sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Fotos das Vésperas da Conversão de São Paulo em Roma

No último dia 25 de janeiro Sua Santidade o Papa Francisco celebrou na Basílica de São Paulo Extra-muros as II Vésperas da Festa da Conversão de São Paulo e abertura da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e John Richard Cihak. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Procissão de entrada


Deposição da mitra
Versículo introdutório

Homilia do Papa nas Vésperas da Conversão de São Paulo

CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS NA SOLENIDADE DA CONVERSÃO DE SÃO PAULO APÓSTOLO
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica de São Paulo Extra-muros
Domingo, 25 de Janeiro de 2015

Na sua viagem da Judeia para a Galileia, Jesus passa através da Samaria. Não tem dificuldade em encontrar os samaritanos considerados hereges, cismáticos, separados dos judeus. A sua atitude leva-nos compreender que o confronto com quem é diferente de nós pode fazer-nos crescer.
Jesus, cansado da viagem, não hesita em pedir de beber à mulher samaritana. Sabemos que a sua sede estende-se muito para além da água física: é também sede de encontro, desejo de abrir diálogo com aquela mulher, oferecendo-lhe assim a possibilidade de um caminho de conversão interior. Jesus é paciente, respeita a pessoa que tem à sua frente, revela-Se-lhe progressivamente. O seu exemplo encoraja a procurar um confronto sereno com o outro. As pessoas, para se compreenderem e crescerem na caridade e na verdade, precisam de se deter, acolher e escutar. Desta forma, começa-se já a experimentar a unidade. A unidade faz-se a caminho, jamais se fará parados. A unidade faz-se caminhando.
A mulher de Sicar interpela Jesus sobre o verdadeiro lugar da adoração a Deus. Jesus não toma partido em favor do monte nem do templo, vai mais além, vai ao essencial derrubando todo o muro de separação. Remete para a verdade da adoração: «Deus é espírito; por isso, os que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade» (Jo 4, 24). É possível superar muitas controvérsias entre cristãos, herdadas do passado, pondo de lado qualquer atitude polémica ou apologética e procurando, juntos, individuar em profundidade aquilo que nos une, ou seja, a chamada a participar no mistério de amor do Pai, que nos foi revelado pelo Filho através do Espírito Santo. A unidade dos cristãos – é nossa convicção – não será o fruto de sofisticadas discussões teóricas, onde cada um tenta convencer o outro da justeza das suas opiniões. Virá o Filho do Homem e encontrar-nos-á ainda nas discussões. Temos de reconhecer que, para se chegar à profundeza do mistério de Deus, precisamos uns dos outros, encontrando-nos e confrontando-nos sob a guia do Espírito Santo, que harmoniza as diversidades e supera os conflitos, reconcilia as diversidades.
Pouco a pouco, a mulher samaritana compreende que Aquele que lhe pediu de beber é capaz de a saciar. Jesus apresenta-Se-lhe como a fonte donde jorra a água viva que mata a sua sede para sempre (cf. Jo 4, 13-14). A existência humana revela aspirações ilimitadas: busca de verdade, sede de amor, de justiça e de liberdade. Trata-se de desejos apenas parcialmente saciados, porque o homem, do fundo do seu próprio ser, é movido para um «mais», um absoluto capaz de satisfazer definitivamente a sua sede. A resposta a estas aspirações é dada por Deus em Jesus Cristo, no seu mistério pascal. Do lado trespassado de Jesus, jorraram sangue e água (cf. Jo 19, 34): Ele é a fonte donde brota a água do Espírito Santo, isto é, «o amor de Deus derramado nos nossos corações» (Rm 5, 5) no dia do Baptismo. Por acção do Espírito, tornamo-nos um só com Cristo, filhos no Filho, verdadeiros adoradores do Pai. Este mistério de amor é a razão mais profunda da unidade que liga todos os cristãos e que é muito maior do que as divisões ocorridas no decurso da história. Por este motivo, na medida em que nos aproximamos humildemente do Senhor Jesus Cristo, acontece também a aproximação entre nós.
O encontro com Jesus transforma a samaritana numa missionária. Tendo recebido um dom maior e mais importante do que a água do poço, a mulher deixa lá o seu cântaro (cf. Jo 4, 28) e corre a contar aos seus compatriotas que encontrou o Messias (cf.Jo 4, 29). O encontro com Ele restituiu-lhe o significado e a alegria de viver, e a mulher sente o desejo de comunicá-lo. Hoje, há uma multidão de homens e mulheres, cansados e sedentos, que nos pedem, a nós cristãos, para lhes dar de beber. É um pedido a que não nos podemos subtrair. Na chamada a ser evangelizadores, todas as Igrejas e Comunidades eclesiais encontram uma área essencial para uma colaboração mais estreita. Para se poder cumprir eficazmente esta tarefa, é preciso evitar de fechar-se em particularismos e exclusivismos e também de impor uniformidade segundo planos meramente humanos (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 131). O compromisso comum de anunciar o Evangelho permite superar qualquer forma de proselitismo e a tentação da competição. Estamos todos ao serviço do único e mesmo Evangelho!
E, neste momento de oração pela unidade, quero recordar os nossos mártires de hoje. Dão testemunho de Jesus Cristo; são perseguidos e mortos, porque cristãos, sem que os perseguidores façam distinção entre as confissões a que pertencem: são cristãos e, por isso, são perseguidos. Isto, irmãos e irmãs, é o ecumenismo do sangue.
Recordando este testemunho dos nossos mártires de hoje e com esta jubilosa certeza, dirijo as minhas cordiais e fraternas saudações a Sua Eminência o Metropolita Gennadios, representante do Patriarcado Ecuménico, a Sua Graça David Moxon, representante pessoal em Roma do Arcebispo de Cantuária, e a todos os representantes das diversas Igrejas e Comunidades eclesiais aqui congregados na Festa da Conversão de São Paulo. Além disso, saúdo com grande prazer os membros da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais, aos quais desejo um frutuoso trabalho na sessão plenária que terá lugar em Roma nos próximos dias. Saúdo também os alunos do Ecumenical Institute of Bossey e os jovens que beneficiam de bolsas de estudo oferecidas pelo Comité de Colaboração Cultural com as Igrejas Ortodoxas, operativo no Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Hoje estão presentes também religiosos e religiosas pertencentes a diferentes Igrejas e Comunidades eclesiais que, nestes dias, participaram num convénio ecuménico organizado pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, em colaboração com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, por ocasião do Ano da vida consagrada. A vida religiosa, como profecia do mundo futuro, é chamada a dar testemunho, no nosso tempo, daquela comunhão em Cristo que ultrapassa toda a diferença e é feita de opções concretas de recepção e diálogo. Consequentemente, a busca da unidade dos cristãos não pode ser prerrogativa apenas de qualquer indivíduo ou comunidade religiosa particularmente sensível a tal problemática. O conhecimento recíproco das diferentes tradições de vida consagrada e um fecundo intercâmbio de experiências podem ser úteis para a vitalidade de toda a forma de vida religiosa nas diferentes Igrejas e Comunidades eclesiais.
Amados irmãos e irmãs, hoje nós, que estamos sedentos de paz e fraternidade, com coração confiante invocamos do Pai celeste, por meio de Jesus Cristo único Sacerdote e Mediador e por intercessão da Virgem Maria, do Apóstolo Paulo e de todos os Santos, o dom da comunhão plena de todos os cristãos, a fim de que possa resplandecer «o sagrado mistério da unidade da Igreja» (Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sobre o Ecumenismo Unitatis redintegratio, 2) como sinal e instrumento de reconciliação para o mundo inteiro. Assim seja.



