quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Papa Francisco nomeia dois Núncios Apostólicos

No dia 26 de fevereiro de 2018 o Papa Francisco nomeou dois oficiais da Cúria Romana como novos Núncios Apostólicos, isto é, embaixadores da Santa Sé:

Monsenhor Alfred Xuereb
Nasceu em Gozo, na ilha de Malta, em 14 de outubro de 1958. Foi ordenado sacerdote em 26 de maio de 1984.
Enviado a Roma para o Mestrado em Teologia, começou a trabalhar na Secretaria da Pontifícia Universidade Lateranense em 1991. Em 1995 iniciou os trabalhos na Secretaria de Estado da Santa Sé, na Seção de Serviços Gerais (Affari Generali) e em 2000 foi transferido para a Prefeitura da Casa Pontifícia.
Em 11 de setembro de 2007 torna-se Segundo Secretário do Papa Bento XVI e, com a renúncia deste, permanece como Secretário do Papa Francisco.
Em 03 de março de 2014 o Papa Francisco o nomeia Secretário Geral da nova Secretaria para a Economia, cargo que ocupa até então.
Foi nomeado Arcebispo titular de Amantea e Núncio Apostólico na Coreia do Sul e Mongólia.

Mons. Xuereb com Bento XVI

Monsenhor José Avelino Bettencourt
Nasceu na ilha de Açores (Portugal), em 23 de maio de 1962. Foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1993 para a Arquidiocese de Ottawa (Canadá).
Mestre em Direito Canônico, ingressou no Serviço Diplomático da Santa Sé em 01 de julho de 1999. Trabalhou na Nunciatura Apostólica da República Democrática do Congo e na Secretaria de Estado da Santa Sé, Seção de Relações com os Estados.
Em 14 de novembro de 2012 foi nomeado Chefe de Protocolo da Secretaria de Estado, responsável, dentre outras coisas, por acompanhar os Chefes de Estado que visitam o Papa.
Foi nomeado Arcebispo titular de Aemona, mas ainda não recebeu um destino como Núncio Apostólico.
[Atualização: Em 01 de março de 2018 Mons. Bettencourt foi designado para a Nunciatura na Armênia. Em 08 de março foi-lhe confiada também a Nunciatura na Geórgia.]

Mons. Bettencourt com o Papa Francisco

Ambos receberão a Ordenação Episcopal do Papa Francisco no próximo dia 19 de março, Solenidade de São José, durante a Santa Missa na Basílica de São Pedro.

Informações: Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé

Instituição de leitores e acólitos em Cracóvia

O Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou no último dia 24 de fevereiro a Santa Missa para a Instituição de Leitores e Acólitos dentre os alunos do Seminário Arquidiocesano na Basílica de São Floriano, junto ao Seminário.

 
Procissão de entrada
Incensação
Ritos iniciais
Liturgia da Palavra

Ordenação Episcopal em Milão

No último dia 24 de fevereiro o Arcebispo de Milão, Dom Mario Enrico Delpini, celebrou a Santa Missa na Basílica de Santo Ambrósio para a Ordenação Episcopal de Dom Luigi Testore, até então presbítero do clero de Milão, nomeado Bispo de Acqui.

Como previsto no Rito Ambrosiano, para as celebrações particularmente solenes no tempo da Quaresma usa-se a cor vermelha, ao invés do roxo.

Procissão de entrada

Imposição das mãos
Oração consecratória
Entrega do Evangelho

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Raniero Cantalamessa: I Pregação de Quaresma 2018

Padre Raniero Cantalamessa, OFMCap
I pregação de Quaresma
23 de fevereiro de 2018

“Não vos conformeis com a mentalidade deste mundo” (Rm 12,2)

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito." (Rm 12,2).
Numa sociedade em que todos se sentem investidos da tarefa de transformar o mundo e a Igreja, cai esta palavra de Deus que nos convida a transformar-nos a nós mesmos. "Não vos conformeis com este mundo”: depois dessas palavras, esperávamos ouvir: "mas transformai-o!"; Em vez disso, se diz: “mas transformai-vos!”. Transformar, sim, o mundo, mas o mundo que está dentro de vós, antes de pensar em transformar o mundo que está fora de vós.
Será esta palavra de Deus, tirada da Carta aos Romanos, que nos introduzirá este ano no espírito da Quaresma. Como fazemos há alguns anos, dedicamos a primeira meditação a uma introdução geral à Quaresma, sem entrar no tema específico do programa, até mesmo por causa da ausência de parte do auditório envolvido nos Exercícios Espirituais.

