sábado, 28 de janeiro de 2017

Homilia: IV Domingo do Tempo Comum - Ano A

 São Cromácio de Aquileia
Sermão 41 sobre as Bem-aventuranças
Os oito degraus do Evangelho

Bem-aventurados sereis quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem de vós todo tipo de mal por causa da justiça. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Assim perseguiram aos profetas que vieram antes de vós. É virtude perfeita, irmãos, após as obras de grande justiça, serem ultrajados pela verdade, serem afligidos com tormentos e, ao fim, feridos de morte sem deixar-vos aterrorizar, seguindo o exemplo dos profetas que, atormentados de muitas formas por causa da justiça, mereceram ser assimilados aos sofrimentos e galardão de Cristo.
Este é o mais alto degrau, no qual Paulo, contemplando a Cristo, dizia: minha única meta é, esquecendo as coisas passadas, e fixando-me somente nas que virão, correr até a meta, para ganhar o prêmio ao qual Deus chama desde o alto por Jesus Cristo. E a Timóteo diz ainda mais claramente: combati o bom combate, terminei minha carreira. E como quem subiu todos os degraus, acrescenta: guardei a fé. Já me está preparada a coroa da justiça. Terminada a carreira, a Paulo não lhe restava mais que alcançar, glorioso, através de tribulações e dos sofrimentos, o mais alto degrau do martírio. A Palavra do Senhor nos exorta pois, oportunamente: alegrai-vos e exultai, porque grande é a vossa recompensa nos céus; e Ele demonstra com clareza que esta recompensa aumenta na medida das perseguições.
Irmãos, diante de vossos olhos estão estes oito degraus do Evangelho, construídos, como dizia, com pedras preciosas. Eis aqui essa escada de Jacó que começava na terra e cujo cume atingia o céu. Aquele que sobe encontra a porta do céu e, tendo entrado por ela, estará com alegria sem fim na presença do Senhor, louvando-lhe eternamente com os santos anjos. Este é o nosso comércio, este é o nosso mercado espiritual. Demos, benditos de Deus, o que temos; ofereçamos a pobreza de espírito para receber a riqueza do Reino dos Céus que nos foi prometida; ofereçamos nossa mansidão, para possuir a terra e o paraíso; choremos os nosso pecados e os alheios, para merecer o consolo da bondade do Senhor; tenhamos fome e sede de justiça, para sermos saciados mais abundantemente; ofereçamos misericórdia, para receber verdadeira misericórdia; vivamos como benfeitores da paz, para sermos chamados filhos de Deus; ofertemos um coração puro e um corpo casto, para ver a Deus com consciência límpida; não temamos as perseguições por causa da justiça, para sermos herdeiros do Reino dos Céus, acolhamos com alegria e gozo os insultos, os tormentos, a própria morte – se chegasse a sobrevir – pela verdade de Deus, a fim de receber no céu uma grande recompensa com os apóstolos e os profetas.
E para que o final de meu discurso concorde com o princípio: se os comerciantes de alegram pelas frágeis ambições do momento, quanto mais temos de alegrar-nos e felicitar-nos todos juntos por ter encontrado hoje estas pérolas do Senhor, com as quais não se pode comparar nenhum bem deste mundo! Para merecer comprá-las, obtê-las e possuí-las, temos de pedir o auxílio, a graça e a fortaleza do Senhor.
A Ele seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 126-127. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório de Nissa para este domingo clicando aqui.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Fotos das Vésperas da Conversão de São Paulo em Roma

No último dia 25 de janeiro o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Paulo fora-dos-muros as Vésperas da Festa da Conversão de São Paulo e o encerramento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Massimiliano Matteo Boiardi. O livreto da celebração pode ser visto aqui.