Fonte: Santa Sé

Ângelus: III Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 25 de janeiro de 2015

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje apresenta-nos o início da pregação de Jesus na Galileia. São Marcos frisa que Jesus começou a pregar «depois que João [Batista] foi preso» (Mc 1,14). Precisamente no momento em que a voz profética do Batizador, que anunciava a vinda do Reino de Deus, é abafada por Herodes, Jesus começa a percorrer os caminhos da sua terra para levar a todos, sobretudo aos pobres, «o Evangelho de Deus» (ibid.). O anúncio de Jesus é semelhante ao de João, mas distingue-se pelo fato de que Jesus já não indica um outro que deve vir: Jesus é Ele mesmo o cumprimento das promessas; é Ele mesmo a «boa-nova» a acreditar, acolher e comunicar aos homens e mulheres de todos os tempos, para que também eles Lhe confiem a sua existência. Jesus Cristo em pessoa é a Palavra viva e ativa na história: quem o ouve e segue entra no Reino de Deus.

Jesus é o cumprimento das promessas divinas porque é Aquele que doa ao homem o Espírito Santo, a «água viva» que mata a sede do nosso coração inquieto, sedento de vida, de amor, de liberdade, de paz: sedento de Deus. Quantas vezes sentimos o nosso coração sequioso! Foi Ele mesmo quem o revelou à mulher samaritana, que encontrou no poço de Jacó, à qual disse: «Dá-me de beber» (Jo 4,7). Precisamente estas palavras de Cristo, dirigidas à samaritana, constituíram o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que hoje se conclui. Esta tarde, com os fiéis da Diocese de Roma e com os representantes das diversas Igrejas e comunidades, nos reuniremos na Basílica de São Paulo fora-dos-muros para rezar intensamente ao Senhor, para que fortaleça o nosso compromisso pela unidade plena de todos. É muito desagradável que os cristãos estejam divididos! Jesus quer-nos unidos: um só corpo. Os nossos pecados, a história, dividiram-nos e por isso devemos rezar muito a fim de que o próprio Espírito Santo nos una de novo.

Deus, tornando-se homem, fez sua a nossa sede, não só da água material, mas sobretudo a sede de uma vida plena, de uma vida livre da escravidão do mal e da morte. Ao mesmo tempo, com a sua Encarnação Deus colocou a sua sede - porque também Deus tem sede - no coração de um homem: Jesus de Nazaré. Deus tem sede de nós, dos nossos corações, do nosso amor, e colocou esta sede no coração de Jesus. Por conseguinte, no coração de Cristo encontram-se a sede humana e a sede divina. E o desejo da unidade dos seus discípulos pertence a esta sede. Encontramos isto expresso na oração elevada ao Pai antes da Paixão. «Para que todos sejam um» (Jo 17,21). O que Jesus queria: a unidade de todos! O diabo - sabemo-lo - é o pai das divisões, é um que divide sempre, que faz sempre guerras, faz muito mal.

Que esta sede de Jesus se torne cada vez mais também a nossa sede! Continuemos, portanto, a rezar e a comprometer-nos pela plena unidade dos discípulos de Cristo, na certeza de que Ele mesmo está ao nosso lado e nos ampara com a força do seu Espírito para que esta meta se aproxime. E confiamos esta nossa oração à materna intercessão de Maria Virgem, Mãe de Cristo, e Mãe da Igreja, para que ela nos una a todos como uma boa mãe.

