segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Festa da Exaltação da Santa Cruz na Rússia

No último dia 26 de setembro, Sua Beatitude Kirill, Patriarca de Moscou e Primaz da Igreja Ortodoxa Russa, celebrou a Vigília da Festa da Exaltação da Santa Cruz segundo o Rito Bizantino na Catedral Patriarcal do Cristo Salvador em Moscou.

A Festa da Exaltação da Venerável e Vivificante Cruz é uma das doze grandes festas do calendário bizantino. O rito mais significativo desta festa é a veneração da cruz feita no final das Liturgias, quando o celebrante eleva a cruz quatro vezes, em direção direção aos quatro pontos cardeais, enquanto o povo canta repetidamente: "Kyrie eleison" (Senhor, tende piedade de nós). Em seguida, é derramado perfume aos pés da cruz.

Seguem algumas fotos, divulgadas pelo Patriarcado de Moscou:






Catequese do Papa: A viagem à Albânia

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 24 de Setembro de 2014

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje gostaria de falar da Viagem Apostólica que realizei à Albânia no domingo passado. Faço-o antes de tudo como acto de agradecimento a Deus, que me concedeu fazer esta Visita para demonstrar, também fisicamente e de modo tangível, a proximidade, minha e de toda a Igreja, a este povo. Desejo depois renovar o meu reconhecimento fraterno ao Episcopado albanês, aos sacerdotes e aos religiosos e religiosas que trabalham com tanta intrepidez. O meu pensamento grato dirige-se também às Autoridades que me receberam com tanta gentileza, assim como a quantos cooperaram para a realização da Visita.
Esta Visita surgiu do desejo de ir a um país que, depois de ter sido opresso por muito tempo por um regime ateu e desumano, está a viver uma experiência de convivência pacífica entre as suas diversas componentes religiosas. Pareceu-me importante encorajá-lo por este caminho, para que o prossiga com tenacidade e aprofunde todos os seus aspectos em benefício do bem comum. Por isto no centro da Viagem esteve um encontro inter-religioso no qual pude constatar, com grande satisfação, que a convivência pacífica e frutuosa entre pessoas e comunidades pertencentes a religiões diversas não só é desejável, mas concretamente possível e praticável. Eles praticam-na! Trata-se de um diálogo autêntico e frutuoso que evita o relativismo e tem em consideração as identidades de cada um. Com efeito, o que acomuna as várias expressões religiosas é o caminho da vida, a boa vontade de praticar o bem ao próximo, sem renegar nem diminuir as respectivas identidades.
O encontro com os sacerdotes, as pessoas consagradas, os seminaristas e os movimentos laicais foi a ocasião para recordar com gratidão, com momentos de particular emoção, os numerosos mártires da fé. Graças à presença de alguns idosos, que viveram na sua pele as terríveis perseguições, ressoou a fé de tantas testemunhas heróicas do passado, as quais seguiram Cristo até às consequências extremas. Precisamente da união íntima com Jesus, da relação de amor com Ele brotou para estes mártires — assim como para qualquer mártir — a força de enfrentar os acontecimentos dolorosos que os levaram ao martírio. Também hoje, como ontem, a força da Igreja não provém tanto das capacidades organizativas ou das estruturas, que contudo são necessárias: a Igreja não encontra ali a sua força. A nossa força é o amor de Cristo! Uma força que nos ampara nos momentos de dificuldade e que inspira a hodierna acção apostólica para oferecer a todos bondade e perdão, testemunhando assim a misericórdia de Deus.
Percorrendo a avenida principal de Tirana que do aeroporto conduz à grande praça central, pude ver os retratos dos quarenta sacerdotes assassinados durante a ditadura comunista e para os quais já foi iniciada a causa de beatificação. Estes somam-se às centenas de religiosos cristãos e muçulmanos assassinados, torturados, aprisionados e deportados unicamente porque acreditavam em Deus. Foram anos obscuros, durante os quais foi arrasada a liberdade religiosa e era proibido crer em Deus, milhares de igrejas e mesquitas foram destruídas, transformadas em armazéns e cinemas que propagavam a ideologia marxista, os livros religiosos foram queimados e os pais foram proibidos de dar aos filhos os nomes religiosos dos antepassados. A recordação destes eventos dramáticos é essencial para o futuro de um povo. A memória dos mártires que resistiram na fé é garantia para o destino da Albânia; porque o seu sangue não foi derramado em vão, mas é uma semente que dará frutos de paz e de colaboração fraterna. Com efeito, hoje a Albânia é um exemplo não só de renascimento da Igreja, mas também de convivência pacífica entre as religiões. Por conseguinte, os mártires não são pessoas derrotadas, mas vitoriosas: no seu testemunho heróico resplandece a omnipotência de Deus que conforta sempre o seu povo, abrindo caminhos novos e horizontes de esperança.
Confiei esta mensagem de esperança, fundada na fé em Cristo e na memória do passado, a toda a população albanesa que vi entusiasta e jubilosa nos lugares dos encontros e das celebrações, assim como nas ruas de Tirana. A todos encorajei a obter energias sempre novas do Senhor ressuscitado, para poder ser fermento evangélico na sociedade e comprometer-se, como já acontece, em actividades caritativas e educativas.
Agradeço mais uma vez ao Senhor porque, com esta Viagem, concedeu que me encontrasse com um povo corajoso e forte, que não se deixou abater pela dor. Aos irmãos e irmãs da Albânia renovo o convite à coragem do bem, para construir o presente e o futuro do seu país e da Europa. Confio os frutos da minha visita a Nossa Senhora do Bom Conselho, venerada no homónimo Santuário de Scútari, para que ela continue a guiar o caminho deste povo mártir. A difícil experiência do passado o radique cada vez mais na abertura aos irmãos, sobretudo dos mais débeis, e o torne protagonista daquele dinamismo da caridade tão necessário no actual contexto sociocultural. Gostaria que todos nós hoje saudássemos este povo corajoso, trabalhador, e que procura a unidade em paz.