Oração diante do túmulo de São Paulo

Procissão de entrada

Hino

Homilia do Papa nas Vésperas da Conversão de São Paulo

Celebração das II Vésperas na Solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo
50ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Homilia do Santo Padre Francisco
Basílica de São Paulo Extramuros
Quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O encontro com Jesus na estrada para Damasco transforma radicalmente a vida de Paulo. A partir de então, para ele, o sentido da existência já não está em confiar nas próprias forças para observar escrupulosamente a Lei, mas em aderir com todo o seu ser ao amor gratuito e imerecido de Deus, a Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Conhece, assim, a irrupção duma vida nova, a vida segundo o Espírito, na qual, pelo poder do Senhor ressuscitado, experimenta perdão, confidência e conforto. E Paulo não pode guardar para si mesmo esta novidade: é impelido pela graça a proclamar a feliz notícia do amor e da reconciliação que Deus oferece plenamente em Cristo à humanidade.
Para o Apóstolo dos Gentios, a reconciliação do homem com Deus, da qual foi feito embaixador (cf. 2 Cor 5, 20), é um dom que vem de Cristo. Vê-se isto claramente no texto da II Carta aos Coríntios, onde se foi buscar, este ano, o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: «O amor de Cristo impele-nos para a reconciliação» (cf. 2 Cor 5, 14-20). «O amor de Cristo»: não se trata do nosso amor por Cristo, mas do amor que Cristo tem por nós. Da mesma forma, a reconciliação para a qual somos impelidos não é simplesmente iniciativa nossa: é primariamente a reconciliação que Deus nos oferece em Cristo. Antes de ser esforço humano de crentes que procuram superar as suas divisões, é um dom gratuito de Deus. Como resultado deste dom, a pessoa perdoada e amada é chamada, por sua vez, a proclamar o evangelho da reconciliação em palavras e obras, a viver e dar testemunho duma existência reconciliada.
Nesta perspetiva, podemos hoje perguntar-nos: Como é possível proclamar este evangelho de reconciliação depois de séculos de divisões? O próprio Paulo nos ajuda a encontrar o caminho. Ele sublinha que a reconciliação em Cristo não se pode realizar sem sacrifício. Jesus deu a sua vida, morrendo por todos. De modo semelhante os embaixadores de reconciliação, em seu nome, são chamados a dar a vida, a não viver mais para si mesmos, mas para Aquele que morreu e ressuscitou por eles (cf. 2 Cor 5, 14-15). Como ensina Jesus, só quando perdemos a vida por amor d’Ele é que verdadeiramente a temos ganha (cf. Lc 9, 24). É a revolução que Paulo viveu, mas é também a revolução cristã de sempre: deixar de viver para nós mesmos, buscando os nossos interesses e promoção da nossa imagem, mas reproduzir a imagem de Cristo, vivendo para Ele e de acordo com Ele, com o seu amor e no seu amor.
Para a Igreja, para cada Confissão Cristã, é um convite a não se basear em programas, cálculos e benefícios, a não se abandonar a oportunidades e modas passageiras, mas a procurar o caminho com o olhar sempre fixo na cruz do Senhor: lá está o nosso programa de vida. É um convite também a sair de todo o isolamento, a superar a tentação da autorreferência, que impede de individuar aquilo que o Espírito Santo realiza fora do nosso próprio espaço. Poderá realizar-se uma autêntica reconciliação entre os cristãos, quando soubermos reconhecer os dons uns dos outros e formos capazes, com humildade e docilidade, de aprender uns dos outros – aprender uns dos outros –, sem esperar que primeiro sejam os outros a aprender de nós.
Se vivermos este morrer para nós mesmos por amor de Jesus, o nosso estilo velho de vida é relegado para o passado e, como aconteceu a São Paulo, entramos numa nova forma de existência e comunhão. Com Paulo, poderemos dizer: «O que era antigo passou» (2 Cor 5, 17). Olhar para trás é útil e muito necessário para purificar a memória, mas fixar-se no passado, delongando-se a lembrar as injustiças sofridas e cometidas e julgando com parâmetros apenas humanos, pode paralisar e impedir de viver o presente. A Palavra de Deus encoraja-nos a tirar força da memória, a recordar o bem recebido do Senhor; mas pede-nos também que deixemos o passado para trás a fim de seguir Jesus no presente e, n’Ele, viver uma vida nova. Àquele que renova todas as coisas (cf. Ap 21, 5), consintamos-Lhe de nos orientar para um futuro novo, aberto à esperança que não desilude, um futuro onde será possível superar as divisões e os crentes, renovados no amor, encontrar-se-ão plena e visivelmente unidos.
Enquanto avançamos pelo caminho da unidade, recordamos este ano de modo particular o quinto centenário da Reforma Protestante. O facto de católicos e luteranos poderem hoje recordar, juntos, um evento que dividiu os cristãos e de o fazerem com a esperança posta sobretudo em Jesus e na sua obra de reconciliação, constitui um marco significativo, alcançado – graças a Deus e à oração – através de cinquenta anos de mútuo conhecimento e de diálogo ecuménico.
Implorando de Deus o dom da reconciliação com Ele e entre nós, dirijo as minhas cordiais e fraternas saudações a Sua Eminência o Metropolita Gennadios, representante do Patriarcado Ecuménico, a Sua Graça David Moxon, representante pessoal em Roma do Arcebispo de Cantuária, e a todos os representantes das diversas Igrejas e Comunidades eclesiais aqui reunidos. Saúdo com particular alegria os membros da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais, a quem desejo um fecundo trabalho na Sessão Plenária que se desenrola nestes dias. Saúdo também os alunos do Instituto Ecuménico de Bossey – vi-os esta manhã muito contentes –, que visitam Roma para aprofundar o seu conhecimento da Igreja Católica, e os jovens ortodoxos e todos os ortodoxos orientais que estudam em Roma, graças às bolsas de estudo do Comité de Colaboração Cultural com as Igrejas Ortodoxas, sediado no Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Aos Superiores e a todos os Colaboradores deste Dicastério, exprimo a minha estima e gratidão.
Amados irmãos e irmãs, a nossa oração pela unidade dos cristãos é participação na oração que Jesus dirigiu ao Pai, antes da Paixão, «para que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Nunca nos cansemos de pedir a Deus este dom. Na expectativa paciente e confiada de que o Pai conceda a todos os crentes o bem da plena comunhão visível, prossigamos o nosso caminho de reconciliação e diálogo, encorajados pelo testemunho heroico de tantos irmãos e irmãs, de ontem e de hoje, unidos no sofrimento pelo nome de Jesus. Aproveitemos todas as oportunidades que a Providência nos oferece para rezar juntos, anunciar juntos, amar e servir juntos sobretudo quem é mais pobre e negligenciado.


Fonte: Santa Sé

VIII Catequese do Papa sobre a esperança

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
A esperança (8): Judite, a coragem da esperança