Jesus caminha junto ao Mar da Galileia
(Vasily Polenov)

Fonte: Santa Sé.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Catequese do Papa: Viagem ao Sri Lanka e às Filipinas

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Viagem Apostólica ao Sri Lanka e às Filipinas

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje falarei acerca da viagem apostólica ao Sri Lanka e às Filipinas, que realizei na semana passada. Depois da visita à Coreia de há alguns meses, fui de novo à Ásia, continente de ricas tradições culturais e espirituais. A viagem foi sobretudo um encontro jubiloso com as comunidades eclesiais que, naqueles países, dão testemunho de Cristo: confirmei-as na fé e na missionariedade. Conservarei sempre no coração a recordação do caloroso acolhimento por parte das multidões - nalguns casos até oceânicas - que acompanhou os momentos salientes da viagem. Além disso encorajei o diálogo inter-religioso ao serviço da paz, assim como o caminho daqueles povos rumo à unidade e ao progresso social, sobretudo com o protagonismo das famílias e dos jovens.
O momento culminante da minha estadia no Sri Lanka foi a canonização do grande missionário José Vaz. Este santo sacerdote administrava os Sacramentos, muitas vezes em segredo, aos fiéis, mas ajudava indistintamente todos os necessitados, de qualquer religião e condição social. O seu exemplo de santidade e amor ao próximo continua a inspirar a Igreja no Sri Lanka no seu apostolado de caridade e de educação. Indiquei são José Vaz como modelo para todos os cristãos, chamados hoje a propor a verdade salvífica do Evangelho num contexto multirreligioso, com respeito em relação ao próximo, com perseverança e com humildade.
O Sri Lanka é um país de grande beleza natural, cujo povo está a procurar reconstruir a unidade depois de um longo e dramático conflito civil. No meu encontro com as Autoridades governamentais frisei a importância do diálogo, do respeito pela dignidade humana, do esforço de comprometer todos para encontrar soluções adequadas em vista da reconciliação e do bem comum.
As diversas religiões desempenham a este propósito um papel significativo. O meu encontro com os representantes religiosos foi uma confirmação das boas relações que já existem entre as várias comunidades. Neste contexto quis encorajar a cooperação já empreendida entre os seguidores das diferentes tradições religiosas, também com a finalidade de poder curar com o bálsamo do perdão quantos ainda estão aflitos pelos sofrimentos dos últimos anos. O tema da reconciliação caracterizou também a minha visita ao santuário de Nossa Senhora de Madhu, muito venerada pelas populações tâmil e cingalesa e meta de peregrinação de membros de outras religiões. Naquele lugar sagrado pedimos a Maria nossa Mãe que obtivesse para todo o povo cingalês o dom da unidade e da paz.
Do Sri Lanka parti rumo às Filipinas, onde a Igreja se prepara para celebrar o quinto centenário da chegada do Evangelho. É o principal país católico da Ásia, e o povo filipino é muito conhecido pela sua fé profunda, pela sua religiosidade e pelo seu entusiasmo, até na diáspora. No meu encontro com as Autoridades nacionais, assim como nos momentos de oração e durante a Missa conclusiva com uma grande afluência de pessoas, frisei a fecundidade constante do Evangelho e a sua capacidade de inspirar uma sociedade digna do homem, na qual há lugar para a dignidade de cada um e as aspirações do povo filipino.
Finalidade principal da visita, e motivo pelo qual decidi ir às Filipinas - foi este o motivo principal - era poder expressar a minha proximidade aos nossos irmãos e irmãs que sofreram a devastação do furacão Yolanda. Fui a Tacloban, na região mais gravemente atingida, onde prestei homenagem à fé e à capacidade de recomeço da população local. Infelizmente, em Tacloban as más condições climáticas causaram outra vítima inocente: a jovem voluntária Kristel, atingida e morta por uma estrutura que o vento deitou abaixo. Depois agradeci a quantos, de todas as partes do mundo, responderam à sua necessidade com uma grande quantidade de ajudas. O poder do amor de Deus, revelado no mistério da Cruz, foi tornada evidente no espírito de solidariedade demonstrado pelos multíplices gestos de caridade e de sacrifício que marcaram aqueles dias escuros.
Os encontros com as famílias com os jovens, em Manila, foram momentos salientes da visita nas Filipinas. As famílias sadias são essenciais para a vida da sociedade. Dá conforto e esperança ver tantas famílias numerosas que acolhem os filhos como um verdadeiro dom de Deus. Eles sabem que cada filho é uma bênção. Ouvi alguém dizer que as famílias com muitos filhos e o nascimento de tantas crianças são uma das causas da pobreza. Parece-me uma opinião simplista. Posso dizer. Todos podemos dizer, que a causa principal da pobreza é um sistema econômico que deslocou a pessoa do centro e ali colocou o deus dinheiro; um sistema econômico que exclui, exclui sempre: exclui as crianças, os idosos, os jovens, sem trabalho... - e que cria a cultura do descarte em que vivemos. Habituámo-nos a ver pessoas descartadas. Este é o motivo principal da pobreza, não as famílias numerosas. Reevocando a figura de são José, que protegeu a vida do «Santo Niño», tão venerado naquele país, recordei que é preciso proteger as famílias, que enfrentam diversas ameaças, para que possam testemunhar a beleza da família no projeto de Deus.
É preciso também defender as famílias das novas colonizações ideológicas, que ameaçam a sua identidade e a sua missão.
E foi para mim uma alegria estar com os jovens das Filipinas, para ouvir as suas esperanças e preocupações. Quis oferecer a eles o meu encorajamento pelos esforços para contribuir para a renovação da sociedade, sobretudo através do serviço aos pobres e a tutela do ambiente natural.
O cuidado dos pobres é um elemento essencial da nossa vida e testemunho cristão - mencionei isto também na visita; comporta a rejeição de qualquer forma de corrupção, porque a corrupção rouba aos pobres e exige uma cultura de honestidade.
Agradeço ao Senhor por esta visita pastoral no Sri Lanka e nas Filipinas. Peço-lhe que abençoe sempre estes dois países e que confirme a fidelidade dos cristãos à mensagem evangélica da nossa redenção, reconciliação e comunhão com Cristo.