Fonte: Santa Sé

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Homilia do Papa na Celebração das Vésperas na Albânia

VIAGEM APOSTÓLICA DE SUA SANTIDADE FRANCISCO A ALBÂNIA
CELEBRAÇÃO DAS VÉSPERAS COM O CLERO, 
OS RELIGIOSOS E OS MOVIMENTOS LAICAIS
DISCURSO DO SANTO PADRE
Catedral de Tirana
Domingo, 21 de Setembro de 2014

Eu preparei algumas palavras para vo-las dizer e entregá-las-ei ao Arcebispo para vo-las fazer chegar depois. A tradução já está feita; pode-se fazê-las chegar.
Mas, agora, tenho vontade de vos dizer outra coisa... Ouvimos na Leitura: «Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação! Ele nos consola em toda a nossa tribulação, para que também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus» (2 Cor 1, 3-4). É o texto que a Igreja propõe à nossa reflexão nas Vésperas. Nestes dois meses, preparei-me para esta visita, lendo a história da perseguição na Albânia. E, para mim, foi uma surpresa: não sabia que o vosso povo tivesse sofrido tanto! Ora hoje, na estrada desde o aeroporto até à praça, estavam expostas todas aquelas fotografias dos mártires: vê-se que este povo ainda se recorda dos seus mártires, daqueles que sofreram tanto! Um povo de mártires...
E hoje, no início desta celebração, toquei dois. Aquilo que vos posso dizer é o que eles disseram com a sua vida, com as suas palavras simples... Com simplicidade, narravam factos... tão dolorosos! Podemos perguntar-lhes: «Mas como conseguistes sobreviver a tamanha tribulação?» Responder-nos-ão o que acabámos de ouvir nesta passagem da segunda Carta aos Coríntios: «Deus é o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação. Foi Ele que nos consolou!» E no-lo disseram com esta simplicidade. Sofreram muito. Sofreram fisicamente, psicologicamente e mesmo a angústia da incerteza: se teriam sido fuzilados ou não… e viviam assim com aquela angústia. E o Senhor consolava-os...
Penso em Pedro, na prisão, acorrentado, com cadeias; toda a Igreja rezava por ele. E o Senhor consolou Pedro. E os mártires, incluindo estes dois que ouvimos hoje, o Senhor consolou-os, porque havia pessoas na Igreja, o povo de Deus – as velhinhas santas e boas, muitas irmãs de clausura... – que rezavam por eles. E isto é o mistério da Igreja: quando a Igreja pede ao Senhor para consolar o seu povo; e o Senhor consola humildemente, mesmo às escondidas. Consola na intimidade do coração e consola com a fortaleza.
Eles – estou certo! – não se vangloriam daquilo que viveram, pois sabem que foi o Senhor quem os fez seguir para diante. Mas dizem-nos alguma coisa! Dizem-nos que, para nós que fomos chamados pelo Senhor a segui-Lo de perto, a única consolação vem d’Ele. Ai de nós, se procuramos outra consolação! Ai dos padres, dos sacerdotes, dos religiosos, das irmãs, das noviças, dos consagrados quando procuram consolação longe do Senhor! Eu não quero «açoitar-vos» hoje, não quero tornar-me o «carrasco» aqui; mas sabei-o bem: se procurardes consolação noutro lugar, não sereis felizes!
Mais ainda! Não poderás consolar ninguém, porque o teu coração não se abriu à consolação do Senhor. E acabarás, como disse o grande Elias ao povo de Israel, «coxeando dos dois pés» (cf. 1 Re 18, 21). «Bendito seja Deus Pai, o Deus de toda consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus». Foi o que fizeram, hoje, estes dois. Humildemente, sem pretensões, sem se vangloriarem, fazendo um serviço por nós: consolar-nos. Dizem-nos também: «Somos pecadores, mas o Senhor esteve connosco. Este é o caminho. Não desanimeis!»
Desculpai, se hoje vos uso como exemplo, mas todos devemos servir de exemplo uns para os outros. Regressemos a casa com este belo pensamento: hoje, tocamos os mártires.


Fonte: Santa Sé (neste link pode-se ler também o discurso preparado pelo Papa, mas não lido)

Fotos da Missa do Papa na Albânia

No último dia 21 de setembro, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou a Santa Missa pela Evangelização dos Povos na Praça Madre Teresa em Tirana, durante sua viagem à Albânia.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Vincenzo Peroni.

Procissão de entrada
Incensação do quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho
Evangelho
Homilia
Apresentação das oferendas
Incensação do altar (em primeiro plano, a férula de Paulo VI)
Procissão de saída

Homilia do Papa na Missa na Viagem à Albânia

VIAGEM APOSTÓLICA DE SUA SANTIDADE FRANCISCO A ALBÂNIA
SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Praça Madre Teresa (Tirana)
Domingo, 21 de Setembro de 2014