1. Os cristãos e o mundo 
Em primeiro lugar, vejamos como esse ideal de desapego do mundo foi compreendido e vivido desde o Evangelho até nossos dias. É sempre útil ter em conta experiências passadas se quisermos entender as necessidades do presente.
Nos evangelhos sinóticos, a palavra "mundo" (kosmos) é quase sempre compreendida num sentido moralmente neutro. Tomado no sentido espacial, mundo indica a terra e o universo ("ide ao mundo inteiro"), tomado em um sentido temporal, indica o tempo ou o “século” (aion) presente. É com Paulo e ainda mais com João que a palavra "mundo", é preenchida com um valor moral e significa, na maioria das vezes, o mundo depois do pecado e sob o domínio de Satanás, “o deus deste mundo” (2Cor 4,4). Daí a exortação de Paulo da qual nós partimos e, aquela, quase idêntica, de João na sua Primeira Carta:
"Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo."(1Jo 2,15-16).
Essas coisas não nos fazem perder de vista que o mundo em si mesmo, apesar de tudo, é e permanece, a boa realidade criada por Deus, que Deus ama e que veio para salvar, não para julgar: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16).
A atitude em relação ao mundo que Jesus propõe a seus discípulos encerra-se em duas preposições: estar no mundo, mas não ser do mundo: “Já não estou no mundo – diz dirigindo-se ao Pai – ; eles, pelo contrário, ainda estão no mundo [...]. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo" (Jo 17,11.16).
Nos primeiros três séculos, os discípulos estão bem cientes de sua posição única. A Carta a Diogneto, um escrito anônimo do final do segundo século, descreve dessa forma o sentimento que os cristãos tinham de si mesmos no mundo:
“Os cristãos não diferem do resto dos homens nem pelo território, nem pela língua, nem pelos hábitos de vida. De fato, não moram em cidades particulares, não usam de uma linguagem estranha, não levam um tipo de vida especial [...]. Moram tanto na cidade grega como na bárbara, como acontece, e apesar de iguais nas roupas, na comida e no resto da vida segundo os costumes do lugar, se propõem uma forma de vida maravilhosa e, segundo todos, paradoxal. Cada um mora na própria pátria, mas como forasteiros; participam de todas as atividades de bons cidadãos e aceitam todos os encargos como convidados passageiros. Toda terra estrangeira é uma pátria para eles, enquanto toda pátria é, para eles, terra estrangeira. Como todos, se casam e têm filhos, mas não expõem seus filhos. Eles têm em comum a mesa, mas não a cama. Vivem na carne, mas não segundo a carne” [1].
Façamos um breve resumo da história. Quando o cristianismo se torna tolerado e depois, em seguida, religião protegida e favorecida, a tensão entre o cristianismo e o mundo tende, inevitavelmente, a diminuir, porque o mundo se tornou, ou pelo menos, é considerado "um mundo cristão". Ocorre, assim, um duplo fenômeno. De uma parte, grupos de cristãos desejosos de permanecerem o sal da terra e não perderem o sabor, fogem, também fisicamente, do mundo e se retiram no deserto. Nasce o monaquismo sob a bandeira do monge Arsênio: “Fuge, tace, quiesce”, “Fuja, cale, viva retirado [2]”
Ao mesmo tempo, os pastores da Igreja e os espíritos mais iluminados tentam adaptar o ideal de desapego do mundo a todos os crentes, propondo uma fuga não-material, mas espiritual, do mundo. São Basílio no Oriente e Santo Agostinho no Ocidente conhecem o pensamento de Platão, especialmente na versão ascética que ele havia tomado com o discípulo Plotino. Neste ambiente cultural, estava vivo o ideal da fuga do mundo. Mas era uma fuga, por assim dizer, vertical, não horizontal, para cima, não para o deserto. Consiste em elevar-se por acima da multiplicidade das coisas materiais e das paixões humanas, para unir-se ao que é divino, incorruptível e eterno.
Os Padres da Igreja - os Capadócios em primeiro lugar - propõem uma ascética cristã que responde a essa exigência religiosa e adota a sua linguagem, sem, contudo, sacrificar os valores próprios do Evangelho. Para começar, a fuga do mundo inculcada por eles é trabalho da Graça mais do que esforço humano. O ato fundamental não está no final do caminho, mas no seu começo, no batismo. Portanto, não é reservada a poucos cultos, mas aberta a todos. Santo Ambrósio escreverá um breve tratado “Sobre a fuga do mundo”, dirigindo-o a todos os neófitos [3]. A separação do mundo que ele propõe é sobretudo afetiva: “A fuga – diz – não consiste no abandonar a terra, mas, permanecendo na terra, em observar a justiça e a sobriedade, em renunciar aos vícios e não ao uso dos alimentos” [4].
Este ideal de desapego e de fuga do mundo acompanhará, em formas diferentes, toda a história da espiritualidade cristã. Uma oração da liturgia resume-o no lema: “terrena despicere et amare caelestia”, “desprezar as coisas da terra e amar as do céu”.

