sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Posse do novo pároco da Catedral de Cracóvia

No dia 28 de setembro de 2022 o Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou a Santa Missa da Festa de São Venceslau, Mártir, na Catedral de Wawel, da qual este é co-padroeiro, junto com Santo Estanislau.

Durante a celebração teve lugar a posse do novo pároco da Catedral de WawelPadre Paweł Baran, que sucede o Monsenhor Zdzisław Sochacki, falecido em 02 de setembro de 2021.

O Padre Paweł Baran, nascido em 17 de junho de 1983 em Cracóvia e ordenado sacerdote em 31 de maio de 2008, Mestre de Cerimônias Litúrgicas e professor no Seminário Teológico de Cracóvia, também recebeu o título de cônego durante a celebração.

O rito teve início na Sala do Tesouro da Catedral, anexa à sacristia, onde o novo cônego fez sua profissão de fé e participou de uma breve Liturgia Penitencial, com a recitação do Salmo 50:

Padre Paweł Baran: Profissão de fé e Liturgia Penitencial


Procissão de entrada

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Deus Pai 12

Prosseguimos com as Catequeses do Papa São João Paulo II sobre Deus Pai com suas meditações nn. 20-21, dedicadas ao mistério da Santíssima Trindade.

Para acessar a postagem que serve de introdução e índice das Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM DEUS PAI

20. Unidade e distinção da eterna comunhão
João Paulo II - 27 de novembro de 1985

1. “Unus Deus Trinitas...” [1].
Nesta concisa fórmula, o XI Sínodo de Toledo (675) expressou, de acordo com os grandes Concílios reunidos no século IV em Niceia e em Constantinopla, a fé da Igreja em Deus Uno e Trino.
Em nossos dias, Paulo VI, no “Credo do Povo de Deus”, expressou a mesma fé com palavras que já citamos durante as Catequeses anteriores: “As relações mútuas, que constituem eternamente as Três Pessoas, sendo, cada uma delas, o único e mesmo Ser divino, perfazem a bem-aventurada vida íntima do Deus três vezes Santo, infinitamente acima de tudo o que podemos conceber à maneira humana”.
Deus é inefável e incompreensível, Deus é na sua essência um mistério inescrutável, cuja verdade procuramos iluminar nas Catequeses anteriores. Diante da Santíssima Trindade, na qual se exprime a vida íntima do Deus da nossa fé, é preciso repeti-lo e constatá-lo com uma força de convicção ainda maior. A unidade da divindade na Trindade das Pessoas é verdadeiramente um mistério inefável e inescrutável! “Se o compreendes, não é Deus”.

2. Por isto Paulo VI prossegue no texto antes citado, dizendo: “Rendemos graças à Bondade divina pelo fato de poderem numerosíssimos crentes dar testemunho conosco, diante dos homens, sobre a unidade de Deus, embora não conheçam o mistério da Santíssima Trindade” (Credo do Povo de Deus).
A Santa Igreja na sua fé trinitária se sente unida a todos os que confessam o único Deus. A fé na Trindade não destrói a verdade do único Deus: ao contrário, põe em evidência sua riqueza, seu conteúdo misterioso, sua vida íntima.

Santíssima Trindade
(Catedral do Cristo Salvador, Moscou)

3. Esta fé tem a sua fonte - a única fonte - na Revelação do Novo Testamento. Apenas mediante esta Revelação é possível conhecer a verdade sobre o Deus Uno e Trino. Este, com efeito, é um dos “mistérios escondidos em Deus, que - como diz o Concílio Vaticano I - não podemos conhecer sem a divina Revelação” (Constituição Dei Filius, cap. IV).
No Cristianismo, o dogma da Santíssima Trindade foi considerado sempre um mistério: o mais fundamental e o mais inescrutável. Jesus Cristo mesmo disse: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27).

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Festa da Exaltação da Santa Cruz no Patriarcado de Jerusalém

A Festa da Exaltação da Santa Cruz, no dia 14 de setembro, surgiu como um "eco" da dedicação da Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém no dia 13 de setembro de 335. Para saber mais, confira nossa postagem sobre a história da festa clicando aqui.

No dia 27 de setembro de 2022 (que corresponde ao dia 14 de setembro no calendário juliano, utilizado pelas Igrejas Orientais), o Patriarca Greco-Ortodoxo de Jerusalém, Theóphilos III, presidiu a Divina Liturgia da Festa na Basílica do Santo Sepulcro, seguida por uma procissão com as relíquias da Cruz.

Na tarde do dia anterior, por sua vez, o Patriarca presidiu a oração das Vésperas com o rito da Artoklasia (ἀρτοκλασία), isto é, a bênção do pão na véspera das grandes festas.

Destaque para o uso dos paramentos verdes, que na tradição bizantina são geralmente associados ao Espírito Santo, "Senhor e fonte da vida", e que aqui recordam a dimensão "vivificante" da Cruz, verdadeira "árvore da vida".