O Evangelho que ouvimos hoje diz-nos que, além dos Doze Apóstolos, Jesus chama outros setenta e dois discípulos e manda-os pelas aldeias e cidades a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 1-9.17-20). Ele veio trazer ao mundo o amor de Deus e quer irradiá-lo através da comunhão e da fraternidade. Por isso, forma imediatamente uma comunidade de discípulos, uma comunidade missionária, e treina-os para a missão, para «ir» em missão. O método missionário é claro e simples: os discípulos entram nas casas, e o seu anúncio começa com uma saudação cheia de significado: «A paz esteja nesta casa!» (v. 5). Não se trata apenas duma saudação, mas é também um dom: a paz. Encontrando-me hoje no vosso meio, queridos irmãos e irmãs da Albânia, nesta praça dedicada a uma filha humilde e grande desta terra, a Beata Madre Teresa de Calcutá, desejo repetir-vos esta saudação: paz nas vossas casas, paz nos vossos corações, paz na vossa nação! Paz!
Na missão dos setenta e dois discípulos, revê-se a experiência missionária da comunidade cristã de todos os tempos: o Senhor ressuscitado e vivo envia não só os Doze, mas a Igreja inteira, envia cada baptizado a anunciar o Evangelho a todos os povos. Ao longo dos séculos, nem sempre o anúncio da paz, trazido pelos mensageiros de Jesus, era acolhido; às vezes, as portas fecharam-se. Num passado recente, também a porta do vosso país se fechou, cerrada com o cadeado das proibições e prescrições dum sistema que negava Deus e impedia a liberdade religiosa. Aqueles que tinham medo da verdade e da liberdade tudo fizeram para banir Deus do coração do homem e excluir Cristo e a Igreja da história do vosso país, embora este tenha sido um dos primeiros a receber a luz do Evangelho. De facto, na segunda Leitura, ouvimos a referência à Ilíria, que, na época do apóstolo Paulo, incluía também o território da Albânia actual.
Repensando naqueles decénios de sofrimentos atrozes e duríssimas perseguições contra católicos, ortodoxos e muçulmanos, podemos dizer que a Albânia foi uma terra de mártires: muitos bispos, sacerdotes, religiosos, e fiéis leigos, ministros de culto de outras religiões pagaram com a vida a sua fidelidade. Não faltaram testemunhos de grande coragem e coerência na profissão da fé. Muitos cristãos não cederam perante as ameaças, mas continuaram sem hesitação pelo caminho abraçado. Em espírito, dirijo-me até junto daquele muro do cemitério de Escutári, lugar-símbolo do martírio dos católicos onde se efectuavam as fuzilações, e, comovido, deponho a flor da oração e de grata e indelével lembrança. O Senhor esteve junto de vós, irmãos e irmãs muito amados, para vos sustentar; guiou-vos e consolou-vos e, por fim, ergueu-vos sobre asas de águia como um dia fez com o antigo povo de Israel, como escutámos na primeira Leitura. Que a águia, representada na bandeira do vosso país, vos recorde o sentido da esperança, repondo a vossa confiança sempre em Deus: Ele não desilude mas está sempre ao nosso lado, especialmente nos momentos difíceis.
Hoje, abriram-se de novo as portas da Albânia e está amadurecendo uma estação de novo protagonismo missionário para todos os membros do Povo de Deus: cada baptizado tem um lugar e um dever a desempenhar na Igreja e na sociedade. Que cada um se sinta chamado a comprometer-se generosamente no anúncio do Evangelho e no testemunho da caridade, a reforçar os laços da solidariedade a fim de promover condições de vida mais justas e fraternas para todos. Vim hoje aqui para vos agradecer pelo vosso testemunho e também para vos encorajar a fazer crescer a esperança dentro de vós mesmos e ao vosso redor. Não esqueçais a águia: a águia não esquece o ninho, mas voa alto. Voai alto! Subi às alturas! Eu vim aqui para vos encorajar a envolver as novas gerações; a alimentar-vos assiduamente da Palavra de Deus, abrindo os vossos corações a Cristo, ao Evangelho, ao encontro com Deus, ao encontro entre vós próprios, como já estais a fazer: com esta maneira de proceder encontrando-vos, dais testemunho a toda a Europa
Em espírito de comunhão entre bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos, encorajo-vos a dar impulso à acção pastoral, que é uma acção de serviço, e a continuar na busca de novas formas de presença da Igreja no seio da sociedade. Em particular, dirijo este convite aos jovens. Havia muitos na estrada desde o aeroporto até aqui! Este é um povo jovem! Muito jovem! E onde há juventude, há esperança. Ouvi Deus, adorai a Deus e amai-vos entre vós como povo, como irmãos.
Igreja que vives nesta terra da Albânia, obrigado pelo teu exemplo de fidelidade. Não vos esqueçais do ninho, da vossa história que vem de longe, incluindo as provações; não esqueçais as chagas, mas não vos vingueis. Continuai a trabalhar com esperança para um futuro grande. Muitos dos filhos e filhas da Albânia sofreram até ao sacrifício da vida. O seu testemunho sustente os vossos passos de hoje e do futuro no caminho do amor, no caminho da liberdade, no caminho da justiça e sobretudo no caminho da paz. Assim seja.


Fonte: Santa Sé

A viagem do Papa à Albânia

No último dia 21 de setembro, Sua Santidade o Papa Francisco realizou sua quarta Viagem Apostólica fora da Itália, e primeira na Europa, com destino à Albânia.

Chegada do Papa à Albânia
O último Papa a visitar o país foi São João Paulo II, em 25 de abril de 1993.

Francisco chegou à capital, Tirana, por volta das 9h (horário local). Após a cerimônia de boas vindas na praça do Palácio Presidencial, encontrou-se com autoridades civis no Salão do Palácio.

Às 11h, celebrou a Santa Missa pela Evangelização dos Povos e rezou o Angelus na Praça Madre Teresa.

Após o almoço com os Bispos na sede da Nunciatura Apostólica, encontrou-se com líderes de outras religiões na Universidade Nossa Senhora do Bom Conselho. Em seguida, celebrou as Vésperas com sacerdotes, religiosos e seminaristas na Catedral de Tirana. Antes das Vésperas o Papa ouviu o emocionante testemunho de um sacerdote e uma religiosa perseguidos pelo Comunismo.

Papa com líderes religiosos
Por fim, o Papa visitou no Centro Betânia as crianças assistidas por institutos de caridade da Albânia. Após a cerimônia de despedida no Aeroporto Madre Teresa, regressou a Roma.