Primeira semana da Grande Quaresma em Moscou

O Patriarca Kirill da Igreja Ortodoxa Russa presidiu entre os dias 18 e 23 de fevereiro as celebrações da Primeira Semana da Grande Quaresma, chamada "Semana da Limpeza",  segundo o calendário juliano.

Esta semana centra-se na recitação do Grande Cânon Penitencial de Santo André de Creta, dividido em quatro partes, de segunda a quinta (será recitado novamente na íntegra na quinta-feira da Quinta semana), além da Liturgia dos Dons Pré-Santificados na quarta e na sexta.

Dia 18, domingo: Ofício do Perdão




Dia 19, segunda-feira: Cânon de Santo André de Creta



Retiro de Quaresma do Papa e da Cúria Romana

Entre os dias 18 e 23 de fevereiro o Papa Francisco e seus colaboradores na Cúria Romana participaram do retiro anual por ocasião do início da Quaresma na Casa de Retiros Divino Mestre em Ariccia.

O pregador foi o sacerdote português José Tolentino de Mendonça, vice-reitor da Universidade Católica de Lisboa e Consultor do Pontifício Conselho para a Cultura.

Chegada na Casa de Retiros


 
Primeira palestra

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Homilia: II Domingo da Quaresma - Ano B

Santo Ambrósio
Sermão sobre o Salmo 45
Somente Jesus é a luz verdadeira e eterna

Foi o próprio Senhor Jesus que quis que Moisés subisse a montanha sozinho para receber a Lei, mas ele foi acompanhado por Josué. E no Evangelho, dos seus discípulos somente a Pedro, Tiago e João lhes foi revelada a glória de sua ressurreição. Desta forma, quis manter oculto seu mistério, e recomendava com frequência que não revelassem com facilidade a ninguém sobre o que haviam visto, a fim de que as pessoas fracas e de caráter vacilante, incapazes de assimilar a virtualidade dos sacramentos, não sofressem nenhum escândalo.

Além do mais, o próprio Pedro não sabia o que dizia, quando pensou que deveria erguer três tendas para o Senhor e para os seus servos. Em seguida, foi incapaz de resistir ao fulgor da glória do Senhor, que o transfigurava, e caiu em terra juntamente com os “filhos do trovão”, Tiago e João. Uma nuvem os encobriu com sua sombra, e não foram capazes de levantar-se enquanto Jesus não se aproximou e os tocou, ordenando-lhes que se levantassem, e não tivessem medo.

Entraram na nuvem para conhecer coisas arcanas e ocultas, e ali ouviram a voz de Deus que dizia: Este é o meu Filho amado, escutai-o. O que significa: Este é meu Filho amado? Significa isto: Não se engane, Simão, pensando que o Filho de Deus pode ser comparado aos seus servos! Este é meu Filho, nem Moisés é meu Filho nem Elias, ainda que um tenha dividido o mar em duas partes e o outro tenha fechado o céu. Porém, se é certo que ambos venceram a natureza dos elementos, foi com a força da Palavra de Deus, da qual eram simples instrumentos; por outro lado, este (Jesus) é o que firmou as águas, fechou o céu com a seca e, quando quis, o abriu enviando a chuva.

Quando se requer um testemunho da ressurreição, é apropriado os serviços dos servos; quando se manifesta a glória do Senhor ressuscitado, desaparece o esplendor dos servos. De fato, quando o sol se levanta, neutraliza os focos das estrelas, e toda sua luz se desvanece frente ao astro do dia. Como, pois, poderia se enxergar as estrelas humanas à plena luz do eterno Sol de justiça, e daquele divino fulgor? Onde estão agora aquelas luzes que milagrosamente brilhavam diante de vossos olhos? O universo inteiro é pura treva em comparação com a luz eterna. Que outros busquem agradar a Deus com os seus serviços: somente ele é a luz verdadeira e eterna, na qual o Pai deposita suas complacências. Também eu encontro nele minhas complacências, considerando como meu tudo o que ele fez, e aspirando a que tudo o que eu fiz se considere realmente como obra do Filho. Escutai-o quando diz: Eu e o Pai somos um. Não disse: Eu e Moisés somos um. Nem disse que ele e Elias era partícipes da mesma glória divina. Por que quereis construir três tendas? A tenda de Jesus não está na terra, mas no céu. O ouviram os apóstolos, e caíram no chão apavorados. Aproximou-se o Senhor, lhes disse para levantarem-se e lhes ordenou que não contassem a ninguém a visão.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 311-313. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de Orígenes para este domingo, clique aqui.

