sexta-feira, 29 de maio de 2015

Fotos da Missa de Pentecostes no Vaticano

No último dia 24 de maio o Papa Francisco celebrou na Basílica de São Pedro a Santa Missa da Solenidade de Pentecostes.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada

Incensação

Rito da aspersão

Homilia do Papa: Domingo de Pentecostes 2015

Santa Missa na Solenidade de Pentecostes
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Domingo, 24 de maio de 2015

«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio (...) Recebei o Espírito Santo» (Jo 20,21.22): diz-nos Jesus. A efusão do Espírito, que tivera lugar na tarde da Ressurreição, repete-se no dia de Pentecostes, corroborada por sinais visíveis extraordinários. Na tarde de Páscoa, Jesus aparece aos Apóstolos e sopra sobre eles o seu Espírito (v. 22); na manhã de Pentecostes, a efusão acontece de forma estrondosa, como um vento que se abate impetuoso sobre a casa e irrompe na mente e no coração dos Apóstolos. Como resultado, recebem uma força tal que os impele a anunciar, nas diferentes línguas, o evento da Ressurreição de Cristo: «Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas» (At 2,4). Juntamente com eles, estava Maria, a Mãe de Jesus, a primeira discípula, e ali se torna Mãe da Igreja nascente. Com a sua paz, com o seu sorriso, com a sua maternidade, acompanhava a alegria da jovem Esposa, a Igreja de Jesus.

A Palavra de Deus - especialmente neste dia - diz-nos que o Espírito age nas pessoas e comunidades que estão repletas d’Ele, fá-las capazes de receber Deus («capax Dei», dizem os Santos Padres). E que faz o Espírito Santo por meio desta capacidade nova que nos dá? Guia para a verdade completa (Jo 16,13), renova a terra (Sl 103) e produz os seus frutos (Gl 5,22-23). Guia, renova e dá frutos.

No Evangelho, Jesus promete aos seus discípulos que, quando Ele tiver regressado ao Pai, virá o Espírito Santo que os «há de guiar para a verdade completa» (Jo 16,13). Chama-Lhe precisamente «Espírito da verdade», explicando que a sua ação será introduzi-los sempre mais na compreensão daquilo que Ele, o Messias, disse e fez, nomeadamente da sua morte e ressurreição. Aos Apóstolos, incapazes de suportar o escândalo da Paixão do seu Mestre, o Espírito dará uma nova chave de leitura para os introduzir na verdade e beleza do evento da Salvação. Estes homens, antes temerosos e bloqueados, fechados no Cenáculo para evitar repercussões da Sexta-feira Santa, já não se envergonharão de ser discípulos de Cristo, já não tremerão perante os tribunais humanos. Graças ao Espírito Santo, de que estão repletos, compreendem «a verdade completa», ou seja, que a morte de Jesus não é a sua derrota, mas a máxima expressão do amor de Deus; um amor que, na Ressurreição, vence a morte e exalta Jesus como o Vivente, o Senhor, o Redentor do homem, o Senhor da história e do mundo. E esta realidade, de que são testemunhas, torna-se a Boa Notícia que deve ser anunciada a todos.

Depois o Espírito Santo renova - guia e renova - renova a terra. O Salmo diz: «Se envias o teu Espírito, (...) renovas a face da terra» (Sl 103,30). A narração dos Atos dos Apóstolos sobre o nascimento da Igreja encontra uma significativa correspondência neste Salmo, que é um grande louvor de Deus Criador. O Espírito Santo, que Cristo enviou do Pai, e o Espírito que tudo vivifica são uma só e mesma pessoa. Por isso, o respeito pela criação é uma exigência da nossa fé: o «jardim» onde vivemos é-nos confiado, não para o explorarmos, mas para o cultivarmos e guardarmos com respeito (Gn 2,15). Mas isto só é possível, se Adão - o homem plasmado da terra - se deixar, por sua vez, renovar pelo Espírito Santo, se deixar re-plasmar pelo Pai segundo o modelo de Cristo, novo Adão. Então sim, renovados pelo Espírito, podemos viver a liberdade dos filhos em harmonia com toda a criação e, em cada criatura, podemos reconhecer um reflexo da glória do Criador, como se afirma noutro Salmo: «Ó Senhor, nosso Deus, como é admirável o teu nome em toda a terra!» (Sl 8,2.10). Guia, renova e dá, dá fruto.

Na Carta aos Gálatas, São Paulo quer mostrar qual é o «fruto» que se manifesta na vida daqueles que caminham segundo o Espírito (Gl 5,22). Temos, de um lado, a «carne» com o cortejo dos seus vícios elencados pelo Apóstolo, que são as obras do homem egoísta, fechado à ação da graça de Deus; mas, de outro, há o homem que, com a fé, deixa irromper em si mesmo o Espírito de Deus e, nele, florescem os dons divinos, resumidos em nove radiosas virtudes que Paulo chama o «fruto do Espírito». Daí o apelo, repetido no início e no fim como um programa de vida: «caminhai no Espírito» (Gl 5,16.25).

O mundo tem necessidade de homens e mulheres que não estejam fechados, mas repletos de Espírito Santo. Para além de falta de liberdade, o fechamento ao Espírito Santo é também pecado. Há muitas maneiras de fechar-se ao Espírito Santo: no egoísmo do próprio benefício, no legalismo rígido - como a atitude dos doutores da lei que Jesus chama de hipócritas -, na falta de memória daquilo que Jesus ensinou, no viver a existência cristã não como serviço mas como interesse pessoal, e assim por diante. Ao contrário, o mundo necessita da coragem, da esperança, da fé e da perseverança dos discípulos de Cristo. O mundo precisa dos frutos, dos dons do Espírito Santo, como elenca São Paulo: «amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio» (Gl 5,22). O dom do Espírito Santo foi concedido em abundância à Igreja e a cada um de nós, para podermos viver com fé genuína e caridade operosa, para podermos espalhar as sementes da reconciliação e da paz. Fortalecidos pelo Espírito – que guia, guia-nos para a verdade, que nos renova a nós e à terra inteira, e que nos dá os frutos – fortalecidos no Espírito e por estes múltiplos dons, tornamo-nos capazes de lutar sem abdicações contra o pecado, de lutar sem abdicações contra a corrupção que dia a dia se vai estendendo sempre mais no mundo, e dedicar-nos, com paciente perseverança, às obras da justiça e da paz.