Estatísticas da Igreja na Albânia
(Dados de dezembro de 2013)

Número de católicos: 517.000 (15,91% da população)
Dioceses: 6
Paróquias: 124
Outros centros pastorais: 25

Bispos: 8
Sacerdotes: 147 (54 diocesanos e 93 religiosos)
Diáconos permanentes: 2
Seminaristas: 68 (15 menores e 53 maiores)
Religiosos: 494

Escolas e universidades católicas: 73
Hospitais e ambulatórios: 37
Orfanatos, asilos e outros centros caritativos: 37

Publicaremos em seguida as homilias do Papa (Missa e Vésperas), bem como algumas fotos da visita.

Papa ouve o testemunho de religiosa perseguida pelo Comunismo

Posse do reitor e Ordens Menores no Seminário da Administração Apostólica

No último dia 20 de setembro, Dom Fernando Rifan, Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, celebrou a Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano na Capela do Seminário da Administração Apostólica por ocasião:

Da posse do novo Reitor, Pe. Claudiomar Silva Souza, e do novo Diretor Espiritual, Pe. Marco Antônio Pinheiro;

Das Ordens Menores dos Seminaristas Jorge Luís Conceição da Silva (Ostiarato e Leitorato) e Domingos Sávio Silva Ferreira (Exorcistato e Acolitato).

Seguem algumas fotos, publicadas pela Administração Apostólica;

Monição do Bispo
Profissão de fé e juramento de fidelidade do Reitor e do Diretor Espiritual

"et haec Sancta Dei Evangelia quae manu mea tango"
Ósculo da paz 

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Memória de S. Zygmunt Felinski em Cracóvia

No último dia 17 de setembro, Sua Eminência Dom Stanislaw Dziwisz, Arcebispo de Cracóvia, celebrou no Santuário de São João Paulo II em Cracóvia a Santa Missa da Memória de São Zygmunt Felinski, Bispo.

São Zygmunt Szczęsny Feliński (1822-1895) foi Arcebispo de Varsóvia, duramente perseguido pelo governo russo (exilado na Sibéria por 20 anos) e fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria, que atualmente trabalham em sete países (incluindo o Brasil). Canonizado pelo Papa Bento XVI em 11 de outubro de 2009.


Quadro de São Zygmunt
Chegada do Cardeal Dziwisz
Irmãs aguardam o início da celebração
Procissão de entrada

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

VII Catequese do Papa sobre a Igreja

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 17 de Setembro de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Esta semana continuamos a falar sobre a Igreja. Quando professamos a nossa fé, afirmamos que a Igreja é «católica» e«apostólica». Mas qual é realmente o significado destas duas palavras, destas duas notas características da Igreja? E que valor têm elas para as comunidades cristãs e para cada um de nós?
Católica significa universal. Uma definição completa e clara é-nos oferecida por um dos Padres da Igreja dos primeiros séculos, são Cirilo de Jerusalém, quando afirma: «Sem dúvida, a Igreja é definida católica, ou seja universal, porque está espalhada por toda a parte, de lés a lés da terra; e porque universalmente e sem falta ensina todas as verdades que devem chegar ao conhecimento dos homens, quer em relação às realidades celestiais, quer às terrestres» (Catequese XVIII, 23).
Sinal evidente da catolicidade da Igreja é que ela fala todas as línguas. E este é simplesmente o efeito do Pentecostes (cf. At 2, 1-13): de facto, foi o Espírito Santo que tornou os Apóstolos e a Igreja inteira capazes de fazer ressoar a todos, até aos confins da terra, a Boa Notícia da salvação e do amor de Deus. Assim a Igreja nasceu católica, isto é «sinfónica» desde as origens, e não pode deixar de ser católica, orientada para a evangelização e para o encontro com todos. Hoje, a Palavra de Deus lê-se em todas as línguas, todos dispõem do Evangelho para o ler na própria língua. E insisto sobre este conceito: é sempre bom ter connosco um Evangelho pequeno, no bolso, na bolsa, para ler um seu trecho durante o dia. Isto faz-nos bem! O Evangelho é propagado em todas as línguas porque a Igreja, o anúncio de Jesus Cristo Redentor, está no mundo inteiro. É por isso que se diz que a Igreja é católica, porque é universal.
Se a Igreja nasceu católica, quer dizer que nasceu «em saída», que nasceu missionária. Se os Apóstolos tivessem permanecido ali no cenáculo, sem sair para anunciar o Evangelho, a Igreja seria apenas daquele povo, daquela cidade, daquele cenáculo. Mas todos saíram pelo mundo fora, desde o instante do nascimento da Igreja, da descida do Espírito Santo sobre eles. Por isso a Igreja nasceu «em saída», ou seja, missionária. É isto que dizemos quando a qualificamos como apostólica, porque o apóstolo é quem anuncia a Boa Notícia da Ressurreição de Jesus. Este termo recorda-nos que a Igreja, assente nos Apóstolos e em continuidade com eles - foram os Apóstolos que partiram e fundaram novas Igrejas, constituindo novos bispos, e assim no mundo inteiro, em continuidade. Hoje, todos nós vivemos em continuidade com aquele grupo de Apóstolos que recebeu o Espírito Santo e depois «saiu» para pregar - a Igreja é enviada a anunciar a todos os homens esta notícia do Evangelho, acompanhando-o com os sinais da ternura e do poder de Deus. Também isto deriva do evento do Pentecostes: com efeito, é o Espírito Santo que nos faz superar toda a resistência, vencer a tentação de nos fecharmos em nós mesmos, entre poucos escolhidos, e de nos considerarmos os únicos destinatários da Bênção de Deus. Se, por exemplo, alguns cristãos fazem isto, dizendo: «Nós somos os eleitos, só nós», no final morrerão. Primeiro na alma e depois no corpo, porque não têm vida, não são capazes de gerar a vida, outras pessoas, outros povos: não são apostólicos. É precisamente o Espírito que nos leva ao encontro dos irmãos, até daqueles mais distantes em todos os sentidos, para que possam compartilhar connosco o amor, a paz e a alegria que o Senhor Ressuscitado nos concedeu.
Que comporta, para as nossas comunidades e para cada um de nós, fazer parte de uma Igreja que é católica e apostólica? Antes de tudo, significa preocupar-se com a salvação da humanidade inteira, sem nos sentirmos indiferentes ou alheios diante do destino de tantos dos nossos irmãos, mas abertos e solidários para com eles. Além disso, significa ter o sentido da plenitude, da integridade e da harmonia da vida cristã, rejeitando sempre as posições parciais, unilaterais, que nos fecham em nós mesmos.
Fazer parte da Igreja apostólica quer dizer estar conscientes de que a nossa fé se encontra ancorada no anúncio e no testemunho dos próprios Apóstolos de Jesus, está ancorada lá, é uma longa cadeia que começa lá; e por isso sentir-nos sempre enviados, mandados, em comunhão com os sucessores dos Apóstolos, para anunciar com o coração cheio de alegria Cristo e o seu amor por toda a humanidade. E aqui gostaria de recordar a vida heróica de numerosos missionários e missionárias que deixaram a sua pátria para ir anunciar o Evangelho noutros países, noutros Continentes. Dizia-me um Cardeal brasileiro que trabalha frequentemente na Amazónia, que quando vai a um lugar, a um povoado ou a uma cidade da Amazónia, visita sempre o cemitério e ali vê os túmulos dos missionários, sacerdotes, irmãos e irmãs que partiram para anunciar o Evangelho: apóstolos. E pensa: todos eles podem ser canonizados agora, pois deixaram tudo para anunciar Jesus Cristo. Demos graças ao Senhor porque a nossa Igreja tem e teve muitos missionários, mas ainda precisa de muitos mais! Demos graças ao Senhor por isso! Talvez no meio de tantos jovens, de tantas jovens que estão aqui, algum tenha a vontade de se tornar missionário: vá em frente! É bonito anunciar o Evangelho de Jesus! Que seja corajoso, seja corajosa!
Então, peçamos ao Senhor que renove em nós o dom do seu Espírito, a fim de que todas as comunidades cristãs e cada baptizado sejam expressão da santa Mãe Igreja católica e apostólica.


