quarta-feira, 31 de maio de 2023

Sequência da Visitação: Decet huius cunctis horis

“Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! O Senhor, teu Deus, está no meio de ti!” (Sf 3,14.17).

Há um ano publicamos aqui em nosso blog um breve histórico da Festa da Visitação da Bem-aventurada Virgem Maria (Visitatio Beatae Mariae Virginis), celebrada pela Igreja de Rito Romano no dia 31 de maio.

Como vimos, um dos grandes promotores da Festa foi Johann von Jenstein (†1400), Arcebispo de Praga, no então Reino da Boêmia (atual República Tcheca), que a teria celebrado em sua diocese no ano de 1386.

A Johann von Jenstein (em tcheco, Jan z Jenštejna) atribuem-se ao menos três composições que posteriormente seriam acolhidas como sequências em algumas regiões vizinhas, tanto para a própria Festa quanto para sua Oitava: Ave Verbi Dei parens, Decet huius cunctis horis e Illibata mente sana.

Visitação - Anônimo do século XIV
Mesmo século da composição da sequência

As sequências, composições poéticas a serem entoadas antes do Evangelho na Missa, tornaram-se muito populares no Rito Romano a partir dos séculos IX e X, até que, infelizmente, a reforma litúrgica do Concílio de Trento (séc. XVI) as reduziu a apenas quatro [1].

Nesta postagem gostaríamos de apresentar uma das sequências compostas por Johann von Jenstein no século XIV: Decet huius cunctis horis, ou, em português, “Convém fazer memória”.

O poema está dividido em sete estrofes, as cinco primeiras com seis versos e as duas últimas com oito versos. Os breves versos, de sete ou oito sílabas, compõem rimas tanto emparelhadas quanto intercaladas (AAC - BBC).

Reproduzimos a seguir o texto original da sequência, em latim, seguido de uma tradução nossa bastante livre (mais uma “adaptação” que uma “tradução”, uma vez que o original possui várias “licenças poéticas”) e um breve comentário sobre o texto:

Sequentia de Visitatione Beatae Mariae Virginis:
Decet huius cunctis horis

Festi voce dulcioris
Facere memoriam;
Nec indignum sed benignum
Voce, corde, dare signum
Mariae in gloriam.

2. Innovemus mente sana,
Mater quod petit montana
Salutare gravidam;
Paranympho comitata,
Fuerat quo salutata,
Senem mulcet pavidam.

Solenidade de Pentecostes em Jerusalém (2023)

Nesta postagem trazemos algumas imagens das celebrações da Solenidade de Pentecostes em Jerusalém entre os dias 27 e 28 de maio de 2023:

No sábado, dia 27, o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, presidiu uma Vigília Ecumênica na Basílica de Santo Estêvão, aos cuidados dos dominicanos, enquanto o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu a Missa da Vigília na igreja do Santíssimo Salvador, sede da Custódia Franciscana.

No domingo, dia 28, o Patriarca Latino presidiu a Missa do Dia na Abadia da Dormição, sob a responsabilidade dos beneditinos, durante a qual conferiu a bênção ao novo abade, Nikodemus Schnabel. O Custódio, por sua vez, presidiu as II Vésperas de Pentecostes no Cenáculo.

27 de maio: Vigília Ecumênica de Pentecostes

Procissão de entrada
Evangelho
Homilia

27 de maio: Missa da Vigília de Pentecostes

Procissão de entrada
Ritos iniciais

terça-feira, 30 de maio de 2023

Regina Coeli: Domingo de Pentecostes 2023

Solenidade de Pentecostes
Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 28 de maio de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, Solenidade de Pentecostes, o Evangelho leva-nos ao Cenáculo, onde os Apóstolos tinham se refugiado depois da morte de Jesus (Jo 20,19-23). O Ressuscitado, na noite de Páscoa, apresenta-se precisamente naquela situação de medo e angústia e, soprando sobre eles, diz: «Recebei o Espírito Santo» (v. 22). Assim, com o dom do Espírito, Jesus quer libertar os discípulos do medo, este medo que os mantém fechados em casa, e liberta-os para que possam sair e tornar-se testemunhas e anunciadores do Evangelho. Reflitamos um pouco sobre aquilo que o Espírito faz: liberta do medo.

