quinta-feira, 25 de abril de 2024

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 41

Concluindo a seção sobre a “libertação do homem” dentro das suas Catequeses sobre Jesus Cristo, o Papa São João Paulo II refletiu sobre o Filho como modelo de “transformação salvífica do homem” e de “vida filialmente unida ao Pai”.

Confira a postagem que serve de Introdução e índice das Catequeses clicando aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

62. Jesus, modelo da transformação salvífica do homem
João Paulo II - 17 de agosto de 1988

1. No desenvolvimento gradual das Catequeses sobre a missão de Jesus Cristo, vimos que Ele é quem realiza a libertação do homem através da verdade do seu Evangelho, cuja palavra última e definitiva é a Cruz e a Ressurreição. Cristo liberta o homem da escravidão do pecado e lhe dá uma nova vida mediante seu sacrifício pascal. A redenção se torna assim uma nova criação. No sacrifício redentor e na Ressurreição do Redentor tem início uma “nova humanidade”. Acolhendo o sacrifício de Cristo, Deus “cria” o homem novo “na justiça e na santidade da verdade” (Ef 4,24): o homem se torna adorador de Deus “em espírito e verdade” (Jo 4,23).

Na sua figura histórica, Jesus Cristo tem para este “homem novo” o valor de um modelo perfeito, isto é, de ideal. Aquele que em sua humanidade era a perfeita “imagem do Deus invisível” (Cl 1,15) torna-se, através da sua vida terrena - através de tudo o que “fez e ensinou” (At 1,1) -, sobretudo através do sacrifício, modelo visível para os homens. O modelo mais perfeito.

Lava pés (Yongsung Kim)
“Dei-vos o exemplo...” (Jo 13,15)

2. Entramos aqui no âmbito da “imitação de Cristo”, que se encontra claramente presente nos textos evangélicos e em outros escritos apostólicos, ainda que a palavra “imitação” não apareça nos Evangelhos. Jesus exorta seus discípulos a “segui-lo” - em grego, akoloutheo (ἀκολουθέω): “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24; cf. Jo 12,26).

A palavra “imitação” a encontramos só em Paulo, quando o Apóstolo escreve: “Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1Cor 11,1) - em grego, mimetai (μιμηταί). E em outro lugar: “Vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra em meio a muita tribulação com a alegria do Espírito Santo” (1Ts 1,6).

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Leitura litúrgica do Livro de Malaquias

“Desde o nascer do sol até ao poente, em todo o lugar se oferece um sacrifício e uma oblação pura ao meu Nome” (Ml 1,11).

Na postagem anterior da nossa série sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura, começamos a analisar os escritos dos “profetas menores” após o exílio da Babilônia com o Livro de Ageu e os capítulos 1–8 do Livro de Zacarias.

Com esta postagem damos continuidade à proposta com o Livro de Malaquias (Ml), que figura na Bíblia cristã como o último dos escritos proféticos do Antigo Testamento (AT).

Profeta Malaquias (James Tissot)

1. Breve introdução ao Livro de Malaquias

A tradição judaica coloca Malaquias e o Dêutero-Zacarias (Zc 9–14) como os últimos profetas, aos quais podemos acrescentar Joel. Embora figure por último na Bíblia cristã, por razões teológicas, o Livro de Malaquias é o mais antigo dos três citados, podendo remontar ao contexto das reformas de Esdras e Neemias (século V a. C.).

As reformas desses dois personagens fundamentaram o Judaísmo em três pilares: um Templo, uma Lei, um povo. Na narrativa de Malaquias o Templo parece já estar concluído, pois o problema agora são os pecados dos sacerdotes. A idolatria, interpretada como um casamento com uma mulher estrangeira, nos coloca no contexto da proibição desses casamentos.

Malaquias é provavelmente um nome simbólico, que significa “mensageiro”. Sua mensagem, composta por três capítulos, é formada por seis unidades, “emolduradas” por um breve prólogo e um epílogo.
a) Ml 1,1: Prólogo, com o título da obra;
b) Ml 1,2-5: Acusação contra Edom e declaração do amor de Deus por Israel;
c): Ml 1,6–2,9: Acusação contra os sacerdotes, que oferecem animais indignos ao Senhor (provavelmente guardando os melhores animais para si);
d) Ml 2,10-16: Acusação contra a idolatria e o divórcio;
e) Ml 2,17–3,5: Acusação contra uma série de injustiças, anunciando a vinda do “mensageiro” que antecede o “dia de Iahweh”;
f) Ml 3,6-12: Acusação contra fraudes nos dízimos - se o povo for fiel, Deus promete abundância;
g) Ml 3,13-21: O profeta opõe o justo e o ímpio, prometendo que o homem justo receberá a bênção do Senhor;
h) Ml 3,22-24: Epílogo (talvez como acréscimo posterior), evocando Moisés, como luz para o passado, e Elias, como esperança para o futuro.

Cada unidade possui três elementos que se repetem: crítica do profeta, réplica dos destinatários e nova exortação do profeta. As primeiras três controvérsias são mais fechadas no castigo do pecado, enquanto as três últimas abrem-se à esperança escatológica no “dia de Iahweh”, quando reinará a justiça.