Bom dia, estimados irmãos e irmãs!
Entre as figuras femininas que o Antigo Testamento nos apresenta, sobressai a de uma grande heroína do povo: Judite. O Livro bíblico que tem o seu nome descreve a imponente campanha militar do rei Nabucodonosor que, reinando em Nínive, amplia os confins do império derrotando e subjugando todos os povos ao seu redor. O leitor entende que se encontra diante de um inimigo grande e invencível, que semeia morte e destruição, e chega até à Terra Prometida, pondo em perigo a vida dos filhos de Israel.
Com efeito, o exército de Nabucodonosor, sob a guia do general Holofernes, impõe o cerco a uma cidade da Judeia, Betúlia, interrompendo o fornecimento de água, minando assim a resistência da população.
A situação torna-se dramática, a tal ponto que os habitantes da cidade vão ter com os anciãos para lhes pedir que se rendam aos inimigos. As suas palavras são desesperadas: «Agora não há ninguém para nos socorrer, e Deus entregou-nos nas mãos deles, para morrermos de sede, na miséria extrema. Chegaram a dizer isto: “Deus entregou-nos nas mãos deles”; o desespero daquela gente era grande. Entregai toda a cidade em cativeiro ao povo de Holofernes e a todo o seu exército» (Jt 7,25-26). O fim já parece iniludível, esgotou-se a capacidade de se confiar a Deus. E quantas vezes nós chegamos a situações limite, quando nem sequer sentimos a capacidade de ter confiança no Senhor. É uma tentação horrível! E, paradoxalmente, parece que para fugir da morte não há outra coisa a fazer, a não ser entregar-se nas mãos de quem mata. Sabem que estes soldados entrarão para saquear a cidade, raptar as mulheres como escravas e depois matar todos os outros. É exatamente este «o limite».
E diante de tanto desespero, o chefe do povo procura propor um pretexto de esperança: resistir mais cinco dias, à espera da intervenção salvífica de Deus. Mas é uma esperança frágil, que o leva a concluir: «Mas se esses cinco dias passarem sem que nos venha o socorro, então farei segundo o que dizeis» (7,25). Pobrezinho: estava sem saída. Concedem cinco dias a Deus - e nisto consiste o pecado - são concedidos cinco dias a Deus para intervir; cinco dias de espera, mas já na perspetiva do fim. Concedem cinco dias a Deus para os salvar, mas sabem que não têm confiança, esperam o pior. Na realidade, no meio do povo já ninguém é capaz de esperar. Estavam desesperados.
É nesta situação que Judite entra em cena. Viúva, mulher de grande beleza e sabedoria, fala ao povo com a linguagem da fé. Corajosa, repreende o povo na cara (dizendo): «Agora tentais o Senhor Todo-Poderoso [...]. Não, irmãos, não provoqueis o Senhor nosso Deus! Se não quiser ajudar-nos nestes cinco dias, Ele tem o poder, nos dias que quiser, para nos ajudar ou então para nos exterminar diante dos nossos inimigos. [...] Por isso, aguardando a salvação da sua parte, supliquemos-lhe que venha em nosso auxílio e Ele escutará a nossa voz, se bem lhe aprouver» (8,13.14-15.17). É a linguagem da esperança! Batamos à porta do Coração de Deus, Ele é Pai e pode salvar-nos! Aquela mulher, viúva, corre o risco de fazer má figura diante dos outros! Mas é corajosa, vai em frente! Esta é a minha opinião: as mulheres são mais corajosas do que os homens (aplausos na sala).
E com a força de um profeta, Judite repreende os homens do seu povo para os reconduzir à confiança em Deus; com o olhar de um profeta, ela vê mais além do horizonte limitado proposto pelos chefes e que o medo torna ainda mais restrito. Sem dúvida Deus intervirá - afirma ela - enquanto a proposta dos cinco dias de espera é um modo para o tentar e para se subtrair à sua vontade. O Senhor é Deus de salvação - e crê nisto - independentemente da forma que ela assuma. Libertar-se dos inimigos e deixar viver é salvação, mas nos seus planos insondáveis também a entrega à morte pode ser salvação. Como mulher de fé, ela sabe isto. Depois, conhecemos o fim, como termina a história: Deus salva.
Caros irmãos e irmãs, nunca coloquemos condições a Deus mas, ao contrário, deixemos que a esperança vença os nossos receios. Confiar em Deus quer dizer entrar nos seus desígnios sem nada pretender, aceitando inclusive que a sua salvação e o seu auxílio cheguem a nós de modo diverso das nossas expetativas. Pedimos ao Senhor vida, saúde, afetos, felicidade; e é justo fazê-lo, mas com a consciência de que até da morte Deus sabe haurir vida, que é possível experimentar a paz inclusive na doença e que até na solidão pode haver serenidade, e bem-aventurança no pranto. Não somos nós que podemos ensinar a Deus o que Ele deve fazer, aquilo de que temos necessidade. Ele sabe-o melhor do que nós e devemos ter confiança porque os seus caminhos e os seus pensamentos são diferentes dos nossos.
A senda que Judite nos indica é a via da confiança, da espera na paz, da oração e da obediência. É o caminho da esperança. Sem fáceis resignações, fazendo tudo o que está ao nosso alcance, mas permanecendo sempre no sulco da vontade do Senhor, porque - bem sabemos - ela rezou muito, falou tanto ao povo e depois partiu com coragem para procurar o modo de se aproximar do chefe do exército e conseguiu cortar-lhe a cabeça, degolá-lo. É intrépida na fé e nas obras. E procura sempre o Senhor! Com efeito, Judite tem um plano, coloca-o em prática com sucesso e leva o povo à vitória, mas sempre com a atitude de fé de quem aceita tudo das mãos de Deus, convicta da sua bondade.
Deste modo, uma mulher cheia de fé e de coragem dá nova força ao seu povo em perigo mortal e leva-o pelos caminhos da esperança, apontando-o também a nós. Quanto a nós, se tivermos um pouco de memória, quantas vezes ouvimos palavras sábias e corajosas de pessoas humildes, de mulheres simples que na opinião de alguns - sem as desprezar - eram ignorantes... Mas são palavras da sabedoria de Deus! As palavras das avós... Quantas vezes as avós sabem pronunciar a palavra certa, uma palavra de esperança, porque têm a experiência da vida, sofreram muito, confiaram em Deus e o Senhor concede-nos a graça de nos dar o conselho da esperança. E, percorrendo estes caminhos, será alegria e luz pascal confiar-nos ao Senhor com as palavras de Jesus: «Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua» (Lc 22,42). Esta é a prece da sabedoria, da confiança e da esperança.


Fonte: Santa Sé

Ângelus do Papa: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 22 de janeiro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A página do Evangelho de hoje (Mt 4,12-23) narra o início da pregação de Jesus na Galileia. Ele deixa Nazaré, uma aldeia situada nos montes, e estabelece-se em Cafarnaum, importante centro nas margens do lago, habitado essencialmente por pagãos, ponto de cruzamento entre o Mediterrâneo e o interior da Mesopotâmia. Esta escolha indica que os destinatários da sua pregação não são apenas os seus conterrâneos, mas quantos desembarcam na cosmopolita «Galileia das gentes» (v. 15; cf. Is 8,23): assim se chamava. Vista da capital Jerusalém, aquela terra é geograficamente periférica e religiosamente impura, porque estava cheia de pagãos, por causa da mistura com os que não pertenciam a Israel. Da Galileia não se esperavam certamente grandes coisas para a história da salvação. No entanto, precisamente dali - exatamente dali - se espalha aquela “luz” sobre a qual meditámos nos domingos passados: a luz de Cristo. Difunde-se precisamente da periferia.

A mensagem de Jesus imita a do Batista, anunciando o «reino dos céus» (v. 17). Este reino não comporta a instauração de um novo poder político, mas o cumprimento da aliança entre Deus e o seu povo que inaugurará uma época de paz e de justiça. Para realizar este pacto de aliança com Deus, cada um está chamado a converter-se, transformando a sua maneira de pensar e de viver. Isto é importante: converter-se não significa só mudar o modo de viver, mas também a forma de pensar. É uma transformação do pensamento. Não se trata de mudar de roupa, mas de costumes. O que diferencia Jesus de João Batista é o estilo e o método. Jesus escolhe ser um profeta itinerante. Não fica à espera das pessoas, mas vai ao seu encontro. Jesus está sempre na rua! As suas primeiras saídas missionárias dão-se ao longo das margens do lago de Galileia, em contato com a multidão, sobretudo com os pescadores. Ali Jesus não só proclama a vinda do reino de Deus, mas procura companheiros para a sua missão de salvação. Neste mesmo lugar encontra dois pares de irmãos: Simão e André, Tiago e João; chama-os dizendo: «Segui-me, e farei de vós pescadores de homens» (v. 19). A chamada alcança-os no auge das suas atividades diárias: o Senhor revela-se a nós não de forma extraordinária ou sensacional, mas na quotidianidade das nossas vidas. Ali devemos encontrar o Senhor; e ali Ele revela-se, faz sentir ao nosso coração o seu amor; e ali - com este diálogo com Ele no dia a dia da vida - muda o nosso coração. A resposta dos quatro pescadores é imediata e pronta: «No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram» (v. 20). Com efeito, sabemos que tinham sido discípulos do Batista e que, graças ao seu testemunho, já tinham iniciado a acreditar em Jesus como Messias (cf. Jo 1,35-42).

Nós, cristãos de hoje, temos a alegria de proclamar e testemunhar a nossa fé porque houve aquele primeiro anúncio, porque houve aqueles homens humildes e corajosos que responderam generosamente à chamada de Jesus. Nas margens do lago, numa terra inimaginável, nasceu a primeira comunidade dos discípulos de Cristo. A consciência destes primórdios suscite em nós o desejo de levar a palavra, o amor e a ternura de Jesus a todos os contextos, inclusive ao mais inacessível e relutante. Levar a Palavra a todas as periferias! Todos os espaços de vivência humana são terreno no qual lançar a semente do Evangelho, a fim de que traga frutos de salvação.