Os discípulos tinham fechado as portas, diz o Evangelho, «por temor» (v. 19). A morte de Jesus tinha-os perturbado, os seus sonhos tinham sido desfeitos, as suas esperanças tinham desaparecido. E fecharam-se em si mesmos. Não apenas naquela sala, mas dentro, no coração. Gostaria de sublinhar este fato: fechados dentro. Quantas vezes também nós nos fechamos em nós mesmos? Quantas vezes, por causa de uma situação difícil, de um problema pessoal ou familiar, do sofrimento que nos marca ou por causa do mal que respiramos à nossa volta, caímos lentamente na perda da esperança e na falta de coragem para continuar? Muitas vezes isto acontece. E então, como os Apóstolos, fechamo-nos dentro, barricando-nos no labirinto das preocupações.

Irmãos e irmãs, este “fecharmo-nos dentro” acontece quando, nas situações mais difíceis, deixamos que o medo se apodere de nós e “levante a voz” dentro de nós. Quando o medo entra, fechamo-nos. A causa, portanto, é o medo: medo de não ser capaz de enfrentar, de estar sozinho para enfrentar as batalhas diárias, de correr riscos e depois ficar desiludido, de fazer escolhas erradas. Irmãos e irmãs, o medo bloqueia, o medo paralisa. E também isola: pensemos no medo do outro, dos estrangeiros, dos diferentes, dos que pensam de forma diferente. E pode até haver medo de Deus: que me castigue, que se ressinta de mim... Se dermos espaço a estes falsos medos, as portas fecham-se: as do coração, as da sociedade e até as da Igreja! Onde há medo, há fechamento. E isto não é bom.

Contudo, o Evangelho oferece-nos o remédio do Ressuscitado: o Espírito Santo. Ele liberta das prisões do medo. Ao receberem o Espírito - que hoje celebramos - os Apóstolos deixam o Cenáculo e saem pelo mundo para perdoar os pecados e anunciar a boa nova. Graças a Ele, o medo é vencido e as portas abrem-se. Pois é isto que o Espírito faz: faz-nos sentir a proximidade de Deus e, assim, o seu amor afasta o temor, ilumina o caminho, consola, sustenta na adversidade. Diante dos medos e dos fechamentos, invoquemos então o Espírito Santo para nós, para a Igreja e para o mundo inteiro: a fim de que um novo Pentecostes afaste os receios que nos assaltam e reacenda o fogo do amor de Deus. 
Maria Santíssima, a primeira a ser repleta do Espírito Santo, interceda por nós.


Fonte: Santa Sé.

Fotos do Domingo de Pentecostes no Vaticano (2023)

No dia 28 de maio de 2023 o Papa Francisco presidiu sem celebrar a Santa Missa do Domingo de Pentecostes na Basílica de São Pedro.

A Liturgia Eucarística, por sua vez, foi celebrada pelo Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, assistido pelo Monsenhor Massimiliano Matteo Boiardi.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Diego Giovanni Ravelli e Krzysztof Marcjanowicz. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Aspersão durante o Ato Penitencial

Liturgia da Palavra
Evangelho
Homilia

Homilia do Papa: Domingo de Pentecostes 2023

Santa Missa na Solenidade de Pentecostes
Homilia do Papa Francisco
Basílica de São Pedro
Domingo, 28 de maio de 2023

A Palavra de Deus hoje apresenta-nos o Espírito Santo em ação. Vemo-Lo agir em três momentos: no mundo que criouna Igreja e nos nossos corações.