As referências ao “mensageiro” que prepara o caminho diante do Senhor (Ml 3,1) e ao profeta Elias (Ml 3,23-24) foram aplicadas no Novo Testamento a João Batista (Mc 1,2; 9,11-12; Mt 17,10-13; Lc 1,17.76; 7,27; Jo 3,28), razão pela qual Malaquias foi disposto como último livro do AT na Bíblia cristã, antecedendo a pregação de João.

Para saber mais, confira a bibliografia indicada no final da postagem.

João Batista com as asas do "anjo" (mensageiro) entre Elias e Enoc
(Daniel Codrescu - Bucareste, Romênia)

2. Leitura litúrgica de Malaquias: Composição harmônica

Como temos feito com todos os livros da Sagrada Escritura estudados nesta série, analisaremos a presença do Livro de Malaquias nas celebrações litúrgicas seguindo os dois critérios de seleção dos textos indicados no n. 66 do Elenco das Leituras da Missa (ELM): a composição harmônica e a leitura semicontínua [1].

Começamos pela composição harmônica: a escolha do texto em sintonia com o tempo ou festa litúrgica.

a) Celebração Eucarística

Iniciando nosso percurso pelos ciclo do Ano Litúrgico, identificamos leituras do nosso livro em três ocasiões, uma no Advento e duas no Tempo Comum:

terça-feira, 23 de abril de 2024

Regina Coeli: IV Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 21 de abril de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Este domingo é dedicado a Jesus Bom Pastor. No Evangelho de hoje (Jo 10,11-18), Jesus diz: «O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas» (v. 11) e insiste neste aspecto, a ponto de repeti-lo três vezes (vv. 11.15.17). Mas, pergunto-me, em que sentido o pastor dá a vida pelas ovelhas?

Ser pastor, sobretudo no tempo de Cristo, não era apenas uma profissão, era uma vida inteira: não se tratava de ter uma ocupação com horários, mas de partilhar todo o dia, e também as noites, com as ovelhas, de viver - gostaria de dizer - em simbiose com elas. De fato, Jesus explica que não é um mercenário, o qual não se preocupa com as ovelhas (v. 13), mas aquele que as conhece (v. 14): Ele conhece as ovelhas. Assim, Ele, o Senhor, pastor de todos nós, conhece-nos, a cada um de nós, chama-nos pelo nome e, quando nos desviamos, procura-nos até nos encontrar (cf. Lc 15,4-5). Mais: Jesus não é apenas um bom pastor que partilha a vida do rebanho; Jesus é o Bom Pastor, que sacrificou a sua vida por nós e, Ressuscitado, nos deu o seu Espírito.

É isto que o Senhor quer nos dizer com a imagem do Bom Pastor: não só que Ele é o guia, o chefe do rebanho, mas sobretudo que Ele pensa em cada um de nós, e pensa em nós como o amor da sua vida. Pensemos nisto: eu sou importante para Cristo, Ele pensa em mim, sou insubstituível, valho o preço infinito da sua vida. E isto não é uma maneira de dizer: Ele deu verdadeiramente a sua vida por mim, morreu e ressuscitou por mim. Por quê? Porque me ama e encontra em mim uma beleza que muitas vezes não consigo ver.

Irmãos e irmãs, quantas pessoas hoje se consideram inadequadas ou até erradas! Quantas vezes pensamos que o nosso valor depende dos objetivos que conseguimos alcançar, do sucesso aos olhos do mundo, dos juízos dos outros! E quantas vezes acabamos por nos deixar levar por coisas pequenas! Hoje Jesus nos diz que valemos muito para Ele, e sempre. Por isso, para nos redescobrirmos, a primeira coisa a fazer é nos colocarmos na sua presença, nos deixarmos acolher e elevar pelos braços amorosos do nosso Bom Pastor.

Irmãos e irmãs, perguntemo-nos então: posso encontrar um momento em cada dia para abraçar a certeza que dá valor à minha vida? Sei encontrar um momento de oração, de adoração, de louvor, para estar na presença de Cristo e deixar que Ele me acaricie? Irmão, irmã, o Bom Pastor diz-nos que, se o fizeres, redescobrirás o segredo da vida: te lembrarás de que Ele deu a sua vida por ti, por mim, por todos nós. E que todos somos importantes para Ele, todos e cada um de nós.

Que Nossa Senhora nos ajude a encontrar em Jesus o essencial para viver.

Jesus como Bom Pastor
(Roma, Catacumbas de Priscila, século III)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Missas na 61ª Assembleia Geral da CNBB (2024)

De 10 a 19 de abril de 2024 teve lugar no Santuário Nacional de Aparecida a 61ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Durante a Assembleia, os Bispos celebraram diariamente a Santa Missa unida às Laudes (oração da manhã da Liturgia das Horas).

10 de abril: Quarta-feira da II semana da Páscoa

Missa de abertura presidida por Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS), Presidente da CNBB.


Liturgia da Palavra
Evangelho
Homilia

11 de abril: Memória de Santo Estanislau, Bispo e Mártir

Missa presidida pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé.

Procissão de entrada

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 40

Em suas Catequeses nn. 60-61 sobre Jesus Cristo, o Papa São João Paulo II refletiu sobre como o Filho liberta o homem “para a liberdade na verdade” e “para uma vida nova”.