Fonte: Santa Sé

Mudanças no rito de imposição do pálio

Foi divulgado neste dia 29 de janeiro, que o Papa Francisco deseja mudar o rito de imposição dos pálios aos novos Arcebispos Metropolitanos. Segundo a Rádio Vaticano, Monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, enviou uma carta às Nunciaturas Apostólicas a fim de explicar as mudanças:


O Papa continuará celebrando com os novos Metropolitas a Missa na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma, no dia 29 de junho. Neste dia o Papa abençoará os pálios, mas não os imporá aos Metropolitas. Estes receberão os pálios após a celebração, de maneira privada.

A imposição da insígnia será feita então nas respectivas dioceses, em celebração presidida pelo Núncio Apostólico do país, com a presença dos Bispos das dioceses sufragâneas, do clero e do povo de Deus.

A praxe de o pálio ser imposto pelo Papa começou com São João Paulo II e foi mantida por seus sucessores. Com esta mudança feita pelo Papa Francisco volta-se ao que está determinado no próprio Cerimonial dos Bispos, nos nº. 1149-1155.

Imposição dos pálios em 29 de junho de 2014
Segue a entrevista de Mons. Guido Marini à Rádio Vaticano:

Mons. Marini: “Recentemente o Santo Padre – após ter refletido – decidiu realizar uma pequena modificação no tradicional rito de imposição do pálio aos arcebispos metropolitas nomeados durante o ano. A modificação é a seguinte: o pálio, geralmente, era imposto pelo Santo Padre aos novos metropolitas por ocasião da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo. A partir do próximo 29 de junho, por ocasião da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, os Arcebispos – como de costume – estarão presentes em Roma, concelebrarão com o Santo Padre, participarão do rito da bênção dos pálios, mas não haverá a imposição: simplesmente receberão o pálio do Santo Padre em forma mais simples e privada. A imposição será efetuada depois, nas dioceses a que pertencem, ou seja, em um segundo momento, na presença da Igreja local e em particular dos bispos das dioceses sufragâneas acompanhados pelos seus fieis”.

RV: Qual o significado desta alteração?
Mons. Marini: “O significado desta alteração é o de colocar em maior evidência a relação dos bispos metropolitas – os novos nomeados – com a sua Igreja local e assim dar também a possibilidade a mais fieis de estarem presentes neste rito tão significativo para eles, e também particularmente aos bispos das dioceses sufragâneas, que deste modo, poderão participar do momento da imposição. Neste sentido, mantém-se todo o significado da celebração do 29 de junho, que sublinha a relação de comunhão e também de comunhão hierárquica entre o Santo Padre e os novos arcebispos; ao mesmo tempo, a isto se acrescenta – com um gesto significativo – esta ligação com a Igreja local”.

Mons. Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias

Informações: Rádio Vaticano

Para saber mais sobre o pálio, clique aqui.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Bênção das ovelhas no dia de Santa Inês

No último dia 21 de janeiro Sua Santidade o Papa Francisco presidiu na Casa Santa Marta a tradicional bênção das ovelhas no dia de Santa Inês.

As duas ovelhas são ornadas uma com flores brancas e a outra com flores vermelhas, em honra, respectivamente, à virgindade e ao martírio de Santa Inês.

Com a lã destas ovelhas serão confeccionados os pálios entregues aos Arcebispos Metropolitanos nomeados este ano no próximo dia 29 de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo.

O Santo Padre foi assistido na bênção pelo Monsenhor Guido Marini.






Fotos da Festa da Teofania em Moscou

No último dia 19 de janeiro Sua Beatitude Kiril, Patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, celebrou a festa da Teofania do Senhor em Moscou.

No Rito Bizantino, no final da Divina Liturgia se realiza neste dia a Grande Bênção das Águas.

Dia 18: Divina Liturgia na Catedral de Cristo Salvador



Evangelho
Grande Entrada
Grande Bênção das Águas

sábado, 24 de janeiro de 2015

Fotos da última Missa do Papa nas Filipinas

No último dia 18 de janeiro, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou a Santa Missa no Rizal Park em Manila, no encerramento de sua Viagem Apostólica às Filipinas.

Esta foi uma Missa histórica, reunindo 6 milhões de pessoas!

No terceiro domingo de janeiro celebra-se nas Filipinas a festa do Menino Jesus, padroeiro do país.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Kevin Gillespie. O livreto da celebração pode ser visto aqui (a partir da p. 165).

Procissão de entrada

Ósculo do altar
Incensação do altar
Ritos iniciais

Homilia do Papa em sua última Missa nas Filipinas

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO SRI LANKA E ÀS FILIPINAS
(12-19 DE JANEIRO DE 2015)
SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Rizal Park, Manila
Domingo, 18 de Janeiro de 2015