26 de setembro: Vésperas com o rito da Artoklasia

Entrada do Patriarca
Oração das Vésperas
Incensação

Rito da Artoklasia

27 de setembro: Divina Liturgia

Festa da Exaltação da Santa Cruz em Kiev

A maioria das Igrejas Orientais (tanto Católicas quanto Ortodoxas) utiliza o calendário juliano, com 13 dias de diferença em relação ao calendário gregoriano.

Assim, no dia 27 de setembro de 2022 (que corresponde ao dia 14 de setembro no calendário juliano) o Arcebispo Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), presidiu a Divina Liturgia da Festa da Exaltação da Venerável e Vivificante Cruz na Catedral Patriarcal da Ressurreição em Kiev:

Confira nossa postagem sobre a história da Festa da Exaltação da Santa Cruz clicando aqui. Para conhecer o simbolismo do ícone da festa, clique aqui.

Entrada do Arcebispo Maior
Bênção com o dikirion e o trikirion
Litania (ektenia) da paz
Pequena Entrada
(Procissão com o Livro dos Evangelhos)

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Fotos da Missa do Papa em Matera

No dia 25 de setembro de 2022 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa do XXVI Domingo do Tempo Comum (ano C) na cidade italiana de Matera para a conclusão do 27º Congresso Eucarístico Nacional.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Ján Dubina. A Liturgia Eucarística foi celebrada pelo Cardeal Matteo Maria Zuppi, Arcebispo de Bolonha, Presidente da Conferência Episcopal Italiana.

Incensação do altar (Cardeal Zuppi)
Ritos iniciais

Liturgia da Palavra
Evangelho

Homilia do Papa: Missa em Matera

Visita Pastoral a Matera
Concelebração Eucarística na conclusão do XXVII Congresso Eucarístico Nacional
Homilia do Papa Francisco
Estádio XXI de setembro, Matera
Domingo, 25 de setembro de 2022

O Senhor nos reúne em torno da sua mesa, fazendo-se pão para nós: «É o pão da festa sobre a mesa os filhos, (...) cria partilha, reforça os vínculos, tem gosto de comunhão» (Hino do XVII Congresso Eucarístico Nacional, Matera 2022). No entanto, o Evangelho que acabamos de ouvir (Lc 16,19-31) nos diz que nem sempre o pão é partilhado sobre a mesa do mundo: isto é verdade; nem sempre emana o perfume da comunhão; nem sempre é partido na justiça.

Fará bem determo-nos diante da cena dramática descrita por Jesus nesta parábola que ouvimos: de um lado, um rico vestido de púrpura e de linho fino, que ostenta a sua opulência e banqueteia com fartura; do outro lado, um pobre, coberto de chagas, que jaz junto à porta esperando que caiam da mesa algumas migalhas com as quais se alimentar. Diante desta contradição - que vemos todos os dias -, diante desta contradição nos preguntamos: a que nos convida o sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida do cristão?


Antes de tudo, a Eucaristia nos recorda o primado de Deus. O rico da parábola não está aberto à relação com Deus: pensa somente em seu próprio bem-estar, em satisfazer as suas necessidades, em disfrutar a vida. E com isto perdeu até o nome. O Evangelho não diz como se chamava, o nomeia com o adjetivo - “um rico” -; ao contrário, do pobre diz o nome: Lázaro. As riquezas te levam a isto, te despojam até mesmo do nome. Satisfeito consigo mesmo, embriagado pelo dinheiro, aturdido pela vaidade, na sua vida não há lugar para Deus, porque ele adora apenas a si mesmo. Não é por acaso que não se diz o seu nome: o chamamos “rico”, o definimos apenas com um adjetivo porque perdeu o seu nome, perdeu a sua identidade, que lhe é dada apenas pelos bens que possui. Como é triste também hoje esta realidade, quando confundimos aquilo que somos com aquilo que temos, quando julgamos as pessoas pela riqueza que possuem, pelos títulos que ostentam, pelos papéis que desempenham ou pela marca de roupa que vestem. É a religião do ter e do aparecer, que com frequência domina o cenário deste mundo, mas no final nos deixa de mãos vazias: sempre. A este rico do Evangelho, com efeito, não lhe resta nem o nome. Já não é nada. Ao contrário, o pobre tem um nome, Lázaro, que significa “Deus ajuda”. Mesmo na sua condição de pobreza e de marginalização, ele conservou íntegra a sua dignidade, porque vive em relação com Deus. Em seu próprio nome há algo de Deus e Deus é a esperança inquebrantável da sua vida.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Festa da Natividade de Maria em Kiev

No dia 21 de setembro de 2022 (que corresponde ao dia 08 de setembro no calendário juliano, utilizado pelas Igrejas Orientais) o Arcebispo Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), presidiu a Divina Liturgia da Festa da Natividade da Virgem Maria na Catedral Patriarcal da Ressurreição em Kiev, notadamente em reforma:

Confira nossa postagem sobre a história da Festa da Natividade de Maria clicando aqui. Para conhecer o simbolismo do ícone da festa, clique aqui.