Para acessar a Introdução desta série, com os links para todas as Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

60. Cristo liberta o homem para a liberdade na verdade
João Paulo II - 03 de agosto de 1988

1. Cristo é o Salvador; de fato; Ele veio ao mundo para libertar o homem da escravidão do pecado à custa do seu sacrifício pascal, como vimos na Catequese anterior. Se o conceito de libertação”, por um lado, se refere ao mal, libertados do qual encontramos a “salvação”, por outro lado diz respeito ao bempara cuja obtenção fomos libertados por Cristo, Redentor do homem e do mundo com o homem e no homem. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Estas palavras de Jesus especificam de modo muito conciso o bem para o qual o homem foi libertado por obra do Evangelho no âmbito da redenção de Cristo. É a liberdade na verdade. Essa constitui o bem essencial da salvação realizada por Cristo. Através deste bem o Reino de Deus realmente “está próximo” do homem e da sua história terrena.

Jesus Cristo Redentor (El Greco)

2. A libertação salvífica que Cristo realiza em relação ao homem contém em si mesma, em certo sentido, as duas dimensões: libertação do” (mal) e libertação para (o bem), que estão intimamente unidas, se condicionam e integram reciprocamente.

Retornando ao mal do qual Cristo liberta o homem - isto é, o mal do pecado -, é preciso acrescentar que, mediante os “sinais” extraordinários do seu poder salvífico (isto é, os milagres), realizados curando os doentes de diversas enfermidades, Ele sempre indicou, ao menos indiretamente, essa libertação essencial, que é a libertação do pecado, a sua remissão. Isto aparece claramente na cura do paralítico, ao qual Jesus primeiro diz: “Teus pecados estão perdoados”, e só depois: “Levanta-te, pega tua maca e vai para tua casa” (Mc 2,5.11). Realizando este milagre, Jesus se dirige aos que o rodeavam (especialmente aos que o acusavam de blasfêmia, posto que só Deus pode perdoar os pecados): “Para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados...” (v. 10).

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Leitura litúrgica dos Livros de Ageu e Zacarias 1–8

“Voltai-vos para mim, diz o Senhor dos exércitos, e Eu me voltarei para vós” (Zc 1,3).

Em nossa série de postagens sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura já analisamos os escritos dos “profetas menores” do século VIII a. C. (Amós, Oseias e Miqueias) e do século VII a. C. (Sofonias, Naum e Habacuc).

Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade a esta proposta com dois livros proféticos que remontam ao século VI a. C.: o Livro de Ageu (Ag) e os capítulos 1–8 do Livro de Zacarias (Zc).

1. Breve introdução aos Livros de Ageu e Zacarias 1–8

Como vimos em nossa postagem sobre os Livros de Esdras e Neemias, em 539 a. C. o rei persa Ciro II derrotou o Império Babilônico, decretando o fim do exílio do povo de Israel e autorizando a reconstrução do Templo de Jerusalém, que havia sido destruído em 587 a. C.

Profeta Ageu (James Tissot)

O início dos Livros de Ageu e Zacarias no situa “no segundo ano do rei Dario” (cerca de 520 a. C.). Dario I, com efeito, deu continuidade à política de Ciro II, incentivando o retorno dos exilados.

A reconstrução do Templo, porém, enfrentou várias dificuldades. Assim, os profetas Ageu e Zacarias - citados duas vezes no Livro de Esdras (Esd 5,1; 6,14) - motivaram o povo a prosseguir os trabalhos (que só seriam concluídos em 515 a. C.), exortando o governador Zorobabel e o sumo-sacerdote Josué.

O Livro de Ageu, com apenas dois capítulos, pode ser subdividido em quatro seções que se intercalam:
- Seções A (Ag 1,1-15) e C (Ag 2,10-19): o povo se preocupa apenas em construir belas casas para si, por isso “os céus se fecharam”; se retomarem os trabalhos do Templo, Deus os abençoará;
- Seções B (Ag 2,1-9) e D (Ag 2,20-23): promessas escatológicas - a glória do novo Templo superará o antigo e Deus protegerá seu povo das nações inimigas.

Quanto ao Livro de Zacarias, suas grandes diferenças permitem identificar a existência de dois livros, de autores e épocas diferentes:
- Zc 1–8: “Proto-Zacarias” (Primeiro Zacarias), contemporâneo de Ageu, preocupado com o Templo;
- Zc 9–14: “Dêutero-Zacarias” (Segundo Zacarias), provavelmente do século IV a. C., com uma série de profecias messiânicas.

Embora alguns temas apareçam nas duas partes, nos deteremos aqui no Proto-Zacarias (a segunda parte do livro receberá uma postagem própria). Seus oito capítulos podem ser subdivididos em duas seções:
a) Zc 1–6: após um breve prólogo exortando à conversão (Zc 1,1-6), são descritas oito visões (Zc 1,7–6,8), concluindo com uma “coroação” (Zc 6,9-15);
b) Zc 7–8: oráculos sobre o jejum e a salvação messiânica.

As visões da primeira parte, marcadas pela linguagem simbólica própria da literatura apocalíptica, provavelmente eram na sua origem sete, em círculos concêntricos. O núcleo está na visão do candelabro, símbolo do Templo reconstruído, e das duas oliveiras, aqueles que são ungidos para protegê-lo, isto é, os reis e sacerdotes.