I Domingo da Quaresma em Milão

No último dia 18 de fevereiro, o Arcebispo de Milão, Dom Mario Enrico Delpini, celebrou na Catedral de Santa Maria Nascente, o Duomo de Milão, a Santa Missa do I Domingo da Quaresma, início deste tempo no Rito Ambrosiano.

Após a Missa, como é possível ver no vídeo da celebração no final da postagem, o Arcebispo abençoou e impôs as cinzas aos fiéis.

Procissão de entrada
Evangelho
Homilia

Abraço da paz

Ângelus: I Domingo da Quaresma - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 18 de fevereiro de 2018

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste I Domingo de Quaresma o Evangelho evoca os temas da tentação, da conversão e da Boa Nova. Escreve o evangelista Marcos: «E logo o Espírito impeliu Jesus para o deserto. Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio» (Mc 1,12-13). Jesus vai ao deserto a fim de se preparar para a sua missão no mundo. Ele não precisa de conversão, mas, sendo homem, deve passar através desta provação, quer por Si mesmo, a fim de obedecer à vontade do Pai, quer por nós, para nos doar a graça de vencer as tentações. Esta preparação consiste na luta contra o espírito do mal, ou seja, contra o diabo. Também para nós a Quaresma é um tempo de “agonismo” espiritual, de luta espiritual: somos chamados a enfrentar o Maligno mediante a oração para sermos capazes, com a ajuda de Deus, de o vencer na nossa vida quotidiana. Nós sabemo-lo, o mal infelizmente age na nossa existência e à nossa volta, onde se manifestam violências, rejeição do outro, fechamentos, guerras, injustiças. Estas são todas obras do maligno, do mal.

Imediatamente após as tentações no deserto, Jesus começa a pregar o Evangelho, ou seja, a Boa Nova, a segunda palavra. A primeira era “tentação”; a segunda, “Boa Nova”. Esta Boa notícia exige do homem conversão - terceira palavra - e fé. Ele anuncia: «O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo»; depois dirige a exortação: «Convertei-vos e acreditai no Evangelho» (v. 15), isto é, acreditai nesta Boa notícia que o reino de Deus está próximo. Na nossa vida temos sempre necessidade de conversão - todos os dias! -, e a Igreja faz-nos rezar por isso. Com efeito, nunca estamos suficientemente orientados para Deus e devemos dirigir constantemente a nossa mente e o nosso coração a Ele. Para fazer isto é necessário ter coragem de rejeitar tudo o que nos leva por maus caminhos, os falsos valores que nos enganam atraindo de maneira sorrateira o nosso egoísmo. Ao contrário, devemos confiar no Senhor, na sua bondade e no seu desígnio de amor para cada um de nós. A Quaresma é um tempo de penitência, sim, mas não é um tempo triste! É um tempo de penitência, mas não é um tempo triste, de luto. É um compromisso jubiloso e sério para nos despojarmos do nosso egoísmo, do nosso homem velho, e nos renovarmos segundo a graça do nosso Batismo.

Somente Deus nos pode doar a verdadeira felicidade: é inútil que percamos o nosso tempo procurando alhures, nas riquezas, nos prazeres, no poder, na carreira... O reino de Deus é a realização de todas as nossas aspirações, porque é, ao mesmo tempo, salvação do homem e glória de Deus. Neste primeiro domingo de Quaresma somos convidados a ouvir com atenção e a responder a este apelo de Jesus a converter-nos e a acreditar no Evangelho. Somos exortados a iniciar com empenho o caminho rumo à Páscoa, para acolher cada vez mais a graça de Deus, que quer transformar o mundo num reino de justiça, de paz, de fraternidade.

Maria Santíssima nos ajude a viver esta Quaresma com fidelidade à Palavra de Deus e com uma oração incessante, como fez Jesus no deserto. Não é impossível! Trata-se de viver os dias com o desejo de acolher o amor que vem de Deus e que quer transformar a nossa vida e o mundo inteiro.


Fonte: Santa Sé.

Encontro do Papa com o clero de Roma

No último dia 15 de fevereiro, Quinta-feira depois das Cinzas, o Papa Francisco encontrou-se com o clero de Roma em sua Catedral, a Basílica de São João do Latrão.