Fonte: Santa Sé.

Vésperas e Missa de Pentecostes em São Paulo

No último dia 23 de maio, Dom Mathias Tolentino Braga, Abade do Mosteiro de São Bento em São Paulo celebrou as I Vésperas e a Santa Missa da Solenidade de Pentecostes na Catedral Nossa Senhora da Assunção em São Paulo.

Procissão de entrada
Versículo introdutório
Incensação durante o Magnificat


segunda-feira, 25 de maio de 2015

XVI Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 20 de Maio de 2015
A Família (16): A educação dos filhos

Estimados irmãos e irmãs, hoje quero dar-vos as boas-vindas porque vi entre vós numerosas famílias: bom dia a todas as famílias!
Continuemos a meditar sobre a família. Hoje ponderaremos acerca de uma característica essencial da família, ou seja, a sua vocação natural para educar os filhos a fim de que cresçam na responsabilidade por si mesmos e pelo próximo. O que ouvimos do apóstolo Paulo, no início, e muito bonito: «Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que eles não desanimem» (Cl 3,20-21) . Trata-se de uma regra sábia: o filho que é educado a ouvir e a obedecer aos pais, os quais não devem mandar de uma maneira inoportuna, para não desencorajar os filhos. Com efeito, os filhos devem crescer passo a passo, sem desanimar. Se vós, pais, dizeis aos vossos filhos: «Subamos por esta escada» e pegais na sua mão, ajudando-os a subir passo a passo, as coisas correrão bem. Mas se vós dizeis: «Sobe!» - «Mas não consigo» - «Vai!», isto chama-se exasperar os filhos, pedindo-lhes aquilo que eles não são capazes de fazer. Por isso, a relação entre pais e filhos deve ser sábia, profundamente equilibrada. Filhos, obedecei aos vossos pais, porque isto agrada a Deus. E vós, pais, não exaspereis os vossos filhos, pedindo-lhes coisas que eles não conseguem fazer. É preciso agir assim, para que os filhos cresçam na responsabilidade por si mesmos e pelo próximo.
Poderia parecer uma constatação óbvia, e no entanto também na nossa época não faltam problemas. É difícil educar para os pais que se encontram com os filhos só à noite, quando voltam para casa do trabalho cansados. Aqueles que têm a sorte de dispor de um trabalho! É ainda mais difícil para os pais separados, sob o peso desta sua condição: coitados, enfrentaram dificuldades, separaram-se e muitas vezes o filho é tomado como refém; o pai fala-lhe mal da mãe, a mãe fala-lhe mal do pai, e assim ferem-se tanto. Mas aos pais separados digo: nunca tomeis o filhos como refém! Separastes-vos devido a muitas dificuldades e motivos, a vida deu-vos esta provação, mas os filhos não devem carregar o fardo desta separação, que eles não sejam usados como reféns contra o outro cônjuge, mas cresçam ouvindo a mãe falar bem do pai, embora já não estejam juntos, e o pai falar bem da mãe. Para os pais separados, isto é muito importante e deveras difícil, mas podem fazê-lo.
Mas sobretudo uma pergunta: como educar? Que tradição temos hoje para transmitir aos nossos filhos?
Intelectuais «críticos» de todos os tipos silenciaram os pais de mil maneiras, para defender as jovens gerações contra os danos - verdadeiros ou presumíveis - da educação familiar. A família foi acusada, entre outros, de autoritarismo, favoritismo, conformismo e repressão afetiva que gera conflitos.
Com efeito, abriu-se uma ruptura entre família e sociedade, entre família e escola; hoje o pacto educativo interrompeu-se; e assim, a aliança educativa da sociedade com a família entrou em crise, porque foi minada a confiança recíproca. Os sintomas são numerosos. Por exemplo, na escola comprometeram-se as relações entre os pais e os professores. Às vezes existem tensões e desconfiança mútua; e naturalmente as consequências recaem sobre os filhos. Por outro lado, multiplicaram-se os chamados «peritos», que passaram a ocupar o papel dos pais até nos aspectos mais íntimos da educação. Sobre a vida afetiva, a personalidade e o desenvolvimento, sobre os direitos e os deveres, os «peritos» sabem tudo: finalidades, motivações, técnicas. E os pais só devem ouvir, aprender a adaptar-se. Privados da sua função, tornam-se muitas vezes excessivamente apreensivos e possessivos em relação aos seus filhos, a ponto de nunca os corrigir: «Tu não podes corrigir o teu filho!». Tendem a confiá-los cada vez mais aos «peritos», até nos aspectos mais delicados e pessoais da sua vida, pondo-se de parte sozinhos; e assim, hoje, os pais correm o risco de se auto-excluir da vida dos próprios filhos. E isto é gravíssimo! Hoje existem casos deste tipo. Não digo que acontece sempre, mas existem. Na escola, a professora repreende a criança e manda uma nota aos pais. Recordo-me de uma anedota pessoal. Certa vez, quando estava na quarta classe, eu disse uma palavra feia à professora e ela, uma mulher boa, mandou chamar a minha mãe. No dia seguinte ela veio, falaram entre elas e depois chamaram-me. Diante da professora, a minha mãe explicou-me que aquilo que eu tinha feito era feio, algo que não se devia fazer; mas a minha mãe fê-lo com muita delicadeza, dizendo-me que devia pedir desculpa à professora à sua frente. Fi-lo e depois senti-me feliz e disse: a história acabou bem! Mas aquele era o primeiro capítulo! Quando voltei para casa, teve início o segundo... Imaginai hoje, se a professora faz algo assim; no dia seguinte encontra os pais ou um deles a repreendê-la, porque os «peritos» dizem que as crianças não devem ser repreendidas assim... A situação mudou! Portanto, os pais não devem auto-excluir-se da educação dos filhos.
É evidente que esta organização não é boa: não é harmoniosa, nem dialógica, e em vez de favorecer a colaboração entre a família e as demais agências educativas, as escolas, os ginásios... contrapõe-nas.
Como pudemos chegar a este ponto? Não há dúvida de que os pais, ou melhor certos modelos educativos do passado, tinham alguns limites, não há dúvida! Mas também é verdade que alguns erros só os pais são autorizados a fazê-los, porque podem compensá-los de um modo que é impossível a qualquer outra pessoa. Por outro lado, como bem sabemos, a vida tornou-se avara de tempo para falar, meditar, confrontar-se. Muitos pais são «raptados» pelo trabalho - o pai e a mãe devem trabalhar - e por outras preocupações, confusos pelas novas exigências dos filhos e pela complexidade da vida moderna - que é assim, devemos aceitá-la como é - e encontram-se como que paralisados pelo medo de errar. Mas o problema não é só falar. Aliás, um «dialogismo» superficial não leva a um encontro genuíno entre a mente e o coração. Ao contrário, perguntemo-nos: procuramos entender «onde» estão deveras os filhos no seu caminho? Sabemos onde realmente está a sua alma? E sobretudo: queremos sabê-lo? Estamos convictos de que eles, na realidade, não estão à espera de algo mais?
As comunidades cristãs são chamadas a oferecer ajuda à missão educativa das famílias, e fazem-no principalmente à luz da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo recorda a reciprocidade dos deveres entre pais e filhos: «Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que eles não desanimem» (Cl 3,20-21). Na base de tudo está o amor, a caridade que Deus nos concede, a qual «não é arrogante, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor... Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1Cor 13,5-7). Até nas melhores famílias é preciso suportar-se uns aos outros, e é necessária tanta paciência para isto! Mas a vida é mesmo assim. A vida não se faz no laboratório, mas na realidade. O próprio Jesus passou através da educação familiar.
Também neste caso, a graça do amor de Cristo cumpre aquilo que está inscrito na natureza humana. Quantos exemplos maravilhosos temos de pais cristãos cheios de sabedoria humana! Eles demonstram que a boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo. A sua propagação social constitui o recurso que permite compensar as lacunas, as feridas, os vazios de paternidade e maternidade que atingem os filhos menos felizardos. Esta irradiação pode fazer autênticos milagres. E na Igreja estes milagres acontecem todos os dias!
Faço votos a fim de que o Senhor conceda às famílias cristãs a fé, a liberdade e a coragem necessários para a sua missão. Se a educação familiar resgatar o orgulho do seu protagonismo, os pais incertos e os filhos decepcionados serão grandemente beneficiados. Chegou a hora de os pais e as mães voltarem do seu exílio - porque se auto-exilaram da educação dos próprios filhos - e recuperarem a sua função educativa. Oremos para que o Senhor conceda aos pais esta graça: a de não se auto-exilarem da educação dos seus filhos. E isto só pode ser feito com amor, ternura e paciência.


