de outubro de 1989 e foi ordenado sacerdote em 15 de setembro de 1990, em Bolonha.

Enviado em missão à Custódia Franciscana da Terra Santa, após realizar os estudos de especialização no Studium Biblicum Franciscanum em Jerusalém, tornou-se professor de hebraico bíblico.

Foi eleito Custódio da Terra Santa em maio de 2004, ofício que desempenhou até abril de 2016.

No dia 24 de junho de 2016 o Papa Francisco o nomeou Arcebispo Titular de Verbe e Administrador Apostólico do Patriarcado de Jerusalém, após a renúncia do anterior Patriarca, Dom Fouad Twal, por limite de idade.

Recebeu a ordenação episcopal na Catedral de Bérgamo em 10 de setembro de 2016. O ordenante principal foi o Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, à qual o Patriarcado de Jerusalém está ligado.

[Para acessar as fotos da Ordenação Episcopal, clique aqui]

Foi acolhido na Co-Catedral do Santíssimo Nome de Jesus em Jerusalém no dia 21 de setembro de 2016.

[Para acessar as fotos da acolhida em Jerusalém, clique aqui]


Com informações do site da Santa Sé.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Os santos do Antigo Testamento (2)

Vós vos aproximastes da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão inscritos nos céus” (cf. Hb 12,22-23)

Na postagem anterior desta série sobre os santos do Antigo Testamento (AT) começamos a percorrer suas comemorações no Martirológio Romano, desde os Patriarcas até a época dos juízes.

Nesta postagem continuaremos com a época da monarquia, os profetas da tradição oral e os “Profetas maiores”. Na próxima postagem concluiremos com os “Profetas menores” e outros personagens da história de Israel.

1. Período da Monarquia e Profetas da tradição oral:

Samuel: 20 de agosto
Comemoração de São Samuel, profeta, que, chamado por Deus quando ainda era criança, foi depois juiz em Israel e, por mandato divino, ungiu Saul como rei do seu povo; mas, quando Deus repudiou Saul por causa da sua infidelidade, conferiu a unção real a Davi, de cuja descendência havia de nascer Cristo.

O profeta Samuel faz a ponte entre o período dos juízes e a Monarquia de Israel, ungindo seus dois primeiros reis: Saul (1Sm 10) e Davi (1Sm 16).

São Samuel

Davi: 29 de dezembro
Comemoração de São Davi, rei e profeta, filho de Jessé de Belém, que encontrou graça diante de Deus e foi ungido com o óleo santo pelo profeta Samuel para reinar sobre o povo de Israel; trasladou a arca da aliança do Senhor para a cidade de Jerusalém, e o Senhor lhe jurou que a sua descendência permaneceria para sempre, porque dela nasceria Jesus Cristo, segundo a carne.

Davi é, com efeito, o grande rei de Israel: unificou as tribos, fixando Jerusalém como sua capital; é associado aos Salmos, sendo um “rei poeta”. Da sua descendência viria o Messias (2Sm 7).

Sua celebração está diretamente relacionada ao Natal. Se no Rito Romano é comemorado no dia 29 de dezembro, no Rito Bizantino é celebrado no domingo após o Natal, junto com seu descendente José, o esposo de Maria. Como vimos na postagem anterior, Abraão e Davi fazem então a “moldura” para o nascimento do Salvador, pois Abraão é especialmente recordado no domingo anterior ao Natal e Davi no domingo seguinte.

São Davi

Para acessar nossas postagens sobre a leitura litúrgica dos Livros de Samuel, clique aqui.

Elias: 20 de julho
A comemoração de Santo Elias, o Tesbita, profeta do Senhor no tempo de Acab e Acazias, reis de Israel, que reivindicou os direitos do Deus único contra a infidelidade do povo com tanto ardor que prefigurava não só João Batista mas o próprio Cristo. Não deixou oráculos escritos, mas a sua memória é fielmente conservada, especialmente no monte Carmelo.