Ao chegar, o Papa ouviu a confissão de alguns sacerdotes e, em seguida, dirigiu algumas palavras ao seu clero. Após o encontro, o Santo Padre visitou o Seminário Romano Maior, anexo à Basílica, onde rezou na Capela de Nossa Senhora da Confiança.

O Papa ouve a confissão dos sacerdotes



Discurso do Papa ao clero romano

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Via Sacra: Meditações do Cardeal Gianfranco Ravasi

Na sequência da postagem sobre a Via Sacra Bíblica, propomos aqui as meditações elaboradas pelo grande biblista Gianfranco Ravasi para a Via Sacra presidida pelo Papa Bento XVI junto ao Coliseu na Sexta-feira Santa de 2007.

Gianfranco Ravasi, então Prefeito da Biblioteca Ambrosiana (Milão), foi posteriormente nomeado Prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura e criado Cardeal pelo Papa Bento XVI.

Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Sexta-feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Bento XVI
Coliseu, Roma - 06 de abril de 2007

Meditações do Monsenhor Gianfranco Ravasi

Apresentação
Era o final de uma manhã de primavera entre os anos 30 e 33 da nossa época. Em uma estrada de Jerusalém - que nos séculos sucessivos receberia o nome emblemático de “Via Dolorosa” - acontecia um pequeno cortejo: um condenado à morte, escoltado por uma divisão do exército romano, se encaminhava, trazendo o patibulum, ou seja, o braço transversal da cruz cuja haste principal já estava colocada no alto, entre as pedras de um pequeno promontório rochoso chamado em aramaico Gólgota e em latim Calvário, isto é, “crânio”.
Esta era a última etapa de uma história conhecida por todos, em cujo centro se destaca a figura de Jesus Cristo, o homem crucificado e humilhado e o Senhor ressuscitado e glorioso. Uma história iniciada no silêncio profundo da noite precedente, junto das oliveiras de um jardim denominado Getsêmani, isto é, «lagar para as azeitonas». Uma história que se desenrolou de modo acelerado nos palácios do poder religioso e político e que se concluiu por uma condenação à pena capital. No entanto, a sepultura, oferecida generosamente por um proprietário chamado José de Arimateia, não seria a conclusão da história daquele condenado, como aconteceu para tantos corpos martirizados no cruel suplício da crucificação, destinado pelos romanos ao julgamento dos revolucionários e dos escravos.
Houve uma etapa posterior, surpreendente e inesperada: aquele condenado, Jesus de Nazaré, revelou de modo fulgurante outra natureza sob o perfil do seu rosto e do seu corpo de homem: o ser Filho de Deus. A Cruz e a sepultura não foram o destino final daquela história, mas sim a luz da sua Ressurreição e da sua glória. Como cantaria poucos anos depois o Apóstolo Paulo, Aquele que se despojou do seu poder, tornando-se impotente e fraco como os homens e humilhando-se até à morte infame por crucificação, foi exaltado pelo Pai divino que o tinha constituído Senhor da terra e do céu, da história e da eternidade (cf. Fl 2,6-11).

Cardeal Gianfranco Ravasi

Durante séculos os cristãos desejaram percorrer novamente as etapas dessa Via Crucis, um itinerário rumo à colina da crucificação, mas com o olhar voltado para a última meta, a luz pascal. Fizeram-no como peregrinos naquela mesma estrada de Jerusalém, mas igualmente nas suas cidades, nas suas igrejas e nas suas casas. Durante séculos escritores e artistas, famosos ou desconhecidos procuraram fazer reviver diante dos olhos estarrecidos e comovidos dos fiéis, as etapas ou «estações», verdadeiras pausas meditativas no caminho para o Gólgota. Surgiram assim imagens ora poderosas, ora simples, altivas e populares, dramáticas e ingênuas.
Também em Roma, guiada pelo seu Bispo, o Papa Bento XVI, com toda a cristandade presente no mundo unida ao seu pastor universal, em cada Sexta-feira Santa realiza-se essa viagem do espírito seguindo as pegadas de Jesus Cristo.
Este ano, as reflexões - de modo narrativo-meditativo - destinadas a marcar cada parada orante, seguindo a trama da narração da Paixão segundo o evangelista Lucas, serão propostas por um biblista, Monsenhor Gianfranco Ravasi, Prefeito da Biblioteca Ambrosiana de Milão (...).
Sigamos junto esse itinerário de oração, não como uma simples memória histórica de um evento passado e de um defunto, mas para viver a realidade áspera e crua de um acontecimento aberto à esperança, à alegria, à salvação. Conosco caminharão talvez aqueles que ainda estão em busca, progredindo na inquietude das suas interrogações. E enquanto seguimos, de etapa em etapa, este caminho de dor e de luz, ressoarão as palavras vibrantes do Apóstolo Paulo: “A morte foi tragada pela vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? (...) Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo” (1Cor 15,54-55.57).