Fonte: Santa Sé

Posse do Cardeal Berhouet

No último dia 17 de maio, VII Domingo da Páscoa, tomou posse de sua igreja titular em Roma o Cardeal Daniel Fernando Sturla Berhouet.

Ao Cardeal Berhouet, Arcebispo de Montevidéu (Uruguai), o Papa concedeu o Título de Santa Galla. O cerimoniário designado foi Mons. Marco Agostini.

Veneração da cruz
Entrada na igreja

Apresentação da bula de criação cardinalícia

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Fotos da Canonização de quatro Beatas no Vaticano

No último dia 17 de maio, VII Domingo da Páscoa, o Papa Francisco celebrou na Praça de São Pedro a Santa Missa para a Canonização de quatro Beatas: Giovanna Emília de Villeneuve, Maria Cristina da Imaculada Conceição Brando, Maria Alfonsina Danil Ghattas e Maria de Jesus Crucificado Baouardy.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e John Richard Cihak. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada
Incensação do altar
Ritos iniciais
Hino Veni Creator

Homilia do Papa: Canonização de quatro Beatas

Santa Missa e Canonização das Beatas:
Giovanna Emília de Villeneuve, Maria Cristina da Imaculada Conceição Brando, Maria Alfonsina Danil Ghattas e Maria de Jesus Crucificado Baouardy
Homilia do Papa Francisco
Praça São Pedro
 VII Domingo de Páscoa (Ano B), 17 de maio de 2015

Os Atos dos Apóstolos apresentaram-nos a Igreja nascente no momento em que escolhe aquele que Deus chamou para ocupar o lugar de Judas no colégio dos Apóstolos. Não se trata de assumir um cargo, mas um serviço. E com efeito Matias, que foi o escolhido, recebe uma missão que Pedro define com as seguintes palavras: «É necessário que (...) um deles se torne, juntamente conosco, testemunha da sua Ressurreição» - da Ressurreição de Cristo (At 1,21-22). Com estas expressões ele resume o que significa fazer parte dos Doze: quer dizer ser testemunha da Ressurreição de Jesus. Quando ele diz «juntamente conosco» fez-nos compreender que a missão de anunciar Cristo ressuscitado não é uma tarefa individual: ela deve ser vivida de modo comunitário, juntamente com o colégio apostólico e com a comunidade. Os Apóstolos fizeram a experiência direta e maravilhosa da Ressurreição; são testemunhas oculares daquele acontecimento. Graças ao seu testemunho influente, muitas pessoas acreditaram; e da fé em Cristo ressuscitado nasceram e ainda surgem continuamente as comunidades cristãs. Também nós, hoje, fundamos a nossa fé no Senhor ressuscitado sobre o testemunho dos Apóstolos, que chegou até nós mediante a missão da Igreja. A nossa fé está ligada solidamente ao seu testemunho, como a uma corrente ininterrupta que se estendeu ao longo dos séculos, não só pelos sucessores dos Apóstolos, mas também por inúmeras gerações de cristãos. Com efeito, à imitação dos Apóstolos, cada discípulo de Cristo está chamado a tornar-se testemunha da sua Ressurreição, principalmente naqueles ambientes humanos em que são mais evidentes o esquecimento de Deus e a confusão do homem.