A devoção a Elias é particularmente difundida pela Ordem dos Carmelitas. Como vimos na postagem anterior, Elias "co-preside" junto com Moisés o coro dos Profetas (razão pela qual os dois aparecem no episódio da Transfiguração do Senhor).

Solenidade de São João Paulo II em Cracóvia

No último dia 22 de outubro o Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou a Santa Missa no Santuário de São João Paulo II por ocasião da Memória deste santo (celebrada com grau de Solenidade em seu Santuário).

A homilia ficou a cargo do Arcebispo Emérito, Cardeal Stanisław Dziwisz, que foi o secretário de São João Paulo II.

Procissão de entrada
Evangelho
Homilia do Cardeal Dziwisz
Apresentação das oferendas
Incensação

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Jubileu dos Missionários no ano 2000

No dia 22 de outubro do ano 2000, durante o Grande Jubileu, o Papa João Paulo II celebrou a Santa Missa na Praça de São Pedro por ocasião da conclusão do Congresso Missionário Mundial e do Dia Mundial das Missões no contexto do Ano Santo.

Foi celebrada a Missa do XXIX Domingo do Tempo Comum (ano B).

Missa no Dia Missionário Mundial
Homilia do Papa João Paulo II
22 de outubro de 2000

1. “O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mc 10,45).
Caríssimos irmãos e irmãs, estas palavras do Senhor ressoam hoje, Dia Missionário Mundial, como feliz notícia para toda a humanidade e como programa de vida para a Igreja e para cada cristão. Foi o que recordou no início desta celebração o Cardeal Jozef Tomko, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, informando-me que hoje de manhã nesta Praça estão presentes os delegados de 127 nações, participantes no Congresso Missionário Mundial, e os estudiosos de várias confissões vindos para o Congresso Missiológico Internacional. Agradeço ao Cardeal Tomko o discurso de homenagem que me dirigiu e todo o trabalho que, juntamente com os membros da Congregação por ele presidida, desempenha ao serviço do anúncio do Evangelho no mundo.
“O Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. Estas palavras constituem a autoapresentação do Mestre Divino. Jesus define a Si mesmo como Aquele que veio para servir, e que precisamente no serviço e do dom total de Si até à cruz revela o amor do Pai. O seu rosto de “servo” não diminui a sua grandeza divina; ao contrário, ilumina-a com uma luz renovada.
Jesus é o “sumo sacerdote eminente” (Hb 4,14), é a Palavra que “no princípio... estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio d'Ela e, de tudo o que existe, nada foi feito sem Ela” (Jo 1,2). Jesus é o Senhor que “tinha a condição divina, mas não Se apegou à sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de servo” (Fl 2,6-7); Jesus é o Salvador, de quem “nos podemos aproximar com plena confiança”. Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6), o pastor que deu a vida pelas ovelhas (cf. Jo 10,11), o Autor da vida (cf. At 3,15).

2. O compromisso missionário brota como fogo de amor da contemplação de Jesus e do fascínio que Ele emana. O cristão que contemplou Jesus Cristo não pode deixar de sentir-se arrebatado pelo Seu fulgor (cf. Vita consecrata, n. 14) e de testemunhar a sua fé em Cristo, único Salvador do homem. Que grande graça é esta fé que recebemos como dádiva do alto, sem qualquer mérito da nossa parte (cf. Redemptoris missio, n. 11)!
Por sua vez, esta graça torna-se fonte de responsabilidade. É uma graça que faz de nós anunciadores e apóstolos: eis por que motivo na Encíclica Redemptoris missio eu dizia que “a missão é um problema de fé, é a medida exata da nossa fé em Cristo e no seu amor por nós” (n. 11). Depois, acrescentava: “se o missionário não é contemplativo, não pode anunciar Cristo de modo credível” (n. 91).
É fixando o olhar em Jesus, missionário do Pai e Sumo Sacerdote, autor e consumador da fé (cf. Hb 3,1; 12,2), que aprendemos o sentido e o estilo da missão.