«Um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado» (Is 9, 5). Sinto uma alegria particular por celebrar convosco o domingo do «Santo Niño». A imagem do Santo Menino Jesus acompanhou a difusão do Evangelho neste país desde o início. Vestido com os trajes reais, coroado e ornado com o ceptro, o globo e a cruz, recorda-nos continuamente a ligação entre o Reino de Deus e o mistério da infância espiritual. Disto mesmo nos fala Ele no Evangelho de hoje: «Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele» (Mc 10, 15). O «Santo Niño» continua a anunciar-nos que a luz da graça de Deus brilhou sobre um mundo que habitava nas trevas, trazendo a Boa-Nova da nossa libertação da escravidão e guiando-nos pela senda da paz, do direito e da justiça. Além disso, recorda-nos que fomos chamados para espalhar o Reino de Cristo no mundo.
Ao longo da minha visita, ouvi-vos cantar: «Somos todos filhos de Deus». Isto é o que o «Santo Niño» nos vem dizer. Recorda-nos a nossa identidade mais profunda. Todos nós somos filhos de Deus, membros da família de Deus. São Paulo disse-nos hoje que, em Cristo, nos tornamos filhos adoptivos de Deus, irmãos e irmãs em Cristo. Isto é o que nós somos. Esta é a nossa identidade. Vimos uma belíssima expressão disto, quando os filipinos se uniram em torno dos nossos irmãos e irmãs atingidos pelo tufão.
O Apóstolo diz-nos que fomos abundantemente abençoados porque Deus nos escolheu: «no alto do Céu [Ele] nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo» (Ef 1, 3). Estas palavras têm uma ressonância especial nas Filipinas, porque é o maior país católico na Ásia. E isto é já um dom especial de Deus, uma bênção especial; mas é também uma vocação: os filipinos estão chamados a ser exímios missionários da fé na Ásia.
Deus escolheu-nos e abençoou-nos com uma finalidade: ser santos e irrepreensíveis na sua presença (cf. Ef 1, 4). Escolheu cada um de nós para ser testemunha, neste mundo, da sua verdade e da sua justiça. Criou o mundo como um jardim esplêndido e pediu-nos para cuidar dele. Todavia, com o pecado, o homem desfigurou aquela beleza natural; pelo pecado, o homem destruiu também a unidade e a beleza da nossa família humana, criando estruturas sociais que perpetuam a pobreza, a ignorância e a corrupção.
Às vezes, vendo os problemas, as dificuldades e as injustiças, somos tentados a desistir. Quase parece que as promessas do Evangelho não são realizáveis, são irreais. Mas a Bíblia diz-nos que a grande ameaça ao plano de Deus a nosso respeito é, e sempre foi, a mentira. O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do fascínio de ser «moderno», de ser «como todos os outros». Distrai-nos com a vista de prazeres efémeros e passatempos superficiais. Desta forma, desperdiçamos os dons recebidos de Deus, entretendo-nos com apetrechos fúteis; gastamos o nosso dinheiro em jogos de azar e na bebida; fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemos de nos centrar nas coisas que realmente contam. Esquecemo-nos de permanecer interiormente como crianças. Isto é pecado: esquecer-se, no próprio coração, de que somos crianças de Deus. Na realidade, estas – como nos ensina o Senhor – têm uma sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo. É por isso que a mensagem do «Santo Niño» é tão importante. Fala profundamente a cada um de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos chamados a ser como família de Deus.
O «Santo Niño» recorda-nos também que esta identidade deve ser protegida. Cristo Menino é o protector deste grande país. Quando Ele veio ao nosso mundo, a sua própria vida esteve ameaçada por um rei corrupto. O próprio Jesus viu-Se na necessidade de ser protegido. Ele teve um protector na terra: São José. Teve uma família aqui na terra: a Sagrada Família de Nazaré. Desta forma, recorda-nos a importância de proteger as nossas famílias e a família mais ampla que é a Igreja, a família de Deus, e o mundo, a nossa família humana. Hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura.
No Evangelho, Jesus acolhe as crianças, abraça-as e abençoa-as. Também nós temos o dever de proteger, guiar e encorajar os nossos jovens, ajudando-os a construir uma sociedade digna do seu grande património espiritual e cultural. Especificamente, temos necessidade de ver cada criança como um dom que deve ser acolhido, amado e protegido. E devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pela estrada.
Uma criança frágil trouxe ao mundo a bondade de Deus, a misericórdia e a justiça. Resistiu à desonestidade e à corrupção, que são a herança do pecado, e triunfou sobre elas com o poder da cruz. Agora, no final da minha visita às Filipinas, entrego-vos a Jesus que veio estar entre nós como criança. Que Ele torne todo o amado povo deste país capaz de trabalhar unido, de se proteger mutuamente a começar pelas vossas famílias e comunidades, na construção dum mundo de justiça, integridade e paz. O «Santo Niño» continue a abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande nação na sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria do Evangelho, na Ásia e no mundo inteiro.
Por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Deus vos abençoe!


Fonte: Santa Sé

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Fotos do Encontro do Papa com os Jovens

No último dia 18 de janeiro o Papa Francisco encontrou-se com os jovens no campo esportivo da Universidade Santo Tomás em Manila, durante sua Viagem Apostólica às Filipinas.

O Santo Padre foi assistido pelo Monsenhor Guido Marini. O livreto da celebração, na forma de uma Celebração da Palavra, pode ser visto aqui (p. 143-164).




Veneração da cruz


Discurso do Papa no Encontro com os Jovens

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO SRI LANKA E ÀS FILIPINAS
(12-19 DE JANEIRO DE 2015)
ENCONTRO COM OS JOVENS
DISCURSO DO SANTO PADRE
Universidade de São Tomás, Manila
Domingo, 18 de Janeiro de 2015