O Arcebispo abençoa os fiéis
"Bendito seja o reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo..."
Litania da paz
Pequena Entrada

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Deus Pai 11

Após as meditações sobre o Pai e o Filho dentro de suas Catequeses sobre o Creio, o Papa São João Paulo II dedicou duas reflexões à Pessoa do Espírito Santo (nn. 18-19).

Para acessar a postagem que serve de índice a todas Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM DEUS PAI

18. O Espírito Santo
João Paulo II - 13 de novembro de 1985

1. “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas”.
Também hoje, na abertura da Catequese sobre o Espírito Santo, assim como fizemos ao falar do Pai e do Filho, nos servimos da formulação do Símbolo Niceno-Constantinopolitano, segundo o costume difundido na Liturgia latina.
No século IV os Concílios de Niceia (325) e de Constantinopla (381) contribuíram para precisar os conceitos comumente utilizados para apresentar a doutrina sobre a Santíssima Trindade: um único Deus que é, na unidade da sua divindade, Pai e Filho e Espírito Santo. A formulação da doutrina sobre o Espírito Santo provém particularmente do mencionado Concílio de Constantinopla.

2. A Igreja confessa, portanto, sua fé no Espírito Santo com as palavras antes citadas. A fé é a resposta à autorrevelação de Deus: Ele se deu a conhecer “pelos profetas” e, por último, “por meio do Filho” (Hb 1,1-2). O Filho, que nos revelou o Pai, nos deu a conhecer também o Espírito Santo. “Qual como é o Pai, tal é o Filho, tal é o Espírito Santo”, proclama o Símbolo Atanasiano ou “Quicumque, do século V. Esse “tal” é explicado pelas palavras seguintes do Símbolo, e quer dizer: “incriado, imenso, eterno, onipotente... não três onipotentes, mas um só onipotente: assim o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus... não três deuses, mas um só Deus”.

O Espírito Santo representado como "pomba"
(Basílica da Imaculada Conceição, Washington)

3. É bom começar com a explicação da denominação Espírito, Espírito Santo. A palavra “espírito” aparece desde as primeiras páginas da Bíblia: “o espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2), se diz na descrição da criação. Espírito traduz o hebraico “ruah”, que equivale a respiro, sopro, vento, e é expresso em grego por “pneuma”, de “pneo”, e em latim por “spiritus”, de “spiro”. A etimologia é importante, porque, como veremos, ajuda a explicar o sentido do dogma e sugere o modo de compreendê-lo.
espiritualidade é atributo essencial da Divindade: “Deus é Espírito...”, disse Jesus Cristo no colóquio com a Samaritana (Jo 4,24). Em uma das Catequeses anteriores falamos de Deus como espírito infinitamente perfeito (cf. Catequese n. 9). Em Deus, “espiritualidade” quer dizer não só suma e absoluta imaterialidade, mas também ato puro e eterno de conhecimento e de amor.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Homilia: Festa de São Mateus, Apóstolo e Evangelista

São Beda, o Venerável, Presbítero
Homilia 21
Jesus viu-o, compadeceu-se dele e o chamou

Jesus viu um homem chamado Mateus, assentado à banca de impostos, e disse-lhe: Segue-me (Mt 9,9). Viu-o não tanto com os olhos corporais quanto com a vista da íntima compaixão. Viu o publicano, dele se compadeceu e o escolheu. Disse-lhe então: Segue-me. Segue, quis dizer, imita; segue, quis dizer, não tanto pelo andar dos pés, quanto pela realização dos atos. Pois quem diz que permanece em Cristo, deve andar como Ele andou (1Jo 2,6).

E levantando-se, o seguiu (Mt 9,9). Não é de admirar que o publicano, ao primeiro chamado do Senhor, tenha abandonado os lucros terrenos de que cuidava e, desprezando a opulência, aderisse aos seguidores daquele que via não possuir riqueza alguma. Pois o próprio Senhor que o chamara exteriormente com a palavra, interiormente lhe ensinou por instinto invisível a segui-lo, infundindo em seu espírito a luz da graça espiritual. Com esta compreenderia que quem o afastava dos tesouros temporais podia dar-lhe nos céus os tesouros incorruptíveis.

E aconteceu que, estando ele em casa, muitos publicanos e pecadores vieram e puseram-se à mesa com Jesus e seus discípulos (Mt 9,10). A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores o exemplo da penitência e do perdão. Belo e verdadeiro prenúncio! Aquele que seria apóstolo e doutor dos povos, logo no primeiro encontro arrasta após si para a salvação um grupo de pecadores. Assim inicia o ofício de evangelizar desde os primeiros começos de sua fé aquele que viria a realizar este ofício plenamente com o merecido progresso das virtudes. Contudo se quisermos indagar pelo sentido mais profundo deste acontecimento nós o entenderemos: a Mateus foi muito mais grato o banquete na casa do seu coração, preparado pela fé e pelo amor do que o banquete terreno que ele ofereceu ao Senhor. Atesta-o aquele mesmo que diz: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele e ele comigo (Ap 3,20).