O Templo ocupa efetivamente o centro da narrativa: a partir dele tudo o mais será restaurado, “o Senhor voltará” e a iniquidade será desterrada.

A quarta visão (cap. 3) é provavelmente um acréscimo posterior, para destacar a atuação dos sacerdotes. Da mesma forma, Zc 6,9-15 provavelmente seria a princípio um relato de coroação de Zorobabel, como uma espécie de restauração da monarquia, que teria sido alterado para dar ênfase a Josué, ou seja, ao sacerdócio.

Na segunda parte do Proto-Zacarias (cap. 7–8) a grande questão é o jejum: este deve ser acompanhado pela prática da justiça (Zc 7,9-10), sendo ocasião também para a alegria (Zc 8,18-19). A referência aos quatro jejuns ao longo do ano (Zc 8,19) inspiraria a tradição cristã das “Quatro Têmporas”.

Para saber mais, confira a bibliografia indicada no final da postagem.

Profeta Zacarias (James Tissot)

2. Leitura litúrgica de Ageu e Zacarias 1–8: Composição harmônica

Como fizemos com os demais livros estudados nesta série, analisaremos a presença de Ageu e Zacarias 1–8 nas celebrações litúrgicas do Rito Romano seguindo os dois critérios de seleção dos textos indicados no n. 66 do Elenco das Leituras da Missa (ELM): a composição harmônica e a leitura semicontínua [1].

Começamos pela leitura em composição harmônica: a escolha do texto em sintonia com o tempo ou a festa litúrgica.

a) Celebração Eucarística

Seguindo o ciclo do Ano Litúrgico, antes ainda de entrarmos nas leituras, cabe destacar duas antífonas do Livro de Ageu indicadas para o Tempo do Advento:

terça-feira, 16 de abril de 2024

Regina Coeli: III Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 14 de abril de 2024

Amados irmãos e irmãs, bom dia, bom domingo!
Hoje o Evangelho nos reconduz à noite de Páscoa (Lc 24,35-48). Os Apóstolos estão reunidos no Cenáculo quando os dois discípulos regressam de Emaús e contam o seu encontro com Jesus. E enquanto eles exprimem a alegria da sua experiência, o Ressuscitado aparece a toda a comunidade. Jesus chega precisamente no momento em que eles estão contando a história do seu encontro com Ele. Isto me faz pensar que é bom partilhar, que é importante partilhar a fé. Esta história nos faz pensar na importância de partilhar a fé em Jesus Ressuscitado.

Todos os dias somos bombardeados por mil mensagens. Muitas são superficiais e inúteis, outras revelam uma curiosidade indiscreta ou, pior ainda, são fruto de bisbilhotices e maldades. São notícias que não servem para nada, de fato, magoam. Mas também há notícias boas, positivas e construtivas, e todos sabemos como é bom ouvir coisas boas, e como nos sentimos melhor quando isto acontece. E também é bom partilhar as realidades que, no bem ou no mal, tocaram a nossa vida, para que possamos ajudar os outros.

No entanto, há uma coisa de que muitas vezes temos dificuldade de falar. Temos dificuldade de falar do quê? Da coisa mais bela que temos para contar: o nosso encontro com Jesus. Cada um de nós encontrou o Senhor e tem dificuldade de falar sobre isto. Cada um de nós poderia dizer muito sobre isto: ver como o Senhor nos tocou, e partilhá-lo: não querendo ser um mestre para os outros, mas partilhando os momentos únicos em que percebemos o Senhor vivo e próximo, que acendeu a alegria nos nossos corações ou enxugou as nossas lágrimas, que transmitiu confiança e consolação, força e entusiasmo, ou perdão, ternura. Estes encontros que cada um de nós teve com Jesus devem ser partilhados e transmitidos. É importante fazê-lo na família, na comunidade, com os amigos. Assim como é bom falar das boas inspirações que nos guiaram na vida, dos bons pensamentos e sentimentos que tanto nos ajudam a ir em frente, também dos esforços e trabalhos que fazemos para compreender e progredir na vida de fé, talvez até para nos arrependermos e voltar atrás. Se o fizermos, Jesus, tal como fez com os discípulos de Emaús na noite de Páscoa, nos surpreenderá e tornará os nossos encontros e os nossos ambientes ainda mais belos.

Procuremos, pois, recordar agora um momento forte da nossa vida, um encontro decisivo com Jesus. Cada um de nós já o teve, todos tivemos um encontro com o Senhor. Façamos um pouco de silêncio e pensemos: quando foi que encontrei o Senhor? Quando foi que o Senhor se tornou próximo de mim? Pensemos em silêncio. E esse encontro com o Senhor, o partilhei para glorificar o Senhor? E também, ouvi os outros quando me falaram desse encontro com Jesus? 

Que Nossa Senhora nos ajude a partilhar a nossa fé para que as nossas comunidades sejam cada vez mais lugares de encontro com o Senhor.