Para que isto se realize, é necessário permanecer em Cristo ressuscitado e no seu amor, como nos recordou a Primeira Carta de João: «Quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele» (1Jo 4,16). Jesus repetiu-o com insistência aos seus discípulos: «Permanecei em mim... Perseverai no meu amor» (Jo 15,4.9). Este é o segredo dos santos: permanecer em Cristo, unidos a Ele como os ramos à videira, para dar muito fruto (cf. Jo 15,1-8). E este fruto é unicamente o amor. Este amor resplandece no testemunho da irmã Giovanna Emília de Villeneuve, que consagrou a sua vida a Deus e aos pobres, aos enfermos, aos prisioneiros e aos explorados, tornando-se para eles e para todos um sinal concreto do amor misericordioso do Senhor.

Santa Giovanna Emília de Villeneuve

A relação com Jesus ressuscitado é - por assim dizer - a «atmosfera» em que vive o cristão e na qual encontra a força para permanecer fiel ao Evangelho, inclusive no meio dos obstáculos e das incompreensões. «Permanecer no amor»: foi assim que agiu também a irmã Maria Cristina Brando. Ela deixou-se conquistar completamente pelo amor apaixonado ao Senhor; e através da oração e do encontro de «coração a coração» com Jesus ressuscitado, presente na Eucaristia, ela recebia a força para suportar os sofrimentos e para se oferecer como pão partido a numerosas pessoas que viviam distantes de Deus e famintas de amor autêntico.

Santa Maria Cristina da Imaculada Conceição

Um aspecto essencial do testemunho que devemos prestar ao Senhor ressuscitado é a unidade entre nós, seus discípulos, à imagem da unidade que subsiste entre Ele e o Pai. Também hoje ressoou no Evangelho a oração de Jesus na véspera da Paixão: «Para que todos sejam um, como nós» (Jo 17,11). Deste amor eterno entre o Pai e o Filho, que se infunde em nós por intermédio do Espírito Santo (cf. Rm 5,5), adquirem vigor a nossa missão e a nossa comunhão fraternal; é dele que brota sempre de novo a alegria de seguir o Senhor pelo caminho da sua pobreza, da sua castidade e da sua obediência; é aquele mesmo amor que nos chama a cultivar a oração contemplativa. Foi quanto experimentou de maneira eminente a irmã Maria Baouardy que, humilde e iletrada, soube dar conselhos e explicações teológicas com extrema clarividência, fruto do diálogo incessante que mantinha com o Espírito Santo. A docilidade ao Espírito Santo fez dela também um instrumento de encontro e de comunhão com o mundo muçulmano. Assim também a irmã Maria Alfonsina Danil Ghattas entendeu bem o que significa irradiar o amor de Deus no apostolado, tornando-se testemunha de mansidão e de unidade. Ela oferece-nos um claro exemplo da importância de nos tornarmos responsáveis uns pelos outros, de vivermos uns ao serviço dos outros.

Santa Maria de Jesus Crucificado
Santa Maria Alfonsina Danil Ghattas

Permanecer em Deus e no seu amor, para anunciar com a palavra e com a vida a Ressurreição de Jesus, dando testemunho da unidade entre nós e da caridade para com todos. Foi o que levaram a cabo as quatro Santas hoje proclamadas. O seu exemplo luminoso interpela a nossa vida cristã: como sou testemunha de Cristo Ressuscitado? É uma questão que devemos levantar. Como permaneço nele, como habito no seu amor? Sou capaz de «lançar» na família, no ambiente de trabalho, no seio da minha comunidade, a semente daquela unidade que Ele nos concedeu, comunicando-a a nós a partir da vida trinitária?

Quando voltarmos para casa hoje, levemos connosco a alegria deste encontro com o Senhor ressuscitado; cultivemos no coração o compromisso a permanecer no amor de Deus, perseverando unidos a Ele e entre nós, e seguindo os passos destas quatro mulheres, modelos de santidade, que a Igreja nos convida a imitar.

Fonte: Santa Sé.

Ordenação Diaconal em Curitiba

No último dia 16 de maio, sábado da VI semana da Páscoa, Dom José Antonio Peruzzo, Arcebispo Metropolitano de Curitiba, celebrou na Paróquia Imaculado Coração de Maria a Santa Missa para a Ordenação Diaconal de quatro seminaristas claretianos: Fagner, Francismar, Luiz Francisco e Michael.

Seguem algumas fotos, disponíveis no site da paróquia:

Procissão de entrada

Ritos iniciais

Homilia

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Veni, Sancte Spiritus: A sequência de Pentecostes

O Domingo de Pentecostes, celebrado 50 dias após a Páscoa, é uma das quatro celebrações nas quais a Igreja nos propõe uma sequência, composição poética entoada antes do Evangelho da Missa que exprime o mistério celebrado [1].

A sequência de Pentecostes intitula-se Veni, Sancte Spíritus, isto, é, “Vinde, Santo Espírito” (que na tradução oficial para o português do Brasil começa como “Espírito de Deus, enviai dos céus...”).