Ouvindo a sua voz, abrimos a porta para recebê-lo, ao aceitarmos de bom grado suas advertências secretas ou evidentes e nos pormos a realizar aquilo que compreendemos como o nosso dever. Ele entra para que ceemos, ele conosco e nós com ele, porque, pela graça de seu amor, habita nos corações dos eleitos para alimentá-los sempre com a luz de sua presença. Possam assim os eleitos cada vez mais progredir no desejo do alto, e ele mesmo se alimente com os desejos deles como com pratos deliciosos.

São Beda, o Venerável

Responsório

Habilidoso escritor e instruído na lei do seu Deus, no alto céu,
R. De corpo e alma dedicou-se ao estudo, à observância e ao ensino dos preceitos de Cristo, conduzido e amparado pela mão de seu Deus.

O Evangelho da glória do Deus imenso e santo lhe foi confiado.
R. De corpo e alma dedicou-se ao estudo, à observância e ao ensino dos preceitos de Cristo, conduzido e amparado pela mão de seu Deus.

Oração
Ó Deus, que na vossa inesgotável misericórdia escolhestes o publicano Mateus para torná-lo Apóstolo, dai-nos, por sua oração e exemplo, a graça de vos seguir e permanecer sempre convosco. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

Fonte: Liturgia das Horas, vol. IV, pp. 1299-1301.

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Ângelus do Papa: XXV Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 18 de setembro de 2022

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
A parábola que o Evangelho da Liturgia de hoje nos apresenta (Lc 16,1-13) parece um pouco difícil de compreender. Jesus narra uma história de corrupção: um administrador desonesto, que rouba e depois, descoberto pelo seu patrão, age com astúcia para sair daquela situação. Perguntemo-nos: no que consiste esta esperteza - é um corrupto aquele que a usa - e que nos quer dizer Jesus.

Pela narração vemos que o administrador corrupto acaba em apuros porque se aproveitou dos bens do seu patrão; agora terá de prestar contas e perderá o seu emprego. Mas ele não desiste, não se resigna ao seu destino e não se comporta como vítima; pelo contrário, age com astúcia, procura uma solução, é engenhoso. Jesus parte desta história para nos lançar uma primeira provocação: «Os filhos deste mundo - diz - são mais espertos que os filhos da luz» (v. 8). Ou seja, acontece que aqueles que se movem nas trevas, de acordo com certos critérios mundanos, sabem como sair dos problemas, sabem ser mais espertos que os outros; por outro lado, os discípulos de Jesus, isto é, nós, por vezes estamos dormindo, ou somos ingênuos, não sabemos como tomar a iniciativa para procurar vias de saída das dificuldades (cfEvangelii gaudium, n. 24). Por exemplo, penso nos momentos de crise pessoal, social, mas também eclesial: por vezes deixamo-nos vencer pelo desânimo, ou caímos em lamentos e vitimismos. Em vez disso - diz Jesus - também poderíamos ser espertos segundo o Evangelho, estar alertas, atentos para discernir a realidade, ser criativos para procurar boas soluções, para nós e para os outros.

Mas há também outro ensinamento que Jesus nos oferece. Com efeito, em que consiste a esperteza do administrador? Ele decide fazer um desconto àqueles que estão endividados, e por isso eles tornam-se seus amigos, esperando que possam ajudá-lo quando o patrão o despedir. Antes acumulava riquezas para si, agora as usa para fazer amigos que possam ajudá-lo no futuro. Nas mesmas modalidades, roubar. E Jesus, então, oferece-nos um ensinamento sobre o uso dos bens: «Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas» (v. 9). Para herdar a vida eterna não é necessário acumular os bens deste mundo, mas o que conta é a caridade que vivemos nas nossas relações fraternas. Eis então o convite de Jesus: não useis os bens deste mundo apenas para vós mesmos e para o vosso egoísmo, mas usai-os para gerar amizades, para criar boas relações, para atuar na caridade, para promover a fraternidade e exercer o cuidado para com os mais débeis.

Irmãos e irmãs, também no mundo de hoje existem histórias de corrupção como aquela do Evangelho; condutas desonestas, políticas injustas, egoísmos que dominam as escolhas dos indivíduos e das instituições, e muitas outras situações obscuras. Mas a nós cristãos não é permitido o desânimo ou, pior ainda, deixar que as coisas corram, permanecer indiferentes. Pelo contrário, somos chamados a ser criativos em praticar o bem, com a prudência e astúcia do Evangelho, utilizando os bens deste mundo - não só os materiais, mas todos os dons que recebemos do Senhor - não para nos enriquecer, mas para gerar amor fraterno e amizade social. Isto é muito importante: com a nossa atitude, gerar amizade social.