1. Em primeiro lugar, no mundo que criou, na criação. Desde o início temos o Espírito Santo em ação: «Enviais o vosso Espírito - rezamos no Salmo Responsorial - e tudo é criado» (Sl 103,30). Realmente, Ele é creator Spiritus - Espírito criador (cf. Santo Agostinho, In Psalmos XXXII, 2, 2): é assim que, há séculos, O invoca a Igreja. Mas, podemos perguntar-nos: que faz o Espírito na criação do mundo? Se tudo tem a sua origem no Pai, se tudo é criado por meio do Filho, qual é o papel específico do Espírito? Um grande Padre da Igreja, São Basílio, escreveu: «Se tentasses subtrair o Espírito à criação, todas as coisas se misturavam, aparecendo a sua existência sem lei nem ordem» (De Spiritu Sancto 16, 38). Eis o papel do Espírito: é Aquele que, desde o início e em todos os tempos, faz passar as realidades criadas da desordem à ordem, da dispersão à coesão, da confusão à harmonia. Este seu modo de agir, o vemos sempre na vida da Igreja. Em uma palavra, dá harmonia ao mundo; assim «dirige o curso dos tempos e renova a face da terra» (Gaudium et spes, 26; cf. Sl 103,30). Renova a terra - atenção, porém! -, não o faz mudando a realidade, mas harmonizando-a; isto está dentro do seu estilo, porque Ele é, em Si mesmo, harmonia: Ipse harmonia est - diz um Padre da Igreja (cf. São Basílio, In Psalmos 29, 1).


Hoje, no mundo, há tanta discórdia, tanta divisão! Estamos conectados e, contudo, vivemos desligados uns dos outros, anestesiados pela indiferença e oprimidos pela solidão. Tantas guerras, tantos conflitos! Parece incrível o mal que o homem pode fazer... É que, para alimentar as nossas hostilidades, existe o espírito da divisão, o diabo, cujo nome significa precisamente «divisor». Sim, a sugerir e exacerbar o nosso mal, a nossa desagregação, está o espírito maligno, «o sedutor de toda a humanidade» (Ap 12,9). Ele exulta com os antagonismos, as injustiças, as calúnias... isto é a sua alegria. E sabendo o Senhor que, perante o mal da discórdia, os nossos esforços para construir a harmonia não são suficientes, Ele, no momento mais alto da sua Páscoa, no ponto culminante da salvação, derrama sobre o mundo criado o seu Espírito bom, o Espírito Santo, que Se opõe ao espírito divisor, porque é harmonia, Espírito de unidade que traz a paz. Invoquemo-Lo todos os dias sobre o nosso mundo, sobre a nossa vida e perante todo o tipo de divisão!

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Ordenações Presbiterais em Cracóvia

Na Arquidiocese de Cracóvia (Polônia), enquanto o dia 08 de maio, Festa de Santo Estanislau, é dedicado às Ordenações Diaconais, o último sábado de maio costuma acolher as Ordenações Presbiterais.

Assim, na manhã do dia 27 de maio de 2023 o Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou a Santa Missa na Catedral de Wawel, para a Ordenação sacerdotal de sete novos presbíteros.

A Missa foi celebrada no altar que guarda as relíquias de Santo Estanislau, Bispo e Mártir, co-titular da Catedral (junto com São Venceslau) e co-padroeiro da Polônia (com Santo Adalberto).

Procissão de entrada

Incensação do altar
Evangelho
Bênção com o Livro dos Evangelhos

Comemoração do Primado de Pedro em Tabgha

Na sexta-feira da VII semana da Páscoa a Igreja proclama o Evangelho da aparição de Jesus Ressuscitado às margens do Mar da Galileia, na qual Ele reafirma o primado de Pedro (Jo 21,15-19).

Assim, no dia 26 de maio de 2023 o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton, presidiu a Santa Missa junto à igreja do Primado de Pedro em Tabgha, junto ao Mar da Galileia.

Este santuário também é conhecido como “mensa Christi”, por abrigar uma pedra que simboliza aquela sobre a qual Jesus acendeu brasas e comeu pão e peixes com os Apóstolos (Jo 21,9-13). Para saber mais sobre essa igreja, clique aqui.

Escultura do primado de Pedro junto ao santuário
Procissão de entrada

Incensação
Ritos iniciais

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Leitura litúrgica do Livro do Gênesis 12–50 (2)

“Estou contigo e te guardarei onde quer que vás” (Gn 28,15).

Na postagem anterior desta série sobre a Sagrada Escritura na Liturgia iniciamos um estudo sobre os capítulos 12–50 do Livro do Gênesis (Gn) nas celebrações do Rito Romano.