Aparição do Ressuscitado aos Apóstolos
(Klavdy Lebedev)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Ordenações Diaconais em Jerusalém (2024)

Na manhã do dia 13 de abril de 2024, sábado da II semana da Páscoa, o Patriarca Latino de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, presidiu a Santa Missa na igreja do Santíssimo Salvador em Jerusalém, sede da Custódia Franciscana da Terra Santa, para a Ordenação Diaconal de sete religiosos da Ordem dos Frades Menores (franciscanos):

Procissão de entrada
Ritos iniciais

Evangelho
Apresentação dos candidatos
(Padre Francesco Patton, Custódio da Terra Santa)

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 39

Retomando as Catequeses do Papa São João Paulo II sobre Jesus Cristo, trazemos sua meditação n. 59, com a qual tem início uma seção sobre a libertação do homem realizada em Cristo (nn. 59-63).

Para acessar a postagem introdutória, com os links para todas as Catequeses, clique aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

III. A libertação do homem realizada por Cristo

59. Jesus liberta o homem da escravidão do pecado
João Paulo II - 27 de julho de 1988
 
1. “Cumpriu-se o tempo e está próximo o Reino de Deus. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15): estas palavras relatadas por Marcos no início do seu Evangelho resumem e dão forma ao que estamos explicando no presente ciclo de Catequeses cristológicas sobre a missão messiânica de Jesus Cristo. Segundo essas palavras, Jesus de Nazaré é aquele que anuncia a proximidade do Reino de Deus” na história terrena do homem. É aquele no qual o Reino de Deus entrou de modo definitivo e irrevogável na história da humanidade, e tende, através dessa “plenitude do tempo”, ao cumprimento escatológico na eternidade do próprio Deus.

Jesus Cristo “transmite o Reino de Deus aos Apóstolos. Neles se apoia o edifício da sua Igreja que, depois da sua partida, deve continuar a sua missão: “Como o Pai me enviou, Eu também vos envio... Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,21-22).

Jesus, “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”

2. Nesse contexto é preciso considerar o que é essencial na missão messiânica de Jesus. O Símbolo da fé o expressa com estas palavras: “Por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus...” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano). O essencial em toda a missão de Cristo é a obra da salvação, que está indicada no próprio nome Jesus (“Yeshua” = “Deus salva”). Este lhe foi dado juntamente com o anúncio do nascimento do Filho de Deus, quando o anjo disse a José: “Ela (Maria) dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois Ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21). Com estas palavras, que José ouviu em sonhos, se repete o que Maria tinha ouvido na Anunciação: “Lhe porás o nome de Jesus” (Lc 1,31). Em breve os anjos anunciarão aos pastores nos arredores de Belém a vinda ao mundo do Messias (Cristo) como Salvador: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11): “pois Ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,21).

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Solenidade da Anunciação do Senhor em Nazaré (2024)

Neste ano de 2024 a Solenidade da Anunciação do Senhor, no dia 25 de março, coincidiu com a Semana Santa. Por isso, no Rito Romano foi transferida para o dia 08 de abril, segunda-feira da II semana da Páscoa (uma vez que tanto a Semana Santa quanto a Oitava da Páscoa têm precedência).

Assim, nos dias 07 e 08 de abril o Patriarca Latino de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa, presidiu as celebrações da Solenidade na Basílica da Anunciação em Nazaré.

Tradicionalmente se celebram as I Vésperas na tarde do dia anterior e a Missa na manhã do dia da festa. Este ano, porém, o Patriarca presidiu duas Missas na igreja superior da Basílica: na tarde do dia 07 e na manhã do dia 08.

No final de ambas teve lugar uma procissão “em memória da Encarnação do Verbo de Deus” (Memoria Verbi Dei Incarnationis), com a leitura de três trechos do Evangelho, a oração do Ângelus e a bênção.

07 de abril: Santa Missa

Oração diante da gruta da Anunciação
Procissão de entrada

Incensação do altar
Ritos iniciais

Domingo da Santa Cruz em Kiev (2024)

Neste ano de 2024 as Igrejas Orientais (tanto Católicas quanto Ortodoxas) celebrarão a Páscoa no dia 05 de maio (22 de abril segundo o calendário juliano), dado que possuem uma forma distinta de calcular a data da festa.

Assim, no dia 07 de abril o Arcebispo-Maior da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Dom Sviatoslav Shevchuk (Святосла́в Шевчу́к), celebrou a Divina Liturgia do III Domingo da Grande Quaresma, o Domingo da Santa Cruz, na Catedral da Ressurreição em Kiev:

Cruz exposta à veneração
O Arcebispo abençoa os fiéis
Incensação

Evangelho

terça-feira, 9 de abril de 2024

II Domingo da Páscoa em Cracóvia (2024)

No dia 07 de abril de 2024, II Domingo da Páscoa, o Santuário da Divina Misericórdia no distrito de Łagiewniki em Cracóvia (Polônia) celebrou a sua festa patronal.

Dentre as diversas Missas que tiveram lugar ao longo do dia, destacamos algumas imagens da Missa presidida pelo Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, e da Missa presidida pelo Arcebispo Emérito, Cardeal Stanisław Dziwisz, na esplanada junto ao Santuário.