Fonte: Santa Sé

Festa da Exaltação da Santa Cruz em Foz do Iguaçu

No último dia 14 de setembro, Dom Dirceu Vegini, Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu (PR), celebrou a Santa Missa na Festa da Exaltação da Santa Cruz na Paróquia São Miguel, município de São Miguel do Iguaçu, por ocasião do IV Encontro Diocesano de Servidores do Altar (coroinhas e acólitos).

Procissão de entrada


Incensação do altar
Ritos iniciais

sábado, 20 de setembro de 2014

Ângelus do Papa: Festa da Exaltação da Santa Cruz 2014

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 14 de setembro de 2014

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
A 14 de setembro a Igreja celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Talvez alguma pessoa não cristã nos pergunte: por que «exaltar» a cruz? Podemos responder que não exaltamos uma cruz qualquer, ou todas as cruzes: exaltamos a Cruz de Jesus, porque nela se revelou ao máximo o amor de Deus pela humanidade. É o que nos recorda o Evangelho de João na Liturgia de hoje: «Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que n’Ele crer, mas tenha a vida eterna » (Jo 3,16). O Pai «deu» o Filho para nos salvar, e isto significou a morte de Jesus, e morte de cruz. Por quê? Por que foi necessária a Cruz? Por causa da gravidade do mal que nos mantinha escravos. A Cruz de Jesus exprime as duas coisas: toda a força negativa do mal e toda a mansidão onipotente da misericórdia de Deus. A Cruz parece decretar a derrota de Jesus, mas na realidade marca a sua vitória. No Calvário, quantos O escarneciam dizendo: «Se és Filho de Deus, desce da cruz» (Mt 27,40). Mas era verdade o contrário: precisamente porque era o Filho de Deus, Jesus estava ali, na cruz, fiel até ao fim ao desígnio de amor do Pai. E precisamente por isto Deus O «exaltou» (Fl 2,9), conferindo-lhe uma realeza universal.

Quando dirigimos o olhar para a Cruz onde Jesus foi pregado, contemplamos o sinal do amor, do amor infinito de Deus por cada um de nós e a raiz da nossa salvação. Daquela Cruz brota a misericórdia do Pai que abraça o mundo inteiro. Por meio da Cruz de Cristo o maligno é vencido, a morte é derrotada, a vida nos é doada, a esperança nos é restituída. Isto é importante: por meio da Cruz de Cristo nos é restituída a esperança. A Cruz de Jesus é a nossa única esperança verdadeira! Eis por que a Igreja «exalta» a Santa Cruz, e eis por que nós, cristãos, abençoamos com o sinal da cruz. Ou seja, nós não exaltamos as cruzes, mas a Cruz gloriosa de Jesus, sinal do amor imenso de Deus, sinal da nossa salvação e caminho rumo à Ressurreição. E é esta a nossa esperança.

Ao contemplar e celebrar a Santa Cruz, pensamos com emoção nos tantos irmãos e irmãs nossos que são perseguidos e assassinados por causa da sua fidelidade a Cristo. Isto acontece especialmente onde a liberdade religiosa ainda não está garantida ou plenamente realizada. Mas acontece também em países e ambientes que em princípio tutelam a liberdade e os direitos humanos, mas onde concretamente os crentes, e sobretudo os cristãos, encontram limites e discriminações. Por isso hoje os recordamos e rezamos de modo particular por eles.

No Calvário, aos pés da cruz, estava a Virgem Maria (Jo 19,25-27). É a Virgem das Dores, que amanhã celebraremos na Liturgia. A ela confio o presente e o futuro da Igreja, para que todos saibam descobrir e acolher sempre a mensagem de amor e de salvação da Cruz de Jesus. Confio-lhe em particular os casais que tive a alegria de unir em Matrimônio esta manhã na Basílica de São Pedro.