Ecce Homo (Michael O'Brien)

Oração Inicial
Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R. Amém.

Irmãos e irmãs, as sombras noturnas desceram sobre Roma como naquela noite sobre as casas e jardins de Jerusalém. Também nós nos aproximaremos das oliveiras do Getsêmani e começaremos a seguir os passos de Jesus de Nazaré nas últimas horas da sua vida terrena.
Será uma viagem na dor, na solidão, na crueldade, no mal e na morte. Mas será igualmente um percurso na fé, na esperança e no amor, pois a sepultura da última etapa do nosso caminho não permanecerá selada para sempre. Passadas as sombras, na alvorada da Páscoa, se levantará a luz da alegria, o silêncio será substituído pela palavra de vida, à morte sucederá a glória da Ressurreição.
Rezemos, portanto, entrelaçando as nossas palavras com aquelas de uma antiga voz do Oriente cristão:
“Senhor Jesus, concede-nos as lágrimas que no momento não possuímos, para lavar os nossos pecados. Dá-nos a coragem de suplicar a tua misericórdia. No dia do teu último juízo, arranca as páginas que enumeram os nossos pecados e faz com que não existam mais” (Nil Sorkij, Oração Penitencial).
Senhor Jesus, tu repetis também para nós, nesta noite, as palavras que um dia disseste a Pedro: “Segue-me”. Obedecendo ao teu convite, queremos seguir-te, passo a passo, no caminho da tua Paixão, para aprendermos também nós a pensar segundo Deus e não segundo os homens. Amém.

I Estação: Jesus no Horto das Oliveiras

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

A Via Sacra Bíblica

“Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).

Uma das práticas de piedade popular mais queridas pelos fiéis, sobretudo no tempo da Quaresma, é a Via Sacra. Acompanhando Jesus nos últimos passos de sua vida, o cristão é convidado a meditar o mistério de sua Paixão, obedecendo assim ao convite do próprio Senhor: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga” (Lc 9,23).

Já tratamos aqui em nosso blog sobre esta devoção (para ler a postagem, clique aqui). Nesta postagem, por sua vez, gostaríamos de falar de um texto alternativo ao esquema tradicional: a Via Sacra Bíblica.


O Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, publicado pela Congregação para o Culto Divino em 2003, menciona a possibilidade de formas alternativas para a Via Sacra:

“Em todo o caso, há formas alternativas de Via Sacra, aprovadas pela Sé Apostólica ou publicamente usadas pelo Romano Pontífice: devem ser consideradas como genuínas, às quais se pode recorrer segundo a oportunidade” (n. 134).

Este parágrafo remete a duas notas de rodapé (notas 33 e 34), que mencionam quais seriam tais formulários aprovados: o texto proposto no Livro do Peregrino publicado por ocasião do Jubileu de 1975 e aqueles utilizados na Via Sacra presidida pelo Papa João Paulo II no Coliseu em 1991, 1992 e 1994.

Dom Piero Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias de 1987 a 2007, publicou no site da Santa Sé um texto aprofundando a temática, explicando que tanto no Jubileu de 1975 quanto no Coliseu utilizou-se um formulário para a Via Sacra mais condizente com os textos bíblicos.

Nesta Via Sacra Bíblica não aparecem as estações que são fruto da tradição e não constam nas Sagradas Escrituras, como as quedas de Jesus e os seus encontros com Maria e com Verônica a caminho do Calvário.

Em contrapartida, o formulário engloba outros textos dos relatos da Paixão, como a agonia no Getsêmani, a prisão de Jesus, as negações de Pedro, entre outros:

Estações da Via Sacra Bíblica
1. Jesus em agonia no Getsêmani
2. Jesus, traído por Judas, é preso
3. Jesus é condenado pelo Sinédrio
4. Jesus é renegado por Pedro
5. Jesus é julgado por Pilatos
6. Jesus é flagelado e coroado de espinhos
7. Jesus carrega a cruz
8. Jesus é ajudado pelo Cireneu a carregar a cruz
9. Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
10. Jesus é crucificado
11. Jesus promete o Reino ao bom ladrão
12. A Mãe e o discípulo junto à cruz
13. Jesus morre na cruz
14. Jesus é sepultado

Agonia no Getsêmani: início da Paixão

Na Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu, este formulário já foi utilizado diversas vezes, tanto no pontificado de São João Paulo II quanto no pontificado de Bento XVI (1991, 1992, 1994, 1995, 1997, 2002, 2004, 2007-2009).