Após uma breve introdução a estes capítulos, que compõem a “História dos Patriarcas”, começamos a analisar sua leitura na Celebração Eucarística sob o critério da composição harmônica, isto é, da sintonia com o tempo ou a festa litúrgica, como indica o Elenco das Leituras da Missa (ELM) em seu n. 66 [1].

Nesta postagem continuaremos a proposta com as Missas para diversas necessidades e votivas, os demais sacramentos, os sacramentais e a Liturgia das Horas.

Os três visitantes recebidos por Abraão (Gn 18)
Para saber mais, confira nossa postagem sobre o ícone da Trindade

2. Leitura litúrgica de Gênesis 12–50: Composição harmônica

a) Celebração Eucarística

Nas Missas para diversas necessidades há apenas uma leitura de Gn 12–50 ad libitum (à escolha): o relato da vocação de Abraão, proposto para as Missas pelas vocações sacerdotais e vocações religiosas: Gn 12,1-4a [2].

Quanto às Missas votivas, primeiramente, na Missa votiva da Santíssima Eucaristia pode ser lido à escolha Gn 14,18-20 [3], texto sobre a oferenda de pão e vinho por Melquisedec, mesma perícope sugerida para o Culto Eucarístico fora da Missa [4].

Nos formulários em honra da Virgem Maria propostos na Coletânea de Missas de Nossa Senhora identificamos outros três textos:

- Missa de Maria, Filha eleita de Israel (Tempo do Advento): a 1ª opção de leitura é Gn 12,1-7 [5], com a promessa da descendência a Abraão. Jesus “entra” nessa descendência através de Maria, como recorda sua genealogia, lida no Evangelho da Missa (Mt 1,1-17).

- Leituras à escolha para as Missas de Nossa Senhora, com duas opções de textos:
- Gn 22,1-2.9-13.15-18, o “sacrifício” de Isaac. Como Abraão, Maria também de certa forma “sacrifica seu filho único”, participando do mistério da Paixão;
Gn 28,10-17, o sonho de Jacó, no qual este contempla a escada para o céu [6].

Maria, com efeito, é invocada no célebre hino Akathistos, da tradição bizantina: “Ave, ó escada sublime por quem Deus nos veio! Ave, ó ponte que os homens ao céu encaminha!” [7]. Para saber mais, confira nossa postagem sobre o ícone do Akathistos.

b) Sacramentos e sacramentais

Além da Eucaristia, encontramos textos ad libitum de Gn 12–50 em outros três sacramentos e ritos a eles ligados: o Batismo, a Reconciliação e o Matrimônio.

Para a Admissão dos catecúmenos, um dos ritos da Iniciação Cristã de adultos, que dá início ao tempo do catecumenato, a leitura própria é Gn 12,1-4a [8], o relato da vocação de Abraão.

Na celebração do sacramento do Batismo são indicados três textos à escolha, sendo um para o Batismo de adultos e crianças e dois apenas para o Batismo de adultos:

- Batismo de crianças e adultos: Gn 17,1-8 [9], a “aliança eterna” de Deus com Abraão e seus descendentes, mudando o nome do patriarca de Abrão para Abraão. No Batismo, com efeito, o Senhor também nos chama pelo nome e nos torna seus filhos;

O sonho de Jacó e a edificação do altar em Betel
(Duomo di Monreale, Itália)

Batismo de adultosGn 15,1-6.18a, outro relato das promessas a Abraão; e Gn 35,1-4.6-7a, no qual Jacó constrói um altar para o Senhor em Betel, rejeitando o culto a outros deuses. Destaca-se o convite: “Purificai-vos, mudai vossas roupas!” (v. 2) [10].

terça-feira, 23 de maio de 2023

Ordenações Diaconais em Jerusalém

No dia 21 de maio de 2023 o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, presidiu a Santa Missa do VII Domingo da Páscoa na igreja do Santíssimo Salvador em Jerusalém, sede da Custódia Franciscana da Terra Santa, durante a qual conferiu a Ordenação Diaconal a sete religiosos da Ordem dos Frades Menores (franciscanos):

Procissão de entrada

Ritos iniciais
Liturgia da Palavra
Evangelho

Regina Coeli: Ascensão do Senhor - Ano A

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo 21 de maio de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje na Itália e em muitos outros países celebra-se a Ascensão do Senhor. É uma festa que conhecemos bem, mas que pode suscitar algumas perguntas, pelo menos duas. A primeira: por que festejar a partida de Jesus da terra? Poderia parecer que a sua partida é um momento triste, não propriamente um motivo de alegria! Por que festejar uma partida? Segunda pergunta: o que está fazendo Jesus agora no céu? Primeira pergunta: por que festejar? Segunda pergunta: o que está fazendo Jesus no céu?