Fonte: Santa Sé.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Fotos da celebração do Matrimônio no Vaticano

No último dia 14 de setembro, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou na Basílica de São Pedro a Santa Missa da Festa da Exaltação da Santa Cruz, durante a qual assistiu ao rito do Matrimônio de 20 casais italianos.

É a primeira vez desde o ano 2000 que um Papa assiste a um Matrimônio. A celebração insere-se no contexto da preparação do Sínodo Extraordinário sobre a Família, em outubro próximo.

O Santo Padre foi assistido pelos Monsenhores Guido Marini e Kevin Gillespie. O livreto de celebração pode ser visto aqui, inclusive com o nome dos 20 casais.

Entrada das noivas com seus pais antes da Missa
Procissão de entrada

Incensação
Ritos iniciais

Homilia do Papa: Celebração do Matrimônio

Festa da Exaltação da Santa Cruz
Santa Missa com o Rito do Matrimônio
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Domingo, 14 de setembro de 2014

A 1ª Leitura fala-nos do caminho do povo no deserto. Pensemos naquele povo em marcha, guiado por Moisés! Era formado sobretudo por famílias: pais, mães, filhos, avós; homens e mulheres de todas as idades, muitas crianças, com idosos que sentiam dificuldade em caminhar... Este povo lembra a Igreja em caminho no deserto do mundo atual; lembra o Povo de Deus que é composto, na sua maioria, por famílias.

Isto faz pensar nas famílias, nas nossas famílias, em caminho pelas estradas da vida, na história de cada dia... É incalculável a força, a carga de humanidade presente numa família: a ajuda mútua, o acompanhamento educativo, as relações que crescem com o crescimento das pessoas, a partilha das alegrias e das dificuldades... As famílias constituem o primeiro lugar onde nos formamos como pessoas e, ao mesmo tempo, são os «tijolos» para a construção da sociedade.

Voltemos à narração bíblica... A certa altura, o povo israelita «não suportou o caminho» (Nm 21,4): estão cansados, falta a água e comem apenas o «maná», um alimento prodigioso, dado por Deus, mas que, naquele momento de crise, lhes parece demasiado pouco. Então lamentam-se e protestam contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizestes sair do Egito?» (v. 5). Sentem a tentação de voltar para trás, de abandonar o caminho.

Isto faz-nos pensar nos casais que «não suportam o caminho», o caminho da vida conjugal e familiar. A fadiga do caminho torna-se um cansaço interior; perdem o gosto do Matrimónio, deixam de ir buscar água à fonte do Sacramento. A vida diária torna-se pesada e, muitas vezes, «nauseante».

Naquele momento de extravio - diz a Bíblia - chegam as serpentes venenosas que mordem as pessoas; e muitas morrem. Este facto provoca o arrependimento do povo, que pede perdão a Moisés, suplicando-lhe que reze ao Senhor para afastar as serpentes. Moisés pede ao Senhor, que lhe dá o remédio: uma serpente de bronze, pendurada num poste. Quem olhar para ela, fica curado do veneno mortal das serpentes.

Que significa este símbolo? Deus não elimina as serpentes, mas oferece um «antídoto»: através daquela serpente de bronze, feita por Moisés, Deus transmite a sua força que cura - uma força que cura -, ou seja, a sua misericórdia, mais forte que o veneno do tentador.

Como ouvimos no Evangelho, Jesus identificou-Se com este símbolo: na verdade, por amor, o Pai «entregou» Jesus, o seu Filho Unigênito, aos homens para que tenham a vida (Jo 3,13-17). E este amor imenso do Pai impele o Filho, Jesus, a fazer-Se homem, a fazer-Se servo, a morrer por nós e a morrer numa cruz; por isso, o Pai ressuscitou-O e deu-Lhe o domínio sobre todo o universo. Assim se exprime o hino da Carta de São Paulo aos Filipenses (Fl 2,6-11). Quem se entrega a Jesus crucificado recebe a misericórdia de Deus, que cura do veneno mortal do pecado.

O remédio que Deus oferece ao povo vale também e de modo particular para os casais que «não suportam o caminho» e acabam mordidos pelas tentações do desânimo, da infidelidade, do retrocesso, do abandono... Também a eles Deus Pai entrega o seu Filho Jesus, não para os condenar, mas para os salvar: se se entregarem a Jesus, Ele cura-os com o amor misericordioso que jorra da sua Cruz, com a força duma graça que regenera e põe de novo a caminhar pela estrada da vida conjugal e familiar.

O amor de Jesus, que abençoou e consagrou a união dos esposos, é capaz de manter o seu amor e de o renovar quando humanamente se perde, rompe, esgota. O amor de Cristo pode restituir aos esposos a alegria de caminharem juntos. Pois o matrimônio é isto mesmo: o caminho conjunto de um homem e de uma mulher, no qual o homem tem o dever de ajudar a esposa a ser mais mulher, e a mulher tem o dever de ajudar o marido a ser mais homem. Este é o dever que tendes entre vós: «Amo-te e por isso faço-te mais mulher» - «Amo-te e por isso faço-te mais homem». É a reciprocidade das diferenças. Não é um caminho suave, sem conflitos, não! Não seria humano. É uma viagem laboriosa, por vezes difícil, chegando mesmo a ser conflituosa, mas isto é a vida! E, no meio desta teologia que a Palavra de Deus nos oferece sobre o povo em caminho, mas também sobre as famílias em caminho, sobre os esposos em caminho, um pequeno conselho. É normal que os esposos litiguem: é normal! Acontece sempre. Mas dou-vos um conselho: nunca deixeis terminar o dia sem fazer a paz. Nunca. É suficiente um pequeno gesto. E assim continua-se a caminhar. O matrimónio é símbolo da vida, da vida real, não é uma «ficção»! É sacramento do amor de Cristo e da Igreja, um amor que tem na Cruz a sua confirmação e garantia. Desejo, a todos vós, um caminho lindo, um caminho fecundo. Que o amor cresça! Desejo-vos a felicidade. Existirão as cruzes… Existirão, mas o Senhor sempre estará lá para nos ajudar a seguir em frente. Que o Senhor vos abençoe!