Interessante notar que, sobretudo com São João Paulo II, as meditações preparadas para este esquema foram confiadas inclusive a não católicos, tanto ortodoxos quanto protestantes (incluindo o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla e o Catholicos Armênio Karekin I). Vê-se, assim, como a Via Sacra Bíblica tem uma alcance ecumênico.

Como Dom Piero Marini salienta em seu artigo, não se trata de substituir o formulário tradicional, que continua plenamente válido. Pelo contrário, ambos podem coexistir em nossas comunidades, destacando diferentes aspectos do mesmo mistério. Pois o mistério da Paixão é tão grande que nenhum formulário pode abarcá-lo completamente.

De toda forma, utilizando um ou outro esquema, a Palavra de Deus deve ser sempre um elemento fundamental em toda oração cristã. Como indica o Diretório sobre Piedade Popular ao falar da Via Sacra: “De preferência usem-se textos nos quais ressoe, corretamente aplicada, a palavra bíblica e que sejam escritos numa linguagem nobre e simples” (n. 135).

A oração da Via Sacra não deve ser, portanto, um espaço para análises sociopolíticas da atualidade, mas sim um lugar para o encontro com Cristo. Claro que a Palavra pode ser atualizada e, à sua luz, podemos rezar pelas necessidades atuais, desde que jamais se perca de vista o centro: Jesus Cristo.

Rezar a Via Sacra é viver aquilo que diz Paulo: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5). Ou , para usar a bela definição de Dom Piero Marini:

Participando da Via Sacra, cada discípulo de Jesus deve reafirmar a própria adesão ao Mestre: para chorar o próprio pecado como Pedro; para abrir-se, como o Bom Ladrão, à fé em Jesus, Messias sofredor; para permanecer junto à Cruz de Cristo, como a Mãe e o discípulo, e ali acolher com eles a Palavra que salva, o Sangue que purifica, o Espírito que dá a vida”.

Em nossa próxima postagem publicaremos um modelo de Via Sacra Bíblica, utilizado na celebração presidida pelo Papa no Coliseu. Outros podem ser encontrados no site da Santa Sé: alguns em português, outros em outras línguas.


Referências:

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia: Princípios e orientações. São Paulo: Paulinas, 2003.

MARINI, Piero. La Via Crucis: Presentazione. Disponível no site da Santa Sé. Acesso em: 21 de fevereiro de 2018.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Quarta-feira de Cinzas em Cracóvia

O Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou no último dia 14 de fevereiro na Catedral dos Santos Venceslau e Estanislau, a Catedral de Wawel, a Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas com a bênção e imposição das cinzas.

Procissão de entrada

Saudação inicial

Liturgia da Palavra

Fotos da Quarta-feira de Cinzas em Roma

No último dia 14 de fevereiro o Papa Francisco celebrou, na forma das antigas estações quaresmais romanas, a Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma:

A celebração iniciou-se na igreja de Santo Anselmo no Aventino, de onde partiu a procissão penitencial, acompanhada do canto da Ladainha de Todos os Santos, até a Basílica de Santa Sabina, onde o Papa celebrou a Missa com a bênção e imposição das cinzas.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Diego Giovanni Ravelli. O livreto da celebração pode ser visto aqui e a homilia do Papa pode ser lida aqui.

Início da celebração na igreja de Santo Anselmo
Oração inicial
Procissão penitencial


Homilia do Papa: Quarta-feira de Cinzas 2018

Santa Missa, Bênção e Imposição das Cinzas
Homilia do Papa Francisco
Basílica de Santa Sabina
Quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O tempo de Quaresma é propício para corrigir os acordes dissonantes da nossa vida cristã e acolher a notícia sempre nova, feliz e esperançosa da Páscoa do Senhor. Na sua sabedoria materna, a Igreja propõe-nos prestar especial atenção a tudo o que possa arrefecer e oxidar o nosso coração crente.

Múltiplas são as tentações, a que nos vemos expostos. Cada um de nós conhece as dificuldades que deve enfrentar. E é triste constatar, nas vicissitudes diárias, como se levantam vozes que, aproveitando-se da amargura e da incerteza, nada mais sabem semear senão desconfiança. E, se o fruto da fé é a caridade, como gostava de repetir Santa Teresa de Calcutá, o fruto da desconfiança é a apatia e a resignação. Desconfiança, apatia e resignação: os demônios que cauterizam e paralisam a alma do povo crente.