Alguns autores mais antigos atribuíam sua autoria ao rei francês Roberto II, o Piedoso (†1031), no início do século XI. Não obstante, a maioria dos estudiosos considera mais provável que tenha sido composta por Stephen Langton (†1228), Arcebispo de Canterbury (ou Cantuária) na Inglaterra.

Outros estudiosos atribuem ainda a sequência ao Papa Inocêncio III (†1216), o que na verdade corroboraria a autoria de Langton: mais do que autor, Inocêncio III teria aprovado a sequência para uso litúrgico.

Com efeito, nessa época entoava-se no Domingo de Pentecostes a sequência Sancti Spiritus, adsit nobis gratia, atribuída a Notker Balbulus (†912), isto é, Notker o Gago, monge beneditino da Abadia de São Galo (Sankt Gallen), na Suíça.

Entre os séculos XIII e XVI as duas sequências eram intercaladas ao longo de toda a Oitava de Pentecostes, até que o Concílio de Trento fixou Veni, Sancte Spíritus como a única sequência para essa Solenidade [2].

Esta, com efeito, é referida por alguns autores como “sequência áurea”, dado o caráter ao mesmo tempo simples e melódico da composição, formada por dez estrofes de três versos, com um esquema de rimas fixo: os dois primeiros versos de cada estrofe rimam entre si, enquanto todos os terceiros versos rimam entre si, terminando em -ium.

Escultura do Bispo Stephen Langton na Catedral de Canterbury

Confira a seguir, pois, o texto original da sequência (em latim) e sua tradução oficial para o português do Brasil, conforme consta no Lecionário Dominical:

Sequentia: Veni, Sancte Spíritus

1. Veni, Sancte Spíritus,
et emítte caélitus
lucis tuae rádium.

2. Veni, pater páuperum,
veni, dator múnerum,
veni, lumen córdium.

terça-feira, 19 de maio de 2015

XV Catequese do Papa sobre a Família

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 13 de Maio de 2015
A Família (15): Com licença, obrigado, desculpa

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
A catequese de hoje é como a porta de entrada de uma série de reflexões sobre a vida da família, a sua vida real, com os seus tempos e acontecimentos. Sobre esta porta de entrada estão escritas três palavras, que já mencionei várias vezes na praça. Elas são: «com licença», «obrigado», «desculpa». Estas palavras realmente abrem o caminho para viver bem na família, para viver em paz. Trata-se de palavras simples, mas não tão fáceis de pôr em prática! Elas encerram em si uma grande força: o vigor de proteger o lar, até no meio de inúmeras dificuldades e provações; ao contrário, a sua falta gradualmente abre fendas que até o podem fazer ruir.
Em geral, para nós elas são as palavras da «boa educação». Pois bem, uma pessoa bem educada pede licença, diz obrigado ou pede desculpa quando se engana. Mas a boa educação é muito importante! Um grande bispo, são Francisco de Sales, costumava dizer que «a boa educação já é meia santidade». Mas atenção, na história conhecemos também um formalismo das boas maneiras que pode tornar-se uma máscara que oculta a aridez do espírito e o desinteresse em relação ao próximo. Costuma-se dizer: «Por detrás de tantas boas maneiras escondem-se maus hábitos». Nem sequer a religião está imune deste risco, que leva a observância formal a decair na mundanidade espiritual. O diabo que tenta Jesus ostenta boas maneiras - é mesmo um senhor, um cavalheiro - e até cita as Sagradas Escrituras, parece um teólogo. O seu estilo parece correto, mas tem a intenção de desviar da verdade do amor de Deus. Quanto a nós, entendemos a boa educação nos seus termos autênticos, onde o estilo das boas relações está solidamente arraigado no amor pelo bem e no respeito pelo próximo. A família vive desta delicadeza do bem-querer.
Vejamos: a primeira palavra é «com licença». Quando nos preocupamos em pedir gentilmente até aquilo que talvez julguemos que podemos pretender, construímos um verdadeiro baluarte para o espírito da convivência matrimonial e familiar. Entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa existência, exige a delicadeza de uma atitude não invasiva, que renova a confiança e o respeito. Em síntese, a confidência não autoriza a presumir tudo. E quanto mais íntimo e profundo for o amor, tanto mais exigirá o respeito pela liberdade e a capacidade de esperar que o outro abra a porta do seu coração. A este propósito, recordemos aquela palavra de Jesus no livro do Apocalipse: «Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei na sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo» (3,20). Até o Senhor pede licença para entrar! Não o esqueçamos! Antes de fazer algo em família: «Com licença, posso fazer isto? Queres que eu faça assim?». Uma linguagem bem educada, mas cheia de amor. E isto faz bem às famílias.
A segunda palavra é «obrigado». Certas vezes pensamos espontaneamente que estamos a tornar-nos uma civilização malcriada, de palavrões, como se eles fossem um sinal de emancipação. Ouvimo-las com frequência, inclusive publicamente. A gentileza e a capacidade de agradecer são vistas como um sinal de debilidade, e às vezes até chegam a suscitar desconfiança. Esta tendência deve ser evitada no próprio coração da família. Devemos tornar-nos intransigentes sobre a educação para a gratidão e o reconhecimento: a dignidade da pessoa e a justiça social passam ambas por aqui. Se a vida familiar ignorar este estilo, também a vida social o perderá. Além disso, para o crente a gratidão encontra-se no próprio cerne da fé: o cristão que não sabe agradecer é alguém que se esqueceu da língua de Deus. E isto é feio! Recordemos a pergunta de Jesus, quando curou dez leprosos e só um deles voltou para dar graças (cf. Lc 17,18). Certa vez ouvi uma pessoa idosa, muito sábia, boa e simples, mas dotada da sabedoria da piedade e da vida, que dizia: «A gratidão é uma planta que só cresce na terra de almas nobres». Esta nobreza de alma, esta graça de Deus na alma impele-nos a dizer obrigado à gratidão. É a flor de uma alma nobre. E isto é bonito!
A terceira palavra é «desculpa». Certamente, é uma palavra difícil, e no entanto é deveras necessária. Quando ela falta, pequenas fendas alargam-se - mesmo sem querer -até se tornar fossos profundos. Não é sem motivo que na prece ensinada por Jesus, o «Pai-Nosso», que resume todas as questões essenciais para a nossa vida, encontramos esta expressão: «Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido» (Mt 6,12). Reconhecer que erramos e desejar restituir o que tiramos - respeito, sinceridade, amor - torna-nos dignos do perdão. É assim que se impede a infecção. Se não soubermos pedir desculpa, quer dizer que também não seremos capazes de perdoar. No lar onde as pessoas não pedem desculpa começa a faltar o ar, e a água estagna-se. Muitas feridas dos afetos, muitas dilacerações nas famílias começam com a perda deste vocábulo precioso: «Desculpa». Na vida matrimonial muitas vezes há desacordos... e chegam a «voar pratos», mas dou-vos um conselho: nunca termineis o dia sem fazer as pazes. Ouvi bem: esposa e esposo, brigastes? Filhos e pais, entrastes em forte desacordo? Não está bem, mas o problema não é este. O problema é quando este sentimento persiste inclusive no dia seguinte. Por isso, se brigastes, nunca termineis o dia sem fazer as pazes em família. E como devo fazer as pazes? Ajoelhar-me? Não! A harmonia familiar restabelece-se só com um pequeno gesto, com uma coisinha. É suficiente uma carícia, sem palavras. Mas nunca permitais que o dia em família termine sem fazer as pazes. Entendestes isto? Não é fácil, mas é preciso agir deste modo. Assim a vida será mais bonita.
Estas três palavras-chave da família são simples, e num primeiro momento talvez nos façam sorrir. Mas quando as esquecemos, deixa de haver motivos para sorrir, não é verdade? Talvez a nossa educação as ignore demais. O Senhor nos ajude a repô-las no lugar que lhes cabe no nosso coração, no nosso lar e na nossa convivência civil.
E agora convido-vos a repetir todos juntos estas três palavras: «com licença», «obrigado», «desculpa». Todos juntos: «com licença», «obrigado», «desculpa». São as três palavras para entrar no amor da família, para que ela vá em frente e permaneça tal. Depois, repitamos aqueles conselhos que eu dei, todos juntos: nunca termineis o dia sem fazer as pazes. Todos: nunca termineis o dia sem fazer as pazes. Obrigado!