Começo por uma notícia triste. Ontem, quando estava prestes a principiar a Missa, caiu uma das torres e atingiu uma jovem, que morreu. O seu nome é Cristal. Ela trabalhou na organização daquela Missa. Tinha 27 anos, era jovem como vós e trabalhava para uma associação. Era uma voluntária. Queria que nós todos juntos – vós, jovens como ela – rezássemos em silêncio por um minuto e depois invocássemos a nossa Mãe do Céu.
[Silêncio. Ave Maria…].
Façamos uma oração também por seu pai e sua mãe. Era filha única. A sua mãe está em viagem de Hong Kong, enquanto o pai já chegou a Manila e espera a esposa.
É uma alegria para mim estar hoje convosco. Saúdo cordialmente a cada um de vós e agradeço a todos aqueles que tornaram possível este encontro. Durante a minha visita às Filipinas, senti uma vontade particular de me encontrar convosco, queridos jovens, para vos escutar e falar. Desejo exprimir o amor e a esperança que a Igreja tem por vós. A minha intenção é encorajar-vos, como cidadãos cristãos deste país, na oferta de vós mesmos feita com entusiasmo e honestidade para o grande compromisso de renovar a vossa sociedade e contribuir para a construção de um mundo melhor.
De modo especial, agradeço aos jovens que me dirigiram palavras de boas-vindas: Jun, Leandro e Rikki. Muito obrigado!
Um aparte… sobre a reduzida representação das mulheres. Demasiado pouco! As mulheres têm muito a dizer-nos na sociedade actual. Às vezes somos demasiado machistas, e não deixamos espaço à mulher. Mas a mulher sabe ver as coisas com olhos diferentes dos homens. A mulher sabe fazer perguntas que nós, homens, não conseguimos compreender. Senão vede… Ela [indica Glyzelle] fez hoje a única pergunta que não tem resposta. E não lhe vinham as palavras, teve de a dizer com as lágrimas. Assim, quando vier o próximo Papa a Manila, que haja mais mulheres!
Agradeço-te, Jun, que apresentaste com tanta coragem a tua experiência. Como disse antes, o núcleo da tua pergunta quase não tem resposta. Somente quando formos capazes de chorar sobre as coisas que vós vivestes, é que podemos compreender qualquer coisa e dar alguma resposta. A grande pergunta que se põe a todos: Porque sofrem as crianças? Porque sofrem as crianças? Precisamente quando o coração consegue pôr a si mesmo a pergunta e chorar, então podemos compreender qualquer coisa. Há uma compaixão mundana que para nada serve! Uma compaixão que, no máximo, nos leva a meter a mão na carteira e dar uma moeda. Se esta tivesse sido a compaixão de Cristo, teria passado, teria curado três ou quatro pessoas e teria regressado ao Pai. Somente quando Cristo chorou e foi capaz de chorar é que compreendeu os nossos dramas.
Queridos moços e moças, no mundo de hoje falta o pranto! Choram os marginalizados, choram aqueles que são postos de lado, choram os desprezados, mas aqueles de nós que levamos uma vida sem grandes necessidades não sabemos chorar. Certas realidades da vida só se vêem com os olhos limpos pelas lágrimas. Convido cada um de vós a perguntar-se: Aprendi eu a chorar? Quando vejo uma criança faminta, uma criança drogada pela estrada, uma criança sem casa, uma criança abandonada, uma criança abusada, uma criança usada como escravo pela sociedade? Oh! O meu não passa do pranto caprichoso de quem chora porque quereria ter mais alguma coisa? Esta é a primeira coisa que vos queria dizer: aprendamos a chorar, como ela [Glyzelle] nos ensinou hoje. Não esqueçamos este testemunho. A grande pergunta – porque sofrem as crianças? – foi feita por ela a chorar e a grande resposta que lhe podemos dar todos nós é aprender a chorar.
No Evangelho, Jesus chorou, chorou pelo amigo morto. Chorou no seu coração por aquela família que perdeu a filha. Chorou no seu coração, quando viu aquela pobre mãe viúva que levava o seu filho ao cemitério. Comoveu-Se e chorou no seu coração, quando viu a multidão como ovelhas sem pastor. Se vós não aprenderdes a chorar, não sois bons cristãos. E este é um desafio. Jun lançou-nos este desafio. E quando nos fizerem a pergunta «porque sofrem as crianças, porque acontece isto ou aquilo de trágico na vida», que a nossa resposta seja o silêncio ou a palavra que nasce das lágrimas? Sede corajosos, não tenhais medo de chorar.
A seguir veio Leandro Santos. Fez perguntas sobre o mundo da informação. Hoje, com tantos mass-media, estamos superinformados: será mal isto? Não. Isto é bom e ajuda, mas corremos o perigo de viver acumulando informações. E temos tantas informações, mas talvez não saibamos o que fazer com elas. Corremos o risco de nos tornarmos «jovens-museu» e não jovens sapientes. Poder-me-íeis pedir: Padre, como se chega a ser sapiente? E este é outro desafio: o desafio do amor. Qual é o assunto mais importante que é preciso aprender na universidade? Qual é o mais importante que se deve aprender na vida? Aprender a amar! E este é o desafio que o dia de hoje vos põe: aprender a amar! Não só acumular informações, sem saber o que fazer delas. É um museu. Mas, através do amor, fazer com que esta informação seja fecunda. Com este objectivo, o Evangelho propõe-nos um caminho sereno, tranquilo: usar as três linguagens, ou seja, a linguagem da mente, a linguagem do coração e a linguagem das mãos. E usar estas três linguagens de forma harmoniosa: aquilo que pensas, isso mesmo sentes e realizas. A tua informação desce ao coração, comove-o e realiza-se. E isto harmoniosamente: pensar o que se sente e o que se faz. Sentir aquilo que penso e faço; fazer o que penso e sinto. As três linguagens. Sois capazes de repetir, em voz alta, as três linguagens?