A Virgem Maria nos ajude com a sua intercessão materna a responder com alegria à chamada de Jesus, a colocar-nos ao serviço do Reino de Deus.


Fonte: Santa Sé.

Fotos da Missa do Papa pelos 800 anos dos Dominicanos

No último dia 21 de janeiro o Papa Francisco celebrou na Basílica do Latrão, Catedral de Roma, a Santa Missa votiva de São Domingos por ocasião do encerramento do Jubileu de 800 anos da Ordem dos Pregadores (Dominicanos).

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Marco Agostini.

Procissão de entrada
Incensação
Ritos iniciais
Liturgia da Palavra
Procissão do Evangelho

Homilia do Papa na Missa pelos 800 anos dos Dominicanos

Celebração Eucarística no Encerramento do Jubileu pelos 800 anos da Ordem dos Pregadores
Homilia Do Papa Francisco
Basílica de São João de Latrão
Sábado, 21 de janeiro de 2017

A palavra de Deus hoje apresenta-nos dois cenários humanos opostos: por um lado, o “carnaval” da curiosidade mundana, por outro, a glorificação do Pai mediante as boas obras. E a nossa vida move-se sempre entre estes dois cenários. Com efeito, eles pertencem a todas as épocas, como demonstram as palavras de São Paulo a Timóteo (cf. 2 Tm 4, 1-5). E também São Domingos juntamente com os seus primeiros irmãos, há oitocentos anos, movimentava-se entre estes dois cenários.
Paulo advertiu Timóteo que deveria anunciar o Evangelho no meio de um contexto onde as pessoas procuram sempre novos “mestres”, “fábulas”, doutrinas diversas, ideologias... «Prurientes auribus» (2 Tm 4, 3). É o “carnaval” da curiosidade mundana, da sedução. Por esta razão, o Apóstolo instruiu o seu discípulo usando também alguns verbos fortes: «insiste», «admoesta», «repreende», «exorta» e depois «vigia», «suporta os sofrimentos» (vv. 2.5).
É interessante ver como já então, há dois milénios, os apóstolos do Evangelho se encontravam diante deste cenário, que nos nossos dias se desenvolveu muito e se globalizou por causa da sedução do relativismo subjetivista. A tendência à busca de novidades típicas do ser humano encontra o ambiente ideal na sociedade da aparência, no consumo, na qual muitas vezes se reciclam coisas velhas, mas o importante é fazer com que pareçam como novas, atraentes, cativantes. Inclusive a verdade é camuflada. Movemo-nos na chamada “sociedade líquida”, sem pontos fixos, minada, desprovida de referências firmes e estáveis; na cultura do efémero, do descartável.
Diante deste “carnaval” mundano destaca-se nitidamente o cenário oposto, que encontramos nas palavras de Jesus que acabamos de ouvir: «que eles glorifiquem o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5, 16). E como ocorre esta passagem da superficialidade pseudofestiva para a glorificação, que é festa verdadeira? Ocorre graças às boas obras daqueles que, tornando-se discípulos de Jesus, se tornaram “sal” e “luz”. «Assim brilhe a vossa luz diante dos homens - diz Jesus - para que eles vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus» (Mt 5, 16).
No meio do “carnaval” de ontem e de hoje, esta é a resposta de Jesus e da Igreja, este é o apoio sólido no meio do ambiente “líquido”: as boas obras que podemos realizar graças a Cristo e ao seu Espírito Santo, e que fazem nascer no coração a ação de graças a Deus Pai, o louvor, ou pelo menos a admiração e a pergunta: “porquê?”, «por que aquela pessoa se comporta dessa maneira?»: ou seja, a inquietude do mundo diante do testemunho do Evangelho.
Mas para que ocorra este «sobressalto» é preciso que o sal não perca o sabor e a luz não se esconda (cf. Mt 5, 13-15). Jesus diz muito claramente: se o sal perder o seu sabor não serve para mais nada. Ai do sal que perder o seu sabor! Ai de uma Igreja que perder o sabor! Ai de um padre, de um consagrado, de uma congregação que perder o sabor!
Hoje damos glória ao Pai pela obra que São Domingos, cheio da luz e do sal de Cristo, realizou há oitocentos anos; uma obra ao serviço do Evangelho, pregado com a palavra e com a vida; uma obra que, com a graça do Espírito Santo, fez com que muitos homens e mulheres fossem ajudados a não se perder no meio do “carnaval” da curiosidade mundana, mas, ao contrário sentissem o sabor da sã doutrina, o sabor do Evangelho, e se tornassem, por sua vez, luz e sal, artesãos de boas obras... e verdadeiros irmãos e irmãs que glorificam a Deus e ensinam a glorificar a Deus com as boas obras da vida.


Fonte: Santa Sé

Bênção dos cordeiros no dia de Santa Inês

No último dia 21 de janeiro, memória litúrgica de Santa Inês, o Papa Francisco abençoou na Capela Urbano VIII do Palácio Apostólico dois cordeiros, de cuja lã serão tecidos os pálios entregues aos novos Metropolitas no próximo dia 29 de junho.

Oração da bênção

O Papa acaricia os cordeiros


sábado, 21 de janeiro de 2017

Homilia: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

 São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Profeta Isaías
Somos chamados cristãos ou povo de Deus