Em todas as celebrações os fiéis puderam venerar as relíquias da Família Ulma (Rodzina Ulmów): Józef, Wiktoria e seus sete filhos, Mártires, beatificados em setembro de 2023. As relíquias “peregrinarão” por algumas paróquias da Arquidiocese de Cracóvia de 06 a 13 de abril.

07 de abril: Missa presidida por Dom Marek Jędraszewski

Procissão de entrada
Ritos iniciais
Liturgia da Palavra
Evangelho
Bênção com o Livro dos Evangelhos

Regina Coeli: II Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 07 de abril de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Hoje, II Domingo de Páscoa, intitulado por São João Paulo II à Divina Misericórdia, o Evangelho (Jo 20,19-31) diz-nos que, acreditando em Jesus, Filho de Deus, podemos ter a vida eterna em seu nome (v. 31). “Ter a vida”: o que significa isto?

Todos nós queremos ter a vida, mas há várias maneiras de fazê-lo. Por exemplo, há quem reduza a existência a uma corrida frenética para gozar e possuir muitas coisas: comer e beber, divertir-se, acumular dinheiro e coisas, experimentar emoções fortes e novas, etc. É um caminho que, à primeira vista, parece agradável, mas que não sacia o coração. Não é assim que se “tem a vida”, porque seguir os caminhos do prazer e do poder não conduz à felicidade. Muitos aspectos da existência permanecem sem resposta, como o amor, as experiências inevitáveis da dor, a limitação e a morte. E depois fica por realizar o sonho que nos une a todos: a esperança de viver para sempre, de ser amados sem fim. O Evangelho de hoje diz que esta plenitude de vida, a que cada um de nós é chamado, se realiza em Jesus: é Ele que nos dá a plenitude da vida. Mas como aceder a ela, como experimentá-la?

Vejamos o que aconteceu com os discípulos no Evangelho. Eles estão vivendo o momento mais trágico da vida: depois dos dias da Paixão, estão fechados no Cenáculo, assustados e desanimados. O Ressuscitado aparece e mostra-lhes primeiro as suas chagas (cf. v. 20): eram sinais de sofrimento e de dor, podiam suscitar sentimentos de culpa, mas com Jesus tornam-se canais de misericórdia e de perdão. Assim os discípulos veem e tocam com as mãos que com Jesus a vida vence, sempre, a morte e o pecado são derrotados. E recebem o dom do seu Espírito, que lhes dá uma vida nova, de filhos amados, imbuídos de alegria, de amor e de esperança. Pergunto-vos uma coisa: tendes esperança? Que cada um se pergunte: como está a minha esperança?

Eis como “ter a vida” todos os dias: basta fixar o olhar em Jesus Crucificado e Ressuscitado, encontrá-lo nos Sacramentos e na oração, reconhecê-lo presente, acreditar n’Ele, deixar-se tocar pela sua graça e guiar-se pelo seu exemplo, experimentar a alegria de amar como Ele. Cada encontro com Jesus, um encontro vivo com Ele, permite-nos ter mais vida. Procurar Jesus, deixarmo-nos encontrar - porque Ele nos procura! -, abrir o nosso coração ao encontro com Jesus.

Mas perguntemo-nos: acredito no poder da Ressurreição de Jesus, acredito que Jesus ressuscitou? Acredito na sua vitória sobre o pecado, o medo e a morte? Deixo-me atrair pela relação com o Senhor, com Jesus? E deixo-me impelir por Ele a amar os irmãos e irmãs e a ter esperança todos os dias? Que cada um reflita sobre isto.

Maria nos ajude a ter uma fé cada vez maior em Jesus Ressuscitado para “ter a vida” e difundir a alegria da Páscoa.

Aparição do Ressuscitado aos Apóstolos (Duccio)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Eleito novo Eparca da Bulgária

Nesta segunda-feira, 08 de abril de 2024, o Papa Francisco aceitou a renúncia de Dom Christo Proykov (78 anos) ao ofício de Eparca de São João XXIII de Sófia (Bulgária), nomeando como seu sucessor o Padre Petko Valov (58 anos).

A Eparquia de São João XXIII de Sófia integra a Igreja Greco-Católica Búlgara, uma das 23 Igrejas Católicas Orientais, que reúne cerca de 10 mil fiéis católicos de Rito Bizantino no país.

Dom Christo Proykov, Eparca Emérito de Sófia

Christo Proykov (Христо Пройков) nasceu em 11 de março de 1946 em Sófia (Bulgária). Recebeu a ordenação presbiteral no dia 23 de maio de 1971, incardinado no Exarcado Apostólico de Sófia para os católicos de Rito Bizantino na Bulgária.

Dom Christo Proykov, Eparca Emérito de Sófia

Em 1980 foi enviado a estudar em Roma, obtendo o Mestrado em Direito Canônico pelo Pontifício Instituto Oriental em 1982. De volta à Bulgária, foi nomeado pároco da Catedral da Dormição da Mãe de Deus em Sófia.

No dia 18 de dezembro de 1993 o Papa João Paulo II (†2005) nomeou o Padre Christo Proykov como Bispo Titular de Briula e Coadjutor (com direito a sucessão) do Exarcado Apostólica de Sófia. Recebeu a ordenação episcopal no dia 06 de janeiro de 1994 na Basílica de São Pedro no Vaticano, sendo ordenante principal o próprio Papa.