Rezemos a Maria Santíssima, para que nos ajude a ser como ela, pobres em espírito e ricos em caridade recíproca.

"O administrador injusto" (Andrei Mironov)

Fonte: Santa Sé.

sábado, 17 de setembro de 2022

Festa da Exaltação da Santa Cruz em Jerusalém

A Festa da Exaltação da Santa Cruz, no dia 14 de setembro, é celebrada com grande solenidade pela comunidade católica em Jerusalém com a Santa Missa no altar do Calvário na Basílica do Santo Sepulcro.

Neste ano de 2022 a Santa Missa foi presidida pelo novo Vigário da Custódia Franciscana da Terra Santa, Padre Ibrahim Faltas, eleito no último mês de julho, sucedendo o Padre Dobromir Jazstal, que exercia esse ofício desde 2013.

Confira nossa postagem sobre a história da Festa da Exaltação da Santa Cruz clicando aqui. Para saber mais sobre a Basílica do Santo Sepulcro, clique aqui.

Os frades da Custódia dirigem-se à Basílica
Padre Ibrahim conduz a relíquia da Cruz desde a Capela do Santíssimo Sacramento
A procissão passa ao lado da Edícula do Santo Sepulcro
A relíquia da Cruz sobre o altar da Capela do Calvário
Liturgia da Palavra

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Fotos da Missa do Papa no Cazaquistão

No dia 14 de setembro de 2022 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa da Festa da Exaltação da Santa Cruz junto ao Nur-Sultan Expo Ground no contexto da sua Viagem Apostólica ao Cazaquistão.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Cristiano Antonietti. Para acessar o Missal para a Viagem Apostólica, clique aqui





Homilia

Homilia do Papa: Missa no Cazaquistão

Viagem Apostólica do Papa Francisco ao Cazaquistão 
Santa Missa na Festa da Exaltação da Santa Cruz
Homilia do Santo Padre
Nur-Sultan Expo Ground
Quarta-feira, 14 de setembro de 2022

A cruz é um patíbulo de morte, mas, neste dia de festa, celebramos a Exaltação da Cruz de Cristo. Porque, naquele madeiro, Jesus tomou sobre Si o nosso pecado e o mal do mundo, e derrotou-os com o seu amor. É por isso que fazemos festa hoje. A Palavra de Deus que escutamos nos narra isso mesmo, contrapondo, por um lado, as serpentes que mordem e, por outro, a serpente que salva. Detenhamo-nos sobre estas duas imagens.


Em primeiro lugar, as serpentes que mordem. Atacam o povo, que se deixou cair mais uma vez no pecado da murmuração. Murmurar contra Deus não significa apenas falar mal e lamentar-se d’Ele; quer dizer também, e mais profundamente, que, no coração dos israelitas, esmoreceu a confiança n’Ele, na sua promessa. Com efeito, o povo de Deus encontrava-se a caminhar no deserto rumo à Terra Prometida e sente-se dominado pelo cansaço, não suporta a viagem (cf. Nm 21,4). Então desanima, perde a esperança e, a certa altura, é como se esquecesse a promessa do Senhor: aquelas pessoas já não têm a força de acreditar que é Ele quem guia o seu caminho para uma terra rica e fecunda.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Sugestão de leitura: Ministério da homilia - José Aldazábal

Em sintonia com o “mês da Bíblia”, após apresentarmos o livro Gestos e símbolos de José Aldazábal (†2006) em agosto, trazemos como sugestão de leitura de setembro outra obra do mesmo autor relacionada à Palavra de Deus: Ministério da homilia.

El ministerio de la homilía” foi publicado em espanhol pelo Centro de Pastoral Litúrgica de Barcelona em 2006, mesmo ano da morte de Aldazábal. No Brasil, por sua vez, foi traduzido pela Editora Paulinas em 2018, como parte da Coleção “Liturgia Fundamental”.

Após o Concílio Vaticano II, precedido pelos Movimentos Litúrgico, Bíblico e Patrístico, houve uma “redescoberta” da centralidade da Palavra de Deus e, por conseguinte, uma revalorização da homilia. A obra do Padre Aldazábal se insere nessa linha, oferecendo uma contribuição sobre a homilia considerada no conjunto da pregação eclesial. Vale destacar antes de tudo sua visão dessa como um “ministério”, isto é, como um serviço à comunidade, a ser exercido na obediência à Palavra de Deus e em sintonia com a Liturgia celebrada.

Capa da edição brasileira

A seguir apresentamos brevemente os 14 capítulos e os quatro apêndices nos quais estão divididas as 295 páginas que compõem o livro:

1. A homilia, realidade viva (pp. 13-24)
Este capítulo, naturalmente, serve de introdução à obra, apresentando as “luzes” e as “sombras” da homilia nas últimas décadas.