Desde o Oriente atrairei a tua estirpe, desde o Ocidente te reunirei. Deus promete para a sinagoga ou para a Igreja formada de pagãos e judeus reunir a todos desde o Oriente ao Ocidente, ou seja, de todos os climas e lugares geográficos.
Quando fala de filhos e filhas que correm desde os quatro pontos cardeais, alude ao tempo da vinda de Cristo, tempo em que se deu a todos os habitantes da terra a graça da adoção através da santificação no Espírito. Ao dizer: A todos os que levam meu nome, dá a entender que a vocação não é exclusiva de uma nação, mas comum: a mesma para todos. Pois nós somos chamados cristãos ou povo de Deus. Também Pedro, na carta dirigida aos chamados pela fé, expressa-se desta maneira: Vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio real, uma nação consagrada, um povo adquirido por Deus para proclamar as proezas daquele que vos chamou das trevas para entrar em sua luz admirável. Antes éreis não-povo, agora sois povo de Deus.
Fomos verdadeiramente renovados em Cristo pela santificação, recuperando o esplendor originário da natureza, a saber: a imagem d’Aquele que nos criou por Ele e n’Ele, renunciando ao pecado e a inveterada corrupção, somos ensinados a reiniciar uma vida nova; despojemo-nos do homem velho corrompido pelas seduções do erro, e nos revestimos do homem novo, renovado à imagem d’Aquele que nos criou. Ademais, este renascimento ou, como costuma dizer-se, esta nova criatura, efetuou-se em Cristo; portanto, a recebemos não de uma estirpe corrupta, mas em virtude da palavra do Deus que vive e permanece.
Portanto, além deste povo reunido dos quatro pontos cardeais e chamado por meu nome, não criei, plasmei ou efetivei nenhum outro para a minha glória. E o Filho pode muito bem ser chamado glória de Deus Pai, porque por Ele e n’Ele é glorificado, segundo aquilo: Eu te glorifiquei sobre a terra, ideia que Cristo desenvolve amplamente. Que nós que n’Ele cremos fomos plasmados por Ele, o sabemos com maior certeza ao sentir-nos conformados a Ele e ao apalpar – resplandecente em nossas almas – a beleza da natureza divina.
Algo semelhante disse também o salmista: Permaneça isto escrito para a geração futura, e o povo que será criado louvará o Senhor. E quando pouco depois acrescenta: Trazei ao povo cego, revela maravilhosamente a excelência inexpressável e admirável de seu poder. Já em outro tempo irradiou como estrela matutina sobre aqueles cujas mentes e corações estavam envoltos na treva da diabólica perversidade e no erro, e surgindo para eles qual sol de justiça, os tornou filhos já não da noite e das trevas, mas da luz e do dia, segundo a sapientíssima expressão de Paulo.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 122-123. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Cesário de Arles para este domingo clicando aqui.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

VII Catequese do Papa sobre a esperança

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
A esperança (7): Jonas, esperança e oração

Bom dia, caros irmãos e irmãs!
Na Sagrada Escritura, entre os profetas de Israel sobressai uma figura um pouco singular, um profeta que procura subtrair-se à chamada do Senhor, rejeitando pôr-se ao serviço do plano divino de salvação. Trata-se do profeta Jonas, cuja história se narra num livrinho de apenas quatro capítulos, uma espécie de parábola portadora de um grande ensinamento, o da misericórdia de Deus que perdoa.
Jonas é um profeta «em saída» e também um profeta em fuga! É um profeta em saída, que Deus envia «para a periferia», Nínive, para converter os habitantes daquela grande cidade. Mas para um israelita como Jonas, Nínive representava uma realidade insidiosa, o inimigo que punha em perigo a própria Jerusalém, e portanto devia ser destruída, certamente não salva. Por isso, quando Deus envia Jonas a pregar naquela cidade, o profeta que conhece a bondade do Senhor e o seu desejo de perdoar, procura subtrair-se à sua tarefa e foge.
Durante a sua fuga, o profeta entra em contacto com alguns pagãos, os marinheiros da nau na qual tinha embarcado para se afastar de Deus e da sua missão. E foge para longe, porque Nínive estava situada na região do Iraque e ele foge para a Espanha, foge a sério. E é exatamente o comportamento daqueles homens pagãos, como depois será o dos habitantes de Nínive, que hoje nos permite refletir um pouco sobre a esperança que, diante do perigo e da morte, se exprime na oração.
Com efeito, durante a travessia do mar, abate-se uma tremenda tempestade e Jonas desce ao porão do navio, abandonando-se ao sono. Os marinheiros, ao contrário, vendo-se perdidos, «puseram-se a invocar cada qual o seu deus»: eram pagãos (Jn 1,5). O capitão do navio acorda Jonas, dizendo-lhe: «O que fazes, dormes? Levanta-te e invoca o teu Deus, para ver se porventura Ele se lembra de nós e nos livra da morte» (Jn 1,6).
A reação daqueles «pagãos» é a reação justa perante a morte, diante do perigo; porque é então que o homem faz uma experiência completa da sua fragilidade e da sua necessidade de salvação. O instintivo terror de morrer revela a necessidade de esperar no Deus da vida. «Para ver se porventura Ele se lembra de nós e nos livra da morte»: são as palavras da esperança que se torna oração, aquela súplica cheia de angústia que se eleva dos lábios do homem diante de um iminente perigo de morte.
Com muita facilidade desprezamos a súplica a Deus na necessidade, como se fosse apenas uma oração interessada e por isso imperfeita. Mas Deus conhece a nossa debilidade, sabe que nos recordamos dele para pedir ajuda, e com o sorriso indulgente de um pai, Deus responde benignamente.
Quando Jonas, reconhecendo as suas responsabilidades, se deixa lançar ao mar para salvar os seus companheiros de viagem, a tempestade aplaca-se. A morte incumbente impeliu aqueles homens pagãos à oração, fez com que o profeta, não obstante tudo, vivesse a sua vocação ao serviço dos outros aceitando sacrificar-se por eles, e agora leva os sobreviventes ao reconhecimento do verdadeiro Senhor e ao louvor. Os marinheiros que, tomados pelo medo, tinham rezado dirigindo-se aos próprios deuses, agora com sincero temor do Senhor reconhecem o verdadeiro Deus, oferecem sacrifícios e cumprem votos. A esperança que os tinha induzido a rezar para não morrer revela-se ainda mais poderosa e concretiza uma realidade que vai até além daquilo que eles esperavam: não só não perecem na tempestade, mas abrem-se ao reconhecimento do verdadeiro e único Senhor do céu e da terra.
Sucessivamente, também os habitantes de Nínive, diante da perspetiva de ser destruídos, rezarão impelidos pela esperança no perdão de Deus. Farão penitência, invocarão o Senhor e converter-se-ão a Ele, a começar pelo rei que, como o capitão do navio, dá voz à esperança dizendo: «Talvez Deus se arrependa [...] e não nos deixe perecer!» (Jn 3,9). Inclusive para eles, assim como para a tripulação na tempestade, ter enfrentado a morte e dela ter saído vivos guiou-os à verdade. Assim, sob a misericórdia divina, e ainda mais à luz do mistério pascal, a morte pode tornar-se, como foi para São Francisco de Assis, «nossa irmã morte» e representar, para cada homem e para cada um de nós, a surpreendente ocasião de conhecer a esperança e de encontrar o Senhor. Que o Senhor nos leve a entender este vínculo entre oração e esperança. A oração leva-te em frente na esperança, e quando a situação se torna obscura, é preciso rezar mais! E haverá mais esperança.


Fonte: Santa Sé

Fotos das Exéquias do Cardeal Agustoni

No último dia 17 de janeiro o Papa Francisco celebrou no altar da Cátedra da Basílica Vaticana os ritos da Última Encomendação e Despedida do Cardeal Gilberto Agustoni, falecido no dia 13.

O Cardeal Agustoni, natural da Suíça, do Título dos Santos Urbano e Lourenço a Prima Porta (pro hac vice), foi Secretário da Congregação para o Clero (1986-1992) e Prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica (1992-1998).

O Santo Padre foi assistido nesses ritos pelos Monsenhores Guido Marini e Marco Agostini.