Fonte: Santa Sé

Fotos da Missa de Abertura da Assembleia da Caritas

No último dia 12 de maio, Terça-feira da VI semana da Páscoa, o Papa Francisco celebrou no Altar da Cátedra da Basílica Vaticana a Santa Missa de Abertura da Assembleia da Caritas Internacional.

O Santo Padre foi assistido por Monsenhores Guido Marini e Matteo Massimiliano Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Até então o Presidente da Caritas era o Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, Arcebispo de Tegucipalpa (Honduras). Durante a assembleia foi eleito como novo Presidente o Cardeal Luis Antonio Gokim Tagle, Arcebispo de Manila (Filipinas).

Procissão de entrada



Ósculo do altar

Homilia do Papa na Missa de Abertura da Assembleia da Caritas

SANTA MISSA NA ABERTURA DA ASSEMBLEIA GERAL DA «CARITAS INTERNATIONALIS»
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Terça-feira da VI semana de Páscoa, 12 de Maio de 2015

A leitura dos Actos dos Apóstolos que ouvimos (16, 22-34) apresenta um personagem um pouco especial. É o carcereiro da prisão de Filipos, onde Paulo e Silas foram encarcerados depois de um tumulto da multidão contra eles. Os magistrados primeiramente ordenaram que lhes fossem dadas muitas pauladas e depois os lançassem na prisão, recomendando ao carcereiro que os tivesse sob atenta vigilância. Eis porque aquele homem, durante a madrugada, sentindo o forte tremor e vendo as portas do cárcere abertas, desanimou e pensou em suicidar-se. Mas Paulo tranquilizou-o e ele, a tremer e cheio de admiração, suplicou de joelhos a salvação.
A narração diz-nos que aquele homem deu imediatamente os passos essenciais no caminho da fé e da salvação: ouviu a palavra do Senhor, juntamente com os seus familiares; lavou as feridas de Paulo e Silas; recebeu o Baptismo com todos os seus parentes; e por fim, acolheu Paulo e Silas em sua casa, preparou a mesa e ofereceu-lhes de comer, cheio de alegria. Todo o percurso da fé.
O Evangelho, anunciado e acreditado, impele a lavar os pés e as feridas dos sofredores e a preparar-lhes a mesa. Simplicidade de gestos, onde o acolhimento da Palavra e do sacramento do Baptismo está acompanhado pelo acolhimento do irmão, quase como se se tratasse de um gesto único: acolher Deus e acolher o próximo; receber o outro com a graça de Deus; acolher Deus e manifestá-lo no serviço ao irmão. Palavra, Sacramento e serviço exigem-se e alimentam-se reciprocamente, como se vê já nestes testemunhos da Igreja das origens.
Neste gesto podemos ver toda a chamada da Caritas. A Caritas é uma grande Confederação, reconhecida amplamente também no mundo pelas suas realizações. Caritas é Igreja em muitíssimas partes do mundo, e deve encontrar ainda mais difusão também nas diversas paróquias e comunidades, para renovar o que aconteceu nos primeiros tempos da Igreja. De facto, a raiz de todo o vosso serviço consiste precisamente no acolhimento, simples e obediente, de Deus e do próximo. Esta é a raiz. Se se arrancar esta raiz, a Caritas morre. Este acolhimento realiza-se em vós pessoalmente, porque depois ides pelo mundo e servis em nome de Cristo que encontrastes e que encontrais em cada irmão e irmã dos quais vos aproximais; e por isso não vos reduzis a uma simples organização humanitária. A Caritas de cada Igreja particular, inclusive da menor delas, é a mesma: não há Caritas grandes eCaritas pequenas, são todas iguais. Peçamos ao Senhor a graça de entender a verdadeira dimensão da Caritas; a graça de não cair no engano de pensar que um centralismo bem organizado seja o caminho; a graça de compreender que Caritas está sempre na periferia, em cada Igreja particular; e a graça de crer que o centro da Caritas é só ajuda, serviço e experiência de comunhão mas não é o chefe de todas.
Quem vive a missão da Caritas não é um mero agente, mas uma testemunha de Cristo. Uma pessoa que procura Cristo e se deixa procurar por Ele; que ama com o espírito de Cristo, o espírito da gratuitidade, o espírito do dom. Todas as nossas estratégias e planificações permanecem vazias se não tivermos em nós este amor. Não o nosso amor, mas o seu. Ou melhor ainda, o nosso purificado e fortalecido pelo seu.