O verdadeiro amor é amar e deixar-me amar. É mais difícil deixar-me amar do que amar. Por isso é tão difícil chegar ao perfeito amor de Deus, porque podemos amá-Lo, mas o importante é deixar-se amar por Ele. O verdadeiro amor é abrir-se a este amor que nos precede e gera surpresa. Se tudo o que possuís é informação, toda a informação, estais fechados às surpresas; o amor abre-te às surpresas: o amor é sempre uma surpresa, porque pressupõe um diálogo a dois. Entre quem ama e quem é amado. E nós dizemos que Deus é o Deus das surpresas, porque Ele nos amou primeiro e espera-nos com uma surpresa. Deus surpreende-nos... Deixemo-nos surpreender por Deus! E não tenhamos a psicologia do computador: crer que sabe tudo. Isto que quer dizer? Um átimo e o computador dá-te todas as respostas, nenhuma surpresa. No desafio do amor, Deus manifesta-Se com surpresas. Pensemos em São Mateus… Era um bom homem de negócios; mas traía a sua pátria porque recolhia os impostos dos judeus para os dar aos romanos. Enfim, estava cheio de dinheiro e recebia os impostos. Passa Jesus, fixa-o e diz-lhe: «Segue-Me!» Aqueles que estavam com Jesus, dizem: Chama este que é um traidor, um vilão? Ele vive agarrado ao dinheiro... Mas a surpresa de ser amado vence-o e ele segue Jesus. Naquela manhã, quando se despedia da esposa, nunca teria pensado que iria voltar sem dinheiro e com pressa para dizer à sua esposa que preparasse um banquete. O banquete para Aquele que o tinha amado primeiro; que o havia surpreendido com algo mais importante do que todo o dinheiro que ele tinha.
Deixa-te surpreender pelo amor de Deus! Não tenhas medo das surpresas, que te agitam, põem em crise, mas de novo te colocam em caminho. O verdadeiro amor impele-te a gastar a vida, mesmo a risco de ficares com as mãos vazias. Pensemos em São Francisco: deixou tudo, morreu com as mãos vazias, mas com o coração cheio.
Estais de acordo? Não jovens de museu, mas jovens sapientes. Para ser sapientes, usai as três linguagens: pensar bem, sentir bem e fazer bem. E para ser sapientes, deixai-vos surpreender pelo amor de Deus! Ide e gastai a vida!
Obrigado pela tua contribuição de hoje!
Quem veio com um bom programa para nos ajudar a ver que podemos fazer na vida, foi Rikki. Contou todas as actividades, tudo aquilo que fazem, tudo o que querem fazer. Obrigado, Rikki! Obrigado pelo que fazeis, tu e os teus companheiros. Mas, quero fazer-te uma pergunta: Tu e os teus amigos estais comprometidos em dar – dais, dais, dais, ajudais... –, mas deixais também que vos dêem? Responde no teu coração. No Evangelho, que há pouco ouvimos, há uma frase que, para mim, é a mais importante de todas. O Evangelho diz que Jesus fitou o olhar naquele jovem e o amou (cf. Mc 10, 21). Quando alguém vê o grupo de Rikki e os seus companheiros, gosta muito deles porque fazem coisas muito boas, mas a frase mais importante que Jesus diz é: «Falta-te apenas uma coisa» (Mc 10, 21). Cada um de nós ouça em silêncio esta frase de Jesus: «Falta-te apenas uma coisa».
Que me falta? A todos aqueles que Jesus ama muito porque dão muito aos outros, eu pergunto: Deixais vós que os demais vos dêem outras riquezas que vós não tendes? Os saduceus, os doutores da Lei do tempo de Jesus davam muito ao povo, davam a Lei, ensinavam, mas nunca deixaram que o povo lhes desse qualquer coisa. Teve que vir Jesus para Se deixar comover pelo povo. Quantos jovens como vós, que estão aqui, sabem dar, mas não são igualmente capazes de receber!
«Falta-te apenas uma coisa». Isto é o que nos falta: aprender a mendigar daqueles a quem damos. Isto não é fácil de compreender: aprender a mendigar. Aprender a receber da humildade daqueles a quem ajudamos. Aprender a ser evangelizados pelos pobres. As pessoas que ajudamos – pobres, doentes, órfãos… – têm tanto para nos dar. Faço-me mendigo e peço também isto? Ou então sinto-me auto-suficiente e sei apenas dar? Vós que viveis dando sempre e julgais que de nada precisais, sabeis que sois verdadeiramente pobres? Sabeis que tendes uma grande pobreza e precisais de receber? Deixas-te ajudar pelos pobres, pelos doentes e por aqueles que ajudas? Isto é o que ajuda a amadurecer os jovens comprometidos como Rikki no trabalho de dar aos outros: aprender a estender a mão a partir da sua miséria.
Há alguns pontos que eu tinha preparado. O primeiro, que já disse, é aprender a amar e deixar-se amar. É o desafio da integridade moral.
Temos outro desafio, que é cuidar do meio ambiente. Isto não se deve apenas ao facto de que o vosso país, mais do que outros, corre o risco de ser seriamente afectado pelas alterações climáticas.