Cardeal Gilberto Agustoni
Caixão com o Evangeliário diante do altar

Última Encomendação
Aspersão

Fotos da Missa do Papa na Paróquia de Santa Maria em Setteville

No último dia 15 de janeiro o Papa Francisco visitou a paróquia romana de Santa Maria em Setteville, na qual celebrou a Santa Missa do II Domingo do Tempo Comum.

O Papa retoma assim o costume de visitar as paróquias de Roma, interrompido durante o ano passado devido ao Jubileu da Misericórdia.

Procissão de entrada
Incensação
Ritos iniciais

Liturgia da Palavra

Homilia do Papa: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

Visita Pastoral à Paróquia romana de Santa Maria em Setteville de Guidonia
Homilia do Papa Francisco
Domingo, 15 de janeiro de 2017

O Evangelho apresenta-nos João Batista no momento em que dá testemunho de Jesus (Jo 1,29-34). Vendo que Jesus vinha na sua direção, disse: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este de quem eu disse: “Depois de mim virá um homem que me é superior, porque existe antes de mim”» (vv. 29-30). Trata-se do Messias. Dá testemunho! E ouvindo este testemunho, alguns discípulos - discípulos de João - seguiram Jesus; seguiram-no e sentiram-se felizes: «Encontramos o Messias!» (Jo 1,41). Sentiram a presença de Jesus. Mas por que motivo eles encontraram Jesus? Porque houve uma testemunha, porque houve um homem que deu testemunho de Jesus.

É assim que acontece na nossa vida. Há numerosos cristãos que professam que Jesus é Deus; existem muitos sacerdotes que professam que Jesus é Deus; tantos bispos... Mas dão todos testemunho de Jesus? Ser cristão é como... é um modo de viver como outros, como ser torcedor de uma seleção? «Mas sim, sou cristão...». Ou como seguir uma filosofia: «Observo estes mandamentos, sou cristão, devo fazer isto...». Ser cristão, antes de tudo, é dar testemunho de Jesus. É a primeira coisa. E foi isto que fizeram os Apóstolos: os Apóstolos deram testemunho de Jesus, e foi por isso que o cristianismo se propagou no mundo inteiro. Testemunho e martírio: é a mesma coisa. Dá-se testemunho em pequeno, e alguns chegam ao grande, chegam a dar a vida no martírio, como os Apóstolos. Mas os Apóstolos não tinham feito um curso para se tornar testemunhas de Jesus; não tinham estudado, não foram à universidade. Tinham sentido o Espírito dentro de si e seguiram a inspiração do Espírito Santo; foram-lhe fiéis. Mas todos eram pecadores! Os Doze eram pecadores! «Não, Padre, só Judas!». Não, coitado... Nós não sabemos o que aconteceu depois da sua morte, porque a misericórdia de Deus existe inclusive naquele momento. Mas todos eram pecadores, todos! Invejosos, havia ciúmes entre eles: «Não, eu devo ocupar o primeiro lugar e tu o segundo»; e dois deles pedem à mãe que vá falar com Jesus, para que Ele reserve o primeiro lugar aos seus filhos... Eram assim, com todos os pecados. E eram também pecadores, porque quando Jesus foi capturado, todos fugiram, cheios de medo; esconderam-se: tinham pavor. E Pedro, consciente de que era o chefe, sentiu a necessidade de se aproximar um pouco para ver o que acontecia; e quando a empregada doméstica do sacerdote disse: «Mas também tu eras...», ele respondeu: «Não, não, não!». Renegou Jesus, traiu Jesus. Pedro! O primeiro Papa traiu Jesus! E estas são as testemunhas! Sim, porque eram testemunhas da salvação trazida por Jesus, e por esta salvação todos se converteram, se deixaram salvar. É bonito quando, à margem do lago, Jesus faz aquele prodígio [a pesca milagrosa] e Pedro diz: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador» (Lc 5,8). Ser testemunha não significa ser santo, mas ser um homem pobre, uma mulher pobre que diz: «Sim, eu sou um pecador, mas Jesus é o Senhor e eu dou testemunho dele, procurando praticar o bem todos os dias, emendar a minha vida, ir pelo caminho certo».

Eu gostaria de vos transmitir uma mensagem. Todos nós entendemos isto, aquilo que eu disse: testemunhas pecadoras. No entanto, lendo o Evangelho, não encontro um [certo tipo de] pecado nos Apóstolos. Havia alguns violentos, que queriam incendiar um povoado porque não os tinham acolhido... Eles tinham muitos pecados: traidores, desleais... Mas não encontro um [particular]: não eram bisbilhoteiros, não falavam mal dos outros, não falavam mal uns dos outros. Nisto eram bons. Não se «depenavam». Penso nas nossas comunidades: quantas vezes se comete o pecado de «tirar a pele uns aos outros», de falar mal, de se julgar superior em relação ao outro e de falar mal às escondidas! Isto, no Evangelho, eles não faziam. Fizeram coisas más, traíram o Senhor, mas isto não. Inclusive numa paróquia, numa comunidade onde se sabe... este defraudou, aquele fez isso... mas depois confessa-se, converte-se... Somos todos pecadores. No entanto, uma comunidade onde existem bisbilhoteiras e bisbilhoteiros é uma comunidade incapaz de dar testemunho.

Direi apenas isto: desejais uma paróquia perfeita? Nada de mexericos, nada. Se tiveres algo contra alguém, fala diretamente com ele, com o pároco; mas não entre vós. Este é o sinal de que o Espírito Santo está presente na paróquia. Quanto aos outros pecados, todos os temos. Existe uma coleção de pecados: um tem este, outro tem aquele, mas todos nós somos pecadores. Todavia, o que destrói uma comunidade, como o caruncho, são as bisbilhotices pelas costas.

Gostaria que neste dia da minha visita esta comunidade fizesse o propósito de não mexericar. E quando tiveres a vontade de dizer uma bisbilhotice, morde a tua língua: ela inchará, mas far-vos-á muito bem, porque no Evangelho estas testemunhas de Jesus - pecadores: até chegaram a trair o Senhor! - nunca falavam mal umas das outras. E isto é bom! Uma paróquia onde não há mexericos é uma paróquia perfeita; uma paróquia de pecadores, sim, mas de testemunhas. E era este o testemunho que davam os primeiros cristãos: «Como se amam, como se amam!». Amar-se pelo menos nisto. Começar com isto. O Senhor vos conceda esta dádiva, esta graça: nunca, nunca falar mal uns dos outros. Obrigado!


Fonte: Santa Sé.

Ângelus do Papa: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 15 de janeiro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No centro do Evangelho de hoje (Jo 1,29-34) está essa palavra de João Batista: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!» (v. 29). Uma palavra acompanhada pelo olhar e pelo gesto da mão que indicam Ele, Jesus.