3. Ele não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de todos. No seguimento de Cristo, o dom de si a todos os homens constitui um imperativo fundamental para a Igreja e, ao mesmo tempo, a indicação de um método para a sua missão.
Dar-se significa em primeiro lugar reconhecer o outro no seu valor e nas suas necessidades. “A atitude missionária começa sempre com um sentimento de profunda estima pelo que há no homem, por aquilo que ele mesmo, no íntimo do seu espírito, elaborou em relação aos problemas mais profundos e importantes; trata-se de respeitar tudo o que nele atuou o Espírito, que sopra onde quer” (Redemptor hominis, n. 12).
Assim como Jesus revelou a solidariedade de Deus pela pessoa humana, assumindo totalmente a sua condição, exceto o pecado, também a Igreja deseja ser solidária com “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem” (Gaudium et spes, n. 1). Ela aproxima-se da pessoa humana com a discrição e o respeito de quem tem uma obra a realizar e acredita que o primeiro e maior serviço consiste em anunciar o Evangelho de Jesus, em fazer conhecer o Salvador, Aquele que revelou o Pai e, ao mesmo tempo, em desvelar o homem ao próprio homem.

4. A Igreja quer anunciar Jesus Cristo, Filho de Maria, seguindo o caminho que o próprio Cristo percorreu: o serviço, a pobreza, a humildade e a cruz. Portanto, ela há de resistir com vigor às tentações que o Evangelho hodierno nos deixa entrever no comportamento dos dois irmãos, que desejavam sentar-se “um à direita e o outro à esquerda” do Mestre, mas inclusivamente dos outros discípulos que não se mostraram insensíveis ao espírito de rivalidade e de competição. A palavra de Cristo traça uma evidente linha de divisão entre o espírito do domínio e o espírito do serviço. Para o discípulo de Cristo, ser o primeiro significa ser “servo de todos”.
Trata-se de uma inversão de valores que só se compreende voltando o olhar para o Filho do homem, “desprezado e rejeitado pelos homens, homem do sofrimento experimentado na dor” (Is 53,3). São estas as palavras que o Espírito Santo fará com que a sua Igreja compreenda, no que se refere ao mistério de Cristo. Somente no Pentecostes os Apóstolos receberão a capacidade de crer na “força da debilidade”, que se manifesta na Cruz.
E aqui, o meu pensamento dirige-se aos inúmeros missionários que, dia após dia, no silêncio e sem a assistência de qualquer poder humano, anunciam e antes ainda testificam o seu amor a Jesus, muitas vezes até ao dom da própria vida, como aconteceu ainda recentemente. Que espetáculo se apresenta aos olhos do coração! Quantos irmãos e irmãs despendem com generosidade as próprias energias nas linhas de fronteira do Reino de Deus! São Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos que nos representam Cristo vivo, mostrando-O concretamente como o Senhor que veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida por amor ao Pai e aos irmãos. Dirijo a todos o meu grato reconhecimento, juntamente com um caloroso encorajamento a perseverarem com confiança. Coragem, irmãos e irmãs! Cristo está convosco.
Contudo, cada qual com a própria contribuição, todo o povo de Deus deve estar ao lado daqueles que se prodigalizam na vanguarda da missão “ad gentes”, como bem intuíram e evidenciaram os fundadores das Pontifícias Obras Missionárias: todos podem e devem participar na evangelização, mesmo os pequeninos, os enfermos e os pobres com o seu óbolo, precisamente como o da viúva, que Jesus indica como exemplo (cf. Lc 21,1-4). A missão é obra de todo o povo de Deus, cada um na vocação a que a Providência o chamou.