2. Identidade da homilia (pp. 25-39)
Aqui o autor define a homilia situando-a no conjunto da ação eclesial, distinguindo três dimensões básicas da pregação: a evangelização (primeiro anúncio), a catequese e a homilia.

3. A Palavra de Deus, acontecimento salvador (pp. 41-61)
O contexto da homilia é a proclamação da Palavra de Deus. Portanto, são apresentados aqui diversos aspectos da Palavra, acontecimento sempre novo e eficaz: a presença de Cristo, a ação do Espírito, a acolhida pela comunidade.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Deus Pai 10

Uma vez que “a paternidade e a filiação divinas estão em estreita correlação”, dentro de suas Catequeses sobre Deus Pai o Papa São João Paulo II dedicou duas reflexões à Pessoa do Filho (nn. 16-17).

Para acessar o índice com os links para todas as Catequeses sobre o Creio, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM DEUS PAI

16. O Filho
João Paulo II - 30 de outubro de 1985

1. “Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso... Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai...”.
Com estas palavras do Símbolo Niceno-Constantinopolitano, expressão sintética dos Concílios de Niceia e Constantinopla, que explicitaram a doutrina trinitária da Igreja, nós professamos a fé no Filho de Deus.
Aproximamo-nos assim ao mistério de Jesus Cristo, o qual também hoje, como nos séculos passados, interpela e interroga aos homens com as suas palavras e com as suas obras. Os cristãos, animados pela fé, mostram-lhe amor e devoção. Mas não faltam mesmo entre os não-cristãos aqueles que sinceramente o admiram.
Onde, pois, reside o segredo da atração que Jesus de Nazaré exerce? A busca da plena identidade de Jesus Cristo ocupou desde as origens o coração e a inteligência da Igreja, que o proclama Filho de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

2. Deus, que repetidamente falou “pelos profetas” e ultimamente “por meio do Filho”, como diz a Carta aos Hebreus (Hb 1,1-2),  revelou-se como Pai de um Filho eterno e consubstancial. Jesus, por sua vez, revelando a paternidade de Deus, deu a conhecer também a sua filiação divina. A paternidade e a filiação divinas estão em estreita correlação dentro do mistério de Deus uno e trino. “Porque uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma só é a divindade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, igual a glória e co-eterna a majestade... O Filho não foi feito, nem criado, mas gerado pelo Pai” (Símbolo Atanasiano ou “Quicumque”).

O Filho Unigênito (Viktor Vasnetsov)

3. Jesus de Nazaré, que exclama: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”, afirma em seguida com solenidade: “Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,25.27).
O Filho, que veio ao mundo para “revelar o Pai” assim como Ele o conhece, revelou ao mesmo tempo a Si mesmo como Filho, assim como é conhecido só pelo Pai. Tal revelação estava sustentada pela consciência com a qual, já na adolescência, Jesus fez notar a Maria e a José que “devia ocupar-se das coisas do seu Pai” (cf. Lc 2,49). A sua palavra reveladora foi além disso validada pelo testemunho do Pai, especialmente em circunstâncias decisivas, como durante o Batismo no Jordão, quando os presentes ouviram a voz misteriosa: “Este é o meu Filho amado, no qual Eu me agrado” (Mt 3,17), ou como durante a Transfiguração sobre o monte (cf. Mc 9,7).

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2017

No dia 14 de setembro celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Aproveitamos a ocasião para propor as meditações da Via Sacra presidida pelo Papa Francisco junto ao Coliseu romano na Sexta-feira Santa de 2017.

As meditações, preparadas pela teóloga francesa Anne-Marie Pelletier, seguiram o esquema da “Via Sacra Bíblica”, com algumas modificações.

Como ilustrações, propomos as doze esculturas que compõem a Via Sacra do Santuário de Nossa Senhora de Ta’ Pinu, em Malta, que também seguem um esquema sui generis.


Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Sexta-feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Francisco
Coliseu, Roma - 14 de abril de 2017

Meditações: Sra. Anne-Marie Pelletier

Versículo introdutório
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per tuam Sanctam Crucem redemisti mundum. Domine, miserere nobis.

Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Introdução
Por fim, a Hora chegou. O caminho de Jesus pelas estradas poeirentas da Galileia e da Judeia, ao encontro dos corpos e dos corações atribulados, impelido pela urgência de anunciar o Reino... esse caminho detém-se aqui, hoje. Na colina do Gólgota. Hoje a cruz atravanca a estrada. Jesus não irá mais longe.
Impossível ir mais longe!
Aqui o amor de Deus obtém a sua medida plena: amor sem medida.
Hoje, o amor do Pai, que deseja que todos os homens se salvem por intermédio do Filho, vai até ao extremo, onde deixamos de ter palavras, onde ficamos desorientados, onde a nossa religiosidade é ultrapassada pelo excesso dos desígnios de Deus.
Com efeito, o sucedido no Gólgota é, contra todas as aparências, questão de vida, de graça e de paz. Trata-se, não do reino do mal que conhecemos demasiado bem, mas da vitória do amor.
E, precisamente sob a mesma cruz, trata-se do nosso mundo, com todas as suas quedas e os seus sofrimentos, os seus apelos e as suas revoltas, tudo aquilo que clama a Deus, hoje, a partir das terras de miséria ou de guerra, nas famílias dilaceradas, nas prisões, nas barcaças sobrecarregadas de migrantes...
Tantas lágrimas, tanta miséria no cálice que o Filho bebe por nós.
Tantas lágrimas, tanta miséria que não acabam perdidas no oceano do tempo, mas são recolhidas por Ele, para ser transfiguradas no mistério de um amor em que o mal é consumido.
É da invencível fidelidade de Deus à nossa humanidade que se trata no Gólgota.
É um nascimento que lá se realiza!
Devemos ter a coragem de dizer que a alegria do Evangelho é a verdade deste momento!
Se o nosso olhar não alcança esta verdade, então continuamos prisioneiros nas redes do sofrimento e da morte. E tornamos vã, para nós, a Paixão de Cristo.


Oração
Senhor, os nossos olhos estão ofuscados. Como acompanhar-Vos tão longe?
“Misericórdia” é o vosso nome. Mas este nome é uma loucura.
Rompam-se os odres velhos dos nossos corações!
Curai o nosso olhar para que se ilumine com a boa notícia do Evangelho, na hora em que estamos ao pé da Cruz do vosso Filho.
E nós poderemos celebrar “a largura, o comprimento, a altura e a profundidade” (Ef 3,18) do amor de Cristo, com o coração consolado e encandeado.

I Estação: Jesus é condenado à morte

Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

A viagem do Papa Francisco ao Cazaquistão

De 13 a 15 de setembro de 2022 o Papa Francisco realiza uma Viagem Apostólica ao Cazaquistão, para participar do 7º Congresso de Líderes do Mundo e Religiões Tradicionais (VII Congress of Leaders of World and Traditional Religions). Esta será sua 38ª Viagem fora da Itália e a 11ª com destino à Ásia.

Logotipo da viagem

A viagem de Francisco será a segunda vez que o país da Ásia Central recebe o Sucessor de Pedro, após a visita de São João Paulo II de 22 a 25 de setembro de 2001 (seguida da viagem do Papa polonês à Armênia, nos dias 25 a 27).

O Congresso de Líderes do Mundo e Religiões Tradicionais, por sua vez, tem lugar em Nur-Sultan (antiga Astana), capital do Cazaquistão, a cada três anos. Surgiu em 2003 como uma proposta de diálogo diante da crescente onda de terrorismo e de extremismos religiosos.

Programa da viagem:

13 de setembro (terça-feira)

O Papa Francisco chega ao Aeroporto Internacional de Nur-Sultan no fim da tarde de terça-feira. Nesse dia têm lugar os encontros com o presidente da República e com as autoridades civis.

14 de setembro (quarta-feira)

Pela manhã o Papa participa da abertura do Congresso de Líderes do Mundo e Religiões Tradicionais junto a outros líderes religiosos.

Geralmente esse Congresso tem lugar no “Palácio da Paz e da Reconciliação” (Palace of Peace and Reconciliation). Este ano, porém, o encontro ocorrerá no “Palácio da Independência” (Palace of Independence) em Nur-Sultan.

À tarde, por sua vez, o Santo Padre preside a Missa da Festa da Exaltação da Santa Cruz junto ao Nur-Sultan Expo Ground, um centro de exposições na capital cazaque.

Vitral do Palácio da Paz e Reconciliação (Nur-Sultan)

15 de setembro (quinta-feira)

A manhã do terceiro dia de viagem será marcada pelo encontro privado com os membros da Companhia de Jesus (jesuítas) na sede da Nunciatura Apostólica e pelo encontro com os Bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e seminaristas na Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Nur-Sultan.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Ângelus do Papa: XXIV Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 11 de setembro de 2022

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Lc 15,1-32) apresenta-nos as três parábolas da misericórdia; chamam-se assim porque mostram o coração misericordioso de Deus. Jesus as narra em resposta às murmurações dos fariseus e dos escribas, que dizem: «Este acolhe os pecadores e come com eles» (v. 2). Escandalizavam-se porque Jesus estava entre os pecadores. Se para eles isto é religiosamente escandaloso, Jesus, acolhendo os pecadores e comendo com eles, revela-nos que Deus é exatamente assim: Deus não exclui ninguém, deseja todos no seu banquete, porque Ele ama todos como filhos, todos, sem excluir ninguém, todos. As três parábolas, então, resumem o coração do Evangelho: Deus é Pai e vem procurar-nos cada vez que nos perdemos.