Imaginemos a cena. Estamos na margem do rio Jordão. João está a batizar; há muita gente, homens e mulheres de várias idades, que ali chegaram, ao rio, para receber o batismo das mãos daquele homem que a muitos recordava Elias, o grande profeta que nove séculos antes tinha purificado os israelitas da idolatria, reconduzindo-os à verdadeira fé no Deus da aliança, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.

João prega que o reino dos céus está próximo, que o Messias está para se manifestar e é necessário preparar-se, converter-se e comportar-se com justiça; e começa a batizar no Jordão para dar ao povo um meio concreto de penitência (cf. Mt 3,1-6). Esta gente ia para se arrepender dos próprios pecados, para fazer penitência, para recomeçar a vida. Ele sabe, João sabe que o Messias, o Consagrado do Senhor já está próximo, e o sinal para o reconhecer será quando sobre Ele se pousar o Espírito Santo; com efeito, Ele trará o verdadeiro batismo, o batismo no Espírito Santo (Jo 1,33).

Eis que o momento chega: Jesus apresenta-se à margem do rio, no meio do povo, dos pecadores - como todos nós. É o seu primeiro ato público, a primeira coisa que faz quando deixa a casa de Nazaré, com trinta anos: desce à Judeia, vai ao Jordão e deixa-se batizar por João. Sabemos que algo acontece - celebrámo-lo no domingo passado: sobre Jesus desce o Espírito Santo em forma de uma pomba e a voz do Pai proclama-o Filho predileto (cf. Mt 3,16-17). É o sinal que João esperava. É ele! Jesus é o Messias. João está desconcertado, porque se manifestou de um modo inimaginável: no meio dos pecadores, batizado como eles, aliás, por eles. Mas o Espírito ilumina João e faz-lhe compreender que deste modo se cumpre a justiça de Deus, se cumpre o seu desígnio de salvação: Jesus é o Messias, o Rei de Israel, não com a poder deste mundo, mas sim como Cordeiro de Deus, que assume sobre si e tira o pecado do mundo.

Assim João indica-o ao povo e aos seus discípulos. Porque João tinha um amplo círculo de discípulos, que o escolheram como guia espiritual, e precisamente alguns deles se tornaram os primeiros discípulos de Jesus. Conhecemos bem os seus nomes: Simão, depois chamado Pedro, seu irmão André, Tiago e seu irmão João. Todos pescadores; todos galileus, como Jesus.

Queridos irmãos e irmãs, porque nos detemos prolongadamente sobre esta cena? Porque é decisiva! Não é uma anedota. É um facto histórico decisivo! Esta cena é determinante para a nossa fé; e é crucial também para a missão da Igreja. A Igreja, em todas as épocas, é chamada a fazer aquilo que fez João Batista, indicar Jesus ao povo dizendo: «Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo!». Ele é o único Salvador! Ele é o Senhor, humilde, no meio dos pecadores, mas é Ele, Ele: não é outro, poderoso, que vem; não, não, é Ele!

E estas são as palavras que nós sacerdotes repetimos todos os dias, durante a Missa, quando apresentamos ao povo o pão e o vinho que se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Este gesto litúrgico representa toda a missão da Igreja, a qual não se anuncia a si mesma. Ai, ai da Igreja quando se anuncia a si mesma; perde a bússola, não sabe para onde vai! A Igreja anuncia Cristo; não se traz a si mesma, mas Cristo. Pois, é só Ele e unicamente Ele que salva o seu povo do pecado, que o liberta e o guia para a terra da verdadeira liberdade. Que a Virgem Maria, Mãe do Cordeiro de Deus, nos ajude a acreditar n’Ele e a segui-lo.


Fonte: Santa Sé.

Papa batiza algumas crianças na Casa Santa Marta

No último dia 14 de janeiro o Papa Francisco batizou 13 crianças nascidas após os terremotos que atingiram o centro da Itália em agosto do ano passado. Apenas os familiares das crianças participaram da celebração, que ocorreu na Capela da Casa Santa Marta.

O Papa dirige-se às crianças para o sinal da cruz

Homilia do Santo Padre
Batismo

sábado, 14 de janeiro de 2017

Homilia: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

 São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Evangelho de São João
Aquele Cordeiro, aquela vítima imaculada, foi levado ao matadouro por todos nós

Temos de explicar quem é esse que já está presente, e quais foram as motivações que induziram ao que veio do céu a descer até nós. Diz, com efeito: Este é o cordeiro de Deus, cordeiro que o profeta Isaías nos havia predito, dizendo: Como um cordeiro foi levado ao matadouro, como ovelha muda diante do seu tosquiador; cordeiro este já prefigurado pela Lei de Moisés. Só que naquele tempo a salvação era parcial, e não derramava sobre todos a sua misericórdia: tratava-se de um tipo e de uma sombra. Agora, em vez disso, aquele cordeiro - enigmaticamente prefigurado em outra época -, aquela vítima imaculada, por todos é levada ao matadouro, a fim de que tire os pecados do mundo, para derrubar ao exterminador da terra e abolir a morte morrendo por nós, para cancelar a maldição que pesava sobre a humanidade, para anular, finalmente, a antiga condenação: És pó e ao pó retornarás, para que Ele seja o segundo Adão, não pertencente à terra, mas ao céu, e se torne a origem de todo o bem da natureza humana, em solução da morte que foi introduzida no mundo, em mediador da vida eterna, em causa de retorno a Deus, em princípio da piedade e da justiça, e, finalmente, em caminho para o Reino dos Céus.
E, em verdade, um só cordeiro morreu por todos, preservando desta forma toda a grei dos homens para Deus Pai; um por todos, para a todos submeter a Deus; um por todos, para assim ganhar a todos; enfim, para que todos já não vivam para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles.
Estando verdadeiramente implicados em uma multidão de pecados, e sendo, em consequência, escravos da morte e da corrupção, o Pai entregou ao seu Filho em resgate por nós, um por todos, porque n’Ele todos subsistem e Ele é melhor do que todos. Um morreu por todos, para que todos vivamos n’Ele.
A morte que absorveu ao cordeiro degolado por nós, também n’Ele e com Ele necessitou devolver a todos nós a vida. Todos nós estávamos em Cristo, que por nós e para nós morreu e ressuscitou. De fato, abolido o pecado, quem podia impedir que fosse também abolida a morte por Ele, consequência do pecado? Morta a raiz, como pode salvar-se o caule? Morto o pecado, que justificação resta para a morte? Portanto, exultantes de legítima alegria pela morte do cordeiro de Deus, lacemos a provocação: Ó Morte, onde está a tua vitória? Onde está, inferno, o teu aguilhão?
Como em certo lugar cantou o salmista: é tapada a boca dos que proferem maldades, e doravante não poderá seguir acusando aos que pecam por fragilidade, porque Deus é o que justifica. Cristo nos resgatou da maldição da Lei, tornando-se um maldito por nós, para que nós nos encontremos libertos da maldição do pecado.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 116-117. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de Santo Hipólito de Roma para este domingo clicando aqui.