Fonte: Santa Sé.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Fotos da Missa do Papa no Centenário da Primeira Guerra Mundial

No último dia 13 de setembro, Sua Santidade o Papa Francisco celebrou a Santa Missa pela Paz por ocasião do Centenário do início da Primeira Guerra Mundial no Sacrário Militar de Redipuglia, no norte da Itália, onde estão sepultados mais de 100.000 italianos mortos no conflito.

No final da celebração, foi recitada uma oração pelas vítimas de todas as guerras e executada a tradicional homenagem fúnebre militar com a música "Il silenzo". Em seguida, o Papa entregou aos Ordinários Militares e Bispos presentes uma lâmpada alusiva ao centenário da Primeira Guerra.

O Santo Padre foi assistido pelo Mestre de Cerimônias Pontifícias, Mons. Guido Marini.

Papa reza no cemitério de Redipuglia

Incensação do altar
Ritos iniciais

Homilia do Papa no Centenário da Primeira Guerra Mundial

CELEBRAÇÃO PRESIDIDA PELO SANTO PADRE FRANCISCO
NO SACRÁRIO MILITAR DE REDIPUGLIA
NO CENTENÁRIO DO INÍCIO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Sacrário Militar de Redipuglia
Sábado, 13 de setembro de 2014

Depois de ter contemplado a beleza da paisagem desta região inteira, onde homens e mulheres trabalham cuidando da sua família, onde as crianças brincam e os anciãos sonham... ao encontrar-me aqui, neste lugar, só me apetece dizer: a guerra é uma loucura.
Enquanto Deus cuida da sua criação e nós, os homens, somos chamados a colaborar na sua obra, a guerra destrói; destrói até mesmo o que Deus criou de mais belo: o ser humano. A guerra tudo transtorna, incluindo a ligação entre irmãos. A guerra é louca, propõe a destruição como plano de desenvolvimento: querer desenvolver-se através da destruição!
A ganância, a intolerância, a ambição do poder... são motivos que impelem à opção bélica. E tais motivos são muitas vezes justificados por uma ideologia; mas, antes desta, existe a paixão, o impulso desordenado. A ideologia é uma justificação e, mesmo quando não há uma ideologia, pensa-se: «A mim, que me importa?» Tal foi a resposta de Caim: «Sou, porventura, guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). A guerra não respeita ninguém: nem idosos, nem crianças, nem mães, nem pais... «A mim, que me importa?»
Por cima da entrada deste cemitério, campeia irónico o lema da guerra: «A mim, que me importa?» Todas as pessoas, cujos restos repousam aqui, tinham seus projectos, seus sonhos, mas as suas vidas foram ceifadas. A humanidade disse: «A mim, que me importa?»
E mesmo hoje, depois do segundo falimento de outra guerra mundial, talvez se possa falar de uma terceira guerra combatida «por pedaços» com crimes, massacres, destruições…
Para ser honestos, os jornais deveriam ter como título da primeira página: «A mim, que me importa?» Caim diria: «Sou, porventura, guarda do meu irmão?»
Esta atitude é, exactamente, o contrário daquilo que Jesus nos pede no Evangelho que ouvimos: Ele está no mais pequeno dos irmãos; Ele, o Rei, o Juiz do mundo, é o faminto, o sedento, o estrangeiro, o doente, o encarcerado... Quem cuida do irmão, entra na alegria do Senhor; quem, pelo contrário, não o faz, quem diz, com as suas omissões, «a mim, que me importa?», fica fora.
Há aqui muitas vítimas. Hoje recordamo-las: há o pranto, há a tristeza. E daqui recordamos todas as vítimas de todas as guerras.
Também hoje as vítimas são tantas... Como é possível isto? É possível, porque ainda hoje, nos bastidores, existem interesses, planos geopolíticos, avidez de dinheiro e poder; e há a indústria das armas, que parece ser tão importante!
E estes planificadores do terror, estes organizadores do conflito, bem como os fabricantes das armas escreveram no coração: «A mim, que me importa?»
É próprio dos sábios reconhecer os erros, provar tristeza por eles, arrepender-se, pedir perdão e chorar.
Com esta disposição «a mim, que me importa?» que têm no coração, os negociantes da guerra talvez ganhem muito, mas o seu coração corrupto perdeu a capacidade de chorar.  Caim não chorou. Hoje a sombra de Caim estende-se sobre nós aqui, neste cemitério. Vê-se aqui! Vê-se na história que vem de 1914 até aos dias de hoje; e vê-se também em nossos dias.
Com coração de filho, de irmão, de pai, peço a vós todos e para todos nós a conversão do coração: passar daquele «a mim, que me importa?» para o pranto. Por todos os mortos daquele «inútil massacre», por todas as vítimas da loucura da guerra de todos os tempos, a humanidade precisa chorar e esta é a hora do pranto.