Deste modo pode-se servir a todos e preparar a mesa para todos. Esta é uma bonita imagem que a Palavra de Deus nos oferece hoje: preparar a mesa. Deus prepara-nos a mesa da Eucaristia, também agora. A Caritas prepara muitas mesas para quem tem fome. Nestes meses realizastes a grande campanha «Uma família humana, alimento para todos». Também hoje muitas pessoas esperam comer o suficiente. O planeta tem alimento para todos, mas parece que falta a vontade de partilhar com todos. Preparar a mesa para todos, e pedir que haja uma mesa para todos. Fazer o que podemos para que todos tenham de comer, mas recordar também aos poderosos da terra que Deus os chamará um dia em juízo, e manifestar-se-á deveras se procuraram providenciar alimentos para Ele em cada pessoa (cf. Mt 25, 35) e se agiram a fim de que o meio ambiente não fosse destruído mas pudesse produzir este alimento.
E pensando na mesa da Eucaristia, não podemos esquecer daqueles nossos irmãos cristãos que com a violência foram privados do alimento tanto para o corpo como para a alma: foram expulsos das suas casas e das suas igrejas, às vezes destruídas. Renovo o apelo a não esquecer estas pessoas e estas injustiças intoleráveis.
Juntamente com muitos outros organismos de caridade da Igreja, a Caritas revela a força do amor cristão e o desejo da Igreja de ir ao encontro de Jesus em cada pessoa, sobretudo quando é pobre e sofre. Este é o caminho que temos diante de nós e com este horizonte faço votos que possais realizar os trabalhos destes dias. Confiemo-los à Virgem Maria, que fez do acolhimento de Deus e do próximo o critério fundamental da sua vida. Precisamente amanhã celebraremos Nossa Senhora de Fátima, que apareceu para anunciar a vitória sobre o mal. Com um apoio assim tão grande não tenhamos medo de continuar a nossa missão. Assim seja!



Fonte: Santa Sé

Regina Coeli: VI Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 10 de maio de 2015

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (Jo 15,9-17) reconduz-nos ao Cenáculo, onde ouvimos o mandamento novo de Jesus. Diz assim: «Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (v. 12). E pensando no sacrifício da cruz já iminente, acrescenta: «Ninguém tem maior amor do que este: dar a vida pelos seus amigos. Vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando» (vv. 13-14). Estas palavras, pronunciadas durante a Última Ceia, resumem toda a mensagem de Jesus; aliás, resumem tudo o que Ele fez: Jesus deu a vida pelos seus amigos. Amigos que não o tinham compreendido, que no momento crucial o abandonaram, atraiçoaram e renegaram. Isto diz-nos que Ele nos ama mesmo se nós não merecemos o seu amor: assim nos ama Jesus!

Deste modo, Jesus mostra-nos o caminho para o seguir, a via do amor. O seu mandamento não é um simples preceito, que permanece sempre algo abstrato ou exterior em relação à vida. O mandamento de Cristo é novo porque o realizou primeiro, deu-lhe carne, e assim a lei do amor está inscrita de uma vez para sempre no coração do homem (cf. Jr 31,33). E como está inscrita? Com o fogo do Espírito Santo. E com o mesmo Espírito, que Jesus nos doa, podemos caminhar também nós por esta vereda!

Trata-se de um caminho concreto, que nos leva a sair de nós mesmos para ir ao encontro dos outros. Jesus mostrou-nos que o amor de Deus se concretiza no amor ao próximo. Os dois caminham juntos. As páginas do Evangelho estão cheias deste amor: adultos e crianças, cultos e ignorantes, ricos e pobres, justos e pecadores foram acolhidos no coração de Cristo.

Portanto, esta Palavra do Senhor chama-nos a amar-nos uns aos outros, mesmo se nem sempre nos compreendemos, nem sempre estamos de acordo... mas é precisamente ali que se vê o amor cristão. O amor que se manifesta mesmo quando há diferenças de opinião ou de carácter, mas o amor é maior do que estas diferenças! Foi este amor que Jesus nos ensinou. É um amor novo porque renovado por Jesus e pelo seu Espírito. É um amor remido, libertado do egoísmo. Um amor que dá alegria ao nosso coração, como diz Jesus: «Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e o vosso júbilo seja pleno» (v. 11).

É precisamente o amor de Cristo, que o Espírito Santo derrama nos nossos corações, que realiza todos os dias prodígios na Igreja e no mundo. São tantos pequenos e grandes gestos que obedecem ao mandamento do Senhor: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (cf. Jo 15,12). Gestos pequenos, de todos os dias, gestos de proximidade a um idoso, a um doente, a uma pessoa sozinha e em dificuldade, sem casa, sem trabalho, imigrada, rejeitada... Graças à força desta Palavra de Cristo, cada um de nós pode estar próximo do irmão e da irmã que encontra. Gestos de proximidade. Nestes gestos manifesta-se o amor que Cristo nos ensinou.