No dia 05 de setembro de 1995, com a renúncia de Dom Metodi Dimitrov Stratiev (†2006) por limite de idade, Dom Christo Proykov assumiu como novo Exarca Apostólico de Sófia. Como Exarca, acolheu dois Papas na Bulgária: João Paulo II em 2002 e Francisco em 2019.

No dia 11 de outubro de 2019 o Papa Francisco elevou o Exarcado à categoria de Eparquia de São João XXIII de Sófia, confirmando Dom Christo Proykov como primeiro Eparca.


Padre Petko Valov, Eparca eleito de Sófia

Petko Valov (Петко Вълов) nasceu em 08 de janeiro de 1966 em Sófia (Bulgária). Recebeu a ordenação presbiteral no dia 11 de outubro de 1997, incardinado no Exarcado Apostólico de Sófia.

Antes da ordenação realizou seus estudos de Filosofia e Teologia em Roma, obtendo o Mestrado em Teologia Moral na Pontifícia Academia Alfonsiana.

De volta à Bulgária, exerceu diversos ofícios no Exarcado de Sófia (que, como vimos, foi elevado a Eparquia em 2019). Desde 1999 era Pároco da Paróquia da Dormição da Mãe de Deus na vila de Novo Delchevo, no sudoeste da Bulgária.

Em 2008 foi eleito Delegado da Igreja Católica no Conselho Nacional das Comunidades Religiosas na Bulgária. No ano seguinte, por sua vez, foi nomeado Chanceler do Exarcado (confirmado como Chanceler da Eparquia em 2019). Desde 2020 era também Secretário da Conferência Episcopal Búlgara, dentre outros ofícios.

Padre Petko Valov, Eparca eleito de Sófia

Até a ordenação episcopal do Padre Petko Valov, Dom Christo Proykov continuará servindo como Administrador da Eparquia.

Vale recordar que no país há também a Igreja Ortodoxa Búlgara, igualmente de Rito Bizantino, a qual encontra-se vacante desde a morte do Patriarca Neófito (ou Neofit) no dia 13 de março.

Segunda-feira da Oitava Pascal em Emaús (2024)

Na Terra Santa, a Segunda-feira da Oitava da Páscoa é dedicada à comemoração do encontro de Jesus Ressuscitado com os dois discípulos a caminho de Emaús (Lc 24,13-35).

Portanto, na manhã do dia 01 de abril de 2024 o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu a Santa Missa com a tradicional bênção e distribuição dos pães no Santuário da Manifestação do Senhor na localidade de Al-Qubeibeh.

À tarde, por sua vez, o Padre Patton presidiu a oração das Vésperas com a exposição e bênção com o Santíssimo Sacramento.

01 de abril: Santa Missa

Procissão de entrada
Incensação do círio pascal
Apresentação das oferendas
Consagração
Distribuição dos pães abençoados no final da Missa

Regina Coeli: Segunda-feira da Oitava Pascal (2024)

Papa Francisco
Regina Coeli
Segunda-feira do Anjo, 01 de abril de 2024

Estimados irmãos e irmãs, bom dia e feliz Páscoa!
Hoje, Segunda-feira da Oitava da Páscoa, o Evangelho mostra-nos a alegria das mulheres pela Ressurreição de Jesus (Mt 28,8-15): elas, diz o texto, saíram do sepulcro e «correram com grande alegria para dar a notícia aos discípulos» (v. 8). Esta alegria, que nasce precisamente do encontro vivo com o Ressuscitado, é uma emoção transbordante, que as impele a difundir e a contar o que viram.

Compartilhar a alegria é uma experiência maravilhosa, que se aprende desde a mais tenra idade: pensemos no jovem que tira uma boa nota na escola e não vê a hora de mostrá-la aos pais, ou no jovem que obtém os seus primeiros sucessos esportivos, ou em uma família na qual nasce uma criança. Procuremos recordar, cada um de nós, um momento tão feliz que era até difícil expressá-lo com palavras, mas que quisemos contar imediatamente a todos!

Eis que as mulheres, na manhã de Páscoa, vivem esta experiência, mas de modo muito maior. Por quê? Porque a Ressurreição de Jesus não é apenas uma notícia maravilhosa ou o final feliz de uma história, mas algo que muda completamente a nossa vida, transformando-a para sempre! É a vitória da vida sobre a morte, é a Ressurreição de Jesus! É a vitória da esperança sobre o desânimo. Jesus rompeu a escuridão do sepulcro e vive para sempre: a sua presença pode encher tudo de luz. Com Ele, cada dia torna-se a etapa de um caminho eterno, cada “hoje” pode esperar um “amanhã”, cada fim um novo começo, cada instante é projetado para além dos limites do tempo, rumo à eternidade.

Irmãos e irmãs, a alegria da Ressurreição não é algo distante. Está muito perto, é nossa porque nos foi oferecida no dia do nosso Batismo. Desde então, também nós, como as mulheres, podemos encontrar o Ressuscitado e Ele, como elas, diz-nos: «Não tenhais medo!» (v. 10). Irmãos e irmãs, não renunciemos à alegria da Páscoa!