Por que festejamos? Porque com a Ascensão aconteceu uma coisa nova e bela: Jesus levou a nossa humanidade, a nossa carne para o céu - pela primeira vez!  -, ou seja, levou-a a Deus. Aquela humanidade, que Ele assumira na terra, não ficou aqui. Jesus Ressuscitado não era um espírito, não, tinha o seu corpo humano, a carne, os ossos, tudo, ali, com Deus, estará para sempre. Podemos dizer que a partir do dia da Ascensão, o próprio Deus, “mudou”: desde então, já não é apenas um espírito, mas, por quanto nos ama, tem em si a nossa própria carne, a nossa humanidade! Pois o nosso lugar é indicado, o nosso destino está ali. Assim escrevia um antigo Pai na fé: «Notícia maravilhosa! Aquele que se fez homem por nós (...), para nos fazer seus irmãos, apresenta-se como homem diante do Pai, para levar consigo todos os que estão unidos a ele» (São Gregório de Nissa, Discurso sobre a Ressurreição de Cristo, 1). Hoje celebramos “a conquista do céu”: Jesus que regressa ao Pai, mas com a nossa humanidade. E assim o céu já é um pouco nosso. Jesus abriu a porta e o seu corpo está lá.

Segunda pergunta: o que está fazendo Jesus no céu? Ele representa-nos perante o Pai, mostra-lhe continuamente a nossa humanidade, mostra-lhe as feridas. Gosto de pensar que Jesus, diante do Pai, mostrando-lhe as chagas, reza assim. “Eis o que sofri pelos homens: faz alguma coisa!”. Mostra-lhe o preço da redenção, e o Pai comove-se. Gosto de pensar nisto. É assim que Jesus reza. Ele não nos deixou sozinhos. De fato, antes de ascender, disse-nos, como relata o Evangelho de hoje: «Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28,20). Ele está sempre conosco, olha para nós, está «sempre vivo para interceder» (Hb 7,25) em nosso favor. Para mostrar as feridas ao Pai, por nós. Em uma palavra, Jesus intercede; está no melhor “lugar”, diante do seu Pai e nosso Pai, para interceder por nós.

A intercessão é fundamental. Também para nós esta fé é útil: ajuda-nos a não perder a esperança, a não desanimar. Perante o Pai, há alguém que lhe mostra as feridas e intercede. Que a Rainha do Céu nos ajude a interceder com a força da oração.

Ascensão (Cartuxa de São Martinho, Nápoles)

Fonte: Santa Sé.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

50 anos de Ordenação Sacerdotal do Arcebispo de Cracóvia

No dia 20 de maio de 2023 o Arcebispo de Cracóvia (Polônia), Dom Marek Jędraszewski, presidiu a Santa Missa na Catedral dos Santos Venceslau e Estanislau, a Catedral de Wawel, em ação de graças pelos 50 anos da sua Ordenação sacerdotal.

Dom Marek, com efeito, recebeu a Ordenação presbiteral em 24 de maio de 1973 em Poznań.

A homilia ficou a cargo do Monsenhor Jan Stanisławski, que foi Diretor Espiritual de Dom Marek no Seminário da Arquidiocese de Poznań.

Procissão de entrada

Incensação do altar

Liturgia da Palavra

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Missa em honra de São João Paulo II em Wadowice

No dia 18 de maio de 2023 o Arcebispo de Cracóvia, Dom Marek Jędraszewski, celebrou a Santa Missa na Basílica da Apresentação de Nossa Senhora em Wadowice, cidade natal de São João Paulo II, por ocasião dos 103 anos do seu nascimento.