Fonte: Santa Sé 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

VI Catequese do Papa sobre a Igreja

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 10 de Setembro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No nosso itinerário de catequeses sobre a Igreja, estamos a reflectir sobre o facto de que a Igreja é mãe. Na semana passada frisámos como a Igreja nos faz crescer e, com a luz e a força da Palavra de Deus, nos indica o caminho da salvação, e nos defende do mal. Hoje gostaria de ressaltar um aspecto particular desta acção educativa da nossa mãe Igreja, ou seja, como ela nos ensina as obras de misericórdia.
Um bom educador vai ao essencial. Não se perde nos pormenores, mas quer transmitir o que deveras conta para que o filho ou o aluno encontre o sentido e a alegria de viver. É a verdade. E o essencial, segundo o Evangelho, é a misericórdia. O essencial do Evangelho é a misericórdia. Deus enviou o seu Filho, Deus fez-se homem para nos salvar, ou seja, para nos dar a sua misericórdia. Jesus diz isto claramente, resumindo o seu ensinamento para os discípulos: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36). Pode existir um cristão que não seja misericordioso? Não. O cristão deve ser necessariamente misericordioso, porque este é o centro do Evangelho. E fiel a este ensinamento, a Igreja não pode deixar de repetir a mesma coisa aos seus filhos: «Sede misericordiosos», como o vosso Pai, e como o foi Jesus. Misericórdia.
E então a Igreja comporta-se como Jesus. Não dá lições teóricas sobre o amor, sobre a misericórdia. Não difunde no mundo uma filosofia, um caminho de sabedoria... Certamente, o Cristianismo é também tudo isto, mas por consequência, de reflexo. A mãe Igreja, como Jesus, ensina com o exemplo, e as palavras servem para iluminar o significado dos seus gestos.
A mãe Igreja ensina-nos a dar de comer e de beber a quem tem fome e sede, a vestir quem está nu. E como o faz? Com o exemplo de tantos santos e santas que fizeram isto de modo exemplar; e também com o exemplo de tantíssimos pais e mães, que ensinam aos seus filhos que o que sobeja a nós é para quem não tem o necessário. É importante saber isto. Nas famílias cristãs mais simples sempre foi sagrada a regra da hospitalidade: nunca falta um prato e um leito para quem precisa. Certa vez uma mãe contou-me - na outra diocese - que queria ensinar isto aos seus filhos e dizia-lhes que ajudassem e dessem de comer a quem tinha fome; ela tinha três. E um dia ao almoço - o pai estava fora por trabalho, estava ela com os três filhos, pequeninos, 7, 5, 4 anos mais ou menos - e batem à porta: era um senhor que pedia de comer. E a mãe disse-lhes: «Espera um momento». Entrou e disse aos filhos: «Está ali um senhor que pede de comer, que fazemos?», «Damos-lhe, mãe, damos-lhe!». Cada um tinha no prato um bife com batatas fritas. «Muito bem - disse a mãe - damos-lhe metade de cada um de vós». «Ah, não, mãe, assim não está bem!». «É assim, tu deves dar do teu». E deste modo, esta mãe ensinou aos seus filhos a dar de comer do próprio. Este é um bonito exemplo que me ajudou muito. «Mas não me sobeja nada...». «Dá do teu!». É assim que nos ensina a mãe Igreja. E vós, numerosas mães que estais aqui, sabeis o que deveis fazer para ensinar aos vossos filhos para que partilhem as suas coisas com quem tem necessidade.
A mãe Igreja ensina a estar próximos de quem é doente. Quantos santos e santas serviram Jesus deste modo! E quantos homens e mulheres simples, todos os dias, põem em prática esta obra de misericórdia num quarto de hospital, ou de uma casa de repouso, ou na própria casa, assistindo uma pessoa doente.
A mãe Igreja ensina a estar próximo de quem está na prisão. «Mas, Padre, não, este é perigoso, é gente má». Mas cada um de nós é capaz... Ouvi bem isto: cada um de nós é capaz de fazer o mesmo que fez aquele homem ou aquela mulher que está na prisão. Todos temos a capacidade de pecar e de fazer o mesmo, de errar na vida. Não é mais maldoso do que tu e do que eu! A misericórdia supera qualquer muro, qualquer barreira, e leva-te a procurar sempre o rosto do homem, da pessoa. E é a misericórdia que muda o coração e a vida, que pode regenerar uma pessoa e permitir que ela se insira de maneira nova na sociedade.
A mãe Igreja ensina a sermos próximos de quem está abandonado e morre sozinho. Foi quanto fez a beata Teresa pelas estradas de Calcutá; e foi o que fizeram tantos cristãos que não têm medo de apertar a mão a quem está para deixar este mundo. E também aqui, a misericórdia doa a paz a quem parte e a quem fica, fazendo-nos sentir que Deus é maior do que a morte, e que permanecendo n’Ele também a última separação é um «adeus»... Tinha compreendido bem isto a beata Teresa! Diziam-lhe: «Madre, isto é perder tempo!». Encontrava pessoas moribundas pela estrada, pessoas às quais os ratos de rua começavam a comer o corpo, e ela levava-as para casa para que morressem limpos, tranquilos, acariciados, em paz. Ela dava-lhes o «adeus», a todas elas... E tantos homens e mulheres como ela fizeram isto. E eles esperam-no, lá [indica o céu], à porta, para lhes abrir a porta do Céu. Ajudar as pessoas a morrer bem, em paz.
Amados irmãos e irmãs, assim a Igreja é mãe, ensinando aos seus filhos as obras de misericórdia. Ela aprendeu de Jesus este caminho, aprendeu que isto é essencial para a salvação. Não basta amar quem nos ama. Jesus diz que os pagãos o fazem. Não é suficiente fazer o bem a quem pratica connosco o bem. Para mudar o mundo para melhor é preciso fazer bem a quem não é capaz de retribuir, como fez o Pai connosco, dando-nos Jesus. Quanto pagámos pela nossa redenção? Nada, tudo de graça! Fazer o bem sem esperar algo em troca. Assim fez o Pai connosco e nós devemos fazer o mesmo. Pratica o bem e vai em frente!
Como é bonito viver na Igreja, na nossa mãe Igreja que nos ensina estas coisas que Jesus nos ensinou. Agradeçamos ao Senhor, que nos concede a graça de ter a Igreja como mãe, ela que nos ensina o caminho da misericórdia, que é o caminho da vida. Agradeçamos ao Senhor.

S. João Paulo II e Beata Teresa de Calcutá, Apóstolos da Misericórdia
Fonte: Santa Sé