domingo, 24 de novembro de 2019

Recordando o Grande Jubileu do ano 2000

A história da salvação tem o seu ponto culminante e significado supremo em Jesus Cristo. N’Ele, todos nós recebemos «graça sobre graça» (Jo 1,16)

Há 20 anos, na Noite de Natal de 1999, o Papa São João Paulo II dava início ao Grande Jubileu do ano 2000. Este foi o primeiro Jubileu a marcar a passagem para um novo milênio, uma vez que os Anos Santos começaram a ser celebrados em 1300.

Logotipo do Grande Jubileu do ano 2000

1. Preparação

A preparação remota para o Jubileu teve início em 10 de novembro de 1994, quando o Papa promulgou a Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente (O terceiro milênio que se aproxima).

Depois de refletir sobre Jesus Cristo como senhor do tempo e da história e refazer alguns passos da caminhada da Igreja no século XX (com ênfase no Concílio Vaticano II), o Santo Padre delineia os passos em preparação ao Jubileu:

a) Etapa “ante-preparatória”: 1994-1996

Criação do Comitê Central do Grande Jubileu do ano 2000, presidido pelo Cardeal Roger Etchegaray, e início da série de Sínodos Especiais para os cinco continentes (África em 1994, América em 1997, Ásia e Oceania em 1998 e Europa em 1999).

b) Etapa preparatória: 1997-1999

Os três anos anteriores ao Jubileu foram dedicados a cada uma das Pessoas da Trindade:

1997: Ano de Jesus Cristo, com o convite a refletir sobre o Sacramento do Batismo e a virtude da fé

1998: Ano do Espírito Santo, com ênfase no Sacramento da Confirmação e na virtude da esperança

1999: Ano do Pai, recordando também o Sacramento da Reconciliação e a virtude da caridade

O próprio ano 2000, como coroamento, foi dedicado à contemplação da Santíssima Trindade e do mistério da Eucaristia, além de possuir um grande alcance ecumênico.

O Papa João Paulo II abriu cada um dos anos preparatórios com uma celebração no início do tempo do Advento, além de refletir sobre os temas propostos em suas catequeses durante a Audiência Geral nas quartas-feiras.

Monumento do Jubileu, destacando os três anos preparatórios
(Santuário de Nossa Senhora das Graças, Prudentópolis - PR)

2. Celebração

A convocação oficial do Jubileu deu-se no dia 29 de novembro de 1998, I Domingo do Advento, com a promulgação da Bula Incarnationis Mysterium (O mistério da Encarnação) e sua leitura diante da Porta Santa da Basílica de São Pedro.

Conforme a tradição para os Jubileus Ordinários (celebrados a cada 25 anos), este teve início na Missa da Noite de Natal (24 de dezembro de 1999) com a Abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro. Na sequência seriam abertas as Portas Santas das outras três Basílicas Papais: São João do Latrão (25 de dezembro), Santa Maria Maior (01 de janeiro) e São Paulo fora dos muros (18 de janeiro).

Nas dioceses o Jubileu teve início no Dia de Natal (25 de dezembro de 1999) com uma Missa na Catedral, porém sem a abertura da Porta Santa, algo reservado às quatro Basílicas Maiores de Roma (tal gesto seria permitido apenas no Jubileu Extraordinário da Misericórdia em 2015, pelo Papa Francisco).

Ao longo do ano ocorreram diversas celebrações em Roma, destacando os “Jubileus por grupos”: sacerdotes, religiosos, leigos, enfermos, trabalhadores, etc..., em sua maioria marcados por celebrações presididas pelo próprio Papa. Várias Conferências Episcopais, Igrejas Orientais e Dioceses organizaram igualmente suas peregrinações.

Além disso, ao longo do ano 2000 a cidade de Roma hospedou, por ocasião do Jubileu, três encontros internacionais que ocorrem com certa periodicidade em algum lugar do mundo: o Congresso Eucarístico Internacional (junho), a Jornada Mundial da Juventude (agosto) e o Encontro Mundial das Famílias (outubro).

Cruz alusiva ao Grande Jubileu do ano 2000:
De um lado o mistério da Trindade, do outro a peregrinação

Durante o Ano Santo o Papa João Paulo II realizou também duas importantes peregrinações a lugares relacionados à história da salvação: ao Monte Sinai, no Egito (24-26 de fevereiro), e à Terra Santa (20-26 de março). O Santo Padre desejava visitar ainda a cidade de Ur (no atual Iraque), de onde partiu Abraão, mas devido a conflitos locais não foi possível.

O Ano Santo encerrou-se na Solenidade da Epifania do ano seguinte (06 de janeiro de 2001). Tal data reforçou o alcance universal do Jubileu, uma vez que na Epifania se celebra a manifestação de Jesus Cristo a todos os povos.

Na ocasião, João Paulo II promulgou a Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte (No início do novo milênio). Neste documento, após fazer uma avaliação do Jubileu, o Papa traça os caminhos da Igreja no novo milênio que se iniciava, com uma grande ênfase na pessoa de Jesus Cristo.

3. Memória

Ao longo dos próximos meses, de 24 de dezembro de 2019 a 06 de janeiro de 2021, para celebrar os 20 anos deste acontecimento histórico, vamos repropor aqui em nosso blog as homilias do Papa São João Paulo II nas principais celebrações do Grande Jubileu.

Tais reflexões nos ajudarão também a preparar o próximo Jubileu Ordinário, a ser celebrado dentro de cinco anos, em 2025.

Christus heri et hodie, finis et principium; Christus Alpha et Omega, ipsi gloria in sæcula!
Cristo, ontem e hoje, fim e princípio; Cristo Alfa e Ômega, a Ele a glória pelos séculos!


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