Na verdade, os protagonistas das parábolas, representando Deus, são um pastor que procura a ovelha perdida, uma mulher que encontra a moeda perdida, e o pai do filho pródigo. Reflitamos sobre um aspecto comum a estes três protagonistas. No fundo, os três têm um aspecto em comum, que poderíamos definir como: a inquietação pela falta - falta a ovelha, falta a moeda, falta o filho -, os três nestas parábolas estão inquietos porque lhes falta algo. Afinal, os três, se fizessem alguns cálculos, poderiam estar tranquilos: ao pastor falta uma ovelha, mas tem outras noventa e nove - “Que se perca...”; a mulher, uma moeda, mas tem outras nove; e também o Pai tem outro filho, obediente, a quem se dedicar: por que pensar naquele que partiu para uma vida dissoluta? Em vez disso, nos seus corações - o do pastor, o da mulher e o do pai - há a preocupação pelo que falta: a ovelha, a moeda, o filho que foi embora. Quem ama preocupa-se por quem falta, sente saudade de quem está ausente, procura aquele que se perdeu, espera por aquele que se afastou. Pois deseja que ninguém se perca.

Irmãos e irmãs, Deus é assim: Ele não está “tranquilo” se nos afastarmos d’Ele, sofre, estremece no íntimo; e põe-se em movimento para ir à nossa procura, até nos reconduzir aos seus braços. O Senhor não calcula as perdas e os riscos, tem um coração de pai e de mãe, e sofre pela falta dos filhos amados. “Mas por que sofre se este filho é um desventurado, foi embora?”. Sofre, sofre. Deus sofre pela nossa distância, e quando nos desviamos, espera o nosso regresso. Lembremo-nos: Deus está sempre à nossa espera de braços abertos, seja qual for a situação na vida em que estamos perdidos. Como diz um salmo, Ele não dorme, Ele vela sempre sobre nós (cf. Sl 120,4-5).

Olhemos agora para nós mesmos e perguntemo-nos: imitamos o Senhor nisto? Temos a inquietação da falta? Sentimos saudade daqueles que estão ausentes, daqueles que se afastaram da vida cristã? Carregamos esta inquietação interior, ou permanecemos serenos e sem perturbações entre nós? Em outras palavras, quem falta nas nossas comunidades, será que nos falta realmente, ou estamos fingindo e não nos comovemos no coração? Quem falta na minha vida, falta concretamente? Ou estamos bem entre nós, tranquilos e felizes nos nossos grupos - “frequento um grupo apostólico muito bom...” -, sem nutrir compaixão por aqueles que estão longe? Não se trata apenas de estarmos “abertos aos outros”, é o Evangelho! O pastor da parábola não disse: “Já tenho noventa e nove ovelhas, quem me faz ir à procura da perdida e desperdiçar o meu tempo?”. Em vez disso, ele foi. Reflitamos então sobre as nossas relações: rezo por quem não crê, por quem está distante, por quem está amargurado? Atraímos os distantes através do estilo de Deus, que é a proximidade, a compaixão e a ternura? O Pai pede-nos que estejamos atentos aos filhos dos quais sente falta. Pensemos em uma pessoa que conhecemos, que está próxima de nós, e que talvez nunca tenha ouvido alguém dizer-lhe: “Sabes? Tu és importante para Deus”. “Mas eu estou em uma situação irregular, fiz esta coisa má, e outra ainda...” - “És importante para Deus”, dizei-o, “não O procuras, mas Ele procura-te”.

Deixemo-nos inquietar - que sejamos homens e mulheres de coração inquieto - deixemo-nos inquietar com estas perguntas e rezemos a Nossa Senhora, Mãe que nunca se cansa de nos procurar e de cuidar de nós, seus filhos.

Jesus, o Bom Pastor à procura da ovelha perdida

Fonte: Santa Sé.

Encontro dos Núncios Apostólicos no Vaticano

Entre os dias 07 e 10 de setembro de 2022 teve lugar no Vaticano o encontro trienal dos Núncios Apostólicos, isto é, os Bispos que representam oficialmente a Santa Sé nos diversos países do mundo.

O encontro teve início na quinta-feira, dia 07, com a Missa presidida pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, na Capela do Coro da Basílica de São Pedro. No dia seguinte, 08 de setembro, este presidiu as Vésperas da Festa da Natividade de Maria na Capela Sistina.

Em ambas as celebrações o Cardeal Parolin foi assistido pelo Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi, Cerimoniário Pontifício, que também trabalha na Secretaria de Estado da Santa Sé.

No dia 10 de setembro, por sua vez, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa com os Núncios na Capela da Casa Santa Marta. Porém, não foram divulgadas imagens desta celebração.

07 de setembro: Missa na Capela do Coro da Basílica Vaticana

Homilia do Cardeal Parolin

Oração Eucarística: Epiclese
Bênção
Antífona final de Nossa Senhora

08 de setembro: Vésperas na Capela Sistina