E, finalmente, há o desafio dos pobres. Amar os pobres. Os vossos Bispos querem que vos preocupeis com os pobres, sobretudo neste «Ano dos pobres». Vós pensais nos pobres? Sentis com os pobres? Fazeis algo pelos pobres? E pedis aos pobres para vos darem aquela sabedoria que eles possuem? Isto é o que eu vos queria dizer. Perdoai-me porque não li quase nada do que tinha preparado. Mas há uma expressão que me consola um pouco: «A realidade é superior à ideia». E a realidade que apresentastes, a realidade que sois é superior a todas as respostas que eu tinha preparado. Obrigado!


(Este é o discurso improvisado pelo Santo Padre. Leia também o discurso que havia sido preparado no site da Santa Sé)

Fotos da Missa do Papa em Tacloban

No último dia 17 de janeiro o Santo Padre o Papa Francisco celebrou a Santa Missa junto ao Aeroporto Internacional de Tacloban, Filipinas, com os sobreviventes do Tufão Yolanda (Hayan) que atingiu a cidade em 2013.

A visita do Papa se deu sob forte tempestade. O presbitério que havia sido preparado não pode ser utilizado, e outro espaço teve de ser adaptado às pressas. Da mesma forma todos tiveram de usar capas de chuva sobre os paramentos, inclusive o Papa.

O Santo Padre foi assistido por Monsenhor Guido Marini. O livreto da celebração pode ser visto aqui (p. 99-128).

Ritos iniciais

Ao fundo vê-se o presbitério preparado e o espaço adaptado
Liturgia da Palavra
Evangelho

Homilia do Papa na Missa em Tacloban

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO SRI LANKA E ÀS FILIPINAS
(12-19 DE JANEIRO DE 2015)
SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Tacloban International Airport, Filipinas
Sábado, 17 de Janeiro de 2015

Ouvimos, na primeira Leitura, que temos um grande sacerdote que é capaz de Se compadecer das nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em todas as coisas, excepto no pecado (cf. Heb 4, 15). Jesus é como nós. Jesus viveu como nós. É igual a nós em tudo; em tudo, excepto no pecado, porque Ele não era pecador. Mas, para ser mais igual a nós, revestiu-Se, tomou sobre Si os nossos pecados. Fez-Se pecado (cf. 2 Cor 5, 21): é São Paulo quem no-lo diz e ele conhecia Jesus muito bem. E Jesus sempre nos precede: quando nós passamos através de alguma cruz, Ele já passou antes.
E, se hoje nos encontramos todos nós reunidos aqui, 14 meses depois de ter passado o tufão Yolanda, é porque temos a certeza de que não seremos desiludidos na fé, porque Jesus passou antes. Na sua paixão, tomou sobre Si todos os nossos sofrimentos. E quando – deixai que vos faça uma confidência – quando de Roma vi esta catástrofe, senti que devia vir aqui. Naqueles dias, decidi viajar até aqui. Quis vir estar convosco. Um pouco tarde: dir-me-eis. É verdade, mas estou aqui.
Estou aqui para vos dizer que Jesus é o Senhor, que Jesus não desilude. «Padre – pode dizer-me um de vós -, a mim desiludiu-me porque perdi a casa, perdi a família, perdi aquilo que tinha, estou doente...». É verdade isto que me dizes, e eu respeito os teus sentimentos; mas olho para Ele ali pregado, e dali não nos desilude. Ele foi consagrado Senhor naquele trono, e lá passou por todas as calamidades que nós temos. Jesus é o Senhor! E é o Senhor a partir da Cruz; lá reinou! Por isso, Ele é capaz de compreender-nos, como ouvimos na primeira Leitura: fez-Se em tudo igual a nós. Por isso, temos um Senhor que é capaz de chorar connosco, é capaz de nos acompanhar nos momentos mais difíceis da vida.
Muitos de vós perderam tudo. Eu não sei o que dizer-vos. Mas Ele sim; Ele sabe o que dizer-vos! Muitos de vós perderam parte da família. Eu sei apenas permanecer em silêncio, acompanho-vos com o meu coração em silêncio... Muitos de vós se puseram esta pergunta olhando para Cristo: «Porquê Senhor?». E o Senhor responde a cada um a partir do seu coração. Eu não tenho outras palavras, para vos dizer. Olhemos para Cristo: Ele é o Senhor e Ele compreende-nos, porque passou por todas as provas que nos atingiram.
E, junto d’Ele crucificado, estava a Mãe. Nós somos como a criança que está no chão: nos momentos de aflição, de pena, nos momentos em que não compreendemos nada, nos momentos em que temos vontade de nos rebelar, só nos apetece estender a mão e agarrar-nos ao seu avental e dizer-Lhe: «Mamã!» Como uma criança que, quando tem medo, diz: «Mamã!» É talvez a única palavra que pode exprimir o que sentimos nos momentos escuros: «Mãe! Mamã!».
Façamos, juntos, um momento de silêncio. Olhemos para o Senhor: Ele pode compreender-nos, porque passou por todas estas coisas. E olhemos para a nossa Mãe, e como a criança que está no chão agarremo-nos ao seu avental e, com o coração, digamos-Lhe: «Mãe». Façamos, em silêncio, esta oração; cada um diga-Lhe o que sente. [silêncio]
Não estamos sozinhos, temos uma Mãe. Temos Jesus, nosso irmão mais velho. Não estamos sozinhos. Temos também tantos irmãos que, no momento da catástrofe, vieram ajudar-nos. E também nós nos sentimos mais irmãos, ajudando-nos, porque nos ajudámos uns aos outros.
Isto é tudo o que me ocorre dizer-vos. Perdoai-me se não tenho outras palavras. Mas tende a certeza que Jesus não desilude. Tende a certeza que o amor e a ternura da nossa Mãe não desiludem. E, agarrados a Ela como filhos e com a força que nos dá Jesus, nosso irmão mais velho, vamos para diante. Caminhemos como irmãos. Obrigado.


(Esta foi a homilia improvisada pelo Santo Padre. Para ler também a homilia que havia sido preparada, acesse o site da Santa Sé)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Fotos do Encontro do Papa com as Famílias

No último dia 16 de janeiro o Papa Francisco celebrou no Mall of Asia Arena em Manila um Encontro com as Famílias durante sua Viagem Apostólica às Filipinas.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni.

O livreto da celebração, na forma de uma Celebração da Palavra, pode ser visto aqui (p. 87-98).



Papa ouve os testemunhos de algumas famílias

Discurso do Santo Padre