5. As palavras de Jesus acerca do serviço constituem também uma profecia de um novo estilo de relações a promover não só na comunidade cristã, mas também na sociedade em geral. Jamais devemos perder a esperança de fazer nascer um mundo mais fraterno. A competição desregrada, o desejo de dominar os outros a qualquer custo, a discriminação fomentada por aqueles que se julgam superiores aos outros e a desenfreada busca da riqueza encontram-se na origem de injustiças, violências e guerras.
Assim, as palavras de Jesus tornam-se uma exortação a invocar a paz. A missão é o anúncio de Deus que é Pai, de Jesus que é nosso Irmão maior, do Espírito que é amor. A missão é colaboração, humilde mas apaixonada, no desígnio de Deus que deseja uma humanidade salva e reconciliada. No ápice da história do homem, segundo Deus, há um projeto de comunhão e a missão deve conduzir a Ele.
À Rainha da Paz, Rainha das Missões e Estrela da Evangelização, peçamos o dom da paz. Invoquemos a sua proteção materna sobre todos aqueles que, com generosidade, colaboram na difusão do nome e da mensagem de Jesus. Ela nos obtenha uma fé tão viva e ardente que faça ressoar com força renovada aos homens do nosso tempo a proclamação da verdade de Cristo, único Salvador do mundo.
Enfim, desejo recordar as palavras que pronunciei há vinte e dois anos nesta Praça: “Não tenhais medo! Abri as portas a Cristo!”.

João Paulo II, o "Papa missionário"
(Foto da Missa de início do ministério petrino - 22 de outubro de 1978)

Fonte: Santa Sé

XI Catequese do Papa sobre a oração

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 21 de outubro de 2020
A oração (11): A oração dos Salmos II