Estátua de São João Paulo II junto à igreja
Incensação do altar
Ritos iniciais

Evangelho

Solenidade da Ascensão do Senhor em Jerusalém

No dia 18 de maio de 2023, 40 dias após a Páscoa, a Igreja celebrou a Solenidade da Ascensão do Senhor (que no Brasil é transferida para o próximo domingo).

Em Jerusalém, como de costume, a oração das I Vésperas e a Santa Missa da Solenidade foram presididas pelo Vigário da Custódia da Terra Santa, Padre Ibrahim Faltas, no Imbomón, a Edícula da Ascensão no Monte das Oliveiras.

17 de maio de 2023: I Vésperas

Oração das I Vésperas da Solenidade


Procissão ao redor da Edícula

18 de maio de 2023: Santa Missa


quinta-feira, 18 de maio de 2023

Leitura litúrgica do Livro do Gênesis 12–50 (1)

“O Senhor disse a Abraão: Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra!” (cf. Gn 12,1.3).

Nas postagens anteriores da nossa série sobre a leitura litúrgica dos livros da Sagrada Escritura iniciamos o estudo de um dos escritos mais importantes do Antigo Testamento (AT), o primeiro dos rolos da Torá (Pentateuco): o Livro do Gênesis (Gn).

Começamos analisando a leitura litúrgica dos capítulos 1–11, a “História das Origens”. Agora daremos continuidade com os capítulos 12–50, a “História dos Patriarcas”.

Patriarcas Abraão, Isaac e Jacó

1. Breve introdução ao Livro do Gênesis 12–50: “História dos Patriarcas”

Das origens do mundo e do ser humano nos capítulos 1 a 11, o Livro do Gênesis passa a narrar as origens do povo de Israel. O “ciclo dos Patriarcas” remonta aos séculos XVIII a XV a. C., quando os primeiros hebreus formavam tribos nômades de pastores que viviam entre a Mesopotâmia e o Egito.

Como vimos em nossa introdução a Gn 1–11, estas histórias foram escritas séculos depois dos acontecimentos, que sobreviveram na memória do povo graças à tradição oral. A maior parte dos relatos da “História dos Patriarcas” é da chamada “tradição javista”, anterior ao exílio da Babilônia (séc. X-VII a. C.). A redação final dos textos, porém, aconteceu após o retorno do exílio (séc. VI-V a. C.).

Esta segunda parte do Gênesis possui três grandes ciclos, conforme seus protagonistas:
a) Gn 12,1–25,18: A história de Abraão;
b) Gn 25,19–36,43: A história de Isaac e Jacó;
c) Gn 37–50: A história de José.

Com Abraão, cuja genealogia já havia sido delineada no final do capítulo 11, começa a história dos Patriarcas. Em sua “vocação” Deus lhe faz três promessas: terra - “Sai da tua terra... para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12,1); descendência - “Eu farei de ti um grande povo” (v. 2); e bênção, entendida sobretudo como proteção contra os inimigos - “Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (v. 3).

Esta tríplice promessa será reafirmada diversas vezes, tanto a Abraão quanto a seus descendentes, Isaac e Jacó. A fé de Abraão na promessa será testada no capítulo 22, com o célebre relato do “sacrifício” de Isaac, um texto que exprime a rejeição de Deus ao sacrifício humano.

O ciclo de Isaac e Jacó é mais centrado neste último, sobretudo por causa dos seus doze filhos, que depois nomearão as doze tribos de Israel: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Neftali, Gad, Aser, Issacar, Zabulon, José e Benjamim. A tribo de José, por sua vez, será dividida entre seus filhos: Efraim e Manassés.

O “romance de José”, terceiro ciclo da segunda parte do Gn, é considerado por alguns estudiosos como um relato à parte, fazendo a ponte entre a história dos três grandes patriarcas e o relato do Livro do Êxodo.

Este bloco de capítulos, com efeito, é um romance bem elaborado, que pode ser dividido em três “atos”, “emoldurados” por um prólogo e um epílogo:
Gn 37 (Prólogo): José e seus irmãos (seguido por um interlúdio sobre Judá no cap. 38);
Gn 39–41 (1º ato): José no Egito;
Gn 42–45 (2º ato): Os irmãos de José no Egito;
Gn 46–49 (3º ato): Jacó no Egito (Gn 49,1-28 é outro interlúdio, com a bênção de Jacó aos seus doze filhos);
Gn 50 (Epílogo): Funerais de Jacó e morte de José.