Mas como alimentar esta alegria? Como fizeram as mulheres: encontrando o Ressuscitado, pois Ele é a fonte de uma alegria que nunca se esgota. Apressemo-nos a procurá-lo na Eucaristia, no seu perdão, na oração e na caridade vivida! Quando é compartilhada, a alegria aumenta. Compartilhemos a alegria do Ressuscitado!

E a Virgem Maria, que na Páscoa se alegrou com o seu Filho Ressuscitado, nos ajude a ser suas alegres testemunhas.

As mulheres no sepulcro na manhã da Páscoa
(Frans Francken II)

Fonte: Santa Sé.

Semana Santa 2024: Índice das postagens

Publicamos a seguir os links para nossas postagens com o registro das celebrações da Semana Santa deste ano de 2024 em diversos lugares ao redor do mundo:

ROMA
Domingo de Ramos: Fotos
Missa Crismal: Homilia / Fotos
Missa da Ceia do Senhor: Homilia e Fotos
Celebração da Paixão do Senhor: Homilia (Cardeal Raniero Cantalamessa) / Fotos
Via Sacra no Coliseu: Meditações (Papa Francisco) / Fotos
Vigília Pascal: Homilia / Fotos
Domingo de Páscoa: Mensagem de Páscoa / Fotos


JERUSALÉM

CRACÓVIA (POLÔNIA)

MANILA (FILIPINAS)

TORTONA (ITÁLIA)

LISBOA (PORTUGAL)

BUDAPESTE (HUNGRIA)

MILÃO (ITÁLIA)


Vale recordar que as Igrejas Orientais, que utilizam outro cálculo para a data da Páscoa, baseado no calendário juliano, celebrarão a festa neste ano de 2024 no dia 05 de maio (que corresponde ao dia 22 de abril no calendário juliano).

domingo, 7 de abril de 2024

Homilia do Papa Bento XVI: Celebração dos novos mártires (2008)

Há 16 anos, no dia 07 de abril de 2008, o Papa Bento XVI (†2022) presidia uma Celebração da Palavra em honra dos novos mártires do século XX na Basílica de São Bartolomeu na Ilha Tiberina.

Enquanto nos preparamos para renovar essa celebração dos novos mártires durante o Jubileu Ordinário de 2025, reproduzimos a seguir sua homilia na ocasião:

Memória dos Mártires Cristãos do Século XX
Homilia do Papa Bento XVI
Basílica de São Bartolomeu na Ilha Tiberina
Segunda-feira, 07 de abril de 2008

Queridos irmãos e irmãs,
Podemos considerar este nosso encontro na Basílica de São Bartolomeu na Ilha Tiberina como uma peregrinação à memória dos mártires do século XX, numerosos homens e mulheres, conhecidos e desconhecidos, que ao longo do século XX derramaram o seu sangue pelo Senhor. Uma peregrinação guiada pela Palavra de Deus que, como lâmpada para os nossos passos, luz sobre o nosso caminho (cf. Sl 118,105), ilumina com a sua luz a vida de cada crente. Este templo foi propositadamente destinado pelo meu Predecessor João Paulo II a ser lugar da memória dos mártires do século XX e por ele foi confiado à Comunidade de Santo Egídio, que este ano dá graças ao Senhor pelo quadragésimo aniversário do seu início. Saúdo com afeto os Senhores Cardeais e os Bispos que quiseram participar nesta Liturgia. Saúdo o Prof. Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Egídio, e agradeço-lhe as palavras que me dirigiu; saúdo o Prof. Marco Impagliazzo, Presidente da Comunidade, o Assistente, Dom Matteo Zuppi, assim como Dom Vincenzo Paglia, Bispo de Terni-Narni-Amelia.


Neste lugar cheio de memórias perguntamo-nos: por que estes nossos irmãos mártires não procuraram salvar a qualquer preço o bem insubstituível da vida? Por que continuaram a servir a Igreja, apesar das graves ameaças e intimidações? Nesta Basílica, onde estão conservadas as relíquias do Apóstolo Bartolomeu e onde se veneram os restos de Santo Adalberto, sentimos ressoar o eloquente testemunho de quantos, não só ao longo do século passado, mas desde o início da Igreja, vivendo o amor, ofereceram no martírio a sua vida a Cristo. No ícone colocado sobre o altar-mor, que representa algumas destas testemunhas da fé, sobressaem as palavras do Apocalipse: “Estes são os que vieram da grande tribulação” (Ap 7,13). Ao ancião que pergunta quem são e de onde vêm os que estão vestidos de branco, é respondido que são os que “lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (ibid.). É uma resposta à primeira vista estranha. Mas na linguagem cifrada do Vidente de Patmos isto contém uma referência clara à cândida chama do amor que levou Cristo a derramar o seu sangue por nós. Em virtude daquele sangue fomos purificados. Amparados por essa chama também os mártires derramaram o seu sangue e purificaram-se no amor: no amor de Cristo que os tornou capazes de se sacrificarem por sua vez no amor. Jesus disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13). Cada testemunha da fé vive este amor “maior” e, a exemplo do Mestre divino, está pronto a sacrificar a vida pelo Reino. Deste modo tornamo-nos amigos de Cristo; assim conformamo-nos com Ele, aceitando o sacrifício até ao extremo, sem pôr limites ao dom do amor e ao serviço da fé.