A Quaresma é tempo precioso para desmascarar estas e outras tentações e deixar que o nosso coração volte a bater segundo as palpitações do coração de Jesus. Toda esta Liturgia está impregnada por este sentir, podendo-se afirmar que o mesmo ecoa em três palavras que nos são oferecidas para «aquecer o coração crente»: para, olha e regressa.

Para um pouco, deixa esta agitação e este correr sem sentido que enche a alma de amargura sentindo que nunca se chega a parte alguma. Para, deixa esta obrigação de viver de forma acelerada, que dispersa, divide e acaba por destruir o tempo da família, o tempo da amizade, o tempo dos filhos, o tempo dos avós, o tempo da gratuidade... o tempo de Deus.
Para um pouco com essa necessidade de aparecer e ser visto por todos, mostrar-se constantemente «em vitrine», que faz esquecer o valor da intimidade e do recolhimento.
Para um pouco com o olhar altivo, o comentário ligeiro e desdenhoso que nasce de se ter esquecido a ternura, a compaixão e o respeito pelo encontro com os outros, especialmente os vulneráveis, feridos e até imersos no pecado e no erro.
Para um pouco com essa ânsia de querer controlar tudo, saber tudo, devassar tudo, que nasce de se ter esquecido a gratidão pelo dom da vida e tanto bem recebido.
Para um pouco com o ruído ensurdecedor que atrofia e atordoa os nossos ouvidos e nos faz esquecer a força fecunda e criativa do silêncio.
Para um pouco com a atitude de fomentar sentimentos estéreis e infecundos que derivam do fechamento e da autocomiseração e levam a esquecer de sair ao encontro dos outros para compartilhar as cargas e os sofrimentos.
Para diante do vazio daquilo que é instantâneo, momentâneo e efémero, que nos priva das raízes, dos laços, do valor dos percursos e de nos sentirmos sempre a caminho.
Para, para olhar e contemplar!

Olha os sinais que impedem de se apagar a caridade, que mantêm viva a chama da fé e da esperança. Rostos vivos com a ternura e a bondade de Deus, que age no meio de nós.
Olha o rosto das nossas famílias que continuam a apostar dia após dia, fazendo um grande esforço para avançar na vida e, entre muitas carências e privações, não descuram tentativa alguma para fazer da sua casa uma escola de amor.
Olha os rostos interpeladores das nossas crianças e jovens carregados de futuro e de esperança, carregados de amanhã e de potencialidades que exigem dedicação e salvaguarda. Rebentos vivos do amor e da vida que sempre conseguem abrir caminho por entre os nossos cálculos mesquinhos e egoístas.
Olha os rostos dos nossos idosos, enrugados pelo passar do tempo: rostos portadores da memória viva do nosso povo. Rostos da sabedoria operante de Deus.
Olha os rostos dos nossos doentes e de quantos se ocupam deles; rostos que, na sua vulnerabilidade e no seu serviço, nos lembram que o valor de cada pessoa não pode jamais reduzir-se a uma questão de cálculo ou de utilidade.
Olha os rostos arrependidos de muitos que procuram remediar os seus erros e disparates e, a partir das suas misérias e amarguras, lutam por transformar as situações e continuar para diante.
Olha e contempla o rosto do Amor Crucificado, que continua hoje, a partir da cruz, a ser portador de esperança; mão estendida para aqueles que se sentem crucificados, que experimentam na sua vida o peso dos fracassos, dos desenganos e das desilusões.
Olha e contempla o rosto concreto de Cristo crucificado por amor de todos sem exclusão. De todos? Sim; de todos. Olhar o seu rosto é o convite cheio de esperança deste tempo de Quaresma para vencer os demónios da desconfiança, da apatia e da resignação. Rosto que nos convida a exclamar: o Reino de Deus é possível!

Para, olha e regressaRegressa à casa de teu Pai. Regressa sem medo aos braços ansiosos e estendidos de teu Pai, rico em misericórdia (Ef 2,4), que te espera!
Regressa! Sem medo: este é o tempo oportuno para voltar a casa, a casa do «meu Pai e vosso Pai» (Jo 20,17). Este é o tempo para se deixar tocar o coração... Permanecer no caminho do mal é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa muito diferente, e bem o sabe o nosso coração. Deus não Se cansa nem Se cansará de estender a mão (cf. Bula Misericordiae vultus, n. 19).
Regressa sem medo para experimentar a ternura sanadora e reconciliadora de Deus! Deixa que o Senhor cure as feridas do pecado e cumpra a profecia feita a nossos pais: «Eu vos darei um coração novo e introduzirei em vós um espírito novo: arrancarei do vosso peito o coração da pedra e vos darei um coração de carne» (Ez 36,26).
Para, olha e regressa!


Fonte: Santa Sé.