Para saber mais, confira a bibliografia indicada no final da postagem.

Promessas de Deus a Abraão (James Tissot)

2. Leitura litúrgica de Gênesis 12–50: Composição harmônica

Como fizemos com os capítulos 1–11, analisaremos a leitura litúrgica dos capítulos 12–50 do Livro do Gênesis a partir dos dois critérios propostos no n. 66 do Elenco das Leituras da Missa (ELM): a composição harmônica e a leitura semicontínua [1]. Começamos pela composição harmônica, isto é, a escolha do texto por sua sintonia com o tempo ou a festa litúrgica.

a) Celebração Eucarística

Começamos nosso percurso pelo Ano Litúrgico através do Ciclo do Advento-Natal, no qual encontramos duas leituras da “História dos Patriarcas”.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Sugestão de leitura: Fundamentos da Sagrada Liturgia

Nos últimos dois meses apresentamos como sugestão de leitura as Catequeses pré-batismais e as Catequeses mistagógicas de São Cirilo de Jerusalém, publicadas pela Editora Vozes.

Nesta postagem, por sua vez, gostaríamos de propor uma “introdução à Liturgia” publicada pela mesma Editora. Trata-se da obra Os fundamentos da Sagrada Liturgia, de autoria do sacerdote franciscano Frei Alberto Beckhäuser (†2017).

A obra foi publicada com o título indicado acima em 2004, como parte da Coleção “Iniciação à Teologia”. Em 2019, porém, a Coleção foi reformulada e a 2ª edição da nossa obra foi intitulada simplesmente como Liturgia.

Capa da 2ª edição (2009)

Esta 2ª edição possui 304 páginas, divididas em 35 breves capítulos, que elencamos a seguir. Cada um destes possui algumas “questões para facilitar a compreensão e provocar debates” e “indicações bibliográficas para ulteriores aprofundamentos”.

1. A ciência litúrgica (pp. 19-24)
2. Liturgia em abordagem filológica (pp. 25-30)
3. Liturgia como celebração (pp. 31-34)
4. Mistério nas religiões naturais (pp. 35-42)
5. O catolicismo tradicional em confronto com os mistérios do culto da religiosidade natural (pp. 43-49)
6. Aprofundamento do conceito de mistério (pp. 50-62)
7. Páscoa - Fato valorizado (pp. 63-68)
8. A Páscoa - Fato da Nova Aliança (pp. 69-74)
9. Páscoa-rito, o mistério do culto cristão (pp. 75-78)

Nesses primeiros capítulos, de caráter introdutório, o Frei Alberto Beckhäuser parte do conceito de Liturgia como “celebração”, do qual derivam três elementos: o mistério, a Páscoa/fato e o símbolo/rito.

terça-feira, 16 de maio de 2023

Procissão e Missa em honra de Santo Estanislau em Cracóvia

No domingo após o dia 08 de maio, data em que Santo Estanislau (Święty Stanisław), Bispo e Mártir, é celebrado na Polônia, país do qual é co-padroeiro, junto com Santo Adalberto (Święty Wojciech), é costume realizar-se uma procissão desde a Catedral de Wawel em Cracóvia até o Mosteiro de Skałka, local do martírio do santo.

Neste ano de 2023 a procissão teve lugar no dia 14 de maio, V Domingo da Páscoa, sendo presidida por Dom Wojciech Polak, Arcebispo de Gniezno e Primaz da Polônia

A Santa Missa do IV Domingo da Páscoa no "altar do Terceiro Milênio", junto ao Mosteiro de Skałka, por sua vez, foi presidida por Dom Jan Kopiec, Bispo Emérito de Gliwice.

Note-se durante a procissão e a Missa a exposição das relíquias de diversos Santos poloneses.

Início da procissão na Catedral de Wawel
Diáconos portam as relíquias de Santos poloneses

Ícone de Nossa Senhora de Częstochowa
Dom Wojciech Polak preside a procissão