Ajude-nos nisto a nossa Mãe Santíssima, para que na vida diária de cada um de nós o amor de Deus e o amor ao próximo estejam sempre presentes.


Fonte: Santa Sé.

Posse dos Cardeais Mamberti e Villalba

No último dia 10 de maio, VI Domingo da Páscoa, tomaram posse de suas igrejas titulares em Roma os Cardeais Luis Héctor Villalba e Dominique Mamberti.

Ao Cardeal Luis Hector Villalba, Arcebispo Emérito de Tucumán (Argentina), o Papa concedeu o Título de São Jerônimo "a Corviale". O cerimoniário designado foi Mons. Guillermo Javier Karcher.

O Cardeal Dominique Mamberti, Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, recebeu a Diaconia do Espírito Santo in "Sassia". O cerimoniário que lhe foi designado é Mons. Matteo Massimiliano Boiardi.


Posse do Cardeal Villalba:
Acolhida na porta da igreja
Aspersão
Oração diante do Santíssimo Sacramento
Procissão de entrada
Apresentação da bula de criação cardinalícia

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Discurso do Papa Bento XVI no Santuário de Fátima

No dia em que celebramos a memória de Nossa Senhora de Fátima, recordamos um belíssimo discurso do Papa Bento XVI, proferido durante a oração do Rosário no Santuário de Fátima em 2010:

VIAGEM APOSTÓLICA A PORTUGAL
(11-14 DE MAIO DE 2010)

ORAÇÃO DO SANTO ROSÁRIO
DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
Esplanada do Santuário de Fátima 
Quarta-feira, 12 de Maio de 2010

Queridos peregrinos,
Todos juntos, com a vela acesa na mão, lembrais um mar de luz à volta desta singela capelinha, amorosamente erguida em honra da Mãe de Deus e nossa Mãe, cujo caminho da terra ao céu foi visto pelos pastorinhos como um rasto de luz. Contudo nem Ela nem nós gozamos de luz própria: recebemo-la de Jesus. A sua presença em nós renova o mistério e o apelo da sarça ardente, o mesmo que outrora atraiu Moisés no monte Sinai e não cessa de fascinar a quantos se dão conta duma luz particular em nós que arde sem nos consumir (cf. Ex 3, 2-5). Por nós, não passamos de mísero silvado, sobre o qual pousou a glória de Deus. A Ele toda a glória, a nós a humilde confissão do próprio nada e a submissa adoração dos desígnios divinos que estarão cumpridos quando «Deus for tudo em todos» (cf. 1 Cor 15, 28). Serva incomparável de tais desígnios é a Virgem cheia de graça: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).
Queridos peregrinos, imitemos Maria, fazendo ressoar em nossa vida o seu «faça-se»! A Moisés, Deus ordenara: «Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é terra sagrada» (Ex 3, 5). E ele assim fez; calçará de novo as sandálias, para ir libertar o seu povo da escravidão do Egipto e conduzi-lo à terra prometida. Não se trata simplesmente da posse dum pedaço de terreno ou dum território nacional que cada povo tem o direito de ter; na luta pela libertação de Israel e no seu êxodo do Egipto, o que aparece primeiro é sobretudo o direito à liberdade de adoração, à liberdade de um culto próprio. No decorrer da história do povo eleito, a promessa da terra acabou por assumir cada vez mais este significado: a terra é dada para que haja um lugar da obediência, para que exista um espaço aberto a Deus.
No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigo de apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridade que está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aos homens o acesso a Deus. Não a um deus qualquer, mas àquele Deus que falou no Sinai; àquele Deus cujo rosto reconhecemos no amor levado até ao extremo (cf.Jo 13, 1) em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Queridos irmãos e irmãs, adorai Cristo Senhor em vossos corações (cf. 1 Ped3, 15)! Não tenhais medo de falar de Deus e de ostentar sem vergonha os sinais da fé, fazendo resplandecer aos olhos dos vossos contemporâneos a luz de Cristo, tal como a Igreja canta na noite da Vigília Pascal que gera a humanidade como família de Deus.
Irmãos e irmãs, neste lugar é impressionante observar como três crianças se renderam à força interior que as invadiu nas aparições do Anjo e da Mãe do Céu. Aqui, onde tantas vezes se nos pediu que rezemos o Terço, deixemo-nos atrair pelos mistérios de Cristo, os mistérios do Rosário de Maria. A oração do Terço permite-nos fixar o nosso olhar e o nosso coração em Jesus, como sua Mãe, modelo insuperável da contemplação do Filho. Ao meditar os mistérios gozosos, luminosos, dolorosos e gloriosos ao longo das «Ave Marias», contemplamos todo o mistério de Jesus, desde a Encarnação até à Cruz e à glória da Ressurreição; contemplamos a participação íntima de Maria neste mistério e a nossa vida em Cristo hoje, também ela tecida de momentos de alegria e de dor, de sombras e de luz, de trepidação e de esperança. A graça invade o nosso coração no desejo de uma incisiva e evangélica mudança de vida de modo a poder proclamar com São Paulo: «Para mim viver é Cristo» (Fil 1, 21), numa comunhão de vida e de destino com Cristo.
Sinto que me acompanham a devoção e o afecto dos fiéis aqui reunidos e do mundo inteiro. Trago comigo as preocupações e as esperanças deste nosso tempo e as dores da humanidade ferida, os problemas do mundo e venho colocá-los aos pés de Nossa Senhora de Fátima: Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe querida, intercedei por nós junto de vosso Filho para que todas as famílias dos povos, quer as que se distinguem pelo nome cristão quer as que ainda ignoram o seu Salvador, vivam em paz e concórdia até se reunirem finalmente  num só povo de Deus, para glória da santíssima e indivisível Trindade. Amen.



Fonte: Santa Sé