VI Catequese do Papa sobre a esperança

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
A esperança (6): Sl 115

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
No passado mês de dezembro e na primeira parte de janeiro celebramos o tempo do Advento e depois o do Natal: um período do ano litúrgico que desperta a esperança no povo de Deus. Esperar é uma necessidade primária do homem: esperar no futuro, acreditar na vida, o chamado «pensar positivo».
Mas é importante que esta esperança seja posta naquilo que pode deveras ajudar a viver e a dar sentido à nossa existência. É por isso que a Sagrada Escritura nos admoesta contra as falsas esperanças que o mundo nos apresenta, desmascarando a sua inutilidade e mostrando a sua insensatez. E faz isto de várias maneiras, mas sobretudo denunciando a falsidade dos ídolos nos quais o homem é continuamente tentado a pôr a sua confiança, fazendo deles objeto da sua esperança.
Em particular os profetas e sábios insistem sobre isto, tocando um ponto nevrálgico do caminho de fé do crente. Porque fé significa confiar em Deus - quem tem fé, confia em Deus - mas chega o momento em que, confrontando-se com as dificuldades da vida, o homem experimenta a fragilidade daquela confiança e sente a necessidade de certezas diversas, de seguranças tangíveis, concretas. Confio em Deus, mas a situação é um pouco crítica e eu preciso de uma certeza um pouco mais concreta. E está ali o perigo! Então somos tentados a procurar consolações até efémeras, que parecem preencher o vazio da solidão e aliviar a fadiga do crer. E pensamos que as devemos encontrar na segurança que o dinheiro pode dar, nas alianças com os poderosos, na mundanidade, nas falsas ideologias. Por vezes procuramo-las num deus que se possa submeter aos nossos pedidos e magicamente intervir para mudar a realidade e torná-la como a queremos; um ídolo, precisamente, que como tal nada pode fazer, impotente e mentiroso. Mas nós gostamos dos ídolos, gostamos tanto! Certa vez, em Buenos Aires, devia ir de uma igreja para outra, mil metros, mais ou menos. E fi-lo a pé. Há um parque no meio, e no parque havia pequenas mesinhas, mas muitas, tantas, onde estavam sentados os videntes. Estava cheio de gente, que faziam até a fila. Tu davas-lhe a mão e ele começava, mas, a conversa era sempre a mesma: há uma mulher na tua vida, há uma sombra que vem mas tudo vai correr bem... E depois, pagavas. E isto dá-te segurança? É a segurança de uma - permiti-me a palavra - de uma estupidez. Ir ter com o vidente ou a vidente que leem as cartas: isto é um ídolo! Isto é o ídolo, e quando nós lhes estamos tão afeiçoados: compramos falsas esperanças. Enquanto que na esperança da gratuitidade, que Jesus Cristo nos trouxe, gratuitamente dando a vida por nós, por vezes não confiamos muito nela.
Um salmo cheio de sabedoria apresenta-nos de modo muito sugestivo a falsidade destes ídolos que o mundo oferece à nossa esperança e na qual os homens de todas as épocas são tentados a confiar. É o Salmo 115, que recita assim:
«Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos dos homens. / Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não veem. / Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. / Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. / A eles se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos os que neles confiam!» (vv. 4-8)
O salmista apresenta-nos, de maneira também um pouco irônica, a realidade absolutamente efémera destes ídolos. E devemos compreender que não se trata só de representações feitas de metal ou de outro material, mas também das que são construídas com a nossa mente, quando confiamos em realidades limitadas que transformamos em absolutas, ou quando reduzimos Deus aos nossos esquemas e às nossas ideias de divindade; um deus que se parece connosco, compreensível, previsível, precisamente como os ídolos dos quais fala o Salmo. O homem, imagem de Deus, fabrica para si mesmo um deus à sua própria imagem, e é até uma imagem mal feita: não ouve, não age e sobretudo não pode falar. Mas, nós ficamos mais contentes por ir ter com os ídolos do que com o Senhor. Muitas vezes sentimo-nos mais felizes com a esperança efémera que este falso ídolo nos dá, do que com a grande esperança certa que dá o Senhor.
À esperança num Senhor da vida que com a sua Palavra criou o mundo e conduz as nossas existências, contrapõe-se a confiança em simulacros mudos. As ideologias com a sua pretensão de absoluto, as riquezas - e isto é um grande ídolo - o poder e o sucesso, a vaidade, com a sua ilusão de eternidade e de omnipotência, valores como a beleza física e a saúde, quando se tornam ídolos aos quais sacrificar tudo, são realidades que confundem a mente e o coração, e em vez de favorecer a vida conduzem à morte. É mau e faz mal à alma ouvir aquilo que uma vez, há anos, escutei, na diocese de Buenos Aires: uma mulher bondosa, muito bonita, gabava-se da beleza, comentava, como se fosse natural: “Ah, sim, tive que abortar porque a minha figura é muito importante”. São estes os ídolos, e levam-te pelo caminho errado e não te dão a felicidade.
A mensagem do Salmo é muito clara: se pusermos a esperança nos ídolos, tornamo-nos como eles: imagens vazias com mãos que não tocam, pés que não caminham, lábios que não podem falar. Não temos mais nada a dizer, tornamo-nos incapazes de ajudar, de mudar as coisas, incapazes de sorrir, de nos doarmos, incapazes de amar. E também nós, homens de Igreja, corremos este risco quando nos “mundanizamos”. É necessário permanecer no mundo mas defender-se das ilusões do mundo, que são estes ídolos que mencionei.
Como prossegue o Salmo, é preciso confiar e esperar em Deus, e Deus concederá a bênção. Diz assim o Salmo:
«Israel, confia no Senhor [...] / Casa de Aarão, confia no Senhor [...] / Vós, os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor [...] / O Senhor lembrou-se de nós; ele nos abençoará» (vv. 9.10.11.12).
O Senhor recorda-se sempre. Até nos maus momentos ele se recorda de nós. E esta é a nossa esperança. E a esperança não desilude. Nunca. Nunca. Os ídolos desiludem sempre: são fantasias, não são realidades.
Eis a maravilhosa realidade da esperança: se confiarmos no Senhor tornamo-nos como Ele, a sua bênção transforma-nos em seus filhos, que partilham a sua vida. A esperança em Deus faz-nos entrar, por assim dizer, no raio de ação da sua recordação, da sua memória que nos bendiz e nos salva. E então pode brotar o aleluia, o louvor ao Deus vivo e verdadeiro, que por nós nasceu de Maria, morreu na cruz e ressuscitou na glória. E neste Deus nós temos esperança, e este Deus - que nunca é um ídolo - nunca desilude.


Fonte: Santa Sé