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje completamos a catequese sobre a oração dos Salmos. Antes de tudo, notamos que nos Salmos aparece frequentemente uma figura negativa, a do “ímpio”, ou seja, aquele ou aquela que vive como se Deus não existisse. É a pessoa sem qualquer referência ao transcendente, sem freios na sua arrogância, que não teme o julgamento sobre o que pensa e o que faz.
Por esta razão, o Saltério apresenta a oração como a realidade fundamental da vida. A referência ao absoluto e ao transcendente - que os mestres da ascese denominam “temor sagrado de Deus” - é o que nos torna plenamente humanos, é o limite que nos salva de nós mesmos, impedindo que nos aventuremos nesta vida de modo predatório e voraz. A oração é a salvação do ser humano!
Certamente, existe também uma oração falsa, uma prece feita apenas para sermos admirados pelos outros. Aquele ou aqueles que vão à Missa apenas para mostrar que são católicos ou para exibir o último modelo que compraram, ou para fazer uma boa figura social. Esses vão a uma oração falsa. Jesus advertiu fortemente a este respeito (cf. Mt 6,5-6; Lc 9,14). Mas quando o verdadeiro espírito de oração é acolhido com sinceridade e entra no coração, então faz-nos contemplar a realidade com o olhar do próprio Deus.
Quando rezamos, tudo adquire “profundidade”. Isto é curioso na oração, talvez comecemos por uma coisa sutil, mas na oração essa coisa adquire espessura, adquire peso, como se Deus a tomasse em Suas mãos e a transformasse. O pior serviço que pode ser prestado, a Deus e também ao homem, é rezar com tédio, de maneira rotineira. Rezar como papagaios. Não, reza-se com o coração. A oração é o centro da vida. Se houver oração, o irmão, a irmã, até o inimigo, torna-se importante. Um antigo ditado dos primeiros monges cristãos reza: «Abençoado é o monge que, depois de Deus, considera todos os homens como Deus» (Evágrio Pôntico, Tratado sobre a Oração, n. 123). Quem adora Deus, ama os seus filhos. Quem respeita Deus, respeita os seres humanos.
Por esta razão, a oração não é um calmante para aliviar as ansiedades da vida; ou, contudo, uma prece deste tipo certamente não é cristã. Ao contrário, a oração responsabiliza cada um de nós. Vemos isto claramente no “Pai-nosso”, que Jesus ensinou aos seus discípulos.
Para aprender este modo de rezar, o Saltério é uma grande escola. Vimos que os Salmos nem sempre usam palavras requintadas e gentis, e muitas vezes têm as cicatrizes da existência. No entanto, todas estas orações foram utilizadas primeiro no Templo de Jerusalém e depois nas sinagogas; até as mais íntimas e pessoais. Assim se expressa o Catecismo da Igreja Católica: «As expressões multiformes da oração dos Salmos tomam forma, ao mesmo tempo, na Liturgia do templo e no coração do homem» (n. 2588). E, deste modo, a oração pessoal haure e alimenta-se primeiro daquela do povo de Israel e depois daquela do povo da Igreja.
Inclusive os Salmos na primeira pessoa do singular, que confidenciam os pensamentos e os problemas mais íntimos de um indivíduo, são patrimônio coletivo, a ponto de serem recitados por todos e para todos. A oração dos cristãos tem este “respiro”, esta “tensão” espiritual que mantém unidos o templo e o mundo. A prece pode começar na penumbra da nave de uma igreja, mas depois acaba a sua corrida pelas ruas da cidade. E vice-versa, pode germinar durante os afazeres diários e encontrar o seu cumprimento na Liturgia. As portas das igrejas não são barreiras, mas “membranas” permeáveis, disponíveis para acolher o clamor de todos.
O mundo está sempre presente na oração do Saltério. Os Salmos, por exemplo, dão voz à promessa divina de salvação dos mais frágeis: «Por causa da aflição dos humildes e dos gemidos dos pobres, me levantarei, diz o Senhor, para lhes dar a salvação que desejam» (Sl 11,6). Ou alertam para o perigo das riquezas mundanas, porque «o homem que vive na opulência e não reflete é semelhante ao gado que se abate» (Sl 48,21). Ou, ainda, abrem o horizonte ao olhar de Deus sobre a história: «O Senhor desfaz os planos das nações pagãs, reduz a nada os projetos dos povos. Só os desígnios do Senhor permanecem eternamente, os pensamentos do seu coração por todas as gerações» (Sl 32,10-11).
Em síntese, onde está Deus, deve estar também o homem. A Sagrada Escritura é categórica: «Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro». Ele está sempre à nossa frente. Ele espera sempre por nós porque nos ama primeiro, ele olha para nós primeiro, ele compreende-nos primeiro. Ele espera sempre por nós «Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê». Se rezas muitos terços por dia, mas depois falas mal de outros, e depois sentes rancor interior, ódio contra o próximo, isto é puro artifício, não é verdadeiro. «De Deus recebemos este mandamento: aquele que amar a Deus, ame também ao seu irmão» (1Jo 4,19-21). A Escritura admite o caso de uma pessoa que, mesmo procurando sinceramente a Deus, nunca consegue encontrá-lo; mas afirma também que nunca se pode negar as lágrimas dos pobres, sob pena de não encontrar a Deus. Deus não suporta o “ateísmo” daqueles que negam a imagem divina impressa em cada ser humano. Aquele ateísmo quotidiano: acredito em Deus, mas com os outros mantenho a minha distância e permito-me odiar os outros. Isto é ateísmo prático. Deixar de reconhecer a pessoa humana como imagem de Deus é um sacrilégio, uma abominação, é a pior ofensa que se pode levar ao templo e ao altar.
Estimados irmãos e irmãs, que a oração dos Salmos nos ajude a não cair na tentação da “impiedade”, ou seja, de viver, e talvez até de rezar como se Deus não existisse, como se os pobres não existissem.


Fonte: Santa Sé

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Fotos da Celebração Ecumênica pela paz

Na última terça-feira, 20 de outubro, o Papa Francisco presidiu na Basílica de Santa Maria in Aracoeli uma Celebração Ecumênica na intenção da paz no mundo, promovida pela Comunidade Santo Egídio.

Estiveram presentes o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla e representantes de outras igrejas e comunidades eclesiais cristãs.

Após a Celebração Ecumênica houve um encontro inter-religioso pela paz na Praça do Campidoglio, sede da prefeitura de Roma.

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Leitura do profeta Isaías